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O regresso do perfume ao futebol leonino

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Após mais um teste de fogo ultrapassado com sucesso, frente ao Marítimo, o Sporting prepara-se agora para um ciclo apertado com quatro jogos em dez dias: Besiktas, em casa para a Liga Europa; Moreirense, em casa, para o campeonato; deslocação a Braga para a Taça de Portugal; e nova viagem à Madeira, mas para visitar a equipa do União.

Mais uma vez (começa a parecer tradição neste estádio), foram Adrien Silva e Rui Patrício os homens decisivos nos Barreiros. O Sporting continua na senda das vitórias pela margem mínima mas, na maioria dos jogos, é capaz de apresentar bom futebol, com uma ideia percetível de jogo e bons atletas para a executar. Ora, para o estilo de jogo praticado esta época pela equipa, muito tem contribuído Bryan Ruiz. Talvez desde o saudoso Matías Fernández que não se via uma mente criativa tão prodigiosa a povoar o nosso meio campo ofensivo. Atualmente, o costarriquenho não é o pensador de jogo da equipa, porque essas funções estão a cargo de Adrien e João Mário, os verdadeiros motores “verde e brancos”. Contudo, Bryan consegue impor o seu estilo e emprestar o seu perfume aos desenhos ofensivos do conjunto verde e branco. Quando a bola lhe chega aos pés, parece que fica mais redonda, tornando-se quase um esférico inteligente, com vida própria.

Além de Matigol, só me lembro de mais uma antiga glória do Sporting que tratava tão bem a “redondinha”: o grande capitão Pedro Barbosa. Tal como disse um dia Quinito, também eu era capaz de comprar o Pedro Barbosa para ele jogar no meu quintal. O antigo número 8, que jogou no Sporting entre 1995 e 2005, fazia um pouco o trabalho atualmente executado por Bryan: transporte de bola e afinação das jogadas antes de chegarem à fase final, a fase da finalização. Qual é o exemplo gritante disto tudo? A jogada de Ruiz no final da primeira parte frente ao Belenenses, em que aproveitou alguma apatia “azul” para serpentear entre os defesas contrários e ficar na cara do guarda redes adversário. Qual é o sportinguista que não se lembra de três, quatro ou cinco jogadas destas, ponderadas e executadas pelo “falso lento” mais rápido que o futebol português já viu?

Pedro Barbosa foi uma das mentes mais geniais que o Sporting teve Fonte: Sporting Memória
Pedro Barbosa foi uma das mentes mais geniais que o Sporting teve
Fonte: Sporting Memória

Porém, considero que Bryan poderá ser ainda uma peça muito importante a jogar como segundo avançado esta época, principalmente nos jogos em casa. Naquelas partidas contra equipas muito fechadas no seu “cantinho” (como têm sido literalmente todas as equipas portuguesas que já visitaram Alvalade desde agosto), o costarriquenho pode ser desviado para as costas de Slimani, de forma a deixar uma vaga na ala esquerda para Carlos Mané, Matheus Pereira ou Gelson Martins. Assim, a equipa não só ganha velocidade e explosão na ala como fica com a melhor dupla possível na frente. Não menosprezando Montero, Teo Gutiérrez ou mesmo Tanaka, Bryan Ruiz parece-me o homem ideal para jogar nas costas de Slimani. De entre os quatro avançados, é sem dúvida o mais inteligente e o que tem mais classe na hora de definir as jogadas.

É precisamente esta classe de Bryan que reaviva a memória dos sportinguistas acerca de Pedro Barbosa. Vezes sem conta, dou por mim sentado na bancada e parece que aquela camisola 20 é afinal uma camisola 8 e que é Pedro Barbosa que está a correr no relvado, tal é a semelhança de movimentos e de toque de bola. É certo que Bryan tem mais “golo” do que tinha Barbosa e joga mais perto da área contrária, mas não me lembro de um jogador tão semelhante ao mítico capitão do Sporting no início deste século. E ser semelhante a Pedro Barbosa é, sem margem para dúvidas, sinónimo de grande jogador e um excelente sinal para os adeptos leoninos.

Por fim, queria só deixar duas notas neste texto: em primeiro lugar, queria chamar a atenção dos sportinguistas para um médio que está na equipa B e que me parece ter potencial para vir a dar muitas alegrias no futuro: Francisco Geraldes. Quem observar três ou quatro jogos da equipa B leonina saberá do que falo. Em segundo lugar, gostava de fazer um apelo ao selecionador nacional Fernando Santos. O que é que Adrien Silva precisa de fazer mais para ser chamado constantemente à seleção? Aliás, a nível de meio campo, os convocáveis para o Europeu podem muito bem sair de apenas oito possibilidades: João Moutinho, Tiago (caso recupere), o trio do FC Porto (Danilo, R.Neves e André André) e o trio do Sporting (William, Adrien e João Mário). Ainda existem dúvidas de que estes são atualmente os melhores médios nacionais?

Foto de capa: Sporting CP

CS Marítimo 0-1 Sporting CP: São Patrício afunda o Marítimo

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Mais uma vitória para o Sporting Clube de Portugal que permite manter a turma leonina no topo da tabela no Campeonato Nacional.

É um jogo sem muita história e quase sempre com um herói a fazer a diferença: Rui Pedro dos Santos Patrício.

O Sporting entrou em campo apático e deu 45 minutos de avanço à equipa verde rubro da Madeira. Valeu o guarda-redes leonino com uma enorme defesa aos 14 minutos a evitar que o Marítimo se adiantasse no marcador. Na primeira parte, a pressão da equipa insular foi tão alta que não permitia ao Sporting respirar e construir grandes jogadas ofensivas, com exceção de um remate de Bryan Ruiz, o Sporting pouco mais criou.

Neste jogo, Jorge Jesus foi obrigado a “inventar” soluções novas com as ausências de Teo e Slimani e o último sector dos leões ressentiu-se da ausência dessas peças. Também Jefferson viu a sua vida bem complicada a correr todos os primeiros 45m atrás de Marega que tentava com toda a velocidade ultrapassar o brasileiro. As alas do Sporting também mostravam-se inconsequentes na construção de jogo, fazendo com que o fio de jogo leonino fosse muito concentrado no centro do terreno.

Na segunda parte, a história quase se mantém, mas com menos “gás” do Marítimo (era impossível manter o ritmo da primeira parte). Uma grande jogada coletiva, finalizada pelo capitão Adrien Silva, permitiu o golo aos leões e respirar um pouco de alívio. A partir daí o Sporting dominou a partida e trocava a bola de uma forma mais tranquila e segura, tentando enervar a equipa madeirense.

Rui Patrício mantém a baliza do Sporting inviolada há já vários jogos. Hoje, foi novamente decisivo Fonte: Sporting CP
Rui Patrício mantém a baliza do Sporting inviolada há já vários jogos. Hoje, foi novamente decisivo
Fonte: Sporting CP

Aos 77 minutos uma desatenção da defesa do Sporting permite outra enorme defesa ao guarda-redes leonino.

Jorge Jesus está a pensar a equipa de trás para a frente… está a criar uma grande estabilidade defensiva para depois, rapidamente, poder construir jogadas que permitam atingir o objetivo do futebol: marcar golos. Mas é necessário construir um bocado mais… pelo segundo jogo consecutivo, o Sporting sente grandes dificuldades em criar oportunidades de golo.

 

A Figura:

Rui Patrício –  está num momento de forma tremendo e é exatamente aquilo que o Sporting precisa… um guarda-redes que não é muito chamado à ação, mas que quando o é, responde com grande categoria. Já não é o primeiro jogo onde é decisivo, mas neste foi novamente o grande responsável da inviolabilidade da baliza leonina.

O Fora-de-Jogo:

Jorge Jesus e João Mário – Um jogador como João Mário não pode jogar encostado à linha e sem grandes hipóteses de mostrar todo o seu futebol. João Mário é um criativo e tem de ter liberdade para espalhar o seu perfume. Jorge Jesus insiste em colar João Mário à linha e apaga a magia e a chama do médio leonino.

Foto de Capa: FPF

Valencia CF 1-1 FC Barcelona: Mina no caminho do líder

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Era o primeiro jogo no Mestalla desde que Nuno Espírito Santo deixou de ser o treinador do Valência e, por isso, os 55.000 adeptos puderam deixar de lado os cânticos que pediam a saída do português e focar-se apenas em apoiar a sua equipa. De resto, era isso que anunciava a faixa exibida pela claque ché antes da partida: Unidos como sempre, desde 1919 ao vosso lado.

Sabia-se que todo o apoio era pouco para tentar travar um Barcelona que tem vindo a atropelar todas as equipas com que se tem cruzado ultimamente e que se apresentava com o seu onze de gala frente a um Valência com muitas ausências por lesão e por castigo. O cenário era particularmente preocupante na lateral direita, onde as ausências do castigado João Cancelo e do lesionado Barragán levaram a que Rúben Vezo fosse adaptado ao lugar para enfrentar um Neymar que, jogo após jogo, vai demonstrando a justiça da sua eleição para o top 3 da Bola de Ouro.

Gary Neville, o homem escolhido para suceder a Nuno como treinador, assistia ao jogo da bancada e, tendo sido lateral direito, terá dado graças a Deus por se ter retirado antes que Neymar lhe aparecesse pela frente. É que, lá em baixo, Vezo maldizia a sua sorte a cada vez que via Neymar arrancar e ir-se embora com a maior das facilidades, algo que aconteceu muitas vezes, sobretudo na primeira parte. Só nesse período, os catalães tiveram uma mão cheia de oportunidades, quase sempre pelo lado esquerdo do seu ataque, mas iam pecando na finalização. Curiosamente, o golo de Suárez surgiu já no segundo tempo, numa altura em que o Barcelona nem parecia tão perigoso (se é que isso é possível quando Messi, Suárez e Neymar estão em campo). Suárez tabelou com Messi e acabou por fazer o golo partindo em posição de fora de jogo.

Santi Mina festeja o golo marcado ao Barcelona  Fonte: Valencia CF
Santi Mina festeja o golo marcado ao Barcelona
Fonte: Valencia CF

Apesar das várias oportunidades que o Barcelona criou, o Valência ia deixando uma boa imagem. Naturalmente moralizados pela chegada de um novo treinador, os valencianos mostravam-se unidos, conseguindo pressionar o Barça nalguns momentos e tentando algumas saídas rápidas, ainda que sem criar ocasiões de golo. Foi só a cinco minutos do fim que Paco Alcácer recebeu um passe longo, segurou e deixou para Santi Mina rematar sem hipóteses para Claudio Bravo, recompensando o esforço de toda a equipa e penalizando a falta de pontaria culé.

Os últimos cinco minutos foram emocionantes, com lances de perigo nas duas balizas, mas o resultado já não sofreria alterações até ao apito final, altura em que foi possível ver Gary Neville, lá na tribuna, a levantar-se para aplaudir os seus jogadores, gesto repetido por todos os adeptos presentes no Mestalla. Unidos como sempre, dizia a faixa mostrada no início da partida. Não sei se será bem assim. Sei que, unidos como neste jogo, o Valência tem condições para melhorar bastante a sua atual posição no campeonato.

P.S. – Enquanto os jogadores do Valência eram aplaudidos pelos adeptos, os do Barcelona saíam de forma rápida e inglória. Nem aí Rúben Vezo conseguiu parar Neymar.

 

A Figura:

Atitude do Valência – A atravessar uma fase difícil e com muitas baixas, deixaram uma imagem bastante diferente da dos últimos jogos, fazendo por merecer a felicidade que chegaria perto do final.

O Fora-de-Jogo:

Desperdício do Barcelona – Concretizando metade das ocasiões claras que criaram, os catalães teriam vencido confortavelmente. Assim, deixaram dois pontos no Mestalla.

Foto de Capa: Valência CF

 

FC Porto 2-1 FC Paços de Ferreira: Um penálti para disfarçar a ineficácia

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O FC Porto assumiu a liderança provisória da Liga com nova vitória, desta feita por 2-1, frente ao Paços de Ferreira. No entanto, não se pense que os três pontos desta 12.ª jornada vieram livres de suores frios.

Para uma partida tradicionalmente difícil para a equipa portista, Lopetegui acabou por optar pela matriz tática mais óbvia: apesar de o Paços ser um adversário de boa valia, como tem demonstrado ao longo da temporada, o meio-campo assumiu uma postura ofensiva, com a colocação de Rúben Neves atrás de André e Herrera, que parece ter voltado para ficar. Na frente, Brahimi e Corona repetiram a titularidade registada na Madeira, com o União, municiando Aboubakar, regressado para o lugar do castigado Osvaldo.

No entanto, o início de jogo dos dragões seria tudo menos tranquilo: à passagem do minuto oito, Bruno Moreira marcou para os ‘castores’. A defesa do FC Porto mostrou-se descuidada, esquecendo-se por completo da marcação ao avançado luso, que aproveitou para inaugurar o marcador.

O tento teve o condão de despertar a equipa da casa. A meio da primeira parte, pode dizer-se que se ia assistindo a um bom jogo de futebol. O Paços de Ferreira soube fechar-se bem nos momentos certos e injetar boas doses de veneno no contra-ataque. O FC Porto passou a controlar depois do golo sofrido, mas os problemas de jogos anteriores mantiveram-se: os últimos 25 metros revelam-se infrutíferos e parcos em ideias.

Ainda assim, aos 29 minutos, Jesús Corona fez o sexto golo (num belo movimento de classe) da conta pessoal no campeonato e restabeleceu, justamente, a igualdade.

Depois de uma entrada em campo algo adormecida da parte do FC Porto, os dragões conseguiram tomar conta das operações, ainda que, numa fase inicial, este domínio tenha sido inconsequente. A partir da meia hora de jogo, talvez mais descomplexada, a equipa de Lopetegui começou a ser mais objetiva e poderia ter chegado ao intervalo a vencer. Sinal mais para Brahimi, Layún e Corona, enquanto os centrais se mostraram algo nervosos e os médios permissivos a nível defensivo, apesar de boa desenvoltura atacante e simplicidade de processos colocada em campo.

‘Tecatito’ Corona marcou o seu 6º golo na Liga e esteve em bom plano Fonte: FC Porto
‘Tecatito’ Corona marcou o seu sexto golo na Liga e esteve em bom plano
Fonte: FC Porto

Na segunda parte, o jogo contou pouca história. O FC Porto continuou a controlar mas demonstrou ineficácia algo aflitiva na hora de finalizar. O público do Dragão voltou a evidenciar a insatisfação acerca da prestação dos jogadores azuis e brancos e só a grande penalidade convertida por Miguel Layún, que acabaria por ser decisiva, conseguiu mascarar as falhas gravosas.

Em suma, os sinais continuam a não ser animadores. Ainda que, no Estádio do Dragão, o FC Porto acabe por chegar com maior facilidade à zona de finalização, continua a fazê-lo de modo atabalhoado e à mercê da sorte dos lances. E, claro, na hora H, o adjetivo «perdulário» continua a estar na ordem do dia dos jogadores azuis e brancos.

O próximo teste é de grau de dificuldade máximo e pode definir boa parte da época do clube da Invicta. O Chelsea de José Mourinho abre as portas de Stamford Bridge, e a vitória é praticamente obrigatória para seguir para os ‘oitavos’. Há que puxar pelos “galões”!

Figura do jogo:

Corona – 90 minutos em campo, um golo e boa dose de irreverência. Ainda que continue a perder-se em muitos lances individuais, já provou ser uma mais-valia em jogos mais “fechados” e é o novo abre-latas do Dragão, após o eclipse de Varela.

O fora-de-jogo:

Maicon – Muito intranquilo nos instantes iniciais, não foi capaz de serenar a defensiva do FC Porto, que tremeu em cada contra-ataque do Paços de Ferreira. Subiu de rendimento na segunda parte, período em que a equipa da capital do móvel praticamente deixou de existir em termos ofensivos. Terá muito que suar para voltar a conquistar um lugar ao sol.

Foto de Capa: FC Porto

CF “Os Belenenses” 0-3 Vitória FC: Pragmatismo Sul-Coreano

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Primeira parte: Tomás Gomes

Tarde de sol no Restelo para receber dois clubes de margens opostas do Tejo: Os Belenenses contra o Vitória de Setúbal. Um jogo marcado pelo regresso dos Fúria Azul, claque do Belenenses que teve várias divergências com a SAD, e pela confiança reafirmada em Tonel depois da polémica do penálti a favor do Sporting.

Esperava-se um Belenenses ferido e com vontade de dar a volta a uma série negativa de três jogos sem vencer (duas derrotas e um empate). Em vez disso assistimos a um Belenenses apático e nervoso na altura de concretizar. Do outro lado um Setúbal pragmático. Duas jogadas de perigo dos sadinos e dois golos. O primeiro da autoria de Suk, após um excelente cruzamento de André Claro. O sétimo golo do sul-coreano esta época. Na segunda jogada de perigo foi a vez de Suk retribuir. Num movimento de contra-ataque deixa André Horta isolado, que, na cara de Ventura, não perdoa.

Uma primeira parte marcada pelo nervosismo do Belenenses, que não se consegue enquadrar com a baliza de Ricardo. Do outro lado um Setúbal eficaz com Suk a ser determinante na ala direita – a fazer muitas vezes o movimento para o interior. William Alves e Rúben Semedo têm sido os patrões dos sadinos nos sectores mais recuados.

Este não parece é ser o regresso dos Fúria Azul; a claque lisboeta ainda não se fez ouvir no Restelo esta tarde. Por outro lado os sadinos tomaram de assalto o estádio de Belém e têm feito a festa e o barulho num jogo que tem tido muito para eles festejarem. Suk chega mesmo a ter direito ao seu próprio cântico.

A primeira parte termina assim com um Belenenses triste e com um Vitória a cumprir o seu histórico de bons resultados fora de casa esta época.

Após a derrota em Alvalade, esperava-se um Belenenses mais afoito neste jogo Fonte: Sporting CP
Após a derrota em Alvalade, esperava-se um Belenenses mais afoito neste jogo
Fonte: Sporting CP

Segunda parte: Duarte Pereira da Silva

Apesar da chegada da noite, o Belenenses pouco ou nada melhorou. A segunda parte foi mais do mesmo: um Vitória de Setúbal pragmático, com transições rápidas e eficazes. Sá Pinto ainda lançou Tiago Caeiro, mas nem se notou pela entrada do avançado português.

Foi, assim, e quase de forma natural, que, e quando o relógio marcava uma hora de jogo, em mais uma transição rapidíssima, Suk, após excelente cruzamento de André Horta, sentenciou a partida; a defensiva azul, que até tinha estado bastante bem em Alvalade, demonstrou bastantes dificuldades.

Os pupilos de Quim Machado, que a jogar fora de portas são a segunda melhor equipa da Liga NOS (apenas o Sporting supera os sadinos), dão assim continuidade à boa temporada que estão a realizar. Relativamente ao Belenenses, este terá agora que se concentrar para o desafio com a Fiorentina já na próxima quinta-feira.

Nota ainda para alguns lenços brancos para o treinador do Belenenses, Ricardo Sá Pinto, mostrados no final do encontro.

A Figura:

Rúben Semedo, na retaguarda, e Suk, na frente – Um defesa central e um ponta de lança podem não ter muito em comum, mas Rúben Semedo, no eixo defensivo, e Suk, na frente de ataque, fizeram aquilo que lhes se pedia e foram pragmáticos.

O Fora-de-Jogo:

Kuca – Internacional por Cabo Verde e figura de destaque deste Belenenses, Kuca nunca pareceu entrar no jogo. Por inúmeras vezes poderia ter feito a diferença e não foi capaz. Uma noite desastrada.

Foto de Capa: CF “Os Belenenses”

Nas largas costas dos outros

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O tempo é matéria diáfana e fugidia que muito temo e respeito. Ensina-me coisas da bola e da vida, recordando-me constante e sabiamente “a” frase, repetida vezes sem conta, daquele que foi o meu melhor professor: “já está tudo inventado!” – significando, simplesmente, que basta boa observação e memória para que, quando possível, se corrijam os erros e, daí para a frente, se faça mais e melhor. Os dirigentes do Benfica, porém, optaram por começar a época fazendo tudo ao contrário; esta semana, Luís Filipe Vieira explicou porquê – eu, confesso, não percebi as (suas) razões e, por enquanto, mantenho as mesmas dúvidas e reservas.

Não alinho, no entanto, com a narrativa apocalíptica que aterroriza tantos benfiquistas. A vida é muito simples e ao deparar-me diariamente com um trintão olhando-me no espelho sei, no imediato, que conheço este clube há tempo suficiente para não me assustar com o actual momento. Não se ofendam com a comparação, mas eu já vivi o meu Holocausto, mais longo que uma guerra mundial (entre o fim e o início dos séculos), e, por isso, sou muito pouco fatalista. Entretanto, o Benfica cresceu e hoje, com estatuto de bi-campeão e recursos próprios (feitos de cimento e de carne e osso), está preparado para continuar a vencer; quando não o conseguir, que não restem dúvidas: os culpados encontrar-se-ão sempre dentro da nossa própria casa.

Mais trabalho e talento e menos teorias da conspiração – é a equação das vitórias Fonte: SL Benfica
Mais trabalho e talento e menos teorias da conspiração – é a equação das vitórias
Fonte: SL Benfica

A enxurrada de comentadores que representam o clube – nos jornais, rádios e televisões –, profissionais ou amadores, próximos ou não da estrutura, atiram o foco para longe, provocando lamentáveis danos colaterais, como sucedeu, esta semana, com o jogador Tonel (com recurso a uma retórica que nos deveria a todos envergonhar). É matéria repetida que cansa e enoja, pois, feitas bem as contas, prejudica em primeira e última instância o próprio Benfica. Esta estratégia populista e demagógica trava a reflexão e o debate sérios, dividindo, criando o caos e semeando a dúvida. Tudo isto, bem espremido, impede uma democrática e essencial identificação das causas (e dos culpados), bem como da busca por melhores consequências.

É por isso que insisto: o Benfica tem o direito de se defender, nas instâncias adequadas, contra todos aqueles que atentem contra o clube; seja Jorge Jesus ou os dirigentes do Sporting, investidos, desde o início desta época, numa estratégia caluniosa primária que inclui a injúria ao vizinho (bailada ao jeito “pimba” nas bancadas de Alvalade) e – tal como todos podemos observar a cada jornada – valentes “empurrões” a uma equipa esforçada mas modesta. No entanto, todo este ruído, feito de naturais rivalidades, jamais poderá fazer cair no esquecimento as verdadeiras razões para, em vésperas natalícias, o Benfica estar já afastado da Taça de Portugal e se encontrar a cinco pontos do primeiro lugar do campeonato.

Assumir os nossos erros – corrigi-los e não repeti-los – é o primeiro (e decisivo) passo para voltar a ser feliz. No futebol e na vida.

Foto de Capa: Sport Lisboa e Benfica

O caminho Marítimo para o campeonato de Inverno

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O Sporting tem na deslocação à Madeira mais um importante desafio à sua liderança. A partida nos Barreiros marca a etapa final que até ao fim-de-semana de 10 de Janeiro encerrará a primeira volta do actual campeonato. Essa é a altura em que habitualmente se atribui o titulo de campeão de Inverno.

Um título vazio de conteúdo e de pouca glória, pois não se ganha mais do que umas efémeras capas de jornal. Serve contudo como uma prova de aferição da força de uma candidatura e, provavelmente, pode constituir um importante impulsionador dos níveis de confiança de uma equipa.

A Madeira é não só um ponto de passagem obrigatório como de importância nada insular no desfecho desta etapa. Ainda antes de nos sentarmos à mesa por ocasião da consoada o Sporting repetirá a viagem até ao Funchal, para disputar mais três pontos com o U. Madeira, acentuando assim o carácter marítimo à jornada que levará até à metade do campeonato.

Durante este período serão também muito importantes e seguramente difíceis os dois embates com o SC Braga. Um ditará a continuidade de uma das equipas, na reedição da final da Taça de Portugal, cujo título o Sporting defende este ano. O outro constitui o ponto final neste capítulo, uma vez que é último jogo da primeira volta e terá por isso mesmo uma importância acrescida.

O jogo com U. Madeira será intermediado pela recepção ao Moreirense e é o último que o Sporting terá de jogar sem poder contar com o recurso a reforços. Este é um aspecto muito importante, tendo em conta que já se vai fazendo sentir alguma escassez de recursos à disposição de Jorge Jesus. Até lá, o treinador terá de inventar soluções ante as limitações.

O capitão leonino tem sido decisivo no meio campo de Jorge Jesus Fonte: Sporting CP
O capitão leonino tem sido decisivo no meio campo de Jorge Jesus
Fonte: Sporting CP

É nesta configuração que o encontro com o Marítimo decorrerá. Slimani está castigado, e Gutierrez a braços com uma pubalgia, que não só o limita no imediato como lança a dúvida sobre a sua disponibilidade no médio prazo. Bastas são as vezes em que a resolução do problema passa pela marquesa do cirurgião. É claro que a frente do ataque terá no jogo com o Marítimo um teste de fogo, pela escassez de alternativas e pelo facto significativo de estarem ausentes os dois jogadores em quem Jorge Jesus mais tem confiado para o lugar.

Falando ainda de constrangimentos, há que destacar Jefferson, que regressa agora de lesão. Tem entrado de forma intermitente, sendo também assim o tom das suas prestações, algo distantes daquilo de que já mostrou ser capaz. Pode dizer-se o mesmo de Mané, que não tem entrado muito no baralho na hora de Jesus jogar as cartas.

Há ainda factores psicológicos a merecer alguma atenção. Entre esses destacaria o facto de, quando começar o desafio nos Barreiros, o Sporting já ser conhecedor do resultado dos seus rivais. Embora seja algo a que qualquer equipa com pretensões tenha de estar habituada, não deixa de ser um factor que acresce às dificuldades, especialmente quando a equipa está limitada.

Não menos importante é a chicotada psicológica em curso mas ainda não inteiramente definida no adversário. É mais ou menos claro que quem o dirige aposta todas as fichas neste jogo e parece pretender contagiar os jogadores com o mesmo espírito.

Que ninguém duvide de que espera ao Sporting um jogo de elevada dificuldade. No caminho Marítimo para o campeonato de Inverno este jogo tem tudo para ser um cabo das tormentas antes de, como todos esperamos, ser acrescida a esperança de chegar no final da primeira volta à frente.

Foto de Capa: Sporting CP

Benfica 3-0 Académica: Estreia de sonho para Renato Sanches

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O jogo entre o Benfica e a Académica fica marcado por uma primeira parte muito fraca. Com um onze que apresentava algumas alterações em relação ao jogo com o Braga, Rui Vitória apostou em Pizzi para jogar a extremo, ocupando Jonas o seu lugar no miolo do campo, ficando com isto Gonçalo Guedes no banco. Para médio defensivo, Rui Vitória manteve a aposta em Fejsa, relegando Samaris para o banco.

Durante a primeira parte pudemos observar um Benfica a errar alguns passes e a não ser uma equipa muito pressionante. Com estas mexidas, o Sport Lisboa e Benfica perdeu consistência no meio campo, pois Jonas não faz, de longe, o mesmo trabalho que Pizzi. Com um Renato muito recuado, o Benfica só começou a desequilibrar mais quando o mesmo subiu o terreno quase no fim da primeira parte, uma vez que Fejsa já se encontrava amarelado, o que obrigava o número 85 da turma encarnada a estar sempre próximo do jogador sérvio para parar alguma jogada mais perigosa da Académica, caso fosse necessário.

Apesar de terem efectuado uma exibição cinzenta durante os primeiros 45 minutos, Gaitán ganha um penálti que Jonas converte em golo, chegando assim o Benfica ao intervalo a vencer por 1 a 0.

A segunda parte começou com mais do mesmo. Com uma Académica mais pressionante do que na primeira parte, continuou a ver-se um Benfica acanhado, um Benfica que só criava perigo através de arrancadas individuais. Apesar desta exibição fraca e algo displicente o emblema vermelho e branco lá chegou ao 2 a 0, outra vez de penálti e outra vez por Jonas.

Com a entrada de Samaris ao minuto 67, o Benfica ganhou outra consistência no miolo do terreno pois deixou Renato mais solto e com mais liberdade para subir no terreno. Com a entrada de Guedes ao minuto 75, a equipa encarnada ficou com outro fulgor atacante. Com estas duas alterações a bola circulava melhor pelos jogadores encarnados, que conseguiam chegar mais vezes à área da Académica. Ao minuto 85 aconteceu magia na Luz. Renato Sanches, com um remate poderoso, marca um golo monumental que faz levantar o estádio inteiro.

Apesar de o resultado ter ficado em 3 a 0, o futebol praticado pelo Benfica voltou a não convencer, e a estratégia que Rui Vitória adoptou para este jogo, na minha óptica, voltou a não ser a mais correcta. Resta então saber se estas alterações em relação ao onze que alinhou em Braga foram já a pensar no jogo com o Atlético de Madrid ou se foi pura estratégia por parte de rui Vitória.

A Figura:

A Figura foi sem dúvida Renato Sanches, que, apesar de não ter sido o melhor em campo, realizou mais uma vez uma boa exibição e marcou um golo de levantar todo o estádio. A maturidade como aborda cada lance e a forma desinibida como pede a bola e a transporta para o ataque é sinónimo de grande jogador.

O Fora-de-Jogo:

O Fora-de-Jogo vai para Mitroglou, que passou completamente ao lado da partida. Mitroglou não é jogador para este tipo de jogos; é jogador para jogos “abertos” e não para partidas como esta, em que o sistema de jogo do adversário se baseia na defesa, deixando o grego desamparado na frente de ataque.

Foto de capa: Sport Lisboa e Benfica

A um jogo do Olimpo

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Ao contrário do que se pode pensar, um treinador que escolhe um clube habituado a ganhar não tem uma balança muito desequilibrada no que toca aos prós e contras. Se ganhar, não fez mais do que outros fizeram. Não foi além das suas obrigações, tendo em conta a superior qualidade do plantel. Contudo, se não ganhar coloca uma mancha negra no currículo, que terá, inevitavelmente, repercussões na carreira.

No Olympiakos, crónico campeão grego, não ganhar está fora de hipótese e ganhar por ganhar não é suficiente. Assim, a interpretação de que Marco Silva jogou completamente pelo seguro quando aceitou mudar-se para a Grécia não é indiscutível, até porque falamos de um clube com uma massa adepta exigente e onde a pressão é constante. Depois de sair do Sporting envolto num processo polémico, o treinador português sabia que precisava de dar (mais) uma prova clara de qualidade e, apesar de ter, de longe, o melhor plantel do campeonato, nem nos melhores sonhos imaginaria um início tão auspicioso. O Olympiakos tem feito uma campanha perfeita e venceu os doze encontros que disputou até ao momento, superando o melhor arranque de sempre – um recorde de 1966/67. Mesmo com o triunfo na secretaria sobre o rival Panathinaikos, não há maneira de tirar o mérito ao conjunto de Marco Silva.

Marco Silva
Marco Silva vai batendo recordes na Grécia
Fonte: Olympiakos FC

Para além do percurso imaculado a nível interno, o campeão grego está a uma “final” de conseguir um apuramento improvável para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões. À partida, um grupo com o Bayern e o Arsenal não daria muitos motivos para sonhar, mas um triunfo épico em Londres, por 3-2, colocou o jogo a favor da equipa de Marco Silva. Na última jornada, o Olympiakos recebe os gunners de Arsène Wenger com a certeza de que um empate garante a qualificação e que uma derrota por menos de dois golos pode ser suficiente. O treinador português deverá repetir a estratégia que tem adoptado nos compromissos europeus de maior exigência, abdicando do duplo pivot habitual em jogos do campeonato e reforçando o meio campo com a entrada de Esteban Cambiasso. O médio argentino, que chegou nesta temporada proveniente do Leicester, não tem sido preponderante na liga grega mas tem feito a diferença na Champions, aproveitando a enorme experiência internacional que possui.

No campeonato grego, onde o fosso entre o Olympiakos e as restantes equipas é bastante considerável, Marco Silva tem disposto a equipa num 4-2-3-1 sem nenhum médio de características assumidamente defensivas. Pajtim Kasami, “eterna” promessa suíça que, aos 23 anos, parece finalmente querer dar o salto, e Luka Milivojevic, sérvio de 24 anos que vai relançando a carreira no Pireu depois de uma experiência falhada no Anderlecht, têm chegado para as tarefas defensivas e acrescentam a qualidade necessária no capítulo ofensivo.

Se há um nome a destacar no Olympiakos, é claramente o de Kostas Fortounis. O médio, que já tinha estado em bom plano na temporada anterior, tem sido a grande figura do emblema de Atenas e, consequentemente, do campeonato. Com Chori Domínguez, um dos melhores da história recente do clube, a acusar o peso da idade, o talento grego tem assumido todo o protagonismo no meio campo ofensivo, confirmando o potencial que há muito lhe é reconhecido. Para além de ser um jogador tecnicamente evoluído, demonstrando qualidade no passe e no drible, tem impressionado pela facilidade em aparecer em zonas de finalização, sendo o melhor marcador do conjunto de Marco Silva, com 9 golos. Tenha ou não capacidade de manter este nível até ao final da época, já provou que tem talento a mais para continuar na liga grega. Numa fase em que a selecção helénica precisa urgentemente de novas referências, Fortounis é um dos mais fortes candidatos a assumir esse estatuto.

Kostas Fortounis: o maior talento do campeonato grego Fonte: Olympiakos FC
Kostas Fortounis: o maior talento do campeonato grego
Fonte: Olympiakos FC

Sem dinheiro para contratações milionárias, Marco Silva viu no campeonato português, que bem conhece, o mercado ideal para apetrechar o plantel do Olympiakos com mais soluções. Sebá, que orientou no Estoril, Hernâni, sem espaço no FC Porto, e Felipe Pardo, uma das figuras do Sporting de Braga nas últimas épocas, foram apostas do treinador português e têm contribuído para o fantástico momento dos campeões helénicos, acrescentando irreverência e capacidade de desequilíbrio. O antigo técnico do Sporting tem promovido uma rotação saudável nas alas, dando tempos de jogo semelhantes a todos os extremos do plantel, mas o colombiano tem-se destacado na Liga dos Campeões, marcando 3 golos decisivos. Frente ao Dínamo de Zagreb, colocou Marco Silva a festejar como nunca o tínhamos visto. Em termos internos é o talentoso esquerdino Jimmy Durmaz, exímio marcador de bolas paradas, que tem maior influência na equipa, não só por ser o mais utilizado mas também porque tem números bastante relevantes (4 golos e 4 assistências).

O Olympiakos aproveitou as experiências falhadas de Ideye Brown e Alfred Finnbogasson nos anteriores clubes para conseguir dois jogadores muito interessantes para o eixo ofensivo. O possante avançado nigeriano brilhou em Kiev, mas desiludiu no WBA e vai tentando reencontrar-se com os golos em Atenas. Tem levado a melhor na disputa com o islandês, que, apesar de ter destruído defesas na Holanda, não foi capaz de fazer o mesmo ao serviço da Real Sociedad. Para já, a mudança para o Pireu não trouxe de volta o goleador, que vai deixando a ideia de ser um valor inflacionado pelas fragilidades defensivas da Eredivisie.

Não se admirem com o facto de ainda só ter mencionado jogadores que actuam do meio campo para a frente. O sector defensivo é quase dispensável a nível interno, como se comprova pelo registo de 34-5 em golos. O papel de Roberto Jiménez e Manuel da Costa é, por isso, algo secundário nesta equipa de Marco Silva. Os velhos conhecidos dos portugueses, ambos com 29 anos, são os jogadores mais experientes do 11 habitual e, mais do que brilhantes, têm sido eficazes. O central, que passou ao lado de uma grande carreira, forma uma dupla consistente com o espanhol Alberto Botía, também ele uma promessa que não alcançou o nível que se esperava, e o guarda-redes continua a apagar a passagem infeliz pelo Benfica. Sem grandes responsabilidades defensivas, os laterais Arthur Masuaku, pela esquerda, e Omar Elabdellaoui, do lado direito, dão muita profundidade e são duas peças fundamentais na manobra ofensiva do campeão grego, tendo potencial para outros voos.

O campeonato dificilmente fugirá a Marco Silva, como acontece com quase todos os treinadores que têm passado pelo Olympiakos. Leonardo Jardim foi despedido a meio da temporada mas teve um papel decisivo no título de 2012/2013, e Vítor Pereira conseguiu corrigir o mau arranque de Michel e também foi campeão em Atenas. Apesar do recorde na liga grega, só um resultado positivo frente ao Arsenal dará um estatuto especial a Marco Silva na comparação com os outros técnicos portugueses que passaram pelo Pireu. Depois de fazer o Sporting regressar aos títulos, o treinador de 38 anos está a um jogo de entrar no Olimpo do Karaiskakis e de abrir as portas para um campeonato de topo.

Foto de Capa: Olympiakos FC

Jogadores que Admiro #48 – João Benedito

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Num mundo tão vasto quanto o do desporto, quantos foram, até hoje, os atletas que passaram vinte anos das suas carreiras no mesmo clube? Quantos foram os atletas que recusaram, por diversas vezes, propostas mais aliciantes, de ligas e/ou clubes mais poderosos? Quantos foram os atletas que entraram em campo, a cada jogo, sempre com o mesmo entusiasmo e espírito de sacrifício? Muito poucos, seguramente; a nível pessoal apenas conheço um: João Benedito, antigo convidado do programa de rádio do Bola na Rede.

No Sporting desde 1994, onde chegou em idade ainda júnior, João Benedito apenas se ausentou do clube durante uma época: em 2006/2007, quando aceitou a proposta dos espanhóis do Playas Castellón. Na despedida do clube de Alvalade, marcada por muitas lágrimas de parte a parte, João Benedito prometeria o regresso, que aconteceria logo na época seguinte.

A partir daí o capitão leonino fez questão de definir bem o seu trajecto, afastando sempre a mais pequena hipótese de transferência para qualquer outro clube. Actualmente, a maior batalha que tem travado é com o pendurar das chuteiras, uma vez que já tem 37 anos e, por muito que custe a qualquer adepto de futsal, a verdade é que o fim de carreira já se avizinha.

oão Benedito estará, aos 37 anos, muito próximo de terminar a carreira Fonte: Facebook do João Benedito
João Benedito estará, aos 37 anos, muito próximo de terminar a carreira
Fonte: Facebook do João Benedito

João Benedito é o exemplo perfeito de um excelente desportista, sportinguista e ser humano. Enquanto desportista, desde cedo que começou a contagiar tudo e todos com a sua garra e a sua dedicação à modalidade, tornando-se um verdadeiro líder, capaz de cativar qualquer um no pior dos seus dias, o que, a aliar a toda a sua qualidade, marcou, de forma profunda, o futsal nacional. A sua veia sportinguista também se faz notar das mais variadas formas; o próprio não se coíbe de mostrar o orgulho que sente por ser capitão do seu clube de coração, deixando orgulhosos todos os sportinguistas, bem cientes de que atletas devotos como o capitão da sua equipa de futsal existem muito poucos actualmente.

Por último, mas não menos importante, é um verdadeiro gentleman, dotado de um raro desportivismo que marcou toda a sua carreira. Defendendo sempre os seus interesses e os do clube, João Benedito nunca teve qualquer declaração polémica, privilegiando sempre o respeito e o fair-play, entre selecções, equipas e jogadores.

O jogador que ninguém, seja de que clube for, consegue odiar. João Benedito é um exemplo para todos, dentro e fora das quatro linhas. Um verdadeiro ídolo, o que escasseia nos tempos modernos.

Foto de Capa: Facebook de João Benedito