O processo é o meio pelo qual chegamos ao resultado. O conjunto de princípios que nos aproximam, ou não, dos resultados. O processo é a nossa forma de percorrer. O caminho. O resultado é apenas o fim. Mas é tudo ao mesmo tempo, porque no futebol – como em qualquer outra modalidade – o que conta é o fim. Mas a que escala devemos olhar? Há mais razões de sobressalto num jogo com processo e sem resultado ou sem processo e com resultado? Dir-me-ão os mais precipitados que, se houve resultado, está tudo bem. Resultado é o fim. Mas, a menos que se trate de uma final ou do último jogo da temporada, há mais resultados para conquistar. E quem apresenta o processo está mais perto de conseguir os próximos resultados do que o contrário. Pela regra básica que nos diz que quem joga bem está mais perto de vencer do que quem joga mal.
Por isso disse a uns amigos sportinguistas, no final do jogo, que preferi o empate com o Paços a esta vitória sobre o Setúbal.
Disse-o porque considero que dificilmente o Sporting perderá o terceiro lugar ou chegará ao segundo – o que me leva a relativizar a importância do resultado naquele contexto. Mas disse, sobretudo, porque frente ao Paços vi princípios que já há algum tempo tinham desaparecido do conjunto de Alvalade: pressão alta, extremos por dentro, intensidade na procura, etc. Vi, no fundo, um processo capaz de nos conduzir a mais resultados. Hoje, o Sporting voltou a ser uma equipa descaracterizada. De elementos demasiado distantes, de jogo exterior forçado até à exaustão, de bola longa enquanto resultado da falta de linhas de passe próximas. Vi um processo aleatório que gerará, no meu entender, resultados aleatórios.
O Vit. Setúbal é um conjunto muito inferior ao Sporting. O recente histórico desfavorável dos leões em Setúbal não pode ajudar a menorizar a diferença entre as equipas. Posto isto, não é normal ver nos primeiros 10/15 minutos de encontro a equipa de Alvalade com tantas dificuldades em impor-se no jogo devido a uma pressão forte da equipa da casa. Menos normal se torna, na segunda parte, ver o conjunto leonino a recuar linhas assim que vê a sua vantagem no marcador reduzida a um golo. Se chegou aos golos com bola e linhas subidas, porquê abdicar dos princípios que fizeram surgir a vantagem? Porquê renunciar ao que nos faz ganhar? É esta falta de processo – ou aleatoriedade de processo, se preferirem – que me preocupa.
Hoje, tudo foi demasiado cinzento embora ainda assim um pouco mais luminoso do que no adversário. Por outras palavras, o Sporting não jogou bem mas mesmo assim justificou a vitória mais do que o Setúbal. Pelo meio, Olegário Benquerença fez uma segunda parte mi-se-rá-vel ao expulsar anedoticamente Ewerton e com uma mão cheia de intervenções erradas que retiraram ao Sporting a possibilidade de terminar mais cedo o encontro. Ainda assim, há um mundo de distância entre este Sporting e aquele que, a certa altura, entusiasmou a massa associativa. O mesmo que merecia ter passado a fase de grupos da Liga dos Campeões, que eliminou o Porto da Taça de Portugal ou que em nada ficava a dever – antes pelo contrário! – ao Benfica. E é esse que peço de volta ao Marco Silva. Porque gostava do processo? Não! Pelos resultados que gerava e poderia vir a gerar; que não há mais resultadista do que eu.
A Figura
Suk – Num jogo de poucos destaques, o avançado asiático do Vitória apontou um golaço e provou que foi uma excelente aquisição por parte da equipa sadina. Forte fisicamente, tem potencial para crescer e vir a jogar num colectivo que lhe proporcione algo mais do que esta equipa o faz.
O Fora de Jogo
Olegário Benquerença – Se ainda não viste o lance que origina o segundo amarelo de Ewerton, vai ver. Quando vires, entendes que não preciso de justificar esta escolha.
Pedro Proença é considerado, pela generalidade da crítica, o melhor árbitro português de sempre. Foi eleito o melhor do século para a Federação Portuguesa de Futebol e apitou as finais da Liga dos Campeões e Campeonato da Europa de Seleções em 2012. Em exclusivo para o nosso site, Pedro Proença abre o jogo e dá a conhecer algumas das suas posições relativas ao campo da arbitragem, ao seu futuro profissional e até pessoal. O Bola na Rede deixa votos de sucesso para o futuro da carreira profissional e agradece a amabilidade e pronta disponibilidade do antigo árbitro português para nos conceder a entrevista.
Arbitragem e Controvérsia:
Bola na Rede:Que imagem pensa ter deixado perante o público português (englobando, logicamente, clubes, desportistas e adeptos)?
Pedro Proença: Estou convicto de que deixei uma imagem de credibilidade, de profissionalismo e de competência, junto de todos os intervenientes no panorama desportivo. A prova disso mesmo foi dada aquando do anúncio do meu abandono da arbitragem, em que árbitros, associações e clubes me deram a honra de estarem presentes, bem como as cerimónias de homenagem ao meu percurso na arbitragem, que tenho recebido, com enorme satisfação, desde então.
BnR: Qual é que foi o momento mais marcante, pela positiva, da sua carreira como árbitro? E pela negativa?
PP: Não tenho um jogo particular que me tenha marcado pela negativa. Óbvio que aqueles que nos correram menos bem, em termos de decisões tomadas enquanto árbitros, foram menos positivos. No entanto, tive a felicidade de ter bastantes momentos marcantes pela positiva. A nível nacional, tive a sorte de arbitrar dezenas de derbys, bem como finais da Taça da Liga e da Taça de Portugal; a nível internacional, o expoente máximo ao dirigir a final da Liga dos Campeões e a final do campeonato da Europa, em 2012.
BnR:Considera-se o melhor árbitro português da história?
PP: Face ao meu curriculum nacional e internacional, penso que deixei, definitivamente, o meu nome na história da arbitragem portuguesa. Aliás, o reconhecimento do meu percurso fica indelevelmente marcado com a presença na final das duas maiores competições do futebol europeu, culminando com a atribuição do prémio de melhor árbitro do mundo em 2012 (algo inédito no futebol português) e, mais recentemente, com o prémio de melhor árbitro português do século, no centenário da Federação Portuguesa de Futebol.
BnR:O que lhe faltou conquistar ao longo da sua carreira?
PP: Penso que não faltou nada. Deixei a arbitragem, orgulhoso do meu trajeto e realizado por tudo o que consegui. Não alteraria o meu percurso! Atingi os objetivos a que me propus, por isso, esta decisão foi tomada em consciência de dever cumprido.
BnR:Era apontado pela generalidade da opinião pública como o favorito a arbitrar a final do Mundial de Clubes. No entanto, isso acabou por não acontecer. Consegue explicar o que se passou? Houve, de facto, pressão por parte da equipa do San Lorenzo?
PP: Não penso ter existido qualquer pressão por parte de quem quer que seja. Neste tipo de competições internacionais, a UEFA e a FIFA selecionam um grupo de árbitros que reúnem um determinado perfil desejado, tendo, por fim, de efetuar uma escolha. No caso em concreto, acabou por ser escolhida uma outra equipa de arbitragem, e eu respeito, como sempre, esse tipo de decisões.
BnR:A recente greve dos árbitros portugueses, que poderá colocar em causa o funcionamento dos últimos jogos da Liga, é reveladora do estado atual da arbitragem portuguesa?
PP: É uma situação que necessita de uma rápida resolução, acima de tudo. Esperemos que não comprometa o normal decorrer das últimas jornadas do campeonato principal. Que possa existir diálogo entre as entidades envolvidas e que os compromissos assumidos sejam honrados, a bem da arbitragem e do futebol português.
Proença anunciou o fim da carreira no início de 2015 e agora procura novos desafios Fonte: FPF
O Futuro Profissional:
Bola na Rede:Há uns tempos não fechou a possibilidade de uma futura candidatura à liderança na Liga de Clubes, bem como à APAF. Pode confirmar se essas hipóteses ainda estão nos seus horizontes?
Pedro Proença: Não fecho a porta a nenhuma ideia. Até ao momento, ainda não existe qualquer projeto. Se aparecer e for aliciante, será obviamente analisado. Atualmente, dedico-me exclusivamente à minha carreira enquanto gestor e, desportivamente, estou focado apenas na eleição para o comité de arbitragem da UEFA.
BnR: É adepto confesso do Benfica. Admitiria a possibilidade de, um dia, integrar a estrutura diretiva do clube da Luz?
PP: Não sabemos o dia de amanhã, mas parece-me que muito dificilmente isso aconteceria. Seja na estrutura do Sport Lisboa e Benfica ou em qualquer outro clube.
BnR: O que se vê a fazer pelo futebol português num futuro próximo?
PP: Nesta altura, em termos desportivos, a minha total concentração está dirigida para o comité de arbitragem da UEFA. Se entretanto aparecer algum projeto, certamente terei de o analisar.
Pedro Proença foi eleito o árbitro do século para a FPF Fonte: FPF
O Plano Pessoal:
Bola na Rede: Quando é que tomou a decisão de ser árbitro de futebol?
Pedro Proença: No momento em que quis conjugar e articular a minha vida académica com a prática de uma atividade desportiva.
BnR: O que é que será mais benéfico para a arbitragem portuguesa: a profissionalização ou uma Academia própria para jovens árbitros?
PP: Esses dois projetos, quer o conceito da profissionalização, quer o da academia de arbitragem, já existem, ainda que numa fase inicial. Tudo o que seja criar condições para termos os melhores árbitros, bem preparados a todos os níveis, será sempre de salutar.
BnR: Tem opinião formada sobre a formação no futebol português? Considera que os clubes portugueses estão a caminhar no sentido correto?
PP: A formação de jogadores em Portugal é, reconhecidamente, uma das melhores do mundo. Exemplo disso são os muitos jogadores portugueses espalhados por campeonatos mundiais, bem como o facto de termos, na nossa história, três jogadores considerados melhores do mundo: Eusébio, Figo e Cristiano Ronaldo.
BnR: O que sentiu quando arbitrou pela última vez um jogo como árbitro profissional?
PP: Um sentimento de dever cumprido e de orgulho neste percurso de 26 anos.
BnR: Sente que, alguma vez, acusou a pressão de um jogo? Em qual?
PP: A pressão de ser competente e fazer o melhor existe em qualquer profissão. Enquanto árbitro, sempre estive ciente da importância das minhas funções dentro de campo e de tudo o que um bom ou menos bom desempenho implicava. Em todo o caso, sempre me preparei do mesmo modo para todos os jogos, com o máximo de empenho e concentração, para que, na eventualidade do erro, pudesse sair do terreno de jogo com a consciência tranquila de que dei o meu melhor.
BnR: Acha que o facto de ter sido nomeado para a final do Europeu de Seleções, bem como para a Liga dos Campeões, em 2012, foi decisivo para adquirir o mediatismo que tem hoje em dia?
PP: Acredito que sim, que possa ter contribuído para esse mediatismo. A presença nas finais dessas duas competições foi, acima de tudo, o reconhecimento do valor da arbitragem portuguesa. Para os jovens árbitros foi também a prova de que, com trabalho e dedicação, é possível atingir um patamar de excelência e alcançarem os seus sonhos.
BnR: Qual o jogo que mais gozo lhe deu arbitrar?
PP: Todos! Obviamente que arbitrar jogos decisivos, finais, é algo sempre marcante. Em todo o caso, para quem tem paixão pelo fenómeno do futebol, poder contribuir para um bom espetáculo, com bons intervenientes, em estádios repletos de adeptos vibrantes, é sempre motivo de regozijo.
BnR: Cumpriu todos os seus sonhos?
PP: Sim, deixei a arbitragem muito realizado. Tive uma carreira recheada de sucessos, fui um privilegiado… Arbitrei alguns dos melhores jogadores do mundo, clubes e seleções, nos estádios mais fantásticos e nas competições mais importantes no futebol mundial.
Entrevista realizada por Mário Cagica Oliveira e Vítor Miguel Gonçalves
Tal como ele próprio disse ainda antes da corrida, Xangai é de facto um excelente palco para Lewis Hamilton. O inglês conseguiu a quinta pole no circuito chinês e juntou-se assim a nomes como Michael Schumacher ou Ayrton Senna. Mas Hamilton desvalorizou, foi humilde, relembrou que também havia conseguido a pole-position na Malásia, e Vettel acabou por conquistar a vitória. Esperou que a corrida falasse por si. E assim foi.
O piloto britânico controlou a prova do princípio ao fim e não deu espaço ao outro Mercedes, de Nico Rosberg. Sebastian Vettel ficou na terceira posição, e o pódio da qualificação não foi alterado. O outro Ferrari, Kimi Raikkonen, ultrapassou os dois Williams e confirmou o quarto lugar; foi, mais uma vez, “o melhor dos outros todos”. Isto porque o Mundial de F1 2015 está claramente partido, separado entre Hamilton, Rosberg e Vettel, e os “outros”. Dificilmente haverá outros vencedores; arrisco-me até a dizer outros nomes nos pódios, que não estes três.
Voltando à corrida desta manhã, as últimas duas voltas foram cumpridas atrás do safety-car, depois de Max Verstappen (Toro Rosso) ter ficado parado na recta da meta. Mais um motor Renault a ter problemas; a época está difícil para a marca francesa. Com o safety-car em pista, Hamilton tinha já a vitória garantida a duas voltas do final. Pastor Maldonado (Lotus) obteve um feito (negativo…) quase histórico: três GPs, três abandonos. O venezuelano sofreu um toque de Button (McLaren) e não teve condições para continuar em prova.
Já depois do fim da prova, os dois pilotos da Mercedes voltaram a protagonizar um momento pouco bonito. Mais uma vez sem papas na língua, Rosberg acusou o colega de correr com pouca velocidade, pondo em risco o segundo lugar do alemão, que teve Vettel a poucos metros. Lewis Hamilton defendeu-se e disse que não entendia as críticas, que Rosberg até podia tê-lo ultrapassado e não o fez. Hamilton é elegante. Pode até ser egoísta e mau colega, mas nada transparece cá para fora.
Ganhou o do costume. Venha o Bahrain, a 19 de Abril.
Foto de capa: Página de Facebook da Mercedes AMG Petronas
Depois de uma época quase perfeita, o Liverpool começaria a atacar o título novamente esta época; pelo menos, deveria.
Em primeiro lugar, usar a ausência de Suárez como desculpa. É certo que o uruguaio deixou um enorme vazio no ataque de Rodgers, mas deixou também nos cofres de Anfield mais de 80 milhões de euros.
Em segundo lugar, a longa lesão de Sturridge. Depois da tremenda época atacante do ano passado, na primeira metade da época restava apenas Sterling, um jovem que aos 20 anos se viu como abono de família de uma equipa que tinha o título em mente. Muito curto. Se Sturridge e Sterling tivessem jogado juntos todo o campeonato, acredito que a sua história pudesse ter sido um pouco diferente.
Em terceiro lugar, o azar na defesa. As temporadas soberbas de Mignolet no Sunderland, e mesmo a boa estreia no Liverpool, não faziam sequer pensar na possibilidade de este jogador se revelar tão inseguro durante grande parte da temporada. O pior é que a insegurança à sua frente era pior: Lovren está bem longe de valer os mais de 25 milhões de euros pagos pela sua transferência ao Southampton.
Em quarto lugar, a tática dos três centrais e dos três extremos. Foi assim o melhor período da época do Liverpool, mas esta equipa não pode jogar assim. É quase impossível pensar no título da Premier a jogar sem um ponta de lança e com três centrais na defesa, muito menos quando se abdica de um extremo para o meter a jogar no meio: extremos como Sterling, Markovic e Lallana.
Em quinto lugar, o principal problema do falhanço desportivo desta temporada: saber gastar dinheiro. Podemos dizer que o Liverpool sofreu do síndrome Gareth Bale. Lembram-se da primeira época do Tottenham pós-Bale? Com 100 milhões frescos, os responsáveis londrinos preferiram gastar 30 milhões em dois ou três jogadores de qualidade mas que não faziam em nada diferença em relação ao galês. No Liverpool passou-se exactamente a mesma coisa: com os 80 milhões de Suárez, adquiriram Markovic, Balotelli, Rickie Lambert, Lallana, e ainda Origi, que permanece por empréstimo no Lille, pela módica quantia de 94 milhões de euros, ou seja, ficaram tão deficitários em termos de qualidade como em termos financeiros.
Ainda não é desta que o Liverpool vence o campeonato, mas esta pode ter sido uma época muito importante para o clube de Anfield. Espero que o enorme erro que foi esta temporada sirva de exemplo a não seguir e que melhorem daqui em diante. Recuperar o dinheiro gasto vai ser difícil, mas um investimento num jogador de top mundial em vez de um em três ou quatro apenas bons seria uma boa maneira de atacar a época seguinte. Marco Reus é o jogador ideal para substituir Suárez. Goleador e bom a partir da esquerda para o meio, formaria uma tripla atacante de morte com Sturridge no meio e Sterling à direita.
Eu gostava que todos estes erros não existissem mais e que os adeptos do YNWA fizessem finalmente a festa inglesa, mas, tratando-se de um clube que ainda há poucos anos gastou mais de 40 milhões de euros num avançado chamado Andy Carroll, duvido de que consiga voltar ao que foi em 2013/14.
Jornada 28 da Liga Portuguesa. O FC Porto viajou até Vila do Conde para defrontar o Rio Ave, equipa que tenta assegurar um lugar na Europa. Havendo muito em jogo para o Porto e menos pressão para o Rio Ave, os Dragões não podiam perder pontos e isso reflectiu-se no terreno de jogo. O Porto simplesmente não deixou o Rio Ave jogar aparecendo os vila-condenses somente a espaços e com pouco perigo.
Onze portista sem surpresas: 4-3-3 habitual, com Casemiro, Oliver e Herrera a compor o trio de meio campo. O Porto controlou o jogo desde o início e procurou sempre a baliza; sem grande circulação de bola na defesa (como acontece por vezes) e com um meio-campo que procurou sempre a verticalidade, várias foram as vezes em que chegou com perigo à baliza dos visitados.
Aos 8’ surgiu um dos lances do jogo, ao ser mal anulado um golo a Brahimi após aproveitar uma bola deixada por Aboubakar – o fiscal de linha, enquadrado com o lance e sem ninguém à frente, viu um fora-de-jogo. Este lance não abrandou o ímpeto portista que, com grande rapidez, chegava perto da área do Rio Ave. Quaresma e Brahimi iam criando o desequilíbrio individual, especialmente o português que cruzou várias vezes para a área à espera da concretização.
Os corações portistas acalmaram à passagem do minuto 25, quando Quaresma disparou à barra e, na insistência, Danilo (que recuava em posição de fora-de-jogo) foi derrubado na área. O extremo luso converteu a grande penalidade e trouxe alguma justiça ao jogo.
O Porto nunca deixou de ter o controlo do jogo e as transições foram sempre rápidas; apenas alguns passes mal efectuados por Herrera trouxeram calafrios aos azuis e brancos mas nada que a defesa não tenha conseguido resolver. É notório ver que o Porto consegue muitas vezes criar perigo quando perde pouco tempo no processo de construção de jogo. Reflecte, a meu ver, as características dos seus dois médios mais atacantes – Herrera e Oliver – jogadores com técnica e mais fortes no passe e na descoberta de espaços do que propriamente no transporte de bola. Acrescento ainda que é geralmente Herrera a fazer esse papel, que é um jogador um pouco inconstante no acerto do passe, diga-se.
Antes de acabar a primeira parte ainda houve tempo para mais um golo portista. Danilo assinou um golo de belo efeito (literalmente), pontuando uma semana em que foi pai – está em alta o lateral brasileiro.
Hernâni marcou o primeiro golo com a camisola dos dragões Fonte: fcporto.pt
A segunda parte trouxe um Rio Ave um pouco melhor mas que foi inoperante durante os primeiros 15 minutos (excepção feita a um cruzamento de Jebor que saiu perto do poste da baliza de Fabiano). O Porto continuou a controlar o jogo e, essencialmente, a dominar as tentativas de ataque vila-condenses. Só faltou mesmo o 3º golo para materializar o seu ascendente, sendo que oportunidades não faltaram! Aos 64’ saiu Quaresma e entrou Hernâni mas a verdadeira mudança de jogo para os portistas chegou ao minuto 71 com o golo de Tarantini – Danilo e Maicon não eliminaram a ameaça de Zeegelar que cruzou para o remate do médio do Rio Ave.
O Porto tremeu um pouco e Lopetegui (que mais uma vez esteve bem a avaliar o jogo) fez entrar Ruben Neves para o lugar de Brahimi, impedindo que a equipa portista se partisse até porque já não havia a mesma disponibilidade física. O jovem médio ajudou a segurar o meio-campo e a controlar a ameaça visível do Rio Ave e, assim, o Porto nunca deixou de atacar (ou contra-atacar). Num aproveitamento de uma perda de bola do Rio Ave, Aboubakar serviu Hernâni, que fez o 3º portista e colocou um ponto final no jogo. O Rio Ave ainda tentou mas o destino do jogo estava selado.
Boa vitória dos Dragões, com um jogo bem conseguido que podia até ter sido por números mais dilatados. Apesar da agenda ditar um confronto diante do Bayern de Munique, na próxima quarta-feira, foi notória a alta concentração da equipa no encontro de hoje, algo que reflecte dedo do treinador sem dúvida. A perseguição ao líder mantém-se numa altura em que uma competição foi riscada das nossas aspirações e em que a tolerância é zero.
A Figura Danilo – Esteve presente no primeiro golo, marcou o segundo e mais uma vez corre que até cansa ver. Mais um grande jogo do recém-papá.
O Fora-de-jogo Equipa de Arbitragem – Foi essencialmente o fiscal de linha que esteve mal, até porque aquele lance de Brahimi podia ter tido influência no resultado. Mais tarde não viu que Danilo saiu de posição de fora-de-jogo no lance que originou a grande penalidade.
Sublime. Magnifico. Estes são dois dos vários adjetivos que se podem juntar à vitória do Benfica hoje na Luz frente à Académica de Coimbra. Uma exibição de mão cheia com cinco golos, classe e muita, muita qualidade de jogo. A história da partida conta-se em poucas, mas bonitas palavras. O Benfica dominou, avassalou do princípio ao fim e não deu a mínima hipótese ao adversário de discutir o jogo. A Luz agradeceu e aplaudiu de pé.
À passagem do primeiro quarto de hora já Jardel e Jonas tinham colocado o Benfica na frente do marcador, com dois cabeceamentos certeiros. Por esta altura, já a muralha defensiva da Académica estava derrubada e era toureada pela magia de Gaitán e companhia. Desde túneis a calcanhares, dava para tudo no teatro de Luz, numa primeira parte de luxo das águias. Tudo isto ainda antes de Lima, numa grande penalidade bem assinalada, fazer o 3-0, resultado com que acabaram os primeiros quarenta e cinco minutos.
Chegou o segundo o tempo com a Luz em êxtase e o mesmo cenário montado no relvado. Os encarnados voltaram relaxados, mas motivados e prontos para uma segunda parte ao nível da primeiro. Os estudantes, sem chama, só queriam que o jogo acabasse o mais rápido possível, tal a desorientação com que estavam em campo. A velocidade e dinâmica das águias mantiveram-se intactas e o quarto golo surgiu, quando tudo o fazia prever. Jonas marcou o vigésimo terceiro golo da época, após a segunda assistência de André Almeida – a única novidade no onze dos encarnados. Depois mais do mesmo. Entendimentos perfeitos entre laterais e extremos, posse de bola rápida e eficaz, oportunidades de golo de cinco e minutos, a favor do Benfica, a única equipa em campo.
Jonas já leva 24 golos de águia ao peito Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Até final, nota (e que nota!) para momentos emotivos no relvado da Luz : Rafael Lopes, avançado da briosa, marcou o 4-1, quebrou um jejum de vários meses sem marcar e festejou com lágrimas; Jonathan Rodriguez, avançado uruguaio que já se tinha estreado pela equipa B do Benfica, estreou-se pela formação principal para gaudio do público encarnado; Fejsa regressou à competição depois de longos meses de ausência a até marcou um excelente golo, o quinto das águias, estabelecendo o resultado final : 5-1.
Em mais um jogo que vale como uma final, o Benfica voltou a mostrar a pujança da águia, guiado por uma incrível onda vermelha – 50 mil nas bancadas. Mesmo frente a uma Académica ultra defensiva, os encarnados provaram que, em casa, praticam o melhor futebol em Portugal.
A Figura:
Jonas – Começa a ser incrível o que este senhor está a fazer na sua primeira temporada da águia ao peito. Faz o que lhe pedem: golos e classe. Tem um perfume de luxo e mais de duas dezenas de golos na época.
O Fora-de-jogo: José Viterbo – Chegou à Luz com estatuto de grande depois de nove jogos sem perder, mas montou uma estratégia de clube muito pequeno. O autocarro cedo avariou e por isso talvez se explique o porquê de a Académica não ter vindo jogar à Luz esta tarde.
Passadas duas semanas do início do campeonato, no Qatar, a classe rainha do motociclismo ruma, este fim-de-semana, às terras do Tio Sam, ou seja, aos EUA. O circuito das Américas, situado em Austin, faz parte do calendário desde 2013 e, segundo as estatísticas, é território de Marc Marquez
Mas antes de esmiuçar o Grande Prémio deste fim-de-semana, recordam-se alguns acontecimentos da corrida do Qatar, até porque pode influenciar o que se passará em Austin.
A Honda, aos comandos de Marc Marquez e Dani Pedrosa, não confirmou o favoritismo, tendo o bicampeão Marquez alcançado, apenas, o quinto lugar na corrida de domingo. Esta posição deveu-se a dois factores: ao erro cometido pelo espanhol logo na primeira volta, que o levou a ter de recuperar algumas posições, e também ao excepcional rendimento da Yamaha, com Valentino Rossi e Jorge Lorenzo, e da Ducati aos comandos de Andrea Dovizioso.
Aliás, o piloto italiano da Yamaha foi o grande vencedor, contrariando deste modo todas as previsões. O próprio disse que a corrida do Qatar tinha sido das melhores da sua carreira. E a verdade é que foi. E foi também a confirmação da vitalidade do «Il Doctore».
Em 2014, Marc Marquez dominou no circuito das Américas. Fonte: redbull.com
A corrida do Qatar já é passado para Marc Marquez e para os outros pilotos, e é hora de rumar ao outro lado do mundo para um circuito onde o espanhol é o claro favorito. Contudo, as condições atmosféricas – e convenhamos que são um factor importante -, mostram-se algo diferentes: a chuva parece querer aparecer e tramar o favoritismo de Marc Marquez, que venceu sempre em Austin… mas em piso seco.
Em 2014, o espanhol dominou durante todo o fim-de-semana: fez o melhor tempo em todas as sessões de treino, conseguiu a pole position, terminou a corrida a mais de quatro segundos de distância para o segundo lugar e estabeleceu o recorde do circuito. Uma autêntica máquina.
Apesar do favoritismo de Marquez, tanto os pilotos da Yamaha como da Ducati estão optimistas, considerando que a superioridade da Honda não será, este ano, tão grande como em 2014. No circuito das Américas, a velocidade será um factor importante, e as máquinas da Yamaha e da Ducati já mostraram que são mais fortes que a HRC no que toca à aceleração em recta.
A verdade é que cada Grande Prémio é um mistério. E nem sempre o favoritismo e as estatísticas se confirmam. Não podemos, porém, esquecer-nos de que o facto de a Yamaha e a Ducati terem voltado a ser competitivas só torna o Mundial mais apelativo e mais emocionante para quem segue as duas rodas. E quiçá para conquistar novos adeptos.
Fenerbahçe e Anadolu, as duas principais equipas turcas de basquetebol (pelo menos em troféus), e, como consequência, das melhores equipas da Europa, jogaram ontem para a última jornada do grupo F, do Top 16 da Euroliga, que apurou as oito equipas que vão disputar o acesso à Final Four da competição. Se a equipa da casa já tinha a sua posição definida, o Anadolu precisava de vencer o seu jogo ou esperar que os espanhóis do Laboral Kutxa Vitoria não vencessem o seu jogo em Málaga.
O jogo começou com total domínio do Fenerbahçe, que acabou o primeiro quarto a vencer por 23-12. O segundo quarto foi muito mais equilibrado, com o Anadolu a vencer por 18-21, indo o jogo para intervalo a 41-33. Nestes segundos dez minutos começou a ver-se uma reação do Anadolu, que, apesar de ter um jogo mais fraco, conseguia, através dos muitos ressaltos ofensivos ganhos, fazer pontos. Apesar disto, o momento deste quarto foi para a equipa da casa, quando Blejica marcou um Buzzer Beater.
A segunda parte do jogo manteve o mesmo ritmo até aos últimos 5 minutos, com o Anadolu a ir recuperando da desvantagem e chegando mesmo a passar para a frente. Mas é neste espaço de tempo que tudo muda; duas decisões da equipa de arbitragem, muito contestadas pelos adeptos do Fener, que, podendo parecer contraditório, deram a vitória à equipa da casa. Ora vejamos: o Anadolu naquele momento estava a jogar melhor – conseguiu passar para a frente do marcador e o pavilhão começou a morrer por ver a sua equipa perder-se dentro do campo. Foi aí que entraram os dois supostos erros da arbitragem, que prejudicaram o Fenerbahçe e que acordaram os adeptos para um apoio incrível que os levou à vitória por 83-72, quando antes destes cinco minutos o resultado estava equilibrado e com o Anadolu na frente por um a dois pontos de vantagem.
A festa dos jogadores do Fenerbahçe Foto: Rodrigo Fernandes
Com isto, o Anadolu teve de esperar que o jogo espanhol acabasse para concretizar a passagem aos oitavos, graças à derrota dos bascos. Fora as duas equipas de Istambul, estão ainda na competição o Real Madrid, Barcelona, Olympiacos, Panathinaikos, CSKA Moscovo e Maccabi Tel Aviv, que são os actuais campeões.
Agora vou falar um pouco do ambiente vivido, já que foi a primeira vez que vi um jogo da competição ao vivo. A Ulker Sports Arena tem capacidade para 13800 pessoas e é a casa do Fenerbahçe. Apesar de ser um derby de Istambul, o pavilhão não estava cheio, estando lá entre oito e nove mil pessoas, muito mais do que qualquer modalidade de pavilhão conseguiria juntar em Portugal, tirando algumas finais europeias, como é o caso do futsal do Sporting. Os preços para o jogo variavam entre as 22TL e as 600TL, ou, aproximadamente, entre os 8€ e os 212€. Estes 8€ seriam considerados valores exorbitantes para modalidade de pavilhão, mas para um jogo de futebol muitos estão dispostos a pagar estes valores no nosso país, que ainda só descobriu o futebol.
Uma curiosidade deste jogo é que o Anadolu é um clube fundado pela empresa Efes. A Efes é a cerveja local mais famosa, e ouvir os adeptos da equipa gritar pela Efes é como estar numa qualquer festa de verão às tantas da manhã com um ou mais malucos (para não lhes chamar bêbados) a cantar juras de amor à Sagres ou à Super Bock.
Para terminar, quero apenas dizer que a Ovarense foi a única equipa portuguesa a participar na Euroliga na temporada de estreia da competição, em 2000/01. Foram dez jogos, dez derrotas e apenas dois jogos em que a diferença foi de dez pontos ou menos, ambos em casa. Já nesta altura estávamos longe do topo europeu, mas hoje em dia já estamos a anos luz, com um basquetebol, a nível masculino, totalmente morto.
Moreirense vs Vitória SC. Via de regra, o confronto entre estes dois emblemas tem como nota dominante o equilíbrio e, atendendo ao actual momento de forma de ambas, o jogo do próximo Sábado no comendador Joaquim de Almeida Freitas não deixa antever facilidades para nenhum dos lados.
Embora os objectivos assumidos de parte a parte sejam distintos, a verdade é que os mais recentes resultados da Taça de Portugal podem ter aberto uma possibilidade para ambas lograrem a qualificação para a Liga Europa na próxima temporada. O sexto posto valerá um lugar europeu – salvo transcendência altamente improvável do Rio Ave na segunda mão das meias finais da “prova rainha” do futebol português – e, com vinte e um pontos ainda em disputa, uma vitória dos visitados poderá lançar os comandados de Miguel Leal para um último fôlego na luta por um feito inédito (recorde-se que Belenenses e Moreirense, respectivamente sexto e décimo primeiro classificados, estão separados por sete pontos).
Já os pupilos de Rui Vitória encontram-se em plena recuperação anímica depois de uma sequência de resultados e de exibições tão desapontantes quanto pouco afortunadas. Contra o Arouca, o capitão Moreno deu o mote para a sedimentação de um quinto lugar, que, depois de uma primeira volta irrepreensível, poucos achariam que pudesse ser colocado em risco. A saída de Hernâni no mercado de inverno para o FC Porto, a transferência de Adama Traoré para o Basileia, o eclipse de Bernard, as sucessivas lesões de Álvez e a mais recente ausência forçada de João Afonso no eixo da defesa ajudam a explicar a quebra de rendimento das últimas jornadas dos homens do Castelo.
Por seu turno, os de Moreira de Cónegos partem para este desafio com a tranquilidade de quem já atingiu virtualmente a meta da manutenção. A potencial intromissão no pelotão de candidatos à Europa funcionará, ainda que não assumidamente, como um incentivo extra; de qualquer das formas, da equipa da casa dificilmente será de esperar um futebol retraído. Recém promovido, o segundo clube mais representativo do concelho de Guimarães tem exibido um estilo de jogo atractivo e personalizado, assente em alguns elementos de valia indiscutível, como Marafona, André Simões, Battaglia ou João Pedro.
Do ponto de vista do espectáculo latu sensu, ou não se tratasse de um dérbi concelhio, as bancadas estarão com toda a certeza bem compostas. Em épocas anteriores, grupos organizados de adeptos vitorianos chegaram inclusivamente a organizar massivos cortejos de bicicleta entre o centro da cidade e a vila de Moreira de Cónegos; independentemente do meio de transporte utilizado, há desde já que dar como assente um facto: a onda branca dirá um expressivo “presente” na hora de apoiar a equipa.
Há sensivelmente onze anos, Jerôme Palatsi virou herói improvável no dérbi ao apontar um golo de baliza a baliza; sábado, pelas 20h15, ficar-se-á a saber quem assumirá o papel decisivo em mais um duelo da cidade berço.
Kei Nishikori “meteu-se ao barulho” no topo do ranking mundial ATP. Djokovic lidera, Federer em segundo e Murray em terceiro, mas há um “intruso” na luta pelo topo que é o japonês Nishikori. Isto coloca a questão sobre como será o ténis quando os “big four” deixarem a modalidade.
Esta é uma questão que certamente não se irá colocar do ponto de vista prático; ainda assim, é curioso observar como ficaria o circuito sem os quatro tenistas que mais vitórias conquistam e que mais entusiasmam os adeptos.
Claro que a saída dos quatro tenistas de topo obrigava a que tenistas que agora ocupam posições de segunda linha dessem o salto para um nível de topo. Isto porque tenistas como Dimitrov e Tsonga teriam de assumir posições de topo no panorama tenístico mundial, que actualmente não assumem por não existir esse espaço.
No entanto, esta acaba por ser uma fase interessante para analisar esta situação hipotética, tendo em conta que Federer está a fazer cada vez menos torneios e Rafael Nadal vai tendo alguns problemas físicos, que o levam também a concentrar-se só nos torneios mais importantes do circuito. Isto leva a que regularmente só Djokovic e Murray joguem, existindo assim inúmeros eventos que não contam com os “big four”.
Ainda assim, para o circuito produzir tenistas de topo, não precisa apenas de jogadores que saibam jogar bem ténis, precisa também de tenistas que arrastem os fãs e que sejam verdadeiros produtos publicitários, como já disse tantas e tantas vezes noutras ocasiões.
O ATP World Tour é um circuito altamente mediatizado e com fortes receitas anuais, o que leva a que procure ter um “rosto” de jogadores capazes de garantir essa atractividade por parte das marcas e das grandes empresas, assim como por parte de toda a comunicação social, não só a desportiva.
E é neste aspecto que a próxima geração de tenistas ainda tem de conquistar alguns pontos, embora precise, claro, de espaço para isso, mas tenistas como Grigor Dimitrov, Milos Raonic e até mesmo Kei Nishikori têm tudo aquilo que é necessário para se tornarem grandes produtos publicitários, como demonstram já pelos primeiros passos.
Para já, o futuro continua e continuará a ser de Novak Djokovic, Rafael Nadal, Andy Murray e Roger Federer – isto porque são os quatro que movem por si só multidões, paixões e ódios e o desporto é feito dessas emoções.