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Carta Aberta a: Luís Filipe Vieira

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Luís Filipe Vieira,

Escrevo-lhe após ter recebido a triste notícia da venda de Bernardo Silva, em definitivo, ao Mónaco por 15 milhões de euros. Escrevo-lhe com tristeza, amargura e raiva. Sentimentos que grande parte da família benfiquista partilha neste momento comigo.

Foram anos e anos a ouvir os adeptos do Sporting a dizer que tinham a melhor formação do mundo, a enxergarem-nos os ouvidos com nomes como Luís Figo e Cristiano Ronaldo. Diziam que nunca os íamos apanhar. A verdade era que cada benfiquista bem lá no fundo sempre invejou esta produção nacional de talento do Sporting, mas nunca ninguém ousou admiti-lo. Os anos avançaram e academia do Benfica evoluiu, e o senhor teve a lata de vir a público dizer que dentro de alguns anos viríamos a ter um plantel principal baseado na formação do Sport Lisboa e Benfica. A nossa academia melhorou ao ponto de os nossos meninos chegarem à final da Youth Cup. Chegamos ao ponto de estarmos taco a taco com o Sporting no que diz respeito aos jogadores que actuam nas fileiras das selecções de sub-20 e de sub-21. Crescemos e formámos grandes jogadores. Mas para quê?

Bernardo Silva, mais um talento da formação ignorado pelo Benfica... Fonte: Facebook de Bernardo Silva
Bernardo Silva, mais um talento da formação ignorado pelo Benfica…
Fonte: Facebook de Bernardo Silva

Eu quero ganhar, quero ir ao Marquês e não sou fundamentalista ao ponto de achar que o Benfica tem o poderio económico de um Chelsea ou de um Paris Saint-Germain para conseguir manter as pérolas durante toda a sua carreira. Não, o Benfica não é assim. Mas deixar sair estas pérolas tão novas? Com tanto ainda para dar ao clube? E atenção que estes não são jogadores quaisquer. Não são jogadores que vêm de fora, fazem uma brilhante época no Benfica e se vão embora apenas levando o Benfica na memória. Não! E o senhor, como presidente, deveria saber isto melhor do que eu: estes meninos sentem a camisola, amam-na, vivem-na como poucos o fazem. E se há coisa que falta ao Benfica de hoje são jogadores que sintam o peso do manto encarnado, que conheçam as nossas tradições e que vivam o seu dia-a-dia de águia ao peito. Estes jogadores não levam o Benfica na memória, levam o Benfica no coração, um coração certamente triste por não ter tido mais oportunidades de envergar a camisola encarnada. Um coração que iria ser sempre triste porque sentiria que poderia dar sempre mais pelo seu clube do coração.

Sou jovem e talvez seja burro, utopista e sonhador quando digo que em tempos sonhei com um onze do Benfica em que actuavam jogadores promissores como Mika, Nelson Oliveira, André Gomes, Bernardo Silva, João Cancelo… Pura utopia, puro irrealismo de um jovem ingénuo que não conseguiu ver além do amor a um clube. Neste momento duvido de tudo e começo a sentir pena de jovens talentos como Gonçalo Guedes, João Teixeira, Rui Fonte ou Fábio Cardoso, que provavelmente serão apenas a cara de uma promessa falsa: a promessa de um Benfica baseado na formação.

Sr. Presidente, digo-lhe que me contive durante carta para não o denominar por todos os nomes da gíria que me vêm neste momento à cabeça para descrever o seu comportamento e atitude para com a família benfiquista, para com estes jovens que têm ambição de chegar à equipa principal e acima de tudo para com o que são os princípios deste clube. “E PLURIBUS UNUM” não é uma verdade com uma política de formação e gestão como a sua.

(P.S.: Adeus, Bernardo. Um adeus comovido e triste. Que nunca esqueças que esta é a tua casa e que um dia te volte a ver de manto encarnado sobre os ombros e emblema de águia ao peito).

 

Foto de Capa: Facebook Oficial do Sport Lisboa e Benfica

De falta de vassouras está o futebol cheio

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A semana transacta trouxe ao futebol português – mais do que uma típica jornada de campeonato e de Taça da Liga onde os grandes se impuseram com naturalidade – a gala do centenário da Federação Portuguesa de Futebol, em que, na última quarta-feira, diversas personalidades ligadas ao futebol nacional e internacional foram distinguidas no Casino Estoril, em Lisboa.

Aquela noite trazia, por isso, diversos motivos de interesse, entre os quais as presenças ilustres de ex-jogadores como Figo, Rui Costa, Fernando Couto, Chalana, Vítor Baía ou João Vieira Pinto; de altos dirigentes como Joseph Blatter e Michel Platini; e de treinadores como José Mourinho ou o actual selecionador nacional, Fernando Santos. É, por isso, fácil de constatar que, no passado dia 14, se assistiu a uma verdadeira parada de estrelas em Cascais, onde, à margem da conferência Football Talks, se consagraram as maiores personalidades ligadas ao futebol em Portugal. Por isso, era muito aguardada a atribuição de certos prémios, tais como a eleição do “onze histórico”, do “onze contemporâneo” ou do “onze do século”, sem nunca esquecer as nomeações para treinador e jogador do século da FPF. Entre os principais “vencedores” da noite, destacaram-se Cristiano Ronaldo, com a distinção como melhor jogador do século, e José Mourinho, eleito treinador do século para a Federação Portuguesa de Futebol. Entre o onze do século, as presenças de Vítor Baía, Fernando Couto, Germano, Humberto Coelho, Ricardo Carvalho, Coluna, Figo, Rui Costa, Cristiano Ronaldo, Eusébio e Futre são sinónimo de qualidade e sobretudo de orgulho para um país que, apesar de nunca ter vencido nada em termos de selecção A, tem dado a Portugal e ao mundo jogadores repletos de talento.

Ainda assim, e como acontece em quase todos os eventos deste género (basta relembrar o espectáculo que é feito aquando da gala para a eleição do Bola de Ouro), a polémica acabou por também marcar presença. E isso porque, tal como acontece frequentemente nestes eventos, há sempre quem critique a vitória de um determinado jogador ou treinador, enquanto há outros que criticam quem se esquece de uma ou outra homenagem a uma personalidade que, segundo eles, merecia ter sido destacada nessa gala. Depois das quatro vitórias consecutivas de Lionel Messi, que geraram críticas por parte dos fãs de Ronaldo, e das três vitórias de Cristiano, que geraram críticas por parte dos fãs de Messi, desta vez foi a Federação Portuguesa de Futebol que “levou por tabela”. E tudo porque, segundo o FC Porto, dois nomes não foram destacados no Estoril: José Maria Pedroto e Jorge Nuno Pinto da Costa.

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A conferência Football Talks foi um dos eventos organizados pela FPF no âmbito do seu 100º aniversário
Fonte: fpf.pt

Bom, de forma breve, os portistas queixaram-se do “lamentável esquecimento” da FPF, não só por ter passado ao lado de homenagear o dirigente mais titulado da história do futebol mundial mas também pela “incompreensível e inaceitável ausência de qualquer referência a José Maria Pedroto”, o primeiro treinador a “conquistar um título internacional para a Federação, bem como pelas barreiras que ajudou a derrubar no futebol português”. Assim, de forma incisiva e crítica, o FC Porto decidiu insurgir-se contra a Federação Portuguesa de Futebol, abrindo uma frente de ataque que não é de agora relativamente a Fernando Gomes.

Para quem, como eu, viu enquanto espectador e analista a gala da FPF e o comunicado do FC Porto, apetece dizer que toda esta situação dá vontade de rir. Digo-o porque, como em tantas outras ocasiões, a razão está dos dois lados e simultaneamente não está em nenhum. E a explicação para tal acontecimento é simples: tal como sucede nas galas de atribuição de prémios a jogadores ou treinadores, também eu não concordei com algumas presenças e esquecimentos de jogadores e dirigentes na cerimónia da Federação Portuguesa de Futebol. Para mim, que só comecei a gostar de futebol de forma apaixonada a partir da entrada do novo século, não ver o nome de João Vieira Pinto no onze do século é absolutamente ridículo. Tal como, na minha opinião, não faz sentido que um árbitro como Pedro Proença – que não apita há mais de dois meses no campeonato português sem razão justificativa (aparentemente “amuou” por não ter apitado a final do Mundial de Clubes) – seja nomeado melhor árbitro do século para a Federação Portuguesa de Futebol. Mas, como tudo na vida, isto são apenas opiniões que podem ser ou não aceites consoante os gostos pessoais.

Mas, voltando ao princípio, e tal como já referi, o FC Porto tem, de facto, na minha opinião, razões de queixa. Não em relação a Pedroto – com todo o respeito que me merece o saudoso “Zé do Boné” – até porque o ex-técnico acabou por ficar em segundo lugar na nomeação para treinador do século. Agora, relativamente a Pinto da Costa, a minha opinião é bem distinta. De facto, com tantos campeonatos nacionais, Taças de Portugal, Supertaças, Ligas dos Campeões, Taça UEFA, Liga Europa e Intercontinentais, não existem adjectivos suficientes para ilustrar o que tem sido o percurso de Pinto da Costa no FC Porto, a importância deste para o futebol português e, por conseguinte, o esquecimento que teve na Federação Portuguesa de Futebol. Bem sei que o argumento utilizado por alguns puristas foi o de nenhum dirigente ter sido premiado. Bom, o facto é que, ao longo dos últimos trinta anos, por entre os erros que cometeu e os títulos que ganhou, penso que Pinto da Costa, salvo melhor opinião, merecia lugar de destaque numa gala como a que tivemos na passada quarta-feira.

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O golo de Kelvin diante do Benfica ficou para a história
Fonte: Página de Facebook de Kelvin

Contudo, e como disse anteriormente, o FC Porto também não tem toda a razão do mundo quando se fala de distinções. E, para sustentar a minha opinião, basta olhar para o museu do clube e para o tão divulgado “Espaço K”. Por mais estranheza que possa causar, naquele que é um dos lugares mais especiais do clube – pois lá se encontram presentes as grandes memórias e vitórias do passado – é homenageado um jogador, de seu nome Kelvin, cuja “única” coisa feita no clube foi ter marcado um golo decisivo ao Benfica, ao minuto 92. Caro leitor, não estou com isto a ser, como se diz na minha terra, “pobre e mal agradecido” pelo que fez o avançado brasileiro. Aliás, se calhar o golo de Kelvin foi aquele que mais festejei no Dragão desde o célebre dia 16 de Novembro de 2003, a data em que o palco das emoções foi inaugurado. Mas, para alguém que já viu tantos jogadores de classe com a camisola portista, desde Baía e Helton, passando por Danilo, Pepe, Ricardo Carvalho, Bruno Alves, Jorge Costa, Fernando, Lucho, Deco, Moutinho, James, Lisandro, Hulk ou Falcao, ver Kelvin a ser distinguido no museu do clube com um lugar só seu não faz sentido.

Bem sei que muito provavelmente irei, depois deste texto, ser atacado por muitos companheiros de sofrimento pelo clube. Bem sei que esta é uma cruzada onde possivelmente “luto” sozinho. Mas, caro leitor, apesar de reconhecer que o futebol é feito de momentos, não vejo o porquê de o clube não ter no seu museu um espaço “D”, que pudesse distinguir a memorável exibição de Derlei na vitória em Sevilha, contra o Celtic; um espaço “D”, que distinguisse a exibição de Deco, em Gelsenkirchen, na final contra o Mónaco; ou um espaço “F”, que homenageasse os 17 golos da autoria de Falcao na gloriosa campanha na Liga Europa culminada com a vitória, em 2011. O problema é que, infelizmente, o Celtic, o Mónaco ou o Sp. Braga não têm o peso simbólico que o Benfica tem para a esmagadora maioria dos dirigentes e adeptos do FC Porto. Para mim, que opto por ignorar rivalidades baseadas no ódio (ressalve-se, com culpas de ambas as partes), é preferível ter na memória outros “espaços”, como o que se pode ver no museu. Só que nos meus perduram jogadores que foram mais do que simples protagonistas de um momento. Nos meus estão jogadores que marcaram uma era e marcaram o clube.

São prioridades, pois claro. O futebol português é mesmo isto. E se calhar é por isso que precisa tanto de vassouras.

Foto de capa: fpf.pt

Olheiro BnR – Iuri Medeiros

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Um dos jogadores que se arrisca a ser uma das agradáveis surpresas desta segunda metade da Primeira Liga é o jovem atacante Iuri Medeiros, futebolista que o Sporting acaba de emprestar ao Arouca, para que possa prosseguir o seu trajecto evolutivo num patamar competitivo superior àquele que vinha encontrando na Segunda Liga.

Trata-se de um jogador nascido a 10 de Julho de 1994, na Horta, arquipélago dos Açores, mas que cedo chegou às camadas jovens do Sporting, onde foi progredindo desde os infantis, apresentando sempre um enorme talento individual e a promessa de poder vir a ser uma enorme mais-valia futura para o emblema verde-e-branco.

Nos seniores desde os 18 anos

Aliás, foi mesmo sem grande surpresa que Iuri Medeiros chegou ao futebol sénior logo em 2012/13, pouco depois de ter feito 18 anos, tendo somado dez jogos nessa temporada ao serviço da equipa B do Sporting (então treinada por José Dominguez).

Ainda assim, foi a partir da temporada seguinte, já sob o comando de Abel Ferreira, que o atacante começou a ganhar maior preponderância na equipa secundária verde-e-branca, somando um total de 39 jogos e 10 golos, a que se seguiram mais 18 jogos e 2 golos na primeira metade da actual campanha.

Perante este já longo período de tempo no Sporting B e no menos exigente patamar competitivo da Segunda Liga, não surpreendeu que Iuri Medeiros acabasse emprestado a um clube da Primeira Liga nesta reabertura de mercado, isto numa decisão que, na minha opinião, peca por surgir com seis meses de atraso, uma vez que estava claro que o jovem internacional sub-21 português já devia ter dado esse salto no último Verão.

Extremo ou médio-ofensivo com grande talento individual

Falar de Iuri Medeiros é falar de uma grande promessa do Sporting, sendo que, em termos de talento puro, estamos inclusivamente perante um jogador que está acima de futebolistas que já deram o salto definitivo para o plantel principal, como Carlos Mané, ou outros que têm merecido mais oportunidades do que o próprio açoriano, como é o caso de Ricardo Esgaio.

Rápido, explosivo, com visão de jogo e um pé esquerdo fantástico, Iuri Medeiros é muito perigoso a actuar a partir do flanco canhoto, como extremo, uma vez que, nessa posição, o internacional sub-21 português consegue tanto procurar a linha, num contexto mais puro de um ala, como flectir inúmeras vezes para o centro, onde a sua capacidade técnica faz estragos, seja ao nível de um desequilíbrio individual, através de um passe de rotura ou aplicando um remate de meia distância.

Ainda assim, nos últimos tempos, no Sporting B, o jovem de 20 anos vinha actuando com maior regularidade na posição de médio-ofensivo central (vulgo “dez”), onde também consegue deixar claramente a marca das suas qualidades, ainda que de uma forma menos explosiva e mais cerebral.

Precisa de mais intensidade e consistência exibicional

Certo, de qualquer maneira, é que há ainda algumas arestas para limar em Iuri Medeiros. Precisa, nomeadamente, de ganhar um pouco mais de intensidade de jogo e de tornar-se mais consistente nas suas actuações.

Nesse âmbito, o salto para o Arouca e para uma realidade competitiva mais exigente e desafiadora, como é a da Primeira Liga, poderá ser decisiva nessa necessária evolução do jovem talento leonino.

Aliás, basta perceber o que sucedeu na temporada transacta com João Mário, que, depois de parecer algo estagnado na equipa B dos leões, soube aproveitar os seis meses de empréstimo ao Vitória de Setúbal para regressar ao Sporting pela porta grande. Será esse, afinal, o desafio para Iuri Medeiros.

Foto de Capa: Página de Facebook do Sporting CP

In Wenger (can) we (finally) trust(?)

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cab premier league liga inglesa

A 21 de Dezembro de 2014 disputava-se um dos imensos clássicos do futebol inglês. O Arsenal ambicionava dar a volta à época na deslocação a Anfield Road, procurando vincar o bom momento de forma com uma vitória que, a acontecer, seria a terceira consecutiva em duelos complicados, depois de ter ido à Turquia derrotar o Galatasaray por 4-1 e de ter vencido o Newcastle em casa pelo mesmo resultado.

Talvez pela confiança trazida dos jogos anteriores, a equipa reagiu bem ao golo de Philippe Coutinho que inaugurou o marcador e respondeu logo a seguir com o empate. Mais tarde, aos 64, Giroud marcava e punha os gunners em vantagem, anulada aos 90+7 por Martin Skrtel, que fixou o resultado final.

Ao contrário do que o resultado diz, o jogo não foi assim tão bom e as equipas fizeram jus às classificações do meio da tabela que, perplexamente (relativamente aos objectivos fixados no início da época), ocupavam. Porém, o Liverpool fez muito mais do que o Arsenal, e talvez merecesse, do ponto de vista de oportunidades criadas, sair vencedor. Os gunners jogaram sempre com linhas baixas, e não tiveram muita oportunidades para visar a baliza dos reds – que efectuaram 24 remates contra… 5 (!) do Arsenal.

Foi nesse encontro que ficou comprovada a eficácia da estratégia do novo Arsenal – acabaram-se os rodriguinhos e o romanticismo, Wenger opta agora pelo pragmatismo e põe a equipa a jogar de forma cínica, aproveitando as oportunidades que lhe vão surgindo, embrulhando adversários numa teia posicional eficiente, ocupada por jogadores aprimorados neste aspecto e que antigamente “só” espalhavam talento com a bola no pé – casos mais evidentes de Santi Cazorla e, ainda mais evidente, de Alex Oxlade-Chamberlain.

O espanhol e o britânico sabem agora sair com critério e compensar eventuais subidas dos laterais ou mesmo dos seus parceiros de meio-campo (no caso de Santi Cazorla). Tornaram-se tacticamente inteligentes, e o mérito, aí, tem de ser dado a Arséne Wenger, que conseguiu moldar as mentes e a forma de jogar de duas vedetas que, apesar de jovens, podiam sentir-se com pouco por demonstrar ao mundo do futebol.

Cazorla
Cazorla, uma das indispensáveis ferramentas do pragmatismo imposto por Wenger
Fonte: Facebook do Arsenal

Foi aí (e também no uso de Coquelin como pivô defensivo) que esteve a chave do sucesso conseguido este fim-de-semana, no Etihad, onde o Arsenal foi vencer por 2-0. Um resultado enorme, dado que não se verificava um desnível tão grande no “placard” de jogos do Manchester City em casa desde Outubro de 2010, e ainda pelo facto de os citizens, caracterizados pelo seu respeitável poder ofensivo (Agüero, Dzeko, Jovetic, Jesus Navas e David Silva metem medo a qualquer defesa), terem ficado em branco no seu próprio reduto.

A primeira parte revelou uma equipa muitíssimo coesa, como há muito os seus adeptos não viam, deixando ficar bem vincado o acerto de Wenger na mudança de estratégia para o seu Arsenal. O resultado ditava 1-0 para os gunners, o número (total, sublinhe-se) de remates do City era… zero! Depois, os skyblue apertaram, como seria de esperar. Puseram a carne toda no assador, mas não foram além de 8 remates, com o Arsenal a controlar, com mestria, o campeão em título.

O Arsenal cresceu. Não deixou de ter imaginação na frente (há Alexis Sánchez e Özil prontinho a sair do banco), e conta com uma maturidade táctica há muito tempo procurada e que reduz o desgaste dos seus jogadores em termos físicos (os mais imaginativos estão menos expostos a entradas agressivas e o desgaste, sem bola e em bloco, é menor), um problema gravíssimo que já se julgava crónico na formação londrina.

É prematuro dizer se os gunners são ou não candidatos ao título, até porque distam 13 pontos do primeiro lugar, mas ao derrotarem o campeão (e desde 2002 que não derrotavam o campeão na sua casa) já tiveram uma palavra decisiva na discussão do topo da tabela (o City, segundo, ficou a 5 pontos do primeiro classificado, Chelsea, e arrisca-se a ficar a 8 no próximo fim-de-semana, com a deslocação a Stamford Bridge) e alimentaram a ilusão de uns adeptos que sempre foram… pacientes (“In Wenger We Trust”, escreveu-se nas bancadas do Emirates enquanto se jejuava de títulos há quase uma década).

Foto de Capa: Facebook do Arsenal

CAN’2015: Grupo D, três candidatos para dois lugares

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Recorda a antevisão do grupo A

Recorda a antevisão do grupo B

Recorda a antevisão do grupo C

Com Costa do Marfim e Camarões mas sem Drogba e Eto’o, o Grupo D poderá não ter a mística desejada, mas não será por aí que terá menos espectáculo. Os franco-malianos têm sempre algo a dizer neste grupo, e a Guiné-Conacri espera por uma (ou mais) escorregadela(s) dos seus adversários.

Costa do Marfim – Les Eléphants

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Yaya Touré, o principal destaque da Costa do Marfim e da CAN
Fonte: Alejandro Rázuri (Flickr)

Com uma das belas gerações africanas a “dar as últimas”, a Costa do Marfim apresenta-se na CAN’2015 de cara bem lavada. Deixamos de ver os trintões Didier Drogba, Eboué, Romaric, Zokora, Guy Demel, Arthur Boka, Sol Bamba, Arouna Koné e companhia, aparecendo novos valores de qualidade interessante mas comparativamente inferior às estrelas acima nomeadas. Mesmo sem alguns dos mais velhos desta geração, ainda fazem parte do grupo jogadores excepcionais e de qualidade mundial que podem oferecer a esta Costa do Marfim a qualidade necessária a chegarem longe na prova.

A “Geração de Ouro” ainda não foi renovada, mas a vontade dos jogadores que restam dela em conquistar finalmente algum troféu pode fazer com que a equipa se una de uma vez por todas – não é apanágio deste grupo ser muito unido – poderá contribuir como um forte elemento motivacional, já que alguns desses jogadores fazem na Guiné-Equatorial a sua última CAN.

Será esse o grande desafio do seleccionador francês Hervé Renard, o de conseguir lidar com um dos balneários mais complexos do futebol mundial, com egos muitas vezes incompatíveis mas que têm de pensar e sentir o futebol do país em uníssono. Com 46 anos e uma conquista da edição de 2012 da CAN, ao serviço da Zâmbia, o jovem treinador conta já com alguma experiência sobre o futebol africano, tendo passado pelo comando de Angola e do USM Alger, sendo mesmo considerado um dos melhores a actuar no continente.

O destaque individual nesta equipa não podia ser mais óbvio, vai para o Melhor Jogador Africano dos últimos anos, e um dos melhores jogadores do mundo da actualidade: Yaya Touré. Formado no ASEC Mimosas e com mais de 14 títulos, em especial nos dois últimos clubes da carreira, o Barcelona e o Manchester City, Yaya Touré é um dos médios-centro mais completos do futebol moderno, exímio em misturar qualidade defensiva com ofensiva. Infelizmente para ele, já ultrapassou a barreira dos 30 anos, existindo a opinião nalguns especialistas sobre o declínio das suas performances.

Com Yaya Touré na equipa, outras estrelas como Gervinho, Wilfried Bony e Serge Aurier, quase que se ofuscavam, não fossem elas, também, bem brilhantes.

1. Boubacar Barry (Lokeren) – GR
2. Ousmane Viera (Çaykur Rizespor) – Def
3. Roger Assalé (TP Mazembe) – Méd
4. Kolo Touré (Liverpool) – Def
5. Siaka Tiéné (Montpellier) – Def
6. Cheick Doukouré (Metz) – Méd
7. Seydou Doumbia (CSKA Moscow) – Ava
8. Salomon Kalou (Hertha Berlin) – Ava
9. Cheick Tioté (Newcastle United) – Méd
10. Gervinho (Roma) – Ava
11. Junior Tallo (SC Bastia) – Ava
12. Wilfried Bony (Manchester City) – Ava
13. Jean-Daniel Akpa-Akpro (Toulouse) – Def
14. Ismaël Diomandé (Saint-Étienne) – Méd
15. Max Gradel (Saint-Étienne) – Méd
16. Sylvain Gbohouo (Séwé Sport) – GR
17. Serge Aurier (Paris Saint-Germain) – Def
18. Lacina Traoré (Monaco) – Ava
19. Yaya Toure (Manchester City) – Méd
20. Serey Die (Basel) – Méd
21. Eric Bertrand Bailly (Espanyol) – Def
22. Wilfrie Kanon (ADO Den Haag) – Def
23. Sayouba Mandé (Stabæk) – GR
                                                                                                                                           .
Mali – Les Aigles
Seydou Keita será o principal destaque do Mali
Fonte: Jake Brown (Flickr)
                                                                                                                                           .
À equipa nacional do Mali de futebol, quase que se podia chamar Selecção dos Amigos de Seydou Keita. Perdoem esta expressão, mas com o jogador a ir para a sua 7ª participação seguida em fases finais da CAN, o nome não podia ser mais adequado. Muitos nomes passaram nas convocatórias malianas para as CAN’s, desde 2002, mas apenas o nome de Seydou Keita se manteve regular, daí se poderá tirar uma noção do que ele é para a equipa, mas principalmente para o país.
                                                                                                                                          .
O Mali é outro dos países com grande influência francesa na sua metodologia de trabalho, não sendo de admirar uma forte ligação à escola de futebol daquele país. O próprio seleccionador, Henryk Kasperczak iniciou a sua carreira de treinador na França. Além da ligação do seleccionador polaco de 68 anos, existe ainda a curiosidade de Fousseini Diawara, Ousmane Coulibaly, Molla Wagué, Tongo Doumbia, Yacouba Sylla, Bakary Sako, Sigamary Diarra, os irmãos Yatabaré e Abdoulaye Diaby terem nascido na França! Um número bastante elevado que por um lado poderá enfraquecer o lado motivacional de se querer dar tudo pela bandeira nacional, mas que por outro permite aos jogadores terem sido formados num dos mais contextos de ensino de futebol mais profícuos.
                                                                                                                                           .
Com Seydou Keita ainda em tão bom nível, é difícil realçar outros jogadores. Mesmo com 35 anos, o médio-centro, continua com um nível de performances num campeonato de topo fantástico. A sua classe e capacidade táctico-estratégica, levam-no a um patamar que poucos conseguem com a sua idade. A experiência que o jogador foi adquirindo e absorvendo em diferentes equipas e campeonatos contribuíram para ele manifestar uma eficácia comportamental em campo, fora do normal. Alcançar quase 20 títulos colectivos na carreira, diz muito sobre a qualidade que o jogador (ainda) tem.

Contudo Seydou Keita não poderá lutar “sozinho contra o mundo”, pedindo o brilho em campo de outras estrelas como Bakary Sako e Modibo Maiga para Les Aigles chegarem longe na prova.

De notar por fim que da última vez que Kasperczak esteve ao leme da equipa, o Mali conquistou o terceiro lugar da CAN, aquando da sua organização, em 2002.

1. Germain Berthé (Onze Créateurs) – GR
2. Fousseni Diawara (Tours) – Def
3. Adama Tamboura (Randers) – Def
4. Salif Coulibaly (TP Mazembe) – Def
5. Idrissa Coulibaly (Hassania Agadir) – Def
6. Tongo Doumbia (Toulouse) – Méd
7. Mustapha Yatabaré (Trabzonspor) – Ava
8. Yacouba Sylla (Kayseri Erciyesspor) – Méd
9. Mohamed Traoré (Al-Merrikh) – Ava
10. Bakary Sako (Wolverhampton Wanderers) – Méd
11. Sigamary Diarra (Valenciennes) – Méd
12. Seydou Keita (Roma) – Méd
13. Ousmane Coulibaly (Platanias) – Def
14. Sambou Yatabaré (Guingamp) – Méd
15. Drissa Diakité (SC Bastia) – Def
16. Soumbeïla Diakité (Esteghlal Khuzestan) – GR
17. Mamoutou N’Diaye (Zulte Waregem) – Méd
18. Abdoulay Diaby (Mouscron-Péruwelz) – Ava
19. Mohamed Konate (Nahdat Berkane) – Def
20. Modibo Maïga (Metz) – Ava
21. Abdou Traoré (Girondins Bordeaux) – Méd
22. Abdoulaye Samaké (CO Bamako) – GR
23. Molla Wagué (Udinese) – Def
                                                                                                                                      .
Camarões – Les Lions Indomptables
Mbia conferirá algum músculo ao meio-campo dos Camarões Fonte: serioulsysilly (Flickr)
Mbia conferirá algum músculo ao meio-campo dos Camarões
Fonte: serioulsysilly (Flickr)
A passar por uma aguardada renovação, os Camarões apresentam-se mais como uma revolução. Não se podia começar por outro lado, já que sem Samuel Eto’o, o “marisco” é outro. E não será só Samuel Eto’o que não se verá vestido de verde e vermelho nesta edição da CAN’2015. Alex Song, Carlos Kameni, Joel Matip, André Bikey, Allen Nyom, Jean Makoun, Assou-Ekotto, Eric Matoukou foram outros nomes presentes em convocatórias dos últimos anos mas que poderão ter o futuro na selecção comprometido.
                                                                                                                                      .
A opção é aceite pela comunidade local, já que os Camarões falharam as duas últimas edições da CAN, e mesmo a presença no Mundial’2014 não foi muito bem conseguida. É assim natural que os nomes mais mediáticos mas que vão perdendo espaço a nível qualitativo comecem a dar espaço a outros valores promissores, alguns deles vindos do futebol local.
                                                                                                                                      .
Nesse seguimento, Volker Finke tem tido um trabalho muito admirado, em especial na identificação e remoção de “maçãs podres” do balneário. O técnico alemão de 66 anos terá ainda a responsabilidade de levar a equipa a patamares qualitativos atingidos por Roger Milla e companhia, nos anos 90’s. O espaço de manobra não será muito grande já que as performances do Mundial’2014 que o mesmo liderou não ajudam a que haja muita paciência caso as coisas corram mal.
                                                                                                                                      .
Sem terem uma referência internacional, contam com alguns jogadores de topo como N’Koulou, Aboubakar e Choupo-Moting. Contudo é Stephane Mbia o jogador que mais relevância lhe é atribuída. Os adeptos camaroneses esperam ainda mais deste jogador do que os adeptos do Sevilla esperam dele. Com 28 jogadores, o médio centro até conta com o seu irmão Franck Etoundi na convocatória o que poderá ajudar ainda mais a sentir-se confortável para as suas exibições. Mbia apareceu muito bem nos momentos decisivos da época passada no Sevilla, esperando-se que o mesmo volte a acontecer nesta CAN’2015.
                                                                                                                                       .
1. Guy N’dy Assembé (Nancy) – GR
2. Léonard Kweuke (Çaykur Rizespor) – Ava
3. Nicolas N’Koulou (Olympique Marseille) – Def
4. Raoul Loé (Osasuna) – Méd
5. Jérôme Guihoata (Valenciennes) – Def
6. Ambroise Oyongo (New York Red Bulls) – Def
7. Clinton N’Jie (Olympique Lyonnais) – Ava
8. Benjamin Moukandjo (Stade de Reims) – Ava
9. Frank Bagnack (Barcelona B) – Def
10. Vincent Aboubakar (Porto) – Ava
11. Edgar Salli (Académica) – Méd
12. Henri Bedimo (Olympique Lyonnais) – Def
13. Eric Maxim Choupo-Moting (Schalke 04) – Ava
14. Georges Mandjeck (Kayseri Erciyesspor) – Méd
15. Franck Etoundi (FC Zürich) – Ava
16. Fabrice Ondoa (Barcelona B) – GR
17. Stéphane Mbia (Sevilla) – Méd
18. Eyong Enoh (Standard Liège) – Méd
19. Cédric Djeugoué (Coton Sport) – Def
20. Franck Kom (Étoile du Sahel) – Méd
21. Aurélien Chedjou (Galatasaray) – Def
22. Patrick Ekeng (Córdoba) – Méd
23. Pierre Sylvain Abogo (Tonnerre Yaoundé) – GR
                                                                                                                                    .
Guiné-Conacri – Syli Nationale
                                                                            .
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                                                                                                                                    .
A Guiné-Conacri apresenta-se como a equipa teoricamente mais frágil deste Grupo D. Os seus jogadores não fazem parte das grandes equipas europeias ou, quando fazem, ainda não têm um papel importante nas mesmas.
                                                                                                                                    .
A essa falta de competitividade ao mais alto nível, junta-se a menor experiência dos seus jogadores que se apresentam com uma média de idades de apenas 24,4 anos. Por outro lado, essa mesma juventude poderá funcionar como um elemento motivacional para esses jovens jogadores tentarem mostrar as suas qualidade a todos os seguidores da CAN’2015.
                                                                                                                                    .
Para o comando da equipa, os guineenses contam com o francês Michel Dussuyer. Na sua terceira aparição como treinador dos Syli Nationale, Dussuyer de 55 anos, tentará voltar a levar a equipa aos quartos-de-final da prova, tal como aconteceu em 2004, na altura com Titi Camara, Fodé Mansaré, Souleymane Youla, Dianbobo Baldé e Pascal Feindouno.
                                                                                                                                    .
Hoje em dia, os jogadores são outros. A qualidade é mais potencial do que actual. Naby Keita, Mohamed Yattara, Abdoulayé Cissé e François Kamano prometem muito, mas ainda não atingiram o valor que se lhes adivinha. Daí as esperanças estão sobretudo depositadas em Ibrahima Traoré. O jogador actua na competitiva Bundesliga, ao serviço do Borussia Mönchengladbach. Trata-se de um extremo esquerdo driblador muito rápido e imprevisível, de 26 anos, que joga já há várias épocas no principal escalão alemão, tendo passagens por Hertha Berlim, Augsburg e Stuttgart antes de se mudar para o seu presente clube.
                                                                                                                                    .
1. Naby Yattara (Arles-Avignon) – GR
2. Mohamed Yattara (Olympique Lyonnais) – Ava
3. Issiaga Sylla (Toulouse) – Def
4. Florentin Pogba (Saint-Étienne) – Def
5. Fodé Camara (Horoya) – Def
6. Kamil Zayatte (Sheffield Wednesday) – Def
7. Abdoul Camara (Angers) – Ava
8. Ibrahima Traoré (Borussia Mönchengladbach) – Ava
9. Guy-Michel Landel (Orduspor) – Méd
10. Kévin Constant (Trabzonspor) – Méd
11. Idrissa Sylla (Zulte Waregem) – Ava
12. Ibrahima Conté (Anderlecht) – Méd
13. Abdoulaye Cissé (Angers) – Def
14. Lanfia Camara (KRC Mechelen) – Méd
15. Naby Keïta (Red Bull Salzburg) – Méd
16. Abdul Aziz Keita (Kaloum Star) – GR
17. Boubacar Fofana (Nacional) – Méd
18. Seydouba Soumah (Slovan Bratislava) – Ava
19. François Kamano (SC Bastia) – Ava
20. Baissama Sankoh (Guingamp) – Def
21. Mohammed Diarra (OB) – Def
22. Aboubacar Camara (UCAM Murcia) – GR
23. Djibril Tamsir Paye (Zulte Waregem) – Def

Que venham mais All-Stars – Conferência Este

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cab nba

Já se passaram alguns meses desde a última vez que escrevi. E muitos mais desde que o assunto foi os All-Stars. Felizmente, o desporto prossegue, o espetáculo nunca falta, a não ser que se fale dos Knicks e dos 76ers, e daqui a pouco mais de um mês teremos aquele que é o fim de semana mais mítico da NBA.

Este texto não será de todo para explicar como se processa; será, única e exclusivamente, para vos dizer quais são os atletas que, até agora, têm entrada garantida no cinco inicial de cada conferência, e aqueles que merecem bastante pelo menos estar presentes.

Infelizmente, não vão poder ser ditos por posições, e vou tentar adotar o mecanismo da NBA, dividindo o frontcourt do backcourt.

Backcourt:

Kyle Lowry – Em relação a Lowry, devo admitir que tenho receio. Os All-Stars dependem muito da popularidade, e o base dos Raptors tem vindo a fazer uma campanha soberba, principalmente desde que DeRozan se lesionou. É um autêntico capitão daquela que está no top 3 das equipas de Este.

John Wall – Para mim, e para muitos, presumo, está a ser o melhor base da conferência Este e um dos melhores da liga este ano. É explosivo, rapidíssimo e garante espetáculo todas as noites. Pelo menos até ao momento em que este texto foi escrito, é o jogador com mais duplos-duplos da liga – algo que não acontecia num base desde John Stockton (líder máximo de assistências da NBA). Aposta assegurada e, se tudo correr bem, irá mesmo ser titular.

: Não há base, na conferência Este, que mereça mais estar nos All-Stars do que John Wall Fonte: Ned Dishman/Getty Images
Não há base, na conferência Este, que mereça mais estar nos All-Stars do que John Wall
Fonte: Ned Dishman/Getty Images

Bases que podem, devem e provavelmente estarão em Nova Iorque:

Jeff Teague – Jeff Teague está a ser um dos maiores impulsionadores da equipa dos Hawks. É impressionante o que está a ser capaz de fazer com basicamente o mesmo plantel do ano passado (que acabou em oitavo na conferência, apesar de Al Horford ter estado lesionado). Merece estar nos All-Stars, mesmo que não seja a titular; merece mandar pelo menos um Alley-Oop.

Brandon Knight – Já muito badalado, e com aparições grande parte das vezes negativas no fim de semana mais festivo da NBA, o base dos Bucks está a ter uma época absolutamente fenomenal. Está a mostrar que o seu potencial sempre lá esteve e que estamos perante o base ideal à volta do qual a equipa se pode construir.

Derrick Rose – Como foi dito, os All Stars são, ao fim ao cabo, um concurso de popularidade, e depois do mediatismo em torno de Rose nos últimos três anos, o facto de ele ser o MVP mais novo de sempre e o facto de ele não estar a fazer uma época miserável e até estar, lentamente, a recuperar as qualidades que o tornaram um jogador temível, fazem-me crer que Rose possa defender Este nos All-Stars.

Kyrie IrvingUncle Drew! Kyrie Irving, MVP dos All-Stars do ano passado, tem de estar nos All-Stars. Contudo, não tem feito por merecer ser titular. É um jogador tremendo, tem um estilo de jogo ótimo para este tipo de evento (como se viu no ano passado) e, em princípio, estará por NYC em fevereiro.

Jimmy Butler – Temos agora outra adição dos Bulls. Agora a sério, quem é que imaginou que o Jimmy Butler, num plantel com Pau Gasol, Derrick Rose, Joakim Noah, Taj Gibson e mais uns quantos, iria liderar a equipa em pontos e seria, indiscutivelmente, o jogador que melhor tem jogado este ano? Pois bem, este escritor admite que mais rapidamente via o Dwight Howard a mandar seis triplos num jogo do que ver Jimmy “Buckets”, como alguns lhe chamam, um atleta soberbo que era capaz de jogar, defender e estar extremamente concentrado durante 48 minutos seguidos – algo que já aconteceu – tornar-se num jogador tão completo ofensivamente.

 FrontCourt:

LeBron James – Bem, o primeiro, perdoem-me, mas escuso de falar.

Pau Gasol – Quem diria? A sério, quem diria que, depois de épocas inteiras a ser desperdiçado em Los Angeles, o irmão mais velho da dupla Gasol ainda tinha tanto, mas tanto para dar a este fantástico desporto? A sua qualidade, julgo eu, nunca foi questionada. Contudo, ainda tinha assim tanto combustível no seu tanque? Pau Gasol sempre foi um jogador com uma técnica invejável e com um toque bastante belo. Mas por amor de Michael Jordan! Pau Gasol reergueu-se feito fénix para se tornar um jogador, aparentemente, ainda mais completo do que quando estava nos Lakers campeões.

Fonte: Gary Dineen/Getty Images Pau Gasol, a par do Jimmy Butler, tem sido o melhor dos Bulls
Pau Gasol, a par do Jimmy Butler, tem sido o melhor dos Bulls
Fonte: Gary Dineen/Getty Images

Paul Millsap – Julgo que Millsap não vai ser titular, embora o mereça. O extremo, que é capaz de jogar tanto na posição 3 como 4, está, segundo a NBA, no top 10 dos melhores jogadores deste ano, e isso não é mentira nenhuma. Juntamente com Teague, os Hawks estão a ser a equipa revelação do ano. Treinados por um treinador fantástico, num plantel sem batalhas de egos, Millsap só precisa de fazer aquilo que sempre soube fazer e, mesmo assim, tem feito ainda melhor. Um jogador fenomenal que tem sido este ano.

Carmelo Anthony – A única coisa boa que tem acontecido nos New York Knicks. Para além de ser já presença assídua nos All-Stars, Anthony, além de famoso, é um jogador bastante bom e completo. Está lesionado, se bem que ainda não se saiba se vai perder, ou não, a época toda.

Os últimos três poderiam ser, certamente, os titulares; entretanto, os próximos seriam, num mundo ideal, os mais merecedores.

Chris Bosh – Alguns jogos lesionado não apagam a boa época, estatisticamente falando, de Chris Bosh. Devo relembrar que os All-Stars não avaliam o estado da equipa; apesar da má época dos Miami Heat, Bosh está na mesma situação de Anthony. Espera-se que a má temporada que se está a assistir em Miami não apague a época individual de Bosh.

Kevin Love – Por muitos considerado o melhor extremo-poste da NBA, Love tem sido, na ausência de LeBron, a referência da equipa e, apesar de nem sempre ganhar, o grupo de Cleveland tem tido em Love um atleta extremamente talentoso e com características únicas. Os passes longos imediatamente após os ressaltos já são imagem de marca do número 0 dos Cavaliers e esses têm de ser vistos em Nova Iorque em fevereiro.

Al Horford – O poste da equipa de Atlanta tem feito uma época bastante interessante. Um pouco (bastante) ofuscado pela presença de um base que está a fazer a melhor época da sua vida, em Jeff Teague, Horford tem feito uma época que tem sido interessante ao ponto de considerar colocá-lo nesta lista. Titularíssimo na equipa, e depois de duas temporadas lesionado, o poste dos Hawks é uma das referências da equipa, que é liderada por Millsap e Teague.

O Greek Freak tem todas as ferramentas necessárias para brilhar em fevereiro Fonte: Getty Images
O Greek Freak tem todas as ferramentas necessárias para brilhar em fevereiro
Fonte: Getty Images

Giannis Antetokounmpo – O base, quer dizer, extremo, quer dizer, poste dos Bucks está a fazer uma época fantástica. Juntamente com Brandon Knight, o Greek Freak, como os fãs lhe chamam, já jogou em todas as posições e atacando o cesto há poucos jogadores que o conseguem parar. Tem uma capacidade atlética invejável e é certo que, aliando a sua envergadura e a sua rapidez, temos um jogador que pode receber inúmeros alley-oops, fazer imensos afundanços e até, quem sabe, defenda nos All-Stars. Sei que é difícil, mas podemos sempre sonhar.

Foto de capa: NBA All Stars 2015

Palestina: vencer o caos e a ocupação

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internacional cabeçalho

O dia 30 de Maio de 2014 ficará para sempre na memória dos palestinianos. A vitória na Taça Challenge da Confederação Asiática de Futebol (AFC), após um triunfo por 1-0 sobre as Filipinas, significou o primeiro troféu internacional do país. Dessa forma, a Palestina garantiu o inédito passaporte para a Taça AFC, a competição de selecções mais importante do continente. As ruas de Hebron, Ramallah e Gaza encheram-se de multidões eufóricas, um cenário infelizmente muito pouco comum para aqueles lados. Estávamos a pouco mais de um mês dos ataques israelitas à Faixa de Gaza – porção de terreno com uma área inferior à do concelho de Torres Vedras mas com a maior densidade populacional do mundo, onde 1,8 milhões de palestinianos vivem enclausurados – que, segundo as Nações Unidas, ao longo de sete semanas vitimariam 2192 árabes, 1523 dos quais civis. Israel registou 66 baixas, das quais apenas 6 não eram militares.

Na Taça AFC, a selecção treinada por Saeb Jendeya sabia que iria encontrar enormes dificuldades. O grupo não era fácil: o Japão é uma das equipas mais poderosas e bem-sucedidas do continente, e mesmo o Iraque e a Jordânia contam com presenças regulares na competição em disputa (os iraquianos venceram-na em 2007). Os dois primeiros resultados (derrota por 0-4 com o Japão e por 1-5 com a Jordânia) comprovaram na prática as mais do que evidentes lacunas da equipa.

mapa palestina
Israel e Palestina: desde os anos 40 que os israelitas têm ocupado território palestiniano, desrespeitando inclusive as resoluções da ONU
Fonte: barrybar (Flickr)

Porém, há motivos para os palestinianos olharem para a sua selecção com orgulho. Membro da FIFA apenas desde 1998, foi somente a partir de 2002 que a Palestina pôde começar a disputar a qualificação para os Mundiais. A pressão israelita junto dos centros decisórios do futebol terá tido influência: segundo Peto Kettlun, futebolista palestiniano de origem chilena, Israel enviou uma carta ao secretário-geral da FIFA sugerindo que seria mais oportuno que a Federação Palestina de Futebol funcionasse através da Associação Israelita de Futebol, coisa que acontece aqui com algumas autoridades e ministérios”. A simples presença na maior competição futebolística do continente pode ser, portanto, encarada como uma vitória.

A Palestina é, de resto, muito provavelmente a selecção mais flagelada do planeta. O boicote israelita é evidente. Para entender tudo isto é necessário lembrar que Israel domina militarmente a Cisjordânia, controlando quem entra e sai do território. Todos os dias, milhares de palestinianos que trabalham em Israel têm de esperar horas nos checkpoints antes de partirem para o emprego, passando novamente pelo mesmo processo quando regressam a casa. O desporto não usufrui de nenhum regime especial, pelo que os obstáculos ao desenvolvimento da prática desportiva se sucedem: em 2006, as autoridades israelitas não concederam vistos de saída aos jogadores palestinianos antes de um jogo com Singapura. Tanto a FIFA como a AFC recusaram o adiamento e, como resultado, a Palestina perdeu por 0-3 na secretaria; em 2009, três jogadores da selecção foram mortos num ataque israelita a Gaza, que vitimou cerca de 1400 pessoas; no mesmo ano, o defesa Mahmoud Sarsak foi preso por Israel sem ter direito a julgamento nem a acusações. O cativeiro durou três anos e só terminou devido à greve de fome do jogador, que o cegou parcialmente e o fez perder metade do seu peso; em 2011, quando a selecção regressava da Tailândia, os titulares Mohammed Samara e Majed Abusidu foram impedidos de entrar na Cisjordânia pelas autoridades israelitas, falhando assim a partida da segunda mão com os tailandeses. Tendo perdido por 0-1 no primeiro jogo, os palestinianos precisavam da vitória, pelo que a ausência forçada de dois dos seus elementos acabou por ter influência no empate a duas bolas. Como resultado, a Palestina ficou de fora da fase de grupos do continente asiático; em 2013, Israel impediu a entrada na Palestina a representantes da Federação de Futebol do Oeste Asiático, bem como a integrantes de várias equipas que iriam participar num torneio de sub-17; em 2014, soldados israelitas deram dez tiros no pé de um jovem futebolista palestiniano, e um tiro em cada pé num colega deste. Nenhum dos dois poderá voltar a fazer desporto; já em 2015, Israel proibiu uma comitiva da FIFA de entrar em Gaza para inspeccionar as infra-estruturas desportivas do país após os bombardeamentos do último Verão e avaliar a necessidade de eventuais apoios.

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Checkpoint na Cisjordânia: todos os palestinianos têm de perder horas em instalações semelhantes controladas por Israel para entrarem e saírem do território. Os futebolistas não são excepção
Fotos: Kashfi Halford (Flickr)

Que país poderá desenvolver o seu desporto, ou o que quer que seja, quando tem de enfrentar semelhantes sabotagens? O que pode um povo pobre fazer quando vive cercado, controlado e condenado ao desaparecimento por uma das maiores potências militares do mundo, que por sua vez conta com a conivência tácita da Europa e com o apoio (e financiamento) explícito dos EUA? Como é possível que Israel bombardeie um estádio de futebol por duas vezes, argumentando que o espaço era usado para lançar rockets contra o seu território? Poderemos ver aqui outra coisa que não seja a vontade de semear a destruição, o desespero e o caos? Mesmo vindo de um país que não hesita em bombardear escolas e hospitais não deixa de ser espantoso, assim como é espantoso o pouco eco que tudo isto recebe.

É por todos estes motivos que a presença da Palestina na Taça AFC deve ser vista com enorme satisfação por todos aqueles que se revoltam com as injustiças. Dizem-nos que não se deve juntar futebol e política, mas eles misturam-se todos os dias independentemente da nossa vontade. Nas palavras de Peto Kettlun, que acabou por ficar de fora da convocatória, disputar a maior competição asiática significa um prémio à resistência e ao apego que temos com as cores da bandeira da Palestina. Não é fácil viver aqui diante de uma ocupação militar, muito menos desenvolver uma actividade desportiva. Por isso, conseguir essa classificação para uma competição tão importante como a Taça da Ásia é algo que emociona todo o povo palestiniano”.

Seja devido às restrições de circulação impostas por Israel, seja devido à necessidade de jogadores com maior qualidade e experiência, a Federação Palestiniana tem promovido a chamada à equipa de vários atletas estrangeiros com raízes no país. Para além de Kettlun é também o caso de Javier Cohene, que alinhou no Paços de Ferreira e no Vitória de Setúbal. Paraguaio de nascimento, Cohene descobriu origens palestinianas na sua família e tornou-se cidadão do país. Estreou-se frente a Taiwan com um golo, mas não foi convocado para a Taça da Ásia. O Público e o Mais Futebol fizeram recentemente dois trabalhos interessantes sobre este caso. Contudo, Cohene demarca-se dos assuntos políticos. Ao contrário, figuras consagradas do futebol como Éric Cantona, Lilian Thuram, Abou Diaby e Frédéric Kanouté têm manifestado o seu apoio à causa palestiniana – no que diz respeito ao futebol e não só.

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Em 6 anos, Israel destruiu por duas vezes o Estádio de Gaza. Poderemos ver outra coisa que não uma sabotagem clara do desporto palestiniano?
Fonte: barrybar (Flickr)

À entrada para a última jornada da fase de grupos, a Palestina ainda não está matematicamente eliminada. Porém, as esperanças de seguir em frente são quase nulas. Para que tal acontecesse, a equipa teria de vencer o favorito Iraque por pelo menos 4-0, e ainda esperar que o Japão derrotasse a Jordânia. Missão praticamente impossível para uma equipa que sofreu nove golos em dois jogos. No entanto, mesmo com o jogo perdido, a carga simbólica do tão ansiado golo, que Jaka Ihbeisheh tornou realidade, já fez tudo valer a pena. A Palestina, nação martirizada, deixava para sempre a sua marca no palco mais importante do futebol asiático.

A selecção do Médio Oriente está hoje numa situação que pareceria impossível há apenas um ano. Para que a evolução continue e se solidifique, há que defrontar e aprender com os melhores. Contudo, a edificação de algo novo a partir do zero é infinitamente mais morosa do que a destruição instantânea que um novo ataque israelita provocará. E os palestinianos sabem-no. Com o espectro dos bombardeamentos e da destruição sempre presente, esta selecção continua a progredir aos poucos. Amanhã, mesmo em caso de eliminação, por uma vez os palestinianos terão razões para sorrir.

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Foto de capa: Nasya Bahfen (Flickr)

Créditos do vídeo: Daniel Veloso

Quase perfeito

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raçaquerer

A primeira volta que o Benfica realizou este ano, quando os arautos da desgraça prognosticavam uma época fraca, só pode ser classificada como muito boa, quase perfeita. Se jogos houve em que os jogadores não demonstraram “nota artística” e jogaram com o pragmatismo que um campeão também deve ter, noutras partidas a capacidade técnica dos melhores artistas do plantel veio ao de cima e proporcionou momentos de verdadeiro “futebol-espetáculo”, momentos esses a que os adeptos tanto se orgulham de assistir. Em Agosto, muitos benfiquistas, divididos entre a apreensão por a equipa ter perdido muitos jogadores importantes e o ânimo de partirem para uma nova temporada com as faixas de campeão, não acreditavam que o Benfica pudesse competir internamente com, por exemplo, o plantel do FC Porto, que tinha contratado bastantes reforços e partia, diziam muitos comentadores, em posição privilegiada para recuperar o título.

Depois de dez anos sem conseguir vencer na primeira jornada, o Benfica arrancou com uma vitória diante do Paços de Ferreira, o que poderia ser um presságio para o futuro. Seguiu-se uma difícil vitória no Bessa, num jogo onde Eliseu se lesionou com alguma gravidade, e deixou Jesus sem soluções para o lado esquerdo, uma vez que Sílvio também estava a recuperar de uma lesão. Depois do empate no dérbi, em que Artur ofereceu um ponto ao Sporting, seguiram-se vitórias sobre V.Setúbal, Moreirense, Estoril e Arouca, jogos onde Talisca despertou o seu instinto goleador e deixou a fasquia bem elevada para o resto da temporada.

Jonas já leva 12 golos marcados em 15 jogos Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Jonas já leva 12 golos marcados em 15 jogos
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

Uma derrota em Braga, na jornada 8, diminuiu os pontos de avanço na frente de quatro para um. Contudo, a equipa não tremeu e a partir daí só soube ganhar. A série vitoriosa vitoriosa começou com vitórias tangenciais com Rio Ave e Nacional e prolongou-se até à exibição de luxo na Madeira (4-0 ao Marítimo). A melhoria exibicional foi em parte justificada com a saída prematura das competições europeias, em finais de Novembro, o que deixou a equipa fisicamente mais preparada para os jogos da liga. Na 11ª ronda, o Benfica saiu de Coimbra com 3 pontos e começou aí a construir uma série de partidas sem sofrer golos, que, até agora, ainda não foi quebrada. Provado ficou que, quando Jorge Jesus prefere o sucesso do seu grupo de trabalho à teimosia, as coisas têm tendência a correr melhor, como se viu pela troca na baliza e pela inclusão de Jonas na frente de ataque, cuja qualidade é, como qualquer um vê, muito superior à de Derley.

Ainda se festejava a vitória no Dragão e já o Braga fazia história na Luz, onde nunca tinha ganho. Venceu 2-1 e afastou o Benfica da Taça de Portugal. Já só restava lutar pelo bicampeonato e por mais uma Taça da Liga. Um triunfo arrancado a ferros no último jogo do ano civil para a liga, diante do Gil Vicente, deu o mote para um mês de Janeiro onde, até ver, não se registaram pontos perdidos. Destaque-se ainda nesta primeira volta a capacidade do nosso treinador de potenciar jogadores, encontrar soluções, motivar a equipa. A raça de Maxi, o talento de Gaitán, a velocidade de Salvio, o trabalho de Lima, a liderança de Luisão, a classe de Talisca, o instinto goleador de Jonas foram peças-chave para a excelência com que ultrapassámos estas primeiras 17 batalhas.

Com 15 vitórias, um empate e uma derrota, esta é a melhor primeira volta desde há 30 anos, quando um estrondoso Benfica comandado por Eriksson tinha registado apenas um empate neste período. Não há nenhum clube por essa Europa fora que tenha uma percentagem de pontos conquistados tão grande como este Benfica de Jesus 2014/2015: 90,2 % dos pontos possíveis foram somados (46 em 51). Não nos deixemos deslumbrar quando dispomos de algum avanço, não não deixemos amedrontar se essa vantagem vier a ser reduzida. Trilhemos, por isso, o nosso caminho, sem sobressaltos, como na época passada, até ao Marquês. Vençamos cada batalha, colocando em campo a “Raça, Querer e Ambição” que nos caracteriza, para que no fim possamos dizer que ganhámos a guerra.

Vocês Sabem Lá

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diva de alvalade catarina

Uma e «picos» da tarde de sexta-feira. Estava eu no meio do meu mais novo e «piqueno» ritual de relaxamento – leia-se, método de tortura -, vulgarmente conhecido como RPM, mergulhada nos inúmeros pensamentos que me assolam quando estou em modo ‘repeat your mantra… Then, do it again’, quando me lembrei que tinha de me decidir sobre o tema desta primeira crónica, que hoje convosco partilho.

Não sou jornalista. Não escrevo como se fosse jornalista. Não tenho a mínima pretensão de o fazer. Não acho sequer a mais pequena piada à forma como a maioria dos jornalistas o fazem. Tendencialmente insípida, muitas vezes despicienda, quase sempre (absolutamente) desinteressante.

Contudo, e na senda do que, por vezes, aqueles esquecem ser a sua missão, há uma informação que aqui tenho de prestar, sem desvirtuar minimamente a realidade dos factos: o meu sangue é verde, mas tão verde que já me fez fazer coisas que o meu (inegável) bom senso nunca permitiria, noutras circunstâncias. Como, por exemplo, ver o meu Sporting aos quadradinhos, enclausurada numa espécie de jaula sita no lado negro da Segunda Circular.

Gosto mais do Sporting do que de quase tudo da vida. Recordo a primeira vez, no velhinho Alvalade, como poucas outras coisas que vivi em tão tenra idade. Nem sempre tive orgulho no meu Sporting – ou no que alguns quiseram fazer dele e com ele -, mas sempre tive orgulho do meu Sporting. Quando alguém – cuja identidade confesso desconhecer – se lembrou de fazer proliferar a expressão com que baptizei este texto, lembro-me de ter pensado, simplesmente, “é isto”. Não se explica, sente-se. Ponto. Nasce connosco, é inato, parte – essencial – da nossa identidade.

Nós não somos diferentes por afirmarmos a nossa diferença. Somos diferentes porque praticamos essa diferença. Em tudo na vida. Um Sportinguista distingue-se à distância, à vista desarmada. Não precisamos de nos papaguear aos sete ventos, quais galináceos que nem duas aves de rapina sabem distinguir. E não se iludam os que repetem, instintiva e repetitivamente, que “o Sporting somos nós”. Não somos: Ele é muito maior do que a soma de todos nós. É ele que faz a nossa diferença, é Ele o responsável pela orgulhosa altivez com que afirmamos «somos Sporting». É Ele que(m) está em nós e nos dá muito mais do que tudo aquilo que poderemos algum dia devolver-lhe (e sim, mesmo assim tentamos sempre devolver em dobro…).

No dia em que percebermos que não há título que valha uma identidade – ademais, uma que tanto nos enobrece -, perceberemos que, também no futebol, uma casa não se constrói a partir do telhado.

Tenho para mim que o entulho das ruínas que conhecemos no passado recente já foi limpo. É hora de cultivar boas fundações. Acredito que – goste-se ou não do estilo, tema que abordarei num futuro breve – o material de construção está lá, e o produto final será fantástico de se ver (e sim, espero que não demore muito). Acredito porque, apesar de uma defesa que (ainda) me assusta – e muito -, vejo alma dentro do campo. A alma que é conatural ao Leão, mas que não teria sido recuperada sem a imensa competência e arrojo de Marco Silva e, claro está, sem a fervorosa paixão de Bruno de Carvalho… Mas sobre isto, deixar-vos-ei a minha opinião numa próxima oportunidade.

SL,

1906.

P.S.: Não, nem todos os meus comentários aqui se resumirão à partilha de estados de alma. Eu amo o Sporting mas, ainda assim, gosto muito de futebol. Puro e duro. Aquele para o qual não vejo a mínima aptidão nos pés do André Martins (renovar para quê, digam-me lá…), ou a ilustre ciência de ocupação de espaços e de acerto nos timings de entrada à bola, absolutamente estranha para o Naby Sarr.

Um fim-de-semana em grande

cab hoquei

O fim-de-semana foi de jornada europeia e mais uma vez Portugal saiu a sorrir. Na Liga Europeia, e mais na Taça CERS, os clubes portugueses saíram com boas perspectivas para o futuro.

Começando pelo FC Porto, os dragões foram a Itália apenas confirmar o que já se esperava, o 1º lugar do grupo. O empate com o Valdagno foi suficiente para os portistas irem para a última jornada sem pressão. Num jogo bastante equilibrado, a equipa de Tó Neves vencia ao intervalo por 2-1, com golos Hélder Nunes e Reinaldo Ventura, mas na segunda parte chegou a estar a perder por 5-4, até que a 45 segundos do fim da partida Rafa empatou e deu a liderança no grupo D aos portugueses. Uma liderança indiscutível, pois ao longo de toda a prova o Porto foi a equipa mais forte do grupo, com os números a falar por si: 38 golos marcados e 18 sofridos.

Mas o grande jogo desta jornada europeia era o Benfica-Barcelona. Consideradas as duas melhores equipas da Europa, Benfica e Barcelona dominaram o grupo A, chegando a esta partida com os mesmos 10 pontos. Foi um Benfica diferente daquilo a que nos habituou que marcou presença no Pavilhão da Luz. Talvez por ter demasiado respeito ao campeão europeu em título, como afirmou Pedro Nunes, os encarnados entraram demasiado moles no jogo, permitindo ao Barcelona, que não precisou de acelerar muito para marcar, três golos. Só na parte final é que o Benfica carregou e tentou tudo por tudo para empatar a partida, mas só conseguiu marcar um golo, por Nicolia. Um penálti falhado e demasiado respeito pelo Barcelona levaram a que o Benfica tivesse perdido a hipótese de ficar em primeiro lugar. De destacar o grande ambiente no Pavilhão da Luz. Os adeptos corresponderam à chamada e encheram o pavilhão, apoiando sempre a equipa e aplaudindo-a de pé.

O Benfica acaba o grupo em segundo lugar e terá um encontro escaldante nos quartos. Um duelo português é o que aí vem. FC Porto e Benfica em mais um grande jogo, desta vez para a Liga Europeia.

Luis Viana continua em forma Fonte: Facebook Juventude de Viana
Luis Viana continua em forma
Fonte: Facebook Juventude de Viana

Quem continua com as esperanças vivas é a Juventude de Viana. Foi uma noite de sonho para os minhotos. O adversário era nada mais do que o campeão italiano, Fort Dei Marmi, que em quatro jogos tinha quatro vitórias, liderando o grupo C. Só a vitória interessava, e a Juventude de Viana arregaçou as mangas, pegou no stick e fez uma exibição de sonho, arrasando os italianos com um 8-3. Se a noite foi de sonho para a equipa portuguesa, o que dizer de Luís Viana? Esta velha raposa do hóquei nacional marcou seis dos oito golos, mostrando que ainda está para as curvas. Com este resultado, a Juventude está apenas a dois pontos do segundo classificado, Liceo da Corunha, que irá defrontar na última jornada, em Espanha. Será uma final para os portugueses.

Já sem esperanças de poder passar, o Valongo foi ao terreno do Breganze, de Itália, perder por 5-3. Uma prova bastante diferente da do ano passado e que deixa os campeões nacionais com apenas um ponto no grupo B. Resta agora tentar conseguir o terceiro lugar, na última jornada, frente aos suíços do Genéve RHC. A liderança do grupo será discutida entre o CP Vic e o Breganze, ambos com 13 pontos.

Mas foi na Taça CERS que Portugal foi mais feliz. Em quatro jogos, quatro vitórias e boas perspectivas para a segunda mão dos oitavos de final. Na Suíça, o Sporting venceu o Basileia. Num jogo onde os adeptos sportinguistas foram bastante audíveis, os leões estavam a perder ao intervalo por 1-0, mas numa grande segunda parte conseguiram dar a volta e estar a vencer por 4-1, o que demonstrava a superioridade leonina. No entanto, dois golos no mesmo minuto reduziram para 4-3 o resultado. O Sporting, apesar destes dois erros, parte em vantagem e mostra que é mais forte do que o Basel.

Adeptos do Sporting marcaram presença na Suíça Fonte: Facebook Hoquei Sporting
Adeptos do Sporting marcaram presença na Suíça
Fonte: Facebook Hóquei Sporting

Em Oliveira de Azeméis, a Oliveirense foi bem mais forte do que o Viareggio e goleou os italianos por 7-3. Foi tudo fácil para os portugueses, que ao intervalo já venciam por 3-0. A mesma sorte teve o Óquei de Barcelos. Na Alemanha, frente ao Cronenberg, a equipa minhota até encontrou dificuldades frente aos alemães, que deram bastante trabalho, e foram empatados a dois golos para o intervalo, mas, no segundo tempo, Luís Querido e Hugo Costa fecharam o resultado em 5-2, dando vantagem para a segunda mão. Nos Açores, o Candelária venceu por 3-2 os suiços do RHC Diessbach.

Mas não só no hóquei masculino houve uma grande noite europeia. As jogadoras do Benfica também tiveram uma noite de sonho. Na estreia na Taça Europeia de Clubes, frente Club Patí Votrega, equipa espanhola vencedora por duas vezes da prova e uma das mais fortes do mundo na vertente feminina, as benfiquistas arrasaram as espanholas, vencendo por 8-3. O domínio foi tal que o Benfica já vencia por 6-1 ao intervalo, tendo conseguido chegar ao 8-1 na segunda parte. As espanholas reduziram para 8-3 e têm agora a difícil missão de dar a volta ao resultado, na segunda mão na Catalunha.

Foto de capa: Facebook UD Oliveirense