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Europa dos Pequeninos

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dragaoaopeito

Começa esta semana uma nova etapa europeia do Porto com os 16-Avos da Liga Europa, frente ao Eintracht Frankfurt no Dragão. Depois de uma decepcionante (para não dizer humilhante) Liga dos Campeões, a equipa de Paulo Fonseca pode nesta Liga Europa chamar novamente os adeptos ao estádio e talvez motivar um plantel dividido entre jogadores que querem sair, jogadores medíocres, jogadores que tardam em provar o seu valor e jogadores talentosos em baixo de forma.

Um protótipo de Meio-Campo

Com as saídas e entradas no mercado de Inverno, o Porto aparece, à data, com um meio-campo idealizado por Paulo Fonseca que na realidade ainda nem sequer foi propriamente testado: Fernando, Herrera e Carlos Eduardo. Fernando é indiscutível: apesar da novela da sua possível saída, o jogador brasileiro (naturalizado português) quer mostrar todo o seu valor para que a sua mais do que provável saída no Verão seja realizada para um colosso europeu; Herrera está finalmente a mostrar consistência e adaptação (aliando ao talento e força que o jogador já tinha apresentado) na equipa portista, estando claramente à frente de Defour neste momento e tendo  realizado grande exibições nas vitórias contra o Paços de Ferreira e Gil Vicente; Carlos Eduardo é o médio ofensivo (um falso 10) que desde há uns meses conquistou a titularidade no Dragão (Josué mostra pouca regularidade e Quintero parece não ter a confiança do treinador), e apesar de a sua lesão o ter afastado dos últimos jogos, parece-me clara a confiança que o treinador tem nele.

Que a estreia de Herrera na Liga Europa dure mais do que seis minutos Fonte: trivela.uol.com.br
Que a estreia de Herrera na Liga Europa dure mais do que seis minutos
Fonte: trivela.uol.com.br

É impossível saber se Paulo Fonseca cederá ou não à tentação de começar o jogo de quinta-feira com um meio-campo que assumidamente (ainda que não o faça publicamente) entende ser o melhor, mas que dadas as circunstâncias foi sendo remediado com o que havia no banco. Ainda que já tenha desistido de prever as decisões do treinador do Porto, acredito que seja desta que irei acertar, até porque Josué tem tido várias falhas nos últimos jogos e a inclusão de Carlos Eduardo no 11 é a única duvida que reside neste momento, estando dependente naturalmente da sua condição física.

Um Quaresma à Porto

Sou um assumido apreciador do talento do número 7 português e, passado mês e meio do seu regresso, impõe-se um pequeno balanço do seu recente trajecto no Porto. O seu talento não mudou, tem vindo a melhorar sobretudo a nível de velocidade e de 1×1, e se cheguei a ter dúvidas sobre se seria chamado novamente à selecção nacional, acredito que, ao manter-se a sua subida de forma, o Brasil espere por ele.

Porém, o Mustang tem-se apresentado muito intempestivo em campo, muitas vezes por sentir que tem nos seus ombros um peso brutal para decidir os jogos. Exageros em jogadas individuais, entradas agressivas sobre adversários, muitos encostos menos próprios, todo um conjunto de atitudes que acaba por reflectir uma vontade exagerada de ganhar e de defender a camisola em cujo símbolo tanto ama bater efusivamente a cada golo que marca.

Um Jackson (não) à Porto

Jackson Martinez atravessa um dos seus piores momentos no Porto, com uma fraca finalização, lento no ataque às bolas e com constantes atrapalhações infantis com a bola. Ninguém duvida do seu talento, mas talvez comecem a duvidar sim da sua motivação para continuar na equipa que o trouxe para a Europa e que o meteu no radar dos clubes mais poderosos a nível mundial.

ACADEMICA - FC PORTO SUPERTACA   2011/2012
Liga Europa, a motivação europeia para Jackson Martinez
Fonte: futebolportugal.clix.pt

Ainda que haja Ghilas no banco (o Derlei argelino que tanto elogiei no meu último artigo), Jackson não sente o peso da concorrência, mas em semana europeia, ainda que com clubes que não sejam essencialmente o desejo do avançado colombiano, talvez esta seja a motivação extrínseca de que Cha Cha Cha tanto necessita para mostrar que pode vir a ser o titular da selecção colombiana no Brasil (em caso de ausência de Falcão).

Rumo à 3ª

A Liga Europa não é nem deve ser a prioridade do Porto. Primeiro está o Tetra na Liga Portuguesa, depois vem tudo o resto. Cometer erros do passado não é um hábito deste clube, e a aposta na Liga Europa deve ser pensada e planeada de forma a não prejudicar os restantes objectivos da época. Dito isto, e acreditando que este Porto está a anos-luz do Porto da Taça Uefa de Mourinho e do Porto da Liga Europa de Villas-Boas, não é irreal acreditar que de Turim saia o 3º troféu da Europa dos Pequeninos para o Dragão, até porque, diga-se de passagem, este ano, com este treinador, nada é provável mas também nada é irreal; tudo depende da possível ou não subida de forma da equipa, porque talento, esse, parece-me indiscutível, mesmo que apenas esteja presente em metade dos jogadores.

O adversário é o modesto 12º classificado da Bundesliga, actualmente com 10 derrotas em 21 jogos na principal liga alemã. A equipa visitante (é mais fácil tratá-la assim) é bastante inferior ao pior Porto dos últimos anos, e não acredito que alguém espere menos do que uma vitória na próxima quinta-feira. Honestamente, pouco posso falar desta equipa, mencionando apenas nomes relativamente sonantes, como Rosenthal, Barnetta ou Kadlec, cuja forma na presente época desde logo desconheço.

Quinta-Feira estarei no Dragão a apoiar o clube que amo e que infelizmente não posso ver tantas vezes quantas gostaria, mas com a esperança de que de uma vez por todas esta equipa comece a jogar à bola. Sei que não vou gritar olés, sei que não vou ver uma goleada expressiva, espero apenas festejar uma vitória do Porto que valha os quase 700km que felizmente farei para o ver.

Dizem que somos loucos da cabeça…

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lanternavermelha

O Benfica é o clube com mais sócios do mundo. São 235 mil sócios pagantes. Sim, pagantes.

Mas dizem que somos loucos da cabeça. Dizem que uma grande percentagem não paga, que outra percentagem significativa já morreu e é igualmente contabilizada, que outros tantos não estão em Portugal – como se isso realmente tivesse a mínima importância para a grandeza deste feito -, etc. Em suma, somos o clube com mais sócios no mundo e dizem que somos loucos da cabeça.

O mais engraçado é que aceito. E aceito com o peito inchado e o queixo bem levantado. Aceito com grande orgulho e enorme e verdadeira alegria. Porque é simplesmente verdade e tenho a perfeita noção de que não é para todos. Sim, somos loucos da cabeça e amamos o Benfica com certeza. Loucos pelo Benfica e por tudo o que o envolve.

Há dias falava com um grande amigo sobre futebol, sobre a forma como nos Estados Unidos o desporto serve de pretexto para o show off, para o negócio do espectáculo levado a um nível máximo – os casos da NBA ou do Futebol Americano, entre outros. A forma como eles maximizam e dinamizam tudo e nós (no velho continente) não. Disse-lhe, na altura, que talvez fosse pertinente apostar mais nisso cá, nesse espectáculo que também vende bilhetes, nesse show off que atrai adeptos; ao que ele me respondeu, de forma simples e apaixonada: ”Sabes que sou open mind, que aceito mudanças, alterações em várias coisas e que até as incentivo, mas neste caso…não me tirem o courato e a cerveja, não me tirem o espectáculo que é ver um jogo na Luz. Não mexam”. Na altura discordei. Hoje concordo.

Não mexam. O jogo como ele é faz parte da nossa paixão, da história, é o que nos ajuda a ser loucos por este desporto e por este clube. Ir à Luz é o que é: um ritual único. Uma bifana e uma(s) cerveja(s) antes de um jogo, um grupo de amigos a falar como se fossem taberneiros, o caminho para as bancadas, aquela entrada no estádio, já meio cheio, a irmandade vivida com quem está ao lado, sem que para isso tenhamos de conhecer tais pessoas. O cantar o hino como se fosse a primeira vez. Aquele hino. A festa, a alegria do golo, a explosão da vitória ou a angústia partilhada da derrota.

A Luz ao rubro Fonte: trexona.com.sapo.pt
A Luz ao rubro
Fonte: trexona.com.sapo.pt

Esta descrição serve para qualquer adepto de qualquer clube? De um modo geral e em teoria, sim. E é bom sinal. Sinal de que vamos todos para o mesmo, independentemente do símbolo cravado no nosso coração. Na prática, não. Porque para nós é maior do que aquilo que mal consigo expressar em palavras. Por isso somos loucos da cabeça, por tudo o que o Benfica nos dá. Por todas as experiências que nos permite viver.

Somos arrogantes? Convencidos? Com o ‘rei na barriga’? Acho que não. Generalizar é fácil. E se é para generalizar prefiro generalizar pelo orgulho que sentimos pelo Benfica – sendo que a nível desportivo nem sempre temos razões para tal.

Podem não gostar mas somos de facto maiores, somos mais e somos bons.

Talvez seja fácil, segundo a justificação de alguns, porque somos o clube do povo, que abrange o taxista, o operário fabril, o médico, o desempregado, o mecânico, o estudante, o engenheiro e a senhora da peixaria. Mas isso é que nos faz especiais, é isso que nos faz maiores. E desculpem, mas por consequência, melhores. Pelo menos para mim.

Percebo que não entendam este benfiquismo exaltado na minhas palavras a não ser que sejam…loucos da cabeça.

Eu sou Benfica, adoro ser e espero ter por muitos anos a oportunidade de acompanhar o meu, o nosso, Glorioso. E vibrar muito, sempre.

Por isso, sim. Sou louco da cabeça…e ainda bem.

Reforços à altura e as experiências de Guardiola

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A Bundesliga está completamente resolvida no que às contas do título diz respeito, mas não é por isso que deixou de haver motivos de interesse. O Borussia Dortmund, que vai realizando uma época bastante irregular, parece ter acertado em cheio nos reforços. Pierre-Emerick Aubameyang voltou a brilhar, bisando na vitória confortável sobre o Ein.Frankfurt (4-0). O “Neymar do Gabão” tem feito uma temporada de estreia extremamente positiva, tal como Henrikh Mkhitaryan, que se adaptou sem dificuldades à equipa e tem vindo a somar boas exibições. No Bayern, que vai passeando no campeonato alemão, o destaque vai para Guardiola. O técnico espanhol está a surpreender tudo e todos pela sua abordagem aos últimos encontros: tem apostado em dois médios de perfil à frente da defesa, algo que, na sua carreira, nunca tinha acontecido. Veremos se é apenas uma experiência táctica pontual ou se, pelo contrário, temos, pela primeira vez, um Guardiola infiel ao “seu” 4-3-3.

Na tentativa de fazer frente ao Bayern, a estratégia de mercado do Dortmund passou por contratar pela certa. Nesse sentido, chegaram ao clube dois jogadores já com provas dadas: Aubameyang, que era a principal referência do Saint-Étienne, e Mkhitaryan, que foi o melhor marcador da última liga ucraniana e que esteve a um passo do Liverpool. Para já, confirma-se que os dois reforços acrescentaram qualidade à equipa. O “Neymar do Gabão”, como é conhecido (mais pelo penteado do que pelas semelhanças no estilo de jogo), foi contratado por 13 milhões de euros e leva já 13 golos apontados no campeonato. Depois de ter sido o segundo melhor marcador da Ligue 1, o avançado está novamente a mostrar a sua veia goleadora. Rápido, dotado tecnicamente e com bom poder de desmarcação, tem jogado do lado direito – embora possa actuar em qualquer posição do ataque –, mas aparece com naturalidade em zonas de finalização. É importante para o Borussia que o gabonês consiga manter a boa forma, até porque é uma incógnita perceber o que Lewandowski poderá render até ao final da temporada. Em relação a Mkhitaryan, que veio do Shakhtar Donestk a troco de 25 milhões de euros, não se pode dizer que esteja a fazer uma época deslumbrante, especialmente se tivermos em conta que foi o médio mais goleador do futebol europeu em 2012/13, com 29 golos apontados. No entanto, leva até ao momento cinco golos e cinco assistências no campeonato e, estando em clara subida de forma, tem tudo para atingir números bastante razoáveis. Apesar de ainda não ter sido “espremido” ao máximo por Klopp, as suas características – criativo, com uma excelente visão de jogo e muito eficaz nas transições – vão ao encontro do futebol que tem sido praticado pelo Dortmund, nos últimos anos.

Lahm e Kroos são fundamentais para Guardiola Fonte: bundesliga.de
Lahm e Kroos são fundamentais para Guardiola
Fonte: bundesliga.de

Ao chegar a Munique, Guardiola rapidamente desfez o 4-2-3-1 de Heynckes, invertendo o vértice do triângulo e passando a jogar com apenas um médio defensivo à frente da defesa. Na prática, o técnico espanhol rompeu com um modelo vencedor, que arrecadou todos os títulos na última temporada, para implementar o seu modelo vencedor, que tanto sucesso teve na Catalunha. Até aqui, nada de surpreendente. A novidade surgiu nos últimos jogos do Bayern, em que Guardiola apostou, pela primeira vez na sua carreira, num duplo pivot com Lahm e Kroos à frente da defesa. Numa altura em que a equipa tem todas as competições bem encaminhadas, esta alteração táctica não tem uma explicação óbvia. Na minha opinião, deve-se a pressões externas. Beckenbauer criticou a utilização de Götze como “falso 9”, e esta foi a solução encontrada por Guardiola para jogar simultaneamente com o alemão e com Mandzukic, que não é, de todo, o avançado adequado para o futebol de posse que as equipas de Pep costumam praticar. A mudança não tem tido consequências nos resultados, mas não se pode dizer o mesmo em relação à qualidade de jogo. Com dois médios de perfil, a equipa não tem tanta capacidade de ter posse de bola dentro do bloco adversário – Götze é o único jogador que se movimenta entre linhas, o que faz com que haja menos linhas de passe para o portador da bola –, e é obrigada a praticar um futebol mais directo (com jogadas menos trabalhadas). Para além disso, perde capacidade para pressionar alto e permite que o adversário jogue com o bloco mais adiantado.

Será que temos Guardiola a alterar o modelo de jogo em função dos jogadores que tem à disposição, ao invés de os adaptar às suas ideias? Ou é apenas uma forma de preparar a equipa para um sistema alternativo? Uma questão a que o treinador espanhol responderá nos próximos encontros, sendo certo que não me parece provável que, de um momento para o outro, Guardiola tenha alterado radicalmente a sua visão do futebol.

A sapiência de Paulo Fonseca

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As conferências de imprensa de Paulo Fonseca são algo que me deixam sempre colado ao televisor. Não é por cometer gaffes na língua portuguesa, nem por ter uma forma engraçada de falar. O meu fascínio deve-se exclusivamente ao conteúdo das palavras que saem da boca do treinador do Porto.

Já por várias vezes afirmei que, na maioria das vezes, Paulo Fonseca fala demasiado e acaba por proferir palavras muito infelizes. Recentemente, quando confrontado com a ausência de Otamendi na lista de inscritos para a Liga Europa, Paulo Fonseca dirigiu a questão para a alçada da direcção, afirmando que é um assunto que será resolvido pela mesma. Perfeito. Se tivesse ficado por aqui, não havia nada a apontar. Porém, Paulo Fonseca alongou-se sobre o assunto e “deixou fugir” que o argentino não fazia parte dos planos. Erro. Podemos até dizer que os boatos da saída de Otamendi eram bastante fortes, mas não cabe ao treinador dar a entender que o jogador está de saída. Um exemplo em muitos com que o treinador brinda a comunicação social.

Ontem, após o jogo com o Gil Vicente – onde o Porto fez um jogo sem espinhas num relvado com a qualidade do quintal da minha vizinha – num momento de pura lucidez, Paulo Fonseca, na sua voz excessiva que a mim me soa a arrogante, disse que são os jogadores que precisam de cativar os adeptos. Paulo Fonseca finalmente descobriu a pólvora! Obviamente que são os jogadores que fazem mover os adeptos. São as boas exibições que promovem o carinho e a preocupação dos adeptos. É a classe do jogo azul e branco que faz adeptos do Porto viajarem até Barcelos, como ontem, para verem a sua equipa jogar num campo de batatas com condições bastante incomodativas.

Já o disse em artigos passados e mantenho a minha posição: os adeptos são a peça mais importante da estrutura de um clube. Boas exibições, vitórias e praticar bom futebol. Estas são as bases de uma massa de apoiantes. Numa situação como a do Porto – segundo lugar, com um atraso de 4 pontos perante o seu principal rival Benfica – é imperativo que os adeptos estejam do nosso lado.

Falta ainda muito jogo…

A segunda volta ainda agora começou e a última jornada é jogada no estádio do Dragão. Mas para manter a luta acesa e fazer planos para receber as faixas de campeão é necessário, para além de mostrar bom futebol, ter adeptos nas bancadas. Desde o Superbowl (o equivalente à final da Champions League de futebol americano) que o conceito dos Seattle Seahawks do 12º jogador está ao rubro. Pois, em momentos complicados, vamos precisar desse 12º homem em campo.

 

O 12º jogador azul e branco Fonte: Fotosdacurva.com
O 12º jogador azul e branco
Fonte: Fotosdacurva.com

 

Não estou contra Paulo Fonseca. Pinto da Costa confiou-lhe o comando técnico do Porto com a certeza de que ele faria um bom trabalho. Porém, não sou cego perante o jogo e tudo o que o rodeia. Como tal, posso dizer que não sou o maior fã de Paulo Fonseca, mas se ele conseguir fazer o seu trabalho e elevar o Porto ao seu estatuto de vencedor e de melhor equipa de Portugal, serei o primeiro a dar-lhe mérito e a congratulá-lo. No Porto, o mais importante são os resultados. Todos os elementos que fazem parte do clube são avaliados conforme os resultados. Se Paulo Fonseca mostrar trabalho, vai continuar a fazer parte da estrutura. Com sorte até ganha mais um fã… Mas ainda falta muito.

Sentido de humor precisa-se

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camisolasberrantes

Ontem à tarde, enquanto o Benfica defrontava o Paços de Ferreira, tive a felicidade de ver no stream pelo qual acompanhava o jogo aquele que seria o mote para a minha crónica de hoje. Atrás de Jorge Jesus, e junto ao banco do Benfica, lá estava, mais uma vez, o “bitaite” em folha A4 dirigido ao treinador encarnado. Desta vez lia-se – sempre em letras garrafais, claro – «JESUS, põe o MANEL a jogar». Escangalhei-me a rir mais uma vez. E ainda bem. Porque independentemente de o Benfica estar a fazer uma das piores primeiras partes desde o jogo com o Arouca, eu soube manter o meu sentido de humor intacto. Acreditem…não é fácil.

Pastilhas, caipirinhas e desta vez um pedido especial. Jesus já viu de tudo Fonte: facebook.com/c.oculta
Pastilhas, caipirinhas e desta vez um pedido especial. Jesus já viu de tudo
Fonte: facebook.com/c.oculta

Não é fácil, acima de tudo, para os adeptos que bêbedos em cegueira invadem os espaços de opinião, ou de notícia, ressabiados com as inúmeras “injustiças” que se atravessam no caminho do seu clube. Gente que vê maldade na arbitragem. No tipo que está sentado a seu lado a torcer pelo clube rival. No desgraçado do apanha-bolas que ainda nem idade tem para votar, mas que cheio de livre-arbítrio lá queima uns segundinhos na (não) ajuda à reposição. Levantam-se e vociferam. Quer seja no estádio. Ou em casa. Ao pé da mulher. Ao pé do marido. Mesmo ao pé dos filhos. Palavrão para aqui, palavrão para acolá…porque é o “sistema”. É o “compadrio”. É a “corrupção”. É “os de sempre”. É o “ridículo”. É a “roubalheira à descarada e sem propósitos”. É a “fruta”. É o “café com leite”. Mas ainda há alguém que veja futebol neste país?

Acredito – e espero – que sim. Eu faço por ver. E faço por me rir. É que «não há desgraça que não tenha a sua graça», como escreveu uma vez Miguel Esteves Cardoso. Aconselho portanto todos os protagonistas a esboçarem um sorriso quando o árbitro anula (mal) um golo à sua equipa de coração. Quando um cronista da equipa rival aproveita uma péssima exibição para fazer pouco do nome da instituição que tanto amam. Ou mesmo quando têm o Campeonato, a Taça de Portugal e a Liga Europa na mão e, a segundos do fim, vêem tudo a ir pelo cano abaixo. Primeiro, esse sorriso – nem que seja amarelo. E depois chorem. Chorem tudo o que tiverem a chorar. Amaldiçoem e roguem pragas aos sete ventos. Vociferem palavrões até o sol nascer. Arranquem os cabelos pela raiz. Mas tenham, pelo amor do Deus do Futebol, a decência de guardar para vocês mesmos a raiva e a mágoa que vos enche a alma e o coração. Porque…ninguém quer saber.

A imagem mais triste que vi em 22 anos de Benfiquismo Fonte: geracaobenfica.blogspot.com
A imagem mais triste que vi em 22 anos de Benfiquismo
Fonte: geracaobenfica.blogspot.com

E essa é a difícil e triste realidade do adepto de futebol. Quando se sofre, sofre-se sozinho. Não se podem marcar consultas no psicólogo mais próximo para lidar com os sete que o Benfica engoliu a seco, em Vigo. Não se vão comprar antidepressivos para superar o facto de a nossa equipa não vencer na casa do rival desde Janeiro de 2006. E que nem nos passe pela cabeça convidar um amigo para jantar para falar do péssimo treinador que o nosso presidente resolveu contratar com uma confiança cega.

Mergulha-se assim numa espiral recessiva de angústia e ansiedade. Porque à nossa volta há milhões como nós, mas ninguém que nos ouça. A dor é nossa. Ninguém sofre como nós. Mas até no sofrer tem de haver uma certa dignidade. E o mesmo se aplica ao amor e à dedicação. Eu que o diga. Eu que amo um clube que nasceu numa farmácia. Eu que todas as semanas grito por um clube que diz ter nascido em 1904, mas que só se tornou naquilo que realmente é em 1908. Eu que vou ao estádio berrar com lágrimas nos olhos um hino no qual me intitulo de “papoila saltitante”. Eu que tenho como irmãos milhões de adeptos conhecidos por gostarem de couratos, terem bigode até aos joelhos e baterem na mulher quando a águia voa mais baixo. Eu que tive um presidente corrupto que ainda hoje está fugido lá para as Inglaterras. Eu que tenho como Rei omnipresente o homem que via no tremoço o melhor marisco do mundo. Eu que torço por uma equipa que consegue jogar durante semanas sem portugueses no onze inicial. Eu que apoio um treinador que não consegue conjugar uma frase em português correcto para salvar a própria vida. Eu que me lembro de ganhar dois campeonatos desde que sou nascido. Eu que não ganhava ao Porto à grande e à francesa desde sei lá quando.

Mesmo assim…rio-me. Divirto-me. Sou feliz. Não enveneno os outros com as minhas derrotas e os meus pesares. Não me sinto ridículo. Sinto-me o que sou. E sou benfiquista. Para o bem e para o mal. Em qualquer que seja o contexto, sofro sozinho. Não preciso que ninguém sofra por mim.

As estrelas vieram, viram e conquistaram Nova Orleães

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cab nba

Ontem, realizou-se 63º jogo anual dos All-Stars da principal liga de basquetebol a nível mundial. Antes de mais, devo admitir que me apanharam desprevenido. O jogo foi muito mais excitante do que aquilo de que eu estava à espera. O resultado final surpreendeu-me, as actuações individuais maravilharam o público, e a equipa que venceu não era, de todo, aquela que eu esperava.

Os melhores jogadores de Este começaram mais fortes, colocando-se à frente do resultado, mas isso não durou muito tempo. A equipa liderada por Blake Griffin e Kevin Durant rapidamente recuperou e com todo o estilo que é associado a este fim-de-semana. O primeiro período deu o mote para um jogo soberbo, cheio de afundanços, alley-oops, e todo o tipo de jogadas que deslumbraram, certamente, o público que teve a hipótese de ver o jogo. A figura dos 12 minutos iniciais foi Blake Griffin, que marcou 18 pontos.

A primeira parte acabou com uma vantagem por parte da conferência Oeste (89-76). Tudo levava a acreditar que este jogo iria ser único, marcando um total de pontos nunca antes alcançado.

Entretanto, um gesto especial foi feito para homenagear um dos melhores jogadores que esta modalidade já viu – Bill Russel, que comandou os Boston Celtics para 11 títulos, nove deles consecutivos. Todos os jogadores, alguns mais estupefactos do que outros, puderam apertar a mão de uma lenda viva, no seu aniversário.

Continuando, neste momento, o resultado avolumado confirmava o que seria de esperar: pouca defesa, muitíssimo ataque.

Kyrie Irving foi justamente coroado MVP do jogo dos All-Stars e mereceu a ovação por parte das outras estrelas Fonte: @NBA
Kyrie Irving foi justamente coroado MVP do jogo dos All-Stars e mereceu a ovação por parte das outras estrelas
Fonte: @NBA

Começa o terceiro período, e tudo igual: ataques constantes, pontos soberbos, que nunca num jogo normal seriam testados. Nestes minutos que se seguiram, tudo deu para ser feito, até Dwight Howard tentou um triplo, e foi nessa altura que começou o show de Kyrie Irving – à entrada dos últimos minutos do jogo, o fantástico base dos Cavaliers tinha 16 pontos e 10 assistências. Do outro lado, questionava-se sobre se Griffin ou Durant seriam capazes de bater o recorde registado por Wilt Chamberlain, marcando mais de 42 pontos; ambos tinham 30 pontos cada um.

Foi no final do jogo que a defesa começou, muito levemente, a apertar. Claro que era uma amostra do trabalho feito fora deste fim-de-semana; contudo, comparando com o que foi o resto do jogo, tudo era maravilhoso. Foi nesta altura que todos se aperceberam de que, apesar de a equipa de Este ter estado a perder por 18, tínhamos um jogo que seria disputado, e, três minutos depois do início do último período, o jogo estava empatado. “Uncle Drew” assombrou todos os jogadores que o tentaram parar. Carmelo Anthony atingiu uma marca nova no jogo dos All-Stars, marcando oito triplos durante o jogo; foi uma das peças fundamentais na vitória.

Os estreantes não viraram a cara ao fascínio e ao deslumbre que um jogo deste calibre poderia causar e todos, apesar de uma ou outra falha, jogaram como verdadeiras estrelas. Dwyane Wade, apesar de debilitado por constantes lesões nos joelhos, jogou cerca de 11 minutos e amealhou 10 pontos e três assistências.

O grande confronto entre LeBron James e Kevin Durant, apesar de intenso, não levou a um grande espectáculo, pois “Durantula” levou a melhor e, por vezes, deu um autêntico bailinho ao MVP.

O jogo acabou num ritmo frenético, e, com o auxílio de todas as suas estrelas, a conferência oriental acabou por cima (163 – 155). E o melhor jogador foi, sem qualquer margem para dúvidas, o jovem Kyrie Irving – o base da equipa de Cleveland foi deslumbrante em todas as suas acções e em todos os momentos em que esteve em campo.

Num ano em que se estraram novas camisolas, com mangas para variar, com as cores da cidade Nova Orleães, o público teve uma oportunidade de ver um jogo bastante singular, e fico feliz por ter ficado acordado. Nenhum dos craques descansou enquanto o jogo não acabasse, o que tornou tudo mais emocionante, até à última jogada.

Dizer que o que aconteceu ontem foi espectacular é redutivo. Aliás, quase todos os adjectivos que me consigo recordar para descrever o jogo de ontem são redutores. As estrelas vieram a Nova Orleães e conquistaram a cidade do Mardi Gras. Foram 48 minutos dignos de terem o título de All-Stars.

Será Slomka o homem ideal para salvar o Hamburger SV?

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O Hamburger está a viver uma época para esquecer, e ocupa neste momento a 17ª posição na tabela da Bundesliga, estando, portanto, num lugar de despromoção. A verdade é que a qualidade do plantel não está a reflectir-se nos resultados, e a mudança de treinador parecia mesmo ser a única opção.

Bert van Marwijk, depois de ter decepcionado, e de que maneira, no Euro 2012, ao comando da selecção holandesa, voltou a desiludir, desta feita como técnico principal da equipa do seu compatriota e bem conhecido dos portugueses: Ola John.

Rafael van der Vaart voltou ao HSV a época passada, mas não está a ser feliz Fonte: sportschau.de
Rafael van der Vaart voltou ao HSV a época passada, mas não está a ser feliz
Fonte: sportschau.de

Bem, mas se nos podemos queixar da qualidade do ex-técnico do HSV, o mesmo não se pode dizer da qualidade dos seus jogadores. É certo que Aogo era importantíssimo na defesa (saiu para o Schalke 04), e esse é mesmo o ponto fraco dos ‘rothosen’, apesar de contarem com nomes como Westermann, Djourou e o muito jovem Tah, de apenas 18 anos. Para o provar, Marwijk foi despedido depois de uma vergonhosa derrota por 4-2 frente ao Eintracht Braunschweig, que tem o pior ataque do campeonato.

No meio campo, a qualidade continua: Hakan Çalhanoğlu tem apenas 20 anos e já leva cinco golos em 24 jogos, mas não é caso único. Badelj, Ilicevic, Van der Vaart e até mesmo Ola John são jogadores demasiado interessantes para lutar pela permanência.

Já no ataque, Lasogga é a principal referência da equipa. O jovem alemão emprestado pelo Hertha de Berlin conta com uma média de 0.67 golos/jogo, o que não é nada mau para uma equipa que está num lugar de despromoção.

Lasogga vai ser fundamental para lutar pela permanência Fonte: Uefa.com
Lasogga vai ser fundamental para lutar pela permanência
Fonte: Uefa.com

Falando do novo técnico, o que lhe é pedido é que pratique um futebol simples, com vista a obter resultados positivos. Slomka já passou por uma situação semelhante, aquando do convite do Hannover 96 para os salvar de uma situação também nada fácil. A verdade é que conseguiu, e levou a equipa até aos quartos-de-final da Liga Europa 2011/12, tendo sido eliminado pelo vencedor da competição, o Atlético de Madrid.
Oliver Kreuzer, membro da direcção do Hamburger, ressalvou isso mesmo, dizendo que “Slomka mostrou no Hannover que é capaz de ter êxito em circunstâncias muito complicadas.”

A verdade é que a situação actual do clube na Bundesliga não é nada famosa, mas terá ainda pela frente 12 verdadeiras finais. Para já, a classificação dispõe-se da seguinte forma:

classificaçao bundesliga

Luta até ao fim!

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cab futsal

Terminou o Campeonato da Europa em futsal, e a Seleção das Quinas conquistou um merecido quarto lugar.

É tempo, agora, de regressar às competições internas, e a 19ª jornada do Campeonato Nacional não poderia ter começado de melhor maneira, com a equipa verde e branca a dar espetáculo. O Sporting venceu a fraca equipa do Vila Verde por 10-1, cimentando, assim, o primeiro lugar no topo da classificação.

Aos três minutos da partida, o adversário viu Samuka ser expulso e Alex falhar uma grande penalidade, derivada da falta que o adversário cometeu. Rapidamente, o Sporting demonstrou ser favorito, apresentando um maravilhoso futsal. A equipa liderada por Nuno Dias foi para o intervalo a vencer por 6-0. Resultado impressionante, que prova o único sentido que o jogo apresentou na primeira parte.

Para a segunda metade, a equipa leonina apresentou-se mais descontraída, face ao resultado no marcador, mas, logo no primeiro minuto, marcou o 7-0. Daí em diante, o domínio leonino continuou e o resultado final fixou-se em 10-1. A equipa leonina precisou apenas de 20 minutos para “matar” o encontro, mostrando ser claramente superior. O último classificado nada conseguiu fazer para contrariar a superioridade qualitativa do Sporting.

Comemoração da equipa leonina, após marcar mais um golo. Fonte: Sporting.pt
Comemoração da equipa leonina, após marcar mais um golo.
Fonte: Sporting.pt

O Braga visitou a equipa do Restelo e venceu por 6-3, mostrando, mais uma vez, estar na luta pelo primeiro lugar. Num campo sempre complicado, a equipa minhota foi superior, sendo uma justíssima vencedora. De realçar o espírito guerreiro e ambicioso desta equipa, e o belo trabalho desempenhado pelo seu treinador.

A equipa do Benfica venceu a boa formação do Dramático de Cascais por 4-2, num jogo bem conseguido por parte dos encarnados. O adversário, como é costume, lutou bastante, mas a superioridade benfiquista impôs-se. Com esta vitória, o Benfica alcança os 48 pontos, estando com os mesmos do que o Braga e a dois pontos do eterno rival, Sporting.

A 19ª jornada terminou e nada se alterou na frente do Campeonato. Queria destacar, claro, a vitória do Braga, que se assume claramente como um forte candidato ao título, a vitória sofrida dos Leões de Porto Salvo, que se encontram isolados na quarta posição, estando a fazer uma magnífica temporada, a vitória sofrida do Fundão e o bom resultado alcançado pelos axadrezados.

Resultados da 19ª jornada de Futsal Fonte: Record.pt
Resultados da 19ª jornada de Futsal
Fonte: Record.pt

Com estes resultados, o Campeonato está claramente lançado, e estou ansioso pela próxima jornada. Assim, dá ainda mais gosto seguir esta extraordinária modalidade!

Gil Vicente 1-2 FC Porto: seguro e sem galo

dosaliadosaodragao

Quando entrou em campo, em Barcelos, o FC Porto sabia já que os seus maiores rivais haviam vencido as respectivas partidas – e se o jogo diante do Gil Vicente era já importante, esse dado redobrou-lhe a relevância. Paulo Fonseca repetiu o onze que vencera o Paços de Ferreira (Abdoulaye parece ter ganhado o lugar a Maicon) e a aposta trouxe um FC Porto seguro de si e com boas sensações.

Num relvado (se assim lhe podemos chamar) em condições deploráveis, o Dragão entrou a todo o vapor. Nos primeiros dez minutos, o lado esquerdo do ataque azul e branco esteve em evidência e as oportunidades foram-se sucedendo: primeiro Jackson com um cabeceamento, depois Quaresma a emendar (mal) um cruzamento de Alex Sandro, a seguir Josué com um remate de fora da área e um denominador comum: Varela na criação. O ‘Drogba da Caparica’ catapultou a equipa para uma entrada em campo digna de quem estava decidida a impor-se ao seu adversário e a marcar, desde cedo, o ritmo do jogo. Foi, pois, com naturalidade que o golo do FC Porto chegou: aos 17’, através de um excelente lance de Herrera (tirou um adversário do caminho e fez um cruzamento primoroso, desde a direita) concluído pelo ‘Herói de Lviv’, ao segundo poste, de cabeça, numa antecipação ao defesa direito gilista.

Se era expectável uma reacção da equipa da casa, tal não aconteceu. Com uma defesa subida e a pressionar mais à frente do que o que tem sido hábito, o FC Porto manteve a toada, dominando o encontro e continuando a criar oportunidades de golo: servido pelo mexicano, Josué tentou, de novo, a meia distância, e, dois minutos volvidos (aos 23’), haveria de ser Danilo (lançado por Quaresma) a enviar uma bola ao poste da baliza de Adriano Fachinni.

Se a estratégia do Gil Vicente passava por defender o melhor possível e sair em transições rápidas, a verdade é que a equipa de João de Deus – exceptuando 2/3 lances de bola parada – apenas por uma vez conseguiu levar perigo à baliza portista – aproveitando uma desatenção de Alex Sandro, Brito surgiu isolado diante de Hélton, mas o guardião portista fez a ‘mancha’ e Abdoulaye completou o alívio (31’). Escaldado por este lance, o FC Porto recuou um pouco e as oportunidades de golo que até então tinham surgido rarearam até ao intervalo – na verdade, apenas Jackson teve hipótese de facturar, num excelente trabalho dentro da área mas concluído pessimamente (41’).

O apito de Paulo Baptista para o intervalo chegou com a certeza de uns primeiros 25/30 minutos muito interessantes do FC Porto, com inúmeras oportunidades de golo criadas (o sector esquerdo do ataque portista entrou muito agressivo no jogo) e com as prestações individuais de Varela e Herrera a merecerem destaque. Mais do que isso, o FC Porto – ao contrário da grande maioria dos momentos desta época – teve sempre o jogo controlado e quase sempre dominado.

A segunda parte arrancou com um Gil mais agressivo na luta pela posse de bola, a demonstrar vontade de entrar no jogo e com Hugo Vieira a dispor de uma oportunidade, fruto de uma má abordagem de Abdoulaye, para empatar o encontro. Todavia, haveria de emergir novamente Silvestre Varela: o extremo portista, servido por Herrera, poderia ter feito o 0-2, algo que acabaria por lograr no minuto seguinte (53’), após uma grande jogada individual, iniciada ainda no meio-campo defensivo. Nesse momento, supunha-se que o FC Porto saberia congelar o jogo e a vantagem obtida… Puro engano! A defesa azul e branca relaxou e, após um cruzamento desde o lado esquerdo, Hugo Vieira aproveitou para devolver o Gil ao jogo. 1-2 aos 55’.

Estranhamente – tendo em conta o passado mais recente –, o FC Porto não ficou abalado e continuou sempre no controlo das operações. A isto não será alheio o facto de o Gil não ter demonstrado capacidade para criar um jogo ofensivo minimamente apoiado e estruturado que pudesse pôr em perigo a vantagem alcançada pelos Dragões. Ainda que longe do fulgor da primeira meia hora, o Dragão soube ser equilibrado, não se expondo e, com frequência, chegando à baliza gilista. Na realidade, esteve sempre mais perto de surgir o 1-3 do que o 2-2 – aos 69’ por Varela, novamente; aos 77’ por Herrera; e aos 81’ por Licá (que havia substituído Quaresma).

O jogo manteve-se numa toada morna, ‘entretido’, sempre com o meio-campo do FC Porto a dominar as operações – com o relvado cada vez mais deteriorado, foi importante a combatividade de Fernando, o pulmão de Herrera e a consistência de Josué. Até ao fim, nota apenas para a (tradicional) entrada de Ghilas aos 87’, substituindo Varela, e para a estreia de Mikel Agu com a camisola da equipa principal portista, rendendo Josué.

Em suma, uma vitória segura do tri-Campeão nacional diante de um adversário que não soube perceber que o perigo poderia surgir do jogo exterior da equipa portista e que não demonstrou argumentos para ombrear com o conjunto de Paulo Fonseca. O FC Porto sai de Barcelos com três pontos e com a convicção de que a atitude e o empenho postos em campo desde o apito inicial foram fundamentais para o sucesso – a equipa mostrou maior compromisso e espírito de vitória, materializados num jogo colectivo mais ligado e organizado do que tem sido hábito, e com um Varela a emanar inspiração por todos os poros.

Varela
Silvestre Varela. O ‘Drogba da Caparica’ foi o homem-chave na noite de Barcelos
Fonte: Zerozero.pt

A Figura
Silvestre Varela – Se os dois golos que valem três pontos fossem insuficientes para merecer este destaque, então ter-se-ia de invocar mais qualquer coisa. E Varela fê-lo: entrou no jogo a todo o gás, à esquerda e à direita, combinando, servindo, desequilibrando sempre em favor do FC Porto. Numa palavra, o catalisador do FC Porto desta noite.

O Fora-de-jogo
Ricardo Quaresma – A exibição portista foi, no geral, agradável e competente. Sendo difícil destacar negativamente um elemento, a verdade é que o ‘Harry Potter’, hoje, não foi mágico: agarrando-se demasiado à bola (é impressionante o facto de raramente jogar ao primeiro toque), perdeu quase todos os lances individuais e poucas vezes decidiu bem e em prol da equipa.

A Taça da Vingança

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Na passada semana, o Chelsea, de Mourinho, e o Liverpool, de Brendan Rodgers, brindaram o Manchester City e o Arsenal, respectivamente, com expressivas vitórias – 1-0 e 5-1. Digo expressiva a vitória do Chelsea sobre o City porque foi um jogo que a equipa londrina controlou, não do princípio ao fim, mas durante grande parte do jogo e com relativa tranquilidade, devido à táctica exemplarmente preparada pelo técnico português e, já agora, exemplarmente praticada pelos seus enormes jogadores.

Já em relação ao Liverpool, nada a dizer: aos 20 minutos, já lá moravam quatro, e os jogadores do Arsenal  já se arrastavam em campo.  Este fim-de-semana, recheado de bons jogos a contar para a FA Cup, foi a vez de Pellegrini e Wenger sorrirem no final do encontro, ao eliminarem as equipas que os haviam batido para o campeonato.

Em Manchester, o jogo não teve muita história. O meu texto de há uns tempos sobre esta equipa da cidade de Manchester fez todo o sentido aquando o jogo, visto que não deram qualquer hipótese. O Chelsea mal se viu, num jogo que quase teve apenas um sentido.  Mourinho, por muito bom que seja, não consegue anular duas vezes consecutivas uma das melhores equipas da actualidade, e a jogar em casa então… Poderiam ter acabado o jogo com mais no saco.

Já em Londres, os Gunners conseguiram bater o Liverpool, vingando-se assim da pesada derrota que abalou as aspirações do clube para esta temporada. O 5-1 de Anfield ainda se notou nos jogadores e adeptos do Arsenal, que entraram um tanto ou quanto receosos no jogo e, não fosse o Sturridge a vacilar nas várias ocasiões que teve, no início do jogo, o resultado poderia ter sido semelhante ao de Anfield. No entanto, as bolas não entraram (muito graças a Fabianski, enorme!), e o Arsenal acabou por chegar aos golos através de Chamberlain e de Podolski, que, no decorrer desta semana, veio queixar-se aos órgãos de comunicação social, assumindo que não deveria ter saído do Bayern. Ainda assim, considero Fabianski o melhor em campo. Este 2-1 final muito se deve à estrondosa exibição do guarda-redes do clube londrino, e um pouco ao árbitro também, que cortou as asas ao Liverpool ao não assinalar um penálti, no final do jogo.

City
Jogadores do City festejam
Fonte: Maisfutebol

Outra situação que assola a realidade do futebol inglês são os constantes “mind games” do técnico português José Mourinho, “mind games” esses que são tanto adorados como odiados e que fazem de Mourinho… Mourinho. As novas vítimas do “Happy One” são Manuel Pellegrini e Àrsene Wenger, técnicos dos principais candidatos ao título desta temporada. Têm sido massacrados pelas declarações do treinador do Chelsea por variadas razões: o primeiro porque tem, ao seu dispor, uma equipa de topo e, segundo Mou, deveria ganhar mais; o segundo porque não ganha nada há muito tempo, e se ele (Mourinho) ficasse tanto tempo sem ganhar desistiria da carreira de treinador. Se os “mind games” com Pellegrini começaram por causa dos jogos entre as duas equipas (o que me parece que assim o tenha sido), já com Wenger não foi o que se passou, foi inclusive o técnico francês a abrir a discussão, afirmando que Mourinho tinha medo de fracassar. Ora, picar Mourinho não me parece de todo a melhor decisão, a menos que queiramos peixeirada diária. Às tantas, quer ver se desvia as atenções da descida brutal de rendimento da sua equipa.