Pela terceira vez na história, a final four da UEFA Futsal Cup vai ser disputada em Portugal. Depois de ter sido realizada no antigo Pavilhão Atlântico em 2002 e em 2010 (ano em que o Benfica acabou por se sagrar campeão europeu), o comité executivo da UEFA voltou a confiar numa equipa portuguesa para ser a anfitriã da prova.
Recorde-se que o Sporting garantiu o seu lugar na fase final ao eliminar o FC Varna, o FT Charleroi e o campeão espanhol Inter Movistar durante a Ronda de Elite, terminando em primeiro lugar do grupo com um registo 100% vitorioso.
A formação portuguesa disputará o título europeu perante o seu púbico com o actual campeão europeu FC Barcelona, o já conhecido Kairat Almaty e o estreante MFK Dina Moskva, equipas que causarão, certamente, muitos problemas a Nuno Dias e aos seus pupilos na conquista do primeiro lugar.
FC BARCELONA
Igualar o recorde do Inter Movistar é um dos principais objectivos dos catalães Fonte: Facebook do FC Barcelona
Detentor do troféu e vencedor da competição em 2011/2012, é apontado como o principal candidato. Entrará nesta final four com o objectivo de igualar o recorde de três títulos europeus do Inter Movistar. Actualmente encontra-se no primeiro lugar da Liga Espanhola, com 96 golos marcados em 19 partidas, sendo que estes números demonstram a grande eficácia de uma equipa constituída maioritariamente por jogadores espanhóis e brasileiros – uma combinação que nos dá uma ideia da elevada qualidade técnica e táctica à qual poderemos assistir. A sua presença nesta UEFA Futsal Cup deve-se ao facto de ter ganho a competição na época passada e de ter, consequentemente, reservado um lugar na edição seguinte.
O Porto de 2014/2015 não é o melhor Porto de sempre em termos de qualidade individual mas está longe de ser o pior. Há jogadores com muita qualidade, que podem fazer a diferença numa jogada de génio. Mas a equipa, colectivamente, poderá fazer a diferença? Parece que não, em situações de aperto não tem conseguido.
Este plantel tem jogadores emprestados e jogadores que só chegaram este ano à Invicta – são, portanto, novos nestas andanças. Não questiono o talento da maior parte deles mas questiono a sua responsabilidade enquanto jogadores ou pelo menos a vontade quase obsessiva pela vitória. Compreendo que queiram mostrar-se na Europa (deve ser mesmo o objectivo máximo da maior parte) e que queiram o melhor para os azuis e brancos, mas faz falta alguém! Na equipa portista noto que não há grandes referências – ninguém parece capaz de dar um berro e deixar os colegas empolgados, raivosos, com vontade de entrar na segunda parte e deixar a pele em campo. É isso que, com maior ou menor afinação táctica, faz falta a estes jogadores – sentir o clube! E fazê-los sentir o clube não é torná-los portistas (pelo menos, os jogadores recentes) mas fazê-los sentir a responsabilidade de envergar aquela camisola, fazê-los sofrer com os jogos e fazê-los ganhar consciência de que entram em campo por milhões de pessoas que querem que eles ganhem.
Qualquer jogador quer a vitória. As peladinhas entre amigos discutem-se sempre como se de uma final se tratasse – a vontade de ganhar existe na nossa condição de humanos. Mas continua a falta qualquer coisa – a tal responsabilidade, a tal voz de comando que se faça ouvir nos momentos em que a bola circula irremediavelmente entre defesa e meio-campo, com a baliza adversária lá longe, completamente livre de perigo. O último jogador que trouxe esse sentimento foi Lucho Gonzalez. Não era portista desde pequenino mas percebeu o que era jogar neste clube, sentiu o que era o Porto para os portistas e para os seus dirigentes e foi, por isso, um pilar de estabilidade no nosso plantel.
Nem todos dão berros no balneário como o Jorge Costa (e que saudades deve ter Pinto da Costa desses berros), mas a postura com que se encara um clube e um jogo é exemplo para os mais novos. Helton e Quaresma sabem o que é jogar no Porto mas um é guarda-redes, longe do jogo atacante (Co Adriaanse lá tinha os seus motivos quando dizia que um guardião não devia ser capitão), e esteve afastado do relvado durante meses, e o outro não é um pilar de estabilidade emocional.
Houve anos em que vi o Porto jogar um futebol regular sem grande intensidade mas com responsabilidade – ganhava os seus jogos e ia aproveitando as escorregadelas dos adversários. A irregularidade é típica da falta de maturidade e este plantel é imaturo e grande parte dos seus jogadores está a formar-se aqui. Para crescer tem de passar-se por esta fase de confusão, de erro, mas a falta de maturidade na equipa – principalmente no onze – é notória.
No último jogo da Liga, frente ao Marítimo, não vi ninguém comer a relva (que saudades de Paulinho Santos). Vi um Porto à procura da vitória e com claras oportunidades de golo mas não o vi a sufocar como fez vezes sem conta em anos anteriores. Não criamos medo no adversário através da nossa raça, não jogamos à Porto. Acredito que um dia vão somar ao seu talento a obsessão pela vitória e a força de quem não se verga, mas até lá ainda temos “muita sopa para comer”. O único senão é que no Porto não há tempo a perder, a rotatividade é alta, a exigência é máxima e a paciência dos adeptos é pequena. Espero, então, que a raça de Braga não seja um lusco-fusco e que se torne rotina no Dragão.
Qatar, Polónia, Espanha e França. São estes os quatro apurados para as meias-finais do Mundial de Andebol. Um deles sagrar-se-á campeão do mundo. Os asiáticos recebem a competição e nunca tinham ido tão longe na prova, os polacos têm pouco a perder, mas será provavelmente da meia-final entre Espanha e França que sairá o campeão. Amanhã jogam-se as duas partidas das meias finais. Façamos, pois, o ponto da situação:
Qatar
Um caso escandaloso e que marcará para sempre este Mundial: 10 dos 17 jogadores do Qatar são naturalizados, e alguns já contam inclusivamente com presenças pelas suas selecções respectivas. Aproveitando uma grave falha nas regras, a federação deste país com pouca tradição no andebol comprou a nacionalidade de vários jogadores estrangeiros para fazer boa figura no “seu” Mundial. Como se não bastasse, no jogo dos quartos-de-final contra a Alemanha o Qatar foi claramente beneficiado, conforme se pode ler aqui.
Ainda assim, os comandados de Valero Rivera tiveram o mérito de terminar a fase regular em 2º – apenas atrás da Espanha, com quem perderam por 25-28 no penúltimo jogo dos grupos. De resto, só vitórias: contra Brasil (28-23), Chile (27-20), Eslovénia (31-29) e Bielorrússia (26-22), nesta última partida virando um resultado de 7-12 que se verificava ao intervalo. Nos oitavos-de-final afastaram a Áustria (29-27) e, na ronda seguinte, superiorizaram-se à Alemanha (26-24), nesse tal jogo polémico. De resto, como curiosidade, importa realçar o facto de o Qatar ser a única equipa deste Mundial que teve sempre menos jogadores excluídos do que o seu opositor.
Quanto a destaques individuais, Zarko Markovic, ex-Montenegro, é o 2º melhor marcador da competição e o melhor em prova (55 golos/102 remates; eficácia de 53,92%). O lateral-direito tem estado em evidência, sendo também o jogador da sua equipa que mais assistências faz (21). Na defesa, o lateral-esquerdo de origem egípcia Hassan Mabrouk destaca-se com 12 roubos de bola em 7 jogos, sendo o pilar de maior referência na defesa da baliza de Danijel Saric (49 defesas/135 remates na sua direcção; 36% de eficácia). Nota ainda para o lateral cubano Rafael Capote, autor de 12 incríveis golos contra a Eslovénia e de 8 contra a Alemanha.
Com mais ou menos ajudas, a verdade é que a surreal “sociedade das nações” do Qatar já provou que é melhor do que muitas equipas europeias. Além disso, há que ter ainda em conta o factor-casa. A meia-final com a Polónia será sem dúvida um jogo interessante de seguir.
Polónia
Depois de duas campanhas relativamente discretas nos dois últimos Mundiais – no seguimento de um 2º lugar em 2007, a melhor classificação internacional de sempre do país, e de um 3º em 2009 – a Polónia garantiu pelo menos o 4º lugar e não terá muito a perder. No entanto, o facto de os seus opositores nas meias-finais serem os qataris abre-lhe seguramente melhores perspectivas do que se jogasse com a Espanha ou a França.
Com o emblemático Slawomir Szmal na baliza (52/164; 32%), as duas maiores figuras do conjunto de Michael Biegler têm sido, para não variar, os irmãos Juriecki: o pivotBartosz, que completará 36 anos na véspera da final, é o melhor marcador da equipa (28/35; 80%), e o lateral-esquerdo Michal destaca-se tanto no capítulo ofensivo (7 assistências) como a defender (7 blocos realizados com êxito). Há ainda Karol Bielecki, poderoso lateral que ajudou o Kielce a chegar ao 3º lugar da Liga dos Campeões em 2013.
O percurso dos organizadores do Europeu do próximo ano não começou muito bem, mas foi melhorando. Duas derrotas compreensíveis contra Alemanha (26-29) e Dinamarca (27-31), uma vitória à tangente contra a surpreendente Argentina (24-23), um triunfo contra a decepção Rússia (26-25) e uma goleada (32-13) frente à fraca Arábia Saudita levaram o país ao 3º lugar do grupo. Na fase a eliminar, tanto a excelente vitória frente à Suécia (24-20) como o triunfo emotivo contra a Croácia (24-22) provam que os polacos estão a subir de forma.
Apesar de o Qatar jogar em casa, diria que a Polónia é ligeiramente favorita. No entanto, seja qual for a equipa que siga em frente nesta eliminatória, será sempre o elo mais fraco da final. O caso da Dinamarca, por exemplo, é claro: a equipa mostrou mais potencial, mas teve o azar de cruzar com a Espanha na fase a eliminar.
Qatar, Polónia, Espanha ou França: quem se sagrará campeão mundial?
Espanha
Com a dissolução do At. Madrid e do Valladolid, o campeonato espanhol tornou-se um passeio para o Barcelona. Nomes incontornáveis como Maqueda, Aguinagalde, Ugalde ou Cañellas viram-se obrigados a abandonar aquela que foi em tempos considerada a melhor liga do mundo. No entanto, a elite do andebol do país vizinho parece não se ressentir: campeões mundiais em 2013, os espanhóis querem defender o título e fazer esquecer o 3º lugar no europeu do ano passado. E haverá algo melhor do que consegui-lo à custa da França, responsável pela eliminação dos homens de Manolo Cadenas em 2014?
Apresentando um andebol agressivo tanto a atacar como a defender, a Espanha é, sem sombra de dúvidas, uma grande candidata a vencer a competição. Para isso terá, contudo, de vencer a França, naquela que será a sua segunda final antecipada – depois de bater a Dinamarca na última ronda (25-24). Antes disso, vitórias contra Bielorrússia (33-28), Brasil (29-27), Chile (37-16), Qatar (28-25), Eslovénia (30-26) e, já nos oitavos, Tunísia (28-20).
O ponta Valero Rivera tem estado em grande e é o segundo melhor marcador ainda em prova (39/47; 82,98% – incríveis 10 golos em 11 remates à Dinamarca), servido sobretudo pelo central Raul Entrerríos (27 assistências). Defensivamente, a solidez do bloco espanhol é personificada sobretudo pelos gigantes Morros de Argila e Gedeón Guardiola, aos quais se junta ainda o potente Jorge Maqueda, que resolveu o jogo com os dinamarqueses. Na baliza, Pérez de Vargas (70/78; 39%) tem estado a um nível altíssimo e pouco comum num guardião tão novo. A Espanha tem, portanto, um plantel riquíssimo que lhe permite sonhar com a revalidação do título mundial.
França
Se a Espanha quer vingar a eliminação do Europeu de 2014 às mãos dos franceses, estes quererão corrigir a derrota com os espanhóis na final do Mundial 2013. País com pouca tradição durante as primeiras décadas da modalidade, nos últimos 20 anos a França já conquistou 4 Mundiais, 3 Europeus e 2 Jogos Olímpicos. Caso se sagre campeã no Qatar, passará a ser o país mais bem-sucedido de sempre. Mas, para que tal aconteça, é preciso suplantar a Espanha numa meia-final escaldante e imprevisível.
Até aqui, os franceses apenas tremeram com a Islândia no terceiro jogo (26-26), tendo vencido a República Checa (30-27), o Egipto (28-24), a Argélia (32-26) e a Suécia, o principal opositor do grupo (27-25). Garantido o 1º lugar, a França afastou depois com facilidade a Argentina nos oitavos (33-20) e a Eslovénia nos quartos (32-23). Pode dizer-se, portanto, que a prova de fogo para os comandados de Claude Onesta começa agora.
Esta equipa mantém o núcleo duro de anos anteriores, o que lhe confere uma enorme estabilidade. Porém, o nível individual não é menos impressionante. Para se ter uma ideia, três dos convocadosjá venceram o prémio de Melhor Andebolista do Mundo: Nikola Karabatic (2007), Thierry Omeyer (2008) e Daniel Narcisse (2012). O central N. Karabatic é, de resto, o jogador francês que mais passes para golo efectua (19), embora a qualidade desta equipa não se esgote nestes três atletas. Michaël Guigou, ponta-esquerda do Montpellier, é o melhor marcador (28/36; 77,78%), e tanto os já mencionados Narcisse e Omeyer (76/210; 36%) como Xavier Barachet (7 roubos de bola) garantem serenidade, critério e qualidade na defesa. O jogo exterior da equipa foi comprometido pela ausência de Luc Abalo, mas tanto Guillaume Joli (incríveis 84,38% de eficácia de remate) como Valentin Porte têm estado à altura. É importante não ignorar também a boa forma do pivotCédric Sorhaindo e o agradável aparecimento do jovem ponta Kentin Mahê.
Pela qualidade individual e colectiva dos franceses, bem como pela experiência acumulada, aposto neles para vencerem o Mundial. Contudo, a Espanha também está muito forte e tem reais hipóteses de bater os franceses. O que é praticamente certo é que o novo campeão do mundo sairá desta estrondosa meia-final entre França e Espanha. Que comecem os jogos decisivos!
Fotos: Facebook da IHF Facebook da Real Federación Española de Balonmano Site da Federação Qatari de Andebol (qatarhandball.com)
Diz-se que um treinador é um gestor. Gere as decisões técnicas próprias da sua modalidade, gere o treino, gere o modelo de jogo, gere os seus atletas mediante avaliações constantes, gere inúmeros factores inerentes ao jogo. Gere de forma diferente quer seja amador, quer seja profissional, quer seja na formação, quer seja em seniores. Até gere de forma diferente seja uma modalidade masculina ou feminina. Vertentes, circunstâncias, contextos, conflitos, emoções, lesões, transferências, rendimentos, performances, egos. Prefiro pensar que a intenção de todos os treinadores é dar o seu melhor, com os recursos que têm no momento, enquanto não têm melhores recursos para fazer melhor ainda. A intenção tem bastante força; no entanto, ficar pela intenção não chega.
No desporto, o líder deve ser um gestor de oportunidades e de expectativas, sendo capaz de escolher os tempos certos para estimular os seus liderados. No desporto, assim como em outras áreas, as equipas com maior sucesso são as que conseguem ultrapassar os limites, atingir a plenitude e viver na superação.
Existe, então, alguma diferença entre termos o foco nos processos, ou seja, na tarefa que estamos a executar com vista a um objectivo, e termos o foco nos resultados, isto é, fazendo do resultado final o alvo? A mesma diferença existe entre a eficiência e a eficácia. A eficiência é fazer as coisas de forma certa (equivale ao foco no processo) e a eficácia é fazer as coisas certas (equivale ao foco no resultado). Na minha perspectiva, ambos são importantes pois ambos se implicam. Está claro que só importa perceber isto se estamos numa actividade em que procuramos ter sucesso e não numa actividade que simplesmente realizamos por prazer ou por lazer. Se só prestarmos atenção ao processo, sem saber se estamos a obter bons resultados, podemos conseguir um retumbante falhanço. Por outro lado, se só nos preocuparmos com resultados mas não com o processo poderemos acabar por construir um resultado final péssimo. Qual é a chave aqui? Um olho no gato e outro no peixe… Dizem!
Grandes fracassos acontecem porque os treinadores e os seus jogadores se focam excessivamente nos resultados. Para fazer um termo de comparação, e clubismos à parte, parece-me que foi o que aconteceu ao SL Benfica no final da época de 2012/2013. Esteve presente em todas as frentes e acabou por não ganhar nada. Tinha um futebol interessante em muitos jogos, até com excelentes exibições, mas a inconstância e a inconsistência dos seus processos transportava para fora uma certa insegurança. A liderança de Jorge Jesus estava bastante focada nos resultados. É a minha perspectiva…
O excessivo foco nos resultados pode revelar-se contraproducente, como demonstra a época 2012/13 do Benfica de Jorge Jesus Fonte: Wikipédia
Neste momento deve estar a perguntar-se: mas não é o resultado que interessa? Sim, ele é um guia, um norte, um rumo, mas é o foco nos processos que garante os resultados.
Com certeza já tomámos contacto com equipas focadas nos processos e com outras equipas focadas nos resultados. Com pessoas igualmente focadas quer nos processos, quer nos resultados. Em discussão surgiu, há pouco tempo, o grande caso de estudo que é o Cristiano Ronaldo, goste-se dele ou não. Será ele mais focado nos processos, ou seja, estará ele mais orientado para a tarefa, ou mais focado nos resultados, ou seja estará ele mais orientado para o ego? Muita gente diria que, à primeira vista, a opção mais correcta seria a última, mas não me parece. Simplesmente pelo facto de que ele só consegue os resultados que tem porque conseguiu atingir um equilíbrio mental de tal ordem que, focando-se nos processos, os resultados surgem naturalmente. Se ele não fosse bom a fazer o que faz, nunca conseguiria obter o sucesso que obteve.
Em contexto de desporto de formação surge também esta questão. Talvez este contexto seja aquele que leva os atletas a ter mais ou menos sucesso na sua carreira desportiva, quer seja amadora ou profissional. Se enquanto criança um jogador é estimulado a desenvolver a sua orientação predominante para a tarefa, muito provavelmente será um atleta de sucesso. Em fase de formação desportiva é, no entanto, muito importante fazer com que os atletas entendam também que, apesar de precisarem de desenvolver os seus processos na grande maioria do tempo, não se podem esquecer que aquilo que fazem tem objectivos e que eles precisam perceber quais são. Aqui entra a influência do treinador, o seu tipo de foco e a sua orientação. Na minha opinião, na formação, até uma certa altura, devemos orientar os nossos atletas para a tarefa, ou seja, fazer com que eles se foquem nos processos. Estando os processos definidos, desenvolvidos e consistentes, devemos começar a incutir também, sem esquecer os processos, o foco nos resultados.
Nem sempre os melhores processos garantem os melhores resultados Fonte: eliechahine.wordpress.com
Desde os escalões mais jovens ao desporto de alta competição vemos equipas que jogam muito bem mas não têm objectividade no seu jogo, logo os seus resultados não são muito positivos.
Podemos fazer omeletes com qualquer tipo de ovos, e outros ingredientes, mas é a forma como se mexe os ovos que irá ditar se a omelete ficará boa ou não. Se não ligarmos muito aos processos de execução da nossa omelete, no final não iremos com certeza comer uma omelete muito boa.
Se os processos estão comprometidos, como alcançar bons resultados? Lembre-se: não adianta querer colher bom milho sem adubar e cuidar bem da terra. Como também não adianta ter os melhores jogadores que alguém pode ter se não os orientamos em função do melhor que cada um consegue fazer em prol do colectivo e se não conseguimos que a sua relação em competição seja a melhor.
Metas e resultados são importantes, mas são processos eficazes que nos levarão a alcançá-los.
“Para vencer não basta ter os melhores jogadores, é preciso saber colocá-los ao serviço do colectivo…”, Jack Welch, antigo gestor da GE.
O Qatar, anfitrião do Mundial de Andebol, eliminou a Alemanha nos quartos-de-final, apesar do favoritismo que era atribuído à seleção germânica. O resultado final, de 26-24, permite à formação qatari uma presença inédita nas meias-finais da competição, onde nunca tinha chegado. No jogo, disputado em Lusail perante 14 mil espetadores, o Qatar demonstrou grande organização defensiva e fez uma rápida circulação da bola no ataque, o que permitiu vários golos do possante pivô da equipa, o hispano-qatari Borja Vidal.
De resto, a federação de andebol do Qatar lançou uma autêntica campanha de naturalizações, oferecendo elevados prémios monetários para que jogadores estrangeiros adquirissem a nacionalidade qatari. Tudo porque, segundo as regras da Federação Internacional de Andebol, um jogador pode jogar por outra seleção se durante pelo menos três anos não representar o seu país. Assim, o selecionador do Qatar convocou para o campeonato do Mundo um espanhol, um francês (Bertrand Roiné), um cubano (Rafael Capote), dois montenegrinos (Zarko Markovic e Goran Stojanovic), um egípcio (Hassan Mabrouk), dois bósnios (Danijel Saric e Eldar Mimisevic) e um tunisino (Youssef Benali).
A Alemanha teve muitas dificuldades em jogar quer com os extremos quer com os pontas e apostou em demasia no remate exterior (a mais de 9 metros), cuja eficácia final foi de apenas 11%. Ao intervalo já a seleção da casa ganhava por 4 golos (18-14). Destaque pela negativa para o mau posicionamento da linha de 6-0 defensiva alemã durante quase todo o jogo, para a fraca eficácia do pivô Patrick Wiencek (3 golos em 7 remates) e para a vergonhosa atuação da dupla de arbitragem que dirigiu a partida. Os juízes macedónios beneficiaram de forma demasiado evidente o Qatar através de um critério disciplinar desequilibrado e tendencioso.
“A equipa alemã esbarrou muitas vezes na boa organização defensiva do Qatar Fonte: Handball 2015(Facebook oficial do Mundial)
Noutro dos jogos dos quartos-de-final, assistia-se à reedição da final do Mundial de Espanha de 2013, com o duelo entre dinamarqueses e espanhóis. Numa partida sempre muito equilibrada (11-11 era o resultado no fim dos primeiros 30 minutos), nenhuma das equipas teve uma vantagem superior a dois golos. A Espanha garantiu a vitória a apenas 5 segundos do fim num remate de Joan Canellas, que fechou o marcador em 25-24. Do lado dinamarquês, destaque para a grande exibição de Mikkel Hansen, com 6 golos, os mesmos que o seu compatriota Anders Eggert (dos quais 5 foram apontados da marca dos 7 metros). Determinante para o apuramento da seleção espanhola foi o guarda-redes do Barcelona Gonzalo Pérez de Vargas, que parou dois livres de 7 metros. Rivera Valero foi o artilheiro-mor do lado espanhol, com 10 golos em 11 remates.
Menos emotivo foi o duelo entre França e Eslovénia. A superioridade gaulesa ditou uma vitória por 32-23. Aos 13 minutos, já os franceses ganhavam por 7-1, tornando fácil a gestão do resultado no Ali Bin Amad Al-Attiyah Arena. Os eslovenos realizaram praticamente o mesmo número de ataques do que a formação francesa, mas a baixíssima eficácia de 38% foi crucial para a eliminação. Quem também segue em frente é a Polónia, depois de uma surpreendente recuperação na reta final do jogo contra a Croácia. A 5 minutos do fim, os polacos perdiam por 22-21 mas, com um parcial de 3-0, garantiram a vitória e asseguraram uma difícil qualificação por 24-22.
Na próxima sexta-feira, decide-se quem estará na final de domingo, com os duelos Espanha-França e Qatar-Polónia.
Foto de Capa: Fonte: Handball 2015 (Facebook oficial do Mundial)
Para garantir a presença na meia-final da Taça da Liga, o FC Porto precisava de vencer a Académica, no Dragão. Para tal se concretizar, Lopetegui voltou a mexer de forma acentuada na equipa, apenas levando a jogo Danilo, Tello e Jackson da equipa que perdeu na Madeira, diante do Marítimo, no último fim-de-semana.
Perante um adversário já de si frágil e ainda mais diminuído em função da política de poupanças promovida por Paulo Sérgio, o FC Porto entrou bastante rápido e intenso na partida, pressionando a todo o campo e não deixando a Briosa respirar. Foi fruto dessa pressão, aliás, que logrou chegar ao golo logo à passagem do sexto minuto, por intermédio de Jackson, ainda que o erro do central da Académica, Aníbal Capela, muito tenha contribuído para esse desfecho.
Ligado à corrente – foi este o estado de espírito com que os dragões encararam os primeiros 45 minutos. Grande capacidade de circulação de bola, com rapidez e mais assertividade do que o habitual, ainda que com a habitual e imutável tendência da procura das zonas laterais do campo (e nunca da penetração horizontal). Aliás, se o futebol do FC Porto fosse mais objectivo, e não procurasse ainda e sempre os flancos como último meio para fazer chegar a bola à área e ao golo, ou seja, se dispusesse de outra variabilidade, os dragões tinham tudo para ser uma melhor (e mais feliz) equipa. De qualquer forma, ainda que o padrão de jogo se tenha mantido, o que é certo é que se viu um FC Porto com mais velocidade e intensidade na circulação de bola, com dois nomes à cabeça a contribuir para esta produção acima da média: Campaña e Rúben Neves. O primeiro talvez seja mais um ‘8’ do que um ‘6’ e possa vir a surgir, futuramente, como uma verdadeira hipótese nas contas de Lopetegui; o segundo, face a Casemiro, é muito mais ágil, mais móvel, mais rápido, mais fiável, em suma, melhor. É possível que tenha acontecido mas não me lembro de o ter visto falhar um passe em todo o jogo.
Voltando ao jogo jogado, o FC Porto dispôs de variadíssimas oportunidades para ampliar o marcador, sobretudo por intermédio de Tello, aos 10’ e 48’ – momentos estes em que o FC Porto soube aproveitar proficuamente o tal potencial que o jogo interior lhe pode dar, abandonando, por escassos momentos, a preocupação excessiva que os seus médios têm em, assim que recebem a bola, virar a cabeça para um dos flancos e fazer o passe (os únicos que fogem a esta regra são, em planos diferentes, Rúben Neves e Quintero). Por outro lado, a Académica limitou-se a (tentar) defender com um mínimo de organização, apenas conseguindo o seu primeiro remate aos 36’.
FC Porto e Académica disputaram, no Dragão, a 4ª jornada do grupo D da Taça da Liga
Já na 2ª parte, a dança das substituições ditou a troca de Campaña e Jackson por Quintero e Gonçalo Paciência, respectivamente, já depois do ‘Cha Cha Cha’ ter assinado uma obra-prima, com um golo de calcanhar na sequência de um canto, aos 58’. Tanto Quintero como o estreante Gonçalo – cada um à sua medida – vieram animar o jogo: o primeiro, com a tal fuga à rotina, trouxe o açúcar ao jogo da equipa; o segundo porque carrega, além do apelido, um potencial anormal, com as pitadas necessárias de irreverência mas já com maturidade no seu jogo. Ah, e magia! A que lhe permitiu marcar um golo de craque aos 75’, já depois de Ricardo, isolado, ter desperdiçado. E quem esteve sempre na jogada? Pois, Quintero.
Antes disso, porém, aproveitando o excessivo balanceamento de José Ángel (excelente primeira parte, caiu bastante na segunda), Hugo Seco aproveitou a auto-estrada, vulgo lado esquerdo defensivo portista, para oferecer o golo ao recém-entrado Mbala. 2-1 à entrada do último quarto-de-hora, antes da tal dupla saída do banco portista ter desequilibrado (ainda) mais o jogo. E tanto que veio desequilibrar que foram os mesmos protagonistas a criar o lance do 4-1; Gonçalo Paciência estava perante a baliza no momento em que foi derrubado por João Real, dando azo a um penalty eficazmente convertido por Evandro. “E quem fez o passe?” Ah, Quintero.
Com uma exibição sólida e que teve momentos bastante interessantes (sobretudo na primeira metade), o FC Porto garantiu o 1º lugar do Grupo D, na Taça da Liga, agendando encontro com o Marítimo, no próximo dia 11 de Fevereiro. Exactamente o mesmo adversário que lhe causou um imenso dissabor na última jornada da Liga. Liga essa que tem no próximo fim-de-semana um osso que pode ser duro de roer: Paços de Ferreira. E só porque quero que a vida de Lopetegui seja tão mais simples quanto possível, aqui segue a dica: Fabiano, Danilo, Marcano, Indi, Alex Sandro, Rúben Neves, Óliver, Quintero, Quaresma, Ricardo e Jackson.
A Figura Rúben Neves – Alguém lhe falsificou o BI! Todos os elogios que lhe dediquei em cima são mais do que merecidos. Tem maturidade e posicionamento, intensidade e visão de jogo, capacidade de passe e simplicidade de processos. É ele quem está emprestado pelo Real Madrid?
O Fora-de-Jogo Tello – Continua sem provar toda a aura que alguém terá por ter “nascido” em La Masia e por chegar proveniente do Barcelona. Muita, muita velocidade; pouca, pouca inteligência e acerto na hora da finalização. Além disso, continua a tomar muitas decisões erradas e esconde-se do jogo durante largos momentos.
Sim, é verdade que o Sporting roda a equipa na Taça da Liga. Sim, é verdade que a maioria dos jogadores que têm alinhado nesta competição contabilizam poucos minutos na equipa principal. Sim, é verdade que há muitos “miúdos” no onze. Sim, é verdade que alguns deles têm dado boas indicações. Mas o que também é verdade é que o Sporting podia já ter a qualificação selada desde o jogo contra o Belenenses, em que esteve a ganhar por 2-0. Perdeu nesse dia, empatou agora contra um Vitória de Setúbal sem argumentos e, como resultado, arrisca-se a ficar de fora das meias-finais.
Fica bem desdenhar a Taça da Liga. Os adeptos dos três grandes fazem-no, e os seus dirigentes também já enveredaram pelo mesmo caminho. Contudo, o certo é que o “parente pobre” das competições portuguesas – e cuja existência eu também questiono – já salvou mais de uma vez a época ao Benfica. O Porto, por seu turno, no ano passado também passou de uma posição de pseudo-desinteresse na Taça da Liga para um all-in no referido troféu, quando percebeu que poderia não ganhar nada nessa época. Também me recordo da desilusão que foi perder a primeira final contra o Vitória de Setúbal – ei-los novamente… – num jogo em que o Sporting jogou pessimamente e em que viria a sucumbir nos penalties. Conclusão: todos dizem que esta taça não interessa mas, quando as coisas apertam, todos se agarram a ela.
Mesmo que assim não fosse, manda a História e o estatuto do Sporting que se entre em qualquer campo para ganhar. Jogar com os suplentes é uma opção perceptível mas arriscada e, se o treinador decide apostar neles, é porque acha que têm capacidade para ganhar os jogos. A este respeito, no caso de o Sporting passar, e excluindo duas ou três possíveis excepções, espero que a equipa apresentada daqui para a frente seja a que costuma jogar no campeonato. O clube não ganha nada há demasiado tempo e não se pode dar ao luxo de menosprezar competições. Se nos deixarmos no nosso canto a pregar orgulhosamente aos peixes que somos muito puros e muito diferentes de todos, é meio caminho andado para ficarmos a ver os rivais festejarem mais troféus.
Não quero parecer injusto com as “reservas” do Sporting – aliás, comecei por dizer que há ali qualidade. Mas hoje a equipa falhou quando não podia ter falhado. O jogo começou bem, com um auto-golo de Ney Santos que desbloqueou o marcador, e o Sporting partiu para uma boa primeira parte. Contudo, o guarda-redes sadino Lukas Raeder evitou que a partida ficasse resolvida no melhor período leonino. Nota também para a falta de eficácia do Sporting, uma “doença” de alguns jogos da equipa principal que hoje parece ter alastrado aos restantes elementos do plantel.
Tanaka esteve perdulário e o Sporting resseniu-se Fonte: Facebook Oficial do Sporting CP
E, já se sabe, quem não marca arrisca-se a sofrer. Foi o que aconteceu no início da segunda parte, quando um livre da direita foi defendido de forma deficiente pelos leões e originou o golo de Miguel Lourenço. Na única oportunidade que teve em todo o jogo, um Vitória já reduzido a dez elementos por expulsão de Lupeta aos 41 minutos conseguiu empatar em Alvalade. Até final, os leões foram perdendo gás. Tanaka apostou invariavelmente na meia-distância e esteve perdulário, Esgaio enviou uma bola ao ferro (a segunda, depois de um livre de André Martins) quando se lhe exigia muito melhor, Podence começou bem mas decaiu, André Martins e Rosell esconderam-se demasiado, Wallyson não esteve mal mas não conseguiu assumir o meio-campo sozinho e nenhuma das opções vindas do banco – o regressado Diego Rubio, Gelson Martins e Hadi Sacko – acrescentaram qualquer objectividade a um Sporting com mais bola mas bastante amorfo e a apostar em demasia no jogo lateralizado. Exigia-se maior pendor ofensivo tanto a Miguel Lopes como a André Geraldes, que ocuparam as duas faixas do sector recuado.
Sem jogar nada por aí além, o Sporting teve ocasiões mais do que suficientes para vencer o jogo. Merecia-o, até. Mas a verdade é que não as concretizou, e agora terá de torcer para que nem Vitória de Setúbal nem Belenenses ganhem os seus jogos para continuar em prova. Por duas vezes os leões tiveram o apuramento na mão, por duas vezes o deixaram escapar. É o que acontece quando se está a ganhar por 2-0 no Restelo e se baixa a guarda. É o que acontece quando não se “mata” o jogo no melhor período e depois se tem uma desatenção a jogar contra 10. É, no fundo, o que acontece quando se brinca com o fogo. A eliminação da Taça da Liga está aí ao virar da esquina. E, pior do que isso, só mesmo ver Sportinguistas a dizerem que não lhes faz diferença porque “não ligam” à competição. Deve ser por o Sporting ganhar tantos títulos que se dão a esse luxo.
A Figura:
Daniel Podence – com Gauld lesionado foi o jovem extremo quem mais se destacou, sobretudo na primeira parte. Muito dinâmico e tecnicista, faz lembrar Simão Sabrosa – calma, é apenas no estilo de jogo – na forma como joga ligeiramente flectido e como, imprevisível e endiabrado, leva a bola colada ao pé. Tem de aprender a definir melhor os lances, mas nada que a idade, a experiência e os ensinamentos do treinador não corrijam.
O Fora-de-Jogo:
Eixo defensivo – desta vez, o adversário nem precisou de um erro clamoroso dos centrais para marcar. Bastou uma má abordagem num livre dafensivo para Sarr, Rabia e companhia borrarem a pintura. Num jogo em que o Vitória quase não atacou e mesmo assim fez um golo, quem mais poderia ser o destaque negativo…?
Stanislas Wawrinka disse “presente” no encontro dos quartos-de-final frente a um sempre periogoso Kei Nishikori. O actual detentor do título mostrou que está em Melbourne para provar que a vitória do ano passado não foi uma obra do acaso.
O tenista suíço derrotou o talentoso japonês em apenas três set’s por 6/3, 6/4 e 7/6 (6), mostrando que tem mais ténis do que aquele que tem mostrado e que, se for preciso carregar no acelarador, o motor corresponde. Wawrinka sabe que este é um Open da Austrália diferente do ano passado, mas lá no fundo não esconde o sonho de poder repetir o triunfo do ano passado.
“Stan the Man”, como é conhecido no circuito, apostou na direita de Kei Nishikori, que em modo defensivo fica “apetecível” para atacar, e foi mesmo por aí que o número 4 fez estragos, vencendo sem dificuldades um adversário que o ano passado no Open dos Estados Unidos lhe provocou enormes dificuldades.
No outro encontro dos quartos-de-final masculinos, Novak Djokovic teve tarefa ainda mais fácil do que Stanislas Wawrinka, vencendo Milos Raonic por 7/6, 6/4 e 6/2, num jogo disputado em velocidade de cruzeiro e levando assim a que o sérvio chegue às meias-finais sem ter perdido ainda um único set neste grand slam.
O primeiro cabeça-de-série do torneio fez o que quis de Raonic, que no final da partida disse não ter conseguido sequer organizar o seu jogo. A verdade é que Novak Djokovic criou inúmeras oportunidades para quebrar o serviço do tenista do Canadá e com isso não permitiu a Milos Raonic conseguir sequer pensar em igualar a partida.
Madison Keys foi a grande surpresa do dia Foto: Facebook Australian Open
As surpresas estiveram reservadas para a vertente feminina, com a jovem Madison Keys a derrotar Venus Williams. A jovem norte-americana, de apenas 19 anos, derrotou a 18ª tenista do ranking WTA, que já era tenista profissional um ano antes de Keys nascer.
No outro encontro de uma irmã Williams, neste caso Serena, vitória sem contestação para a super-favorita à conquista do torneio, por 6/2 e 6/2. Serena Williams defronta agora Madison Keys, pela primeira vez numa meia-final de um grand slam, enquanto Ekaterina Makarova defronta a russa Maria Sharapova.
Na vertente masculina, a metade teoricamente mais complicada do quadro, perdeu Federer e Nadal, e Murray joga agora frente a Tomas Berdych, que mostrou ter as “garras afiadas” no ataque à final.
Do outro lado, final antecipada, com Novak Djokovic a defrontar Stanislas Wawrinka. Temos torneio!
Não deixa de ser curioso que, exatamente um dia depois de Jorge Jesus ter dito que o Benfica tinha capacidade para fazer uma segunda volta melhor do que a primeira – recordo que os encarnados perderam apenas quatro pontos em 51 possíveis -, as águias deram o primeiro sinal de que tal objetivo será, evidentemente, uma árdua tarefa (se não mesmo impossível).
No passado domingo, o Benfica deixou em Paços de Ferreira três dos quatro pontos de manobra que permitiam efetuar uma segunda volta melhor do que a primeira. Das duas derrotas registadas até agora, Jorge Jesus tem culpas diretas na perda dos três pontos. Há um padrão que se vem revelando ao longo da era de Jorge Jesus: o treinador encarnado muito raramente toma as melhores opções durante o decorrer dos jogos (principalmente dos jogos de dificuldade média/elevada). Perante as adversidades e resultados menos positivos no decorrer da partida, como foi o caso dos jogos frente ao SC Braga e frente ao Paços de Ferreira, Jorge Jesus opta sempre por retirar um homem do meio-campo e colocar (mais) um avançado.
Em Braga, com o marcador empatado (1-1) , o treinador português, ao minuto 62, decidiu tirar Samaris e colocar Jonas, obrigando Enzo Pérez jogar como trinco e Talisca no apoio aos avançados. A aposta revelou-se catastrófica: o Benfica perdeu o controlo do meio-campo, ofereceu espaço a Tiba e a Rúben Micael para colocarem a bola nos rapidíssimos alas bracarenses, perdeu toda a ligação ente setores e sofreu justamente o segundo golo da partida, alcançado por Salvador Agra, que ditou a vitória do SC Braga. Na retina ficou que, mesmo com dois avançados em campo e Talisca no apoio, a bola nunca chegou junto dos homens da frente, e o Benfica não teve habilidade para construir jogadas de perigo (exceção para o último lance da partida, onde Matheus foi protagonista).
Jorge Jesus continua a cometer o mesmo erro Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Em Paços, tal como em Braga, com a partida empatada a zeros, Jorge Jesus decidiu arriscar tudo retirando novamente Samaris de campo e colocando Derley (82’). O Benfica passou a jogar com três avançados (Jonas, Lima e Derley) e sem nenhum homem no meio-campo de cariz defensiva. À imagem do jogo da “pedreira”, os encarnados deixaram de ter equilíbrio e nunca mais foram uma equipa com personalidade. Pelo contrário, sem ninguém com capacidade para construir de forma criativa os lances de ataque, o Benfica foi uma presa fácil para a organizada equipa pacense. O golo da vitória, alcançado por Sérgio Oliveira na marcação de uma grande penalidade, premiou a paciência e o espírito coletivo da equipa comandada por Paulo Fonseca.
Perante isto, é legítimo questionar o porquê de Jorge Jesus insistir em oferecer, literalmente, o meio-campo ao adversário em situações como as de Braga e de Paços de Ferreira. Ter dois ou três avançados na área nunca significou uma grande eficácia ou percentagem de golos. Sempre que o treinador benfiquista recorre a este tipo de solução, os encarnados mudam a sua identidade, a sua forma de jogar, tornam-se previsíveis e, logicamente, a dificuldade para fazer um golo aumenta exponencialmente. Pior: nas duas situações demonstradas, o Benfica não só não conquistou os três pontos como ainda deixou fugir um, relativo ao empate. Ainda diz o ditado que “quem não arrisca não petisca”…
Neste momento, as águias podiam ter mais sete, nove, dez ou treze pontos do que o FC Porto. Mas é importante não esquecer que se o Benfica tem mais seis pontos do que o segundo classificado, em tudo o deve ao seu treinador. Jorge Jesus é um dos melhores treinadores do mundo… só não o é em tudo.
Nada mais, nada menos do que 15,75 milhões de euros. Foi esse o encaixe financeiro que o Benfica fez recentemente com Bernardo Silva e que, à primeira vista, se assume como uma fantástico valor proveniente da transferência de um jogador que apenas fez três jogos oficiais pela equipa principal do Benfica.
Ainda assim, e ao contrário do que se diz em tanta coisa no desporto-rei, o futebol não é apenas o momento, e a verdade é que o Mónaco não terá investido apenas naquilo que Bernardo Silva pode oferecer neste momento, mas, acima de tudo, naquilo que o internacional sub-21 português poderá oferecer futuramente em termos de retorno desportivo e financeiro. E isso, em condições normais, pagará largamente estes 15,75 milhões de euros.
Explosão tardia
Bernardo Mota Veiga de Carvalho e Silva nasceu a 10 de Agosto de 1994, em Lisboa, e é um produto das escolas do Benfica, clube que representou ininterruptamente entre 2002/03 e 2013/14, que é como quem diz desde os escolinhas até ao futebol sénior.
No espectro encarnado, o médio-ofensivo foi sempre visto como um enorme talento, mas a sua estrutura franzina acabou por travar um impacto mais imediato, sendo que a verdadeira explosão do internacional sub-21 português deu-se precisamente em 2012/13, no seu último ano de juniores, quando fez 19 golos em 36 jogos e assumiu-se como o principal criativo e motor de uma equipa que foi campeã nacional sob o comando de João Tralhão.
Adaptou-se muito bem à Ligue 1
No rescaldo dessa excelente temporada nos juniores encarnados, foi com naturalidade que Bernardo Silva deu o salto para o Benfica B, onde, em 2013/14, confirmou todo o seu talento, somando 38 jogos e 7 golos na Segunda Liga e garantindo inclusivamente a chamada à selecção nacional de sub-21, onde rapidamente se tornou uma das figuras.
Ao mesmo tempo, foi merecendo algumas (poucas) oportunidades de Jorge Jesus na equipa principal do Benfica, onde fez apenas três partidas oficiais, e sempre como suplente utilizado, também naturalmente prejudicado pelo facto de o habitual esquema do técnico de 60 anos não contemplar a presença de um “dez” puro como é Bernardo Silva.
Nesse seguimento, foi sem grande surpresa que o jovem de 20 anos foi este Verão emprestado ao Mónaco, sendo que o internacional luso nem começou a actual temporada como titular, mas calmamente foi ganhando o seu espaço nas contas de Leonardo Jardim, isto ao ponto de já somar 21 jogos (14 como titular) e 3 golos no emblema do Principado, merecendo ainda o tal avultado investimento na sua contratação.
Um predestinado que pode almejar a ser dos melhores do Mundo
O futebol de Bernardo Silva transporta-nos para paragens temporais longínquas, uma vez que o internacional sub-21 português apresenta um estilo de jogo de um “dez” mágico – e focado, acima de tudo, na criação –, que muitos defendem que está extinto no futebol moderno, mas que poucos, como o jogador do Mónaco, teimam em provar o contrário.
Afinal, o jovem luso tem tudo aquilo que se exige ao tal “dez” clássico, apresentando uma assombrosa técnica individual, uma aceleração e condução com bola que, por vezes, faz lembrar Lionel Messi, excelente qualidade de passe, superior visão de jogo e uma finalização bastante competente.
Ainda assim, perante as exigências do futebol moderno, é necessário que Bernardo Silva evolua em alguns aspectos do jogo para atingir um patamar de excelência que o aproxime do leque onde se encontram os melhores do Mundo, nomeadamente no capítulo da recuperação defensiva e da gestão dos momentos de jogo, isto sem esquecer que o jovem deveria ganhar um pouco mais de físico.
De sublinhar, por fim, que tal como Leonardo Jardim chegou a colocá-lo ao longo desta temporada, Bernardo Silva também se adapta a jogar encostado à direita, ainda que, actuando nessa posição específica, rapidamente se perceba que o internacional sub-21 português procura imediatamente as zonas centrais do terreno, acabando por assumir-se como um falso extremo, sempre a procurar as zonas de criação que, afinal, é o seu habitat natural.