📲 Segue o Bola na Rede nos canais oficiais:
Início Site Página 9605

Artistas a mais para o General Inverno

0

eternamocidade

Os últimos dias têm trazido ventos de esperança para os lados do Dragão: depois da goleada imposta ao Arouca, nada melhor do que uma derrota do rival SL Benfica em Braga para colocar o FC Porto a apenas 1 ponto da liderança do campeonato. Depois do desaire na Taça de Portugal, o toque de midas provocado pelos comandados de Sérgio Conceição foi talvez o clique necessário para que, de uma vez por todas, o FC Porto demonstre aquilo que parece ser óbvio à vista de quase todos: tem os melhores jogadores, o melhor plantel e por isso a obrigação de liderar o campeonato.

Com uma prestação extremamente positiva até ao momento na Liga dos Campeões e a liderança tão perto no campeonato, o FC Porto demonstrou nos últimos jogos uma face muito mais consolidada e próxima daquilo que se deseja. Para que isso tenha acontecido, não é coincidência que a tão proclamada “rotatividade” de Lopetegui seja, por esta altura, não tão drástica como já foi. É certo que entre o jogo com o Arouca e o Nacional o treinador mudou três jogadores, mas as entradas de Maicon, Oliver e Quarema para o jogo contra os madeirenses pareceram muito mais compreensíveis do que aquela revolução entre a goleada frente ao BATE Borisov e o jogo com o Boavista, sem esquecer as poupanças e a gestão ridícula feita frente ao Sporting, na Taça.

Apesar das melhores evidentes no jogo portista, há um fator que na minha opinião continua a falhar na equipa: a falta de agressividade. Ao ver os jogos do FC Porto, é fácil perceber que Lopetegui quer um estilo de jogo agradável para os adeptos, com velocidade na posse de bola, trocas posicionais constantes e sobretudo um domínio territorial equilibrado que permita, com maior ou menor dificuldade, derrubar os adversários. Contudo, e para além dos erros individuais que já custaram pontos e uma competição esta temporada, aquilo que mais me “preocupa” é falta de agressividade que a equipa demonstra em vários momentos durante os jogos.

1
Saberá Lopetegui readaptar o futebol do FC Porto quando for necessário?
Fonte: ogol.com.br

De facto, com a exceção dos centrais Maicon e Martins Indi, não se vê ninguém da equipa portista com “sangue na guelra” para perceber que nem sempre se pode jogar bonito. Sábado, ao olhar para o alinhamento inicial do FC Porto, é evidente que para a maioria dos adeptos portistas, ver Oliver e Quintero no onze é sinónimo de brilhantismo, de classe e sobretudo de jogo ofensivo constante. De facto, analisar a primeira parte do jogo frente ao Nacional é ver uma equipa que, com bola, sempre criou perigo mas que quando não a teve, passou por imensas dificuldades para perceber os momentos em que tinha que recuar as linhas e ser uma equipa mais paciente. Com Quintero, Oliver, Brahimi e Quaresma de início, não há dúvidas que a magia aparecerá sempre, mas é óbvio que colocar tantos artistas de início não é viável na maioria dos jogos.

Dessa forma, e porque com o mês de Novembro se aproxima o mau tempo, é compreensível que o mesmo traga enormes dificuldades a um plantel tão dotado tecnicamente como o FC Porto. Para os amantes de futebol, ver os dribles de Brahimi, a velocidade de Tello, a magia de Quintero e a técnica de Quaresma é um regalo mas num campeonato como o português, onde a componente física é extremamente importante, será que com o decorrer da competição, só isso chegará ao FC Porto? Se bem se recorda, caro leitor, este problema de falta de agressividade já apareceu na época passada, sobretudo nos jogos fora de portas, onde o FC Porto raramente conseguiu vencer devido a essas dificuldades em ser mais forte nos duelos, em ser mais eficaz e competente em jogos onde o brilho individual raramente consegue aparecer. Na condição de visitante, perante equipas agressivas e campos pesados, em que o relvado nem sempre está nas melhores condições, será interessante perceber se todos os artistas do elenco portista serão capazes de se adaptar ao fato de macaco e perceber que nem sempre se pode fazer uma finta ou um passe de 40 metros.

Numa altura em que os rivais não estão na melhor das formas, só uma equipa completamente concentrada nos seus objetivos é que poderá fazer frente a um campeonato que se tem pautado por algumas surpresas e sobretudo muita competitividade. É certo que a magia de Brahimi, a velocidade de Tello, o repentismo de Quintero e a técnica de Quaresma terão que estar presentes mas com as deslocações mais complicadas, será preciso também saber jogar “feio”, fazer mais faltas quando assim for necessário, ser mais pressionante sobre os adversários e sobretudo ter sempre mais agressividade. É que para ganhar campeonatos, nem sempre basta ter as melhores cartas. É preciso saber o que fazer com elas.

Em cima de areia não se constroem arranha-céus

0

sexto violino

Conceber uma obra de construção civil, qualquer que ela seja, é muito mais do que pura e simplesmente passar para a realidade uma ideia que existe apenas no papel. Há vários passos a dar antes disso: é preciso estudar o terreno, pedir a opinião de peritos para saber se e como é possível construir, decidir quais as fundações, proceder à terraplanagem, etc. É por isso que não há – ou não deveria haver – grandes arranha-céus construídos na extremidade de dunas costeiras. É necessário solidez e estabilidade, e isso só se consegue com uma construção consciente, planificada e faseada. É também por isso que existe a expressão “não se constrói uma casa a partir do telhado”. Ora, estas premissas são aplicáveis a outras áreas da vida e, infelizmente, o Sporting esta época parece tê-las desprezado – hoje em dia há volume ofensivo mas o sector mais recuado está em estilhaços.

O mal não é de agora, e o último jogo nem sequer foi o caso mais grave. Desde bem cedo que a dupla Maurício-Naby Sarr deu dissabores ao clube. Vamos por partes: o central brasileiro já tinha mostrado que não era um jogador extraordinário mas, em abono da verdade, a dupla com Rojo na última época funcionou bastante bem. O Sporting foi uma das melhores defesas do campeonato, não só em termos de números mas também a nível de segurança, processos e rotinas. Em termos individuais, a temporada do brasileiro não ficou a dever nada à do argentino, embora este último tenha terminado a época em crescendo. No entanto, este ano Maurício provou aquilo de que muitos já suspeitavam: a sua forma depende muito da fiabilidade do outro central e a sua capacidade para liderar uma defesa é baixa. Não tenho nenhum prazer em dizê-lo mas, actualmente, não há um jogo em que não prejudique a equipa.

Falando de outros intervenientes, como é que um clube que no ano passado tinha Marcos Rojo este ano tem Naby Sarr? Neste capítulo há pouca margem para dúvidas: a direcção do Sporting foi apanhada desprevenida e não previu nem a saída do argentino nem a de Eric Dier. O que é estranho, porque Rojo fez um óptimo mundial, foi vice-campeão do Mundo e era óbvio que um clube como o Sporting teria de o vender; quanto a Dier, estranha-se o desconhecimento da tal cláusula que obrigava o clube a vendê-lo a emblemas ingleses caso estes oferecessem uma determinada quantia. Bruno de Carvalho e Inácio estavam convencidos de que seria possível manter os dois jogadores, quando na realidade ficaram sem nenhum.

mauricio sarr
Maurício e Naby sarr têm sido um quebra-cabeças para o Sporting

É impossível olhar para esta equipa do Sporting e não imaginar Rojo ou Dier no eixo defensivo. Tanto um como outro, ao lado de Paulo Oliveira, seriam o complemento ideal para um plantel cuja evolução tem sido notória e que conta agora com a liderança e o primor técnico de Nani. Mas, mesmo com a saída dos dois defesas, não teria sido possível contratar um central mais capaz? Sarr até pode melhorar no futuro, mas o que importa é o presente. Se se assume uma candidatura ao título, tem de se apostar em jogadores de hoje e não nas promessas de amanhã. O francês será até quem tem menos culpa, mas as suas exibições chegaram a um ponto em que nem ele nem o Sporting beneficiavam com a sua titularidade – e Marco Silva, bem, tirou-o da equipa.

Mas o problema é que Maurício neste momento não está melhor. E o Sporting sofre. Os centrais (leia-se Maurício na grande maioria dos casos) abrem auto-estradas ao centro, não conseguem acompanhar os adversários em velocidade, perdem bolas aéreas, constroem o jogo de forma atabalhoada e entram em pânico com grande facilidade. Convém, claro, não esquecer as recentes exibições medíocres de Cédric, bem como as dificuldades que Jonathan tem sentido no seu flanco. A defesa é, em suma, típica de uma equipa de meio da tabela.

O Sporting arrisca-se a sofrer golos a qualquer altura de qualquer jogo, pelo que o bom trabalho que o meio-campo e o ataque desenvolvem na construção de jogadas de perigo é constantemente sabotado pelo sector mais recuado. Patrício tem sido mais vezes posto à prova do que um guarda-redes dos distritais numa eliminatória da Taça contra um grande. Toda a época do Sporting está dependente, portanto, da tal superfície arenosa que pode ceder a qualquer momento. E, se esta ainda não caiu em definitivo, já abanou (e de que maneira!) vezes mais do que suficientes. Assim, não há candidaturas ao que quer que seja.

Note-se que, no que toca a buracos defensivos, curiosamente o jogo de Guimarães nem foi dos piores. Toda a equipa entrou letárgica e letárgica saiu. Não há segundo golo irregular, por muito que tenha sido o seu efeito psicológico na equipa, que justifique uma exibição tão fraca. Mas o Vitória – e digo isto sem querer tirar ao adversário o mérito de um triunfo incontestável – apenas precisou de ir duas vezes com perigo à área leonina para marcar dois golos. E o que mais me preocupa é que, caso os intervenientes na defesa não mudem urgentemente, estas situações voltarão a acontecer.

rosell
Uri Rosell pode ser uma boa solução de recurso para o eixo da defesa, mas a ida ao mercado é obrigatória

Como, para cúmulo, a exibição de Ramy Rabia pela equipa B foi anedótica e não perspectiva nada de bom, exige-se uma ida ao mercado quanto antes. Eu até costumo ser céptico relativamente a quem diz que se devia apostar nos centrais da equipa B e dos juniores só pelo facto de serem portugueses e da Academia, mas cheguei a um ponto em que acho que qualquer Tobias Figueiredo faria melhor figura do que Maurício e Sarr.

Na quarta-feira há jogo decisivo com o Schalke. Sinceramente, e sem querer parecer arrogante, daquilo que já vi dos alemães diria que o principal adversário do Sporting vai ser o nosso próprio eixo defensivo. E sou sincero: depois de todos os sustos que já apanhámos, dou por mim a pensar se Uri Rosell não seria quem, juntamente com Paulo Oliveira, assegura a posição de central de forma mais serena. O catalão vem da escola do Barcelona e parece ter alguma inteligência, sentido posicional e certeza no passe. Longe de ser a situação ideal, já são características que, por si só, o colocam a ganhar 4-0 a Maurício e Sarr…

De qualquer das formas é urgente atacar o mercado. Não há adversário que não passe por esta defesa, e o Sporting não pode perder mais tempo. O trabalho de uma época não pode ser posto em cheque devido a um sector defensivo feito de areia, que não aguenta o resto da equipa. A continuar assim, o edifício que Marco Silva tem tentado construir corre o risco de desabar. E é pena, porque o resto da equipa tem qualidade para fazer uma época muito interessante.

O Passado Também Chuta: Luís Aragonés

o passado tambem chuta

Escrever sobre Luís Aragonês não é fácil. Poderia focar a sua vertente como jogador e sem dúvida que não seria um favor, nem estaria como recheio ao lado dos restantes craques sobre quem escrevi. Poderia escrever somente sobre a sua vertente como treinador e não seria um terceiro ao lado de Bella Gutman ou Helénio Herrera. Poderei escrever sobre a personagem e sem dúvida rivalizaria ainda mais com os outros técnicos mencionados. Não é ou foi em vão que o apelidaram de O Sábio de Hotaleza. Luís Aragonês foi em todas as facetas da sua vida profissional único.

Luís começou a praticar futebol em Getafe; começou a jogar na zona que é conhecida como “El más allá”; no grande cinturão proletário de Madrid. O Real Madrid deitou-lhe o olho; chamou-o e incorporou-o. Ainda que pareça o contrário, Luís deixou constância da sua qualidade. Era um centrocampista ofensivo com visão de jogo e tremendamente finalizador. No entanto, o Real Madrid vivia a época de esplendor das cinco Taças de Europa e o Sábio de Hortaleza L era só um jovem; cheio de qualidade, mas jovem. O Real Madrid, tal como hoje, contratava os Kopas; os Puskas; comprava o que lhe apetecia. Então, entre uma de favores ou simpatias entre clubes, Luís encontra a sua casa de amores e ódios; encontra o Atlético de Madrid. Convive com grandes jogadores; joga ao lado de Collar, Ufarte, o português Jorge Mendoça e tantos outros. Metido entre os dois colossos do futebol espanhol consegue ganhar três campeonatos de Espanha, várias Taças e mais alguns troféus com bitola.

Sendo um centrocampista consegue ser máximo goleador do Campeonato Espanhol e um exímio e primoroso lançador de faltas. Ainda a relva sentia as suas botas quando foi chamado para treinar a primeira equipa do Atlético de Madrid. Começou por ganhar a Taça Intercontinental. Luís Aragonês amava o futebol e adorava ser treinador. Treinou clubes de segundo nível e clubes de máximo nível como o Barcelona. Chegou a este clube para apagar um incêndio no clube a todos os níveis. Mesmo assim logrou ganhar uma Taça de Espanha. Ganhou com o clube da sua paixão um campeonato; taças e vários trofeus. Por ganhar até, indo em socorro, ganhou um Campeonato da 2ª Divisão com o Atlético de Madrid.

Com a camisola do Atlético de Madrid Fonte: Estrelladigital.es
Com a camisola do Atlético de Madrid
Fonte: Estrelladigital.es

Mas a sua grande obra estava por escrever. É nomeado selecionador nacional. Começa mal porque havia galos de muito poleiro. Luís Aragonês deixa de convocar a coqueluche do futebol espanhol Raul. Os media não dão trégua. Luís Aragonês muda de jogadores e de filosofia (chama “os bajitos”). Decide que para fazer alguma coisa no contexto internacional tem de esconder a bola. Chama o centrocampista Xavi. Fala com ele frontal e profundamente. A seleção espanhola começa a praticar outro futebol e consegue gerar um ambiente de extrema amizade entre os selecionados. Espanha vai para o Europeu com a corda do enforcado no pescoço do seu selecionador. A seleção fez o que fez e a façanha retumbou pelos quatro cantos de Espanha; Espanha ganhou brilhantemente o Campeonato de Europa de 2008.

Mas isto não foi o mais importante da grande obra do Sábio de Hortaleza. Luís deixou uma equipa armada para dez anos e uma filosofia de jogo que se tornou o ponto de referência mundial. Sem Luís a seleção espanhola jamais ganharia tudo o que ganhou. Em 2008 foi considerado o melhor treinador pela IFFHS. Faleceu no dia 1 de Fevereiro de 2014 entre o reconhecimento e admiração de todos. Luís foi um homem que fez e deixou Obra.

Villarreal 1-3 Valencia: Demonstração de força com um herói improvável

0

la liga espanha

Grande triunfo do Valência no derby com o Villarreal. A equipa de Nuno Espírito Santo, com André Gomes em evidência no meio-campo, venceu por 3-1, mas o jogo esteve longe de ser fácil. O “submarino amarelo” deu bastante luta e só quando Mustafi fez o 2-0 é que a equipa da casa deixou de criar perigo para a baliza de Diego Alves. O central alemão tornar-se-ia a grande figura do encontro, bisando na partida e colocando o Valência no segundo lugar do campeonato.

Sem Dani Parejo, Nuno Espírito Santo montou a equipa num 4-4-2, com André Gomes e Javi Fuego no meio-campo e Rodrigo no apoio a Paco Alcácer. O jogo não podia ter começado melhor para o Valência, que beneficiou de um auto-golo de Manu Trigueros. Em vantagem, o emblema che colocou-se na expectativa, entregando a iniciativa de jogo ao Villarreal. Com Cheryshev em destaque no flanco esquerdo, o conjunto da casa conseguiu incomodar a defensiva adversária, embora sem criar grandes ocasiões de golo. O Valência manteve a postura até ao intervalo, sempre com o jogo controlado (Diego Alves só fez uma defesa, a remate de Cheryshev) mas sem chegar perto da área de Asenjo.

Na segunda parte, o Villarreal entrou forte e esteve perto de marcar, com Diego Alves novamente em grande. Aos 64’, sem o justificar, o Valência fez o 2-0, com Mustafi a corresponder a um cruzamento de Piatti. A equipa da casa acusou imenso o golo e deixou de acreditar num resultado positivo, o que permitiu à turma de Nuno dominar por completo a partida. Em novo lance de bola parada, Mustafi voltou a marcar e sentenciou definitivamente a partida, apesar de Trigueros ainda ter reduzido para o Villarreal.

Mustafi foi a figura do jogo Fonte: Valenciafc.com
Mustafi foi a figura do jogo
Fonte: Valenciafc.com

Apesar de não ter sido deslumbrante, o Valência fez uma exibição muito interessante do ponto de vista colectivo. A equipa mostrou muita inteligência na gestão do encontro e foi tremendamente eficaz na finalização. A dupla Otamendi-Mustafi está cada vez mais rotinada e no meio-campo Javi Fuego e André Gomes (mais recuado do que é habitual) estiveram muito eficazes nas tarefas de pressão e recuperação. É de salientar a evolução do português em termos defensivos; agressivo, a usar o físico para roubar bolas e muito inteligente na ocupação de espaços. Os alas tiveram também um papel fundamental no triunfo, sobretudo Feghouli, que tem um sentido colectivo e uma disciplina táctica notáveis. Estranhamente, não tem sido assim tão utilizado por Nuno. Destaque ainda para Rodrigo, que revelou a qualidade do costume a jogar entre linhas.

O Villarreal podia ter conseguido outro resultado, mas a derrota não apaga o que de bom tem sido feito até aqui. A infelicidade de Manu Trigueros acabou por dificultar a tarefa da equipa de Marcelino Toral, técnico que colocou o “submarino amarelo” a praticar um futebol muito interessante. Musacchio foi uma baixa de peso na defesa, que se ressentiu da ausência do central argentino. Cani lesionou-se no aquecimento e forçou a entrada de Moi Gómez, que também foi uma nulidade. Trigueros ainda mostrou qualidade na primeira parte, mas o grande destaque foi Cheryshev. O extremo emprestado pelo Real Madrid foi um quebra-cabeças para Barragán e foi claramente o elemento mais perigoso do Villarreal. Giovani e Uche estiveram muito activos no ataque, mas faltou outra clarividência na definição dos lances. Vietto, grande promessa argentina, não conseguiu agitar o encontro vindo do banco.

A figura:

Shkodran Mustafi – exibição imperial do central contratado à Sampdoria. A actuar ao lado de Otamendi, que também esteve impecável, o internacional alemão de 22 anos esteve praticamente perfeito, demonstrando uma excelente leitura de jogo e um óptimo timing de corte. Como se não bastasse, ainda fez a diferença em termos ofensivos, marcando dois golos na sequência de lances de bola parada.

O fora-de-jogo:

Moi Gómez – o extremo direito foi o elemento mais apagado do ataque do Villarreal. A lesão de Cani no aquecimento forçou Marcelino Toral a dar a titularidade ao jovem de 20 anos (boa revelação desta temporada), mas a verdade é que Moi não esteve à altura.

Portugal 29-34 Rússia: Mais longe do Europeu…

0

cab andebol

Gostava que este texto não soasse tão fatalista, até porque este foi apenas o segundo jogo da fase de qualificação, mas assim o futuro da selecção portuguesa fica mais difícil. Mesmo tendo em linha de conta a qualidade da equipa russa, se Portugal quiser a qualificação para um torneio internacional – algo que já lhe escapa desde 2006 – tem de derrotar os adversários fortes quando joga em casa. E hoje, contrariamente ao jogo da semana passada na Hungria (derrota por 31-30), isso nunca esteve perto de acontecer.

O jogo começou a um ritmo interessante, com a Rússia a respeitar Portugal e ambas as equipas a saírem em ataques rápidos. A defesa forasteira mostrava-se agressiva e disposta em 5-1, com o ponta-esquerdo Oleg Skopintsev invariavelmente posicionado à frente dos colegas de forma a encurtar o ataque português e a afastá-lo de zonas de perigo. Ainda que esta opção táctica pudesse abrir brechas que permitissem a entrada dos laterais e do pivot, a verdade é que Tiago Rocha (6 golos) foi quase sempre bem defendido, particularmente na primeira parte, e Gilberto Duarte (6 golos, o melhor lateral) só a espaços criou problemas.

O momento mais importante da partida surgiu cedo: Pedro Portela (7 golos), o melhor português, colocou a selecção nacional a vencer por 9-7 aos 15 minutos com dois golos seguidos, obrigando a Rússia a pedir time-out. O treinador Oleg Kuleshov cortou o ímpeto nacional e, até ao intervalo, quase só deu Rússia. Aos 22 minutos, os visitantes já venciam por 10-15. As exclusões quase seguidas de Portela e Gilberto Duarte também não ajudaram, mas a verdade é que Portugal nunca conseguiu furar a defesa russa. Ao intervalo, o resultado era de 12-18.

pedro portela
Pedro Portela, com Cláudio Pedroso e Pedro Solha, foi o melhor português, com 7 golos
Fonte: facebook.com/pedro.a.portela.7

Foram os segundos 15 minutos da primeira parte que acabaram por condenar a equipa portuguesa uma vez que, após o intervalo, os homens de Rolando Freitas pareceram querer imprimir um ritmo mais dinâmico. A exlcusão de Konstantin Igropulo, lateral-direito do Füchse Berlin que é talvez a maior figura desta equipa e que estava a ser um dos mais decisivos (orquestrava ataques e marcava golos importantes; melhor marcador do encontro com 8 golos) permitiu a Portugal sonhar com a aproximação. Contudo, a equipa da casa raramente conseguiu períodos de dois golos sem resposta – mérito também da Rússia – falhando portanto a redução da desvantagem.

Pedro Solha (2 golos) mostrava-se pouco inspirado e desperdiçou alguns lances em momentos importantes. Do lado russo, tanto em ataque continuado como em contra-ataque a superioridade era notória, com os pontas Dmitri Kovalev (2 golos) e sobretudo Timur Dibirov (3 golos) a arrancarem uma segunda parte de bom nível. Auxiliados por um Sergei Gorbok imperial a defender e um Pavel Atman decisivo na meia-distância, os russos venceram por 29-34 sem contestação.

Portugal somou a segunda derrota em outros tantos jogos e tem ainda quatro partidas pela frente. A ida de Wilson Davyes para França, as boas campanhas recentes de Sporting e Porto na Europa e a maturação dos atletas que se sagraram vice-campeões europeus de sub-20 em 2010 podem ajudar o andebol português a dar um salto qualitativo. No entanto, isso só acontece caso se vençam os melhores. E, não fossem os últimos 15 minutos do primeiro tempo, esse cenário até não era uma missão impossível…

Para se apurar para o Europeu de 2016, a selecção terá de ficar nos dois primeiros lugares do grupo ou ser a melhor terceira classificada. No entanto, com deslocações difíceis à Ucrânia e à Rússia e com a recepção à temível Hungria, as coisas não se afiguram fáceis.

FC Porto 2-0 Nacional: Não há Machado que corte a raiz ao pensamento

a minha eternidade

O primeiro terço da partida entre o Porto e o Nacional foi marcado por uma grande qualidade da equipa azul e branca, que demonstrou um caudal ofensivo muito interessante, com combinações no último terço do campo bem orquestradas e perigosas.

Devo ressalvar, em primeiro lugar, que julgo ter havido uma ponderação de Lopetegui sobre se devia manter certos modelos de jogo. Eu vinha afirmando, nas últimas semanas, que considerava que o treinador do Porto deveria repensar o modelo de saída de bola, muito “mastigado” entre os quatro elementos da defesa, que trocavam incessantemente a bola entre si, numa circulação inofensiva e descabida, que não projectava os laterais em “cavalgada atacante”, nem procurava condignamente o médio defensivo, que, quando solicitado, jogava novamente a bola para o quarteto defensivo. Este comportamento demonstrou ser infrutífero, improdutivo e, pior do que isso, arriscado para a própria equipa, que sofreu quase todos os golos na sequência de erros não forçados na sua primeira zona de construção. Ontem, julgo que houve uma mudança nessa orientação de início de posse, com o recuo de dois jogadores no início do processo ofensivo: Óliver Torres e Juan Quintero. Estes atletas baixavam no terreno (não em simultâneo) e de frente para o jogo, procuravam a verticalidade ofensiva que ainda não se viu naquela posição. Quando um destes médios descia para transportar, Casemiro subia um pouco e dava também linha de passe. O brasileiro em momento ofensivo era um 8 e no processo defensivo um 6; se o treinador espanhol mantiver esta dinâmica naquela posição específica, arranjou a melhor configuração para o médio canarinho. Como o técnico já se apercebeu de que Casemiro é mau de costas para a baliza adversária, adiantou-o para assim conseguir a sua postura frontal para o campo contrário, permitindo ao jogador executar as excelentes aberturas médio/longas e variar o sentido de jogo. Resta saber se esta variante táctica é para manter ou se terá sido apenas uma estratégia pontual.

Outro aspecto que foi alvo de uma meditação considerável do espanhol foi a questão da rotatividade. Fez muito bem em mantê-la, não deve abdicar desse paradigma de gestão do grupo, agindo bem ao rodar desta vez três jogadores. Deve manter este número “divino” para a rotatividade, alterando apenas uma peça por cada sector, excluindo o guarda-redes. O número excessivo de jogadores que vem trocando de jogo para jogo (como fez na partida com o Sporting onde alterou seis atletas) é um pouco excessivo e descaracteriza a equipa e a sua mecanização. Variando três elementos apenas não altera a dinâmica e introduz nuances individuais que diversificam o jogo colectivo. Neste encontro entraram Quaresma, Óliver e Maicon para os lugares de Tello, Herrera e Marcano. Será necessário esperar pelos próximos jogos para vislumbrar se esta pequena alteração de gestão se torna perene.

lopetegui
Terá Lopetegui pensado numa diferente variação para a saída de bola da equipa?
Fonte: record.xl.pt

Destaco a ala direita portista, onde a irmandade Danilo-Quaresma funcionou na perfeição. Combinações brilhantes, aberturas na medida certa e alternâncias posicionais entre estes dois jogadores, foram uma constante durante todo o jogo. Ora abriam muito na linha para permitir ao outro a invasão do espaço interior, ora pisavam zonas interiores para o parceiro procurar a linha de fundo e cruzar. Estiveram ambos excelentes.

Na primeira parte, a linha defensiva do Porto esteve muito subida, quase a pisar o risco de meio campo. Como os avançados não fizeram uma pressão alta e procuraram fechar linhas de passe em contenção, a equipa apresentou-se muito compacta, com as três linhas muito juntas, um comportamento inédito, também à espera de confirmação.

O Porto na segunda parte desceu muito de produção, talvez na procura de gerir esforços para o compromisso europeu que se avizinha. A defesa recuou, e o bloco baixou consideravelmente. O Nacional conquistou o miolo, teve mais bola, embora não tenha conseguido nenhuma oportunidade de golo em ataque posicional, a contrastar com aquilo que fez na primeira parte, onde em contra ataque dispôs de boas situações para marcar.

No decorrer do jogo saiu Quintero para entrar Herrerra, no intuito de poupar o colombiano para quarta-feira e dar mais “músculo” ao meio campo. Tello “tirou” Brahimi do jogo, numa substituição necessária, visto que o Porto carecia de alguém que possibilitasse jogar em ataque rápido, uma vez que não dominava o jogo. O argelino até estava apagado, até consumar uma obra-prima repentista, como só os predestinados conseguem fazer. O capitão Jackson saiu para a entrada de Aboubakar, uma troca por troca que visou acarinhar o colombiano com aplausos e possibilitar ritmo ao camaronês.

A Figura

Danilo – foi o melhor jogador em campo. Marcou o primeiro golo numa reacção enérgica a uma defesa do guarda-redes contrário, aproveitando para disparar uma recarga imparável. Combinou na perfeição com o seu parceiro do lado direito, Ricardo Quaresma, numa cooperação fantástica que possibilitou a ambos incursões e cruzamentos perigosíssimos. Esteve, como sempre, incansável, com uma disposição física tremenda. Este jogador é um lutador, vai ao choque, ganhou segundas bolas, destemido no jogo aéreo e ainda dobrou os centrais algumas vezes em situações de perigo. É verdade que, com o seu adiantamento para atacar, destapou em algumas situações a equipa, mas omnipresente só Deus.

O Fora-de-Jogo

Jackson Martínez – Não que tenha jogado mal mas esteve pouco em jogo, não baixou de forma tão constante como habitualmente faz para combinar com os avançados, não teve tanto sucesso nas disputas pelo ar e nas poucas ocasiões de que dispôs para marcar, não o fez.

Man.City 1-0 Man.United: Derby muito “Small(ing)”

premier league

Altíssima pressão para o Manchester City no eterno derby da cidade inglesa frente ao rival United. A vitória de ontem do Chelsea de Mourinho deixara os citizens a 9 pontos e, para uma equipa que não vencia há 3 jogos, este era um teste de fogo para o conjunto de Pellegrini, sobre quem já pairam alguns fantasmas de despedimento. Assim, a maior responsabilidade recaía sobre a equipa da casa, já que o conjunto de Van Gaal – pese embora o elevadíssimo investimento – nunca foi nem será candidato ao título nesta temporada.

Lançados os dados, cabia, então, aos intervenientes oferecerem um jogo à altura da qualidade que apresentam. O que foi uma miragem na primeira parte. Apesar da alta intensidade colocada no jogo por ambas as equipas, a qualidade de jogo deixava muito a desejar e os ressaltos, bolas divididas e passes falhados foram uma constante nos primeiros 20 minutos. Período em que, embora sem grande brilhantismo, o United ia conseguindo aguentar-se sem grandes sobressaltos defensivos, frente ao rival que sentia a ausência da magia de David Silva. No entanto, eram latentes as dificuldades que a equipa de Van Gaal revela na saída de bola desde trás: Blind não tem qualidade para um clube destes – muito menos numa posição fundamental como é a de 6 -, Fellaini tem a intensidade de um caracol e o esforço e vontade de Rooney não são suficientes para disfarçar isto. Assim, de pouco vale ter a magia de Di María ou de Van Persie se a bola não lhes chega em condições. Foi apenas a partir do meio do primeiro tempo que o City conseguiu chegar com grande perigo à baliza de De Gea. O espanhol, que tem sido o salvador do passador que é a sua linha defensiva, negou por duas vezes o golo a Kun Aguero – quem mais? – e ia adiando o que parecia inevitável que acontecesse mais tarde ou mais cedo.

A expulsão de Smalling foi um retrato deste United de início de época e deixou a sua equipa desamparada e totalmente à mercê do City. O segundo amarelo não é merecedor de qualquer discussão mas só vale a expulsão porque, para Smalling, a inteligência em jogo é algo que só vem nos livros. Minutos antes impedira Joe Hart de repor a bola e viu o primeiro cartão. Aos 30 minutos. Por impedir uma reposição de bola. Está tudo dito, não está? Até final da primeira parte o City pode ainda queixar-se de Michael Oliver, árbitro do encontro: duas grandes penalidades por assinalar por faltas sobre Aguero e Yaya Touré.

Aguero, o marcador do costume deste City Fonte: The Guardian
Aguero, o marcador do costume deste City
Fonte: The Guardian

Finda a primeira parte que não deixa saudades ao apreciador de bom futebol, na segunda metade adivinhava-se um massacre ofensivo do City, a precisar da vitória como de pão para a boca e com mais um elemento em campo. Sem criar verdadeiras oportunidades de golo, a verdade é que os sky blue conseguiram instalar-se a seu bel-prazer no meio-campo ofensivo, empurrando o United para dentro da sua grande área. Para o United, mais uma contrariedade com a saída por lesão de Rojo, que deu lugar a McNair. Valencia, Carrick, McNair e Shaw: a linha defensiva de um clube que gastou 200 milhões de euros em reforços. Adiante. O golo da vitória do City acabaria por chegar pelo inevitável Kun Aguero, numa boa jogada de envolvimento ofensivo com um cruzamento atrasado do francês Clichy para a finalização fácil do argentino.

O City acabou por sofrer por culpa própria. Não conseguiu chegar ao segundo golo, que sentenciaria o jogo, e o United, apesar da inferioridade numérica, nunca atirou a toalha ao chão. A partir dos 70 minutos, altura em que o génio de Van Persie timidamente apareceu, a equipa de Van Gaal conseguiu criar alguns problemas a Joe Hart, que esteve à altura dos remates do holandês e, mais tarde, de Di María. Para a história fica um derby com mais emoção do que futebol propriamente dito, entre duas equipas que ainda estão longe, muito longe, daquilo que os seus plantéis lhes permitirá fazer no futuro. O City do ano passado teria goleado este United, que construiu a casa pelo telhado e está a 13 pontos do primeiro lugar em Novembro.

A Figura

Kun Aguero – O craque das pampas decidiu mais uma partida para a sua equipa. Num City desinspirado, foi o melhor em campo. Até ao momento, 10 dos 20 golos da equipa no campeonato são seus.

O Fora-de-Jogo

Man. United – Apesar da boa reacção da equipa ao golo, a exibição não foi animadora. 31 jogadores utilizados em dez jornadas são o reflexo da deriva em que a equipa está desde o abandono de Sir Alex Ferguson.

Bayern de Munique 2-1 Borussia Dortmund: Justo mas manchado

0

bundesliga

Bayern de Munique e Borussia encontravam-se em mais um clássico na Alemanha. O Bayern caminha a passos largos para mais um campeonato ganho, enquanto o Borussia está irreconhecível e ocupa um estranho, para uma equipa que está habituada a lutar pelo título, 15º lugar. Muito se tem falado deste Borussia de duas caras. Fortíssimo na Liga dos Campeões, uma desilusão a nível interno. A falta de motivação para um campeonato que parece decidido logo ao início pode ser um dos factores.

O Bayern entrou melhor, sempre mais pressionante, mas esbarrava em Weidenfeller, que fez um conjunto de boas defesas em todo o jogo. O Borussia tentou anular os bávaros, mas era uma missão complicada. Ainda assim, perto da meia-hora, os amarelos de Klopp finalmente ameaçaram e deram o mote para o que viria a seguir. Aubameyang teve uma grande arrancada e cruzou para Reus surpreender a Allianz Arena. O primeiro estava feito, um bocado contra a corrente do jogo. O Bayern bem tentou procurar o empate, mas continuou a ser muito perdulário.

Ao intervalo, o resultado premiava a eficácia do Borussia e a sua capacidade de sofrer, e era um castigo para um Bayern que falhou demasiado. Devido a lesão de Hummels, Klopp meteu Subotic e esta alteração teve bastante influência no jogo.

Robben deu os três pontos Fonte: Facebook Bayern Munique
Robben deu os três pontos
Fonte: Facebook Bayern Munique

O Bayern tomou conta da segunda parte. A capacidade do Borussia de procurar o contra-ataque desapareceu. Só deu Bayern, mas o filme da primeira parte continuava. Mas foi aqui que a entrada de Subotic foi determinante. Primeiro, aos 72 minutos, Subotic faz um corte infeliz e a bola sobra para Lewandoski, que marca à antiga equipa. Estava no ar a ideia de que o segundo golo do Bayern viria aí. E veio, mas de uma forma infeliz. Subotic (mais uma vez) e Ribéry disputaram a bola dentro da área, com o francês a cair e o árbitro a assinalar penalty. Na repetição, pode-se ver que o lance deixa algumas dúvidas. Mas Robben aproveitou e marcou.

A reviravolta estava feita e o Bayern ganhava o jogo. Uma vitória justa. Só deu Bayern em quase todo o jogo. O Borussia continua muito aquém do esperado e ocupa um lugar de descida. Ainda assim, este triunfo fica marcado pelo penalty, que, na minha opinião, não parece existir.

A Figura

Weidenfeller – com um par de grandes defesas foi adiando os golos do Bayern.

O Fora-de-Jogo

Bayern perdulário – demasiados lances falhados, por vezes por mérito do guarda-redes adversário, outras vezes por demérito dos jogadores de Guardiola.

Vit.Guimarães 3-0 Sporting: Vitória irrepreensível

sob o signo mozos

Vitória claríssima dos minhotos frente a um Sporting que esteve constantemente adormecido. Depois de exibições consecutivas a deliciar todos os adeptos, eis que o clube de Alvalade cai categoricamente aos pés de um Vitória de Guimarães fabuloso.

A história da partida, essa, é fácil de contar: um jogo de sentido único do início ao fim; um Sporting que não criou uma única oportunidade de perigo real; um Vitória de Guimarães montado de forma inteligentíssima impediu que o jogo do Sporting existisse e desvirtuou os papéis, pois quem parecia grande hoje era a equipa de Rui Vitória, que preparou a sua equipa de forma exemplar.

O jogo começou algo indefinido. Mas os minhotos foram-se instalando, progressivamente, no meio-campo adversário, exercendo uma pressão alta, cobrindo as linhas de passe dos leões e não permitindo que houvesse ligação entre a defesa e o ataque dos pupilos de Marco Silva.

Com um Vitória de Guimarães mais corajoso e atrevido, o jogo foi ficando favorável para a equipa orientada por Rui Vitória. Aos 15 minutos, Bouba Saré corresponde da melhor maneira a um cruzamento da direita, abrindo assim o marcador a favor da equipa da casa. O Sporting não soube reagir: falhava passes, mostrava-se nervoso com a pressão exercida pelo adversário e não conseguia criar uma identidade de jogo. Os jogadores pareciam desconcentrados e sem uma ideia comum, o que dificultava a imposição de qualquer tipo de processos. Os minhotos estiveram sempre mais perto do segundo golo do que os leões do empate. Foi, portanto, sem surpresa que o 2-0 chegou, aos 42 minutos de jogo. Mais uma vez, um centro que partiu da direita e João Afonso cabeceou na direcção da baliza – qual dejà vu! – e Maurício, na tentativa de evitar o inevitável, acabou por confirmar o golo dos vimaranenses. Fica a dúvida quanto à regularidade da posição do jogador do Vitória na altura exacta em que o centro sai dos pés de Hernâni, mas certo é que o jogo foi para intervalo com um resultado inesperado mas não por isso injustificado.

André André foi o melhor jogador em campo, sendo o reflexo do bom jogo vimaranense Fonte: Zerozero
André André foi o melhor jogador em campo, sendo o reflexo do bom jogo vimaranense
Fonte: Zerozero

Marco Silva tinha de mexer e na entrada para o segundo tempo fez entrar Capel e Slimani, na tentativa de desequilibrar o até então inabalável controlo do Vitória. Mas os minhotos, fazendo jus às suas origens, lutaram como guerreiros e aperfeiçoaram o seu jogo. Tacticamente sublimes, não se deixaram desmontar e continuaram, com grande personalidade, a impor o ritmo de jogo.

Os lances de perigo iam surgindo, todos a favor do Vitória, com alguma naturalidade. O leão estava adormecido e não acordou, apesar de todos os sustos que foi apanhando. O terceiro golo chega já no fim da partida, aos 82 minutos, através de uma grande penalidade convertida por André André, que foi o homem do jogo.

Do início ao fim os vimaranenses controlaram e saem, justamente, de cabeça erguida, confirmando um excepcional arranque de campeonato. O Sporting terá de se recompor deste grande abalão se quiser confirmar-se como a equipa que, até ao jogo de hoje, tinha praticado melhor futebol em terras lusitanas.

A Figura

Rui Vitória – o treinador do Vitória de Guimarães tem vindo a realizar um excelente trabalho ao comando dos vimaranenses. Se dúvidas houvesse, a maneira extraordinária como preparou e montou a sua equipa para o embate de hoje dissipou-as. Parabéns pelo seu magnífico trabalho!

Fora-de-jogo

Sporting – todos os elementos da equipa leonina estiveram em baixo de forma. Podia-se tentar encontrar um culpado, mas todos os intervenientes na partida de hoje falharam rotundamente.

Ficam os três pontos

0

coraçãoencarnado
Estamos de volta no “Coração Encarnado”. Este é um Sábado especial, porque vos escrevo desde terras lusas. Pois é, tive a oportunidade de voltar a estar perto do tapete da Luz. As saudades daquele estádio eram muitas, mas depressa pus esse sentimento de parte e parti para o normal estado de benfiquismo. E esse estado obrigou-me a gritar até não conseguir mais durante uma primeira-parte que não foi mais do que um conjunto de penosos minutos. Os primeiros quarenta e cinco minutos foram a certeza de muitas coisas de que tenho falado nas últimas semanas, apesar do meu contínuo esforço de realçar os pontos positivos, que neste momento se limitam à classificação no Campeonato Português. Mas é quando estamos em primeiro que devemos olhar para os problemas, de forma a melhorá-los enquanto ainda vamos a tempo. Assim sendo, quero fazer uma análise geral destas últimas nove jornadas.

Vamos começar de trás para a frente. Ontem, no estádio, percebi que sempre que o Júlio César tocava na bola a minha perna direita não tremia. Que segurança, Júlio! Aguenta-me essas costas e não saias da nossa baliza. Quanto aos centrais, não me atrevo a falar do monstro Luisão – aí tudo está dito. Mas quanto ao seu “acompanhante”, o assunto muda de figura. Começámos com o Jardel e depressa se percebeu que talvez fosse adequado olhar para alternativas. Lisandro teve o espaço que merecia. Até agora devo confessar que ainda não estou convencido: erra demasiadas vezes e ontem não fugiu à regra. Defendo a sua continuidade no onze, mais pelo que fez na época passada em Espanha do que pelos jogos de águia ao peito. Do lado direito da defesa tudo certo. Do lado esquerdo, aí temos fumo negro. Eliseu precisa de outra cultura defensiva e não é agora que alguém o vai ensinar. Olhando para ontem, o André teve um erro grave, mas tirando isso pareceu-me um jogo bem conseguido. E parece-me importante destacar o facto de que ontem não tínhamos corredor esquerdo, faltando sempre um jogador a apoiá-lo, até porque metade das vezes o Samaris chegava atrasado. Falando em Samaris, já vejo o fumo outra vez. Posição 6: este é, na minha opinião, o problema mais difícil de resolver. Parece-me que Samaris ainda vai demorar a assimilar as rotinas necessárias e, quando esta posição estiver resolvida, os problemas do lado esquerdo (por exemplo) serão facilmente disfarçados.

Jorge Jesus tem muito trabalho pela frente Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Jorge Jesus tem muito trabalho pela frente
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

E depois temos situações latentes mas não tão preocupantes: Lima com uma falta de confiança inexplicável, falta de solução para Salvio (apesar de ter lances geniais, penso que existem jogos onde um jogador mais constante seria recomendável, tal como na época passada) e uma dependência monstruosa da genialidade de Gaitán. E nada melhor do que olhar para o jogo contra o Rio-Ave para perceber isso: sem Nico a equipa fica sem ideias, com poucas oportunidades e sem magia. Não pensem que o meu regresso ao estádio me fez ver isto tudo outra vez, mas agora que o meu sorriso de líder ainda cá está é a altura certa para trabalhar o que ainda corre mal (ou menos bem).

Resumindo, adoro estar em primeiro, mas peço ao Jesus que olhe com atenção para cada um dos pontos acima referidos, de forma a resolvê-los. E a forma de começar é na posição seis, pois sinto que com um melhor equilíbrio do meio-campo, os outros problemas podem ser mais facilmente ocultados. Uma nota para a gestão das substituições na noite de ontem: penso que Jesus podia e devia ter mexido no meio-campo, coisa que não fez. Com isto digo que com a saída de Samaris e o recuo de Enzo, após o golo de Talisca (que golaço, Rivaldo!) deveria ter sido feito um reajustamento do meio-campo (neste caso sugeria a saída do Lima e a entrada do Benito, com o André a ocupar a posição de trinco).

Notas breves: Lima, por favor vê uns filmes da época passada e faz-nos gritar o teu nome outra vez. Gaitán, obrigado, obrigado e obrigado: pelo esforço físico que fizeste e pela alegria que pões nos meus olhos. Jonas, quero-te sempre na equipa. Talisca: magia pura, não pares de me lembrar o Rivaldo. Júlio, dorme com cuidado e obriga-me a tua mulher a cuidar dessas costas. André, qualquer dia estás na baliza – obrigado por dares tudo, seja em que posição for. Por fim… Enzo Pérez. Nome curto mas coração gigante. És o símbolo da minha rubrica, os meus olhos cansam-se só de te ver correr. Não pares nunca.

Agora chega de ontem. Vou voltar para casa a sorrir, e já sonho com a noite europeia de terça-feira. O meu foco está nos três pontos contra o Mónaco, para que o meu sonho europeu continue vivo. Ficou a fraca exibição, ficou a primeira parte fraquíssima, ficou a Nico-dependência e ficaram os três pontos. Os campeonatos ganham-se com pontos, mas atenção ao resto, Jorge…