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Onde andas, Benfica?

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cabeçalho benfica

Se o Benfica de Jesus de outras épocas nos habituou a golos e a um futebol bonito, nesta época, está longe de se conseguir as exibições de outrora com a respectiva “nota artística” de que JJ tanto fala.

Uma primeira parte desgarrada e sem ritmo que só animou com um ou outro rasgo de Gaitán, incluindo o golo marcado pelo argentino, que resultou de algumas boas triangulações da equipa encarnada e de, sem tirar o mérito ao jogador, alguma sorte no pseudo desvio de Mexer. De resto, nada de jeito a assinalar; as falhas defensivas e os passes errados repetem-se jogo após jogo, e Fejsa começa a dar razão aos adeptos do Olympiakos que festejaram a sua venda. Não digo que seja mau jogador, apenas que ainda não encontrou o seu espaço no sistema táctico da equipa, e, sem o Matic para patrulhar o meio campo, o Benfica ressente-se da sua fraca contribuição. Já na frente de ataque, Lima continua perdulário e pergunta-se por Rodrigo. Já Markovic, acredito em que ainda não esteja preparado para a titularidade. É um jogador com um potencial tremendo, mas sinto-o complexado com a ideia de ter de fazer uma excelente exibição, e muito querer, às vezes, atrapalha. Defendo que deva começar no banco e entrar a meio da partida para somar minutos, ganhar entrosamento com a equipa e habituar-se ao futebol português, até porque é um jogador que, fresco, é capaz de desbloquear uma partida.

Uma exibição longe de nota artística Fonte: Maisfutebol
Uma exibição longe de nota artística
Fonte: Maisfutebol

Cruzei os dedos e esperei que na segunda parte vislumbrasse nem que fosse uma miragem do que a equipa consegue realmente fazer. Temos, provavelmente, o melhor plantel do campeonato português e praticamos, provavelmente, o pior futebol dos três grandes. Mentira, na segunda parte ainda conseguiram baixar mais o ritmo de jogo e tornar a partida completamente desinteressante. Começo-me cada vez mais a aperceber da Cardozo-dependência de que sofremos. Quando não joga, batalhamos os 90 minutos para conseguir marcar um golinho que seja, e o Benfica de Jesus não é o Benfica de Trapattoni, até porque, hoje em dia, defendemos bem pior.

O Nacional ainda teve uma ocasião flagrante de golo num toque de calcanhar mas, felizmente, o poste foi o melhor amigo de Oblak, que, a brincar, a brincar, em dois jogos a titular sofreu zero golos. Para finalizar, um jogo para a Taça da Liga como foi este contra o Nacional podia ter servido para experimentar outros jogadores que têm tido pouco tempo de jogo, nomeadamente o Djuricic e Ola John, mas o Jesus teima em embirrar com jogadores. Em tempos, o Rúben Amorim; agora, o pobre holandês. Espero que encontremos o nosso caminho e, mesmo sem apresentarmos um terço do futebol que praticávamos, por exemplo, na época transacta, fechemos o ano de 2013 com uma vitória e com perspectivas de lutar até ao fim pelas competições em que estamos inseridos (as mesmas do ano passado). Pode ser que sejamos um Bayern versão 2.0 e que fiquemos em segundo em todas as competições numa época e as vençamos a todas no ano seguinte.

PS: Um Feliz 2014 para todos os leitores e para todos os meus colegas do Bola Na Rede. Confirmem que entram com o pé direito.

O Baile

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Verde e Branco à Risca
O Porto apareceu no baile sem ser convidado e passou 90 minutos a ver os outros dançar. Ainda tentou entrar na pista, mas um dançarino com pés-de-chumbo dificilmente arranja coragem para desafiar um verdadeiro entendido na matéria do bailado. Envergonhado por se sentir à parte numa festa tão animada, ainda tentou chamar os amigos mais populares, mas só piorou a situação: vergonha a dobrar. O rei da pista, Adrien, distribuiu novos passos para quem quisesse entrar na roda, numa festa que até teve direito a piñata, que, apesar de massacrada, não rebentou.

Reduzidos a nada: É a única forma que encontro para descrever o “Portinho” de ontem. Poder-se-á dizer que os “azuis-e-brancos” não alinharam com todos os seus trunfos no onze inicial – o que é verdade – mas igualmente direi que o Porto conseguiu ser menos fraco antes da entrada de Lucho e Jackson. Mas o que se terá passado com o tri-campeão nacional, vencedor recente de uma Liga Europa, o clube com mais títulos de futebol em Portugal? Como é que um clube dono desta descrição se vê dependente da exibição de um mero guarda-redes suplente? A razão é simples: o Sporting é, de longe, a equipa em Portugal que melhor futebol pratica. O Sporting massacra os adversários e cada vez defende melhor (algo que me preocupava há uns tempos).

A questão é simples:

Ponto 1 – O Sporting não venceu devido a um fora-de-jogo mal assinalado a Wilson Eduardo que, a não ser marcado, daria grande penalidade de Fabiano sobre o extremo leonino.

Ponto 2- O Sporting não venceu devido à exibição sobre-humana de Fabiano.

Ponto 3, e o mais importante. – O Sporting não venceu a partida devido a dois clamorosos falhanços de um Vítor sem qualquer pontaria, efeito da falta de minutos nas pernas dos ex-Paços de Ferreira.

A contrastar com a falta de ritmo de jogo de Vítor esteve a magistralidade de dois jogadores leoninos, filhos da casa, dois injustiçados por Paulo Bento: Adrien Silva e Cédric Soares. Adrien está-se a tornar uma espécie de playmaker mortífero. Passes de luxo para qualquer canto do terreno de jogo, aberturas de sonho, toque de bola brilhante. Adrien está a fazer a época da sua vida e é uma vergonha se Paulo Bento não o incluir nas convocatórias da Selecção Nacional, quando vemos jogadores medíocres como Rúben Micael e Rúben Amorim com lugar cativo na “equipa das quinas”. Já Cédric está a mostrar que é o titular absoluto da lateral direita leonina: seguríssimo a defender, perigoso e consciente a atacar, cruzamentos milimétricos, ritmo de jogo alucinante. Mas Paulo Bento prefere André Almeida, um jogador completamente sem brilho, de equipa B, que não é bom a defender nem a atacar, não ata nem desata. Isto eu não consigo admitir, e espero impacientemente pelas próximas escolhas de Paulo Bento.

Não ganhámos – isso é certo –; porém, não estou preocupado. Ainda faltam dois jogos, temos todas as condições para seguir em frente nesta competição e, sem dúvida, para vencê-la. Estou sim bastante contente por ver confirmado, mais uma vez, que temos um leão muito forte, forte o suficiente para domesticar um dragão que, felizmente para si, só voltará a pisar “a pista” em meados de Março.

2013 de A a Z

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Arsenal – A contratação de Özil mesmo em cima do fecho do mercado foi o investimento mais caro de sempre dos londrinos (50 milhões de euros) e representou uma mudança na política do clube. Os gunners têm agora aquilo que tem faltado nos últimos anos: capacidade de lutar por títulos.

Bayern – Foi o ano dos bávaros. Ganharam a Bundesliga, a Champions, a Taça da Alemanha, a Supertaça Europeia e o Mundial de Clubes, conquistando o estatuto de melhor equipa da actualidade.

Cristiano Ronaldo – Impossível não mencionar o português. Chegou aos 69 golos – destacam-se os 12 que marcou na Champions League e que lhe valeram o troféu de melhor marcador –, registo que faz de 2013 o melhor ano civil da sua carreira. A exibição magistral que realizou na Suécia apurou Portugal para o Mundial e colocou-o lado a lado com Pauleta no topo da lista dos melhores marcadores da selecção, com 47 golos.

Dortmund – O Borussia, contra todas as expectativas, chegou à final da Champions, algo que não acontecia desde 1997. O conjunto alemão recuperou o estatuto de colosso europeu, praticando um futebol entusiasmante (a goleada ao Real Madrid por 4-1 foi o ponto alto).

Espanha – A pesada derrota por 3-0 na final da Taça das Confederações poderá ter marcado o início do fim do domínio absoluto de nuestros hermanos.

Ferguson – Depois de 27 anos como treinador do Man United, onde conquistou 13 campeonatos e 2 Champions, todos os elogios são poucos para Sir Alex, uma personalidade que se confunde com a instituição que representou.

Gareth Bale – O nível de excelência que o galês atingiu ao serviço do Tottenham – carregou a equipa às costas – levou o Real Madrid a avançar para a sua contratação, numa transferência que, aparentemente, foi a mais cara da história do futebol.

Heynckes – Ganhou tudo o que havia para ganhar na sua época de despedida. Mas não se limitou a isso. O técnico alemão colocou o Bayern a praticar um futebol avassalador. Bateu todos os recordes a nível interno e esmagou o Barcelona na Champions com um agregado de 7-0.

Iker Casillas – O guarda-redes continua a ser um dos símbolos do Real Madrid, mas perdeu o estatuto de titular indiscutível e é habitualmente suplente nos jogos para o campeonato. Foi Mourinho quem teve “coragem” para relegar o espanhol para o banco de suplentes, decisão a que Ancelotti deu continuidade.

Joseph Blatter – O presidente da FIFA ganhou um protagonismo que certamente não desejava. A imitação (em tom de gozo) que fez de Cristiano Ronaldo tornou-o numa persona non grata para os portugueses.

Klopp – Deu a prova final de que é um dos melhores do mundo. O excêntrico e carismático treinador do Dortmund tem muito mérito na forma como conseguiu chegar à final da Champions com uma equipa tão jovem.

Luís Suárez – Falhou muitos jogos por suspensão (mordeu Ivanovic), mas quando esteve em campo apresentou um rendimento ao alcance de poucos. Os 19 golos e 9 assistências que leva na Premier League (em apenas 14 jogos) valem-lhe o estatuto de jogador em melhor forma da actualidade.

Mónaco – Os “novos ricos” do futebol europeu agitaram e de que maneira o último mercado de transferências. As contratações de Falcao, Moutinho, James, entre outros, permitiram à equipa do Principado voltar a ter o mediatismo de outrora.

Neymar – O craque brasileiro foi o principal obreiro do título da selecção canarinha na Taça das Confederações, prova em que foi considerado o melhor jogador. A mudança para Barcelona e para o futebol europeu era o teste que faltava às suas capacidades e, para já, não tem desiludido.

Özil – Nada fazia prever que o Real o libertasse e muito menos que o Arsenal investisse 50 milhões de euros na sua contratação. O que é certo é que isso aconteceu, e o médio alemão deu, de facto, outra dimensão à equipa dos gunners. Não tanto pelo que tem jogado – na minha opinião pode render bem mais – mas sobretudo por aquilo que representa.

Pogba – Vai-se impondo cada vez mais na equipa da Juventus e é, sem dúvida, um dos médios mais promissores da actualidade. O prémio “Golden Boy” – destaca o melhor jogador sub-21 a actuar na Europa – foi-lhe atribuído com inteira justiça.

Qatar – O país que vai organizar o Mundial 2022 continua envolto em polémica. O caso de Zahir Belounis, um futebolista que ficou “preso no país por causa de um conflito salarial com o clube (precisava de uma autorização do patrão para sair), é mais uma razão para questionar a atribuição da competição ao país do Médio Oriente.

Ribéry – Terá sido a melhor individualidade da super equipa do Bayern. O francês termina o ano com um registo fantástico em termos de golos e assistências, sendo a presença no pódio dos melhores do mundo um prémio justo.

Simeone – Não é fácil para quem quer que seja intrometer-se na luta entre Real e Barcelona, mas o treinador argentino e o seu Atlético conseguiram-no. Com um estilo aguerrido e pragmático, o técnico esteve irrepreensível durante todo o ano: venceu a Taça do Rei em pleno Bernabéu e conduziu a equipa à liderança da Liga Espanhola (com muito menos armas que os rivais).

Thibaut Courtois – Para mim, o melhor guarda-redes do ano. É certo que Neuer esteve impecável na baliza do Bayern, mas o belga foi fundamental no sucesso do Atlético. Emprestado pelo Chelsea aos colchoneros, o jovem de 21 anos é uma autêntica parede e tem tudo para ser um guardião de referência no futebol mundial.

United – Na despedida de Fergie, mais um título para os Red Devils. O clube tem agora de se adaptar a uma nova realidade. Já com Moyes ao leme, os resultados não têm sido propriamente brilhantes (a equipa segue num modesto 6º lugar), mas o emblema de Manchester já nos habituou a reagir da melhor forma às adversidades.

Van Persie – Foi absolutamente decisivo na conquista do título do Manchester United. O holandês voltou a ser o melhor marcador da Premier League, feito que dificilmente irá repetir no próximo ano, dado que os problemas físicos começam a persegui-lo.

Wembley – O mítico estádio inglês foi palco da inédita e inesperada final alemã da Champions League e assistiu a um dos triunfos mais surpreendentes do ano: o Wigan, no ano em que foi despromovido ao Championship, derrotou o Man City na final da FA Cup.

Xavi – Está claramente na fase descendente da carreira. Já não tem a mesma influência na equipa do Barça, o que pode explicar a perda da hegemonia dos catalães.

Yaya Touré – Que máquina! O costa-marfinense jogou em alta rotação durante todo o ano e foi o elemento mais regular do Man City. Está no pico da carreira, assumindo-se como o melhor jogador africano da actualidade e um dos melhores médios do mundo.

Zlatan – Nunca baixa o nível. Mais um ano em que marcou muitos golos (e que golos!) e em que foi preponderante na conquista do título por parte do PSG. Não faltaram declarações bombásticas. Igual a si próprio, portanto.

Os melhores de 2013 – Modalidades

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O Bola na Rede prossegue a sua eleição dos melhores de 2013. Hoje, os redatores das modalidades (e não só) do nosso site apresentam a figura do ano para o desporto que representaram neste ano, que agora está a acabar. Aqui ficam as suas escolhas:

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ANDEBOL: Frederico Santos (Opinião de André Conde)
O treinador do Sporting conseguiu colocar a equipa leonina, outra vez, na luta pelo título, tendo conquistado uma Taça e uma Supertaça e conseguiu o feito de fazer do Sporting a primeira equipa portuguesa a qualificar-se para a fase de grupos da Taça EHF. Menção honrosa para Aleksander Donner, um dos treinadores mais conceituados do mundo e que levou o ABC à final da Liga dos Campeões em 1993, que faleceu neste ano.

ATLETISMO: Sara Moreira (Opinião de Tomás da Cunha)
A atleta do Maratona conquistou a medalha de ouro na prova dos 3000 metros dos Europeus de pista coberta. Sara Moreira alcançou o maior êxito da sua carreira (depois da prata em 2009) em Gotemburgo, arrecadando a única medalha para as cores portuguesas.

BASQUETEBOL NACIONAL: Carlos Lisboa (Opinião de Daniel Melo)
Depois de ter vencido o Campeonato Nacional de Basquetebol por 15 vezes, o atual treinador do Benfica e antigo convidado do Bola na Rede sagrou-se bicampeão nacional. Deste modo, inseriu o seu nome para a posteridade. É obra!

CICLISMO: Rui Costa (Opinião de João Martins)
O português que já assinou pela Lampre-Merida tornou-se, em 2013, bicampeão da Volta à Suíça, garantiu duas vitórias em etapas do Tour de France, e coroou o grande ano com o título de campeão do mundo de estrada. Um ano de excelência para o segundo atleta mais referenciado a nível mundial, este ano, apenas suplantado por Cristiano Ronaldo.

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CORFEBOL: Núcleo de Corfebol de Benfica (Opinião de André Conde)
A equipa do NCB venceu, pelo 3º ano consecutivo, o campeonato e venceu a Supertaça, demonstrando que é a força dominante no Corfebol português.

DESPORTOS MOTORIZADOS: Sebastian Vettel (Opinião de Rodrigo Fernandes)
O piloto alemão da F1 teve mais uma época brilhante. Foram 13 vitórias em 19 possíveis e mais um título de campeão do mundo, o seu 4º consecutivo. Estamos perante um fenómeno, que promete não ficar por aqui.

EUROLIGA DE BASQUETEBOL: Vassilis Spanoulis (Opinião de Ivan Ferreira)
Mais uma grande época na principal competição do basquetebol europeu! O ano de 2013 ficou marcado por grandes dérbis entre os colossos do costume, onde sem grandes surpresas o top 8 foi constituído por Real Madrid, Barcelona, Olympiakos, Pannathinaikos, Maccabi Tel-Aviv, Caja Laboral e CSKA Moscovo. Com jogos disputados até ao último segundo e com pavilhões cheios num ambiente verdadeiramente indescritível e que rói a NBA de inveja! A final four da Euroleague 12-13 foi na conceituada O2 Arena, em Londres e onde o Olympiakos comandado pelo experiente base grego Vassilis Spanoulis levou a melhor sobre o CSKA, o Barcelona e na final sobre o Real Madrid. A emoção para a edição de 2013-14 continua bem patente nos mais de 120 jogos que compõe esta prova!

FUTEBOL FEMININO: Catarina Sousa (Opinião de Rui Miguel Pereira)
A avançada de 26 anos, que atravessa um grande momento de forma, é dona de uma qualidade técnica superior e de uma capacidade de finalização impressionante. Melhor marcadora nacional com 19 tentos e peça fundamental no futebol do A-dos-Francos, quer na subida de divisão no ano passado, quer na actual liderança isolada do campeonato nacional feminino. 2013 foi o seu ano.

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FUTEBOL DE PRAIA: Seleção Nacional da Rússia (Opinião de Mário Cagica Oliveira)
Parece mentira, para quem acompanha a modalidade há tanto tempo, que a Rússia seja, neste momento, a grande potência da modalidade. Habituados ao frio e a condições climatéricas adversas, os russos têm tido uma evolução impressionante nesta modalidade, tendo, este ano, conquistado pela segunda vez consecutiva, o Mundial de Seleções. Numa final que, surpreendentemente não contou com o Brasil (Portugal, recordo, não se qualificou para a fase final da competição), a Rússia foi fortíssima e goleou a Espanha por 5-1. Começam a ser uma séria ameaça à hegemonia brasileira na competição.

FUTSAL: Divanei (Opinião de Pedro Teles)
O ala contratado pelo Sporting Clube de Portugal em 2012, foi dos jogadores mais influentes da época transacta e ajudou o seu clube a sagrar-se campeão da liga nacional de Futsal com golos, assistências e boas exibições.

HÓQUEI EM PATINS: Luis Sénica (Opinião de André Conde)
Entrou na história do Benfica ao conseguir vencer a primeira Liga Europeia pelo clube e no Mundial voltou a fazer uma boa campanha com Portugal, tendo sido o melhor ataque e uma das melhores defesas da prova.

NBA: LeBron James (Opinião de André Albuquerque)
O jogador dos Miami Heat provou mais uma vez por que é que é considerado o melhor jogador de basquetebol do mundo. Foi o melhor jogador da NBA e carregou a sua equipa para mais um título, o segundo da sua carreira, e terceiro a nível da instituição.

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NFL: Peyton Manning (Opinião de Pedro Gonçalo Pinto)
Porquê? Fácil, fácil, fácil. Então não é que o velhote de 37 anos deu uma lição a toda a gente a nova que pensa que o atleticismo é o mais importante para se ser um grande quarterback hoje em dia? É verdade que o QB dos Denver Broncos tremeu nos playoffs de 2012/13, mas a fase regular que ontem terminou foi absolutamente absurda. Não só liderou os Broncos rumo aos playoffs como pegou em dois recordes que muitos julgavam impossíveis de ultrapassar e tornou-os seus. A partir de agora, Manning é o jogador com mais touchdowns (55) e mais jardas através do passe (5.477) numa só temporada. Aos 37 anos. Depois de uma operação ao pescoço.

RUGBY: Martim Aguiar (Opinião de Sara Rodrigues da Costa)
Destacou-se no mundo do Rugby em 2013 como treinador do GD Direito, vencendo o Campeonato Nacional e a Super Taça frente ao CDUL e, mais recentemente, vencendo a Taça Ibérica frente aos espanhóis do VRAC Valladolid. O técnico do GD Direito foi ainda premiado com o galardão de Treinador do Ano pela Federação Portuguesa de Rugby.

SNOOKER: Ding Junhui (Opinião de Cátia Borrego)
Tornou-se no primeiro jogador deste século a vencer três títulos consecutivos do ranking (o que já não acontecia desde 1993 com Stephen Hendry). Ganhou o Shanghai Masters, o Indian Open e o International Championship na época de 2013 juntando assim ao seu palmarés três torneios do Main Tour.

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SURF: Kelly Slater (Opinião de Jóni Matos)
Aos 41 anos continua a ser o melhor surfista de todos os tempos. Com 11 títulos mundiais, continua no tour à procura do 12º título. Este ano foi vice-campeão e ganhou a etapa mais difícil – O Pipe Masters.

TÉNIS: Rafael Nadal (Opinião de Miguel Dias)
Foram 10 títulos. 2 grand slams e 5 Masters. Vencedor em toda a linha, depois de um ano dominado por Djokovic. Nadal voltou para calar os críticos e provou que os seus joelhos ainda estão para as curvas… e para as vitórias.

VOLEIBOL: AJ Fonte do Bastardo (Opinião de Roberto Sousa Moura)
Depois de iniciar a época com uma derrota suada numa partida até à margem máxima com o Benfica na Supertaça, a formação terceirense domina completamente o Campeonato Nacional da I Divisão sem derrotas até agora, e tendo, inclusive, vencido as águias por 3-0 na primeira disputa entre os dois principais candidatos ao título no campeonato.

E o leitor, concorda com estas escolhas?

Saldos: não há duas sem três ou à terceira será de vez?

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Acabou o Natal, mas nem por isso as lojas estão mais vazias. É certo que as prendas já foram dadas e recebidas, mas em altura de saldos, tudo vale para encontrar o melhor dos produtos que queremos. Por esta altura também, a 1 de Janeiro, abre-se na Europa o mercado de Inverno. Dizem alguns especialistas que este apenas serve para pequenos reajustes nos plantéis e que toda e qualquer mudança realizada deve ser feita com todo o cuidado para não desvirtuar a equipa na segunda metade da época.

Certo é que, para o FC Porto, este mercado de Inverno tem servido para bem mais do que simples “reajustes”: a começar em Lucho e Janko em 2012, passando por Liedson e Marat Izmaylov em 2013, os portistas têm aproveitado esta altura para ir buscar nos saldos peças que se revelam fundamentais na segunda volta das temporadas. Do comandante Lucho ao matador Janko, passando pelo versátil Liedson, que fez a assistência para Kelvin no golo do título até ao “desaparecido” Izmaylov, cada um à sua maneira deixaram no clube a sua marca decisiva para a conquista dos últimos campeonatos. Contudo, esta política de contratar em Janeiro pelos portistas não foi feita única e exclusivamente para dotar o plantel de mais qualidade. Mais do que isso, estas compras cirúrgicas vieram tapar buracos no plantel portista das últimas épocas. Não obstante os bons plantéis que o FC Porto veio tendo nos últimos anos, havia sempre um ou outro espaço que parecia não acompanhar as restantes opções do plantel. Dizem os optimistas que é para isso que o mercado de Inverno serve; os pessimistas defendem que uma equipa com o orçamento como o dos portistas não deve esperar tanto tempo para finalmente ter um plantel completo. São duas versões que para mim são verdadeiras e sobre as quais não deve haver grande discussão.

Quaresma está de regresso ao Dragão / Fonte: Record
Quaresma está de regresso ao Dragão / Fonte: Record

E é a poucos dias do início de Janeiro de um novo ano que surge mais um jogador pronto a entrar no mercado de Inverno. Chamavam-lhe o Mustang, de seu nome Ricardo Quaresma. Em 4 épocas de FC Porto ganhou três campeonatos, duas Supertaças, uma Taça de Portugal e uma Taça Intercontinental. Espalhou magia pelos relvados portugueses e deixou saudade quando partiu do Dragão. 6 anos mais tarde, o Cigano regressa: dizem os optimistas que com 30 anos ainda tem muito para dar ao FC Porto, enquanto os pessimistas duvidam da importância de um jogador que não joga há mais de meio ano e que já é trintão. Tal como há pouco o referi, são duas versões que para mim são verdadeiras, e sobre as quais não deve haver grande discussão.

Em suma, penso que tal como aconteceu nos dois anos anteriores, o FC Porto não vai ao mercado porque quer, mas sim porque precisa. Com um orçamento de 100 milhões de euros, é difícil pensar como a qualidade dos extremos não se assemelha à do restante plantel. Vêm os saldos, vem o mercado de Inverno e Quaresma prepara-se para ser mais um protagonista desta história. Só me resta perguntar é se nesta coisa dos saldos não haverá duas sem três ou se à terceira é mesmo de vez e a coisa dá para torto. Aguardemos por Janeiro. Os portistas agradecem. Quaresma também.

Jogadores que Admiro #9 – Gennaro Gattuso

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Tenho para mim que hoje em dia existe uma certa obsessão com futebol ofensivo. Os “melhores do mundo” são sempre aqueles que fazem mais golos, mais assistências ou que jogam o futebol mais bonito. Basta dar uma simples olhadela à lista dos melhores do mundo para a FIFA para chegar a essa conclusão. Fora Lothar Mathäus, no primeiro ano do prémio, e Fabio Cannavaro, em 2006, o cobiçado galardão só chegou às mãos de jogadores mais avançados ou construtivos. Finalistas mais defensivos houve muitos, desde defesas, trincos, laterais e até guarda-redes, mas o vencedor acaba quase sempre por ser o mais vistoso, o mais goleador, aquele com mais classe ou técnica.
Não é minha intenção afirmar que a FIFA está “errada” em seguir esta tendência, ou sequer lançar o debate sobre se um atacante de topo é automaticamente “superior” a um defesa ou guarda-redes de topo – ainda que o mercado de transferências pareça corroborar esta teoria. Até porque estas são discussões que envolvem uma miríade muito vasta de argumentos e contra-argumentos em que normalmente não se chega a conclusão alguma… mas vocês sabem do que estou a falar. Falo do facto de se venderem milhentas vezes mais camisolas do ponta-de-lança goleador do que do central que está há anos no clube e que só por acaso até é capitão de equipa. Falo do facto de todos se lembrarem daquela finta espectacular que o extremo fez – ainda que logo a seguir tenha perdido a bola -, mas ninguém se lembre daquele médio que anulou completamente a estrela da equipa adversária, ainda que pouco se tenha envolvido em jogadas de ataque.

“Uma vez mais, a Bola de Ouro deste ano será entregue a um avançado” Fonte – www.fifa.com
“Uma vez mais, a Bola de Ouro deste ano será entregue a um avançado”
Fonte – www.fifa.com

É claro que ter um ou dois jogadores no plantel que conseguem desbloquear um jogo com um lance individual de génio tem um valor inestimável. No entanto, acredito que há jogadores que podem não dar tanto nas vistas, que podem nem ter muito tempo de bola, mas que são fulcrais para a estrutura táctica de qualquer equipa que se quer vencedora e que, como tal, merecem mais destaque por parte dos “entendidos do futebol” da comunicação social desportiva. É por isso mesmo que aproveito esta oportunidade para prestar o meu tributo a um jogador que, ainda que de reconhecida qualidade, dificilmente figuraria numa qualquer lista para melhor do mundo. Alguém que carregou um certo piano italiano por muitos e bons anos. Golos poucos, fintas ainda menos, jogar bonito… está bem abelha. Cartões e faltas, aí sim, um verdadeiro campeão. Já devem ter uma ideia de quem estou a falar, certo?

Gennaro Ivan Gattuso, lenda do A.C. Milan, não atingiu esse estatuto por mera coincidência. Desde o momento em que chegou aos rossoneri em 1999 que Gattuso foi um exemplo excepcional de dedicação e amor às cores que acabou por defender por mais de uma década. Trinco de raiz, o número 8 da equipa de Milão era dono de um jogo duro e aguerrido, que tinha na agressividade a sua maior arma. Se a nível construtivo optava na maioria das vezes pelo passe curto e simples, no que toca a destruir jogo era praticamente imbatível. Gattuso era pesadelo dos avançados, carraça dos médios ofensivos, o terror de qualquer jogador que o visse a correr na sua direcção. Caceteiro? Um bocadinho, sim. É preciso saber fazer faltas para se jogar na posição mais recuada do meio-campo, e Gattuso era rei e senhor das ditas “faltas cirúrgicas”.

“Agressivo, destemido, aguerrido. Assim jogava o “gladiador” Gennaro Gattuso, que aqui desarma o português Cristiano Ronaldo” Fonte - http://www.wallpaperstop.com
“Agressivo, destemido, aguerrido. Assim jogava o “gladiador” Gennaro Gattuso, que aqui desarma o português Cristiano Ronaldo”
Fonte – http://www.wallpaperstop.com

Talvez seja só eu mas, para mim, ver Gattuso a jogar era tão “bonito” como ver uma finta de Messi ou um petardo de Ronaldo. Apelidado de Ringhio (grunhido) pelo seu estilo de jogo inconfundível, Gattuso era um jogador explosivo e determinado, com uma capacidade de resistência e força de vontade indomáveis. Tão depressa poderia ser expulso por uma entrada mais despropositada como foi rapaz para aguentar jogar os noventa minutos após ter feito uma rotura parcial do ligamento cruzado anterior. Pedra fundamental na táctica quer do A.C. Milan, quer na selecção italiana, Gattuso foi sem qualquer dúvida um dos melhores jogadores que já vi jogar na posição de trinco. As estatísticas falam por si: mais de 300 jogos ao serviço do A.C. Milan, 73 internacionalizações pela selecção italiana. Pelo meio, venceu 2 Campeonatos, 2 Supertaças, 2 Ligas dos Campeões e um Mundial. Poucos podem gabar-se de semelhante sucesso.

“Líder incontestável nos seus anos de “rossoneri”, Gattuso é ainda hoje um símbolo de dedicação no mundo do futebol” Fonte: http://forzaitalianfootball.com
“Líder incontestável nos seus anos de “rossoneri”, Gattuso é ainda hoje um símbolo de dedicação no mundo do futebol”
Fonte: http://forzaitalianfootball.com

Sinónimo máximo de garra, dedicação, resistência, agressividade e também de alguns parafusos a menos, fruto de um temperamento algo volátil, Gattuso nunca virou a cara a desafios, e era sempre o último a desistir. Viveu os seus anos de futebol como ninguém e era um verdadeiro prazer vê-lo a desarmar todo e qualquer tipo de jogador, com aquela força e pujança infindáveis. Até pode estar actualmente envolvido em escândalos de resultados combinados – ainda estão por provar a veracidade das acusações – mas as grandes prestações a que habitou a comunidade futebolística, essas, ninguém lhas tira. E que falta fazem, hoje em dia, jogadores com este espírito competitivo no futebol moderno obcecado com malabarismos…

…And a Happy New Year (Parte II)

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cab nba

Na semana passada escrevi um texto sobre uma missão na qual eu participei e tive a oportunidade de ver as cartas de alguns dirigentes da NBA para o Pai Natal. Infelizmente só vi os desejos dos executivos da conferência Este, mas não se preocupem. Agora, na altura da passagem de ano e da tradição – doze passas, doze desejos – tive acesso a mais uns quantos pedidos, mais precisamente das equipas da conferência Ocidental.

Na conferência mais competitiva da liga, muitos são os pedidos. Alguns são mais complexos do que os de outros, mas todos igualmente importantes.

E sem mais demora, aqui estão eles:

Dallas Mavericks: Com DeJuan Blair e Monta Ellis a subir de rendimento, os Mavericks estão num bom caminho. O trio que fica completo com o gigante alemão, Dirk Nowitzki, só precisa de continuar a fazer aquilo que tem feito e não perder peças importantes que complementem estas estrelas. Shawn Marion também precisa de subir um pouco o seu rendimento.

Denver Nuggets: De uma equipa fulminante na temporada anterior, os Nuggets perderam o fogo que os acompanhava em casa. O regresso do italiano Danilo Gallinari é muito aguardado. A equipa precisa de esquecer George Karl (treinador da época transacta) e adaptar-se às novas rotinas.

Golden State Warriors: A equipa onde joga o actual detentor de maior número de triplos num ano desportivo tem um plantel impressionante. Os tornozelos de Stephen Curry têm de estar ao mais alto nível até ao final do ano. Se isso acontecer, estamos perante um candidato a ir às finais da conferência.

Stephen Curry (à esquerda) e James Harden (à direita) são jogadores perigosíssimos a jogar no perímetro e vão tentar levar as suas equipas, Warriors e Rockets respectivamente, a uma época que pode dar o título da NBA. http://mightydamnfresh.com
Stephen Curry (à esquerda) e James Harden (à direita) são jogadores perigosíssimos a jogar no perímetro e vão tentar levar as suas equipas, Warriors e Rockets respectivamente, a uma época que pode dar o título da NBA
Fonte: mightydamnfresh.com

 

Houston Rockets: A formação dos Rockets está bem encaminhada para os playoffs. Tem o melhor base-marcador da liga em James Harden, e Dwight Howard, que é, por muitos, considerado o melhor poste. O retorno de Jeremy Lin vai ser um assunto muito tocado quando se tiver a comer as passas da passagem de ano. A equipa tem todos os factores para ser um dos grupos mais espectaculares da NBA.

Los Angeles Clippers: Por falar em espectáculo, os Clippers, que têm a alcunha de Lob City, devido aos inúmeros alley-oops feitos por jogo, causam o entusiasmo dos fãs. Chris Paul e companhia precisam de ser consistentes e o resto pode entrar nos eixos.

Los Angeles Lakers: Kobe saudável e mais precisamente, em forma. Basicamente é isto que os Lakers precisam.

Memphis Grizzlies: Fala-se sobre uma possível troca de Zach Randolph. Muitos são os desejos de que essas notícias sejam completamente falsas ou que o dirigente estivesse bêbedo quando deu a entender que isso pudesse acontecer. Z-BO, como é conhecido pelos fãs, pode fazer a posição de extremo ou de poste e é um dos pilares da equipa.

Minnesota Timberwolves: A formação dos Wolves não pode estar completamente dependente dos Kevins – Love e Martin. É pedido um maior esforço por parte de Corey Brewer e de Ricky Rubio.

New Orleans Pelicans: Não me parece que os Pelicans cheguem aos playoffs, mas isso não quer dizer que não possam entrar na discussão. O plantel é equilibrado e tem em Anthony Davis um diamante em bruto. Possuem um grupo interessante e coeso, com uma boa base defensiva. Por parte dos seus dirigentes é requisitada também essa coesão, mas a nível ofensivo.

Oklahoma City Thunder: É discutivelmente a melhor equipa da conferência Oeste. Abençoados com a presença de duas estrelas gigantes, Kevin Durant e Russel Westbrook, o plantel podia tentar preencher algumas lacunas. Um poste que tirasse Kendrick Perkins, que é o elo mais fraco do grupo, ou retirar a pressão de fazer assistências de Westbrook e deixa-lo marcar mais pontos.

Phoenix Suns: Estamos perante um grupo que tem surpreendido imensos fãs pela qualidade apresentada. Com algumas adições de peso, como Marcin Gortat, Eric Bledsoe e a fusão da família Morris, isto porque na equipa há dois gémeos a jogar (por vezes em simultâneo), o plantel está riquíssimo de qualidade. Basta a formação não se desmoronar e pode haver surpresas. Não me parece, mas não sou futurologista.

Portland Trail Blazers: A equipa sensação deste ano pede principalmente que esta equipa não se desfaça, ninguém se lesione e que ninguém os belisque e, por conseguinte, não os desperte desta época de sonho.

Sacramento Kings: Com as recentes trocas feitas pelos dirigentes, o plantel precisa de se organizar inicialmente. Apesar de terem qualidade Ben McLemore e Isaiah Thomas são ambos inexperientes. Os Kings podiam arriscar e ir buscar atletas que não têm contrato agora, exemplo de Leandro Barbosa.  O maior pedido, no entanto, é que o treinador saiba gerir os jogadores recentemente adicionados à equipa.

San Antonio Spurs: Para outra potência da conferência, os Spurs, há anos treinados pelo carismático Gregg Popovich e liderados pelos internacionais Tony Parker, Manu Ginobili e Tim Duncan, as únicas coisas que podem ser pedidas pelos dirigentes são a saúde do plantel e o despoletar do atleta, Kawhi Leonard, que já pode ser considerado uma estrela em ascensão.

Utah Jazz: Os Utah Jazz têm actualmente um plantel muito desequilibrado e que tem vindo a apresentar um basquetebol de péssima qualidade. No entanto, há perspectivas de um futuro, não muito longínquo, risonho. O rookie Trey Burke tem jogado a um nível impressionante e pode vir a ser importante daqui a uns anos. O extremo Derrick Favors, por sua vez, também tem mostrado que é um jogador interessante e que ajudará a equipa de Utah a ultrapassar este momento. Os dirigentes deverão querer apostar no draft para o ano que vem. Quem sabe, podem vir a fazer uma ou outra troca para poder arranjar mais jogadores.

Especial Clássico: Sporting 0-0 FC Porto (Taça da Liga)

No último clássico de 2013, o Sporting recebeu o FC Porto num jogo a contar para a Taça da Liga. O duelo foi dominado pela equipa da casa mas o placard acabou por não sofrer nenhuma alteração até ao apito final: 0-0 foi o resultado. O Bola na Rede, em mais um “Especial Clássico”, traz-vos as visões de Fábio Lima (Sporting) e Francisco Manuel Reis (FC Porto) sobre as incidências da partida.

 
Sporting Clube de Portugal

O Sporting entrou hoje em campo com três alterações no onze titular habitual – Rui Patrício, Maurício e Montero cederam os seus lugares a Marcelo Boeck, Eric Dier e Slimani. Apesar de se entrar em todos os jogos para ganhar, a Taça da Liga, como troféu secundário no panorama nacional que é, não será nunca uma das prioridades de Sporting ou FC Porto. A importância deste jogo para as ambições leoninas era, em grande parte, a nível motivacional. Ganhar ao F.C.Porto era importante para os jogadores do Sporting perceberem que conseguem ganhar ao FC Porto. Embora isso não tenha acontecido, ficou bem visível no relvado de Alvalade que o Sporting é, sem dúvida alguma, capaz de vencer o rival da Invicta. Segura durante quase todo o encontro, a equipa leonina conseguiu impor o seu jogo, trocar a bola e reduzir a uma quase total nulidade os lances ofensivos do adversário. O FC Porto praticamente não criou oportunidades neste clássico, contando com uma defesa certa e um super-Fabiano a fazer lembrar os tempos do Olhanense para manter o nulo. Com Slimani a titular, o Sporting ganhou capacidade para ganhar os lances aéreos no meio-campo do Porto, tendo o argelino segurado muitas bolas e distribuindo-as com critério aos seus companheiros de equipa. Este facto, aliado a um meio-campo leonino que se soube impor e comandar o jogo, deu o domínio do encontro à equipa da casa. William Carvalho a ser William de Carvalho (peço desculpa mas já não consigo arranjar adjectivos para descrever as exibições do camisola 14 do Sporting), André Martins a dar-se ao jogo e a levar o Sporting para a frente e Adrien a dar um autêntico grito de Alvalade, onde proclamou bem alto “Selecção ou cegueira do Paulo Bento!”. Faltaram oportunidades claras de golo, tendo as duas mais evidentes sido desperdiçadas pelo recém-entrado Vítor. Não fosse Fabiano…
De lamentar a clara perda de tempo realizada pelos jogadores do FC Porto durante praticamente todo o encontro. O Fabiano que via bem as bolas para as defender era o mesmo que segundos depois não via bola alguma para retomar o jogo. Só o Sporting quis ganhar este clássico. O empate sem golos soube a derrota.

Adrien foi uma das figuras do encontro / Fonte: A Bola

Classificação dos Jogadores:

Marcelo Boeck (6) – Um mero espectador neste jogo. Defendeu o remate de Licá à passagem do quarto de hora e pouco mais. A titularidade foi-lhe dada justamente e esperava-se que tivesse mais oportunidades para se mostrar.

Marcos Rojo (8) – Realizou uma das exibições mais seguras ao serviço do Sporting. Atento, rápido e autoritário, foi o pilar da zona central defensiva dos leões.

Eric Dier (7) – A maior surpresa no onze inicial leonino realizou, a par da restante defesa, uma exibição quase sem erros defensivos. O jovem inglês pecou onde mais tem pecado esta época quando joga: no capítulo do passe.

Cédric (8) – Exibição seguríssima do jovem lateral direito português. Como habitualmente, fez todo o corredor direito. Incansável, mostrou-se certo a defender e mais do que útil a atacar. Realizou menos cruzamentos do que o habitual.

Jefferson (7) – Seguindo a toada de toda a defesa do Sporting, Jefferson esteve bem defensivamente. Subiu no terreno sempre que lhe foi possível, mostrando pormenores interessantes a nível ofensivo.

William Carvalho (8) – A mostrar, mais uma vez, uma segurança e uma maturidade não muitas vezes observada num jovem de 21 anos. O pilar defensivo do meio-campo leonino recuperou inúmeras bolas, entregando-as, na maior parte das vezes, “redondinhas” nos pés dos médios ofensivos. Anulou Carlos Eduardo, o elemento em destaque nos últimos jogos do FC Porto, retirando poderio ofensivo à equipa comandada por Paulo Fonseca.

André Martins (7) – O pequeno grande médio leonino conferiu dinâmica ao processo ofensivo leonino. Funcionando muitas vezes como segundo avançado, pressionou sempre bem a defesa contrária. Com a bola nos pés, procurou sempre desequilibrar e realizou alguns passes de elevada categoria.

Capel (6) – Exibição certa do extremo espanhol. Sem grandes rasgos, fez o que lhe competia defensivamente. Não causou grandes desequilíbrios, flectindo muitas vezes para o meio. Esperava-se mais do espanhol num jogo grande.

Wilson Eduardo (7) – O extremo português esteve bem no jogo, mostrando pormenores interessantes. Criou mais desequilíbrios que Capel, abrindo muitas vezes a defesa portista. Teve um remate digno de registo aos 26 minutos, para defesa segura de Fabiano.

Slimani (6) – Esperava-se que fosse titular no clássico de hoje e Leonardo Jardim assim o decidiu. O argelino já merecia a primeira titularidade da época. Mesmo não tendo oportunidades dignas de registo (a única seria um cabeceamento por cima da baliza de Fabiano ainda na primeira parte), mostrou-se um elemento importante do ataque leonino ao ganhar e segurar muitas bolas perto da área do F.C.Porto.

Montero (6) – Começou o jogo no banco, entrou ao minuto 63 e entrou bem. Participou, e muito, no processo ofensivo da equipa, não chegando a ter qualquer oportunidade de golo.

Carrillo (6) – O peruano entrou bem em campo, desequilibrando no seu flanco. Acabou por ser prejudicado com a expulsão de Carlos Eduardo, já que, com dez, o Porto recuou no terreno, roubando espaço para Carrillo usar uma das suas maiores armas: a velocidade.

Vítor (-) – O médio ex-Paços de Ferreira esteve pouco tempo em campo. Teve, no entanto, nos pés duas oportunidades de golo. Desperdiçou-as.

Melhor em Campo: ADRIEN (9) – Sem dúvida, o melhor elemento em campo no clássico de Alvalade. Jogou, fez jogar e deixou a pele em campo. Incansável no trabalho defensivo, qual carraça, não descolava do adversário sem recuperar a posse de bola. Foram inúmeras as recuperações de bola realizadas, hoje, pelo camisola 23 do Sporting. Com a bola nos pés foi aquilo a que já nos vem habituando: o construtor de jogo dos leões. E que bem o fez! Com a exibição de hoje trouxe uma questão à memória de muitos portugueses: não será Adrien já merecedor de um lugar no meio campo da selecção portuguesa?

 

Fábio Lima

Futebol Clube do Porto

O FC Porto apresentou-se hoje em Alvalade sem três das principais referências da equipa – Helton, Lucho e Jackson cederam os respectivos lugares no onze inicial a Fabiano, Herrera e Ghilas. Paulo Fonseca voltou a apostar no duplo pivot, recuando Herrera para junto de Fernando e os problemas antigos da equipa voltaram a manifestar-se: os azuis e brancos nunca foram capazes de fazer uma circulação consistente no meio-campo adversário, denotando enormes dificuldades em sair da primeira fase de construção; raramente conseguiram levar a bola em condições ao ponta-de-lança e revelaram uma incapacidade gritante para construir jogadas de perigo. O Sporting defendeu muito bem, pressionando alto e importunando permanentemente o portador da bola. Carlos Eduardo, o grande responsável pela melhoria da equipa nos últimos jogos do FC Porto, foi sempre muito bem vigiado e os extremos revelaram-se impotentes perante a defesa leonina – lutaram muito e produziram pouco. O Sporting foi sempre muito mais clarividente, muito mais acutilante e muito mais decidido na hora de atacar e acabou por estar por cima durante a maior parte dos momentos. A haver um vencedor teria sempre de ser o Sporting. Em suma, o FC Porto voltou às exibições marcadas pela mediocridade e despediu-se de 2013 sem o brilho que ameaçara ter reconquistado nos desafios anteriores.

Fabiano foi um dos grandes responsáveis pela manutenção do nulo / Fonte: MaisFutebol

Classificação dos Jogadores:

Danilo (6) – Incapaz de dar profundidade e largura ao futebol do FC Porto e demasiado permeável a defender. Aventurou-se demasiado por terrenos que não são os seus e desprotegeu o seu flanco com mais frequência do que o habitual.

Alex Sandro (6) – Teve muito trabalho e foi ultrapassado várias vezes por Wilson Eduardo. Mais forte a atacar do que o seu colega do lado oposto, pese embora com poucos reflexos práticos. Fica na retina o grande passe para o primeiro remate de Ghilas.

Maicon (7) – Foi dos melhores em campo no conjunto portista. Imperial no jogo aéreo, sempre calmo e concentrado, demonstrou uma vez mais que é um dos verdadeiros dragões no plantel.

Mangala (7) – Este igual a si próprio: impressionou pela capacidade física, pela leitura de jogo e pelo carácter. Não foi por ele que a equipa jogou pior.

Fernando (7) – Tentou, como sempre, levar a equipa para a frente. As suas arrancadas, galgando metros em com a bola controlada, começam a ser uma imagem de marca. Pena ter tido tantas vezes um desinspirado Herrera no seu raio de acção. Está num excelente momento de forma e tem uma personalidade gigante dentro de campo. Lamentavelmente, saiu lesionado.

Herrera (5) – O pior do FC Porto. Não soube lidar com a pressão, falhou demasiados passes e perdeu demasiadas bolas. Além disso, pareceu nunca saber exactamente que zonas do campo ocupar. A sua performance negativa custou-lhe a substituição no início da segunda parte.

Carlos Eduardo (6) – Foi o motor do meio-campo nos últimos encontros do campeonato. Hoje, mostrou pormenores técnicos deliciosos – como sempre – mas nunca foi capaz de se soltar das amarras criadas pelo trio do meio-campo do Sporting. Acabou por ser expulso… injustamente, diga-se.

Varela (6) – Não conseguiu criar mossa. Batalhou muito, ajudou a defender e recuperou algumas bolas mas não cumpriu a sua missão de desequilibrar e romper a defesa sportinguista. Muito mais empenho do que desempenho.

Licá (6) – O esforço, a dedicação, a abnegação e a raça são os seus maiores predicados. Isso não chega para ser titular no FC Porto. Produziu pouco.

Ghilas (6) – Tem tido muito poucas oportunidades de mostrar o que vale. Hoje jogou 75 minutos sem que a bola lhe chegasse em condições. Tentou o bonito na melhor ocasião do FC Porto na partida e falhou. Precisa de jogar mais tempo para ganhar o entrosamento necessário.

Lucho (7) – Entrou bem, procurando estabilizar o meio-campo dos dragões. A postura de El Comandante foi insuficiente para fazer a diferença.

Defour (6) – Rendeu Fernando e foi mais do mesmo: jogando como médio mais recuado, foi certinho e seguro como é costume.

Jackson (-) – Um quarto de hora não chegou para causar qualquer impacto na partida. Ainda para mais, o FC Porto acabou o jogo com dez unidades e em sofrimento.

Melhor em Campo: FABIANO (8) – Foi um monstro. Defendeu tudo o que havia para defender, esteve muito concentrado e transmitiu muita serenidade à equipa. O lance em que defendeu três remates seguidos demonstra bem todas as suas grandes qualidades – seguro a sair-se dos postes, fortíssimo entre eles. Peca pelo péssimo jogo de pés, que custou à equipa uma série de bolas bombeadas para fora.

Francisco Manuel Reis

Os melhores de 2013 – Nacional

 
O Bola na Rede, em final de ano, apresenta a escolha dos Melhores de 2013 (de janeiro até dezembro). Mário Cagica Oliveira, fundador e CEO do projeto, faz a sua escolha para o melhor 11 deste ano a atuar em Portugal. Concordam com as suas escolhas?

11 ideal 2013

Guarda-Redes: Rui Patrício
Se não fosse Patrício, o que teria acontecido ao Sporting na época passada? De facto, é complicado responder a esta questão, mas são poucos aqueles que ficariam otimistas com as hipóteses do Sporting sem o guarda-redes português. Apesar de continuar a manifestar alguma insegurança com os pés, Rui Patrício tem apresentado uma evolução impressionante. É um dos ativos mais valiosos do atual plantel de Leonardo Jardim e um dos mais queridos da massa adepta leonina. Patrício é o incontestável no Sporting e na Seleção Nacional. E, com o Mundial’2014 aí à porta, pode estar para breve o “salto” para um grande europeu. Os próximos meses vão ser muito importantes para o futuro do guarda-redes.

Lateral-Direito: Danilo
Custou 17,8 milhões de euros. Um exagero, de facto, tendo em conta a realidade do futebol português (e não só!). No entanto, ninguém será capaz de questionar a qualidade do jovem lateral-direito do FC Porto. Rápido, seguro a defender e com uma qualidade técnica invulgar, fruto também do facto de ter sido deslocado do meio-campo para a defesa. Com Danilo, o Porto tinha garantido um bom médio para o seu plantel e agora tem um lateral de excelência, ao nível dos melhores do mundo. Com uma propensão ofensiva muito elevada, Danilo é também muito forte a garantir desequilíbrios na frente de ataque, conseguindo, por vezes, garantir algum envolvimento em vários golos da equipa do FC Porto.

Lateral-Esquerdo: Alex Sandro
Com 22 anos, o atual lateral-esquerdo do FC Porto corre sérios riscos de se tornar num dos melhores na sua posição (se é que já não o é). Alex Sandro é explosivo, sabe defender bem, tem sentido posicional e é desequilibrador. E num esquema de 4-3-3, como o do Porto, é muito importante para criar desequilíbrios ofensivos quando sobe no terreno. Na temporada passada esteve a um nível muito alto e, nesta época, apesar de o plantel do FC Porto não ter extremos de tanta qualidade, Alex Sandro não quebrou o rendimento. Bem pelo contrário. Já se assistiram a vários jogos do Porto nesta nova temporada em que é apenas o lateral-esquerdo do FC Porto que procurou criar situações de instabilidade defensiva para os adversários. Está destinado a ser um dos próximos grandes negócios de Pinto da Costa.

Defesa Central: Eliaquim Mangala
“Tem um poder físico impressionante e assusta qualquer adversário”. Foi, provavelmente, uma das minhas primeiras impressões sobre Mangala, quando o vi jogar pela primeira vez. Hoje, o defesa-central francês é tudo isso e muito mais. É rápido, é forte, sabe posicionar-se em campo e raramente comete erros. É o típico jogador “à Porto”. Um defesa que sabe intimidar o adversário (como eram Jorge Costa ou Bruno Alves), mas com a grande vantagem de jogar dentro das leis. E assim tudo é melhor. Mangala é fortíssimo e desengane-se o leitor que o associa ao típico “central sem pés para sair a jogar”. Tanto não o é que já por diversas ocasiões foi adaptado à posição de lateral esquerdo.

Defesa Central: Ezequiel Garay
O Benfica tem sofrido muitos golos, de facto. Mas arrisco-me a dizer que, sem Garay, a situação poderia ser mais negra. O defesa-central argentino joga sempre na posição mais próxima do lateral-esquerdo do Benfica e isso explica bem o que o jogador tem sofrido. Já levou com jogadores como Emerson, Melgarejo ou Cortez e, por isso mesmo, sempre foi exposto a trabalhos redobrados. Maioritariamente em situações de contra-ataque adversário, é sempre ele que faz as dobras na defesa e que compensa a falta de qualidade na lateral-esquerda do Benfica. Ezequiel Garay é um dos melhores na sua posição na Europa. É muito seguro, forte no jogo aéreo e dono de uma elegância extrema com a bola nos pés (não esquecendo, pois claro, de que estamos aqui a falar de um defesa-central). É o melhor defesa argentino da atualidade (a par de Zabaleta) e vai estar também no Mundial’2014, que deverá ser a montra para abandonar, de vez, o Benfica.

Trinco: Nemanja Matić
Apesar de o Benfica ter perdido o título para o FC Porto, Matić acabou por ser eleito o melhor jogador do campeonato português da época passada. E seria realmente uma grande injustiça se tal não tivesse acontecido. O internacional sérvio é, provavelmente, um dos melhores trincos que já passou por Portugal e é cada vez mais fácil de adivinhar que não fica muito mais tempo na equipa do Benfica. Fez esquecer Javi García e não teve problemas em duplicar o trabalho que, até então, era desempenhado pelo médio espanhol e por Witsel. Matić tem um sentido posicional acima da média, recupera bolas como poucos e consegue aliar a todos esses fatores uma invulgar capacidade técnica, que lhe permite sair a jogar na maior parte das ocasiões. A saída de Javi foi o jackpot para Jesus, que, este ano, ainda tentou adaptar (de forma completamente errada e disparatada) o sérvio à posição 8.

Médio-Centro: João Moutinho
Foi o melhor jogador do FC Porto na temporada passada. E quando um treinador (neste caso, Paulo Fonseca) decide remodelar um modelo tático implementado há anos num clube, como é o FC Porto, por causa de um jogador, está tudo dito em relação à preponderância do médio português. João Moutinho é o tipo de jogador que qualquer treinador gosta de ter. Trabalhador, inteligente e com um sentido tático apuradíssimo. Era o “motor” do Porto e o principal responsável pelo equilíbrio de todo o sistema tático. A peça fundamental que ligava a defesa e o ataque do Porto. Sem ele, tudo muda. Moutinho é um dos melhores médios box-to-box da atualidade. Não só pela sua competência tática, como também pela criatividade e pelas ideias que é capaz de incutir no jogo da sua equipa. Vai ser fundamental para a  Seleção Nacional no Mundial’2014.

Extremo Direito: Eduardo Salvio
Sou um admirador de “Toto” Salvio. Desde 2010/2011, altura em que o jogador argentino foi emprestado ao Benfica, que fiquei encantado com as suas qualidades técnicas. É a personificação exemplar daquilo que é, de facto, um grande extremo: um jogador que consegue desbloquear partidas, que ajuda a equipa nos processos defensivos e que confere grande profundidade ao jogo da sua equipa. E os adeptos gostam de jogadores que empolguem uma equipa e que sejam capazes de criar, constantemente, situações de perigo para a baliza adversária. Assim, explicada a preponderância do argentino na equipa do Benfica, percebe-se que ele terá a sua quota de responsabilidade na grande quebra exibicional dos encarnados neste início de temporada. Salvio é um jogador que entusiasma os adeptos com as suas arrancadas frenéticas, que transmite muita energia aos adeptos de uma equipa. Sem ele, o Benfica ficou sem poder, sem força, sem emoção… E, por isso, o seu regresso em janeiro (ao que tudo indica) pode ser a melhor das notícias para Jorge Jesus.

Extremo Esquerdo: James Rodríguez
Todos os anos, o FC Porto tem um jogador que faz a diferença. Já houve Jardel, Falcao, Hulk, Quaresma, Deco… Enfim, a lista não acabaria aqui. No ano passado, todas as esperanças estavam depositadas em James Rodríguez. E o colombiano não defraudou as expectativas. Não é um extremo de raiz, mas procurou enquadrar-se, como podia, no 4-3-3 dos dragões da melhor forma. Algumas vezes no meio, outras na ala, com uma qualidade elevada e constante. Se Moutinho, no ano passado, era a “peça” que fazia jogar o Porto, James era o elemento que desbloqueava encontros. Esperava-se que, tal como Moutinho, saísse para um colosso europeu. Infelizmente para o mercado, apareceu o Mónaco de França e levou dois dos melhores jogadores do Porto da temporada passada. Se esta transferência poderá ser prejudicial para a evolução do colombiano? Só o tempo o dirá. Mas o Mundial’2014 pode ser bom para manter as portas abertas aos grandes clubes europeus da atualidade.

Ponta-de-Lança: Óscar Cardozo
Quem diria que Óscar Cardozo, depois do incidente com Jorge Jesus no final da temporada passada, voltaria a ter tanta preponderância no Benfica, como nos tempos passados. Facto concreto é que o ponta de lança paraguaio tem sido, ironicamente, o salvador de Jesus no Benfica. Depois de uma boa temporada passada, Cardozo foi reintegrado no plantel do Benfica já com o campeonato a decorrer e tem sido um dos prontos-socorros de Jesus nesta época algo irregular dos encarnados. Seria um engraçado exercício pensar em como seria este Benfica se Cardozo tivesse realmente saído no início da temporada.

Ponta-de-Lança: Jackson Martínez
Jackson foi escolhido a dedo por Vítor Pereira para colmatar a lacuna do FC Porto na posição de ponta-de-lança. E os dados não podiam ser mais esclarecedores: 31 golos na primeira temporada (2012/2013) e 16 a meio desta segunda. O jogador colombiano tornou-se um dos elementos mais importantes na equipa dos dragões e é, neste momento, insubstituível. Com uma tremenda capacidade para se movimentar em espaços muito reduzidos, Jackson entra no restrito conjunto de jogadores que não precisa de muitas oportunidades para concretizar um golo. E os adeptos do Porto só podem agradecer.

Treinador: Marco Silva
Estranhe-se a escolha por ser um treinador que acabou por não ganhar nada este ano. É um facto. Se Paulo Fonseca ou Vítor Pereira tivessem correspondido de outra forma nas competições europeias, provavelmente a história seria outra. Marco Silva, por outro lado, é um treinador que aparece aqui num contexto completamente diferente. Está prestes a complementar apenas o seu 3º ano enquanto treinador e o saldo não se pode considerar apenas positivo: é excelente! Pegou numa equipa do Estoril nos últimos lugares da tabela classificativa na Segunda Liga, foi campeão nesse mesmo ano e, logo na temporada seguinte, consegue um histórico 5º lugar e consequente apuramento para a Liga Europa. Sorte de principiante? Poder-se-ia dizer que sim se, nesta nova época, não estivesse novamente a fazer um trabalho idêntico. Perdeu metade do seu onze titular, reformulou a equipa e voltou a conseguir resultados. Está no 5º lugar, a sua equipa pratica bom futebol e não se deixou abalar pelo facto de ter jogos a meio da semana. Está claramente na linha da frente para orientar um clube grande num futuro próximo.

O Passado Também Chuta: Masopust: O último checoslovaco

o passado tambem chuta

Caiu a 1.º Grande Guerra Mundial e o Império Austro-Húngaro saltou pelos ares. Passado um ano, nasceu um novo País entre a hecatombe. A Checoslováquia aparecia no mapa para ser efémera, visto que com a hecatombe do Muro de Berlim também se desfez em dois. Entretanto, fez alguns milagres no mundo do futebol. O Dukla de Praga passeou-se com perigo pela Europa e o Benfica é testemunha desse perigo. Entre jogadores bem formados fisicamente e com boa técnica, sobressaia um centrocampista chamado Josef Masopust. Jogou a alto nível uma eternidade; o tempo não existia. O Dukla disfrutou-o durante dezassete anos e ainda andou pelo estrangeiro, aproveitando as consequências da Primavera de Praga de 1968. No entanto, os momentos mais rutilantes de Masopust, a nível internacional, foram vividos formando parte da seleção.

Corria o Mundial de Chile de 1962. O Brasil tinha uma equipa, e mais duas ou três escondidas, que espantavam o mundo. A linha avançada da canarinha era formada por Garrincha, Didi, Vavá, Amarildo e Zagalo. Como laterais, tinha dois homens que revolucionaram o fazer dos laterais: Djalma e Nilton Santos. Pelé, lesionado, não fez parte nos principais jogos, mas, Amarildo, o Príncipe, chegava para fazer tremer qualquer defesa. Perante esta equipa, possivelmente uma das melhores seleções de sempre, apareceu na final uma Checoslováquia pletórica onde Masopust fazia circular a bola ao primeiro toque que maravilhava. Durante o jogo, era fácil ver o mágico Garrincha rodeado de vários jogadores e gerar uma tensão extrema, mas Masopust, correndo pelo seu meio campo, recebia a bola e automaticamente tinha destino; era a simplicidade inteligente que com essa forma de jogar imprimia grande velocidade ao jogo e aos movimentos de transição.

Eusébio e Santana só podem ver quem vai… / Fonte: colgadosporelfutbol.com
Eusébio e Santana só podem ver quem vai… / Fonte: colgadosporelfutbol.com

O Brasil ganhou. Mas, além dos malabaristas da canarinha, o génio Masopust assinara um formidável campeonato e uma classe e clarividência futebolística que o fez subir a escada da fama europeia. Nesse mesmo ano, ganhou a Bola de Ouro. Curiosamente, a Checoslováquia tinha por esses anos o que também era considerado o melhor jogador de Voleibol da Europa. Uma tarde-noite tive o prazer de o ver treinar no ginásio do Colégio Valsassina e ficou-me gravado como um dos momentos mais altos da primeira juventude ou infância tardia.

Esse Mundial foi célebre por muitas coisas e uma delas foi, também, a revelação como treinador de Fernando Riera, que treinaria posteriormente o Benfica. Falava-se que taticamente o Futebol nascera para o futuro. O controlo e o passe lateral no meio do campo ficaram presentes. Esse esconder a bola que tanto pratica, presentemente, Xavi do Barcelona. Essa espera, às vezes cansativa, da oportunidade do passe letal; tudo isso apareceu neste Mundial e mais propriamente na equipa do Chile, dirigida por Fernando Riera. O próprio Masopust foi um antepassado de Guardiola na forma de correr pelo campo e do passe ao primeiro toque. No entanto, a magia que desprendia Garrincha valia por mil passes táticos e precavidos no meio-campo. A simplicidade inteligente de Masopust também era mágica, mas, fundamentalmente, era-o porque foi um jogador sempre vertical e chegava, se necessário, à boca da baliza. No passado, o futebol não era monoteísta; hoje, também não.