Por acaso até é um tanto ou quanto mentirosa, esta frase; dado que sou fanático do Benfica, é complicado gostar muito de leõezinhos. No entanto, eis que me aparecem uns leõezinhos de que eu até nem desgosto, além dos meus queridos amigos sportinguistas: os Leões de Porto Salvo! O Clube Desportivo Leões de Porto Salvo tem lutado para ganhar um lugar no meu coração (eu sei que eles jogam só para me agradar), e, até agora, estão a conseguir. Pesquisei o nome do clube no Google e descobri que a sede da equipa é numa rua chamada Basílio TELES.
Ora, eu gosto de jogos com muitos golos, de equipas que jogam ao ataque e que dão espectáculo, e chamo-me Pedro TELES. Agora digam-me que estes leõezinhos não existem para me agradar. Moral da história, esta equipa de quem pouco se esperava está a intrometer-se nas contas do campeonato; já empatou com um potencial vencedor (o meu Benfica) e perdeu com os outros leões do campeonato, o Sporting. Mas foi isto, perderam e empataram contra os dois rivais da segunda circular que têm dominado o futsal nacional nos últimos anos; de resto, só têm volumosas vitórias. Em 8 jogos marcaram 54 golos… 54! Nem os outros Leões, que são campeões nacionais, têm tantos golos marcados – eu diria que era impressionante, mas isso sou eu!
Outra equipa que me anda a piscar o olho desde que começou o campeonato, embora eu não vá na sua cantiga, é o Sporting Clube Vila Verde (é impressionante o facto de que os clubes são todos “inspirados” no Sporting Clube de Portugal… ou será que é da famosa canção do Caetano Veloso, que lançou uma onda de “leõezinhos”?).
Ora o Vila Verde tem tido uma brilhante prestação no campeonato, com umas fantásticas 7 derrotas em 7 jogos, com tareias dignas de Inatel. A única diferença era mesmo o número de braços e pernas partidas.
Por um lado apetece-me receber estas tentativas de engate por parte do clube de braços abertos, visto que eles cumprem uma das premissas! Premeiam-me sempre com golos; já vos disse que gostava de jogos com golos, agora, acho mais interessante é quando os marcam, não quando os sofrem.
O que é engraçado é que vocês leram isto tudo e nem se lembraram de que o Benfica perdeu 6-3 e eu não fiz referência, mesmo quando o devia ter feito. Pois bem, deve-se ao meu recente romance com os leõezinhos do campeonato. Já dizia o outro: “Gosto muito de você, leãozinho, para desentristecer leãozinho”.
O campeonato nacional da 1ª divisão de juniores, zona Sul, esteve ao rubro na disputa da liderança na tabela classificativa. Na primeira jornada da segunda volta, o SL Benfica recebeu a União de Leiria enquanto o Sporting CP se deslocava a Oeiras. Estes jogos aconteceram depois de anunciada a primeira convocatória da selecção nacional de futebol sub 18, atletas juniores de 1º ano, que nesta jornada teve 5 titulares da parte do S. L. Benfica (André Ferreira, Ricardo Carvalho, Romário Baldé, Gonçalo Guedes e Hildeberto Pereira) e 2 titulares da parte do Sporting C. P. (Bruno Wilson e João Serrano).
S. L. Benfica 3-3 U. Leiria
No campo nº1 do Caixa futebol campus, no Seixal, o Benfica começou a ganhar com um golo do camisola 11, Gonçalo Guedes, ao minuto 27. Porém, a equipa adversária não tardou muito em dar resposta, com Tito Junior (28′) a finalizar uma boa jogada de transição da U. Leiria. Os encarnados não se conformaram com este resultado e foi numa iniciativa individual de Romário Baldé que se construiu o segundo golo, da autoria de Raphael Guzzo (40′). A vantagem da equipa da casa ao intervalo assentava-lhe bem e reproduzia o resultado verificado na primeira volta.
Foi a equipa da casa que começou a segunda parte de melhor forma, criando diversas oportunidades de golo e estando próxima do 3-1. Porém, foi Carlos Oliveira, jogador da equipa do Oeste, que aos 54 minutos apareceu isolado na área do Benfica e garantiu a igualdade no marcador.
O Benfica, com muito tempo pela frente, partiu novamente à procura de vantagem, a qual materializou ao minuto 62 por intermédio de Diogo Rocha. A partir daqui e até ao final a U. Leiria, sem nada a perder, arriscou tudo, e, correndo por diversas vezes o risco de sofrer o quarto golo, teve o prémio do empate mesmo ao cair do pano. O número 6 da equipa visitante, Frederico Jesus, fez o 3-3 através de um remate de pé esquerdo que parecia ser um cruzamento para a grande área mas que se revelou um livre directo.
Com este resultado, a U. Leiria manteve o sexto lugar e o SL Benfica desceu ao quarto lugar, com 24 pontos. Os encarnados somam três empates numa semana muito complicada (dois em jogos do campeonato e um na UEFA Youth League frente ao Olympiacos).
A. D. Oeiras 1-3 Sporting C. P.
Em Oeiras encontravam-se 1º e 2º classificados da zona Sul do campeonato nacional de juniores da 1ª divisão. Por um lado, o surpreendente Oeiras procurava segurar a liderança conquistada na jornada anterior, aproveitando o empate entre águias e leões. Por outro, o Sporting, forte candidato à vitória final da prova, apresentava-se com forte disposição para reassumir o 1º lugar.
Estavam lançadas as bases de um jogo que veio a revelar uma clara supremacia da equipa leonina (no conjunto dos dois jogos realizados entre estas duas equipas o Sporting somou duas vitórias, num score global de 6-1).
A equipa da casa entrou receosa, com as linhas muito recuadas, procurando jogar no erro adversário. A equipa visitante, por seu lado, querendo assumir o controlo do jogo, instalou-se no meio campo contrário, embora sem criar oportunidades claras de golo. Ao minuto 23, João Serrano, o lateral esquerdo da equipa verde e branca, transformou um livre directo num golo de belo efeito e motivou a sua equipa para uma exibição de qualidade, a qual foi naturalmente materializada por mais dois golos – um na primeira parte, da autoria de Lisandro Semedo (38’), e outro já na etapa complementar, marcado por João Palhinha (70’). Daqui até ao final, viu-se um Sporting a comandar completamente a partida e a desperdiçar várias oportunidades de golo. Perto do apito final, a equipa de Oeiras ainda reduziu para 1-3, na conversão de uma grande penalidade apontada por Gonçalo Maria (85’).
Com estes resultados, o Sporting assume a liderança isolada, trocando de lugar com o seu opositor desta tarde.
O FC Porto e o Sporting disputaram hoje o grande clássico deste fim-de-semana. Os dragões acabaram por vencer por 3-1, com golos de Josué, Danilo e Lucho. William Carvalho fez o tento solitário dos leões. O Bola na Rede apresenta-vos o seu primeiro “Especial Clássico”, em que têm a opinião de um portista (Francisco Manuel Reis) e de um sportinguista (João Almeida Rosa) sobre o encontro.
Futebol Clube do Porto
FC Porto e Sporting protagonizaram hoje um grande jogo de futebol, correspondendo às expectativas que se tinham gerado. Inicialmente, ambas as equipas entraram a pressionar muito alto, com as defesas muito subidas. No primeiro quarto de hora, houve muita luta, pouco espaço e muita bola para a frente. A partir do primeiro golo, as equipas soltaram-se mais e houve mais espaço em ambos os meios-campos. O FC Porto dominou a primeira parte, tendo obtido o dobro dos remates do Sporting e bastante mais posse de bola. Depois do intervalo, os leões vieram cheios de vontade e tiveram algumas ocasiões de perigo. Até que, com o golo de William Carvalho – provavelmente o melhor em campo do lado leonino –, o jogo prometia abrir ainda mais. Isso não aconteceu porque logo a seguir, Josué soltou brilhantemente para Danilo disferir um potente remate e recolocar os azuis e brancos na liderança. A partir daí, o jogo partiu e o FC Porto ainda teve tempo para marcar o terceiro, o melhor golo da partida, por Lucho. O FC Porto foi um justo vencedor. Pese embora o equilíbrio que o Sporting conseguiu impor em alguns momentos, o FC Porto foi sempre mais seguro, mais clarividente e mais incisivo em todas as acções. Conseguiu criar superioridade numérica no meio-campo na maior parte das vezes, defendeu com bastante solidez e falhou muito menos passes, no ataque. Foi mais equipa e, por isso, mereceu os três pontos.
Josué com Jackson Martínez / Fonte: Maisfutebol
Helton: 7 – redimiu-se do mau alívio com os punhos que permitiu a William Carvalho rematar para golo quando fez a defesa da noite, a cabeceamento de Montero. Transmitiu serenidade.
Danilo: 7 – Uma boa exibição, coroada com um grande golo. Defendeu bem e envolveu-se no ataque tanto quanto pode, apesar de o Porto ter atacado mais pelo lado oposto. Confirmou as melhorias que tem tido esta época.
Alex Sandro: 7 – Intransponível na defesa (só me lembro de um duelo individual perdido) e muito forte a atacar. Ao seu nível: muito bom!
Mangala: 7 – Começou a época abaixo do que já havia mostrado, mas parece estar de regresso à boa forma. Um muro. Forte, rápido e concentrado. Mais uma grande prestação do jovem francês.
Otamendi: 6 – Algumas falhas defensivas e uma insistência inexplicável nos lançamentos longos, especialmente na primeira metade, que deram a bola ao adversário mancharam a ‘performance’ do central. Não comprometeu mas podia fazer melhor.
Fernando: 8 – O “Polvo”. É um jogador fabuloso e hoje voltou a prová-lo. É muito difícil ultrapassá-lo. Antecipa-se sempre bem, sabe sempre onde tem de estar e está cada vez melhor com a bola no pé. Que bom era se ficasse…
Herrera: 7 – Jogo inteligente do mexicano, muito aplaudido no regresso ao Dragão. Muito bem no posicionamento defensivo e um autêntico tractor a atacar – ninguém lhe consegue tirar a bola a progressão.
Lucho: 8 – Fez jus ao cognome “El Comandante”. Muitos remates, muitos passes, muita inteligência táctica e emocional, um golo e uma exibição personalizada do capitão portista.
Josué: 8 – Fundamental no jogo de hoje, tal como tinha antevisto, por permitir ao FC Porto criar superioridade numérica no meio-campo. Aguerrido, como sempre, a defender, foi essencialmente preponderante no ataque. Um golo, uma assistência (e que assistência!) e mais uma oportunidade agarrada pelo jovem Dragão.
Varela: 8 – Finalmente, o Varela dos velhos tempos! Definitivamente, talhado para os grandes jogos. Grande jogada no terceiro golo, muita dinâmica, muita força, muita técnica, excelente atitude. Está de volta!
Jackson: 7 – Bom jogo. Teve muito trabalho no meio dos centrais leoninos, mas trabalhou bastante em prol da equipa. Fulcral a fazer de ‘pivot’.
Licá: 7 – Entrou em grande, cheio de determinação. Deu profundidade ao jogo do FC Porto e teve pormenores técnicos deliciosos. Solução mais do que válida.
Defour: 7 – Substituiu Herrera e esteve igual a si próprio, impedindo desequilíbrios defensivos e dando rotação a um meio-campo já ligeiramente desgastado.
Ghilas – Pouco tempo em campo.
Francisco Manuel Reis
Sporting Clube de Portugal
Nos últimos cinco anos, pode-se dizer, o Sporting nunca havia chegado ao Dragão com os índices de confiança tão altos. Durante o jogo provou-se, contudo, que a confiança é uma importante peça no que ao Futebol diz respeito, mas quase que irrelevante se desacompanhada de outras características fulcrais. Então, o que faltou à equipa de Alvalade?
O Sporting perde no terreno do Porto porque perde quase todos os duelos individuais. A equipa orientada por Paulo Fonseca mostrou-se mais tranquila, apesar de teoricamente passar um momento pior do que o do Sporting. Mostrou-se mais decidida e incisiva, mas também mais conhecedora do adversário. Otamendi e Mangala nunca deram a Montero, por exemplo, os espaços que os elementos mais defensivos do Sporting proporcionaram a quem surgia nos seus últimos 30 metros. Adrien esteve sempre muito bem acompanhado pela dupla Fernando/Herrera, e essa foi outra das chaves deste sucesso Portista. A ocupação de espaços e capacidade de pressão fez da equipa da casa mais forte e merecedora da justa vitória alcançada.
William Carvalho celebra o golo do Sporting com a equipa / Fonte: Maisfutebol
Rui Patrício: 6 – Sem culpa em qualquer dos golos sofridos, o titular da Selecção Nacional falhou somente num canto que acabou por dar apenas outro canto, mas poderia ter tido consequências bem piores.
Cédric: 5 – Responsável pela marcação a Varela, deu sempre espaços demais. Quando apertou na marcação ganhou praticamente todos os lances, dando a ideia de que poderia ter perfeitamente anulado o extremo contrário. Ofensivamente arriscou pouco e viu-se muito menos do que o habitual.
Maurício: 4 – Faz a grande penalidade que acaba por desbloquear o jogo num lance mal avaliado pelo defesa central que, até aqui, tinha estado seguro em dupla com Rojo. Não conseguiu lidar com a pujança de Jackson que saiu vitorioso deste duelo individual.
Rojo: 5 – Melhor do que Mauricio, equilibrou as contas no que aos duelos se tratou. Jogou muitas vezes, e bem, em antecipação dando dessa forma volta à alta capacidade de jogar corpo-a-corpo que o ponta de lança colombiano do Porto tem. Perde no ar com Varela no terceiro golo e foi batido por Danilo no lance do segundo golo, mas aí o desequilíbrio já estava causado e não lhe podem ser atribuídas responsabilidades.
Piris: 6 – Continua como o conhecemos: seguro e intenso a defender e limitado ofensivamente por estar a jogar no flanco contrário àquele a que está mais habituado. Viu um amarelo mal mostrado e tentou chegar à frente sempre que possível tendo sido até mais perigoso do que Cedric.
William Carvalho: 8 – O melhor jogador do Sporting e possivelmente do encontro. Mostrou o que faltou aos seus companheiros: tranquilidade, estofo e a qualidade reconhecida. Sempre sereno e de cabeça levantada na hora de decidir. Quase sempre bem posicionado e eficiente no desarme. Fez o golo mas não precisava do mesmo para ser reconhecido como o melhor do Sporting.
Adrien: 5 – Amarrado pela dupla Fernando/Herrera, quase sempre sem espaços e algo nervoso na hora de decisão. Só mostrou a influência que tem tido no lance em que assiste Capel, na 2ª parte, num dos lances mais perigosos do lado leonino. A equipa sentiu em demasia a sua falta.
André Martins: 7 – Foi, enquanto a sua condição física o permitiu, o construtor de jogo do Sporting. Colmatou o afastamento de Adrien do jogo e assumiu, como devia, um papel entre linhas. Ligou bem o meio-campo ao ataque mas faltou-lhe alguma capacidade de remate para criar mais perigo no último terço.
Wilson Eduardo: 4 – Pouco em jogo, o extremo português nunca conseguiu desequilibrar a seu favor os poucos lances de que dispôs. Mostrou, mais uma vez, que na direita torna-se menos perigoso por não poder flectir para o meio. Desinspirado e sem capacidade para apoiar Montero.
Carrillo: 4 – Já havia escrito que o jovem peruano peca pela inconsistência das suas exibições. Hoje foi mais um daqueles dias em que faltou à chamada e em que decidiu quase sempre mal. Lento a largar a bola, incompreensivelmente pouco confiante nos duelos com Danilo. Não usou a maior velocidade e até algum espaço que lhe foi dado. Conseguiu desequilíbrios numa das pouquíssimas vezes em que foi para cima de Alex Sandro, servindo Capel já dentro da área.
Montero: 5 – Foi ofuscado pela falta de bola da sua equipa mas também pelo rigor dos centrais adversários. Tentou vir atrás, e fê-lo bem, mas apareceu menos do que o habitual. Na única grande ocasião, cabeceou bem mas Helton esteve melhor negando o golo com uma defesa fantástica.
Diego Capel: 5 – Entrou para agitar o jogo num momento em que o Sporting perdia. Conseguiu-o a espaços mas esqueceu-se de acompanhar Danilo no momento mais preponderante da partida. Às vezes basta errar num lance para perder um jogo, e este foi um desses casos.
Vitor: 6 – Substituiu André Martins quando Adrien era aquele que menos dava à equipa. Conseguiu segurar a bola quando a teve, distribuiu bem mas não é um jogador que por si só mude um jogo. Mostrou bons apontamentos e parece pronto para uma oportunidade no 11 inicial.
Gerson Magrão – Entrou porque Carrillo tinha de sair e não havia mais nenhum extremo no banco. Fechou o flanco esquerdo mas pouco podia fazer nos poucos minutos em que esteve em campo.
Foi assim que Jorge Jesus, na flash interview, respondeu à pergunta se estava ou não satisfeito com a exibição dos encarnados.
Quem viu os 90 minutos deste Domingo, contra os “Negros” da Madeira, também percebeu – tal como Jesus politicamente tentou não dar a entender – que houve mais “vitória” e mais “golo” do que “jogo” propriamente dito. Mas vamos andando. Um pouco como o tempo: que não chove, nem faz sol. Que chateia, mas até agrada.
A Luz fez dez anos. Nuno Gomes foi relembrado por lá ter marcado o primeiro golo. E, talvez por já termos vivido melhores dias, lembrámo-nos também da derrota contra o Beira-Mar no primeiro jogo oficial a acontecer no nosso reduto. Junte-se a isto a necessidade de ganhar, o clássico a Norte e a estreia a titular, no Campeonato, do Cavaleiro Ivan. Concluindo: noite de emoções fortes.
E foi assim que o Benfica entrou: forte. Com uma atitude completamente diferente daquela com que nos “presenteou” na quarta-feira contra os gregos do Olympiakos. Já a estrutura da equipa foi similar: o típico 4-4-2, com Matic e Enzo ao centro, Gaitán à direita e o supracitado estreante à esquerda. A defesa manteve-se, com o regresso de Maxi e a insistência em Siqueira. No ataque, Rodrigo à ajuda e Cardozo na artilharia. Sem complacências encostou-se o Nacional às cordas e dominou-se com ritmo relativamente elevado até aos primeiros 10 minutos. O problema foi o “autocarro” madeirense. E agora? Soluções? Com calma a coisa faz-se…pela esquerda. Brasileiro e português afinaram a voz e, juntos, deram show – não de cantoria, mas de bola. Tanto que aos 15 minutos Siqueira arma-se em número 10 e em combinação com Cardozo faz o primeiro da tarde. Espectáculo…pela primeira vez nas últimas semanas de jogos do Benfica. Depois disto deu para ir à casa-de-banho sem pressas, porque novo lance de perigo só mesmo aos 35 minutos com um falhanço de Cardozo, que achou boa ideia ajudar ao treino de solo de Gottardi. Vamos para intervalo.
Cardozo no bom e no mau Fonte: soubenfica.pt
Ao voltar manteve-se a estrutura…mesmo no Nacional. Muita concentração – como prometera Manuel Machado -, mas pouca raça e pouco atrevimento por parte dos visitantes. Entra Diego Barcellos para dar alguma força e algum equilíbrio ao meio-campo e a ideia até resultou, porque Enzo Pérez foi lentamente perdendo influência na partida e Matic, em consequência, baixou jogo em termos gerais. As alas, no entanto, mantiveram-se em alta rotação e tanto Gaitán como Ivan Cavaleiro subiram claramente de forma com tentativas constantes, ainda que por vezes frustradas. O segundo golo encarnado surge de uma que, pelo contrário, resultou da melhor forma possível: Gaitán serpenteia da direita para o meio, isola Cardozo e o Paraguaio tem tempo para ligar à família a pagar no destino e ainda rematar pelo meio das pernas do azarado guarda-redes do Nacional – que até mostra qualidade, mas não tem oportunidade de realmente…a mostrar.
Para fechar, uma última reflexão – que não passou ao lado dos jornalistas e comentadores: o Benfica acaba um jogo sem sofrer golos, com bola no pé e sem preocupações de maior. Mas terá sido por mérito de uma equipa que joga em casa e que tem a obrigação de ganhar – independentemente de estar ou não a jogar contra o ex-quarto classificado da Liga -, ou por demérito de um conjunto insular que se deixou quebrar pela maior enchente benfiquista deste ano? Agora é ligar a Norte. Desejos de bom jogo!
Uma surpresa táctica falhada, um árbitro com fobia a grandes penalidades, muitas oportunidades falhadas, uma pitada de classe e a sorte do jogo a sorrir a apenas um dos lados. Assim foi a estória do grande clássico espanhol da noite passada, que viu o Barcelona bater o Real Madrid por duas bolas a uma. Um resultado que acaba por ser justo, dado que o Barcelona foi a equipa que apresentou um futebol mais consistente e objectivo durante os 90 minutos. Do lado madrileno, uma segunda parte muito melhor do que a primeira, mas em que faltou alguém com clarividência para “desengatar” o nulo no marcador…
Uma surpresa táctica falhada
Se a equipa do Barcelona se apresentou em campo naquele que já é o seu sistema habitual, o mesmo não se pode dizer do Real Madrid. Um meio-campo claramente defensivo, com Khedira e Modric no miolo apoiados por Sergio Ramos a trinco, e uma frente de ataque com 3 “cavalos de corrida”, passo a expressão. Ronaldo, Dí Maria e Bale, com o argentino a encostar a um dos lados e com Bale e Ronaldo a alternarem entre a frente de ataque e a ala restante. Ainda que em termos teóricos esta pudesse ser uma táctica inteligente – aposta clara num meio campo que conseguisse recuperar a bola e lançar rápido para o trio ofensivo com velocidade e capacidade técnica em sobra – a verdade é que o futebol está longe de ser matemática. Como tal, o resultado foi uma primeira parte em que o Barcelona esteve mais forte, com os madrilenos a terem francas dificuldades em sair para o ataque. Iniesta, o grande comandante do ataque do Barça, aproveitou um espaço à entrada da área madrilena para servir Neymar, que com um ressalto feliz conseguiu bater Diégo Lopez à passagem do 19º minuto.
Neymar radiante depois de ter marcado o primeiro golo da partida / Fonte: http://static.guim.co.uk/
Um árbitro com fobia a grandes penalidades
Foram 3 as situações de grande penalidade que ficaram por marcar pelo árbitro Undiano Mallenco. Se o resultado ficou em 2 a 1 a favor dos catalães, nesta “categoria” foi o Real que ganhou, com dois penaltis por assinalar contra um do Barcelona. Em cima do final da primeira parte, um cruzamento tenso de Ronaldo pela esquerda resulta num remate à queima-roupa por parte de Khedira, que termina com uma grande defesa de Valdez. Na confusão junto à linha de golo, Adriano toca com o braço na bola e permite ao guarda-redes da casa agarrar a bola perdida. Ainda que algo discutível é difícil de ver e Adriano não tem propriamente intenção de jogar a bola com o braço, a situação era para penálti. Já na segunda parte, Pepe (sempre ele) pisa Fábregas na área merengue e o árbitro manda seguir. Lance novamente duvidoso dado que Fábregas consegue fazer o passe antes de sofrer a carga, mas mais um penalti que fica por assinalar. 71 minutos – situação clara de golo, Ronaldo em posição perigosíssima quando Mascherano dá um encontrão ao jogador português que cai redondo no chão. Será que é desta ? Nem por isso. O árbitro espanhol manda jogar, deixando para trás o capitão madrileno a barafustar. Se as outras situações podem suscitar algumas dúvidas, esta é para grande penalidade claríssima. Não sei se Undiano Mallenco tem alguma espécie de complexo em apontar para a marca de penalti, mas deu a impressão que não o faria nem que os jogadores praticassem boxe no meio da área.
Ronaldo inconsolável depois do árbitro não ter assinalado penalty pela carga de Mascherano / Fonte: Albert Gea/Reuters
Muitas oportunidades falhadas
Depois de uma primeira parte com domínio catalão e poucas oportunidades de golo, a segunda foi quase o contrário. O Real Madrid voltou ao seu sistema mais tradicional, com Benzema a render Bale na frente de ataque, Illarramendi a entrar para o lugar de Sérgio de Ramos e Ronaldo a encostar à ala esquerda. Khedira teve nova oportunidade para empatar aos 59 minutos prefere cruzar em vez de rematar, e 5 minutos depois é Ronaldo que com um tiro fulminante em passada vê Valdez fazer a segunda grande intervenção da noite. Do outro lado, um Barça menos dominante mas nem por isso menos perigoso. O jogo estava mais aberto e fluído, e quase que se conseguia cheirar o golo em Camp Nou.
Uma pitada de classe
Aos 72 minutos, foi a vez de Benzema tentar a sua sorte – tiraço do meio da rua e a barra a roubar aquele que teria sido um dos melhores golos da carreira do ponta-de-lança francês. E como já diz a velha máxima do futebol, quem não marca, sofre. A dez minutos dos 90, Alexis Sanchez, que entretanto entrara para o lugar de Fábregas, faz um chapéu perfeito a Valdés naquele que foi o golo da partida. 2 a 0 para o Barcelona, é a festa total nas bancadas, um golo para ver e rever. Mas o futebol bonito não ficou por aqui. 3 minutos depois Daniel Alves arranca no lado direito do campo, faz um túnel a Ronaldo (Que maldade, Sancidino!) e atira para a defesa de Diégo Lopez. O capitão português seguiu o exemplo e após grande arrancada no lado esquerdo serve Jesé que remata por entre as pernas de Valdez e fixa o resultado final em duas bolas a uma.
Sanchez marca chapéu de antologia
A sorte do jogo… e mais algumas coisas.
O Barcelona foi o justo vencedor da partida, ainda que tenha contado com a sorte do jogo e beneficiado dos erros de arbitragem. Numa noite em que se esperava mais um intenso duelo entre os dois melhores do mundo, Messi e Ronaldo tiveram uma noite muito aquém do esperado, ainda que o extremo português tenha feito uma assistência e participado em mais jogadas de perigo do que o argentino. O tiki-taka continua a fazer sorrir os adeptos catalães, e Ancelloti deve ter aprendido que não é com invenções tácticas que vai conseguir derrotar este Barcelona. Mais do que sorte ou boa arbitragem, ficou a sensação de que aquilo que faltou hoje ao Real Madrid foi alguém que conseguisse dar sentido ao ataque da equipa. Alguém que tirasse um coelho da cartola, alguém com uma maior visão de jogo que conseguisse servir Ronaldo e Dí Maria. Alguém que faça aquilo que Iniesta fez hoje com o Barcelona, um líder criativo do meio campo que ponha todos os outros jogar.
Uma semana de jogo grande é um acontecimento bastante peculiar na vida de um adepto da bola. Fazem-se prognósticos, deitam-se sortes sobre quem irá estar em plano de destaque, indaga-se sobre qual será o melhor sítio para ver o grande jogo, enfim, é feita uma série de análises concisas tendo em vista um só objectivo – ter o deleito de ver a equipa predilecta vencer. Neste sentido, adeptos de Porto e Sporting têm no próximo domingo, o privilégio de poder assistir àquele que, até ao momento, se presume ser o jogo-cartaz da Liga Portuguesa. Mas nem sempre assim o foi.
A deslocação à cidade do Porto para defrontar a equipa azul-branca é tradicionalmente sinónimo de dificuldades para os leões. Os campeões nacionais são um colectivo particularmente difícil de vencer, situação acrescida em jogos no Dragão. Os últimos confrontos ante o Sporting são paradigmáticos desta realidade, onde os verde e brancos apenas conseguiram uma vitória nos últimos quinze anos. Coube a Rodrigo Tello quebrar o enguiço e de livre assinou um golo memorável. Corria o ano de 2007. Recordo-me dos festejos efusivos dos “camaradas” leoninos com quem vi o jogo. Na altura senti que aquele golo colocaria o Sporting numa cavalgada rumo ao título. Infelizmente, enganei-me. O título acabaria por resvalar para o Futebol Clube do Porto na derradeira jornada.
O clube de Alvalade está em pleno processo de rejuvenescimento. Para trás ficaram sucessivos anos de insucessos desportivos e má-gestão financeira, que afectaram a espectacularidade de um Porto-Sporting. Nas últimas épocas, o encontro entre os rivais era visto como um jogo quase banal. O sentimento com que os adeptos de parte a parte, encaravam a partida era corriqueiro. Neste sentido, o jogo de amanhã traz um ingrediente novo à “caldeirada” do Clássico. Os leões figuram-se uma equipa hábil de defrontar o Futebol Clube do Porto “olhos nos olhos”, como há muito não acontecia.
Leonardo Jardim e Paulo Fonseca terão pela frente uma tarefa árdua. Ambos os colectivos apresentam níveis de qualidade estonteantes. Se por lado temos o inevitável Fredy “El avioncito” Montero, do outro figura Jackson Martinez. E os confrontos directos não se regem à posição de ponta de lança. Um pouco por todo o terreno táctico encontramos jogadores de qualidades idêntica – William Carvalho-Fernando; Rui Patrício-Helton e ainda Adrien-Lucho, por exemplo.
Os dados estão lançados e os prognósticos ditados. Resta esperar pelas 19h45 e desfrutar daquilo que se especula ser um belo jogo de futebol. Nós, aficionados, aguardamos muito golos e uma vitória leonina convincente. Força, rapazes!
O momento actual deste Benfica não está a apelar ao benfiquismo da maior parte dos benfiquistas e é fácil perceber o porquê. Ou melhor, é fácil para muita gente. Para mim não. O mau futebol que praticamos, o treinador que já não devíamos ter ou os jogadores que não estão a render são indicadores usados de forma reles e mesquinha pela maioria dos adeptos, a quem popularmente chamo “adeptos dos bons momentos”, para se desligarem do seu “clube de coração”. Aqueles que se lembram de que são do Benfica quando o Marquês de Pombal está atolado de pessoas a festejarem. Os mesmos que, vezes sem conta, fazem do nosso clube o melhor e o pior do Mundo. Estes adeptos estão por toda a parte. Se o quiserem comprovar, experimentem assistir a um jogo na Bancada Central do Estádio da Luz, por exemplo. Ou então tentem qualquer café, tasca ou restaurante português. Ora estão maravilhados, ora estão de braços caídos a resmungar. Este é o estereótipo do adepto do Benfica. Isso não é novidade para ninguém. E esse é um dos maiores problemas e “o desafio” que temos de ultrapassar para sermos, na prática, o maior clube do mundo.
Mudar mentalidades de um número infinito de pessoas (sim, porque somos mesmo muitos!) é um processo impossível de concretizar, como é óbvio. Assim sendo, resta-lhes seguir as marés, boas ou más, esperando que estas definam o seu benfiquismo. Para muitos será sempre assim. Infelizmente.
No entanto, e como em quase tudo na vida, há sempre o reverso da medalha. Aqueles que nunca falham. Os que fazem por dar vida e voz ao emblemático “Inferno da Luz”. São cada vez mais os que fazem do Topo Sul a “sua vida” e que sem o Benfica “não sabem viver”. Os No Name Boys, seu nome oficioso, não gostam de ser conhecidos, nem querem ser reconhecidos. O seu lema é “sempre presentes” e aqueles milhares de benfiquistas fazem de tudo para o cumprir. Estão no Estádio da Luz ou em qualquer parte do mundo e, quando as camisolas encarnadas entram em cada palco, erguem-se cachecóis e gargantas para se ouvir “Deixem passar o maior de Portugal, o maior de Portugal, o maior de Portugal”. Mais do que uma música, é um hino ao benfiquismo e são as melhores palavras para exprimir a grandeza do nosso clube. Este grupo de jovens, maioritariamente, dá o mote e o exemplo para o que se vai processar em campo, e, independentemente do desempenho da equipa, faz por se ouvir e por demonstrar o seu apoio incondicional ao Glorioso. Há quem lhes chame marginais e delinquentes. Isso é-lhes indiferente. A sua tarefa é carregar a equipa e fazem-no como ninguém. Não são os únicos benfiquistas a fazê-lo, é certo, mas não posso deixar de os destacar e de me vangloriar por, sempre que posso, juntar a minha voz às suas. Eles são um exemplo vivo do adepto que se orgulha do seu clube, que não se rebaixa quando as coisas correm menos bem. Que não põe em cheque o seu amor e dedicação ao clube. Que sabe e sente que é adepto do melhor clube do mundo.
O FC Porto vem de uma inglória derrota frente ao Zenit, na Liga dos Campeões. Sem me querer alongar demasiado sobre esse jogo, não posso deixar de registar alguns apontamentos:
Se há dias dizia que Herrera era uma solução para os problemas do FC Porto, na noite de quarta-feira acabou por se revelar exactamente o contrário: um problema sem solução. Aquela expulsão, tão ingénua e tão madrugadora, acabou por pôr a equipa em xeque e condicionou toda a partida.
Mangala assinou, porventura, a sua melhor exibição da época. Esteve assombroso: foi frio e calculista na abordagem a todos os lances e impôs a sua assustadora capacidade física para ganhar a maior parte dos duelos.
Fernando continua a ser um verdadeiro esteio naquele meio-campo. Que jogador! É incrível a sua sapiência táctica, o seu posicionamento quase perfeito, a sua atitude exemplar dentro de campo, a subtileza nos cortes, a força e a velocidade em cada passo que dá. Fez mais um jogo excelente. A renovação não passa, para já, de um sonho, mas a sua permanência faria dele um enorme reforço do próximo Verão caso fosse acertada. Indubitavelmente!
Excelente atitude de todo o conjunto. Finalmente, a atitude certa, do início ao fim! É para manter a toada!
Posto isto, vamos ao que interessa: Domingo é dia de clássico. O FC Porto é favorito porque é campeão, joga em casa e tem melhores jogadores. Isso não invalida que o Sporting vá ao Dragão num dos melhores momentos de forma dos últimos anos e tenha legítimas aspirações a sair de lá com pontos. A equipa está altamente moralizada pelo percurso que fez até agora e com muita vontade de lutar pela possibilidade de assumir a liderança. Com uma série de futebolistas de grande valia individual e um treinador muitíssimo competente que os tem juntado num colectivo cada vez mais forte, este Sporting não pode ser menosprezado. Montero é uma séria ameaça para a defesa portista; Patrício é um guardião sempre difícil de transpor e o meio-campo leonino, liderado por Adrien e com William Carvalho como revelação da Liga, promete travar uma dura batalha com os médios do Dragão.
Espera-se que o FC Porto entre em campo com um onze sem grandes mexidas em relação à última partida europeia. As grandes dúvidas são, a meu ver: Defour ou Herrera no meio-campo e Varela ou Licá numa das faixas. A inclusão de Josué numa das alas será determinante para criar superioridade numérica e ganhar o duelo no miolo. Além disso, será fundamental para travar as investidas dos laterais do Sporting, ambos fortes nas incursões ofensivas e perigosos nos cruzamentos. Não acredito, por isso, que Paulo Fonseca opte por deixá-lo de fora deste jogo. Os internacionais portugueses Licá e Varela discutirão a titularidade, sendo que me parece mais provável que o eleito seja o experiente “Drogba da Caparica”. Varela marcou o golo da vitória frente ao Trofense e entrou bem contra o Zenit, atirando inclusive uma bola ao ferro. Na vaga deixada no meio-campo, é mais difícil perceber como vai proceder o técnico azul e branco: manterá a confiança em Herrera, mesmo depois daquele lance capital, ou preferirá apostar no seguro Defour? Eu aposto no belga, mas não passa disso: uma aposta.
Entrando em campo com a mesma confiança e firmeza com que entrou no último jogo, acredito que o FC Porto vai dominar o jogo. Estou convicto de que o FC Porto – com um enorme espírito guerreiro, indispensável para chegar ao triunfo – vai estar à altura dos acontecimentos, jogue quem jogar. É fundamental cavar, desde já, um fosso importante para a segunda posição da tabela.
Paulo Fonseca considera que a Liga dos Campeões é um campeonato à parte. No entanto, não será essa a opinião de grande parte dos portistas, eu incluído. Apesar de ser outra competição, não deixa de ser uma das mais importantes da Europa que tem um grande impacto num plantel. Seguindo esta linha de raciocínio, as duas últimas derrotas dos azuis e brancos poderão ter um impacto brutal na confiança dos jogadores e influenciar exibições futuras, quer em competições europeias, quer em competições caseiras. Independentemente das declarações de Paulo Fonseca, o treinador portista sabe que as derrotas europeias irão influenciar as prestações da equipa, pelo melhor ou pelo pior. Esta situação poderá já ser observada amanhã, no clássico com o Sporting (às 19H45).
“Fatura? Queremos é vencer o jogo. Não me parece que, neste momento, a equipa do FC Porto esteja virada para qualquer tipo de outro cenário que não seja encarar o jogo com ambição, como faz sempre. Apenas isso”. Estas foram as palavras de Paulo Fonseca na conferência de imprensa de sexta-feira. Ora bem, segundo o mesmo, o Porto encara sempre todos os jogos com ambição… Ambição de quê? Porque, como já referi anteriormente noutro texto, o Porto não joga com paixão, nem amor à camisola. Isto tudo com excepções, obviamente. Pergunto-me se Paulo Fonseca gosta de, deliberadamente, atirar areia para a cara dos adeptos portistas ou se simplesmente está a atingir uma incompetência crónica. Uma equipa que joga os primeiros quinze/vinte minutos para ganhar o jogo e os restantes parece que está a fazer um favor em estar ali dentro de campo não é uma equipa ambiciosa. A ambição não passar por ter objectivos, mas sim persegui-los e lutar para os concretizar, algo que infelizmente não temos o visto o Porto fazer, antes pelo contrário. Vemos um Porto na expectativa, apático e entediante. Mas amanhã iremos ver essa grande “ambição“ tão falada de Paulo Fonseca. Enquanto portista espero bem que eu esteja enganado.
De um lado temos um Porto campeão, sem chama, que vai jogar no segundo estádio mais temido da Europa (não é a minha opinião, mas sim um ranking que foi lançado recentemente) contra um Sporting que, o ano passado, teve uma das suas piores épocas dos últimos anos, mas que esta época renasceu das cinzas, e tem estado acima de todas as expectativas. Penso que este clássico poderá ter uma grande surpresa, caso o plantel azul e branco entre em campo sem a tal chama que tanta falta tem feito e tantas saudades me deixa. Este ano não tenho a confiança de dizer: X ou Y não ganha no Estádio do Dragão com toda a certeza! Hoje, não tenho essa certeza. Sei do que este Porto é capaz. E é capaz de muito, se jogar com gosto e paixão! Penso que neste clássico vamos ter algumas surpresas e um bom jogo, um bom clássico. Por fim não posso deixar de mencionar a fantástica exibição de Fernando, no encontro contra o Zenit. Que jogo soberbo! Com grande classe, dedicação e amor à camisola. Fernando foi um vislumbre do grande Porto que estamos habituados dos últimos ano. Só espero que o Porto de domingo sejam onze “Fernandos”, porque, se assim for, espera-nos um clássico escaldante e emocionante!
Vai-me perdoar o estimado leitor desta respeitada secção verde e branca que o meu primeiro contributo para o Bola na Rede será marcado por um profundo narcisismo. E honestidade também. Este texto não é bem sobre o Sporting. É mais sobre a minha relação com o Sporting.
Se até aqui já aborreci o estimado leitor desta respeitada secção verde e branca, está na altura de clicar “retroceder” e procurar outros mais iluminados pontos de vista dos meus colegas redactores, todos eles, jovens sportiguistas com jeito para a escrita.
Passando a coisas sérias.
Muitos dizem que, sobretudo neste estado em que Portugal se encontra, emigrar é prova de deslealdade para com o país. É fugir às responsabilidade como cidadão Português e que é o dever de todos ficar, contribuir e ajudar o país a sair desta situação. “Ir para o estrangeiro é fugir, à cobarde!”, como já ouvi.
No entanto, sair do país representou, para mim, deixar os meus pais, os meus amigos, a minha namorada e tudo o que me era querido em busca do desconhecido.
Há quase dois anos que estou longe. E há quase dois anos que tenho saudades… “Se tens saudades, volta!”, oiço de quem se preocupa… Sim, tenho saudades, mas ainda bem que as tenho. As saudades lembram-me das razões pelas quais vim para Londres.
De vez em quando divirto-me a tentar explicar a um inglês o que é isto de “saudade”… Porque não é bem a mesma coisa que “missing someone/something”… Não é só estar triste por não podermos estar com alguém. É um misto de tristeza com felicidade porque a saudade ajuda-me a lembrar o quão gosto daqueles ou daquilo que tenho saudade! É esquisito…
Mas não só dos entes queridos a saudade aperta…
Tenho saudades de ir a Alvalade.
Tenho saudades de passar a tarde numa esplanada no Campo Grande com a rapaziada antes da bola.
Tenho saudades de ir à pressa comer uma bifana com mostarda nas roulotes para “acamar” as imperiaizinhas da tarde.
Tenho saudades de entrar no estádio, passar a segurança e ver as bancadas coloridas a encherem-se de gente.
Tenho saudades das queijadinhas de Sintra durante o jogo.
Tenho saudades de no intervalo, ver os lances polémicos nas televisões ao pé dos bares das WCs e tantas vezes comentar “aquilo era penalte, porra!”.
Tenho saudades de gritar GOLO em português e abraçar um desconhecido ao meu lado.
Tenho saudades de dizer tantas vezes após resultados menos bons “Porra, pá, parece que dou azar, esta época não venho mais ao estádio”…
Gostar de casa, da família, dos amigos, das namoradas e até mesmo do Sporting gostamos todos…
Gostar à distância é mais difícil…