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Revista do Mundial’2014 – Bélgica

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A selecção da Bélgica disputou o seu primeiro jogo a 1 de Maio de 1904, tendo empatado 3-3 com a sua congénere francesa. Em 1906 foi apelidada de Red Devils (“diabos vermelhos”) pelo jornalista Pierre Walckiers, depois de uma vitória por 3-2 sobre a Holanda, em Roterdão. O ouro olímpico obtido em 1920 é um marco do seu percurso. No entanto, esta não é uma selecção de top internacional – volta à fase final de uma grande competição 12 anos depois (teve a última participação em 2002). A selecção belga esteve presente em 11 Campeonatos do Mundo, sendo que entre 1982 e 2002 participou em 6 edições consecutivas, tendo alcançado a sua melhor classificação (4º lugar) no Mundial de 1986, no México. Em termos de Campeonatos da Europa, já obteve um 2º lugar (1980, em Itália) e um 3º lugar (1972, na Bélgica). A década de 80 constituiu uma fase de grande prestígio internacional – uma geração de jogadores onde pontificavam, por exemplo, Eric Gerets, Jean Marie Pfaff ou Frank Vercauteren esteve em destaque. Actualmente, encontra-se posicionada em 12º lugar no ranking FIFA, mas o apuramento para esta fase final alcançado de forma categórica concedeu-lhe o estatuto de cabeça-de-série para o sorteio. Integra o grupo H, juntamente com a Argélia, a Rússia e a Coreia do Sul.

O seleccionador da Bélgica, Marc Wilmots, divulgou a 13 de maio de 2014 a lista de 24 jogadores pré-convocados para o Campeonato do Mundo de 2014. Até 2 de junho, terá que ser enviada a lista final de 23. Não há grandes surpresas nesta lista final, já que se contém os jogadores que foram habitualmente utilizados durante o apuramento. Salienta-se a inclusão de 4 guarda-redes, por prevenção, uma vez que Casteels e Proto se encontram em fases adiantadas de recuperação de lesões graves. Também se destaca o interesse do seleccionador em renovar a equipa, ao colocar dois jovens avançados de 19 anos, Divock Origi, do Lille, e Adnan Januzaj, do Manchester United. O primeiro para substituir, por lesão, o excelente avançado do Aston Villa, Christian Banteke, titular indiscutível desta selecção. Já o segundo, Januzaj, foi mesmo o caso mais mediático, uma vez que optou por representar a Bélgica, país onde nasceu, mesmo sendo filho de pais albaneses e kosovares e tendo sido também sondado para representar a Inglaterra (embora, neste caso, tivesse de esperar até 2017 para cumprir as regras da federação que obrigam a um período de residência de cinco anos em Terras de Sua Majestade).

OS CONVOCADOS (Pré-Convocatória de 24 elementos – a ser reduzida em breve)

Guarda-redes: Thibaut Courtois (Atlético Madrid/Esp), Simon Mignolet (Liverpool/Ing), Silvio Proto (Anderlecht) e Koen Casteels (Hoffenheim/Ale).

Defesas: Vincent Kompany (Manchester City/Ing), Thomas Vermaelen (Arsenal/Ing), Jan Vertonghen (Tottenham/Ing), Toby Alderweireld (Atlético Madrid/Esp), Daniel van Buyten (Bayern Munique/Ale), Nicolas Lombaerts (Zenit São Petersburgo/Rus), Anthony Vanden Borre (Anderlecht) e Laurent Ciman (Standard Liege).

Médios: Marouane Fellaini (Manchester United/Ing), Axel Witsel (Zenit São Petersburgo/Rus), Steven Defour (FC Porto/Por), Moussa Dembelé (Tottenham/Ing), Kevin de Bruyne (Wolfsburgo/Ale) e Nacer Chadli (Tottenham/Ing).

Avançados: Romelu Lukaku (Everton/Ing), Eden Hazard (Chelsea/Ing), Dries Mertens (Nápoles/Ita), Adnan Januzaj (Manchester United/Ing), Kevin Mirallas (Everton/Ing) e Divock Origi (Lille/Fra). 

A ESTRELA

Eden Hazard Fonte: Daily Record
Eden Hazard
Fonte: Daily Record

Podem identificar-se várias figuras na equipa – desde a classe do central e capitão de equipa Kompany (um dos esteios do campeão em Inglaterra, Manchester City, e um dos melhores centrais do mundo), passando pela capacidade física e de pressing dos médios Witsel, Dembélé e Fellaini (autênticos motores desta seleção), até à irreverência, imprevisibilidade e qualidade dos jovens avançados Lukaku, Januzaj ou Hazard. Centro a minha atenção neste último, especialmente depois dos comentários do técnico do Chelsea, José Mourinho (“um dos jogadores mais bem pagos do plantel deve render mais e ser mais consistente”). Este poderá ter sido o rastilho para Hazard querer dar uma resposta à altura no Campeonato do Mundo do Brasil. É um extremo jovem, inteligente, com larga margem de progressão, rápido, explosivo, muito evoluído tecnicamente, forte no um contra um, garantindo a posse de bola ou criando desequilíbrios através de combinações ou de passes de ruptura em acções individuais. Consegue aliar o talento à objectividade no último terço do campo, finalizando com qualidade e distinguindo-se como melhor marcador do Chelsea na época que agora terminou. Tem vindo, também, a melhorar a sua participação na organização defensiva da equipa, colocando as suas capacidades individuais ao serviço do colectivo, conferindo-lhe a dimensão de estrela nesta selecção. Foi distinguido pela Associação de Jogadores Profissionais de Inglaterra como o jogador jovem do ano. 

O TREINADOR

Marc Wilmots Fonte: Fox Sports
Marc Wilmots
Fonte: Fox Sports

Marc Wilmots: tem 45 anos de idade e fez carreira como jogador de futebol, avançado, especialmente na Alemanha, onde representou durante vários anos o Schalke 04, clube onde terminou a sua carreira e onde se sagrou campeão, tendo também vencido a Liga Europa. Como internacional representou a sua selecção por 70 vezes, tendo participado em 4 Campeonatos do Mundo de Futebol – o último em 2002 (organizado por Coreia e Japão) -, tendo capitaneado a sua selecção com 33 anos de idade na última participação da Bélgica em Campeonatos do Mundo de Futebol. É, portanto, uma figura emblemática do futebol belga da década de 1990. Começou a sua carreira de treinador no Schalke 04, tendo assumido o cargo de selecionador nacional em 2012, depois de 3 anos como treinador adjunto e pode dizer-se que é um dos responsáveis pela renovação do futebol belga.

A seleção belga organiza o seu modelo de jogo num 4-2-3-1 assente numa defesa de 4 jogadores experientes e seguros e um meio-campo de combate, com dois médios com características mais defensivas e três médios ofensivos com muita qualidade, a que se junta um avançado jovem e possante, conferindo velocidade e irreverência ao seu ataque. A capacidade técnico-táctica dos seus jogadores, especialmente do meio-campo para a frente, também lhe permite abordar o jogo num 4-4-2, colocando Witsel e Fellaini como médios mais recuados e dando a Hazard e De Bruyne ou Mirallas a responsabilidade de fechar os corredores laterais do meio-campo, com dois pontas-de-lança bastante móveis como são Lukaku e Mertens.

O ESQUEMA TÁTICO

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O PONTO FORTE

A experiência de grande parte dos seus jogadores nas melhores ligas de futebol (especialmente na Premier League e na Bundesliga), é a grande mais-valia desta selecção, que conjuga a maturidade, especialmente no sector mais recuado, com a capacidade física e qualidade técnica dos seus jovens jogadores do meio-campo para a frente. É uma equipa segura a defender e com grande capacidade de pressão no meio-campo adversário. Apresenta semelhanças com o estilo de jogo da selecção holandesa, com um futebol envolvente, assente na posse de bola e no domínio do jogo, dando protagonismo aos seus excelentes médios e avançados.

 O PONTO FRACO

A irreverência e a juventude poderão ser, no entanto, um ponto fraco da equipa no processo ofensivo. Não apresentam nenhum avançado experiente e consagrado. Por outro lado, a ausência de laterais ofensivos pode condicionar o desenvolvimento do seu futebol, especialmente nos jogos com equipas à partida menos fortes (equipas fechadas, com marcação muito apertada sobre os avançados), o que acontece logo na fase de grupos.

Uma excelente campanha de apuramento (8V, 2E, 0D, com 18 golos marcados e apenas 4 sofridos; 26 pontos em 30 possíveis e com 9 pontos de vantagem sobre o segundo classificado) justifica que esta seja uma selecção a ter em conta – esta geração já é considerada a melhor de sempre do futebol belga. É constituída por jovens futebolistas com grande qualidade, a jogar nos melhores clubes europeus, aos quais se juntam alguns jogadores com grande experiência (entre eles, Daniel Van Buyten, Vincent Kompany, Thomas Vermaelen ou Jan Vertonghen) que transmitem segurança desde a retaguarda e dá liberdade aos mais novos para espalharem o perfume do seu futebol ofensivo.

Tendo na fase de grupos um conjunto de equipas que parecem acessíveis (Rússia, Argélia e Coreia do Sul), tem boas perspectivas de apuramento para os oitavos-de-final, em princípio ocupando com a Rússia uma das duas vagas. O previsível apuramento para os oitavos de final faz desta selecção, como de todas as outras que chegarem a esta fase a eliminar, uma das potenciais candidatas ao pódio. O percurso dependerá muito da qualidade dos adversários que forem encontrando – recordo que se a Bélgica passar a fase de grupos vai encontrar uma selecção proveniente do grupo de Portugal -, mas também da gestão emocional e física dos jogadores na sucessão de jogos que terão pela frente. Parece certo que a maturidade desta selecção surgirá no próximo Campeonato da Europa (2016) ou no próximo Campeonato do Mundo (2018); no entanto, uma boa prestação já nesta edição não surpreenderá ninguém.

Revista do Mundial’2014 – Japão

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Certo dia, Ricardo Garrido, colunista do Brasil Post, escreveu que “a vida é um longo intervalo de quatro anos entre as Copas do Mundo”. Se assim for, o Japão apenas nasceu em 1998 mas, a partir daí, tem somado interessantes episódios… Quando a selecção japonesa desembarcar no Brasil, estará prestes a carimbar a quinta presença num Campeonato do Mundo. E de forma consecutiva, o que, além de assinalável, atesta a evolução do desporto-rei por bandas orientais – em 1998 e 2006, os “samurais” quedaram-se pela fase de grupos, tendo, em 2002 e em 2010, chegado aos oitavos-de-final.

Depois disso, e fora do contexto Mundial, mas já com Alberto Zaccheroni ao leme, venceram a Taça Asiática, em 2011, e o East Asian Football Championship, em 2013, prova em que foram apenas utilizados jogadores a competir no campeonato japonês. A fase de qualificação para o Brasil’2014 foi tranquila: entrando apenas em competição na terceira fase da zona asiática, o Japão qualificou-se em 2º lugar, perfazendo 10 pontos em 6 jogos (só atrás do Uzbequistão), e já ulteriormente, na quarta fase, em 8 partidas, amealhou 17 pontos (ficando à frente da Austrália), tendo, ainda, o mérito de ter sido a primeira nação a garantir a presença em terras de Vera Cruz.

É indesmentível – no que ao futebol diz respeito – que a realidade nipónica tem evoluído de forma considerável. A isso não pode ser alheio o facto de ter tido a possibilidade de acolher a ‘Copa do Mundo’, em 2002, em parceria com a Coreia do Sul. A organização desse certame catapultou a modalidade enquanto espectáculo, gerou a angariação de novos públicos e, por consequência, transformou meros curiosos em verdadeiros fãs da modalidade. Mais do que isso, atentando apenas para o interior das quatro linhas, não deixa de ser assinalável que um país cuja liga profissional (J-League) apenas fora criada em 1993 e de cujo lote de convocados em 2002 apenas constavam quatro elementos que competiam externamente, tenha conseguido crescer ao ponto de, hoje, ter inúmeros craques a competir nos melhores campeonatos do mundo e granjeie um respeito que fora conquistado a pulso – mesmo que o 47º lugar no ranking FIFA não se coadune com a real valia deste conjunto.

De facto, quem tiver assistido à última Taça das Confederações, em 2013, no Brasil, não poderá ter deixado de se sentir atraído pelo futebol positivo e rendilhado que a selecção nipónica apresentou. É certo que, para a história, ficarão, indesmentivelmente, os números – três derrotas frente a Brasil (3-0), Itália (4-3) e México (2-1); porém, para os fãs e amantes do jogo, sobra a certeza de uma equipa com excelentes executantes (designadamente ao nível do meio-campo) e que, com bola, se sente imensamente confortável. Tratando-a sempre bem, diga-se.

OS CONVOCADOS

Guarda-redes – Eiji Kawashima (Standard de Liège), Shusaku Nishikawa (Urawa Reds) e Shuichi Gonda (FC Tóquio).

Defesas – Yasuyuki Konno (Gamba Osaka), Masahiko Inoha (Jubilo Iwata), Maya Yoshida (Southampton), Yuto Nagatomo (Inter), Masato Morishige (FC Tokyo), Atsuto Uchida (Schalke 04), Gotoku Sakai (Estugarda) e Hiroki Sakai (Hannover 96).

Médios – Yasuhito Endo (Gamba Osaka), Makoto Hasebe (Nuremberg), Toshihiro Aoyama (Sanfrecce Hiroshima), Hotaru Yamaguchi (Cerezo Osaka), Keisuke Honda (Milan), Shinji Kagawa (Manchester United) e Hiroshi Kiyotake (Nuremberga).

Avançados – Shinji Okazaki (1. FSV Mainz 05), Yoichiro Kakitani (Cerezo Osaka), Manabu Saito (Yokohama Marinos), Yuya Osako (1860 Munique) e Yoshito Okubo (Kawasaki Frontale).

A ESTRELA

Keisuke Honda
Fonte: zimbio.com

A selecção japonesa não tem nenhum jogador do outro mundo. Porém, tudo o que de bom conseguir vai depender da tríade Honda-Kagawa-Okazaki. Se estes três estiverem em dia ‘sim’ qualquer adversário se arriscará a passar mal – pela vertigem, pela imprevisibilidade, pela inteligência nos movimentos e pela qualidade técnica que os três, individual e colectivamente, têm em doses acima da média. De todo em todo, jogando mais pelo centro ou pela esquerda, Keisuke Honda apresenta potencial para ser a figura mais proeminente da equipa: capacidade de desequilíbrio, visão de jogo, irreverência e poder de finalização não faltam. Se a tudo isto o número 10 do AC Milan e 4 dos ‘Samurais’ aliar consistência e plena entrega, o Japão pode sorrir no Mundial.

O TREINADOR

Alberto Zaccheroni
Fonte: thestar.com

Quando pegou na equipa nipónica, em 2010, o primeiro impulso de Alberto Zaccheroni foi implementar o (seu preferido) 3-4-3. Com isto se diz tudo: ‘Zach’ não é o habitual técnico italiano, com um pensamento cauteloso ou com laivos de catenaccio; ao invés, gosta que as suas equipas joguem com os olhos postos na frente, e este Japão, para o bem e para o mal, é o exemplo acabado disso mesmo – o treinador italiano, por ter criado uma selecção competitiva e que joga um futebol apaixonante, é, hoje, admiradíssimo pelo povo japonês. Aos 61 anos, depois de ter passado por Udinese, AC Milan (por quem venceu a Serie A, em 1999/2000), Lazio, Inter e Juventus, vai estrear-se num Mundial.

O ESQUEMA TÁTICO

O PONTO FORTE

A tríade Honda-Kagawa-Okazaki, que simboliza na perfeição o futebol rápido e atraente do Japão, com velocidade, qualidade técnica e trocas posicionais constantes; o meio-campo que, com Endo e Hasebe, é sólido e sabe fazer chegar a bola aos homens que podem desequilibrar; os laterais Uchida e Nagatomo, que se incorporam facilmente no processo ofensivo, dando grande largura ao jogo japonês.

O PONTO FRACO

A inconsistência e insegurança defensivas patentes em erros clamorosos transformados em golos, como aconteceu na última Taça das Confederações, diante de Itália e México, e no amigável frente à Holanda no fim de 2013; a imensa dificuldade ao nível do jogo aéreo, evidente nos inúmeros golos sofridos fruto de cabeceamentos (principalmente em bolas paradas); a falta de verdadeiras soluções alternativas, mormente ao nível dos elementos do meio-campo.

 

Incorporado no grupo C, juntamente com Colômbia, Costa do Marfim e Grécia, o Japão estará claramente na luta pelo apuramento. Sendo uma equipa excitante, com a capacidade de se metamorfosear dentro do próprio jogo e repleta de individualidades interessantes (Okazaki, por exemplo, chega num excelente momento de forma), pode almejar, num dia bom, a vencer qualquer adversário. Todavia, terá também saber de olhar para ela própria, dotar-se de um verdadeiro killer instinct – que, muitas vezes, lhe tem faltado e atraiçoado – e, jogando com o jogo, utilizar a posse de bola de forma mais racional e eficiente.

Zaccheroni já traçou o objectivo e esse passa, nas suas palavras, por apresentar uma equipa de futebol atraente, sem estabelecer até onde poderão ir os seus pupilos. ‘Zach’ esperará que os jogadores tenham crescido com os erros cometidos em momentos passados para, pensando jogo a jogo e encarnando o slogan escolhido para o Mundial – “Samurais, é a altura de lutar” –, o Japão, no Brasil, se transformar na mais bela surpresa da Copa.

Revista do Mundial’2014 – Irão

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Ora, não sendo eu um profundo conhecedor da selecção iraniana, farei os possíveis para deleitar os mais ávidos fãs do país orientado pelo nosso bem conhecido Carlos Queiroz. Numa qualificação sofrida, a turma de Queiroz estava obrigada a não falhar nos últimos três jogos… e não o fez: conseguiu somar três vitórias, duas pela margem mínima, colocando em delírio os mais de 65 milhões de pessoas que tomaram as ruas de assalto para os festejos.

Não sendo um país amplamente conhecido pelo seu futebol, o Irão parte para este Mundial do Brasil completamente sem pressão. Num grupo relativamente difícil – com Argentina, Bósnia Herzegovina e Nigéria – o sonho de passar pela primeira vez da fase de grupos parece um tanto ou quanto distante. Contudo, os iranianos acreditam que podem fazer uma gracinha com Queiroz ao leme, mal-amado aquando da passagem pela turma das Quinas. O português acredita que pode ter uma prestação que orgulhe a nação. Sem praticar um futebol brilhante na fase de qualificação, o Irão tem que elevar o seu nível de jogo se pretende levar de vencida qualquer das equipas do seu grupo. Se, de facto, sonham com a passagem à fase seguinte, o primeiro jogo frente à Nigéria poderá provar-se decisivo.

A nação iraniana deposita as esperanças da tal gracinha no ponta-de-lança Reza Ghoochannejhad (Gucci), que provou ser decisivo na qualificação com três golos nos três jogos da morte. É unânime que Queiroz fez um bom trabalho com a selecção da antiga Pérsia. Contudo, nem tudo foram rosas para o treinador português, que durante a qualificação teve de descartar o seu guarda-redes titular por alegados problemas pessoais – Queiroz afirmou numa entrevista à FIFA que foi uma decisão complicada mas necessária para que pudesse transmitir a mensagem de que nenhum jogador está acima da equipa. Resta saber se o colectivo de Queiroz está à altura desta competição, sendo que o historial não favorece os iranianos – somam apenas uma vitória (histórica) sobre os EUA por 2-1 e dois empates contra a Escócia e Angola em Mundiais. De resto, só derrotas.

OS CONVOCADOS (24 elementos) 

Guarda-redes: Daniel Davari (Eintracht Braunschweig/Ale), Rahman Ahmadi (Sepahan Isfahan) e Alireza Haqiqi (Sporting de Covilhã/Por).

Defesas: Hossein Mâhini (Persepolis), Jalal Hosseini (Persepolis), Ehsan Hajsafi (Sepahan Isfahan), Amir Hossein Sadeghi (Esteghlal), Hashem Beykzadeh (Esteghlal), Khosroo Heidari (Esteghlal), Ahmad Alenemeh (Naft Tehran), Mohammad Reza Khanzadeh* (Zob-Ahan Isfahan), Pejman Montazeri (Umm Salal SC/Qat) e Steven Beitashour (Vancouver Whitecaps FC/Can).

Médios: Mehrdad Pouladi (Persepolis), Reza Haghighi (Persepolis), Andranik Teymourian (Esteghlal), Ghasem Hadadifar (Zob-Ahan Isfahan), Bakhtiar Rahmani (Foolad), Javad Nekounam (Kuwait SC/Kuw) e Massoud Shojaei (UD Las Palmas/Esp).

Avançados: Karim Ansarifard (Tractor Sazi), Reza Ghoochannejhad (Charlton Athletic/Ing), Alireza Jahanbakhsh (NEC/Hol) e Ashkan Dejagah (Fulham/Ing).

(*chamado de prevenção, em virtude da lesão de Beykzadeh)

A ESTRELA

Javad Nekounam Fonte: Footballerpics.com
Javad Nekounam
Fonte: Footballerpics.com

Com a saída de Mahdavikia, Javad Nekounam ocupou o seu lugar e assumiu a mesma preponderância no onze iraniano. Embora seja Gucci o marcador de serviço, Nekounam é uma espécie de talismã para esta selecção e é o principal motor de jogo da equipa – marca golos importantes com alguma regularidade e é um jogador de grandes momentos.

O TREINADOR

Carlos Queiroz Fonte: Getty Images
Carlos Queiroz
Fonte: Getty Images

Depois de uma campanha desapontante ao leme da selecção portuguesa, marcada por problemas entre jogadores e treinador, assumiu este desafio de treinar o Irão e até agora não tem desiludido. Incutiu nos jogadores uma noção táctica não verificada até então e evoluiu imenso os processos defensivos da equipa.

O ESQUEMA TÁTICO

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O PONTO FORTE

A solidez defensiva desta equipa iraniana é algo a ter em conta: em 16 jogos na fase de qualificação conseguiram evitar que as suas redes balanceassem por 10 ocasiões. 10 jogos sem sofrer golos é obra. Veremos se conseguem manter a concentração na defesa no Brasil. 

O PONTO FRACO

 Se a defesa é ponto forte, o ataque é o pólo oposto – dependem demasiado da inspiração de Gucci nos momentos decisivos, e, se querem sonhar, têm de concretizar melhor.

Jogadores que Admiro #19 – Philippe Coutinho

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É arriscado, sim. Dado o historial desta rubrica e a minha recente entrada na equipa do Bola na Rede, escolher um jogador como Philippe Coutinho (de apenas 21 anos e ainda no começo da sua carreira) para o meu primeiro Jogadores que Admiro é sem qualquer dúvida um começo ousado.

Porquê Coutinho e não outro? Porquê agora e com que ‘bases’? São estas algumas das perguntas a que tentarei responder nós próximos parágrafos, enunciando da melhor forma possível os factores que levaram o jovem brasileiro ao topo do futebol mundial de camisola vermelha ao peito em pleno Anfield Road.

Não fosse o ‘resgate’ de um grande do futebol mundial e a história de Philippe Coutinho poderia ser bem diferente. Desvalorizado num Inter de Milão que precisava de talento, apesar de em 2010 o então presidente Maximo Moratti o ter apontado como o “futuro do clube!”, o médio ofensivo foi ‘deixado’ para o Espanyol e viu depois o renovado Liverpool de Brendan Rodgers apostar no seu talento, que se viria a revelar fundamental no ataque ao tão desejado (e quase obtido) título na Premier League. Vamos a números: criou 70 oportunidades de golo na Liga Inglesa (34 só em 2014), marcou 7 golos (a que se adiciona 1 na taça) e fez 7 assistências.

Coutinho é o novo "menino bonito" de Anfield Fonte: football365.com
Coutinho é o novo “menino bonito” de Anfield
Fonte: football365.com

Apesar da tenra idade, Coutinho faz parte de um restrito lote de jogadores que impressiona pelo exímio domínio de bola e pela capacidade de reação e pela magia com que encanta todas as testemunhas do encontro. Coloquem-se estas condições a um jogador perante bancadas vazias ou num campeonato de países de segunda linha e de pouco valerá. Mas Philippe fá-lo em Anfield Road, todas as semanas lotado e sob um memorável “Walk On, Walk On, With Hope, In Your Heart”. Philippe fá-lo na Premier League, frente aos melhores do mundo, com os melhores do mundo: é que, mesmo com jogadores como Luís Suarez, Daniel Sturridge ou Steven Gerrard (todos eles bem mais velhos e experientes) no mesmo lado do campo, consegue ainda assim destacar-se.

Sem querer entrar no mundo das previsões, imagine-se onde estará o jogador brasileiro daqui a cinco, seis, sete anos. Com toda uma carreira pela frente e já por dentro da estrutura base do clube de Liverpool. Coutinho disputará a Champions League em 2014/2015, tendo aqui mais uma oportunidade de brilhar pela Europa fora.

Mundial em casa mas… na televisão

É uma triste e inconformável realidade: Philippe Coutinho fará parte de um restrito lote de jogadores que se encontram na inexplicável categoria de ausentes do Mundial de Futebol 2014. Terá como companhia Kaká, um dos jogadores mais experientes e adorado pelos adeptos canarinhos. Mas se Kaká leva já 32 anos às costas e está longe dos seus melhores dias, Coutinho nasceu para o futebol há pouco mais de um par de anos e poderia vir a ser sangue fundamental para o Brasil.

Seria sangue obrigatório, a meu ver, mas Scolari assim não o entendeu. E que não me interpretem mal – todo o plantel da equipa da casa é uma autêntica ameaça, mas com Coutinho a música seria outra. Os tambores marcariam o ritmo a que avançaria no campo e combinaria com Hulk e Neymar de ambos os lados até colocar a bola em Fred. Muitos ‘Gooooooool’ seriam gritados por sua causa.

Se Filipão não o quis, Anfield continuará a apoiá-lo incansavelmente sempre que vestir de vermelho . Afinal, You’ll Never Walk Alone.

Portugal 0-0 Grécia: o trauma… da atitude

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Fugir dos traumas é algo inútil. Mais tarde ou mais cedo, eles voltam para nos atormentar. Assim, é melhor aceitar a sua existência do que negar que algo que nos transtornou. Como aquele dia em que um cabeceamento letal que tapou a boca a 10 milhões de vozes eufóricas e prontas a celebrar a primeira conquista do seu país. Charisteas marcou, de forma indelével, a longa história futebolística do nosso país e a Grécia vencia o Europeu que supostamente seria nosso. Como portugueses, seria inútil recalcar essa memória. Pelo contrário, deve ser essa a nossa fonte de inspiração, o balde de tinta que iremos usar para escrever uma história ainda mais bonita, começando na imposição da derrota a quem nos fez chorar. Não por se tratar de uma vingança, mas sim para aprendermos a lidar com a imagem mais triste de toda a história dos encontros da nossa seleção.

Sem o auxílio de Cristiano Ronaldo mas cientes do que significava um duelo com os gregos, o onze português montado por Paulo Bento num 4x4x2 com algumas opções menos regulares (Eduardo, Ricardo Costa, André Almeida, William Carvalho, Varela e Éder foram as novidades) entrou em campo encarnando o espírito de quem estava disposto a lutar contra os demónios que os deuses gregos deixaram cá plantados há coisa de dez anos atrás, com Éder e Nani ao leme de um grupo aparentemente disposto a vestir a pele de caça-fantasmas, estando ambos nas três ocasiões de perigo (Éder, primeiro, Bruno Alves e Ricardo Costa depois) que a seleção conseguiu criar junto das redes gregas nos primeiros sete (!) minutos, todas através da exploração do jogo àereo grego.

A situação não piorou desde aí para os gregos (em máxima força, entrando com o onze inicial que muito provavelmente vai começar o Mundial), mas manteve-se a toada de domínio luso, beneficiando de algum desacerto adversário na bola longa (recurso mais utilizado pelos helénicos na tentativa de visar as redes nacionais) e da postura expectante adoptado pelos orientados por Fernando Santos, que iam cedendo perante uma frente de ataque bastante dinâmica e que beneficiou das incursões dos alas (Varela e Nani) para o centro. Também aa mobilidade dos dois pontas-de-lança (Éder e Hélder Postiga) ajudou a trazer o jogo para a zona ofensiva de Portugal.

Porém, a superioridade nacional não foi capitalizada em golos, e a partir da meia hora de jogo pareceu começar a notar-se algum cansaço na exploração da muralha grega. Não se baixaram os braços mas foi notório o maior distanciamento e entre os jogadores da frente e uma inspiração decrescente que se traduziu na falta de produtividade nacional até ao intervalo, tornando o último quarto-de-hora da primeira parte um autêntico festival de bocejos.

Nani foi o melhor jogador do lado português Fonte: ASF
Nani foi o melhor jogador do lado português
Fonte: ASF

No regresso dos balneários, Paulo Bento trocou de guarda-redes (entrou Beto)  e de ponta-de-lança (Postiga deu lugar a Hugo Almeida), mas foi noutra alteração tática que esteve alicerçada uma mudança de atitude dos jogadores portugueses face aos últimos quinze minutos da primeira parte– maior apoio dos laterais no processo ofensivo. André Almeida apoiou Varela quando solicitado e João Pereira fez com Nani uma dupla bastante perigosa no flanco direito, o que se traduziu num jogo mais “elétrico”, disputado ainda mais encostado à baliza grega. Contudo, não houve consequências de maior no resultado e, mais uma vez, pareceu ser de sol de pouca dura a vontade dos jogadores portugueses, voltando o jogo a cair num espetáculo enfadonho que ia sendo cada vez mais propício a bocejos…

… até aparecerem Gekas e Fetfatzidis. Os jogadores gregos que substituiram as referências Samaras e Mitroglu, dotaram o jogo de maior velocidade, explorando um aparente desgaste do meio-campo português (William Carvalho, por exemplo, queixou-se de cãibras), mesmo reforçado por Rúben Amorim (substituiu Éder, fazendo a seleção regressar ao habitual 4x3x3). Gekas deu maior virtuosismo ao ataque grego e Fetfatzidis, assente na garra e na crença, beneficiou da passividade de André Almeida para causar a situação de maior perigo para as redes portuguesas.

Os gregos galvanizaram-se e o jogo terminou partido, com tempo para mais duas situações de perigo para ambos os lados – Beto saiu em falso, e a bola quase sobrava para um jogador grego, não fosse a intervenção de Ricardo Costa, autor de um cruzamento-remate já nos descontos, que terminou na trave.

A ausência de Cristiano Ronaldo, João Moutinho ou Pepe não justifica uma exibição tão pálida da seleção nacional perante uma equipa grega que não é superior à espécie de Portugal B que Paulo Bento levou para o relvado do Jamor.

Seria de esperar mais garra, mais atitude, não só por se tratar de um jogo que muito dizia a todos os amantes da seleção portuguesa, entre eles Eusébio e Mário Coluna “a ver” o encontro (foram colocadas imagens gigantes dos dois colossos do futebol nacional ocupando bancadas opostas), mas também para se alterarem as probabilidades de utilização de cada um dos jogadores previsivelmente menos utilizados por Paulo Bento no Mundial 2014.

Uma de duas coisas é certa: ou ficou provada a pouca profundidade da equipa nacional ou é urgente a mudança de atitude nos nosso jogadores.

A Figura

Num jogo a “preto-e-branco”, sobressairia sempre que soubesse pintar. E Nani foi um deles. O extremo do Manchester United foi o jogador que mais desequilíbrios provocou no ataque nacional, destoando da inércia e da apatia dos seus companheiros.

Sempre que tocava na bola, sentia-se um certo frenesim vindo das bancadas e que não eram da exclusiva responsabilidade da popularidade do craque.

O Fora-de-Jogo

A falta de atitude portuguesa foi por demais evidente, tornando o jogo bastante amorfo (por ser a equipa que, previsivelmente, mandaria no jogo), ao ponto de o dotar de maior eficácia que um comprimido para dormir.

 

Revista do Mundial’2014 – Grécia

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No último Campeonato do Mundo na África do Sul, a Grécia qualificou-se, ganhou apenas um jogo e foi prontamente eliminada da competição na primeira ronda. E, no entanto, foi a equipa grega com mais sucesso em fases finais da história dos Mundiais. Desde que participa em fases finais de campeonatos do mundo, a Grécia nunca se conseguiu impôr. Em 1994, na sua primeira aparição, não marcou um único golo e perdeu os três jogos na fase de grupos, tendo registado um goal average de 10-0. Desde sempre, a Grécia nunca teve grandes estrelas no seu plantel, mas, mesmo assim, conseguiu ganhar o Campeonato Europeu de 2004, batendo o anfitrião, Portugal, por 2 vezes. Esta equipa, hoje em dia, é ainda muito forte a nível defensivo e até convém relembrar as palavras do selecionador alemão, Joachim Löw, antes de defrontar os gregos, em que afirmava que enfrentar a seleção de Fernando Santos era como “comer pedra”.

A Grécia estará no grupo C do campeonato com a Costa do Marfim, Colômbia e Japão, sendo provavelmente o mais equilibrado de todos. O estilo defensivo  dos gregos poderá mesmo vir a ser determinante para seguir em frente para as fases a eliminar da competição, nas quais poderá encontrar a Itália ou a Inglaterra, seleções essas que não devem meter medo à equipa da Grécia. Os gregos estão bem classificados no ranking da FIFA e o seu lugar no top-10 de seleções só foi alcançado graças a muito trabalho e muitas vitórias.

Para o treinador da Grécia, Fernando Santos, que irá abandonar a equipa no final do campeonato, a meta é muito clara: “O primeiro objetivo é passar a fase de grupos. Depois logo se verá“, referiu o técnico português, que, em 2012, levou a Grécia aos quartos-de-final do Campeonato Europeu: “Não vamos ao Brasil passar férias. Esta é a nossa terceira aparição num campeonato do mundo e queremos seguir em frente pela primeira vez“.

O experiente treinador português, quando anunciou os 23 convocados para o Brasil, apresentou algumas surpresas no lote de escolhidos. Desde logo nas escolhas do médio Panayiotis Tachtsidis e do guarda-redes Panayiotis Glykos, em detrimento de nomes como o avançado Stefanos Athanasiadis e o defesa Avraam Papadopoulos. E fez ainda questão de realçar a importância de jogadores experientes como Loukas Vyntra e Kostas Katsouranis.

Os outros 5 membros retirados da primeira lista de 30 pré-convocados, para além de Athanasiadis e Avraam Papadopoulos foram Alexandros Tzorvas, Nikos Karabelas, Costas Fortounis, Dimitris Papadopoulos e Nikos Karelis. Para além destas ausências, por lesão, Fernando Santos ficou ainda privado de utilizar o defesa central do Schalke 04 Kyriakos Papadopoulos, devido a lesão. 

OS CONVOCADOS

Guarda-Redes – Orestis Karnezis (Granada), Panayiotis Glykos (PAOK) e Stefanos Kapino (Panathinaikos)

Defesas – Costas Manolas, Jose Holebas (both Olympiakos), Sokratis Papastathopoulos (Borussia Dortmund), Vangelis Moras (Verona), Giorgos Tzavellas (PAOK), Loukas Vyntra (Levante) e Vassilis Torosidis (Roma).

Médios – Alexandros Tziolis (Kayserispor), Andreas Samaris, Yiannis Maniatis (both Olympiakos), Costas Katsouranis (PAOK), Giorgos Karagounis (Fulham), Panayiotis Tachtsidis (Torino), Yiannis Fetfatzidis (Genoa), Lazaros Christodoulopoulos e Panayiotis Kone (ambos do Bolonha)

Avançados – Dimitris Salpingidis (PAOK), Giorgos Samaras (Celtic), Costas Mitroglou (Fulham) e Fanis Gekas (Konyaspor).

A ESTRELA

Kostas Mitroglou Fonte: london24.com
Kostas Mitroglou
Fonte: london24.com

O avançado do Fulham Kostas Mitroglou, apelidade carinhosamente pelos adeptos como “Mitrogoal”, é a grande figura da equipa. Marcou 3 dos 4 golos da Grécia frente à Roménia, no playoff de apuramento, e, antes de se ter transferido para o Fulham, era o homem-golo do Olympiakos.

O “Pistolero” marcou 41 golos em 84 presenças pela equipa grega e tornou-se no primeiro jogador da Grécia a marcar um hat-trick na Liga dos Campeões, em outubro de 2013, frente ao Anderlecht. Na temporada de 2013-2014 marcou 17 golos em 19 presenças pelo Olympiakos, ajudando-os a sagrarem-se campeões novamente.

Mitroglou assinou um contrato de 4 anos e meio com o Fulham, em janeiro deste ano, numa verba de aproximadamente 12 milhões de euros. No então, e infelizmente para o jogador, sofreu um grave lesão no joelho, que lhe tem limitado as presenças na equipa inglesa.

Relativamente ao seu desempenho na seleção, Mitroglou tem sido aposta regular de Fernando Santos até hoje, muito embora só tenha conseguido marcar um golo na fase de grupos (o que se deve em grande parte ao esquema algo conservador do treinador português). No entanto, o avançado do Fulham é muito importante a segurar a bola e a fazer a ligação entre o meio-campo e o ataque da Grécia.

Desde 2009, altura em que se estreou pela Grécia, Mitroglou já somou 28 internacionalizações, tendo feito o gosto ao pé por 8 vezes. E, numa equipa tão direcionada para o coletivo, Mitroglou tem sido um dos elementos mais consistentes no plantel.

O TREINADOR

Fernando Santos Fonte: Getty Images
Fernando Santos
Fonte: Getty Images

O treinador português Fernando Santos transformou uma equipa condenada, que vivia do sucesso alcançado no Europeu de 2004, numa seleção coesa e de presenças habituais nas fases finais das competições de seleções. Desde 2010, quando pegou na equipa, Santos tem um registo positivo impressionante de 24 vitórias, 13 empates e apenas 5 derrotas, sendo que dois desses desaires foram em jogos amigáveis em que usou jogadores mais jovens e inexperientes.

Fernando Santos esteve, inclusivamente, invicto nos primeiros 15 meses enquanto selecionador, feito que lhe permitiu qualificar-se facilmente para o Euro’2012 (onde perdeu, como já foi referido, para a Alemanha nos quartos-de-final).

O treinador português tem feito a sua carreira entre Portugal e a Grécia, tendo já passado por vários clubes como o FC Porto, Benfica, Sporting, AEK, Panathinaikos e PAOK de Salónica.

Apesar de não ter muitos títulos na sua carreira, Fernando Santos ficou conhecido na Grécia por salvar equipas que estavam em graves dificuldades financeiras e desportivas. O mesmo se aplicou ao seu trabalho na seleção grega, em que pegou na equipa, depois da fraca campanha no Mundial’2010 e colocou-a a jogar bom futebol e a ter resultados positivos.

Ele conseguiu manter o estilo sólido a nível defensivo do seu antecessor, Otto Rehhagel, mas imprimiu na equipa algumas mudanças inovadoras e ao seu estilo, como o investimento em jovens de qualidade e que já mereciam uma oportunidade, bem como a aposta recorrente em 3 avançados. Os fãs adoram-no e ele adora os gregos.

“Nunca senti nada assim. Os gregos acolheram-me como um deles”, referiu Fernando Santos, logo após a qualificação para o Mundial. Os jogadores festejaram com ele, ele chorou e falou para a comunicação social, em grego, pela primeira vez. 

O ESQUEMA TÁTICO

11 grécia

Apesar de Fernando Santos alterar o alinhamento da equipa durante certos jogos, o 4-3-3 é o seu esquema tático preferido, tal como a titularidade de Orestis Karnezis entre os postes e todo o setor defensivo. No meio-campo, sim, é que residem as principais dúvidas.

Kostas Katsouranis e o médio Yannis Maniatis aparecem como favoritos para ocupar duas das três posições disponíveis no centro do terreno. A outra vaga é talvez a maior incógnita, pese embora o facto de Alexandros Tziolis levar alguma vantagem em relação ao experiente Karagounis e a Andreas Samaris.

Na frente de ataque, Dimitris Salpingidis foi um dos principais responsáveis pelo vitória da Grécia no playoff frente à Roménia, a par do já referido Kostas Mitroglou. E, claro, é impossível imaginar esta equipa da grécia sem o poderoso Yorgos Samaras. 

O PONTO FORTE

Provavelmente nenhuma outra equipa do Mundial apresenta um espírito coletivo tão forte quanto o da Grécia. Desde 2004, quando levantou o troféu, que a Grécia consegue aliar uma defesa sólida e um grupo de jogadores bastante disciplinados, que funcionam como uma máquina perfeitamente oleada e em ótimas condições.

A defesa continua muito forte e nem o estilo de jogo mais aventureiro de Fernando Santos, em relação a Otto Renhagel, fez cair essa característica. Na qualificação para o Mundial’2014, a Grécia apenas sofreu 4 golos na fase de grupo, apesar de ter implementado um sistema de rotatividade na sua defesa por 4 ocasiões. E três desses golos foram sofridos na derrota com a Bósnia (3-1), o que quer dizer que a Grécia sofreu apenas um golo nos outros 9 jogos. No entanto, é necessário que a equipa saiba balancear melhor a sua defesa com um ataque mortífero, de modo a ter condições para ultrapassar a fase de grupos.

O PONTO FRACO

Num grupo que inclui a Colômbia, Japão e a Costa do Marfim, a defesa da Grécia terá a sua quota parte de trabalho normal para cumprir e tentar, ao mesmo tempo, explorar as melhores ocasiões para marcar. A grande dificuldade desta equipa é mesmo a falta de uma filosofia atacante, que dificultará bastante a tarefa dos gregos para vencer os encontros. A maior esperança da Grécia é mesmo contar com uma defesa forte e um Mitroglou recuperado e em boa forma física.

 

Artigo traduzido por Mário Cagica Oliveira

Benfica tricampeão. E agora?

cab basquetebol nacional

Falar do basquetebol masculino português neste momento é quase o mesmo que falar no Benfica. Os encarnados dominam a seu bel-prazer esta modalidade e, tal como nos últimos anos, não tiveram qualquer adversário à sua altura.

Apenas duas derrotas durante os 30 jogos de toda a temporada e o tricampeonato (ganho frente ao Vitória de Guimarães por 3-0): é este o resumo de mais uma época das águias, que, desde o fim do Porto, nunca tiveram um adversário à altura num campeonato português, que vive nas ruas da amargura pela falta de interesse mediático que tem, assim como a falta de competitividade pelo título.

Temos um Benfica que investe muito quando comparado com os restantes clubes e que, com isto, parte sempre como principal favorito para o titulo. Este panorama pode mudar um pouco na próxima temporada visto que o Porto voltará com o nome “Dragon Force”. Os azuis e brancos venceram este ano a Proliga (segundo escalão português) e contam com um plantel de muita qualidade, constituído na sua grande maioria por jovens jogadores portugueses e que é um projeto com muito futuro, comandado pelo ex-selecionador português, o espanhol Moncho Lopez.

Moncho Lopez é muito reconhecido entre o mundo azul e branco Fonte: ASF
Moncho Lopez é muito reconhecido entre o mundo azul e branco
Fonte: ASF e FPB (cabeçalho)

Mas será o próximo ano mais competitivo? A não ser que o investimento na equipa do Dragon Force seja avultado, não me parece. Nenhuma equipa tem neste momento qualidade para competir com o Benfica. Mas se as águias são fortes demais para o campeonato português, são fracas para a Europa. Tanto que não participam nas provas europeias desde a temporada 2010/2011, por não valer a pena o investimento feito. Apesar disso, Carlos Lisboa – treinador do Benfica – já veio dizer que pretende voltar na próxima temporada, por ser a única forma de os seus jogadores se desenvolverem.

Depois de uma época em que o Benfica ganhou tudo o que havia a ganhar (Supertaça, Taça Hugo Santos, Taça de Portugal e Campeonato), será que consegue repetir o feito na próxima temporada? Ainda é muito cedo para se poder responder com certeza a esta pergunta, mas, se nada de estranho acontecer, quase posso dizer que sim.

Revista do Mundial’2014: Bósnia e Herzegovina

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Dragões no coração, dragões no relvado“. Assim se apresentará o autocarro da Bósnia e Herzegovina, rumo ao país maravilhoso, na primeira aparição desta seleção numa fase final do Campeonato do Mundo. Independente da Jugoslávia desde 1994, a Bósnia aparece nesta competição depois de ter estado à porta do Mundial 2010 e do Euro 2012, onde apenas não esteve presente, se bem se recorda, por obra da Seleção Nacional portuguesa. Com a eliminação nesses dois play-offs de acesso a grandes competições, a seleção bósnia continuava sem obter o seu grande objetivo: o de estar presente numa prova deste nível. Em 2014, finalmente o momento dos Dragões chegou, após uma fase de qualificação a roçar a perfeição. Presente no grupo G da fase de qualificação para o Mundial 2014, os comandados de Safet Susic desde cedo mostraram para aquilo que vinham, e qual era o seu único objetivo: chegar ao Brasil. No seu grupo de apuramento, as seleções da Grécia e da Eslováquia eram as grandes adversárias na luta pela qualificação, pois Lituânia, Letónia e Liechtenstein, que completavam o grupo, pareciam não ter armas para lutar pelo apuramento. Depois de duas vitórias iniciais frente a Liechtenstein por 1-8 e a Letónia por 4-1, o empate conseguido na deslocação ao Georgios Karaiskakis frente à seleção de Fernando Santos permitiu à Bósnia sonhar com o 1.º lugar do grupo. Nos restantes 7 jogos de qualificação, os bósnios fizeram 18 pontos em 21 possíveis, quebrando apenas na partida em casa frente à Eslováquia, onde perderam por 0-1. Ainda assim, e em virtude da vantagem no confronto direto em relação aos gregos, os “Dragões” conseguiram alcançar o 1.º lugar do seu grupo e assim o apuramento direto para o Campeonato do Mundo, com 25 pontos, os mesmos que a equipa grega conseguiu.

Com o sorteio para a Copa, a Bósnia ficou a conhecer os seus adversários na sua primeira presença numa competição deste género: Argentina, Nigéria e Irão. O grupo, que conta com a favorita azul-celeste à conquista do primeiro lugar do grupo e com a teoricamente frágil seleção iraniana, faz com os bósnios tenham, em tese, na seleção nigeriana a seleção concorrente ao apuramento para os oitavos de final. Apesar da inexperiência neste tipo de competições, à Bósnia é possível acreditar que no Mundial de estreia a presença nos oitavos-de-final pode ser uma realidade. Esta fábrica de golos bósnia, que levou a seleção na fase de qualificação a atingir a marca dos 30 golos marcados, tornando-se a quarta seleção mais concretizadora no velho continente, leva aos bósnios a acreditar numa surpresa em terras de Vera Cruz. Ao longo da qualificação, Susic colocou a equipa a jogar num 4x4x2 losango, com o ataque entregue à temível dupla Edin Dzeko/Vedad Ibisevic, com Misimovic a aparecer nas costas dos dois avançados.

Numa competição curta como é um Campeonato do Mundo, onde os jogos são definidos ao detalhe, esta forte capacidade ofensiva é sem dúvida a grande arma desta seleção bósnia. Olhando para a retaguarda da equipa, e apesar de ter sido a segunda melhor defesa do seu grupo de qualificação, com apenas 6 golos sofridos em 10 jogos realizados, o momento de recuperação defensiva é aquele que gera maior dúvida nesta equipa. Na sala de máquinas de Susic, que conta com Medunjanin no vértice mais recuado, com Lulic e Pjanic a funcionarem como médios interiores, a Bósnia parece ser uma equipa que lida mal com o momento de perda da bola, muito em virtude da forte capacidade ofensiva de Lulic e Pjanic, que se incorporam de forma intensa no momento ofensivo.

Por isso mesmo, será interessante perceber a disponibilidade tática dos quatro médios bósnios para auxiliarem no momento de pressão o quarteto defensivo totalmente composto por jogadores que atuam na Bundesliga: Mujdza, lateral direito (atua no Friburgo); Bicakcic, central (atua no E. Braunchweig), Spahic, central (atua no B. Leverkusen); e Kolasinac, lateral-esquerdo (atua no Schalke 04). Se a grande virtude desta equipa é a facilidade em criar perigo nas defesas contrárias, a falta de experiência dos bósnios pode ser o seu ponto mais vulnerável nesta viagem ao Brasil. Por isso, o primeiro jogo desta seleção, frente à Argentina no dia 15 de junho, no Maracaná, será importante para perceber se os “Dragões” estão preparados para levar a Bósnia a um lugar de destaque nesta competição. Os restantes jogos desta fase de qualificação são frente à Nigéria, a 21 de junho, em Cuiabá, e frente ao Irão, a 25 de junho, em Salvador da Bahia. No seu primeiro papel principal num Campeonato do Mundo, a Bósnia e Herzegovina é uma das seleções mais aguardadas e mais imprevisíveis: reinará a qualidade ofensiva ou a inexperiência da equipa? A partir de 15 de junho, os Dragões darão a resposta.

OS CONVOCADOS (Pré-Convocatória de 30 elementos – a ser reduzida em breve)

Guarda-redes: Asmir Begovic (Stoke City/Ing), Jasmin Fejzic (Aalen/Ale), Dejan Bandovic (Sarajevo) e Asmir Avdukic (Borac Banja Luka).

Defesas: Emir Spahic (Bayer Leverkusen/Ale), Sead Kolasinac (Schalke 04/Ale), Ermin Bicakcic (Eintracht Braunschweig/Ale), Ognjen Vranjes (Elazigspor/Tur), Toni Sunjic (Zorya Lugansk/Ucr), Avdija Vrsajevic (Hajduk Split/Cro), Mensur Mujdza (Friburgo/Ale), Ervin Zukanovic (Gent/Bel), Zoran Kvrzic (Rijeka) e Srdjan Stanic (Zeljeznicar).

Médios: Zvjezdan Misimovic (Guizhou Renhe/Chn), Haris Medunjanin (Gaziantepspor/Tur), Miralem Pjanic (AS Roma/Ita), Sejad Salihovic (Hoffenheim/Ale), Senad Lulic (Lazio/Ita), Izet Hajrovic (Galatasaray/Tur), Senijad Ibricic (Erciyesspor/Tur), Edin Visca (Istanbul BB/Tur), Tino Susic (Hajduk Split/Cro), Muhamed Besic (Ferencvaros/Hun), Anel Hadzic (Sturm Graz/Aut), Miroslav Stevanovic (Elche/Esp) e Adnan Zahirovic (Bochum/Ale).

Avançados: Edin Dzeko (Manchester City/Ing), Vedad Ibisevic (Estugarda/Ale) e Ermin Zec (Genclerbirligi/Tur).

A ESTRELA

Edin Dzeko Fonte: sportige.com/
Edin Dzeko
Fonte: sportige.com

Edin Dzeko é a grande esperança da Bósnia neste Campeonato do Mundo. Com 60 internacionalizações e 33 golos apontados, o avançado do Manchester City chega a esta competição como principal ameaça às defesas adversárias. O “tanque”, como também é conhecido, combina poder físico e agressividade com mobilidade, sem descurar a velocidade e o apurado sentido de oportunidade que faz dele um dos avançados mais apetecíveis do futebol europeu. No Mundial, tem uma oportunidade para mostrar que com as cores do seu país, também consegue ser letal.

O TREINADOR

Safet Susic Fonte: bhdragons.com/
Safet Susic
Fonte: bhdragons.com

Por ter levado a Bósnia pela primeira vez a um Mundial, Safet Susic já merece todos os elogios. Ainda assim, e para além do feito já por si histórico, o que salta à vista no modelo de jogo deste técnico de 59 anos, é a capacidade ofensiva que incutiu nos Bósnios. Este é algo que não é de estranhar, tendo em conta que esta antiga estrela do futebol jugoslavo nas décadas de 70 e 80, conhecida como Magic Susic, foi um dos melhores avançados da sua geração. Enquanto treinador, o espírito ofensivo mantém-se. No Brasil, veremos com que resultados.

O ESQUEMA TÁTICO

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O PONTO FORTE

Os 30 golos marcados na fase de qualificação fazem da capacidade ofensiva da Bósnia a sua grande arma no campeonato do Mundo do Brasil. Dzeko e Ibisevic fazem uma dupla que promete dar que falar em terras de Vera Cruz.

 O PONTO FRACO

A inexperiência da seleção bósnia em fases finais de grandes competições pode ser prejudicial numa fase de grupos que pode ser discutida ao detalhe.

O Benfica que Enzo tem

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Pediu desculpa ao inglês alto, louro e de verde vestido, aconchegou a bola com o pé esquerdo para as redes e festejou. Das bancadas, vénias para ele. Dele, sorrisos e o coração para as bancadas. Naquele golo, tudo foi Enzo Pérez. Desde o golo de guardar na memória até às lágrimas pelo melhor amigo. A história de amor do 35 com a Luz já começara algum tempo antes. Mas antes, o desprezo pelo Enzo. O Enzo “férias”, que tinha custado um bom dinheiro e que acabou emprestado ao clube de origem. O Enzo que jogando a extremo nada mostrou para benfiquista se encantar.

No início da temporada de 2012/13, o meio-campo do Benfica era o verdadeiro “ai Jesus”. Sem Javi e Witsel de uma vez só, sobrava Matic e…. Matic.  Jesus viu em Enzo o jogador ideal para lançar na posição 8. Todos torceram o olho, não digamos que não. Passados dois anos, Enzo Pérez é o menino querido da gente vermelha. E sim, no centro do meio-campo, onde é um gigante, onde come adversários e foge deles no seu Ferrari. E porque, embora possamos pensar que sim, nada no futebol acontece por acaso, feliz do Jorge Jesus que viu nele todas estas capacidades. De extremo vulgar a monstro no meio: J-O-R-G-E J-E-S-U-S.

Enzo é um jogador à Benfica Fonte: chuto.pt
Enzo Pérez é um jogador à Benfica
Fonte: chuto.pt

Os adeptos são uns tipos simples. Só precisam de um jogador que dê tudo, que lhes encha os olhos e a alma. Que saiba o que é o Benfica e que saiba o que aquilo representa para nós, representado nós também muito para ele. Enzo é o típico jogador à Benfica. Que morde os calcanhares dos rivais, que se esfola, que chora as derrotas e dança as vitórias. Que ilude os adversários, dando-lhes, por segundos, a utópica ideia de que lhe poderão roubar a bola. Simula para um lado, adversário por terra, vai pelo outro. Arrogante com a bola nos pés, sempre a roçar o limite do aceitável, sempre a calar os adeptos do “não brinques aí…”. Bolas! Deixem o Enzo brincar onde quiser, porque sabe, porque quer, porque precisa daquilo. “La calle” no coração, Argentina nas veias e na ponta dos pés – Dier, sabes qual é que ele vai escolher? – o argentino gere todo o jogo do Benfica a seu bel-prazer. O Benfica agradece, os benfiquistas idem. A história de amor de Enzo pelo Benfica e do Benfica pelo Enzo terá começado em Amesterdão. Lágrimas tão genuínas que dói cá dentro ver a tal imagem do Aimar abraçando-o, como que num conforto paternal de quem diz que está tudo bem. Mas não estava e o Enzo sabia.

Tudo isto para chegar até aqui: Enzo renovou até 2018. Poucos caracteres bastaram para deixar a nação vermelha feliz da vida. Enzo é um dos nossos, Enzo vive o nosso sonho, o nosso céu e o nosso inferno. Sente como nós. Enzo sabe que não é só um jogo, que amanhã já custa menos, que são só 22 gajos atrás de uma bola. Por tudo isso, merece todas as vénias que lhe possamos fazer. Enzo é Benfica. Pode o Benfica ser para sempre teu, Enzo?

Revista do Mundial’2014 – Inglaterra

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Os 23 ingleses estão escolhidos e este é, na minha opinião, um dos melhores planteis da seleção inglesa de há uns bons anos para cá. A grande perda para lesão é mesmo a de Jay Rodriguez, que tinha todas as condições para ser uma boa opção para ocupar um dos lugares no ataque. A Inglaterra vem de anos de reestruturação, depois de em 2008 ter falhado a qualificação para o Europeu, na Suíça e na Áustria. O selecionador Roy Hodgson tem à sua disposição uma grande seleção, não por estar recheada de estrelas, mas sim pela força que poderá advir do seu trabalho e do seu espírito de grupo.

A convocatória é muito equilibrada e assenta essencialmente na equipa do Liverpool, com o acrescento de qualidade de jogadores de United, Southampton, Everton, City, Arsenal e Chelsea. Esta base oriunda de Anfield poderá facilitar, e de que maneira, o trabalho de Roy Hodgson, não só pela grande qualidade dos jogadores, como também pelo grande entrosamento existente entre os jogadores, que dotaram os reds com um futebol extremamente atrativo.

Merece ainda nota a não convocatória de qualquer jogador do Tottenham, nomeadamente Kyle Walker. De resto, os jogadores de realce que o selecionador deixou de fora são Ashley Cole, Gibbs, Defoe, Carrick, Cleverley, Ashley Young, Caulker e Ruddy, não havendo assim grande debate sobre as suas decisões. Walker foi preterido em função de Smalling, pela polivalência deste, que pode ser o suplente de Glen Johnson caso seja necessário e é ainda opção para o centro. Já Cole e Gibbs foram deixados de parte em nome do virtuoso Luke Shaw, que merece desde já a confiança de Hodgson, não só pela grande época firmada, como pelo seu potencial que cada vez mais se torna potência.

O modelo de jogo da Inglaterra, para o Mundial, deverá ser o 4-4-2, composto por uma defesa que não deve andar longe de Joe Hart, Baines, Johnson e Cahill e Jagielka no meio. É no miolo que surgem as principais questões, sendo que Stevie deve ser o grande patrão e comandante da seleção dos três leões, mas resta perceber se será Henderson o seu escudeiro, para utilizar uma dupla que já há muito se conhece, ficando com toda a responsabilidade de pautar o jogo inglês. É que existem ainda as opções Lampard e Milner – o primeiro dotado de uma vasta experiência e com maior capacidade ofensiva e o segundo com maior capacidade de trabalho e de desgaste em prol da equipa. Existem ainda as hipóteses Barkley, um tecnicista e muito promissor talento, e Wilshere, jogador que há muito se afirmou como uma estrela inglesa. Nas alas, Lallana, Oxlade, Sterling e algum jogador adaptado (Sturridge, Barkley, ou mesmo Wilshere), deverão dar vazão às despesas para servir o ataque.

O ataque será, salvo alguma lesão, liderado pelo inequívoco Wayne Rooney, que está no auge da sua carreira, misturando experiência com o seu portentoso talento. No seu apoio a minha aposta recai para Daniel Sturridge, um dos melhores marcadores da Liga, que terá como suplentes Welbeck, um jogador bastante semelhante a Sturridge, e Lambert, o jogador de área, com excelente capacidade de finalização. Tanto Rooney como Sturridge conseguem ir buscar jogo atrás, dando ao ataque da Inglaterra uma grande mobilidade e apetência para a desmarcação. Há que destacar a enorme juventude que Hodgson trouxe a seleção – esse pode muito bem ser o principal factor para um sucesso em que poucos acreditam. Esta seleção inglesa, longe de ser favorita, pode ainda dar muito que falar.

Contudo, o seu grupo não se demonstra nada fácil, uma vez que tem a vice-campeã europeia Itália como favorita, assim como o Uruguai e a Costa Rica. A Itália é sempre uma seleção a ter em conta – comandada por Pirlo, deverá apresentar um onze de grande qualidade, com um misto de juventude e experiência. O outro principal rival é o Uruguai, seleção que em 2010 fez um Mundial de luxo, acabando em 4º lugar. Suárez vai ser o alvo a abater desta seleção; porém qualidade não falta, já que o Uruguai conta com jogadores como Muslera, Cáceres, Godín, Cavani ou o experiente Diego Forlán. A Costa Rica não deverá ambicionar grandes voos e apenas tentará roubar alguns pontos aos seus rivais.

OS CONVOCADOS

Guarda-redes – Joe Hart (Man. City), Ben Foster (West Bromwich) e Fraser Forster (Celtic).

Defesas – Leighton Baines (Everton), Gary Cahill (Chelsea), Phil Jagielka (Everton), Glen Johnson (Liverpool), Phil Jones (Man. United), Luke Shaw (Southampton) e Chris Smalling (Man. United).

Médios – Ross Barkley (Everton), Steven Gerrard (Liverpool), Jordan Henderson (Liverpool), Adam Lallana (Southampton), Frank Lampard (Chelsea), James Milner (Man. City), Alex Oxlade-Chamberlain (Arsenal), Raheem Sterling (Liverpool) e Jack Wilshere (Arsenal).

Avançados – Rickie Lambert (Southampton), Wayne Rooney (Man. United), Daniel Sturridge (Liverpool) e Daniel Welbeck (Man. United).

A ESTRELA

Rooney Fonte: The Sun
Wayne Rooney
Fonte: The Sun

A escolha recai sobre Wayne Rooney, apesar de Gerrard ser uma opção mais do que válida. No entanto, o jogador do Liverpool já não está no auge da sua carreira e, apesar da sua preponderância, não tem a capacidade de decidir jogos que Rooney tem. Este é capaz de pegar na bola em qualquer sítio do campo e transformar uma jogada num golo, seja com um tiro do meio da rua ou com a sua capacidade de recolher a bola em zonas mais atrasadas do terreno e começar toda a jogada.

O TREINADOR

Roy Hodgson Fonte: Telegraph
Roy Hodgson
Fonte: Telegraph

Roy Hodgson é o selecionador inglês desde 2012, cargo que ocupa depois de substituir Capello muito perto do Europeu de 2012. De regresso ao Europeu, depois de ter falhado a edição de 2008, a Inglaterra obteve bons resultados na fase de grupos, qualificando-se em primeiro lugar, depois de empatar com França e ganhar à Suécia e à Ucrânia. Acabou por sucumbir aos pés da finalista Itália, com a maldição dos penáltis a vir ao de cima. Garantiu a qualificação para este Mundial sem problemas de maior e apenas perdeu pontos em casa contra a Ucrânia.

Roy Hodgson tem um vasto historial de seleções, depois de ter treinado Suíça, Emirados Árabes Unidos e Finlândia. Treinou clubes como Inter, Blackburn, Udinese, Fulham, Liverpool e West Bromwich, com passagens de vários anos na Suécia, Suíça e Noruega – tem um histórico como treinador humilde e demonstra que não tem medo de abraçar novos desafios.

O ESQUEMA TÁTICO

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A Inglaterra joga num 4-4-2, com o pendente ofensivo assente no miolo, e com grande capacidade de incursão pelas alas. Na minha opinião, o primeiro onze que gostaria de ver na seleção inglesa tem algumas surpresas, como a inclusão de Sterling ou Lallana, mas daria uma maior velocidade e mobilidade à equipa, bem como capacidade de explosão. O ataque de Inglaterra é sem dúvida um dos pontos fortes, com Rooney e Sturridge a ser uma dupla de meter medo a qualquer equipa que se atravesse no seu caminho.

O PONTO FORTE

O principal ponto forte da Inglaterra é indubitavelmente a mobilidade ofensiva da equipa, não só para buscar jogo atrás, como nas desmarcações. Com o ataque a ser todo pensado por Gerrard, cabe aos alas e aos avançados fazer as desmarcações que garantam linhas de passe. Com alas como Sterling, Lallana e Oxlade e avançados como Sturridge, Rooney e Welbeck a qualidade de movimentação estará garantida.

PONTO FRACO

O principal ponto fraco é a zona central defensiva, uma vez que Cahill e Jagielka, como dupla, não conseguem dar garantias de total solidez. A táctica inglesa poderá também ser um problema, visto que poderá expor demais os defesas. Por exemplo, no caso de subida de um dos laterais, esta deverá ser compensada pelos médios centros. Caso não haja as devidas compensações de toda a equipa, dar-se-á a possibilidade aos adversários de abrir lacunas pelas alas ou pelo meio.