Na semana passada tinha-vos dado conta de um sonho que iluminou o meu sono. Porém, e passados estes dias, vejo que o sonho era mesmo…irreal!
Depois de mais uma pálida exibição do Benfica, até me custa a crer que seja possível a qualificação para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Fui ao Estádio da Luz, e os jogadores não se podem queixar de falta de apoio. Debaixo de uma intempérie impiedosa, o Benfica foi um conjunto amorfo, com atletas em claro sub-rendimento, sem criatividade. Valeu-nos um tal de Roberto que, em 2010-2011, fez as delícias do terceiro anel. E, sendo assim, daqui a duas semanas haverá uma autêntica prova de fogo em Atenas, num terreno onde, ainda há uns meros 5 anos, o Benfica era derrotado de forma estrondosa para a Taça Uefa. Contudo, os tempos são outros, e, em termos europeus, os comandados de Jorge Jesus impõem, actualmente, outro tipo de respeito.
Mas de facto, e voltando a 2008, estas últimas exibições do Benfica têm-me feito lembrar, para meu desespero, as prestações obtidas durante o reinado de Quique Flores na Luz, esse treinador que tão bom trabalho fez por cá. E isto porque a média de golos por jogo tem descido vertiginosamente, a média de remates por jogo tem sido patética, a circulação de bola não dura mais do que escassos segundos.
Semana após semana, o mistério adensa-se! Mas que raio, porque é que poupaste tantos jogadores no jogo do passado Sábado em Cinfães, caro Jorge Jesus? É que, se o objectivo passava por uma poupança, não resultou. O plantel parece estar de rastos fisicamente (estamos em Outubro!) e a vontade, essa…é pouca!
E vejam lá bem, até deu para Ivan Cavaleiro, qual novo salvador da pátria encarnada, entrar ao intervalo, para o lugar de um Ola John que ainda agora deve andar perdido pelos corredores do estádio, tal foi o seu desnorte durante toda a primeira parte.
Golo do Benfica ao Olympiakos Fonte: A Bola
Talvez seja demasiado exigente para com o meu Benfica. E, por isso mesmo, tomei uma decisão: daqui para a frente, irei apenas sonhar com aquilo que é exequível. Já que, infelizmente, não dá para sonhar com uma simples passagem aos oitavos-de-final da prova milionária, pelo menos que sonhe com uma vitória do Benfica, no próximo domingo, defronte do Nacional da Madeira, no Estádio da Luz. Ou será que isso também será impossível? Cruzes credo! Era o que faltava!
Ontem, por esta altura, o meu caríssimo colega André Conde, escrevia que terça à noite é sinónimo de Champions League. Pois bem, se terça é noite de campeões, eu diria que quarta é uma noite de “loucos”.
Foram 27 golos marcados e 3 goleadas “à antiga”, nesta segunda noite da 3ª jornada da Liga dos Campeões. Uma jornada que será, sem dúvida alguma, inesquecível para os verdadeiros adeptos de futebol, na qual a estrela maior foi Zlatan Ibrahimovic.
No grupo A, o grande favorito, Manchester United, recebeu e venceu a Real Sociedad, por 1-0, com um auto-golo de Iñigo Martinez. Depois de uma grande jogada de Wayne Rooney, o alívio deficiente do jogador basco acabou nas redes de Claudio Bravo, deixando o defesa muito mal na fotografia.
Contudo, o grande destaque do grupo vai para o Bayer Leverkusen, que a jogar em casa, goleou o Shakhtar Donetsk por esclarecedores 4-0, onde Stefan Kießling foi a estrela maior, com 2 golos e um penálti sofrido. Os restantes golos foram de Rolfes (de penálti) e Sidney Sam. A vantagem nunca esteve sequer em causa e deixa o grupo numa luta acérrima pelo primeiro lugar.
O Manchester United é o líder com 7 pontos, o Leverkusen é segundo com 6 pontos, o Shaktar terceiro com 4 pontos e o Real Sociedad é último com 0 pontos, com a obrigação de ganhar o próximo jogo para se manter na luta por um lugar na próxima fase.
O grande jogo do dia passou-se no grupo B, com o Real Madrid a receber uma Juventus à procura da sua primeira vitória na competição. Sem grande espanto, Cristiano Ronaldo apenas precisou de 4 minutos para colocar os madrilenos em vantagem. Llorente igualou a partida para a Vecchia Signora, aos 22 minutos. Mas Ronaldo, de penálti ao minuto 29, voltou a colocar o Real em vantagem. A vitória já não escapou aos homens da casa, que contaram com uma grande ajuda de Chiellini, que não só causou o penálti como foi expulso no início da segunda parte.
No outro jogo do grupo, o Galatasaray venceu facilmente o København por 3-1, com golos de Felipe Melo, Sneijder e Drogba, valendo aos visitantes Claudemir para fazer o tento de honra.
Enquanto o Real Madrid tem quase “um pé” na próxima fase (com 9 pontos em 3 jogos), a Juventus tem ainda muito trabalho pela frente para ultrapassar o Galatasaray na luta pelo 2º lugar.
Cristiano Ronaldo a festejar golo marcado / Fonte: uefa.com
O Paris Saint-Germain continua a “passear-se” pelo grupo C, ao golear por 5-0 o Anderlecht, na Bélgica, com uma exibição de gala de Ibrahimovic, que não só faturou 4 golos, como marcou um dos golos candidatos a melhor golo da competição, da época 2013/2014. Desde golos de calcanhar, a “bombas” de fora da área, o sueco deixou a defesa belga completamente de rastos. O outro tento coube a Cavani, a passe de Matuidi, que aproveitou um deslize do defesa Mbemba.
Já o Benfica não foi além de um empate, em casa, por 1-1 com o Olympiacos. Num jogo marcado pelas más condições climatéricas foi Dominguez quem colocou a equipa grega em vantagem. Já o Benfica bem pode agradecer ao seu antigo guarda-redes Roberto a “oferta” no golo de Cardozo, com uma terrível saída a um cruzamento, deixando a defesa bastante fragilizada.
Quanto às contas do grupo, o Paris Saint-Germain apenas precisa de uma vitória para garantir a qualificação, devendo a luta pelo segundo lugar resumir-se entre Benfica e Olympiacos, sendo a próxima jornada decisiva para as aspirações das duas equipas.
Noite feliz de Ibrahimovic / Fonte: uefa.com
Finalmente, no grupo D, o Bayern Munich selou a última goleada da noite, por 5-0, não dando qualquer tipo de hipótese ao Viktoria Plzeň. Em evidência esteve o meio-campo germânico, com Ribery a bisar e Robben a assistir por duas vezes, surgindo Götze na segunda parte com uma assistência e a fazer o último tento da partida. Os restantes golos foram da autoria de Alaba e Schweinsteiger.
No jogo de abertura do segundo dia da jornada, o Manchester City, respondeu bem ao susto inicial do CSKA Moskva, que se adiantou no marcador por Tosic (no 32º minuto). Aos citizens valeu Kun Agüero que colocou a equipa em vantagem ainda na primeira parte, com golos aos 34 e aos 42 minutos.
Trata-se de um grupo onde a luta deverá fazer-se a dois, com o Bayern Munich e o Manchester City a lutarem pelo primeiro lugar. Veremos como reage o CSKA a esta derrota, que precisa de uma vitória, em solo britânico, para voltar à luta por um lugar na segunda fase.
Uma verdadeira jornada de campeões, que acabou por não correr bem para as equipas portuguesas. Na minha opinião, o grande destaque da jornada vai mesmo para Zlatan Ibrahimovic, que defrontará Portugal no play-off de acesso ao Mundial. Esperemos que não esteja tão inspirado como nesta noite.
Este mês, Portugal foi palco de duas etapas do circuito mundial de Surf: primeiro foi a Rip Curl Pro Portugal, etapa do World Championship Tour (WCT), e ainda a decorrer está a WQS Prime Cascais Billabong Pro. Na rubrica desta semana, vou dar principal destaque a este evento que se realiza nas praias da linha de Cascais, mas primeiro vou deixar algumas palavras sobre o que aconteceu de mal ou “menos bem” durante a etapa realizada na semana passada em Peniche. Infelizmente, nem sempre as coisas correm na perfeição e, este ano, o actual campeão do mundo, Joel Parkinson, foi agredido por um bodyboarder dentro de água, por ter supostamente roubado uma onda ao local português. Mas as inconveniências não se ficam por aqui: também o 11 vezes campeão mundial, Kelly Slater, depois de apanhar uma onda com potencial para uma nota alta, culpou o fotógrafo por ter caído, fazendo gestos para que ele saisse da água.
Momento do conflito entre Parko e o bodyboarder Fonte: stabmag.com
Falando agora sobre a actualidade do surf nacional e internacional, começou dia 21 o Cascais Billabong Pro, prova que ajuda os surfistas a ganhar pontos para a qualificação ou manutenção no WCT. Em prova estiveram 7 portugueses: Vasco Ribeiro, Frederico Morais, Tomás Fernades, José Ferreira, Ruben Gonzalez, Marlon Lipke e Nicolau Von Rupp. O grande destaque foi mesmo para o português mais novo em prova. Uma semana depois de Frederico Morais ter derrotado a “Lenda” Kelly Slater, agora foi a vez de Tomás Fernandes, de apenas 17 anos. Este surfista da praia da Ericeira derrotou no round 1 o campeão mundial de 2001, CJ Hobgood, numa bateria bastante competitiva, uma vez que houve uma diferença de 0,04 pontos. Sendo assim, Tomás Fernandes acabou com um total de 10.67 em 20 pontos possiveis e CJ acabou com 10.63 em 20 pontos possiveis.
No round 2 restavam 4 portugueses em prova, uma vez que Vasco Ribeiro, Ruben Gonzalez e Jóse Ferreira perderam de primeira. Com um grau de dificuldade maior, nenhum dos portugueses conseguiu passar ao round seguinte, acabando assim a esperança portuguesa em águas lusas.
Tomás Fernandes a “partir” as ondas de carcavelos Fonte: Surftotal.com
O fim da temporada está a chegar e, tal como na época passada, vai ser na última etapa que se vai descobrir o novo campeão mundial, na famosa e monstruosa onda de Pipeline. Esta onda é conhecida pelos seus enormes e aterradores “tubos”, sendo, assim, uma das ondas mais perigosas do mundo. O período de espera começa dia 8 de Dezembro e vai até dia 20. Até lá, o top 34 vai aproveitar para descansar e treinar para o desafio final.
A vitória foi parar às mãos de Ding Junhui no primeiro Indian Open. Na derradeira partida esteve também presente o indiano Aditya Mehta, que, com este resultado, arrecadou o título de primeiro jogador indiano a chegar a uma final de um evento para o ranking mundial. Com um resultado de 5-0, esta foi a oitava vitória de Ding num torneio para o ranking mundial. Não deixou margem de dúvidas em relação ao seu jogo. “”Acho que estou a jogar o melhor snooker da minha carreira”, disse o jogador chinês. “Estou melhor e mais forte, mas mesmo assim tenho muito que aprender”. Declarações feitas depois de ganhar qualquer coisa como 58,685.50€. Se for como o jogador de 24 anos, Judd Trump, já sabemos o que vai fazer com o dinheiro – a dúvida será: um Ferrari ou um Porsche?
Aditya conseguiu um pequeno toque no troféu do vencedor quando deixou para trás Mark Williams e Peter Ebdon, mas foi por pouco. Depois de uma cansativa meia-final contra Stephen Maguire (nº 5 no ranking mundial), Mehta não teve mais do que uma hora para recuperar e apanhou Ding Junhui numa forma excelente, que não deixou hipóteses na mesa. Uma partida que durou pouco mais de duas horas.
Os 5 frames ganhos por Ding (76-36, 87-0, 107-0, 93-1, 116-1) quase não deixaram Aditya sair da sua cadeira. Apenas conseguiu fazer 38 pts no total.
À direita o vencedor Ding Junhui e à esquerda Aditya Mehta / Fonte: s3.firstpost.in
E porque o snooker não pára, no passado dia 20 de Outubro deu-se início ao Asian Tour 3, em Zhengzhou, China. A final será às 15h. A semifinal conta com Anthony McGill vs Liang Wenbo, Xiao Guodong vs Lyu Haotian. O vencedor leva para casa 11,730.20€ (£10,000).
Mais uma exibição miserável. Foi ao que se pôde assistir hoje, no Estádio da Luz, de um Benfica amorfo, desinspirado e, mais uma vez, com muita falta de atitude.
Começando pelo início a verdade é que o cenário não se avizinhava fácil. Com as fracas exibições dos últimos jogos, e com algumas peças influentes de fora, como são os casos do já habitual Sálvio ao qual se juntaram os sérvios Sulejmani, Fesja e Markovic as opções de Jorge Jesus, principalmente nas asas, ficavam muito limitadas. Apesar disso, o clube da Luz apresentou um 11 forte com Artur na baliza, Siqueira, Luisão, Garay e André Almeida a formarem o quarteto defensivo, os já habituais Enzo e Matic no meio campo, apoiados nas alas por Ola John e Nico Gaitán e na frente dois avançados com Lima e Cardozo, prontos para atacar a baliza do nosso velho conhecido Roberto.
Ainda assim, como era pedido, o Benfica nem começou mal com um livre de Cardozo a levar Roberto à única coisa boa que fez em toda a partida. Uma bela defesa para canto numa bola muito bem colocada pelo internacional paraguaio. A partir daqui, não se viu mais Benfica. O meio-campo grego com Maniatis, Samaris, mais fixos, com Dominguez no apoio e Weiss e Fuster muitas vezes, principalmente na construção, a descaírem para o meio, deixando os flancos para Salino e Holebas, manietou por completo Enzo e Matic e baralharam por completo Lima, que demorou uma eternidade para acertar as marcações a meio campo. Aliada a esta vitória tática de Michel, o jogo mostrou-nos um Olympiacos bem mais acutilante e pressionante na segunda fase de construção do Benfica, o que levou os médios a perder muitas bolas ainda no meio campo defensivo dos encarnados. Foi, por isso, sem surpresa, que depois de um mau passe de Matic (não vou cometer o cliché de dizer que está uma sombra do que foi, porque acho que nem a sombra do Matic do ano passado, jogava tão pouco) a bola seja colocada em Mitroglu que com um toque subtil isola Dominguez e com a maior calma do mundo tira Garay da frente e bate Artur. Tudo mal feito pelo Benfica, tudo bem resolvido pelo Olympiacos que chegou ao intervalo com uma vantagem justa, dada a nulidade da exibição do seu adversário.
Quando perto do intervalo o terreno começa a ficar “empapado” devido à chuva torrencial que se abateu durante a tarde em Lisboa, pensei que aquela era a pior coisa que podia acontecer ao Benfica. Na teoria, uma equipa de jogadores tecnicamente evoluídos e pouco dotados fisicamente, perderia para outra em que tirando Weiss, todos pareciam ser bastante robustos. Mais me assustei quando vi o miúdo Ivan Cavaleiro ser lançado aos lobos em condições muito pouco favoráveis ao seu jogo. Puro Engano! A verdade é que sem um aumento de atitude gritante, o Benfica soube ser um pouco mais inteligente do que os gregos e percebeu bem mais cedo as “manhas” do relvado e que a bola não poderia ser jogada rasteira, contrariando por completo o ADN da equipa. Mas o que é facto é que o domínio mudou de lado e o Benfica a jogar, feio, muito feio foi metendo o jogo, cada vez mais na área do inseguro Roberto, que aos poucos foi dando sinais de que poderia compensar os adeptos do ano desastrado que teve de águia ao peito. Não obstante da melhor oportunidade do jogo ter sido desperdiçada pelo Olympiacos, nesta fase (Jorge Jesus ainda agradece ao Pai, pela chovada com que “abençoou” a noite de hoje) o Benfica acabou por chegar ao golo por intermédio do inevitável Óscar Cardozo. Canto batido na direita pelo recém entrado Rodrigo, bola ao segundo poste, Roberto ao seu estilo falha por completo a saída e a intercepção e Luisão só tem de assistir o paraguaio que de baliza aberta não perdoou, colocando de certa forma alguma justiça no resultado.
Nemanja Matic Fonte: sportsworldnews.com
Este resultado, manteve-se até ao final sem que grandes motivos de interesse existissem e salvam Jorge Jesus de mais uma onde de contestação que iria colocar o técnico novamente em xeque para a recepção ao Nacional, no Domingo. No entanto, alguns reparos. Foi claramente vencido taticamente na 1ª parte(única altura em que existiu tática no terreno de jogo), apesar de gostar muito de ver o Benfica com dois pontas de lanças, penso que fez com o Benfica fosse dominado na primeira parte. Uma solução com Djuricic ou mesmo Ivan de início, remetendo as funções de 10 e de apoio a Matic e Enzo a Gaitán, poderiam ter sido mais aconselháveis. A entrada ao intervalo de Ivan Cavaleiro, com um relvado impraticável para um jogador que faz da técnica e velocidade as suas principais armas, foi um tiro no escuro, sem qualquer sentido, apesar de a saída de Ola John se justificar há muito. Para finalizar a entrada de Ruben Amorim e principalmente Rodrigo aos 81 minutos são ridículas e mais do mesmo do treinador português. Mais uma vez demorou uma eternidade a ler e mexer no jogo.
Para finalizar, 4 notas importantes. Ainda não tive oportunidade de ver todos os lances do encontro e friso bem que, apesar de tudo, não teve qualquer influência no resultado. No entanto, a arbitragem deste senhor, Undiano Mallenco (continuo sem perceber como se nomeiam árbitros da mesma nacionalidade dos treinadores dos clubes intervenientes) foi lamentável. Extremamente tendencioso e com alguns lances que, a olho nú da bancada, me parecem claros. Teve um desempenho fraco. A segunda nota vai para o comportamento da equipa grega na segunda parte. Se há coisa que odeio no futebol é anti jogo. Quando o meu clube tem este tipo de comportamentos, sou o primeiro a levantar-me e assobiar, por isso não posso tolerar do outro lado, inadmissível. Em terceiro lugar, destacar o sistema de drenagem do estádio da luz, fantástica a forma como o relvado, mal a chuva abrandou, conseguiu escoar os lençóis que se foram criando, pode parecer pouco importante mas foi impressionante. Para finalizar, impressionante foi também a moldura humana na Luz. Quarta-Feira, à noite, um autêntico dilúvio que se abateu sobre a capital, péssimas exibições e quase 40.000 pessoas no estádio não está alcance de qualquer um.
Hoje fui assistir ao treino do meu primo, que joga numa das Escolas “Academia Sporting” em Lisboa, e o que era apenas um treino transformou-se numa autêntica máquina do tempo.
Ao ver todos aqueles miúdos na casa dos oito anos envergar a camisa verde-e-branca com tanto orgulho e vaidade, gritando “Eu sou o Montero!”, “Eu sou o Capel!”, “Eu sou o Patrício!”, e ao ouvir o grito de guerra das crianças no fim do treino (“Quem é que nós somos? SPORTING, SPORTING, SPORTING!”), fui completamente obrigado a fazer uma tremenda viagem ao passado. Como era o Sporting quando eu tinha a idade deles? Como sentia eu o Sporting nessa altura? Pois foi precisamente nesse ano que me tornei “doente”.
Tinha eu oito anos e assistíamos à temporada de 1998/1999 com a esperança afinada para mais um ano de luta, vivendo um jejum de 17 anos sem qualquer Liga conquistada. Voltávamos de uma péssima época: quatro treinadores despedidos, um 4º lugar com os mesmos pontos do 5º classificado (Marítimo e atrás do Vitória de Guimarães (que foi 3º). O FC Porto foi novamente campeão, sem qualquer dificuldade (com mais 9 pontos que o 2º classificado, Benfica).
Mirko Josic / Fonte: Portal Sporting Memória
Eramos então presididos pelas duas pessoas que, a meu ver, mais mal fizeram ao Sporting em toda a sua História. O senhor presidente dava pelo nome de José Roquette e tinha um braço direito (supostamente vice-presidente) de seu nome Luís Godinho Lopes. Bela dupla, não? Quanto ao nosso “homem do leme” no que toca às questões futebolísticas propriamente ditas, era um croata de 58 anos, oriundo dos argentinos “Newell’s Old Boys” (onde não fez um trabalho espantoso), mas contava com um palmarés bastante interessante. Mirko Jozic (era assim o seu nome) haveria sido o treinador vencedor do Mundial FIFA Sub-20 em 1987, pela já extinta selecção da Jugoslávia (um bom indício para um clube tradicionalmente formador como é o Sporting); em 1991 levou para casa a prestigiante Copa Libertadores como timoneiro dos chilenos do Colo-Colo, assim como a Supertaça Sul-Americana em 1992; e, já por diferentes territórios, arrecadou a Supertaça Asiática, como treinador do Al Hilal da Arábia Saudita. Antes de chegar a Alvalade, Mirko Jozic passou também pela selecção chilena, pelo América, do México, e pelo Hajduk Split, da Croácia. Um caso raro de um croata com uma carreira praticamente toda feita no futebol sul-americano.
Segundo me recordo (e que não me traia o fanatismo), Mirko Jozic colocou a equipa do Sporting a jogar um futebol bastante perfumado e atraente, com grande influência da fornada de atletas sul-americanos que com ele viajou para Alvalade: Aldo Duscher, Marcos, Julián Kmet, Facundo Quiroga, Gabriel Heinze (que viria a tornar-se uma estrela no colosso Man United) e Alberto Acosta (um futuro ídolo leonino). Estes jogadores vieram juntar-se a Marco Aurélio, Nenê, Vinícius, Edmilson, Juan Viveros (promovido do satélite Lourinhanense), Bruno Giménez, César Ramírez e Leandro Machado… O que perfazia um total de 13 jogadores sul-americanos no plantel! Tal facto, a meu ver, trespassou bastante para o futebol leonino: tal como um futebolista sul-americano, o Sporting transpirava magia, mas também inexperiência e falta de consistência.
A qualidade do plantel e também esta falta de consistência provocaram algo que nunca é bom: a inexistência de um “onze base” ao longo de toda a época. Desde a baliza ao lugar mais avançado do terreno, muitas foram as trocas durante a época de Mirko Jozic: Tiago foi titular durante quase toda a época; porém, a seis jornadas do fim da temporada e depois de uma derrota frente ao Alverca, Nélson assumiu a baliza; na lateral direita, Abdelilah Saber assegurou o lugar, tal como Beto no centro da defesa, alternando de parceiro entre Marcos e Marco Aurélio; na lateral esquerda a luta entre Rui Jorge, Vinícius, Heinze e Nuno Valente não tinha fim. No meio-campo, Duscher, Delfim, Bino e Vidigal alternavam no centro do terreno, com as alas a ficarem quase sempre a cargo de Simão Sabrosa (nunca pensei escrever este nome num artigo meu) na esquerda, e de Edmilson ou Pedro Barbosa na direita. A frente de ataque talvez tenha sido um dos maiores problemas deste Sporting: o nosso amado Iordanov teve uma época satisfatória, apontando 13 golos em 29 jogo; porém, não foi suficiente para fazer a diferença. Krpan, um jovem avançado croata que foi aposta pessoal do treinador, fez 27 partidas e uns escassos 3 golos. Leandro Machado era o Balotelli de Alvalade (pelos piores motivos), embora recorde um grande golo de pontapé de bicicleta do brasileiro. O nosso “El Matador” Beto Acosta só se afirmou na época seguinte (e bem), tendo feito apenas também três golos em 1998/1999.[/caption]
No fim das contas não foi suficiente: por culpa da inexperiência do plantel e de uma série de arbitragens vergonhosas, arrecadámos o 4º lugar pelo segundo ano consecutivo, e Jozic abandonou o comando leonino… mas isso é irrelevante. A magia de um clube como este está em apaixonar, em cativar, em empolgar, em emocionar, ano após ano, mais e mais crianças de oito anos como eu ou o meu primo… mesmo com maus resultados. Está em criar “doidinhos” pelo clube, que, passados 13 anos, recordam com pormenor a época em que se apaixonaram pela essência leonina. É isto. É por isso que amo este clube, porque somos o passado, somos o presente e seremos o futuro. Porque somos únicos. Porque somos o Sporting.
Terça à noite é sinónimo de Champions League. Esta foi mais uma jornada da liga milionária que tinha como cartaz dois grandes jogos: AC Milan vs Barça e Arsenal vs Borussia Dortmund. Em Itália, AC Milan e Barcelona lutavam pela liderança do grupo H. Robinho colocou os italianos na liderança do marcador logo aos 9 minutos, mas aos 23 o inevitável Messi voltou a marcar e a dar o empate aos catalães, o que durou até ao final do jogo. O Barça continua na liderança, com 7 pontos, e o Milan logo atrás, com 5 pontos, mas com tudo em aberto, ainda. Na Escócia, o Celtic pode ter dado um passo importante na luta pela Liga Europa ao derrotar o Ajax por 2-1, com golos de James Forrest e Beram Kayal. O golo de honra foi marcado por Lasse Schone. Os escoceses estão no 3ºlugar do grupo H.
Lewandowski deu a vitória ao Borussia Dortmund / Fonte: pt.uefa.com
O outro grande jogo da jornada ocorreu em Londres. No grupo F, o Borussia Dortmund, sem Klopp no banco por estar castigado, foi aos Emirates derrotar o Arsenal por 2-1. Os londrinos foram mais fortes, mas Mkhitaryan e Lewandowski deram a vitória aos alemães. Giroud ainda empatou para o Arsenal, num lance onde o guarda-redes do Borussia ficou mal na fotografia.
Em Marselha, o Nápoles não quis deixar escapar Borussia e Arsenal na luta pelos oitavos e venceu os franceses por 2-1. Callejon e Zapata marcaram para os italianos; André Ayew reduziu para os franceses, que ainda não têm nenhum ponto no grupo. A luta pela qualificação no grupo F está intensa, com Arsenal, Borussia e Nápoles com 6 pontos.
Torres e Hazard deram a vitória a Mourinho / Fonte: pt.uefa.com
No grupo E, o Chelsea mostrou que a derrota frente ao Basileia na jornada inaugural foi apenas um acidente. Num estádio onde Mourinho já foi muito feliz, o Chelsea venceu o Schalke 04 por 3-0 e apanhou os alemães na liderança. Fernando Torres – por duas vezes – e Hazard fizeram os golos dos ingleses.
Na Roménia, o Steaua alcançou os primeiros pontos, ao empatar com o Basileia a uma bola. Marcelo Diaz colocou os suíços em vantagem, mas o ex-Beira Mar Leandro Tatu marcou já perto do fim. O Basileia atrasa-se na luta pelos oitavos, ocupando o 3ºlugar. Em Viena, o Atlético confirmou o bom momento pelo qual passa, ao vencer o Áustria por 3-0. Diego Costa foi, mais uma vez, a figura do jogo, ao bisar na partida; o outro golo foi marcado por Raul Garcia. Os espanhóis são lideres destacados do grupo G, com 3 vitórias em 3 jogos.
• Um olhar sobre os ‘’não-grandes’’ que ficaram na metade inferior da tabela classificativa na época transata e também sobre os clubes promovidos.
Vitória de Guimarães: A figura de destaque da equipa vimaranense é, sem dúvida, o seu treinador, Rui Vitória. O ano passado, com o objetivo da permanência garantido bem cedo, o Vitória conseguiu ainda arrecadar a Taça de Portugal frente ao S.L. Benfica. Este triunfo conseguiu levar a equipa para a fase de grupos da Liga Europa.
Este ano, o Guimarães segue em boa forma no campeonato, com dez pontos. Na Liga Europa é líder do seu grupo e já mostrou ser um candidato a passar à próxima fase, ao contrário do que se pensaria devido à presença de Bétis e Lyon no seu grupo.
Com poucas mexidas no plantel principal e, principalmente, com a afirmação do ponta de lança Maazou, pode e deve esperar-se um Vitória de Guimarães com objetivos que passem por fazer melhor do que a época passada – apesar da conquista da Taça, o 9º lugar parece ter ficado aquém das expetativas vimaranenses.
Maazou, o ponta-de-lança vimaranense (de branco) / Fonte: http://www-org.rr.pt
Marítimo: A principal deceção da época passada. Com objetivo claro de ficar num dos lugares que dão acesso à Liga Europa, o Marítimo ficou a sete pontos desse patamar, num modesto 10º lugar, o que já não acontecia desde 2006/2007, quando a equipa terminou o campeonato no 11º posto.
Mesmo assim, o presidente maritimista, Carlos Pereira, decidiu manter Pedro Martins no comando técnico da equipa. As coisas continuam sem correr bem; em sete jogos, a equipa de Pedro Martins soma quatro derrotas e é a segunda pior defesa da prova. Os dois próximos jogos, contra Estoril e Sporting, podem ditar uma série negra de cinco derrotas consecutivas (caso percam os dois jogos). Fim da linha para Pedro Martins?
Académica: Desde 2010/2011 que os ‘’estudantes’’ são crónicos candidatos à descida de divisão; apesar de uma presença na Liga Europa graças à vitória na Taça de Portugal frente ao Sporting em 2011/2012, a equipa hoje comandada por Sérgio Conceição tem garantido a manutenção nas jornadas finais do campeonato. Este ano, parece querer provar o mesmo.
A equipa de Coimbra apenas tem cinco pontos e é o pior ataque do campeonato, com apenas três golos marcados. As saídas de Wilson Eduardo, Edinho, Saleiro e Cissé deixaram mossa na equipa, e as escolhas de Sérgio Conceição para colmatar os lugares deixados vagos por estes jogadores ainda não se provaram acertadas.
Certo é que o presidente João Eduardo Simões quer ver o seu clube noutras posições da tabela, e o técnico Sérgio Conceição pode ser um dos próximos treinadores da 1ª liga a abandonar o comando da sua equipa.
Vitória de Setúbal: Os setubalenses foram os primeiros a trocar de treinador. Após os maus resultados, José Mota abandonou o comando técnico e entrou José Couceiro.
O objetivo passa por fazer um campeonato tranquilo; com José Mota, a equipa marcou muitos golos (dez ao todo), mas também sofreu muitos (17 no total). Os cinco pontos conquistados não foram suficientes para José Mota continuar no cargo e, com Couceiro, o presidente, Fernando Oliveira, espera voltar às vitórias já nesta próxima jornada, contra o Belenenses.
De destacar apenas dois reforços que têm sido a salvação da equipa, Rafael Martins e Ramón Cardozo. Os dois juntos somam cinco golos e são as principais armas dos setubalenses para conseguirem a manutenção nesta temporada.
José Couceiro, novo técnico do Setúbal / Fonte: svpn.blogspot.com
Gil Vicente: Após uma época em que o Gil Vicente conseguiu a manutenção por apenas um ponto, a saída de Paulo Alves e a consequente entrada de João de Deus aparentam ter sido um milagre para os gilistas.
Ora vejamos: na época transata o Gil Vicente conquistou 25 pontos, 15 dos quais em casa. Esta época, com apenas sete jogos, a equipa já amealhou 11 pontos, dez dos quais em casa. Por estes números, podemos esperar um Gil a pensar noutros ‘’voos’’ esta época. O novo técnico já mostrou não estar para brincadeiras e até ‘’correu’’ com um dos reforços mais sonantes para esta época, o internacional ganês Dramam.
Mas nem tudo é um ‘’mar de rosas’’ em Barcelos; a equipa já deixou escapar cinco pontos nos tempos de desconto – perdeu contra o Benfica por 2-1 com golos aos 91 e 92 minutos e empatou com o Olhanense, encaixando um golo aos 92 minutos. Estes pontos colocariam o Gil Vicente num incrível 3º lugar.
Olhanense: Tal como o Gil Vicente, o Olhanense salvou-se da despromoção por apenas um ponto. Isidoro Sousa não gostou da época e engendrou uma autêntica revolução na equipa do Algarve.
Entrou um treinador estreante nestas lides, Abel Xavier, e com ele vieram 22 novos jogadores para o plantel, composto por 27 atletas. As 13 nacionalidades presentes na equipa de Olhão não são problema para o poliglota Abel Xavier.
O começo de época está um pouco aquém, mas não se pode pedir muito mais a um estreante com uma equipa totalmente renovada e com uma média de idades no plantel de 24 anos. Mas não é esta a opinião dos adeptos que exigem muito mais da equipa, equipa que, apesar de nova e sem entrosamento, dispõe de alguns internacionais, o que pressupõe qualidade.
A frustração dos adeptos vai para além dos maus resultados; isto porque a Liga decidiu que os jogos do Olhanense decorrerão no Estádio do Algarve, em vez de decorrerem no Estádio José Arcanjo. A massa associativa já mostrou a sua indignação via carta para a Liga e está em vista a marcação de uma manifestação no Porto, à porta das instalações da mesma.
Belenenses: O campeão da II liga do ano passado com 96 pontos, 28 a mais do que os necessários para subir de divisão, apresenta-se este ano na Liga Zon Sagres com objetivo de voltar às grandes vitórias nos grandes palcos.
O começo de época, apesar de não estar a ser tão bom quanto os adeptos desejariam (tendo em conta a senda vitoriosa do ano passado), está a ser regular. Sete pontos em outros tantos jogos deixam a equipa de Belém no 10º lugar da tabela.
Relembremos que a equipa sofreu uma mudança forçada na equipa técnica: por problemas de saúde, Mitchell Van der Gaag saiu, o que obrigou a equipa a adaptar-se ao novo técnico Marco Paulo.
Para uma equipa acabadinha de ascender à primeira liga, é de louvar o facto de 16 dos seus jogadores serem portugueses.
Arouca: Para resumir em poucas palavras o trajeto desta equipa da pequena vila de Arouca – com apenas 6 mil habitantes -, há que dizer o seguinte: em 2006/2007 estava na distrital de Aveiro e no espaço de cinco épocas chegou ao principal escalão do futebol nacional.
Na época passada conseguiu a subida, com cinco pontos a mais do que o seu adversário direto Leixões, e mostrou que os sonhos comandam a vida. O sonho do presidente do clube era ver a sua equipa jogar na Liga Zon Sagres e isso concretizou-se com muito trabalho, dedicação, esforço e empenho.
O começo está a ser promissor; apesar de estar apenas dois pontos acima da linha de água, o Arouca está a ter um arranque tranquilo e até, imagine-se, ‘’mostrou os dentes’’ ao F.C. Porto.
O objetivo é apenas e só a manutenção, apesar da ambição de alguns reforços que querem ganhar títulos pelo Arouca.
Festa do Arouca na subida à Liga Zon Sagres. Fonte: fpf.pt
Fica assim feita a análise a todos os ‘’não-grandes’’ da Liga Zon Sagres, com o desejo de que continue a emoção a cada jogo e que estes ditos ‘’não grandes’’ possam causar supresas.
Caríssimo, não costumo dar títulos às minhas cartas. Mas esta, expressamente, teria de ter um. Sei que não és muito dado às questões sociológicas. Porém, neste caso, é imperioso que me auxilie delas para te explicar o desenvolvimento de um dos jogos mais espetaculares do mundo.
“O jogo é uma atividade geradora de prazer, que não se realiza com uma finalidade exterior a esta, mas sim por si mesma.” (J.C.Cultera). E é isso mesmo: o desporto em geral, e o basquetebol em particular, têm esta capacidade de nos criar alegria em crescendo, permitindo-nos ter reações que de outro modo não teríamos, e ter comportamentos que a nível social seriam altamente reprováveis. O basket, como jogo coletivo, é a consciência de ser do outro, mas de outro modo que não na vida corrente.
Assim, como defendia o evolucionismo, o basquetebol, sendo um desporto coletivo integrado na sociedade e com a sociedade, foi evoluindo em contato com esta. Já referimos que o número de jogadores foi diminuindo paulatinamente, mas também os sistemas defensivos (zona, homem ou misto) e atacantes. Claro que dentro destes há muitas nuances a serem exploradas. Sê-lo-ão, futuramente. Por fim, o mais importante: o jogo tornou-se muito mais rápido. E a nossa vida também não anda à velocidade da luz? Literalmente: a rotina, o levantar, comer, trabalhar (ou não), o ginásio, o constante tocar do telefone, o jogo marcado com os amigos e… tudo mais parece não fazer sentido. A vida evoluiu. O jogo também. Ficou veloz. A nossa vida é lesta. Passa rapidamente.
O jogo ganhou mais velocidade e ficou mais físico Fonte: bigcan.egloos.com
O desporto é o espelho de uma sociedade; dá para fazer o diagnóstico de ambos apenas olhando para um ou para outro. Segundo D. Blásquez, e desculpa-me por mais outra citação, “o desporto como fenómeno social não tem vida em si mesmo, não possui autonomia, é simplesmente o produto de uma cultura, de uma civilização ou, inclusivamente, de uma ideologia. De qualquer modo, o certo é que a sua evolução está subordinada à da sociedade.” Lewis Morgan (1818-1881), considerado um amigo dos índios e o mais notável autor evolucionista, publicou em 1877 A Sociedade Arcaica, onde esquematizava a evolução do Homem: selvajaria, barbárie e civilização. Terá o basquetebol tido o mesmo progresso? É uma forma bonita de finalizar esta carta.
P.S. – Viste o Benfica? Mais uma Supertaça para as vitrinas. Venceu o Vitória de Guimarães por 86-82; pode ser que tenha aprendido a lição da semana passada. Espero que esta cartinha chegue ao destino. Os correios andam mal, e vamos ver se não os vão tornar ainda piores. Mas não te apoquentes: tenho um pombo treinado de reserva.
O jogo com o Zenit era de extrema importância. O Porto precisava de assegurar três pontos para cimentar o segundo lugar no grupo. Com o Atlético de Madrid a fazer o pleno, até agora, com exibições de gala, as contas estão fáceis para os espanhóis. A corrida do grupo G é entre o Porto e o Zenit. Com a derrota, em casa, com o Zenit, as contas portistas estão complicadas. Em nove pontos possíveis o Porto apenas conseguiu três, contra a equipa teoricamente mais fraca.
Paulo Fonseca lançou dois jogadores no onze inicial portista: Licá e Herrera. No jogo da terceira jornada, Licá mostrou ser uma aposta boa, enquanto Herrera foi um desastre. Na prática, o Porto começou e acabou o jogo com um homem a menos. A expulsão aos 6 minutos de Herrera condicionou, e muito, a exibição dos homens de Paulo Fonseca. A expulsão de Herrera surge numa decisão peculiar do árbitro italiano: a primeira falta, que impede um contra-ataque perigoso, é para amarelo; tanto o jogador como os espectadores ainda devem estar a matutar sobre qual foi a razão para o segundo amarelo.
Mesmo com dez homens, o Porto mostrou, na primeira parte, bom futebol, apoiado em intensidade e propósito. Num 4-3-3 falso, com Licá a surgir como um segundo-avançado e Josué a descer no terreno para zonas mais próxima de Lucho, Lucho foi instrumental. As transições do Porto dependeram dos movimentos e passes de Lucho; sempre apoiado por Fernando e Josue, Lucho teve a liberdade de se movimentar dentro de campo à vontade. Cada ataque passou pela batuta de El Comandante.
Numa primeira parte forte, é de salientar o grande desempenho de Fernando. O médio brasileiro mostrou grande classe e raça nos vários desarmes que protagonizou durante todo o encontro. Uma coisa é certa: se Lucho tem marcado o poderoso remate que fez à baliza do Zenit, o rumo do jogo teria sido bastante diferente. No entanto, não existem “ses” no futebol. Com um F.C.Porto a dominar, o Zenit foi literalmente salvo pelo intervalo.
Hulk jogou contra a sua antiga equipa / Fonte: Reuters
Na segunda parte, o jogou mudou drasticamente de figura. A equipa russa mostrou-se mais agressiva, com mais vontade e maior força no meio-campo. A dura batalha travada na primeira parte começou a pender para o lado russo, sobretudo com a ascensão de Fayzulin e Shatov. Os dois médios foram capazes de segurar o meio-campo portista e inverter a maré de posse de bola portista. Liderado pela explosão de Hulk, de regresso ao estádio do Dragão, o Zenit começou por fim a aproveitar a vantagem numérica. Dependente dos piques de Licá, e, mais tarde, de Varela, o Porto aproximou-se do final da partida a afastar bolas da grande área com balões directos aos jogadores russos.
Luciano Spalletti mexeu bem. Ao colocar Kerzhakov, obrigou o Porto a colocar marcações fixas num homem dentro da área. A veia goleadora de Kerzhakov mostrou-se. Na primeira- e única – oportunidade que teve ao seu dispor, o russo não perdoou e com um ligeiro toque de cabeça colocou a bola no fundo das redes de Hélton.
O Porto não está afastado da próxima fase da Liga dos Campeões. O jogo da terceira jornada mostrou que o Porto é capaz de se bater, e possivelmente vencer, o seu mais próximo adversário. Num grupo que está a ser dominado por um Atlético de Madrid demolidor, faltam três jogos ao Porto. Para garantir a passagem, o Porto não pode perder nem mais um ponto. Será curioso ver a forma como a equipa de Madrid vai gerir o último encontro. No futebol não é boa ideia fazer previsões, mas, na minha opinião, o grupo será decidido na última jornada. Vai depender do Porto roubar pontos em Madrid ou arrumar as malas e partir para a Liga Europa.
Aqui ficam as minhas pontuações:
F.C.Porto
Hélton: 7/10
Numa noite em que o maior adversário foi Hulk, o guardião brasileiro saiu vitorioso. Ficou várias vezes com as luvas a escaldar devido às bombas que Hulk tentou colocar no fundo da sua baliza. Teve um momento brilhante quando aos 56 minutos impediu o golo de Hulk, com uma defesa do outro mundo. Sem qualquer hipótese no golo do Zenit.
Danilo: 5/10
O Lateral brasileiro passou despercebido durante todo o jogo. Muito condicionado pelos avanços pelo flanco de Ansaldi, Danilo poucas vezes subiu no terreno para causar desequilíbrios. Seguro defensivamente conseguiu “secar” Danny, que estava numa noite má.
Otamendi: 4/10
Após uma primeira parte segura e sem grandes problemas – a não ser Hulk -, o central argentino desmoronou-se na segunda metade. Aos 68 minutos cometeu um erro do tamanho da Torre dos Clérigos ao deixar Hulk isolado frente a Hélton. A partir desse incidente, nunca mais pareceu confiante.
Mangala: 6/10
Conseguiu segurar Hulk na primeira parte, com algum esforço. Mostrou-se muito forte nas bolas aéreas e conseguiu colocar Arshavin fora do jogo do Dragão. Na segunda parte, a par de Fernado, tornou-se o porto seguro da defesa do Porto, com vários cortes determinantes que adiaram o golo russo.
Alex Sandro: 6/10
Dos melhores elementos na primeira parte portista, o lateral portista esteve bastante presente nas acções ofensivas pela esquerda. Muito mais atrevido do que Danilo, foi uma boa solução para quando Licá fazia os desvios para o meio. Tentou um remate com o pior pé, sem êxito.
Fernando: 7/10
O melhor jogador em campo do lado portista. Com várias intervenções e cortes de grande qualidade no meio-campo, foi uma grande mais-valia durante o jogo todo. O Polvo esticou, e bem, os seus oitos braços. Conseguiu impedir a maior parte das investidas russas e foi uma verdadeira parede intransponível.
Herrera: 1/10
Sem tempo para mostrar futebol, foi expulso numa decisão peculiar do árbrito. Primeiro amarelo claro, após entrada dura sobre Hulk.
Lucho González: 6/10
Foi o grande comandante da ofensiva portista na primeira-parte. Esteve em todo o lado, tanto a defender como a atacar. Teve a batuta e a equipa a jogar com e para ele. Desapareceu, exausto, na segunda parte, face ao futebol de posse do Zenit. Substituído por Ghilas no período de desespero do Porto.
Licá: 6/10
Grande parte da ofensiva do Porto passou pelos pés do extremo do Porto. Enquanto teve pulmão, tentou rasgar as linhas do Zenit. Conseguiu desequilibrar, durante o melhor período do Porto. Esbarrou em Smolnikov, no corredor esquerdo. Saiu para dar lugar a Varela na segunda parte.
Josué: 5/10
Paulo Fonseca lançou Josué na expectativa de preencher tanto a ala direita como o meio-campo. Não pôde fazer uso da sua qualidade técnica e grande passe. Muito apagado dentro do meio-campo portista. Saiu para dar lugar a Defour, no minuto 74.
Jackson Martinez: 6/10
O grande sacrificado da noite. Com a expulsão de Herrera, perdeu um apoio no seu jogo. Ficou perdido no meio dos centrais do Zenit. Tentou, tentou e tentou, mas não foi capaz de impor o seu jogo. Exausto, apenas conseguiu um remate digno de destaque, perto do final da partida.
Varela: 6/10
Entrou na segunda parte para render Licá. Conseguiu mexer no jogo e mostrou-se numa boa forma. Sem apoio por parte dos colegas, era apenas um a remar contra a maré. Tornou-se a única fonte de perigo do lado do Porto. Esteve perto do golo, mas a barra impediu-o de fazer um golo de grande efeito.
Steven Defour: 4/10
Paulo Fonseca trocou Josué por Defour para tentar ganhar consistência e poder de choque no meio-campo. O belga não foi capaz de se impor perante a posse de bola russa e foi envolto no jogo do Zenit.
Ghilas: 2/10
Entrou após o golo do Zenit, numa tentativa de fazer a diferença; sem tempo para fazer a diferença, não acrescentou nada ao jogo. Quase sem tocar na bola.
Zenit
Lodygin: 6/10
Noite tranquila para o guardião russo. Num jogo em que foi salvo pelos postes nas duas melhores oportunidades do ataque do Porto, apenas teve de se aplicar na parte final do jogo. Defende a vantagem russa com uma excelente defesa a remate de Varela. Valeu dois pontos.
Smolnikov: 6/10
Claramente um jogador de contenção. Dotado de um físico possante, focou-se em fechar o flanco esquerdo do ataque do Porto. Muito contido e reticente nos momentos de avançar no terreno. Substituído por Criscitto na parte final do jogo.
Luís Neto: 7/10
O melhor defesa do lado do Zenit. Conseguiu colocar Jackson num grande aperto por espaço. Muito seguro nas bolas altas e no posicionamento. Uma boa exibição do central internacional português.
Lombaerts: 6/10
Não teve a melhor das noites no Dragão. Com algumas intercepções fora de tempo, apoiou Neto no corte do ataque do Porto. Quando confrontado por Jackson, teve dificuldades em acompanhar o colombiano.
Ansaldi: 6/10
Muito ofensivo ao longo da partida, o argentino esteve em muitas incursões pelo lado esquerdo do ataque do Zenit. Provocou problemas a Danilo, impedindo o lateral portista de subir no terreno. Facilitou na jogada em que Varela ganhou a linha e conseguiu rematar à baliza de Lodygin.
Shatov: 6/ 10
O melhor elemento do meio-campo russo. Discreto na primeira parte, face ao maior domínio do Porto. Surgiu na segunda parte a compensar e a equilibrar o ritmo do Zenit. O médio, de 23 anos, subiu bastante de rendimento após o descanso.
Shirokov: 5/10
Não foi o mesmo jogador que tem mostrado ser ao longo da época. Indiscutivelmente um dos mais influentes desta equipa do Zenit, esteve muito apagado ao longo do jogo. Apareceu na segunda parte mas não mostrou a grande qualidade que tem. Saiu para dar o lugar a Zyrianov.
Fayzulin: 6/10
O médio russo foi quase um jogador invisível. Fez o que lhe era pedido – ser um médio de contenção que tentasse apoiar Shirokov -, sem grandes alaridos. Um trabalho cirúrgico que resultou na maior posse de bola no segundo tempo.
Danny: 4/10
Um jogo para esquecer para Danny. O luso-venezuelano não entrou bem, não esteve bem e não acabou bem. Numa época em que tem sido a grande estrela do Zenit, surge no estádio do Dragão sem brilho. Tentou investidas sem sucesso e foi facilmente domado pelos defesas do Porto.
Arshavin: 5/10
Não conseguiu jogar da forma de que gosta. O médio russo, ex-Arsenal, teve sempre a forte oposição da dupla Mangala-Alex Sandro. Está a subir de forma, mas ainda não se dá bem com uma defesa bem organizada. Na segunda parte, o internacional russo despareceu até ser substituído, aos 72 minutos, pelo compatriota Kerzhakov.
Hulk: 8/10
Em noite de regresso a casa, o brasileiro mostrou que ainda sabe jogar bem no Dragão. Sem dúvida o melhor em campo na equipa russa, foi, ao longo do jogo, o homem mais perigoso do Zenit. Procurou o golo através de vários remates que queimaram as mãos de Hélton. É dele a assistência para o golo de Kerzhakov. Um regresso feliz ao Dragão.
Zyrianov: 5/10
O veterano Zyrianov entrou numa altura em que o Zenit começava a subir de rendimento. Utilizou a sua experiência para dar ao meio-campo russo consistência e segurança na altura de manter a posse de bola. Fez o que teve de fazer.
Kerzhakov:6/10
A segunda aposta de Luciano Spalletti acabou por ser a mais feliz. Entrou para o lugar de um Arshavin em sub-rendimento e foi feliz. Bastante discreto, sem criar grande oportunidade, teve a veia de goleador para colocar na cabeça a bola cruzada por Hulk, para fazer o único golo da noite. Goleador nato.
Criscito: 4/10
Entrou perto do fim, para defender o resultado. Rendeu Smolnikov e passou Ansaldi para o lado direito. Sem tempo para mais.