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Futebol de Formação: UEFA Youth League

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UEFA Youth League 2013/14, originalmente intitulada como o Campeonato Sub-19 da Liga dos Campeões, é a primeira edição deste tipo de torneio, sendo disputada pelas equipas de juniores  dos 32 clubes europeus que se classificaram no escalão de seniores para a fase de grupos. Tal como o próprio nome indica, é uma versão bastante idêntica à prova europeia mais importante a nível dos clubes. As equipas da UEFA Youth League vão jogar numa fase de grupos com o mesmo calendário e com os mesmos emblemas do escalão sénior.  Deste modo, os representantes portugueses são o S.L. Benfica e o F. C. Porto.

Comecemos pelo Centro do país. O S.L. Benfica já fez quatro dos jogos do seu calendário para este torneio europeu e a sua participação tem sido motivo de orgulho para Portugal. No primeiro jogo, venceu por 3-0 o Anderlecht, com uma prestação ao mais alto nível. No segundo jogo, visitou o Stade Montbavron, em Versalhes, e venceu por 4-1 o Paris Saint-Germain (PSG), mostrando um forte colectivo. Recebeu, depois, o Olympiacos, e, apesar do empate final (0-0), a equipa da casa esteve inúmeras vezes perto de assumir vantagem no marcador, mostrando superioridade em relação ao seu adversário. Esta superioridade viria a revelar-se no quarto jogo, com uma viagem a Atenas e mais uma vitória (0-1), a qual coloca a equipa portuguesa  no 1º lugar do Grupo C, com 10 pontos e com cinco de vantagem para o 2º classificado (PSG). O S. L. Benfica encontra-se, assim, a um pequeno passo do apuramento para a fase seguinte da competição.

A equipa do Norte de Portugal, ao contrário do S.L. Benfica, actual campeão nacional de juniores, não entrou com o pé direito na competição, ao perder por 3-0 com a equipa de Áustria de Viena. Porém, a equipa portuguesa redimiu-se ao ganhar por 3-1 ao Atlético de Madrid, mostrando a sua grande qualidade ofensiva. No terceiro jogo, ao receber o Zenit no Centro de Estágio do Olival, em Vila Nova de Gaia, o resultado final de 2-2 foi espelho da igualdade competitiva entre ambas as equipas. Contudo, o F.C. Porto, ao deparar-se novamente com esta equipa, desta vez em campo desconhecido, demonstrou a sua superioridade e venceu por 1-2. Desta forma, a equipa portuguesa igualou no 1º lugar do Grupo G, com 7 pontos, Áustria de Viana e Atlético de Madrid, o que, a duas jornadas do final desta primeira fase, deixa tudo em aberto quanto ao apuramento.

Esta réplica da Liga dos Campeões permite que os jogadores da formação sigam as pisadas das respectivas equipas principais ao longo da fase de grupos. Ao viajarem juntamente com os seniores, têm a possibilidade de interagir com os jornalistas e de assistirem aos jogos nos grandes estádios da Europa, disfrutando de experiências que são fundamentais para o seu desenvolvimento dentro e fora de campo.  O futebol português, através desta experiência, ganha a capacidade de aperfeiçoar a sua cultura futebolística, uma vez que os jovens jogadores ganham o hábito de competir duas vezes por semana, acabando eles próprios por atingir um nível mais elevado de exigência. Nesta competição, os jogadores portugueses têm a hipótese de jogar contra outros jogadores europeus de elite da sua faixa etária. Defrontar equipas dos principais emblemas europeus fomenta o desafio pessoal dos jogadores lusos, motivação extrínseca superior à que encontram para a disputa do campeonato nacional. Se esta competição  impulsiona os atletas portugueses a evoluírem no seu estilo de jogo, também funciona como uma mais valia cultural, pois proporciona a oportunidade de estes conhecerem novos países e novas culturas.

Actualmente, o objectivo dos diversos clubes europeus encontra-se centralizado em descobrir talentos em idades cada vez mais precoces, o que faz com que este tipo de torneios acabe por ser um impulsionador para que os jogadores portugueses ganhem boa imagem no estrangeiro e, quem sabe, obtenham também convites para integrar plantéis que possam oferecer melhores condições. O futebol português tem algumas debilidades, a maior parte delas relacionadas com a menor dimensão do país, que não o permite equiparar-se às maiores economias europeias. Clubes da 2ª divisão de Inglaterra, de Espanha, de Inglaterra, da Suíça, da Alemanha, ou de outros países onde se encontram muitos futebolistas nacionais, oferecem melhores condições financeiras do que clubes nacionais de segundo plano. Jogadores da formação lusa que não chegam à Selecção Nacional, têm, aqui, uma oportunidade de se exporem aos contactos internacionais e de participarem em competições ao mais alto nível.

O facto de Portugal ser palco destas disputas da UEFA Youth League, nomeadamente no Caixa Futebol Campus (Seixal) e no Centro de Estágio do Olival (Vila Nova de Gaia), proporciona a oportunidade de jogadores de futebol de formação portugueses e de os amantes de futebol em geral terem contacto com a realidade do futebol praticado na Europa e tirarem dessa experiência o melhor proveito.

Será este pequeno país de 10.555.853 habitantes, capaz de se tornar gigante e conquistar o troféu Lennart Johansson? A final da UEFA 2014 Youth League está agendada para dia 14 de abril de 2014 e terá lugar no Estádio Colovray, em Nyon, na Suíça. Veremos nessa altura em que lugar se encontra o nosso futebol de formação na Europa.

Arbitragens, um problema antigo

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O Sexto Violino

Quem viu o jogo com o Marítimo, no último fim-de-semana, pôde observar duas coisas: em primeiro lugar, ficou claro que o Sporting tem, ao contrário do que acontecia em anos anteriores, capacidade para virar um jogo que não lhe está a correr favoravelmente; em segundo lugar, continua a ser uma evidência que o futebol português continua a ser dominado, sem qualquer margem para dúvidas, por clubes que não o Sporting.

Dito isto, vou estabelecer aqui um ponto prévio que não deveria ser necessário mas que muitas vezes um sportinguista que critique o chamado “sistema” se sente quase obrigado a fazer, para que as suas palavras não sejam mal interpretadas: não quero, como estou certo de que a esmagadora maioria dos sportinguistas também não quer, que o Sporting substitua o Porto enquanto clube do sistema. Desejo apenas ver aquilo que nunca vi desde que acompanho o futebol português: que haja um campeonato sem casos, nomeadamente casos que beneficiam e prejudicam sempre os mesmos. Mas, a julgar pelo jogo de sábado, essa realidade está ainda muito longe de acontecer.

As faltas a meio-campo, aparentemente inocentes mas que condicionam o jogo e que iam sendo sancionadas ao Sporting e perdoadas ao adversário, permitiram perceber desde cedo que a arbitragem de Bruno Esteves iria ser, na perspectiva dos sportinguistas, no mínimo irritante. Se tivesse oportunidade para fazer algo mais, fá-lo-ia. E teve. O penalti do Marítimo, a agressão a Capel, o lance (duvidoso, é certo) que o guarda-redes forasteiro defende no limite da linha de baliza e o penalti por assinalar após mão na bola do jogador adversário a remate de William Carvalho confirmaram a má-fé do juiz da partida, assinalando tudo o que podia contra o Sporting.

"Bruno Esteves foi o árbitro de mais um jogo em que o Sporting teve muitas razões de queixa no seu próprio estádio / Fonte: http://perlbal.hi-pi.com/
“Bruno Esteves foi o árbitro de mais um jogo em que o Sporting teve muitas razões de queixa no seu próprio estádio / Fonte: http://perlbal.hi-pi.com/

Um sportinguista já viu jogos suficientes para perceber que os erros dos árbitros são muito mais do que meros dias infelizes que toda a gente tem direito a ter. As más decisões são muitas vezes fruto de um futebol viciado, que continua a ser dominado pelo Porto, e é bom que todos tenhamos isso bem presente. Posto isto, vale a pena assinalar o longo caminho que o Sporting de Bruno de Carvalho tem ainda a percorrer – não no sentido de destronar e substituir o Porto enquanto principal agente dos bastidores do futebol português, como já disse, mas sim com o objectivo de fazer com que o Sporting volte a ganhar o respeito e o poder de decisão que perdeu. Porque, apesar de tudo, não podemos esquecer que uma parte importante daquilo que se passa no futebol português é decidida nos corredores, e há que estar atento para que as manobras que se tem passado nos últimos 30 anos não sejam em breve mais do que uma simples memória.

Daqui a três dias joga-se o maior dérbi do futebol português, que vale a continuidade na Taça de Portugal. O adversário que nos calhou em sorte não poderia ser mais complicado, mas acredito que o Benfica pense o mesmo de nós. Em termos estatísticos, dificilmente o clube da Luz perde dois jogos seguidos, pelo que caberá ao Sporting contrariar essa tendência e conseguir ultrapassar este obstáculo. Por outro lado, a parte positiva de jogar contra o velho rival, ainda para mais fora de casa, é que os adeptos serão compreensivos perante uma eventual derrota – que, contudo, nunca será bem-vinda. É por isso que a equipa vai ter de dar o melhor de si, de preferência corrigindo erros tanto na defesa como a nível de agressividade que foram visíveis no jogo recente com o Porto. O resultado é, como sempre acontece nestes jogos, imprevisível, mas a maior invasão de adeptos sportinguistas à Luz em muitos anos pode ajudar a empurrar a equipa para a vitória.

Zenit 1-1 FC Porto: Desfecho justo

Pronúncia do Norte

Após um empate com uma exibição sofrível no último fim-de-semana, e com a imperiosa necessidade de vencer o encontro de hoje para manter intactas as aspirações à passagem aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, esperava-se que o FC Porto entrasse forte e determinado no jogo de hoje. Foi o que aconteceu. A primeira parte foi completamente dominada pelo FC Porto.

Como se adivinhava, o Zenit apresentou-se na expectativa, com as linhas recuadas, apostando essencialmente no contra-ataque para causar mossa. A verdade é que raramente chegaram com perigo ao reduto azul e branco.
Durante o primeiro tempo, os portugueses jogaram permanentemente no meio-campo adversário, imprimindo uma intensa pressão alta e trocando a bola com critério, apesar da boa organização defensiva dos russos. A maior parte dos duelos no meio-campo foram ganhos pelos dragões. Jackson, Varela, Lucho, Josué, Danilo e Defour – todos eles ameaçaram a baliza de Lodigin durante os primeiros quarenta e cinco minutos, o que demonstra o volume ofensivo do FC Porto durante este período.

À passagem do minuto 27, a cruzamento de Danilo, Lucho deu vida ao ditado “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” e, de cabeça, fez balançar as redes do Zenit. Porém, três minutos depois, os adeptos portistas experimentaram um penoso déjà vu: tal como no jogo anterior, uma inexplicável desconcentração defensiva permitiu ao adversário chegar ao empate. Desta vez, o erro foi de Helton, que demorou a reagir a uma bola perdida na entrada da área e, perante a incredulidade de Alex Sandro, permitiu ao incrível Hulk ganhar em antecipação e finalizar sem dificuldade.

El Comandante, pelo golo e pela serenidade que emprestou à equipa em cada movimento, esteve em destaque na primeira parte. Tomou quase sempre as melhores decisões e endossou a bola com mestria. Também Josué, pela capacidade técnica, qualidade de passe, facilidade de remate e, acima de tudo, pela disponibilidade táctica que apresentou para oscilar entre a ala e o centro do terreno, baralhando as marcações contrárias, foi um dos elementos em maior evidência.

Lucho, em destaque na primeira parte / Fonte: Abola
Lucho, em destaque na primeira parte / Fonte: Abola

Na segunda metade, o jogo mudou. O Zenit entrou com uma estratégia diferente – o que, de resto, era previsível – e foi mais ambicioso na procura do golo: passou a defender mais à frente, condicionando a primeira fase de construção do ataque portista; passou a recuperar mais bolas no meio-campo do FC Porto e procurou incutir mais largura e velocidade na hora de atacar.

A disponibilidade física e mental dos jogadores foi decrescendo progressivamente e o Zenit foi criando cada vez mais perigo. De resto, a grande ocasião do Zenit na segunda parte resultou de mais uma falha inexplicável da defesa portista: Otamendi – desastrado, hoje, de novo – passou a bola a Hulk e o brasileiro fugiu, disparado, em direcção à baliza. No momento do remate, Otamendi fez um carrinho e cortou a bola com o braço, oferecendo um penalty aos russos. Felizmente, o ex-FC Porto claudicou na cobrança do castigo máximo e permitiu a redenção de Helton, que agarrou o empate.

Com Lucho e Josué sem o mesmo tempo para executar e sem o gás da primeira parte, o FC Porto voltou a sentir algumas dificuldades em ligar o seu jogo e a circulação de bola perdeu fluidez. A falta de soluções disponíveis para o centro do terreno (Quintero lesionado; Herrera castigado e Carlos Eduardo não inscrito) acabou por condicionar a acção de Paulo Fonseca a partir do banco. O técnico portista só fez a primeira substituição à entrada para o último quarto de hora: Licá substituiu Josué, numa altura em que a transição rápida era a única solução para chegar à área adversária. A cinco minutos do fim, o treinador decidiu fazer Ghilas entrar para o lugar de Lucho, em desespero, como tem sido habitual – uma decisão que, na minha perspectiva, pecou por tardia. O argelino só tem entrado quando o final se aproxima e nunca tem tempo para criar real impacto no jogo.

Otamendi ofereceu um penalty a Hulk / Fonte: Maisfutebol
Otamendi ofereceu um penalty a Hulk / Fonte: Maisfutebol

A exibição esteve longe de ser má, todavia impunha-se mais acutilância e clarividência na última meia hora. O FC Porto podia ter marcado mais do que um golo, mas também podia ter saído derrotado deste jogo. O melhor em campo (e, acrescentaria, o melhor da época até agora) foi Fernando, que revelou um enorme empenho e apresentou um excelente desempenho.

Considerando que o domínio foi repartido – o FC Porto subjugou o Zenit na primeira parte e o Zenit partiu para cima do FC Porto na segunda -, o resultado acaba por se ajustar às incidências da partida. Os portistas ficam, agora, a depender de um escorregão do Zenit para chegar aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões.

O futebol que não é soccer

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cab NFL

Brown-Right-Over-73-Chicago-F-Arrow-X-Curl. Hein? Mandarim? Não. É uma possível jogada de futebol americano, o desporto que faz as pessoas que vivem nas terras do tio Sam não chamarem “football” ao futebol, sempre etiquetado “soccer”. Num misto de velocidade, inteligência, força e agilidade, esta que é uma das modalidades mais mediáticas do Mundo (quem não espreita o Superbowl?) tem tudo.

Antes de, para a semana, me debruçar sobre o que se tem passado no outro lado do Atlântico – já há tanto para dizer! – fica aqui uma radiografia para quem ainda não captou a fragrância do futebol americano. Para começar, há que entender um conceito básico: há jogadores para a defesa e jogadores para o ataque que, dentro da mesma equipa, não partilham o terreno em situação de jogo.

Os Seattle Seahawks de Russell Wilson (com a bola) estão entre os favoritos à conquista do título cbssports.com
Os Seattle Seahawks de Russell Wilson (com a bola) estão entre os favoritos à conquista do título
Fonte: cbssports.com

Por um lado, os 11 do ataque têm como objectivo ganhar terreno, seguindo o mesmo conceito do râguebi, e chegar ao touchdown, que vale seis pontos. Depois, tanto podem marcar mais um (o habitual) ou mais dois, mas a explicação fica para outras núpcias. Para arrancar, o ataque tem sempre quatro tentativas para ganhar 10 jardas, num campo de 100 jardas. Se não o fizerem ao fim de três, ou recorrem ao punt (um pontapé para a lua que devolve a bola aos adversários – mas lá longe) ou então arriscam, sob pena de perderem a posse de bola naquele exacto sítio.

Vamos ao outro lado. Na defesa, não há grandes dúvidas: impedir o touchdown a todo o custo e, se quiserem pôr a cereja no topo do bolo, roubar a bola ao ataque. Este último cenário, sempre tão festejado, pode acontecer quando há uma intercepção (um passe do quarterback que um jogador da defesa agarra) ou então quando algum jogador simplesmente deixa a bola a desbarato ao mesmo tempo que os seus colegas de equipa desesperam. Os comentadores norte-americanos gritam: “fumble!”.

Todos são determinantes

A essência é básica, embora haja uma série de nuances que complicam a compreensão total deste jogo absolutamente fascinante. Os jogadores que protegem o quarterback não podem agarrar – só empurrar -; não se pode puxar pela máscara do capacete, só se pode passar a bola para a frente até à “line of scrimmage” (onde começa a jogada). Bom, há várias regras mas não é nada que um jogo visto com atenção não resolva.

O que é realmente cativante no futebol americano é como a acção de cada jogador é indispensável. Se o quarterback for mau e o wide receiver muito bom… Pouco pode acontecer. Se o running back for fantástico mas a linha ofensiva (os grandalhões) for pouco ágil, as limitações também são muitas. Desta forma, há um verdadeiro desporto de equipa, em que os jogadores rápidos são tão importantes como os gordos, que têm mesmo de ser gordos. Ah… Tanto para dizer.

O Superbowl do ano passado pôs os Baltimore Ravens e os San Francisco 49ers frente a frente. Festejou a equipa de Baltimore. reuters.com
O Superbowl do ano passado pôs os Baltimore Ravens e os San Francisco 49ers frente a frente. Festejou a equipa de Baltimore.
Fonte: reuters.com

Penso que já deu para compreenderem como há tantos pormenores que tornam o futebol americano fantástico. E é isto que vos vou tentar trazer semana após semana, mas de uma forma dinâmica. O texto vai sempre arrancar com um resumo mais geral da jornada, antes de haver espaço para três rubricas: “Bestiais” – destaque para a equipa que surpreendeu pela positiva; “Bestas” – já entenderam…; “Cereja no topo do bolo” – onde vou falar mais especificamente do melhor jogo da semana.

Com a pré-época aqui entre nós concluída, volto para a semana já a aplicar estes conceitos todos. Até lá, espreitem algum jogo para ficarem fascinados como eu. Um passarinho diz-me que o embate entre os Dallas Cowboys e os New Orleans Saints vai ter muito fogo-de-artifício…

A volta ao mundo

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cab basquetebol nacional

Desengane-se aquele que pensar que estaremos aqui para falar de ciclismo. É um desporto espetacular e antiquíssimo, mas não é sobre ele. Também não será sobre a obra de Júlio Verne: A volta ao mundo em 80 dias. Há, até, uma aventura dos dois irascíveis Asterix e Obelix em que estes dão uma volta à Gália. E não é de bicicleta: é a pé e enfrentando a turba dos romanos doidos, que sempre se interpõe no seu caminho. Quem diria, afinal a volta a França não é de agora, mas de 50 A.C.! Leiam estas duas obras. Valem a pena.

O que vale a pena degustar, também, é o fim-de-semana do basquetebol falado em português. Isto é, se quisermos utilizar uma figura de estilo e o personificarmos. Andemos pelo universo. Sem medos. Sem rodeios. E de mãos dadas.

Aqui no Burgo (sim, aqui na Lusitânia), o final da semana para os seniores masculinos correu mais ou menos dentro do esperado. O Benfica lá venceu outra vez. E agora até com um resultado mais robusto – no que aos pontos concretizados diz respeito – do que no jogo anterior. Ganhou ao Lusitânia, que havia vencido o primeiro jogo, por 109 – 75. Vitória de Guimarães e Barcelos seguem colados aos encarnados na frente da classificação. O Vitória minhoto parece, de facto, ser o conjunto que mais dá garantias de poder lutar contra o Benfica até final. A Ovarense perdeu com uma congénere da sua consonância de “ense”; desta feita contra a squadra da Oliveirense. O Galitos, depois de atropelado na primeira ronda, venceu o Algés na margem norte.

Mas nem tudo vai mal no Algés.

É que o time feminino do clube da linha conquistou a vigésima nona Supertaça na categoria, vencendo o CAB madeirense por 68 – 62. Este último tanto foi derrotado aqui, nas senhoras, como nos senhores. Desta feita, pelo Sampaense. O dia em que Deus descansou não correu mesmo nada bem para os insulares.

As atletas vencedoras da Supertaça pelo Algés www.desportonalinha.com
As atletas vencedoras da Supertaça pelo Algés
Fonte: desportonalinha.com

Em África, os nossos irmãos Angolanos (triste o apedrejamento da Embaixada de Angola em Lisboa, ainda por apurar) e Moçambicanos enfrentaram-se. Na pele do Ferroviário da Beira, de Maputo, e do Petro, de Luanda. O jogo teve lugar na Zâmbia e sorriu para os ferroviários, que venceram os luandenses por 76 – 74. A partida contava para o apuramento do terceiro lugar da zona VI da Taça dos Clubes Campeões Africanos. O Libolo e o 1º de Agosto já estão apurados neste grupo. O repescado deve ser a equipa da capital moçambicana, virada para o Índico. A fase final da competição ocorrerá em Marrocos, ainda sem data prevista.

Mais a Oeste, do outro lado do Oceano Atlântico, no maior país de língua portuguesa, as coisas não vão bem. Há uma sobreposição no calendário entre os campeonatos Paulista, Sul-Americano e Campeonato Brasileiro. À boa maneira portuguesa e latina, a Confederação Brasileira de Basquetebol não sabe o que fazer. Há equipas que terão muito poucos dias de descanso entre embates. Aguardemos pelos próximos dias por mais novidades relativas a esta questão.

Não foi uma viagem longa, nem tampouco aventureira ou perigosa. Não andamos de balão ou enfrentamos múltiplos perigos. É melhor chamar o Panoramix para resolver o problema.

Henrique Calisto e Paulo Alves regressam ao principal escalão do futebol português

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As famosas chicotadas psicológicas voltaram a entrar em cena na Liga Zon Sagre: Paços de Ferreira e Olhanense despediram os seus treinadores, Costinha e Abel Xavier, respetivamente. Os técnicos não se deram bem com o início de época e receberam ‘’guia de marcha’’ para saírem dos seus clubes.

Comecemos pelos números:

Costinha – 8 jogos – 4 pontos / Abel Xavier – 8 jogos – 8 pontos

As situações são bem distintas para estes dois treinadores, ainda muito inexperientes nestas lides. Costinha, no seu segundo ano como técnico principal, continuou a mostrar a sua inabilidade como treinador; foi aposta forte do Paços para esta época, após ter sido despromovido à Segunda Liga, na época transata, ao comando do Beira-Mar. Após muitas polémicas e trocas de palavras com jornalistas, a gota de água foi a derrota caseira por 1-3 diante do Vitória de Guimarães.

Para o seu lugar vem Henrique Calisto, com 60 anos, apenas menos três do que o Paços de Ferreira. Calisto tem no seu currículo de treinador, que já conta com 33 anos, passagens pelo Boavista, Salgueiros, Braga, Varzim, Académica, Leixões, Penafiel, Chaves, Rio Ave, Paços de Ferreira, Long An (Vietname), Seleção do Vietname, Muang Thong (Tailândia) e Recreativo de Libolo (Angola).

Em mais de três décadas, o novo treinador do Paços conquistou duas vezes a Segunda Liga portuguesa, uma pelo Rio Ave e outra pelo, imagine-se, Paços de Ferreira. No estrangeiro conseguiu conquistar também duas Ligas Vietnamitas ao serviço do Long Na e na Seleção do Vietname venceu a ASEAN Football Championship.

Só para que se note a diferença entre o atual e o ex técnico do Paços, veja-se: Costinha tinha apenas cinco anos de idade e já Calisto era treinador na 1ª Liga pelo Boavista.

A aposta do presidente Carlos Barbosa vai para a experiência de Henrique Calisto. O atual treinador é visto com alguém que pode motivar os atletas e fazer um campeonato tranquilo com o objetivo a passar, claramente, apenas pela manutenção.

Para os lados do Algarve, não correu bem a estreia de Abel Xavier como treinador principal. A estadia foi curta e apesar de ter ganho o último jogo no comando do Olhanense, o seu despedimento já estava acertado e saiu por mútuo acordo, deixando a equipa a meio da tabela.

Para o seu lugar, o presidente Isidoro Sousa escolheu Paulo Alves, um técnico com oito anos de experiência e alguma rodagem de Primeira Liga. O treinador já venceu por uma vez a Segunda Liga ao serviço do Gil Vicente.

Um dos pontos fulcrais para esta contratação é o facto de Paulo Alves conhecer bem a realidade do futebol português e ter experiência com equipas que ocupam sempre lugares de meio da tabela do principal escalão do futebol em Portugal. Paulo Alves sabe melhor do que Abel Xavier onde tem de ir buscar pontos e conhece algumas fraquezas de alguns clubes, o que o irá certamente ajudar a garantir a manutenção tão desejada do Olhanense.

As estreias

Nas estreias, esta época, nos seus novos clubes, Henrique Calisto empatou na deslocação ao reduto do Arouca. Uma estreia não muito feliz porque, apesar de empatar fora, perdeu a oportunidade de vencer um adversário direto e ficar mais perto dos lugares de permanência. Mesmo a jogar os últimos dez minutos com um elemento a mais, a equipa do Paços mostrou-se inoperante para levar os três pontos de Arouca.

Quanto a mexidas na equipa, Calisto tirou Arnolin e Sérgio Oliveira, colocando Ricardo e Filipe Anunciação e efetuando assim uma mexida na defesa e uma no miolo, tendo em comparação o último onze apresentado por Costinha para o campeonato.

No lado de Paulo Alves, o resultado também foi um empate na deslocação à Madeira para defrontar o Nacional. O resultado acaba por ser muito positivo, visto que os madeirenses se encontravam num bom lugar na tabela e vinham de três vitórias consecutivas, se excluirmos a derrota com o Sport Lisboa e Benfica. Contudo, o jogo fica marcado pelo facto de que o Olhanense jogou desde os 28 minutos da primeira parte com um elemento a mais e não conseguiu marcar.

Paulo Alves efetuou quatro mexidas na equipa, em comparação com o último onze utilizado por Abel Xavier. Na defesa saiu Luís Filipe e entrou Coubronne, no meio campo saíram Rui Duarte e Bigazzi, dando lugar a Celestino e João Ribeiro. Na frente de ataque, Dionisi substituiu Mehmeti.

Próximos encontros

Os próximos desafios de ambos os treinadores são para a Taça de Portugal. O Paços de Ferreira vai a Tondela defrontar os locais. A equipa milita na Liga Cabovisão e ocupa o 8º posto, a apenas três pontos dos lugares que podem dar acesso à subida de divisão. É um bom teste às capacidades de Calisto (apesar de não ter nada a provar a ninguém), que ainda tem duas semanas para trabalhar a equipa, porque o campeonato vai parar e o encontro dos pacenses para a Taça está marcado para o dia 17 de Novembro.

Vida mais complicada é a de Paulo Alves: o Olhanense recebe no próximo dia 10 de Novembro o Sporting de Braga. Os bracarenses vêm de uma série negra de maus resultados e podem ver na Taça uma hipótese de se redimirem e voltarem aos bons resultados. Trabalho muito difícil para Paulo Alves, que tem de motivar atletas de 13 nacionalidades diferentes.

Depois de Setúbal e Belenenses terem trocado de treinador, os setubalenses pelo despedimento de José Mota e os lisboetas pela doença de Van der Gaag, seguiram-se os referidos no artigo, Olhanense e Paços de Ferreira.

Contudo, nas próximas semanas pode haver mais mexidas. Faço aqui um quadro, com a minha opinião, acerca dos níveis de pressão que estão a ser exercidos sobre os técnicos para que obtenham bons resultados rapidamente. Ficarão de fora os ‘’grandes’’ e os clubes que já trocaram de treinador esta época.

Clube

Nível de pressão

Gil Vicente

Pressão inexistente

Estoril-Praia

Pressão inexistente

Nacional da Madeira

Pressão inexistente

Vitória de Guimarães

Pressão inexistente

Rio Ave

Pressão inexistente

Sporting de Braga

Pressão extremamente elevada

Arouca

Alguma pressão

Académica de Coimbra

Pressão extremamente elevada

Marítimo

Pressão extremamente elevada

O lado certo da bancada

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Núcleo Semanal

Apesar de ser filho de um Sportinguista, em miúdo tive várias influências benfiquistas. O meu pai sempre disse que não me ia obrigar a ser do Sporting, pelo que os seus amigos do Benfica aproveitavam para me fazer a cabeça. Um deles chegou a oferecer-me uma camisola oficial dos encarnados. Hoje penso… e se a tivesse aceitado e ficado adepto do Benfica?

Muitos negam, mas a mim parece-me óbvio: Sportinguistas e Benfiquistas, no que concerne ao desporto, têm culturas totalmente distintas, o que até considero ser bastante normal – afinal, são clubes que nasceram em berços diferentes, com objetivos diferentes. A própria forma como assumiram o ano da sua fundação foi diferente. E se eu me identifico tanto com o meu clube e tão pouco com o rival, como poderia estar do outro lado?

Não sei se teria crescido com uma arrogância desmedida, a cantar de galo antes das vitórias acontecerem e a fechar os olhos a tudo o que me beneficiava. Não vale a pena supor com base nas características da maioria, até porque certamente me virão desmentir e dizer que os benfiquistas não são assim (o que é uma outra característica sua, a falta de autocrítica).

Mas é-me fácil perceber que me faltaria muito na vida. Faltar-me-ia a forma transparente de viver o desporto. O fair-play de admitir a inferioridade nas derrotas. A dignidade de apoiar os derrotados nas vitórias. O ecletismo das modalidades. A paixão dos adeptos. A onda verde que percorre o país quando os fãs mais fervorosos de Portugal sentem que o clube está no caminho certo. Faltar-me-ia, sem dúvida, um grande amor na minha vida.

Sábado vou ao Estádio da Luz jogar com o rival. Enfrentar o clube que eu poderia ter apoiado toda a minha vida. Eu próprio poderia estar ali, a gritar pelo clube da casa, se tivesse tomado uma opção diferente. Não estarei. E eles podem obrigar-me a entrar meia hora mais tarde no recinto, podem colocar-me numa jaula, podem até derrotar-me de uma forma “limpinha”. O que importa é que, no final, continuarei com a minha maior certeza. A certeza de estar no lado certo da bancada.

Noite de Zeus

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Enquanto escrevo, informado de que tenho de entregar o artigo que por ora partilho convosco, paro de ler A Fórmula de Deus, do bem conhecido jornalista José Rodrigues dos Santos. Sim, é verdade. Admito. Fui dos únicos que ainda não leu o romance que atirou o periodicista nascido em Maputo (ou Lourenço Marques) para a ribalta. Até agora a história parece espetacular. E lê-se de uma assentada. Para quem é fã de história e arqueologia e ávido consumidor de séries aventureiras vai, certamente, adorar. E nada melhor do que utilizar a parábola desta obra para dar a receita para o jogo do Benfica. Do Glorioso Benfica. Do bicampeão europeu. Clube que fez e faz sonhar gerações de milhões e milhões de apaixonados. O pedido para a realização do rescaldo deste jogo foi feito in extremis. Aceitei. Porque no Benfica são todos por um. Benfiquista ama. E aqui estou.

E Deus? Observa, majestoso, do seu Olimpo. Os deuses gregos a torcerem pelo Olympiacos. Os deuses latinos pela centésima derrota dos helénicos. Mas não seremos todos da mesma família? Greco-latinos? Sim, viveríamos todos mais felizes. Todavia Deus ficará do nosso lado. E Pluribus Unum. Hoje, como sempre foi e será, seremos milhões. Milhões encarnados nesta bela expressão do latim que a língua portuguesa, qual filha obediente, tratou de traduzir: “Todos por um!” E é este ideal que se fará cumprir. Hoje far-se-á cumprir Portugal! Hoje joga o Sport Lisboa e Benfica!

Canto para o Olympiacos e único golo da partida apontado por Manolas. Garay deixa um buraco imenso e fica a ver a banda passar. Jogo de sentido único. Roberto transformou-se em Deus. Ainda nos dá pesadelos. Desta feita, no outro lado da barricada. Benfica poderia ter goleado. Não o fez. Nenhum benfiquista pode ficar desapontado com o querer e a garra deste grande Benfica.

Nico Gaitán: fabuloso, talento bruto Fonte: news.yahoo.com
Nico Gaitán: fabuloso, talento bruto
Fonte: news.yahoo.com

Vê-se que a equipa está mais solta, mas veloz e mais ambiciosa. Rapidamente voltará aos níveis exibicionais a que nos habituou.

Na noite do Pireu, onde os jogadores chegaram ao Olimpo que é a montra da Liga dos campeões, vimos um Olympiacos fechadinho e um Benfica forte demais. Só uma partida com falta da pontinha de sorte não permitiu ao Benfica sair de Atenas com outro resultado, que manifestamente merecia.

Todos jogaram bem, sem exceção. Ruben Amorim, não fora a grande exibição do guarda-redes espanhol, seria o melhor em campo disparado. Gaitán é talento puro. Jogador vadio e vagabundo. Faz o que quer com a bola. Luisão e Enzo Pérez sempre bem. Sílvio não comprometeu. Markovic tem rasgos de génio. E até Matic volta à velha forma, como peixe na água.

Os Deuses estiveram do lado grego. Em particular, do lado de Roberto. No confronto de egos divinos de eus, Zeus venceu o Deus latino. Mas uma palavra este Benfica terá a dizer. E acredito que mais cedo do que pensamos. Atrevo-me a dizer: Nós contamos com o Benfica e o glorioso conta connosco. Esperem por nós.

Jogadores que Admiro #4 – Juan Román Riquelme

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Na minha visão do futebol, a posição 10 é única; é talento no seu estado puro. Não é qualquer um que é capaz de a desempenhar. Um jogador que actue como playmaker tem de ser o elo de ligação entre o meio campo e a linha de ataque, pisando terrenos entre o meio-campo e a defesa da equipa contrária. A criatividade e a qualidade técnica são, por isso, indispensáveis. Infelizmente, as exigências tácticas do futebol actual estão a condenar este tipo de jogadores – os treinadores optam por dar preferência aos box-to-box, elementos mais completos. Na minha opinião, é tirar um pouco da beleza do futebol.

“Yo en la cancha veo todo”. Quem o diz é Juan Román Riquelme, um dos últimos grandes 10 do futebol mundial e um dos jogadores com mais classe que vi jogar. Um predestinado, um craque que coloca a bola onde coloca o olhar. “El Señor Fútbol”, como é conhecido, goza de um prestígio ímpar na América do Sul. Na Argentina, o 10, quase sempre o melhor jogador da equipa (entretanto, em Portugal vamos vendo Rúben Amorim com a camisola 10…), é chamado de “enganche” e ficou especialmente célebre desde os tempos de Maradona. Riquelme, enquanto representou a selecção argentina, foi dono e senhor dessa camisola, mesmo jogando ao lado de nomes como Messi ou Aimar. Já ao serviço do Boca Juniors, seu clube do coração e onde é uma autêntica lenda, venceu 3 Libertadores, 1 Taça Intercontinental e 5 campeonatos, tendo um papel preponderante em todos os títulos. A nível individual, foi considerado o melhor jogador argentino do ano por 4 vezes, sendo apenas superado por Messi.

Juan Román Riquelme / Fonte: ronaldo7.net
Juan Román Riquelme / Fonte: ronaldo7.net

Apesar da sua qualidade fora do normal, o médio não vingou na Europa, pelo menos da forma que se esperava. O seu percurso no Barcelona ficou marcado pela difícil relação com Van Gaal. O holandês, para além de lhe dar poucos minutos, ainda o colocava descaído sobre um flanco, onde o seu estilo de jogo perde influência. A mudança para o Villarreal (na altura uma equipa modesta) acabou por dar um novo rumo à carreira de Riquelme. Na sua melhor época, conduziu o “Submarino Amarelo” às meias-finais da Champions e à melhor classificação de sempre na Liga Espanhola. Depois de uma temporada de sucesso, o seu rendimento baixou significativamente nos anos seguintes. O argentino acabaria por regressar ao Boca, acusado de não ter intensidade para o futebol europeu e de ser o típico 10 sul-americano. De facto, Riquelme não é propriamente rápido. Também não contribui muito nas tarefas defensivas. Mas o que dá ofensivamente compensa todas estas lacunas. Qualquer treinador que tenha à sua disposição um jogador deste nível tem de construir a equipa em torno dele. A sua presença em campo não “queima” os companheiros, bem pelo contrário.

Riquelme ainda não terminou a carreira (por mim, podia durar para sempre). Aos 35 anos, continua a ser o coração da equipa do Boca, encantando a cada jogo todos os adeptos que se deslocam à Bombonera. No futebol, como em tudo na vida, há os que têm de trabalhar para chegar ao topo e os que têm um talento inato. Não tenho dúvidas de que Riquelme terá sido abençoado por um qualquer “Deus do futebol”. É um génio, e isso percebe-se a cada toque na bola.

Jogo da Época

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Glóbulos Vermelhos

Nem eu, nem ninguém – presumo -, acredita naquela declaração clássica que jogadores, equipa-técnica e dirigentes têm 20 vezes por época: “O próximo jogo é o mais importante da época”. E desculpam-se sempre por ser o próximo. Certo. É o próximo, mas se esse jogo for com o Cinfães ou com uma qualquer equipa para a Taça da Liga não é, como será facilmente descortinável por qualquer jornalista que faça a questão, o mais importante para as pretensões da equipa.

Porém, há casos em que isso, de facto, acontece. Pense-se: se o Benfica tivesse perdido pontos em Coimbra, mesmo sem saber que o Porto o ia fazer em Belém, teria sido terrível. Mas isso não seria determinante na luta pelo título – teoricamente, claro – haveria tempo para dar a volta à situação. Porém, olhe-se o próximo jogo do Benfica em Atenas. Contas à parte, todos sabemos uma coisa: se perdermos estamos fora e se empatarmos a coisa pode ser igual. Tendo em conta as exibições do Benfica, que vão servindo na Liga mas que não convencem qualquer benfiquista atento e crítico, diria à partida que não temos hipótese. Ora bem se sabe que no futebol nada disto funciona desta maneira, que, apesar dos dedos apontados e da falta de paciência dos adeptos, Jesus vai ganhando jogos. A questão que todos colocam é: será o Benfica, a jogar desta maneira, capaz de vencer o Olympiacos? Não acredito.

Kostas Mitroglou e Enzo Pérez no primeiro duelo entre as duas equipas / Fonte: tvi24.iol.pt
Kostas Mitroglou e Enzo Pérez no primeiro duelo entre as duas equipas
Fonte: TVI 24

Primeiro que tudo, podíamos estar no melhor momento do ano que isso não seria sinónimo de vitória, já que este é sempre um jogo complexo, pela qualidade do adversário e pelo jogo decorrer em tal estádio, com tal ambiente. Depois, se existisse a alegria, coesão e sede de golo que houve em anos anteriores talvez a proeza fosse possível. E, na verdade, é. Para isso basta que o Benfica faça um jogo com um nível ao qual ainda nem sequer se aproximou esta temporada, ter a sorte do jogo e esperar que a turma grega não esteja particularmente inspirada.

Talvez suceda, talvez não. Jesus vai ficar com a manta mais curta, mas já ninguém acredita na sua saída até ao final da época. E a época, pelo menos uma parte dela, pode acabar aqui. A vontade pode perfeitamente não chegar. E aí, já sabem, é lutar pela eterna Liga Europa que já cheira mal. Mas que, porventura, é o nosso lugar. Pelo menos até agora.