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Benfica 4–0 Arouca : Fácil e feliz!

Topo Sul

Tudo simples, fácil e sereno no reino da Luz esta noite. A goleada encarnada no jogo de hoje, a contar para a segunda jornada da fase de grupos da Taça da Liga, frente ao Arouca, é o sinal mais inequívoco da superioridade que o Benfica demonstrou esta noite no relvado da Luz.

O onze esboçado por Jorge Jesus sofreu várias alterações face ao do jogo do fim-de-semana. Como expectável, vários jogadores menos utilizados do plantel tiveram a oportunidade de se estrearem como titulares esta época, procurando mostrar-se ao seu treinador. Silvio, Sulejmani, Gonçalo Guedes e Rui Fonte foram as principais novidades na formação encarnada, que desde o primeiro minuto de jogo sempre se sentiu muito confortável e descontraída em campo.  A controlar a posse de bola e a entrar com relativa facilidade no último terço do adversário, o Benfica começou cedo a construir a vantagem na partida. Ao minuto 30, o estreante Rui Fonte cavou uma grande penalidade que Pizzi não desperdiçou. Depois de uma excelente jogada colectiva do ataque encarnado, Fonte foi derrubado pelo lateral arouquense Tomas Dabo quando se preparava para marcar. O defesa foi expulso, e o Benfica assumia vantagem no marcador e no número de jogadores em campo. Tudo facilitado.

A partir daqui, o Benfica acentuou o controlo do jogo e era uma questão de tempo até que surgisse o segundo golo das águias. Não foi, por isso, com nenhuma surpresa que a Luz festejou o 2-0 de Cristante, antes do intervalo. Muita posse de bola e facilidade em encontrar espaços livres do lado encarnado foram as notas a registar de uma primeira parte em que só se jogou no meio campo do Arouca, tal a supremacia das águias na partida.

Pizzi, o homem do jogo Fonte: Facebook Benfica
Pizzi, o homem do jogo
Fonte: Facebook Oficial do Sport Lisboa e Benfica

O segundo tempo chegou com a vitória praticamente assegurada pelo Benfica. Com mais um homem e uma vantagem de dois golos, as águias entraram em campo a voar a um ritmo tranquilo, e o Arouca com a noção de que precisaria de um milagre para pontuar na Luz, esta noite. E assim se desenrolou a segunda parte de um jogo pouco entusiasmante para os pouquíssimos adeptos que estiveram na catedral encarnada. Apesar de se perceber que se tivesse acelerado mais o Benfica poderia ter aplicado uma goleada histórica à formação do Arouca, os encarnados ainda alargaram o marcador com os golos de Salvio e Jonas, aos minutos 83 e 84, respectivamente, após duas boas combinações ofensivas pinceladas com a qualidade técnica de Pizzi, o melhor em campo neste jogo.

Contas feitas, um ponto na última jornada de grupo contra o Moreirense é suficiente para o Benfica seguir para as meias-finais da Taça da Liga. Apestar de esta ser a prova menos prestigiante do panorama nacional, é também uma das duas em que os encarnados ainda estão envolvidos nesta temporada, pelo que a necessidade de revalidar o troféu tem obrigatoriamente de aumentar.

A Figura:

Pizzi – Apesar de todo o espaço de que dispôs para jogar a bel-prazer, o médio português mostrou-se confiante e espevitado na partida. Assumiu o jogo sem problemas, marcou, assistiu e mostrou-se, mais uma vez, como alternativa a Enzo Perez. Pelo menos, nos jogos menos exigentes defensivamente.

O Fora-de-jogo:

Arouca – É certo que jogar na Luz, ainda por cima com menos um jogador praticamente todo o jogo, é sempre tarefa complicada, mas esperava-se mais de uma equipa que jogou com os habituais titulares e raramente passou do seu meio campo defensivo.

As prendas de Mancini

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cab serie a liga italiana

Quando apareceu, no Basileia, rapidamente se percebeu que Xherdan Shaqiri era um jogador com um potencial tremendo. O Bayern achou o mesmo, avançando para a sua contratação. No entanto, com Robben como indiscutível no flanco direito, o suíço acabou por não conseguir ganhar espaço na equipa bávara. Por Munique também andou Lukas Podolski, o melhor jogador jovem do Mundial’2006 – à frente de Ronaldo – e um dos melhores marcadores de sempre da Alemanha. O jogador nunca conseguiu exibir-se no clube com a mesma qualidade com que o fazia na selecção, tendo regressado ao “seu” Colónia. Arsène Wenger acreditou que o avançado podia voltar a jogar ao mais alto nível depois de três temporadas no clube onde foi formado, levando-o para o Arsenal, mas a verdade é que o alemão nunca atingiu a regularidade desejável. Os dois esquerdinos vêem agora os seus destinos cruzados: é em Milão, num Inter à procura de recuperar estatuto, que ambos vão tentar relançar a carreira.

Shaqiri e Podolski estão em momentos diferentes da carreira. O suíço ainda é muito jovem (23 anos) e continua a ter condições para ser um jogador de grande nível; já o alemão, que nunca conseguiu ser figura num clube de topo, está a entrar na casa dos 30 e terá uma das últimas oportunidades para mostrar que também consegue ser figura fora da selecção. A escolha do Inter terá sido a mais correcta, já que ambos estão em busca de mais tempo de jogo e no Giuseppe Meazza têm a titularidade quase assegurada e serão duas das estrelas da companhia (mais o suíço do que o alemão, certamente).

Podolski já se estreou pelo Inter Fonte: Facebook do Inter
Podolski já se estreou pelo Inter
Fonte: Facebook do Inter

Os dois esquerdinos são duas belas prendas para Mancini, que quando aceitou regressar a Milão já devia ter garantias de que a equipa ia ser reforçada em Janeiro. Depois das excelentes contratações para esta época (pelo menos em teoria), o magnata indonésio Erick Thohir, que comprou o Inter no final de 2013, não fechou os cordões à bolsa e parece disposto a investir o que for necessário para colocar o clube novamente no topo do futebol italiano. Apesar de Shaqiri e Podolski terem chegado ao Giuseppe Meazza por empréstimo, o suíço tem uma cláusula de compra obrigatória – um esquema que começa a ser recorrente para contornar as regras do fair-play financeiro – fixada em 15 milhões de euros, o que comprova que dinheiro não falta.

Com a chegada dos dois reforços o Inter fica com um plantel mais do que capaz de lutar pelos lugares europeus. Apesar do fracasso algo inesperado de Mazzarri, os nerazzurri estão apenas a 6 pontos do terceiro lugar, que dá acesso à Champions. Assim sendo, Mancini tem margem de manobra para colocar a equipa no “primeiro lugar”, logo atrás de Juve e Roma. Na segunda metade da época, o técnico italiano deverá ter mais dores de cabeça com o sector defensivo, porque do meio campo para a frente as opções são fantásticas. Medel e Guarin são uma dupla que deve continuar a merecer aposta, sobretudo porque M’Vila não está a ter o impacto que se esperava, e as entradas de Podolski e Shaqiri dão outra capacidade de ganhar jogos através de acções individuais (muitos encontros serão resolvidos “à bomba”). Com o alemão à esquerda, o suíço à direita mas sempre a procurar diagonais, e o genial Kovacic no apoio ao talentoso Icardi, o quarteto ofensivo do Inter tem tudo para ser um dos mais interessantes do futebol europeu.

Foto de capa: Facebook do Inter

Greenzzly

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cab nba

Jeff Green é o mais recente membro dos Grizzlies. Estava difícil, mas a troca entre Grizzlies, Celtics e Pelicans é finalmente oficial. A equipa de Memphis envia Tayshaun Prince (e uma futura 1.ª ronda) para Boston (os Pelicans enviam também Austin Rivers para Boston), Quincy Pondexter (e uma 2ª ronda em 2015) para New Orleans e recebe Jeff Green e Russ Smith.

Com a corrida no Oeste mais aberta que nunca (e com adversários directos como os Mavs e os Rockets a reforçarem-se), os Grizzlies tentam não ficar atrás e reforçar a candidatura ao topo da conferência. Será que conseguiram?

Podemos partir das palavras do Vice-presidente para o Basquetebol dos Grizzlies, John Hollinger. Não as de hoje, mas as que ele escreveu em 2012, quando era analista da ESPN (e quando os Celtics renovaram com Green por 4 anos):

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Uau! Parece que em 2012 ele não era o maior fã do Jeff Green. O que terá mudado entretanto?

Na verdade, algumas das questões que Hollinger levantou em 2012, embora hiperbolizadas no artigo (“sem dúvida, o pior contrato do verão” parece-nos exagerado), não eram descabidas:

Green tinha perdido uma temporada inteira, tinha realizado uma cirurgia complexa para corrigir um problema no coração e não era seguro que voltasse a jogar como antes ou que não voltasse a ter problemas de saúde no futuro. Podia não ser um tiro no escuro, mas era, pelo menos, um tiro num sítio pouco iluminado. Por isso, foi arriscado para uma equipa em reconstrução hipotecar tanto dinheiro num jogador nessas circunstâncias.

O que mudou? Os Grizzlies não estão em reconstrução. A aposta é no presente e, com Marc Gasol a ser free agent este Verão e Zach Randolph a caminho dos 34 anos, Jeff Green é um investimento de curto prazo e um all in nesta época (e na próxima, no máximo).

Depois, a questão da qualidade como jogador. Mais uma vez, Hollinger pode ter exagerado, mas existiam razões genuínas para preocupação. Em 2012, Jeff Green era basicamente um marcador de pontos (e um não muito eficiente). Não era bom ressaltador (para a sua altura e posição), as assistências eram mínimas, a defesa tremida e os pontos eram o seu único contributo visível.

O que mudou aqui? Pouca coisa. E os números dos Celtics com Green e sem Green são aterradores:

Fonte: Ricardo Brito Reis
Fonte: Ricardo Brito Reis

Mas em Memphis é dos seus pontos que mais precisam. E em Memphis irá sair do banco e terá um papel mais reduzido do que nos Celtics. O que poderá potenciar os seus pontos fortes (os Grizzlies querem pontos para a segunda unidade e, se/quando precisarem, para a primeira unidade) e reduzir algumas das lacunas. Contra os titulares das outras equipas as suas deficiências eram mais notadas (e isso pode ajudar a explica aqueles números atrozes nos +/-), contra os suplentes de outras equipas serão muito menos graves.

Jeff Green pode não ser o marcador de pontos mais eficiente, mas nestes dois últimos anos em Boston também tinha mais responsabilidade de criar lançamentos para si, o que piorou as suas percentagens. Nas duas primeiras temporadas em Boston (com Paul Pierce e Kevin Garnett ainda na equipa e com Green num papel complementar), mais de metade dos seus triplos (66% e 57%) eram do canto. E com uma óptima percentagem de acerto de 45%.

Nas duas últimas temporadas (sem Pierce e Garnett; sem Rondo, em grande parte desse período; e com a responsabilidade de criar os seus lançamentos), apenas 24% dos seus triplos foram do canto.

Por isso, se for bem utilizado (como marcador de pontos na segunda unidade e como atirador aberto no canto na primeira unidade) e num papel secundário e complementar, pode ser muito útil nesta equipa. Jeff Green pode não ser uma estrela, mas pode dar um contributo decisivo naqueles momentos de “seca ofensiva” que às vezes assolam os Grizzlies. E ter um jogador como ele a sair do banco é um luxo que poucas equipas têm.

Independentemente do que John Hollinger pensava dele em 2012, agora não deve ter tido dúvidas que ele pode mudar o destino da equipa para melhor.

Fotografia de Capa: @NBA

FC Porto 3-1 União da Madeira: Rodar para a liderança

tinta azul em fundo brando pedro nuno silva

Na segunda jornada da Taça da Liga, FC Porto e União da Madeira defrontaram-se no Estádio do Dragão, com a equipa portuense a apresentar um onze alternativo: Helton, Ricardo, Reyes, Marcano, Jose Ángel, Campaña, Ruben Neves, Evandro, Quintero, Ivo Rodrigues e Adrián López foram titulares. Ivo Rodrigues fez o seu primeiro jogo pela equipa A, mas o destaque foi para Helton – o capitão voltou, para alegria dos portistas.

Com a pressão do lado do Porto, o jogo foi assumido pelos dragões, embora a primeira jogada de perigo tenha sido dos madeirenses. De resto, apesar da circulação e posse de bola ter sido quase monopolizada pelo Porto, o União da Madeira saiu sempre com qualidade para o contra-ataque, errando principalmente no último passe. Aos 17 minutos, Ivo Rodrigues podia ter inaugurado o marcador, após um bom cruzamento de Quintero, mas o jogo continuava aborrecido e sem grandes momentos de brilhantismo, com um Porto espalhado ao longo do campo fazendo uma circulação larga. Aos 25 minutos, numa jogada individual, Quintero deu um remate no marasmo do jogo, inaugurando o marcador.

A partir daqui o jogo ficou ainda mais controlado pelo Porto, como espelham alguns lances perigosos – geralmente com o condão do pé esquerdo de Quintero -, entre eles mais um lance de finalização de Adrián, que, claro, foi defendida pelo guardião insular. Aos 39’, o União mandou uma bola ao ferro, mostrando a matreirice que caracterizou o seu jogo.

O regresso de Helton aos relvados foi um dos momentos altos da noite  Fonte: Facebook do FC Porto
O regresso de Helton aos relvados foi um dos apontamentos mais marcantes da noite
Fonte: Facebook do FC Porto

A segunda parte começou com uma alteração: Ivo Rodrigues cedeu o seu lugar a Ricardo Quaresma,  que marcou o segundo tento portista num remate que ainda tocou num defesa insular. A resposta madeirense foi rápida: aos 57’, Élio Martins reduziu o marcador.

O FC Porto teve sempre as linhas afastadas e nunca precisou de fazer um grande pressing, devido à ineficiente pressão do União da Madeira. Perante este “adormecimento”, Lopetegui substituiu Ruben Neves por Óliver Torres e o jogo melhorou um pouco com a irreverência e velocidade do espanhol , que se ocupou da transição entre o meio-campo defensivo e ofensivo, mas ainda assim nunca se viu uma grande acutilância ofensiva. Aos 87’ minutos, Evandro marcou um penalty, dando (mais) descanso aos portistas.

Este foi um jogo com pouca história e pouco espectáculo que serviu essencialmente para dar mais minutos à segunda linha portista. Com o grande objectivo cumprido, a conquista dos três pontos, o FC Porto conseguiu isolar-se na liderança do grupo D.

A Figura

Juan Quintero – Foi a estrela do meio-campo portista. Fez o jogo azul e branco rodar e teve apontamentos de classe.

O Fora-de-Jogo

Ivo Rodrigues – Esteve um pouco apagado mas tem desculpa, pois não está entrosado com os seus companheiros. Esperemos que seja uma aposta de futuro dos dragões.

 

Foto de capa: Facebook do FC Porto

Cristiano Ronaldo e Eusébio: Comparar o incomparável

futebol nacional cabeçalho

Ponto prévio: sou adepto do patriotismo. Admito que gosto de defender aquilo que é nosso, mesmo quando os argumentos são escassos. Por isso mesmo, sempre fui pró-Ronaldo, mesmo quando o internacional português estava a milhas da produção de Lionel Messi. Mas agora os tempos são outros. Ronaldo reina em Portugal, tem o mundo a seus pés e conta com uma legião de fãs cada vez mais forte e entusiasta.

No entanto, e como em tudo nesta vida, há sempre a tendência para se cair no exagero. De admitirmos como factos coisas que, se calhar, nem serão assim tão lineares. A conversa é cada vez mais recorrente e começou a ser reforçada, com insistência, no momento em que Cristiano Ronaldo ultrapassou Eusébio na lista de melhores marcadores da seleção nacional portuguesa (o madeirense soma 52 golos em 118 jogos contra os 41 golos em 61 jogos de Eusébio). Desde esse instante que começou uma campanha – algo desrespeitosa, diga-se – contra a antiga glória do futebol nacional. Os últimos tempos em vida de Eusébio foram sempre marcados pela constante abordagem de vários jornalistas e adeptos portugueses que teimavam em demonstrar que Cristiano Ronaldo já seria o melhor e que Eusébio já estava ultrapassado. O “King”, naturalmente, procurou defender-se da campanha montada, mas o mal já estava a ser feito. Contra Eusébio, contra o futebol português, contra Portugal.

Somos um povo que valoriza muito pouco aquilo que de bom tem. Temos dois dos melhores futebolistas da história do futebol mundial. Temos outros tantos, como Luís Figo, Rui Costa, Paulo Futre, Chalana, Bento ou Damas, que foram dos melhores nos seus tempos. Mas gostamos sempre muito de atacar e/ou desprezar aquilo que é nosso. Pior: conseguimos sempre cair no estado manifestamente interesseiro de apoiar quando remamos a favor da maré. Adversidades? Com isso é que já não sabemos lidar. Soubemos criticar Cristiano Ronaldo quando a produtividade dele na seleção era baixa. Conseguimos acusá-lo de ser um menino mimado, que só ligava a dinheiro e a fama. Agora que é o melhor já o sabemos acarinhar e dar-lhe o devido valor. Com Eusébio, a situação foi ainda mais grave. Soubemos valorizá-lo quando precisámos de dizer que tínhamos um símbolo português no futebol internacional. Depois? Depois já havia Ronaldo. Já não era preciso Eusébio e muitos quiseram colocá-lo na prateleira, fazendo crer que já estava ultrapassado. Um sentimento de ingratidão tão grande que deve ter ferido o Rei. Isto tudo porque, afinal, ele “já não era o melhor de sempre”.

Tal como Cristiano Ronaldo, Eusébio é um dos melhores futebolistas de sempre Fonte: Erik Cleves Kristensen
Tal como Ronaldo, Eusébio será recordado como um dos melhores futebolistas de sempre
Fonte: Erik Cleves Kristensen

Pelo menos, foi o que se fez crer. Na minha opinião, é impossível estabelecer-se qualquer tipo de comparação entre Eusébio e Cristiano Ronaldo nesse âmbito. Viveram em tempos diferentes, eram/são jogadores distintos e os contextos em que jogam/jogaram são completamente díspares. Eusébio quebrou recordes individuais e coletivos, conduziu Portugal à melhor classificação de sempre num Campeonato do Mundo (3.º), levou um clube português ao topo da Europa (o que, convenhamos, não era nada fácil) e, mais importante do que tudo, assegurou o respeito do Mundo inteiro. Tudo isso ficou bem visível nos dias após a sua morte. Já em relação a CR7, dispensam-se apresentações a tudo aquilo que tem feito: tem batido recordes atrás de recordes, quebrou barreiras no Manchester United e no Real Madrid e a 3.ª Bola de Ouro conquistada ontem foi mais um feito enorme no seu currículo invejável.

Para quê, então, insistirmos em conversas desnecessárias sobre qual é, efetivamente, o melhor? Tal como são escusadas as comparações entre Messi e Maradona (apesar de, neste caso, haver uma diferença temporal menor) ou Pelé e Ronaldo. A evolução do futebol assim não o permite. No passado, jogava-se perante defesas mais abertas e menos rigorosas, num clima de maior anarquia tática e com um conjunto de regras completamente diferentes. Mas também havia muito menos jogos e menos complacência por parte dos jogadores para com o bem-estar físico dos atletas adversários. Atualmente, tudo é mais rigoroso. Cada jogo é alvo de uma maior preparação tática e os jogadores estão muito melhor trabalhados e preparados. A transformação de Ronaldo é o exemplo máximo disso mesmo.

Por tudo isto, queria dizer que sou fã de Eusébio e de Ronaldo. Por Cristiano Ronaldo, tenho a máxima admiração por tudo aquilo que tem ganho e pela capacidade de superação que tem revelado nos últimos anos. Pelo Rei guardo apenas memórias e registos em vídeo daquilo que produziu enquanto jogador. Aliás, quantos dos que dizem que Ronaldo é “indiscutivelmente” o melhor português de sempre viram Eusébio jogar com regularidade? Poucos, calculo eu. Facto concreto é que Portugal continua a ser uma fonte de sucesso no futebol internacional. E, como português, só posso ter orgulho por ter nascido no mesmo país de Eusébio e Cristiano Ronaldo. Os dois melhores futebolistas de sempre do “nosso” futebol. Obrigado, Rei. Obrigado, Comandante.

Foto de Capa:  Jan Solo (Flickr)

Top 10 – Os mais sobrevalorizados do futebol

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[tps_title]10.º Kevin-Prince Boateng[/tps_title]

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Fonte: kartellpeople (Flickr)

Qual é a sua posição? Percebo que me digam que não é a escolha mais óbvia para esta lista, mas incluí-o porque simboliza o típico jogador cujo nome impõe respeito por já estar tão mitificado mas que, na prática, poucas vezes corresponde ao potencial que lhe é apontado. Tecnicamente é acima da média, mas falta-lhe maturidade táctica e emocional. Encarna na perfeição o estereótipo de futebolista caro e pouco produtivo para aquilo que custa e, além do mais, é potencialmente conflituoso, tendo estado dois anos afastado da sua selecção.

¿Qué pasó, El Niño?

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cab la liga espanha
Fernando Torres está finalmente de volta ao Vicente Caldéron. Nada melhor do que voltar aos braços de quem nos ajudou a dar os primeiros passos para tentar trazer à tona o melhor de nós. E a questão que se eleva é: para onde foi o melhor Torres? A sua ligação com o golo nunca foi doentia, mas tinham tal afecto que raramente ficavam longe. O Atlético de Madrid foi a casa que o viu nascer. Criou, deixou crescer e, quando atingiu a maturidade necessária, deixou voar. Foi adepto, goleador e capitão. Inglaterra esperava por ele, Anfield Road sonhava com alguém por quem cantar. Apresentou-se ao mais alto nível e rapidamente chegou ao topo do mundo. A jóia da coroa acabou por ser o bronze na corrida pelos dois troféus individuais mais importantes, em 2008.

Torres ao lado do capitão Fonte: Nigel Wilson (Flickr)
Torres ao lado do capitão
Fonte: Nigel Wilson (Flickr)

A contratação de Fernando Torres por parte do Chelsea foi o ponto crucial na curva descendente que tomou conta da carreira do espanhol. O apagão que tratou de escurecer um talento ímpar é algo digno de estudo. O jogador continuou a ser um trabalhador incansável, mas juntou a isso uma quantidade fatal de falhanços escandalosos. Os momentos embaraçosos tornaram-se virais e os golos não chegavam para calar os críticos. José Mourinho era o treinador com craveira e capacidade para alterar um caminho que se encontrava incerto. Tal não aconteceu, e o craque espanhol acabou por seguir para Itália, sem glória. O futebol italiano poderia ser de alguma maneira revitalizante, mas voltou a sair pela porta pequena. Espanha era o próximo destino.

Esta história só encontra semelhante num filme de 1996 chamado Space Jam. Um dos protagonistas é Michael Jordan e o trama da história passa pela recuperação do talento dele, e de outros jogadores, que tinha sido roubado por extraterrestres. O final deste filme é feliz, mas a história do jogador espanhol parece destinada a um futuro cinzento. Onde pára o furacão que decidiu a final do Euro 2008? Terá o jogador capacidade para voltar a ser relevante no futebol actual?

Foto de capa: Facebook de Fernando Torres

O campeonato português não permite dores de crescimento

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eternamocidade

Antes de começar a temporada portista, o entusiasmo que sentia pela composição do plantel – com a aquisição de jogadores de qualidade reconhecida – era proporcional ao nervosismo e desconfiança que tinha sobre a verdadeira capacidade que o plantel e o treinador do FC Porto tinham para dar resposta aos vários desafios que se lhes colocariam, tanto a nível interno como nas competições europeias. Esta desconfiança baseava-se sobretudo na premissa da inexperiência, que tantas vezes é descrita como algo fundamental durante uma época. É por demais evidente, por isso, que apesar da qualidade de reforços como Martins Indi, Casemiro, Oliver, Tello, Adrián Lopez, Brahimi ou Aboubakar, estes atletas teriam de passar por uma fase de compreensão de uma nova realidade. Este é um argumento que naturalmente se coloca também a Lopetegui.

E, afinal de contas, que nova realidade é esta? Bom, a realidade de que falo chama-se campeonato português e, por muita pena minha, tem tido uma cara cada vez mais feia à medida que os anos vão passando. O argumento da crise é o mais utilizado, mas para mim não chega. Quem como eu vê todos os jogos do FC Porto no Dragão e, por consequência, todos os clubes da liga, percebe que o nosso campeonato está cada vez a baixar mais a qualidade. E não é preciso ir muito longe para perceber do que falo: sábado, pior do que o frio assustador no Dragão, só mesmo a exibição do Belenenses. Obviamente que o comum adepto percebe que as diferenças entre grandes e pequenos são enormes. Sempre foram e possivelmente sempre serão. Mas apesar disto, a exibição do Belenenses no Dragão roçou a mediocridade. O primeiro e único remate com perigo da equipa de Lito Vidigal aconteceu apenas aos 90 minutos. Mas que futebol é este? É este o campeonato competitivo que queremos no nosso país?

Mas desengane-se se acha que neste texto vou apenas cingir-me ao Belenenses. Não, não tenho nada contra o clube lisboeta, e apenas o utilizei como exemplo para demonstrar aquilo que a nossa liga tem perdido nos últimos tempos. Tem sobretudo perdido qualidade, porque não é só do Belenenses que poderia falar: podia dar o exemplo de outros jogos no Dragão, como contra o Nacional ou Vitória de Setúbal, em que os adversários apenas pareciam que queriam perder por poucos. E quem fala do Dragão, fala da Luz e de Alvalade, onde este tipo de equipas tem o mesmo comportamento. Como já referi, obviamente não posso esperar que equipas como o Boavista, Belenenses ou Gil Vicente cheguem ao Dragão e joguem no campo todo. Claro que não, porque não têm recursos para isso. Mas a ambição e a qualidade neste tipo de plantéis tem, a meu ver, diminuído. E isso não se pode explicar só pela crise.

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Jackson é a figura de proa de uma equipa que não tem motivos para desistir
Fonte: Página de Facebook do FC Porto

Mas então, afinal de contas, onde entra o FC Porto no meio disto tudo? Bom, é fácil e demonstra-se pela classificação do campeonato. Repare bem, caro leitor, nos resultados da primeira volta que termina no próximo fim-de-semana. Nas 16 jornadas já realizadas, o Benfica perdeu 5 pontos no campeonato, frente a Sp. Braga e Sporting. Quanto ao FC Porto, foram 11 os pontos perdidos, frente a V. Guimarães, Sporting, Benfica, Estoril e Boavista. Aqui reside a diferença entre as equipas: se, em relação ao Benfica, a equipa de Jorge Jesus cumpriu a sua obrigação – ou seja, “despachou” tudo aquilo que não é Braga, V. Guimarães, FC Porto e Sporting –, a equipa de Lopetegui deixou 4 pontos frente a Estoril e Boavista. Essa é a grande diferença entre as duas equipas. Existe, na minha opinião, a ‘leviandade’ de se afirmar que os campeonatos se resolvem na maioria dos casos nos jogos entre os grandes. Não podia estar mais em desacordo com isso. Aliás, se o FC Porto tivesse feito a sua obrigação, neste momento teria pelo menos mais 4 pontos (excluo aqui o empate em Guimarães, num jogo onde o FC Porto foi altamente prejudicado). Com esses 4 pontos, perdidos de forma inacreditável nessas duas partidas, o FC Porto, mesmo não ganhando aos grandes rivais, apenas dependeria de si para ser campeão.

As contas são fáceis de fazer e, no que respeita à nossa liga, a matemática é um exercício básico. Com um fosso tão grande entre os cinco primeiros classificados e todos os outros, não se pode perder pontos em jogos como o da Amoreira ou em casa com o Boavista. Com tanta falta de qualidade na maioria das equipas, uma formação como a do FC Porto, com jogadores tão preponderantes, dar estes brindes à concorrência pode ser fatal. Aliás, se bem se recorda, não foi à toa que, para além de enunciar a falta de experiência dos jogadores portistas, estendi esse argumento a Lopetegui. Se bem se recorda, nesses dois jogos malditos (Estoril e Boavista), o treinador espanhol decidiu rodar meia equipa contra os boavisteiros e mudar de sistema tático no jogo da Amoreira, deixando de fora do onze aquele que para mim tem sido uma das maiores figuras da época, Oliver Torres, em detrimento nessa partida do espanhol Adrián Lopez.

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Na próxima jornada da Liga, o FC Porto desloca-se ao terreno do Penafiel
Fonte: Página de Facebook do FC Porto

Com esses jogos já bem longe no pensamento para a maioria do adepto portista, criou-se a ideia de que os seis pontos de avanço se baseiam única e exclusivamente no desaire contra o Benfica. Para mim, nada de mais errado. Num campeonato como o nosso, com tão grande falta geral de qualidade, é cada vez mais essencial ser forte com os fracos. Contra os fortes, é preciso sobretudo ‘sobreviver’ e se possível, pois claro, ganhar.

Com ainda 18 batalhas até ao fim, espero que treinador e jogadores portistas façam das palavras de Jackson uma ordem geral: não é possível perder mais pontos. A meu ver, o avançado colombiano não poderia estar mais de acordo: é que só com muita distração do nosso principal adversário e nossa também, será possível que a esmagadora maioria das equipas do nosso campeonato tirem pontos aos dois primeiros da liga. O problema é que, para nós, a distância face ao primeiro é de 6 pontos. E tudo porque, em determinados momentos da época, alguém não percebeu que em Portugal muitas das vezes não se pode vestir o fato de gala e é preciso vestir o fato de macaco. Ainda assim, e com 18 batalhas pela frente, só há um caminho: ganhar jogo a jogo sem nunca desistir, porque só desiste quem deixa de lutar. Pelo que tem mostrado esta época, não há razões para que o FC Porto desista.

Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto

O melhor que o Benfica tem

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raçaquerer

Os mais otimistas dizem que são mais de seis milhões, espalhados pelo país, a que se juntam outros tantos emigrantes. Outros admitem que pode já não ser exatamente assim e apontam números mais modestos. Certo é que eles continuam a dar ao Benfica uma força incomensurável, com que nenhum clube em Portugal é capaz de competir. São os adeptos, os benfiquistas. Do pedreiro ao diretor de uma empresa. Do algarvio ao minhoto. Do jovem de 10 anos, que se deslumbra ao chegar ao estádio com o pai, ao velho sócio, cujo coração, já fraco, é abalado pelas emoções dos jogos.

São eles que empurram a equipa quando o golo não aparece, que festejam as suadas conquistas, que criticam quando assim é preciso. Criticam para dentro, falam com outros benfiquistas, explicam o que está mal, sugerem soluções, para depois, na frente de um rival, defenderem o Benfica. É assim que deve ser, pois, como alguém lembrava, nunca se deve demonstrar as fraquezas ao inimigo “porque assim, ele não saberá onde atacar”. São eles que transformam a Luz num inferno em cada vez que a equipa lá joga, são eles que enchem cada estádio português, fazendo com que, em quase todos, os jogadores sintam que estão em casa. São eles que mantêm abertas casas do clube, centenas e centenas delas, da Austrália ao Brasil, de Macau à África do Sul. São eles que suportam o clube, também no plano económico, quando no final de cada mês muitos, sabe-se lá com que esforço, pagam as quotas. São eles que enchem o Marquês nas temporadas em que o primeiro lugar não nos escapou, lançando uma festa tão grande que até os americanos se impressionam.

ESPN publicou esta imagem, onde garante estarem 500 mil pessoas a festejar o título no Marquês Fonte: Facebook Benfica
ESPN publicou esta imagem, onde garante estarem 500 mil pessoas a festejar o título no Marquês
Fonte: Facebook Oficial do Sport Lisboa e Benfica

De entre toda a obra já feita pelo nosso atual presidente, talvez o mais importante foi o que Luís Filipe Vieira não alterou: a composição da SAD. Num período de crise, onde angolanos, chineses ou árabes se apoderam de muitos clubes, Vieira garantiu sempre que “o Benfica é dos sócios”, que “os sócios são a nossa maior força, a força que mexe e faz crescer o clube”. São eles, sócios e adeptos (porque nós somos todos Benfica / nous sommes tous Benfica), que esgotaram em poucas horas os bilhetes para a final da Taça de Portugal, remetendo o meu nervosismo para a frente de um ecrã, em vez de estar numa das cadeiras do Jamor.

São eles que acordam e adormecem a pensar no Benfica, a escolher os argumentos que usarão no dia seguinte a um jogo onde sentiram o peso da derrota quando, na escola ou no trabalho, se cruzarem com um portista ou um sportinguista. São eles que esperam no aeroporto até de madrugada para saudar o plantel, que veio de longe de um jogo europeu. São eles que saltam da cadeira quando aquele passe, aquele que iria colocar o nosso avançado na cara do guarda redes adversário, o último passe, fica demasiado curto. São eles os maiores embaixadores do clube, levando o símbolo a todos os recantos do planeta. São eles que enchem cafés por esse Portugal fora para assistir ao jogo do glorioso, durante aquela hora e meia sagrada, em que tudo o resto é esquecido e em que só a vitória interessa. São eles que, em pleno mês de Agosto, numa qualquer esplanada algarvia, folheiam o jornal e se apercebem da enorme panóplia de jogadores que poderão ingressar no clube na época que estará prestes a começar.

Aqueles que sentem verdadeiramente o clube sabem perfeitamente do que falo. Agora temos o estádio mais bonito da Europa (eleito pelo jornal francês L´Équipe entre 20 grandes estádios europeus, numa votação onde participaram um milhão e meio de pessoas), um museu moderno, recheado de memórias, porque o “passado inspira o futuro”. O centro de treinos do Seixal está a ser melhorado e alargado para que aqueles que preencherão as próximas páginas da vida do Benfica tenham todas as condições para desenvolver o seu talento. Foi criado um canal, a Benfica TV, o único canal de um clube do Mundo a possuir os direitos de transmissão de jogos oficiais. Porque a inovação é o garante do sucesso e porque é nosso dever, como foi no passado, estarmos sempre à frente dos outros. Mas, para além de tudo isto, eles, os adeptos são o melhor que o Benfica tem.

Foto de capa: Facebook Oficial do Sport Lisboa e Benfica

Il Re di Roma

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cab serie a liga italianaA repetição de uma situação faz com que a encaremos de forma mais fria e racional à medida que ela nos vai reaparecendo. O nervoso miudinho de lidar com algo pela primeira vez desaparece, e a ansiedade de falhar vai desaparecendo à medida que a situação é sucessivamente superada com sucesso. Psicólogos e psiquiatras apelidarão este processo de dessensibilização, analistas de futebol de crescimento, relacionando-o com a evolução de um jogador, que encara jogos de elevada pressão de forma cada vez mais desinibida à medida que vai crescendo na carreira.

Atinge-se um certo ponto de maturidade, e a partir daí começa-se a lidar com dérbis, finais ou jogos entre equipas aflitas para não descer de divisão com maior naturalidade. O fervor e a pressão que as bancadas emanam e o peso que um título ou um emblema exerce sobre o jogador vão sendo, com o passar dos anos, transformados em exibições acima da média exibida em encontros anteriores pela importância que este representa.

Um Derby della Capitale (Roma), porém, vai muito além do vulgar jogo com “pressão” ou uma final de qualquer coisa. É, sim, um campeonato privado entre Roma e Lazio, que remonta a 8 de Dezembro de 1929. Um confronto de duas regiões inseridas numa das mais importantes capitais europeias (ou talvez a mais importante, se olharmos para a história da civilização), um duelo de ideologias, a definição de quem é melhor, um jogo que se prolonga muito além dos 90 minutos e chega mesmo a marcar uma época. O Derby Capitolino é um dos espectáculos mais bonitos do futebol mundial, um dos marcos do desporto-rei, mas também um dos que mais pressão exercem sobre os seus protagonistas.

Homens de barba rija passaram por ele e por tudo o que o envolve… e tremeram. Terão passado noites em claro antes de o disputar pela pressão que este acarreta. Nomes históricos como os de Alessandro Nesta, Paul Gascoigne, Michael Laudrup, Pavel Nedved, Verón, Vieri, Hernán Crespo, Marcelo Salas, Roberto Mancini, Di Canio, Aldair, De Rossi, Falcao (o brasileiro), Conti, Cafu, Delvecchio, Fabio Capello, Rudi Voller, Walter Samuel, Emerson, Francesco Totti ou Gabriel Batistuta passaram por isso e guardam dessas noites mal dormidas e dos duelos que se sucederam a seguir histórias que contarão a atletas/aprendizes, filhos, netos e bisnetos.

Alguns deles tiveram o privilégio de conseguir encarar estes encontros “apenas” com o “nervoso miudinho” (que a dessensibilização não conseguiu retirar) inerente a estes duelos, mas apenas um poderá alegar-se verdadeiramente dessensibilizado para a ansiedade do Derby Capitolino: Francesco Totti.

"Selfie" histórica Fonte: Facebook da AS Roma
“Selfie” histórica
Fonte: Facebook da AS Roma

A noite do passado Sábado (dia anterior ao último Roma-Lazio) terá sido passada de forma tranquila, afinal, já está próximo de completar uma Serie A inteira (35 jogos, recorde) destes jogos. A saída para o passeio matinal de Domingo terá ocorrido de forma tranquila, e a viagem de autocarro até ao “Olímpico” foi passada quase como se fosse disputar outro jogo qualquer… e parecia estar a encará-lo como tal durante a primeira parte. Porém, quando teve de arregaçar as mangas e responder à pressão de um resultado negativo (a Roma perdia por 2-0 ao intervalo), voltou a ter a genica do miúdo que se estreou em 1994 com a camisola giallorossi e que em 1998 se estreou a marcar no dérbi, sentenciando uma das melhores edições deste duelo ao fixar o 3-3 final. Terá ficado frustrado com o resultado e, matreiro e conhecedor de todos os truques que existem, escondeu-se ao segundo poste e finalizou da melhor maneira um cruzamento de Strootman para reduzir a desvantagem. Não foi suficiente e, novamente escondido ao segundo poste, conseguiu, em esforço, numa execução notável que só a experiência e o talento de um predestinado podem proporcionar, igualar a partida e evitar que a Roma saísse do Derby Capitolino sem pontos.

Celebrou o 2-2 com os adeptos com a mesma alegria do Totti que igualara a três o primeiro dérbi de Roma de 1998/1999. Só que na altura não tinha um iPhone para tirar a “selfie” (ou auto-retrato, para os puristas da nossa língua) que comprovasse o sorriso genuíno e a expressão de deleite que só um jogador num encontro desta dimensão alcança.

No dia 11 de Janeiro de 2015, duas décadas depois (!!!) de se estrear com o emblema da Roma, Totti fixou-se como o melhor marcador de sempre do Derby della Capitale em jogos da Serie A (Dino da Costa detém o mesmo número de golos, mas dois deles conseguidos na Coppa Italia), marcando o 11º tento ao rival eterno, que lhe vincou o estatuto de lenda viva e activa do futebol mundial e o de figura maior de um dos encontros mais mediáticos do desporto-rei. O único com legitimidade para se autoproclamar Il Re di Roma*.

*O Rei de Roma

Foto de Capa: Facebook da AS Roma