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FC Porto na final do campeonato, Sporting ainda tem de esperar

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cab andebol

Sortes diferentes para os dois favoritos a marcar presença na Final do Campeonato Fidelidade Andebol 1: o FC Porto despachou o Benfica por 3-0 e já está apurado para a eliminatória decisiva, mas o Sporting não conseguiu dar seguimento em Braga às duas vitórias alcançadas em Odivelas e terá de disputar pelo menos mais um jogo, novamente na Cidade dos Arcebispos. Caso perca, a “negra” será disputada em Odivelas.

FC Porto 3-0 Benfica (28-25, 28-27, 26-17)

Já se esperava que os dragões se superiorizassem ao Benfica – que continua a exibir-se abaixo daquilo que pode fazer com os meios de que dispõe – mas resolver a eliminatória no número mínimo de jogos é sempre moralizador para os comandados de Ljubomir Obradovic. Num Dragão Caixa cheio e sempre eléctrico no apoio à equipa, o FC Porto teve o primeiro jogo quase sempre controlado – os homens de Mariano Ortega só estiveram na frente até ao 0-2 – e venceu o segundo nos últimos instantes, quando Carlos Carneiro permitiu que Hugo Laurentino evitasse o empate dos encarnados. Nesta segunda partida, convém salientar que o Benfica chegou a estar a ganhar por 20-22, mas acabou por não conseguir resistir à agressividade portista no ataque e ao acerto na defesa. O terceiro jogo, já em Lisboa, acabou curiosamente por ser o mais tranquilo para o FC Porto, que ao intervalo já vencia por cinco. O lateral-esquerdo Gilberto Duarte, com 10 golos no primeiro encontro, foi o maior destaque da eliminatória.

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O Ponta Hugo Santos é garantia de futuro no FC Porto
Fonte: FC Porto

Sporting 2-1 ABC Braga (30-23, 33-27, 36-37; próximo jogo no Domingo, em Braga)

Os leões, por seu turno, bateram os minhotos em casa sem grandes dificuldades, apenas uma semana depois de terem sido afastados da Taça pelos homens de Carlos Resende – que viriam a ganhar o troféu batendo o FC Porto na final. Tanto o primeiro como o segundo jogo já estavam bem encaminhados ao intervalo, na perspectiva leonina, e até ao fim a única curiosidade foi conhecer os números finais. Na segunda partida, contudo, o ABC ainda chegou a ameaçar aproximar-se dos leões, intenção que nunca chegou porém a consumar. Já o terceiro encontro, no Flávio Sá Leite, foi de longe o mais emocionante: só ao fim de dois prolongamentos é que o ABC se superiorizou ao Sporting, tirando partido de falhanços dos leões em momentos decisivos e de boas intervenções do guarda-redes Humberto Gomes. O central Frankis Carol e o ponta-direita Pedro Portela foram os atletas que se exibiram em melhor nível do lado da formação de Frederico Santos, com o cubano a marcar nove golos no primeiro jogo e o português a conseguir sete tentos no segundo. O Sporting continua em vantagem mas, jogando em casa, o ABC tem a oportunidade de igualar a contenda e adiar a decisão para a “negra”.

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Frankis Carol faz da facilidade de remate um dos seus principais pontos fortes
Fonte: Sporting Clube de Portugal

Os playoffs voltaram este ano à modalidade. É benéfico?

Não só é benéfico, como é quase incompreensível que esse tenha deixado de ser o formato durante tantas temporadas – o anterior, com os pontos a dividirem por dois e a realização de uma liguilha, não lembra a ninguém, mas estamos a falar de um país que teve dois campeonatos em simultâneo durante vários anos devido a um diferendo ente a Federação e a Liga…

Com o regresso dos playoffs, aquela que já foi a modalidade amadora mais praticada do país – perdeu recentemente o estatuto para o futsal, talvez porque em Portugal tudo o que implique tocar numa bola com o pé tenha imediatamente uma aceitação muito maior – deu agora um importante passo para se regenerar. O maior argumento contra as eliminatórias é sempre o de basta um deslize para a equipa que foi mais regular sair prejudicada. No entanto, qualquer equipa que possa vir a destronar o FC Porto não o conseguirá apenas com sorte, mas também com muito trabalho e qualidade. Esse facto, aliado a uma maior emoção e imprevisibilidade, trará decerto mais gente aos pavilhões. Porém, ainda assim, infelizmente os sportinguistas presentes no Pavilhão de Odivelas ocuparam apenas uma bancada – situação que deixa a desejar mas que pode ser explicada em parte com o facto de os leões ainda não terem pavilhão. Já o FC Porto contou, como se disse, com um grande apoio em ambos os jogos em casa. No único jogo, para já, em Braga, os adeptos do ABC demonstraram a sua paixão habitual. Já na Luz, face à eliminação iminente, notou-se um menor entusiasmo.

A somar à questão do playoff, há uma outra que deve atrair adeptos aos pavilhões. É um facto que os tempos da melhor geração andebolística portuguesa já lá vão, mas convém lembrar que os responsáveis por um inédito vice-campeonato europeu de sub-20 em 2010 estão agora a afirmar-se no andebol nacional e europeu. Rui Silva, Pedro Portela, João Ferraz, Gilberto Duarte e Ricardo Pesqueira são apenas alguns dos nomes que vale a pena acompanhar no nosso andebol e que ainda irão certamente evoluir bastante, alguns deles inclusive com capacidade para triunfar em ligas mais competitivas. Os amantes da modalidade terão a oportunidade de os continuar a ver ao vivo nesta fase decisiva.

Foto de capa: Facebook oficial do FC Porto

Foram dias e dias de reflexão

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Terceiro Anel

Há imenso tempo que não escrevia sobre o Benfica para o Bola na Rede. Outros afazeres, esquecimentos, rubrica do Recordar é Viver, entre outras coisas. Mas o amor pelo clube nunca esmorece, bem pelo contrário! O sentimento que nutro pelo Sport Lisboa e Benfica é algo que parece não parar de aumentar, até atingir níveis preocupantes para a minha própria saúde.

Como já cheguei a referir num outro artigo, eu padeço das características da maioria dos benfiquistas. Vou do 8 ao 80, da euforia à depressão, da loucura ao cataclismo, do clímax às trevas. E há quase 3 semanas, após aquele malfadado Rio Ave vs Benfica, senti-me sem chão. Logo naquele sábado em que fiz questão de ir a Vila do Conde para ver o maior clube português em acção, logo nesse dia tinham que me falhar. Exibição desgarrada, nalguns momentos patética, um insulto para os milhares de benfiquistas que transformaram Vila do Conde num arrastão vermelho. Nem o posterior empate do FC Porto na Choupana me valeu de grande consolo, diga-se. O regresso a Lisboa foi pesaroso, triste, cinzento. Depois de chegar a casa pensei, pensei, pensei, pensei, pensei, pensei…pensei. Talvez tivesse chegado de vez a altura de me desligar um pouco do Benfica, de dar ouvidos à minha mãe que há anos que me pede para sofrer menos e para começar a ligar “àquilo que realmente importa”.

Como o campeonato parou, tentei perceber se valeria a pena afastar-me um pouco da realidade benfiquista. Estava desolado, desconsolado, totalmente revoltado com um clube que tinha estragado o meu fim-de-semana, que tinha feito com que eu temesse que já não atingíssemos o 34ª título nacional. Não assisti a programas de comentário desportivo, não li jornais desportivos, não tive coragem para ver os golos do nosso campeonato, evitei falar sobre futebol. Contudo, e com um computador à frente, temos acesso a tudo. E por isso mesmo acabei por ceder e por rever um sem número de vezes vídeos e mais vídeos referentes ao Benfica, ao título do ano passado, a toda a sua história. Ok, o meu fim-de-semana havia sido uma tragédia, mas este clube apaixonante já me deu tanto, já me deu tanta alegria, já o coloquei à frente de tanta e tanta coisa. Por que razão não haveria de continuar a fazê-lo por mais umas semanas?

Nação benfiquista em suspenso, união tremenda;  Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Nação benfiquista em suspenso, união tremenda;
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

Despachámos o Nacional, no sábado passado, com uns primeiros 60 minutos demolidores; ver jogar Gaitán, Salvio e Jonas é como ir ao Scala de Milão; as assistências na Luz já não baixam dos 45 mil espectadores; o bicampeonato, que nos foge há 30 anos, está ali à vista. Senti que não podia deixar de apoiar, senti que eu e os restantes milhões de adeptos benfiquistas deviam acreditar, senti que devia relembrar-me das palavras sábias do meu grande amigo Francisco Vaz de Miranda, o adepto mais optimista e impressionante que já conheci em toda a minha vida; senti que o Benfica precisava de mim.

Porque eu preciso muito do Benfica, muito mesmo. Acham isso patético e estúpido? Podem achar à vontade, não o condeno. Mas só eu sei (não, não vou reproduzir aqui um célebre cântico leonino…) como estarei se conquistarmos o campeonato e só eu sei como serei feliz e como retirarei dividendos disso em termos pessoais, caso a aguardada conquista se confirme.

Massa adepta benfiquista, tens aqui um pessimista por natureza a dar o mote: vamos dar tudo no apoio, vamos dar tudo na confiança à equipa, não vamos embandeirar em arco, vamos ser inteligentes! Este período de reflexão só me deixou uma certeza: é impossível desligar-me do Sport Lisboa e Benfica. Impossível, uma total impossibilidade.

P.S. : Jonas, só uma coisa: assinas um contrato matrimonial comigo?

 

Campeão antecipado

internacional cabeçalho

Apesar da imprevisibilidade do futebol, há campeonatos onde, por muito que se tente acreditar que vai haver uma luta pelo título até final, já se sabe quem vai ganhar antes de a época começar. Não havia grandes dúvidas em relação ao vencedor da Bundesliga, nem da Serie A, isto para não falar de ligas como a escocesa ou a croata. Este ano a Eredivisie também teve um campeão antecipado. “Trabalhámos nos bastidores para manter Memphis em Eindhoven esta temporada”, referia Marcel Brands, o director-desportivo do PSV, em Agosto do último ano. Saberia ele que a renovação de Depay tinha garantido o título ao clube?

Se não sabia, não demoraria muito até perceber. O jovem holandês tem feito uma temporada do outro mundo e vai sair pela porta grande, como campeão nacional pelo clube onde foi formado. Está a jogar a um nível assombroso e não tem rival interno; para além de melhor jogador, é o melhor marcador do campeonato. Foi acertada a decisão de permanecer em Eindhoven; ganhou o PSV, que finalmente vai quebrar o jejum de títulos, e o próprio jogador, que pôde crescer num ambiente familiar antes de dar o salto para outro patamar competitivo. Pela qualidade que tem demonstrado, dificilmente não terá sucesso.

Um craque do ponto de vista técnico, um “monstro” em termos físicos. Depay é um avançado muito completo e a estrela maior do PSV, mas não é o único responsável pelo título do conjunto orientado por Phillip Cocu. Não se pode ignorar mais uma grande temporada de Wijnaldum, que assumiu, juntamente com Maher, o protagonismo no meio campo da equipa. Também ele já merece outros palcos. Luuk de Jong, depois de más experiências na Alemanha e em Inglaterra, voltou ao campeonato holandês para reacender a chama goleadora (15 golos no campeonato). Bruma foi o patrão do sector defensivo. Willems provou que é um dos laterais-esquerdos mais promissores do futebol europeu, destacando-se no capítulo das assistências (grande qualidade no cruzamento). Narsingh, extremo rapidíssimo, foi um dos principais desequilibradores. Em suma, o primeiro lugar é apenas a confirmação de que este plantel é bem superior ao do rival Ajax.

Wijnaldum, De Jong, Bruma e Maher, apesar da juventude, são jogadores com larga experiência. Terá sido também por aí que se estabeleceu a diferença entre o PSV e o Ajax. A turma de Frank de Boer, depois de quatro títulos consecutivos, desta vez foi traída pela baixa média de idades. Em termos de resultados, o ano não foi, de todo, positivo para o emblema de Amesterdão, mas voltaram a aparecer (ou a florescer) muitos jovens com potencial na equipa principal, sobretudo do meio campo para a frente.

Schöne é, provavelmente, a maior referência da equipa Fonte: Facebook do Ajax
Schöne é, provavelmente, a maior referência da equipa
Fonte: Facebook do Ajax

Sightorsson e Viktor Fischer perderam protagonismo em relação a anos anteriores e assistiram à afirmação de promessas como Anwar El-Ghazi, potente e com facilidade de remate, ou Ricardo Kishna, que mostrou ser um extremo desconcertante, criando desequilíbrios a qualquer momento. Milik, avançado polaco de 21 anos, foi uma das revelações da temporada, apesar de Lasse Schöne, a maior referência do conjunto de de Boer por esta altura, ter feito muitos jogos como “falso 9”. O médio ofensivo Daley Sinkgraven chegou do Heerenveen em Janeiro (deu nas vistas no início da época, sendo um dos melhores do campeonato) para formar um meio campo muito requintado do ponto de vista técnico com Davy Klaassen, mas não agarrou o lugar e tem sido suplente nos últimos encontros. A equipa da capital é notoriamente virada para o ataque, já que Bazoer, jovem de apenas 18 anos, é o único médio com características defensivas.

Na Holanda há três clubes grandes, mas o Feyenoord continua sem conseguir aproximar-se de Ajax e PSV. O emblema de Roterdão viu sair muitas peças importantes no início de temporada (Martins Indi, de Vrij, Janmaat e Pellè, para além de Ronald Koeman) e vai terminar novamente no terceiro lugar. Em abono da verdade, era difícil o trabalho do técnico Fred Rutten nesta época. As saídas não foram bem colmatadas (especialmente a de Pellè, até porque Kazim-Kazim não é um homem de área) e jogadores como Clasie, Vilhena ou Böetius estiveram bem longe da melhor forma, o que fez realçar as diferenças para os rivais ao nível da qualidade do plantel.

Elvis Manu tem brilhado no ataque do Feyenoord Fonte: Facebook do Feyenoord
Elvis Manu tem brilhado no ataque do Feyenoord
Fonte: Facebook do Feyenoord

Individualmente, Kongolo assumiu-se como o patrão da defesa, Toornstra e Immers, médios com uma excelente capacidade finalizadora, estiveram em bom plano, e no ataque Elvis Manu, extremo supersónico, e Anass Achahbar, avançado que é um regalo do ponto de vista técnico, ganharam definitivamente o seu espaço. Se no caso do PSV se pode falar num campeão antecipado, no caso do Feyenoord, tendo em conta a falta de competência na abordagem ao mercado, pode dizer-se que o terceiro lugar estava praticamente garantido.

Foto de Capa: Facebook do PSV

Jogo Interior #7 – Formar ou Ganhar? Existe Incompatibilidade?

jogo interior

Tendo em conta uma análise ao desporto de formação em Portugal (e talvez também existente noutros países) surge a conclusão que há uma grande propensão para as pessoas colocarem os treinadores em duas dimensões consideradas opostas: os treinadores de competição e os treinadores de formação. Serão estas duas dimensões opostas e impossíveis de conciliar? Formar jogadores ou atletas, ou procurar resultados? Aborda-se a definição de alguns treinadores, que treinam e formam jovens no desporto, como se de pessoas menores se tratasse. Por outro lado estes treinadores, de uma forma geral, deixam-se condicionar por este paradigma e acomodam-se nesta condição. O que contribuiu para a diminuição da importância ou da significância do treinador da formação, que teoricamente “só” tem de formar os atletas, quando o que mais prospera são escolinhas ou academias das mais diversas modalidades? O seu trabalho é igualmente difícil, o seu trabalho tem a mesma, ou até mais, importância na existência de qualidade nos atletas quando eles chegam ao nível mais competitivo. Separa-se muito, pelo menos desde quando eu me lembro de andar no desporto, o “treinador de miúdos” do treinador dos seniores, quando são os treinadores dos seniores que precisam que os treinadores da formação ou “dos miúdos” tenham qualidade no seu treino e no seu trabalho. É uma relação de dependência que é geralmente ignorada ou menosprezada.

Na minha opinião, o que devemos reflectir não é sobre o “ganhar” mas sim qual o caminho que devemos escolher para o conseguir. É verdade que todos gostamos e queremos ganhar. Muita gente perde um pouco (ou muito) o controle emocional quando não ganha. Como se costuma dizer “nem a feijões” gostamos de perder… Todos os treinadores de base procuram obter o melhor resultado para as suas equipas, em todas as partidas, disso podemos ter a certeza. A questão surge acerca de onde colocar o foco principal e manter-se firme nos seus princípios. É no processo e não no objectivo de jogo. E mesmo aqui, com o foco nos processos, no caminho escolhido, pode haver competição. O problema é outra confusão relacionada com a dicotomia apresentada: a divisão não deveria ser feita entre treinadores de formação e treinadores de competição mas sim entre treinadores de formação e treinadores “resultadistas”.

Os treinadores da formação também estabelecem prioridades, procuram e criam contextos para que o seu grupo de jogadores entenda a mesma linguagem técnico-táctica, planeiam o trabalho, determinam um modelo e trabalham em cima dos princípios gerais, em direcção aos princípios específicos do jogo. Estes transmitem constantemente aos seus atletas que ser fiel a tudo isto faz parte do caminho para a competição e que terá várias consequências, nomeadamente a melhoria de rendimento e como corolário os bons resultados. Por vezes vencer jogos pode causar-lhes indiferença e por outro lado algumas derrotas trazem-lhes uma sensação de missão cumprida.

Do meu livro “Como Ser Um Treinador de Excelência” recordo uma passagem em que refiro, na minha perspectiva, como deve ser um treinador formador: “Um treinador excelente deve ser alguém que tem a capacidade de deixar marcas positivas involuntárias e intangíveis nos seus atletas, como por exemplo, admiração, respeito, sentido de dever, capacidade de trabalho, evolução efectiva, ligação afectiva e laços colectivos. (…) É o dever de um treinador proporcionar a melhor experiência desportiva aos seus atletas. Levá-los a procurar a superação, a tornar-se melhores naquilo que fazem, não importando o nível a que se encontrem.”

A competição nas etapas de formação deve ser encarada como uma forma de avaliar o nível de desenvolvimento individual e colectivo das equipas, sendo vital que os treinadores aprendam para ensinar a melhor forma de lidar com a derrota, com as frustrações, com os erros, assim como com a vitória, com o sucesso na execução das tarefas, com a superação e com as expectativas.

Fonte: eveningnews24.co.uk
Fonte: eveningnews24.co.uk

Em Portugal temos um hábito “terrível”

O mais habitual é que a avaliação pelos resultados que obtém nos jogos, independentemente do escalão etário, seja aquilo que mede o sucesso e as competências dos treinadores. Quem ganha mais jogos, é muito bom. Quem perde mais regularmente, é muito mau. Esta é a ideia implementada em Portugal, na maior parte das modalidades. Se bem que no desporto de alto rendimento (ou de alta competição) esta seja uma forma de análise, avaliação e reconhecimento dos treinadores, na formação os resultados não são relativizados. O que me parece é que o cérebro do português (falo sempre em geral, obviamente) coloca, nesta dicotomia, tudo dentro do mesmo saco. Só que o problema é que as crianças não são seniores em ponto pequeno, felizmente, e há que ter em conta as fases de desenvolvimento psicomotor, as fases de maturação cognitiva e até de desenvolvimento psicossocial. Isto demonstra que os treinadores “resultadistas” estão a cometer um grave erro ao não terem cuidado com o querer ganhar e a descuidar tudo o que disse anteriormente.

 

Qual o caminho?

Entender que existirão altos e baixos na progressão dos jovens jogadores, e que ser fiel aos processos de aprendizagem, deixa os treinadores expostos (embora não seja assim tão linear) às vicissitudes na competição a curto prazo. No entanto tudo isto servirá para criar bases sólidas nos desportistas nas temporadas seguintes, através do seu desenvolvimento natural. Seguir este caminho requer paciência, persistência e dedicação, e julgo que é o que falta a muita gente que se encontra à frente de uma equipa de jovens.

Não existe rivalidade entre a competição e a formação. A competição é um componente com alguma importância e um factor de aprendizagem, sempre que seja bem utilizada, ao longo de todo o processo de evolução do jovem atleta. As crianças adoram aprender algo que gostam e merecem um trabalho de qualidade. Quando o foco do treinador é a procura constante de resultados, ignorando as fases da aprendizagem, fazendo uso somente das capacidades ou talento de alguns dos jogadores, a curto prazo ele pode obter os resultados que aspira mas brevemente irá colocar-se em situações pouco confortáveis: atletas que desistem ou mudam de clube, conflitos entre jogadores e até com os pais, e possivelmente problemas com a direcção.

Foto de Capa: imgarcade.com

Bibliografia: martiperarnau.com

Sem Tello e Marcano, o que esperar?

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atodososdesportistas

Com a Champions à porta e um adversário que é considerado um dos “top3” da Europa, que chances tem o Futebol Clube do Porto de ter sucesso, ainda para mais sem dois dos seus melhores jogadores?

Quando falo em “dois dos melhores jogadores”, falo em Marcano e Tello. Vamos por partes.

Tello, até ao momento da lesão, era um jogador que se estava a tornar naquilo que lhe faltava ser: goleador. Desde o início se percebeu que o extremo era um jogador veloz e que aparecia muito bem “no espaço”, criando situações de 1×1 com o guardião adversário. Porém, decidia mal, talvez pelo desgaste que as suas acções ofensivas lhe causavam. Esse Tello mudou, e para melhor. O jogo com o Sporting (3-0 no Dragão) foi a afirmação de uma ascensão que já se vinha acentuando: fez os 3 golos, uma exibição de luxo e ganhou a Quaresma a corrida pela “ala solta” da equipa azul-e-branca (e atenção que Quaresma parece não a querer largar mais agora que a voltou a recuperar). No jogo diante do Bayern de Munique, Tello era, para mim, a maior ameaça ao conjunto germânico. Porquê? Este Bayern é uma equipa que joga em modo experimental, que está demasiado “ligada” a Jupp Heynckes e demasiado desligada das ideias de Guardiola (a equipa, com o espanhol, ou é uma máquina demolidora, ou vai-se arrastando, mas ganha pelas estrelas que tem). A juntar a isto, dentro da “perfeição imperfeita” que molda esta equipa, a sua transição defensiva é o seu ponto fraco (se é que se pode apontar algum). Com os laterais a subirem como extremos e um enorme mas lento médio defensivo (Xavi Alonso), Tello era a chave para o jogo: contra-ataque. Embora o Porto jogue olhos nos olhos com quem quer que seja, não podemos esquecer que tem pela frente uma equipa com outro tipo de argumentos; e Muller, Robben, Ribery ou Lewandowski não são exactamente o mesmo que Quaresma, Brahimi, Óliver ou Aboubakar. Mas são quase o mesmo, acreditemos! A actual forma fantástica de Ricardo Quaresma deixa-me expectante (tendo em conta a má forma de Brahimi), mas a velocidade do “ciganito” não é a mesma que a de Tello, e, neste confronto da Champions, penso que a chave do “vamos acreditar” seria desvendada através da velocidade do espanhol. Mas não está, não está!

– Marcano, o “engenheiro de energias renováveis”, é, de momento, o melhor central a jogar em Portugal. Isso diz tudo. Uma contratação “caída dos céus” e que tem dado muitas alegrias. Não me alongarei muito pois já falei do central no meu texto anterior (que convido o leitor a ler). Uma visão de jogo soberba, um tempo de “tackle” fantástico e uma qualidade a sair a jogar como não se via há muito no Dragão. É um jogador que pode não cair “nas graças” dos adeptos a nível de carisma como, por exemplo, Ricardo Quaresma, Helton ou Jackson caem, mas é de igual importância na equipa azul-e-branca. Não pensem, porém, que não confio em Indi e Maicon para o embate. Até em Reyes! Apenas Marcano tem mais qualidade e uma coisa importante: é alto, mais do que Indi. O Holandês, dentro dos seus 1,84cm, ainda fica a 5cm dos 1,89cm de Marcano, e isso, parecendo que não, faz diferença – ainda para mais com um Lewandowski de 1,85cm e com uma impulsão “à Jardel” (mas espero que os 1,91cm de Maicon possam servir). Por outro lado, sou um fã incondicional deste espanhol de quem tanto desconfiei de início. Não tenho dúvidas de que tem tudo para vir a ser um futuro capitão da equipa da invicta.

Que não pareça ao leitor que estou a “agoirar” o futuro do Porto na Champions; nada disso! Apenas expus a minha opinião em relação a dois jogadores que são fundamentais nos processos e rotinas da equipa: Marcano é “o” central que sai a jogar e Tello é a velocidade “in persona”. Mas acredito neste Porto, tanto quanto acredito que este campeonato, mesmo com tudo o que se tem visto, virá para o norte!

Vamos ver o que esta eliminatória ditará, pois acredito que, ao contrário de todas, esta será decidida no primeiro jogo (no sentido de tudo deixar “em aberto” para a segunda partida).

Vamos, Porto!

Foto de capa: Página de Facebook de Tello

A orquestra de Luka Modric

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Qualquer orquestra necessita de um maestro, é um facto. A do Real Madrid não foge à regra. Uma equipa que no plano ofensivo tem nomes como Cristiano Ronaldo, Gareth Bale, Karim Benzema, Isco ou James Rodríguez necessita de um estratega a meio-campo, que possa trazer a fluidez necessária ao jogo e ajudar Toni Kroos no equilíbrio defensivo. E é aí que surge Luka Modric.

É incontestável a importância que tem na manobra, tanto ofensiva como defensiva, do Real Madrid. A cumprir a sua terceira temporada na capital espanhola, proveniente do Tottenham, o médio afirma-se como uma das figuras de destaque do plantel e a sua presença dentro das quatro linhas em muito melhora o futebol praticado pela turma de Carlo Ancelotti.

O croata é, sem dúvida, um jogador único e as suas qualidades em campo, que saltam à vista, são inegáveis. Com uma tremenda capacidade técnica, é, ainda, um trabalhador incansável a toda a largura do terreno, nunca descurando as responsabilidades defensivas que lhe tocam. A principal característica do seu jogo está assente na eficácia que demonstra no capítulo do passe, atributo ao nível de poucos jogadores e tremendamente elogiado pelo técnico italiano Ancelotti. Modric joga e faz a equipa jogar. A dupla formada com o alemão Kroos na linha média funciona como um autêntico “motor” merengue, que coopera com o poderio ofensivo dos atacantes, o que resulta numa fantástica capacidade concretizadora destes.

Modric tem sido fundamental nos títulos conquistados Fonte: Facebook de Luka Modric
Modric tem sido fundamental nos títulos conquistados
Fonte: Facebook de Luka Modric

Em meados de novembro, o plantel madridista recebeu uma nefasta notícia. O croata lesionou-se no tendão, tendo que parar por mais de quatro meses, o que desfalcou o Real Madrid, pois embora o conjunto tenha até logrado vencer a maioria dos compromissos agendados, foi bastante notória a falta que um jogador deste género faz. Continuavam os contra-ataques venenosos conduzidos por Ronaldo, Bale e James, que terminavam com a bola no fundo das redes. Durava, também, a posse de bola da equipa, primordialmente através dos pés de Isco, que tem vindo a assumir-se como o criador de jogo dos atuais campeões europeus. Porém, faltava algo. A ligação entre o meio-campo defensivo e o ataque não estava a surtir efeito da melhor forma e nas partidas capitais os madrilenos vacilaram, tanto que perderam a liderança da liga espanhola para o rival FC Barcelona e encontram-se, de momento, a quatro pontos dos blaugrana.

Assim sendo, foi com bons olhos que Ancelotti viu o médio regressar aos relvados a meio de março, frente ao Levante. E a equipa também. A produção dos jogadores mais ofensivos subiu relativamente, orquestrados pelo regresso do croata que impulsiona o jogo merengue a todo o terreno, fazendo uso do espaço do campo inteiro para circular a bola e, assim, chegar com critério, categoria e perigo à área adversária.

Modric é daqueles jogadores que todos apreciam ver jogar. Já não se consegue imaginar o Real Madrid sem o médio croata, que nos três anos que leva na capital espanhola tem conquistado os adeptos da equipa madrilena, por sinal dos mais rígidos do continente europeu, e deslumbrado o Bernabéu com o perfume do seu futebol. Um autêntico maestro da orquestra merengue.

Foto de Capa: Facebook do Real Madrid

XXXIV Torneio da Pontinha: Os Melhores do Evento

formaçao fut

Todos os anos passam pelo Bairro Padre Cruz diversos jogadores que passado alguns anos chegam aos planteis principais dos seus clubes e se tornam craques conhecidos do panorama internacional. Este ano, e apesar da ausência de clubes estrangeiros de grande nomeada, não foi excepção. Deixamos aquele que foi para o Bola na Rede o onze ideal do XXXIV Torneio Internacional da Pontinha.

11 torneio da pontinha

GUARDA-REDES

Hélder Pereira (SLB): Alto, rápido e forte nas saídas, este guarda-redes ruivo destacou-se pela regularidade (único atleta totalista de jogos e minutos) e excelente comando de área. Levou consigo o titulo de guarda-redes do Torneio com inteira justiça.

DEFESA

Rafael Rodrigues (SLB): O pequeno ala do vice-campeão do Torneio destacou-se pela velocidade e técnica, dono de um pé esquerdo exímio nas bolas paradas. Fez três golos (dois de penalty no jogo da fase de grupos frente ao Sporting).

Tomás Esteves (FCP): Com um estilo a fazer lembrar Ricardo Carvalho, este central chamou a atenção não só pela sua compleição física mas também pela capacidade de desarme e excelente posicionamento.

Rafael Fernandes (SCP): Este central ficou na retina pela sua rapidez e forte jogo aéreo, apesar da baixa estatura comparativamente com outros defesas desta competição. Decisivo na final pelo golo a poucos minutos do fim, merece destaque para a equipa do Torneio.

Tiago Ferreira (SCP): De técnica apurada e excelente posicionamento, destacando-se a vocação ofensiva e bons cruzamentos. Participando em muitas jogadas de golo, ora iniciadas ora assistidas por ele, o lateral ofensivo leonino entra facilmente na nossa equipa da competição.

MEIO-CAMPO

Daniel Rodrigues (SCP): Controlo de bola, passe, velocidade de execução, força e rapidez. A aranha do meio campo leonino. Este #6 moderno impressionou tudo e todos, sendo eleito facilmente como MVP do Torneio e de seleção fácil para o nosso onze.

Gonçalo Batalha (SCP): Crucial na conquista do troféu (bate o livre para o 2-1 final), este número 10 do SCP, principal desbloqueador de jogo do clube, entra na nossa lista como cérebro da equipa com a sua técnica de passe apurada e excelente visão de jogo.

Jairo Figueiroa (Deportivo): Com um estilo e figura semelhantes a Oliver Torres, do FCP, este médio criativo entra na nossa seleção pela visão de jogo, capacidade de passe e qualidade técnica elevadíssima para este escalão.

ATAQUE

Bernardo Folha (FCP): Que nem Yacine Brahimi da congénere equipa de seniores, fletindo da meia esquerda, este número 8 do Porto aterrorizou as defesas com as suas diagonais, apresentando como seu cartão de visita a qualidade de finta, passe e velocidade bem acima dos restantes companheiros de equipa.

Filipe Cruz (SLB): Este extremo direito do Benfica, rápido e de remate fácil, fez um torneio em crescendo e infernizou as defesas contrárias, ganhando o lugar pela regularidade exibicional, tendo sido fundamental na vitória frente ao Porto.

Fábio Silva (FCP): Exímio finalizador de finta curta, com um estilo de jogo a fazer lembrar “El Niño” Fernando Torres, este ponta de lança do Porto sagrou-se o melhor marcador da competição , ficando na retina um chapéu de aba curta ao guarda redes do SLB na meia-final.

O melhor jogador do Torneio foi Daniel Rodrigues, do Sporting Clube de Portugal.

Reportagem de:
Filipe Coelho
Ricardo Almeida
Vítor Miguel Gonçalves

Olheiro BnR: Xavier

olheiro bnr

Uma das revelações desta segunda metade da Primeira Liga é um extremo português que vai brilhando na Ilha da Madeira, mais concretamente Xavier, jovem de 21 anos que até começou a época integrado no Marítimo B, mas que rapidamente atingiu um lugar no onze inicial da equipa agora orientada por Ivo Vieira.

Rápido, desequilibrador e desconcertante, Xavier é claramente uma pérola por lapidar, sendo inegável que estamos perante um jogador com capacidade para, num futuro próximo, dar o salto para uma equipa com outros pergaminhos e, inclusivamente, sonhar com a chegada à “Equipa das Quinas”.

Um filho de Guimarães

António Manuel Pereira Xavier nasceu a 6 de Julho de 1992 em Guimarães e fez toda a sua formação no Vitória local, apenas mudando para o Tourizense, em 2011/12, na transição para o futebol sénior. Aí, na II Divisão B, somou 32 jogos e um golo e conseguiu saltar para a Segunda Liga, curiosamente para representar a equipa secundária do maior rival do Vitória de Guimarães: o Sporting de Braga.

No Braga B, na temporada de 2012/13, somou 25 jogos, mas apenas cinco como titular, mudando-se na época seguinte para o Feirense (24 jogos) e, seis meses depois, para o Leixões (12 jogos), último clube que representou antes de saltar para o Marítimo no Verão de 2014.

Xavier pegou de estaca na equipa insular Fonte: Facebook do Marítimo
Xavier pegou de estaca na equipa insular
Fonte: Facebook do Marítimo

Impacto na B garantiu-lhe o salto

Quando chegou aos insulares, e sabendo os maritimistas que Xavier apenas tinha rotinas de Segunda Liga, pensou-se que seria mais adequado ao jovem de 21 anos que começasse pela porta da equipa B, sendo que este não desmoralizou com a ideia, brilhando com a camisola da equipa B verde-rubra, somando 17 jogos e sete golos, e merecendo a justa promoção à equipa principal.

Aí, aliás, estreou-se a 14 de Dezembro de 2014, num Marítimo-Estoril (0-0) para a 14.ª jornada do campeonato nacional, tendo tido impacto imediato, ao ponto de nunca mais ter voltado ao Marítimo B e já somar 19 jogos e dois golos pela equipa principal do emblema insular.

Extremo veloz e criativo

Xavier é um esquerdino rápido e tecnicista, que se destaca pela sua capacidade de desequilíbrio (que bem sabe utilizar em lances de um contra um), verticalidade, qualidade no passe/cruzamento e boa capacidade de finalização, seja a curta ou longa distância.

Capaz de actuar em qualquer dos flancos, o jovem criativo, ainda assim, atinge a plenitude das suas capacidades a actuar como extremo-esquerdo, uma vez que é canhoto e privilegia dar profundidade ao flanco para procurar constantemente ganhar a linha, ao invés de forçar as diagonais para a zona central.

É de sublinhar, também, que se trata de um jogador tacticamente muito inteligente e abnegado no processo defensivo, características extremamente importantes no futebol moderno e que podem ser um factor crucial para que Xavier, num futuro próximo, consiga dar o salto para um clube com outros pergaminhos. Certo é que, a manter-se esta espiral evolutiva, esse voo será apenas uma questão de tempo.

Foto de capa: Facebook do Marítimo

XXXIV Torneio da Pontinha: Liga dos (Pequenos) Campeões

cab reportagem bola na rede

Para grande parte dos moradores do Bairro Padre Cruz, em Carnide, o fim de semana de Páscoa é já sinónimo de três dias recheados de futebol, com direito a clássicos e derbies e por onde passam algumas das estrelas do futuro do futebol nacional.

Este ano, ainda que sem o glamour de algumas das equipas que normalmente marcam presença neste Torneio Internacional da Pontinha, foi mais uma exibição recheada de bons jogos e jogadores e com uma organização bastante boa, tendo em conta a dimensão deste evento. O Bola na Rede esteve presente nos três dias da competição e em todos os jogos, onde pôde testemunhar em primeira mão o que faz deste Torneio um dos mais prestigiados do Mundo no que diz respeito ao Futebol Infantil.

A acompanhar a equipa da casa, o Clube Atlético e Cultural (CAC), estiveram presentes os três grandes do futebol português, com a curiosidade de todos terem vencido o torneio por oito vezes cada um, o que tornava a vitória na final ainda mais apetecível. De Espanha vieram o Deportivo La Coruña e o Recreativo de Huelva; de Itália os jovens do Perugia; e por fim o A.D. Carmelita, que viajou desde a Costa Rica para participar no Torneio.

Nas bancadas estiveram sempre inúmeras personalidades ligadas ao futebol português; antigos internacionais portugueses como Tamagnini Néné, Fernando Bandeirinha ou Jorge Andrade e até o ex-árbitro Pedro Proença. Durante o torneio, alguns árbitros de primeira categoria também marcaram presença, apitando alguns dos jogos. Duarte Gomes, Hugo Miguel, João Capela e Bruno Paixão assumiram sempre uma postura mais pedagógica, interrompendo as partidas e dialogando com os jovens jogadores.
De louvar também as bancadas sempre animadas por parte das claques de cada um dos clubes presentes; claques essas compostas muitas vezes pelos familiares dos jogadores, que nunca se cansaram de apoiar as equipas, emprestando um tom de festa e animação a este torneio.

No que diz respeito ao torneio em si, o Porto passeou com facilidade durante a fase de grupos, goleando o Depor (5-0), o Carmelita (7-0) e o CAC (5-0). Fábio Silva, ponta de lança dos azuis e brancos, foi um dos destaques destes primeiros jogos da competição, apontando 5 golos nos primeiros dois jogos. Também Bernardo Folha, médio ofensivo dos dragões esteve em particular evidência, não só pelos golos que marcou mas também pela capacidade de passe e inteligência que colocou em campo. Nas restantes equipas deste grupo A, destaque ainda para Jairo Figueiroa e Luís Fernando.

Figueiroa, médio do Deportivo com claras semelhanças na maneira de jogar a Óliver Torres, raramente falhando um passe e com uma protecção de bola muito interessante promete ser um nome a seguir no futuro. Já Luís Fernando, central do CAC, é um jogador baixo para a posição em questão, mas com uma boa capacidade de desarme e antecipação, não sendo de estranhar que após este torneio existam equipas de maior dimensão a mantê-lo debaixo de olho.

O Grupo B desta edição colocava frente a frente os rivais de Lisboa e ainda Perugia e Huelva. Tanto Sporting como Benfica bateram com alguma felicidade os italianos do Perugia, e venceram pela margem mínima os andaluzes do Huelva, deixando o primeiro derby para a última jornada deste grupo, onde o Sporting foi claramente superior ao Benfica, vencendo o jogo por 3-2. De realçar a exibição de Daniel Rodrigues nesta partida. O número 6 do Sporting, jogador com bom porte físico e velocidade mas ainda com melhor controlo de bola, foi anulando o jogo encarnado e levando o Sporting para a frente, criando vários desequilíbrios no meio campo do Benfica.

Do lado encarnado, o melhor destaque desta fase de grupos foi o lateral Rafael Rodrigues, marcador de todas as bolas paradas e um médio com bastante pendor ofensivo. No outro jogo desta última jornada, o Perugia acabou por vencer o Recreativo de Huelva, com o golo transalpino a ser apontado pelo regista Tomaso Finetti, médio evoluído tecnicamente e de remate fácil. Do lado do Huelva, de ressalvar o facto de ser uma equipa muito faltosa, com pouca capacidade para aguentar a pressão e bastante agressiva; o jogador mais em destaque acabou por ser o central José Garcia, mas também ele acabou por não conseguir manter o sangue frio em algumas situações.

sporting torneio da pontinha
O Torneio da Pontinha teve excelentes momentos de futebol e o Bola na Rede esteve presente no evento

Terminada a fase de grupos, foi com naturalidade que os três grandes se apuraram para as meias finais, tendo a companhia do Deportivo de Jairo Figueiroa. No jogo de atribuição do 7.º e 8.º lugares aconteceu o momento mais caricato e negativo do torneiro. Já com o CAC a vencer o jogo por uma bola a zero, um jogador da equipa da casa é rasteirado por um oponente, dando a árbitra Sofia Gama a lei da vantagem.

Os jogadores do CAC, vendo que o seu colega estava lesionado, param o jogo para a entrada da equipa médica, não ficando a bola, todavia, fora de jogo. Os jogadores espanhoís aproveitam esta desconcentração dos jovens do CAC e partem em contra-ataque, com cinco avançados contra apenas dois defesas, marcando assim um golo fácil; um golo legal, que, no entanto, para todos os efeitos, vai contra uma das premissas mais básicas do fair-play. A partida viria a terminar empatada a uma bola e os espanhóis venceriam o desempate por grandes penalidades, um resultado injusto para o CAC e que premeia o anti-jogo demonstrado pelo Huelva.

No quinto lugar da classificação, ficou com inteira naturalidade o Perugia, que bateu os costa-riquenhos dos AD Carmelita por 8-2. Nas meias finais, o Sporting bateu os galegos do Coruña por seis golos sem resposta e o Benfica venceu o Porto por 3-1. No jogo dos leões, o Sporting marcou cedo e acabou por mais uma vez dominar o jogo a meio campo, com os três médios a comandar as operações.

Na outra meia-final, o Benfica mostrou-se superior ao rival, marcando primeiro pelo avançado Henrique Pereira. Os dragões ainda empataram através de um grande golo de Fábio Silva, que com um chapéu de enorme qualidade bateu o guardião encarnado. Ainda assim, as jovens águias não se deixaram esmorecer e marcaram por mais duas vezes, marcando assim lugar na final frente ao Sporting. O destaque desta partida vai para o extremo Filipe Cruz, que conseguiu criar várias ameaças do lado esquerdo do ataque encarnado e acabou por apontar o último golo benfiquista.

Chegámos assim à última tarde do torneio, onde se iria disputar o jogo de atribuição do 3.º e 4.º lugares e a grande final. Na disputa pelo último lugar do pódio, o FC Porto voltou a enfrentar o Deportivo, voltando também a golear os galegos, desta vez por seis a zero. Fábio Silva aumentou ainda mais a sua conta pessoal marcando mais dois golos nesta partida e garantindo o lugar de melhor marcador da competição; no entanto, o destaque vai para o hat-trick de Diogo Silva.

Antes da mais importante partida do torneio, foi altura da homenagem do CAC – através do seu presidente Henrique Marques – ao antigo árbitro internacional Bruno Paixão, e da chegada da bola oficial da final do torneio, que chegou ao recinto através de um desfile de pára-quedismo. Com as equipas perfiladas no terreno de jogo e após ser escutado o Hino Nacional, chegou então a altura da grande final.

Os jovens leões entraram em campo sentindo o peso do favoritismo e não conseguiram nunca dominar o jogo como no primeiro confronto entre as duas equipas. Mérito para o Benfica, que nunca perdeu a sua ideia de jogo e acabou por equilibrar a partida, tendo inclusivamente criado mais perigo do que os rivais. Ainda assim, a partida foi para o intervalo empatada a zero. Na segunda parte, o jogo continuou bastante equilibrado, e foi apenas na sequência de um canto que o Sporting se adiantou no marcador, através do ponta de lança Rodrigo Costa. A resposta encarnada foi imediata, e após um livre do lado esquerdo, Henrique Pereira alcançou a igualdade num cabeceamento sem hipóteses para Raimundo Duarte. O jogo acabou por ficar partido, e com o aproximar do final da partida o nervosismo e ansiedade acabaram por imperar. Foi já a cinco minutos do final da partida que o capitão, Rafael Fernandes, a meias com Gonçalo Batalha, conseguiu marcar o golo decisivo.

De novo através de um livre a meio campo, Batalha coloca a bola perto da linha da pequena área e Rafael Fernandes com um pequeno desvio bate o guarda-redes benfiquista. O jogo chegou ao fim sem mais grandes oportunidades de perigo, com a vitória a sorrir ao Sporting por 2-1. Mérito para a exibição dos jovens encarnados, que conseguiram equilibrar um jogo frente a uma equipa com maior organização e talento que a sua. No entanto, o Sporting acabou por vencer com mérito um torneio onde foi sem dúvida a equipa mais forte e regular.

Por fim, aproveitamos para agradecer ao Clube Atlético e Cultural e a toda a organização pela simpatia com que fomos tratados ao longo destes três dias de competição. Tendo em conta as limitações físicas que existem, ressalvar o óptimo trabalho que têm vindo fazer ao longo destas três décadas, que esperemos que continuem a realizar. Existem algumas questões a ser resolvidas, mas muitos parabéns pelo excelente trabalho realizado. Até para o ano!

Reportagem de:
Filipe Coelho
Ricardo Almeida
Vítor Miguel Gonçalves

Dynamo Kiev – O renascer de um velho gigante adormecido

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Numa entrevista recente a um famoso canal desportivo de língua inglesa, a antiga estrela do Dynamo Kiev e actual treinador do outrora colosso do futebol europeu, Sergei Rebrov, afirmou que em tempos difíceis como aqueles que o seu país actualmente atravessa, o futebol proporciona uma espécie de lufada de ar fresco nas vidas das pessoas, que têm sido atormentadas pela sangrenta guerra civil que continua a assolar o país.

Em contraste com aquilo que tem vindo a acontecer naquela antiga república Soviética, Sergei Rebrov, desde que assumiu o leme da equipa em Abril do ano passado (rendendo Oleg Blokhin, outra lenda do clube e do futebol soviético), tem feito renascer o velho gigante adormecido quer no plano nacional, quer no plano internacional. É legitimo dizer-se que este novo Dynamo está ainda muito distante daquele que, sob a batuta do lendário Valeriy Lobanovksiy, venceu a Taça UEFA em 1986 e mesmo daquele que foi derrotado pelo FC Porto na meia-final da Taça dos Clubes Campeões Europeus um ano depois, mas há, todavia, que saber reconhecer o trabalho de um jovem treinador, que, através de um futebol simples e prático assente num 4-3-3 altamente moldável, está a devolver à equipa ucraniana alguma daquela pujança que há muito parecia perdida.

Sergei Rebrov era um dos meninos de ouro da famosa equipa do Dynamo do final da década de 1990, também ela comandada por Valeriy Lobanovksiy (já na fase final da sua vida) e onde figuravam, entre outros, jogadores como Andriy Schevchenko e Oleksandr Shovkovskiy, que atingiu as meias-finais da Liga dos Campeões em 1999, sendo eliminado pelo poderoso Bayern de Munique.

Rebrov passou de melhor marcador de sempre do campeonato ucraniano a uma “espécie” de herdeiro dos ensinamentos do velho mestre Lobanovskiy e está aos poucos a transportar o Dynamo para uns patamares bem mais elevados do que aqueles, bastante modestos, que a equipa atingiu, por exemplo, nos últimos seis anos. Ao fim de 17 jogos, o “novo” Dynamo de Sergei Rebrov ocupa o primeiro lugar da Liga Ucraniana com 15 vitórias e 3 empates, dez pontos à frente dos seus grandes e maiores rivais, Shakhtar Donetsk (-1 jogo à data deste artigo) e mais oito que o Dnipro.

Sergey Rebrov, o homem que está a fazer renascer o Dynamo Fonte: Facebook do Dynamo Kiev
Sergei Rebrov, o homem que está a fazer renascer o Dynamo
Fonte: Facebook do Dynamo Kiev

Composta por um número significativo de jogadores ucranianos, entre os quais se destacam o versátil avançado Andriy Yarmolenko, o jovem médio Serhiy Sydorchuk e o experiente guarda-redes Oleksandr Shovkovskiy, este Dynamo, renascido das cinzas, conta também com alguns jogadores estrangeiros de boa qualidade, como são os casos dos portugueses Miguel Veloso e Antunes, do internacional holandês Jeremain Lens e do defesa austríaco, actualmente já bastante cobiçado em Inglaterra, Aleksandar Dragovic.

Para além da excelente campanha interna, o Dynamo Kiev está também a puxar pelos galões na Liga Europa, onde, após ter eliminado os ingleses do Everton no mês passado, conquistou um lugar nos quartos-de-final da competição, onde irá enfrentar a sempre imprevisível Fiorentina de Vincenzo Montella. Foi precisamente no jogo da segunda mão contra os ingleses que o defesa esquerdo português ex-Málaga, Antunes, deixou a sua marca com um disparo do meio da rua que deu origem ao quinto golo da equipa Ucraniana.

O futebol consegue, frequentemente, atirar para o baú do esquecimento equipas como o Dynamo Kiev, que muito contribuíram, especialmente durante a década de 1980, para o desenvolvimento táctico e técnico da modalidade, sendo por isso sempre importante relembrar que também se joga bom futebol para além das fronteiras das grandes ligas Europeias e que equipas como este Dynamo poderão ainda voltar a ter uma palavra a dizer no futuro próximo.

Foto de Capa: Facebook do Dynamo Kiev