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Dráguia : Salvar o futebol português

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serefalaraporto

Estamos hoje perante uma nova era no futebol Português. Depois de anos e anos em que, na Liga Portuguesa, perdurou uma péssima gestão, corrupção e promessas não cumpridas por parte do vilão Mário Figueiredo (actual presidente da Liga que procurou destruir o futebol Português), uma nova esperança surgiu! Os agentes especiais e líderes Jorge Nuno Pinto da Costa (do Reino do Dragão) e Luís Filipe Vieira (do Reino das Águias) finalmente decidiram colaborar na luta contra os bandidos que tentam acabar com a modalidade. Estes últimos conquistaram muitos colaboradores (os presidentes das equipas profissionais de futebol portuguesas), mas foram incapazes de conquistar um antigo aliado que teima em tornar-se vilão: Bruno de Carvalho!

Durante os vários encontros dos agentes especiais nos quais se delineou o plano que iria destronar Mário Figueiredo, um nome aparentou ter sido consensual para guiar o destino da modalidade: Godinho Lopes. O antigo presidente leonino procurou manter boas relações com o Reino do Dragão e com o Reino das Águias aquando da sua liderança, tendo inclusive facilitado a vinda de um dos melhores guerreiros do Dragão dos últimos anos: João Moutinho.

Bruno de Carvalho é o inimigo de Aguias e Dragões
Bruno de Carvalho é o inimigo de Aguias e Dragões
Fonte: sporting.pt

Todavia, Bruno de Carvalho, actual líder do Reino do Leão, não parece ter aceite que o seu tão criticado antepassado, Godinho Lopes, vá liderar o destino das Ligas de Futebol Portuguesas. Assim, lançou mais uma ameaça de guerra aos poderosos agentes especiais, e não aparentou estar disposto a içar uma bandeira branca. “O Leão é o mais poderoso e derrota qualquer um”, alega o seu líder.

No campo de batalha a luta já está frenética: no Reino longínquo de Doyen – um fiel parceiro dos três grandes Reinos -, o líder do Leão cortou as relações e tentou conquistar o financeiramente poderoso Reino. Pinto da Costa e Luís Filipe Viera contra-atacaram com o intuito de defender o seu fiel Parceiro estratégico! Alegando boas e sérias relações, como provam a estadia actual de Brahimi, Casemiro e Ola John em Doyen, nunca houve mau entendimento nem traições. A parceria é essencial para ambas as partes!

Desta vez, Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira não se ficaram pelos “mind-games” e estão mesmo no campo de batalha enfrentando o novo Vilão. Doyen é um parceiro demasiado precioso e necessário para alcançar os objectivos que os dois Reinos se propõem. O seu fim podia originar um grande enfraquecimento dos dois reinos e a incapacidade de recrutar a mais forte mão-de-obra. Sem os melhores guerreiros e trabalhadores, o Dragão e a Águia tornam-se presas fáceis nas guerras pelas grandes riquezas internacionais.

Godinho Lopes e o destino da modalidade dependem dos dois agentes especiais; o Reino do Dragão e o Reino da Águia dependem da ajuda dos materiais preciosos de Doyen. A luta promete ser acesa e complicada. Conseguirá esta aliança criada para salvar o futebol português vencer?

Foto de capa: Página de Facebook do Benfica

Vitória de Guimarães: Conquistadores confortáveis no grupo da frente

futebol nacional cabeçalho

À entrada para esta época, o Vitória era um dos crónicos candidatos a andar na primeira metade da tabela, lutando pelo acesso às provas europeias da próxima temporada. A estrutura mantém-se, esta é a quarta época em que Rui Vitória está à frente do clube e o presidente Júlio Mendes também se manteve em funções, afastando os rumores de uma possível candidatura à Liga de Clubes.

Em relação ao plantel, o técnico soube colmatar algumas perdas importantes, como Paulo Oliveira, que agora é titular indiscutível em Alvalade, Marco Matias, que foi para o Nacional, um dos capitães, Leonel Olímpio, que foi jogar para o Sheriff, da Moldávia, ou o possante avançado Moussa Maazou, que se transferiu para o Marítimo. Chegaram valores desconhecidos para a maioria do público como Bruno Gaspar, vindo do Benfica B,  João Afonso, que se destacou pelo Benfica e Castelo Branco no play-off de promoção à 2ªLiga frente aos “bês” do Vitória, Bouba Saré, que, apesar dos seus 24 anos, já tem 4 títulos em campeonatos de outros países no palmarés, além de jogadores que têm sido muito importantes e vieram da equipa B, como Bernard, Hernâni ou Alex.

Esta equipa B tem tido um papel importantíssimo no fornecimento de jogadores à equipa principal, e a promoção no Campeonato Nacional de Seniores da temporada passada permitiu que alguns elementos se destacassem, como são excelentes exemplos disso estes três jovens que mencionei, todos eles habitualmente titulares nesta época.

O Vitória iniciou a temporada muito bem, com três triunfos folgados nas três primeiras jornadas (Gil Vicente fora, Penafiel em casa e Belenenses fora), seguindo-se dois empates no Estádio D.Afonso Henriques, frente ao FC Porto e ao Paços de Ferreira, outra equipa que está a fazer uma excelente campanha e que, neste campeonato, apenas perdeu frente a “águias” e “dragões”.

Porém, depois destes empates, veio um jogo horrível, selado com uma goleada sofrida frente ao Marítimo nos Barreiros (4-0). Depois deste encontro, Rui Vitória fez algumas mudanças cirúrgicas no onze habitual. Nii Plange, originalmente extremo, vinha sendo o lateral direito, mas a partir do encontro seguinte (vitória por 3-0 em casa frente ao Boavista), cedeu o seu lugar a Bruno Gaspar, que se tem cotado como uma das boas surpresas da nossa Liga. João Afonso já tinha assumido o lugar que foi inicialmente de Moreno, quando este se lesionou na segunda jornada. Mas creio que a mudança mais importante foi no meio-campo. André André e Bernard mantiveram-se, mas Cafú, titular nos seis jogos anteriores, perdeu o lugar para Bouba Saré. O jogador costa-marfinense tem características mais defensivas e permite que André André, uma das figuras da equipa, tenha mais liberdade para ações ofensivas, ao invés do que se passava quando era Cafú que figurava nas primeiras escolhas do técnico. A troca não se justifica tanto pela qualidade dos jogadores em si, mas sim pelo que cada um pode dar à equipa nos diferentes momentos do jogo.

Depois de derrotar o Boavista, o Moura para a Taça de Portugal e o Setúbal, no Bonfim, para a Liga, chegava mais um teste duro para os homens de Guimarães, a receção ao Sporting. Contudo, os vimaranenses manietaram completamente o conjunto de Alvalade e aplicaram uma vitória por números expressivos (3-0), confirmando-se assim como uma das equipas temíveis deste campeonato. A vitória arrancada a ferros no jogo seguinte, em Arouca, até deu a liderança por algumas horas aos vimaranenses (até o Benfica jogar e recuperar o primeiro lugar). Neste fim de semana, chegou uma derrota injusta, em casa, frente ao grande rival de Braga, e que significou logo o afastamento da Taça de Portugal.

Vitória já recebeu Sporting e FC Porto, mas continua sem perder em casa no campeonato. Fonte: Facebook Vitória SC
Vitória já recebeu Sporting e FC Porto, mas continua sem perder em casa no campeonato.
Fonte: Facebook Vitória SC

Que consequências terá este desaire para a caminhada vitoriosa da equipa? Penso que poucas. O treinador Rui Vitória já deu imensas provas da sua qualidade e de como também sabe mexer com o fator psicológico dos seus atletas, portanto, creio que esta derrota será ultrapassada nos jogos que se aproximam, sendo que os próximos dois serão embates frente  com equipas da mesma região (Moreirense em casa e a deslocação a Braga, tentando vingar o resultado negativo deste domingo).

Hernâni e André André têm sido as grandes figuras da equipa, que, é bom recordar, tem neste momento lesionados o habitual titular da baliza (Douglas) e os dois centrais que iniciaram o campeonato (Defendi e Moreno). Hernâni tem feito a cabeça em água aos laterais esquerdos que lhe aparecem pela frente e já apontou três golos na Liga. A velocidade é a sua principal arma, aliada a uma capacidade técnica também acima da média. Já André André, um dos capitães de equipa, é uma peça absolutamente fulcral no meio-campo vitoriano. Muito forte nas recuperações de bola e na pressão sobre os adversários, lê muito bem o jogo e coloca sempre muita garra e espírito de sacríficio dentro das quatro linhas, sendo também um dos preferidos da exigente massa associativa dos Conquistadores.

A estes dois nomes penso que também é justo acrescentar como elementos de destaque João Afonso e Bernard. O central até já foi falado para o Sporting (penso que seria uma excelente compra dos leões, que já lá foram buscar Paulo Oliveira neste verão), é forte no jogo aéreo e tem um bom sentido de posicionamento. Bernard ainda tem de continuar a crescer, mas a sua capacidade técnica e a facilidade que tem em transportar a bola para o ataque também já atraíram a atenção de clubes de maior nomeada.

O Vitória tem estado muito bem até agora e se não saírem elementos importantes em janeiro penso que tem todas as condições para garantir o acesso às competições europeias.

Foto de capa: Facebook do Vitória SC

O menino de ouro chegou à Baviera

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cab bundesliga liga alemaA mudança de Götze para o Bayern de Munique causou bastante polémica na Alemanha, como não poderia deixar de ser. Afinal, estávamos perante uma transferência que levou uma das principais figuras do Dortmund para o rival. Contudo, apesar da enorme expectativa que se gerou, o jovem alemão não teve uma primeira época muito feliz na Baviera (sem que se possa dizer que tenha sido negativa). Nunca foi um indiscutível na equipa e, quando jogou, raramente se exibiu ao nível que vinha demonstrando no Signal Iduna Park. O início desta temporada tem sido bem diferente; o médio ofensivo tem sido um dos melhores no conjunto de Guardiola e está finalmente a justificar os 40 milhões de euros investidos na sua contratação.

Götze surgiu completamente revigorado para a nova temporada, o que certamente estará relacionado com o facto de ter sido o autor do golo que deu o título mundial à Alemanha. O médio, que pareceu algo desmotivado no último ano, está bastante confiante e tem tido muito protagonismo no ataque da equipa bávara, sendo o actual melhor marcador da Bundesliga, com 7 golos. Mas resumir Götze à finalização é ignorar aquilo que tem de melhor: a técnica, a capacidade de decisão e a velocidade de execução, que vai aperfeiçoando na cada vez mais bem oleada máquina do Bayern (que evidentemente também beneficia do talento individual do jogador).

Götze em disputa com Granit Xhaka Fonte: Facebook do Bayern
Götze em disputa com Granit Xhaka
Fonte: Facebook do Bayern

A chegada de Lewandowski, que se afirmou com uma facilidade impressionante, foi um contributo importante para que o Golden Boy de 2011 estabilizasse o seu futebol no Bayern. O polaco é um jogador que Götze conhece na perfeição e o excelente entendimento que têm revelado não surpreende. A actuar nas costas do avançado ou descaído sobre o lado esquerdo, o alemão de 22 anos tem conseguido manter um elevado nível exibicional e está novamente a progredir no sentido de se assumir como um dos melhores do mundo. É certo que não teve um impacto imediato no Bayern, mas, com tanto talento, era uma questão de tempo até a relação com Guardiola se tornar proveitosa.

Foto de capa: Facebook do Bayern

Europa rendida a teus pés; Portugal, nem tanto…

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atodososdesportistas

Há uns tempos escrevi um texto sobre Hector Herrera, no qual falava do “paradigma” do jogador mexicano. Hoje escrevo sobre o Porto, mas baseado naquilo que foi esse mesmo meu texto: tal como Herrera joga a um nível de classe mundial na prova rainha da Europa, também o clube da Invicta o faz. Já a nível interno, nem o jogador azteca é o mesmo, nem o Porto consegue espelhar a qualidade que demonstra nos palcos da Champions.

Que temos o plantel (plantel, não equipa, note-se) mais forte de Portugal não existem dúvidas, e quem as tiver é porque de futebol pouco ou nada percebe. Então por que é que nos galvanizamos a nível externo e, num nível “mais baixo”, como é o campeonato português, somos uma equipa que se parece com aquele velhinho relógio de cuco, que às vezes funciona e sai da portinhola e outras fica “em casa” e deixa as horas passar…?

Muito tenho ouvido dizer que o Futebol Clube do Porto só passou porque calhou num grupo risível, fácil e até “patético”. Pois bem, relembro que, a priori, o grupo dos dragões era bem mais equilibrado do que, por exemplo, o das águias: Porto, a incógnita da super equipa em construção; Shakhtar Donetsk, um poderoso multimilionário europeu que nos tem habituado a algumas surpresas; Athletic Bilbao, equipa que, por mérito próprio, ganhou o estatuto de “não perder” em casa; e BATE, o outsider que complicou as contas aos espanhóis. Em condições normais, teríamos um Porto a vencer os três jogos caseiros e tentando pontuar na Bielorrússia e Ucrânia. Por sua vez, os espanhóis contavam fazer nove pontos em casa e tentar aninhar mais qualquer coisa fora. Por último, teríamos uma sempre “chata” equipa ucraniana a ir buscar pontinhos onde quer que lhe deixassem.

Tudo saiu ao contrário, a começar pela estratégia do Athletic: abriram o livro europeu com um empate em casa frente ao Shakhtar, seguido de dois desaires, na Bielorrússia e em Portugal (o primeiro não estava, de todo, nas contas da equipa basca). E foi esta a equação que falhou no grupo H: a desilusão que foram os espanhóis face à grande qualidade do seu plantel. Posto isto, espero que as pessoas deixem de tentar tapar com um pouquinho de areia o grande buraco que foi a qualidade demonstrada pelos comandados de Lopetegui nesta brilhante caminhada europeia, que culminou com o recorde de pontos e golos dos dragões numa fase de grupos da prova milionária (recorde-se que, actualmente, tem mesmo o melhor registo atacante – 15 golos – e está entre as três melhores defesas, com apenas três tentos encaixados).

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Equipa escalonada por Lopetegui na deslocação a Borisov
Fonte: fcportovideos.blogspot.com

Voltando ao primeiro parágrafo do meu texto, relembro o nome de Héctor Herrera: melhor em campo ontem na Bielorrússia, com um fantástico golo e duas assistências, uma delas de génio. Não é este Herrera que vejo a actuar internamente, tal como não vejo a consistência deste Porto. Parece que por vezes quer, por vezes não quer… Não tenho dúvidas de que se jogarmos cá dentro como jogamos lá fora arrumaremos a questão do campeonato o quanto antes (como o Benfica fez o ano passado, pela forma como jogava e encantava) e poderemos concentrar-nos em fazer uma “gracinha” na Europa. Lembram-se do Porto de José Mourinho? Também começou de forma turbulenta, passou a fase de grupos da Champions e depois… foi jogando, jogo a jogo.

Não quero com isto dizer que o Porto é candidato ao título da Champions ou o único candidato ao título em Portugal, de todo! Na prova milionária somos uns outsiders dentro do lote de 10/12 tubarões, que são, a priori, favoritos; em Portugal, a par do Benfica, somos os (eternos) candidatos – ainda não consigo ver um Sporting com a consistência necessária para andar lá em cima a lutar pelo grande galardão do futebol nacional.

De certa forma, esta passagem imaculada aos oitavos-de-final da Champions veio calar certas bocas que diziam que Lopetegui “não é treinador”, que “com aquela equipa até eu ganhava” ou até mesmo “o espanhol e a sua armada não chegam a Dezembro”. A essas pessoas só posso dizer o que vaticinei de início, depois de o conhecer: Lopetegui é a pessoa certa para o cargo e só sairá no dia em que acabar o contrato ou alguém “bater” a cláusula de rescisão do mesmo. Tem capacidade, qualidade e acima de tudo ideias claras daquilo que é o futebol que pretende ver praticado. Talvez só lhe falte um pouco de experiência de “equipa grande”, que certamente ganhará no grande clube que comanda.

Esperemos, agora e sem compromissos europeus de maior importância, que os pupilos do nosso timoneiro se concentrem a 100% no campeonato, aproveitando a instabilidade vivida pelo seu rival da Luz a nível da passagem aos oitavos da prova milionária e possam tirar partido de qualquer deslize no cimo da tabela (com todo o respeito pelo Vitória de Guimarães, clube que estimo muito por questões familiares, não considero o clube da Cidade Berço sequer um “pseudo-candidato”).

Vamos lá, Porto!

Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto

Zenit 1-0 Benfica: Longe dos grandes

Topo Sul
Mais do mesmo. Quatro anos seguidos sem passar aos oitavos de final da Liga das Campeões é motivo de preocupação? Sem dúvida. Cometeram-se erros fatais nesta campanha que ditaram o afastamento precoce da equipa da competição? Obviamente. Foi a derrota do jogo de hoje a principal razão da eliminação encarnada? Longe disso. Esta tarde, em St. Petersburgo, frente à melhor equipa deste grupo C da Liga Milionária, o Benfica realizou a melhor exibição nesta aventura europeia, mas ainda assim não foi capaz de sair vencedor de um jogo que dominou quase por completo. Embora as estatísticas não sejam assim tão favoráveis aos encarnados, quem viu o que se passou no gelo da Rússia está consciente de que o desfecho desta partida deveria ser muito mais caloroso para as águias.

À entrada para esta partida, ambas as equipas sabiam que só a vitória interessava para continuarem a sonhar com os oitavos-de-final da prova. Contudo, foi a equipa do Benfica que procurou assumir o controlo do jogo desde o início e, embora sem grande brilhantismo e sem criar claras ocasiões de golo, os encarnados conseguiram construir jogo a meio-campo e chegar com alguma facilidade ao último terço do terreno adversário. Mas isso pouco interessava. Pedia-se eficácia e mais clareza na definição final dos lances e isso a equipa não teve.

Da primeira parte do jogo pouco ou nada se pode contar, dada a apatia do processo ofensivo de ambas as equipas. A pressão do jogo pesou nsa duas formações, que apenas produziram uma oportunidade de golo cada uma. Primeiro o Zenit ameaçou de bola parada; depois o Benfica podia ter inaugurado o marcador através de Salvio, mas a mancha do guarda-redes adversário evitou o tento encarnado. Nuns pobres quarenta e cinco minutos, somente Gaitán procurou agitar o encontro, enquanto Enzo corria quilómetros para encontrar espaços que ninguém criava. Do outro lado, Hulk era anulado pelo cada vez mais jogador André Almeida, que travou quase todas as investidas do extremo brasileiro.

Para vencer este encontro decisivo, o Benfica tinha de ser mais acutilante ofensivamente e a lição pareceu vir bem estudada para o segundo tempo. Os primeiros vinte minutos foram controlados pelas águias, que encostaram o Zenit à sua área defensiva. Através de uma pressão alta e posse de bola eficaz, o Benfica mostrou ter argumentos para chegar ao golo, mas pecava na zona de decisão. Aos 50 minutos, Luisão teve nos pés a melhor oportunidade para colocar os encarnados na frente, mas desperdiçou-a escandalosamente. Parecia que o livro de ocasiões de golo estava a abrir-se, mas tal foi só uma ilusão.

Enzo Pérez foi um dos melhores do lado do Benfica Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Enzo Pérez foi um dos melhores do lado do Benfica
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

Apesar do evidente domínio encarnado nesta fase do jogo, principalmente na zona central, Jorge Jesus procurou colocar mais um homem na frente e lançou Derley. A decisão entende-se pela necessidade de ameaçar mais frequentemente a baliza adversária, mas no contexto do jogo, o treinador encarnado nunca poderia tirar uma unidade da zona central. Saiu Talisca e o Benfica perdeu o meio-campo, o domínio e consequentemente a partida.

A partir deste momento, o Zenit ganhou espaço para sair para o ataque e num momento de inspiração do poderoso Hulk, que assistiu brilhantemente o português Danny, a equipa russa adiantou-se no marcador, numa fase crucial do encontro. Com apenas 15 minutos para jogar, o Benfica não tinha soluções capazes – como aliás nunca teve nesta fase de grupos – para dar a volta a uma partida desta exigência. Assim, o resultado de 1-0 manteve-se até ao final sem que os encarnados conseguissem voltar a encontrar-se na partida após o golo adversário.

Na conferência de imprensa que se seguiu ao jogo, Jorge Jesus disse que o Benfica saiu da fase de grupos da Liga dos Campeões com dignidade. Se falarmos somente deste jogo até se podem aceitar as palavras do técnico encarnado, mas olhando para o que passou nos restantes jogos é necessário analisar friamente a apatia, descrença e falta de atitude que a equipa demonstrou nessas partidas e que lhe valeram a eliminação precoce desta prestigiada competição. Se é verdade que este Benfica não tem o plantel mais capacitado para brilhar, é também justo dizer que esta equipa deveria ter produzido um futebol bem mais condizente com a qualidade de muitos dos seus jogadores.

Contas feitas, são quatro anos seguidos sem passar a fase de grupos de uma competição onde estão as melhores equipas europeias e em que – e com muita pena digo isto- o Benfica não se pode incluir. Porque os resultados estão à vista. E porque, na maioria das vezes, contra factos não há argumentos.

 

A Figura

André Almeida: Mais uma vez, fez aquilo que lhe pediram.  O seu trabalho era anular o perigo chamado Hulk  e fê-lo durante toda a partida. É injusto culpabilizá-lo pelo golo do Zenit, porque nesse lance nada poderia fazer para travar o brasileiro. É um daqueles jogadores que qualquer equipa gostaria de ter. Ainda bem que está no Benfica e deveria estar na selecção.

O Fora de Jogo

Jorge Jesus: Desde o primeiro jogo em Leverkusen que o treinador do Benfica pareceu desvalorizar a Champions League. Isso reflectiu-se em cada jogo do Benfica na competição e, apesar da exibição positiva da equipa no jogo de hoje, a decisão de tirar Talisca do meio-campo para colocar um avançado foi muito infeliz e retirou o controlo do jogo da equipa.

Liga dos Campeões: alta voltagem com o tradicional apagão

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a norte de alvalade

Demonstração de superioridade sobre o adversário, deixando clara a diferença que separa as equipas, foi aquilo que o Sporting fez ante o Maribor. Um jogo de alta voltagem da parte de Nani mas que não deixou de ficar marcado por um apagão, que resultou num golo muito consentido. Este haveria de fazer abanar a equipa, até esta repor novamente a distância de conforto de dois golos.

Muita dessa superioridade ficou logo vincada nos momentos iniciais do jogo, redundando num golo relativamente madrugador. Muita agressividade e pressão sobre o adversário garantiam a posse de bola para lançar ataques constantes. Esta pressão foi quase constante durante o primeiro tempo, mas a parceria esloveno-brasileira no golo final da primeira parte fez regressar um Sporting algo hesitante e que, talvez pela demora do apagão, parece ter esquecido os papéis que cabia a cada um desempenhar. A equipa desagregou-se, perdendo agressividade e facilitando nas coberturas, o que permitiu ao Maribor ver mais vezes a camisola vermelha do Patrício.

Não foram muitas as vezes, mas as suficientes para criar perigo, que o Maribor explorou muito bem o espaço ao centro, nas costas dos nossos médios, fazendo surgir diante dos defesas jogadores com a bola controlada sem  contudo lhes dar a melhor sequência. Algo que nós ainda não fazemos mas deveríamos começar a pensar incluir no cardápio, porque as arrancadas de Nani poderiam ganhar uma dimensão ainda mais letal. E Slimani não estaria tanto tempo ausente ou invisível para os colegas com bola, ou então apenas ao alcance de um aleatório centro desde a linha lateral. 

Desta vez, como nem sempre ocorre no futebol, a verdade veio ao de cima, sendo precisamente Slimani a repô-la, pelo menos de forma parcial. Com outra eficácia e não sei se o avião do Maribor não teria dificuldades em levantar voo, por excesso de carga.

Dos mais três preciosos pontos conquistados resulta o apuramento para a fase seguinte da Liga Europa, o que assegura a importante permanência nas competições europeias. O bolo e a cereja no respectivo topo pode ainda ser alcançado, com o apuramento para a fase a eliminar da Liga dos Campeões, que podia ontem já ter sido carimbado não fosse esta fase de apuramento ter-se assemelhado a um estranho “Campeonato das Abébias”, naquilo que o golo de Jefferson ontem constituiu a última jornada. 

Estranhamente, quando se fala de falhas comprometedoras, parece agora só haver registo do erro grave do árbitro russo, quando o jogo na Alemanha foi preenchido por erros individuais de palmatória e sobretudo a recepção na Eslovénia ter sido brindada por um dos mais patéticos golos sofridos ultimamente. Só neste lance mandámos dois pontos para o éter.

Em que é que isto é importante agora? É que não percebendo as nossas próprias limitações dificilmente cresceremos. E, como o jogo de ontem mais uma vez deixou evidente, felizmente sem grandes consequências, a falta de qualidade individual na defesa é um dos nossos algozes mais severos na época a decorrer. Apesar de o apuramento para Liga Europa conter os danos, tal não deve iludir que, nos actuais moldes, os nossos interesses estão muito longe de estar acautelados.

Voltando, para finalizar, às nossas possibilidades de apuramento. O que é melhor para nós, o apuramento para a Liga dos Campeões ou a Liga Europa? Não sei se este debate faz muito sentido, mas sempre vou dizendo que, se é verdade que não temos equipa para ganhar a Liga dos Campeões, isso não obsta a que o Sporting deseje prosseguir na mais importante competição de clubes do mundo. O contrário é atraiçoar o espírito que norteia o clube desde a sua fundação, e quem tem medo de jogar com os melhores nunca será como eles. E se o medo de perder pode tolher alguns espíritos, porque é que na Liga Europa ele pode ser de todo afastado?

O herdeiro de Shevchenko

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internacional cabeçalhoEm 2012, Andriy Shevchenko retirou-se e tanto a Ucrânia como o Dínamo de Kiev perderam a maior referência da sua história. Contudo, no mesmo clube em que na célebre época de 98/99 explodiu Andriy Shevchenko, está agora a explodir uma nova estrela que pode consagrar-se como o herdeiro de Sheva. O seu nome é Andriy Yarmolenko e é um dos jogadores mais interessantes do futebol de leste.

O 10 do Dinamo de Kiev é um extremo direito ao estilo de Hulk. Que significa isso? Significa que o ucraniano é um extremo muito vertical, com um pé esquerdo fenomenal e que adora fazer diagonais em direção à baliza contrária. Contudo, e apesar de aparentar ser já um grande elogio, classificar Yarmolenko como um clone de Hulk seria redutor. Apesar de terem as suas semelhanças, Andriy parece ainda mais dotado que o brasileiro. O astro de Kiev conta com um reportório elaborado de fintas capazes de desorientar qualquer defesa, que abrange vírgulas, La Roulette, a La Croqueta – tão característica de Andrés Iniesta -, a célebre pedalada e ainda muito mais. Com 1,89 metros e 82 quilos, o ucraniano é também extremamente robusto fisicamente, e o seu poderio físico não se esgota na robustez, pois Yarmolenko é também muito rápido e ágil. Os atributos técnicos do jogador ucraniano também não se esgotam no seu muito entusiasmante reportório de fintas, pois Andriy tem um óptimo primeiro toque e uma finalização muito apurada. Tudo isto combinado faz com que Andriy seja um jogador extremamente concretizador, especialmente nas jogadas de transição rápida, onde, fazendo uso do seu bom primeiro toque e do seu bom remate de média distância, marca muitos golos. Aliás, um golo que exemplifica muito bem isto é o golo que o jogador marcou ao Rio Ave, na edição deste ano da Liga Europa.

Yarmolenko
Capitão do Dínamo em acção
Fonte: Facebook do D.Kiev

As estatísticas do 10 do Dinamo de Kiev também atestam a sua capacidade goleadora, visto que na época passada marcou 21 golos em 39 jogos e nesta época em 18 jogos já balançou as redes 9 vezes. Ao olhar para as estatísticas da época transacta e especialmente para as desta época, salta à vista a capacidade do extremo de assistir os seus companheiros, uma vez que na época passada realizou 8 assistências e esta época já conta com 11. Tendo tudo isto em conta, é fácil ver as razões pelas quais o ucraniano é um dos extremos mais completos e cobiçados do futebol europeu. Em suma, Yarmolenko é um extremo muito imprevisível, com uma excelente capacidade finalizadora, brilhante no um-para-um e ainda um bom assistente.

Foto de Capa: Vincent Wong (Flickr)

Os formadores “milagreiros” e o futebol artístico

futebol de formação cabeçalho

A elevada qualidade e a capacidade de fazer a diferença não nascem de um vazio. Todas as qualidades técnicas, biotécnicas e tácticas de um atleta são fruto de um processo contínuo de formação e prática. Por sua vez, é a qualidade desse processo que determina o nível de desempenho do respectivo atleta. O mesmo poderemos dizer de um coletivo. Até aqui, pouco ou nada de novo, e, como se sabe, os bons jogadores e as boas equipas não nascem nas árvores: são antes um produto da excelência e do trabalho árduo.

Contudo, em Portugal regista-se uma dada ausência de determinação para dar um salto em frente. Como exemplo, basta olhar para os clubes que militam nas duas divisões profissionais e contabilizar quantos deles possuem uma academia e planos de desenvolvimento que são seguidos à regra para produzir atletas de alto nível.

Em Portugal “vai-se fazendo”,  e creio que é urgente mudar essa mentalidade e revolucionar a realidade no futebol de formação. Acima de tudo, isto tem de ser feito para que possamos futuramente atingir patamares de topo no futebol de alto rendimento e, assim, reforçar o estatuto adquirido nas últimas décadas. Enfim, podemos olhar para os bons exemplos como os aplicados pelas federações alemã, espanhola e belga, e assumir que revolucionar resulta. Contudo, nem tudo é negro e sem graça em Portugal. Há pelo menos dois grandes tópicos que convém abordar e trazer para junto de nós para reflectir.

Por cá no que se refere a treinadores e a formadores existe competência, conhecimento e um considerável nível de formações técnicas adequadas ao contexto do futebol de formação. Estes elementos são parte da chave que tem permitido ao nosso futebol sobreviver e ir formando talentos com um valor considerável. Contudo, o que existe em falta é estratégia e organização em plano macro que visem o desenvolvimento de atletas de alta competição. Falta planificar para ganhar e fazer a diferença. Quando estes elementos se conjugarem de forma harmoniosa, poderemos por fim assistir à formação de um número muito superior de atletas de elevada qualidade e com condições para fazerem a diferença em qualquer campo dos quatro cantos do planeta. Em alguma parte, isto já foi uma realidade no passado; então porque não “repicar” alguns discos antigos e formular uns conceitos?

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Sanjoanense Vs. Carregado
Foto: Sandra Cunha

Para já, o que existe vai sendo trabalhado a espaços (uns maiores do que outros), em redutos muito característicos, em contextos muito específicos e em condições sociais e organizacionais que apenas propiciam a existência de “milagres”. Pois sim, temos muitos treinadores que além de bem formados e competentes são igualmente milagreiros. Infelizmente, ainda se trabalha de um modo relativamente feudal, onde cada um se limita a tomar conta da sua quintinha. Isto não potencia em nada o trabalho dos nossos treinadores e sobretudo – e mais do que tudo – não desenvolve nem fomenta o enorme potencial dos nossos atletas.

Na realidade, tudo isto nos leva a ter a maior parte dos projectos formativos estagnados, o que tem originado o surgimento de poucos atletas de bom e de grande nível. Isso reflecte-se na qualidade das equipas portuguesas e das nossas seleções. Ou seja, uma grande parte do problema do futebol português está evidentemente no futebol de formação e na ausência de um plano de desenvolvimento e de potencialização dos nossos recursos.

Por outro lado, há algo que temos de admitir: o jogador português é talentoso. É tecnicista, criativo, aventureiro, fisicamente consistente, inteligente e desequilibrador. E são exactamente estes aspectos que devemos potenciar no futuro. Há que criar condições para o desenvolvimento de capacidades biotécnicas que valorizem estas características, pois o jogador português tem o “dom” de fazer a diferença, de romper com a monotonia e de destruir a lógica do equilíbrio de forças. O jogador português tem todas as características para ser o “atleta-artista” por excelência, pois ele devora o jogo e toda a paixão concentrada nas quatro-linhas. Não valorizar e não trabalhar este potencial tem sido um enorme “crime” a que todos temos assistido no futebol e no desporto português.

Isto é algo que temos de valorizar e sobretudo algo em que temos de pensar com urgência. E não tenhamos dúvidas: têm sido essas características que têm permitido em boa parte a sobrevivência do nosso futebol. Tem sido esse talento que tem permitido a existência de um ou outro resultado positivo. Sobretudo quando juntamos isto com os milagres que alguns treinadores e formadores têm realizado nos últimos tempos.

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Carregado Vs. Arrudense
Foto: Sandra Cunha

Por questões culturais, por variáveis sociais, pelo “futebol de rua” ou pelo trabalho que tem sido feito em alguns clubes, o jogador português tem características que lhe permitem existir acima da média. Contudo, não existe sustentabilidade nem forma de potenciar e gerir este fenómeno de forma continuada. Não existe um plano e isso não nos permite hoje dar um salto em frente e consequentemente almejar resultados desportivos de excelência de forma consolidada – tanto a nível de clubes como de seleções.

Nem tudo é negativo. Em Portugal existe um enorme potencial – algo raro em países com as nossas características demográficas. Temos treinadores e formadores com conhecimento e jovens talentosos. Poucas nacionalidades conseguem imprimir tanta competência, paixão e qualidade técnica numa dada arte, e creio que o nosso caminho passa por saber formar segundo isso mesmo. Caro leitor, temos de formar para fazer a diferença em campo. E para isso requer-se um salto em frente em termos ideológicos e, consequentemente, a criação de uma “escola artística” de futebol.

PS: Nota muito positiva para a nossa seleção de Juniores Sub-19 que se qualificou para a Ronda de Elite do Europeu da respectiva categoria. Por sua vez, a equipa nacional de Juvenis Sub-17 está igualmente de parabéns, pois tem realizado uma caminhada exemplar rumo ao europeu de 2015. Lá está, o potencial está todo aqui.

Sporting 3-1 Maribor: É aqui que pertences, Nani

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Pouco faltava para as 19h45 quando se ouviu, em Alvalade, o hino da Liga dos Campeões. É sob esta música que o Sporting deve estar todos os anos mas é, sobretudo, esta a competição onde nos devemos sentar e usufruir do privilégio que é ver Nani jogar futebol. Tanto se fala sobre a qualidade do português em relação aos restantes na liga portuguesa, mas hoje e um pouco por toda esta fase de grupos temos assistido à superioridade do número 77 em relação a praticamente todos os seus adversários internacionais. Quatro golos e duas assistências em cinco jogos são registos interessantes mas o rendimento de Nani não é explicável por unidades quantificadoras.

Hoje, o Sporting entrou em campo com a plena noção de que só a vitória interessava. Pressionou, assumiu o jogo e chegou ao primeiro relativamente cedo. Carlos Mané aproveitou uma excelente arrancada de Jefferson pela esquerda – depois de outra onde sofreu um penalty claro que ficou por assinalar – e finalizou de baliza aberta um cruzamento com conta e medida. Dois jogadores que não têm sido titulares a mostrarem que a rotação em proporções bem calculadas é sempre uma boa ideia. E do resto da primeira parte pouco mais há a acrescentar que não uma sucessão de acontecimentos equivalentes. Ataque do Sporting, ataque do Sporting, ataque do Sporting. Mané em Nani e Nani senta um, Nani senta dois, Nani remata e recupera a bola, Nani senta mais um, e outro, e Nani marca. Daqui que não se retire que a qualidade técnica ou de drible é o mais importante: o essencial foi a capacidade de esperar pelo momento exacto. A temporização tão mal entendida pelo público comum foi a chave para o golo. Pouco depois, o Maribor empata sem sequer rematar. Má avaliação e algum azar de Paulo Oliveira e Cédric e Jefferson a colocar o pé onde não devia e há o 2-1.

O intervalo durou um pouco mais do que seria de esperar, mas quem espera sempre alcança. Muitos minutos depois e aí estava Nani de regresso. E os restantes, claro. O jogo reatou e quem parecia farto de ver o extremo leonino era o lateral do Maribor – no início da segunda parte ficou por mostrar um vermelho por entrada duríssima sobre Nani. Nem o pesadelo de o ter de marcar justifica tal acção e o árbitro errou novamente em lance demasiado claro que, fosse o Sporting menos superior, poderia ter tido influência no resultado final. Talvez pela pausa grande demais, a equipa de Marco Silva voltou mole e os eslovenos aproveitaram para pressionar e fazer o Sporting passar a pior fase do encontro. No entanto, depois de uma perdida infantil na defesa contrária, João Mário acabou por cruzar para Nani que, em esforço e de cabeça, conseguiu manter a bola jogável e permitiu a Slimani finalizar para o 3-1 que matou as aspirações do adversário. Terá sido porventura a primeira acção verdadeiramente boa do ponta-de-lança argelino em todo o encontro. Andas tu no banco a ver isto, oh Montero!

E daí em diante foi a cereja no topo do bolo de Nani e companhia. Nani isola Carrillo. Nani isola João Mário. Nani isola Montero. Nani isola William Carvalho. Não entraram mais, uns por azar outros por azelhice, mas nunca por falta de quem os criasse. Diz-se que na altura da necessidade atingimos todo o nosso potencial e aos sportinguistas resta rezar para que Nani sinta necessidade muitas vezes. O próximo episódio é em Londres. Até lá há uns treinos pelo meio. Não para o Sporting, claro, para ele.

A Figura

Nani – Não falta dizer nada, pois não?

O Fora de Jogo

Estádio José Alvalade/Graig Thomson – O problema na iluminação do estádio no intervalo renderá por certo uma pesada multa da UEFA e foi uma situação negativa a todos os níveis. O árbitro escocês (e a restante equipa de arbitragem!) deixou por marcar um penalty dos mais descarados que podem existir e permitiu que o lateral direito do Maribor terminasse o jogo depois de uma entrada que colocou a integridade física de Nani em perigo. Em cinco jogos, o Sporting foi claramente prejudicado pela terceira vez nesta fase de grupos.

Cinco estrelas em dose dupla

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brasileirao

Parece que foi ontem. Esse dia faz praticamente um ano. Tive a oportunidade de, ainda recém-chegado a esta casa muito nossa, poder escrever sobre o campeão brasileiro. E eis que essa segunda oportunidade chegou. Ela veio em forma de duplicado. E não, não estou a falar d’O Homem Duplicado – obra do ímpar José Saramago –, pese embora este título do Cruzeiro seja em muito semelhante ao anterior. No céu, mais uma vez, brilha uma constelação que resplandece os límpidos universos de Vera Cruz. Estas estrelas são cinco. Os títulos nacionais são quatro. A alegria é imortal.

No fim de um ciclo vitorioso como este, penso que não vale a pena nomear heróis. Gosto de pensar em salvadores coletivos. Uma ideia messiânica em que o próprio messias seja uno e indivisível e ao mesmo tempo pluri e que esteja em todos. Mas o que vale a pena (se a alma não for pequena) é destacar alguns pontos, estes mais objetivos. O Cruzeiro Esporte Clube soube manter a estrutura e as linhas vencedoras que já havia adquirido no campeonato de 2013. Marcelo de Oliveira provou ser um mestre no banco; Éverton Ribeiro o grande pensador; Fábio um líder; Dagoberto como o antigo rei dos Merovíngios; Marcelo Moreno completíssimo; … enfim. E claro, a torcida, que soube empurrar e manter a ansiedade do bi para dentro… e explodir na altura certa. A vitória com o Goiás por 2-1, num terreno quase impraticável devido às fortes chuvas estivais, foi mais uma demonstração de crença, num jogo que estava difícil de resolver.

Celestes unidos e crentes, no momento do golo
Celestes unidos e crentes, no momento do golo
Fonte: Facebook do Cruzeiro

O Cruzeiro está de parabéns. O futebol brasileiro também. Um campeonato bem disputado, sem querelas clubísticas ou polémicas de arbitragem de maior. Foi uma festa. No verdadeiro sentido da palavra. E deveria ser sempre assim. Os celestes tentam agora inverter, contra o rival de sempre, um resultado negativo de 2-0 na primeira mão da final da Copa do Brasil. Qualquer que seja o resultado, o título ficará – mais um – em Minas Gerais. É interessante ver o crescimento das equipas mineiras nos últimos anos.

Mas hoje, mais uma vez, o rei do Brasil brilha lá no alto, num manto cada vez mais azul. O sonho do bicampeonato realizou-se, enfim. As palavras serão sempre poucas para acompanhar mais um momento de glória alvi-celeste. Sobram então os factos, e esses são arrebatadores. O Cruzeiro Esporte Clube parece querer reinventar-se. Vai atrás dos seus próprios recordes. Tal como na música do grande cantor, mineiro de coração e cruzeirense Milton Nascimento: “será um caçador de mim.”

Foto de capa: Facebook do Cruzeiro