3. Club Atlético Madrid – 2013/14
Desde 2003/04 que a Liga Espanhola tinha apenas dois nomes diferentes entre os seus vencedores. Depois do Valência, orientado por Rafa Benítez, se ter sagrado campeão, apenas Barcelona e Real Madrid tinham conseguido erguer o troféu, impondo-se às restantes equipas não só pela sua qualidade, mas pelo peso histórico que as camisolas acarretavam.
O Atlético era visto, desde há pouco tempo àquela parte, como um outsider, depois de conseguir sair da penumbra da Segunda Divisão. O clube estabilizou, ganhou competitividade e conseguiu vencer duas Ligas Europas nesta premissa. Faltava, porém, trazer isso para La Liga de uma forma consistente. Conseguiu-o e em 2012/13 foi 3º classificado fruto de muita garra e querer. Porém, de um último lugar do pódio a achar-se que poderia disputar a Liga com os crónicos vencedores, ia uma distância enorme, até porque estes era detentores daquelas que eram consideradas pela maioria da crítica as duas melhores equipas do mundo.
Nem o Atlético terá pensado no título desde o início da temporada e Simeone não abdicou das palavras que tinha sempre à mão quando o questionavam acerca de objectivos: “partido a partido”. Pois assim foi. Cada jogo era um jogo disputado como se de uma batalha se tratasse. Não se facilitava e a entrega era tanta que, quem via de fora, não duvidava da disponibilidade daqueles jogadores morrerem em campo pela camisola que envergavam ou pelo treinador a quem respondiam.
O começo foi auspicioso, com duas vitórias em campos dificeís (Sevilha e Real Sociedad foram derrotadas em casa) e outras tantas, inapelávels, em casa, diante de Rayo e Almeria (5-0 e 4-2). A saga manteve-se, e o Atlético cometeu a ousadia de ir vencer o Real Madrid ao Santiago Bernabéu num percurso imaculado que só terminou à passagem da jornada 9, aquando da visita a Barcelona para enfrentar o Espanyol. Até lá, 8 jogos, 8 vitórias.
A equipa soube reagir à adversidade, repsondeu com um 5-0 ao Bétis e manteve-se no trilho das vitórias chegando à última jornada da primeira volta do campeonato com apenas mais um “desaire” – empate no Madrigal. Ou seja, 18 jogos, 16 vitórias, 1 empate e 1 derrota. Faltava um jogo. Contra o Barcelona, em casa. Pensou-se que a equipa iria baquear, que iria ceder à pressão e cair. Nada mais falso. Empatou a 0 num jogo em que demonstrou, mais uma vez de que fibra era feita.
Depois de uma primeira volta extraordinária, esperava-se que a equipa caísse. E caiu. Afinal, tinha também a Liga dos Campeões para disputar e estava a fazer grande campanha (chegou à final e perdeu no prolongamento, contra o Real, estando a vencer até ao minuto 90). O Barcelona e o Real aproveitaram para reduzir distâncias, e chegou-se à última jornada com muitos nervos. Apenas Barcelona e Atlético podiam ser campeões. E jogavam entre si. No Camp Nou. Mas esta equipa foi feita para estes momentos, e apesar de se ver a perder, com golo de Alexis Sanchez, soube estabilizar emocionalmente, entregar-se à luta e empatar. Godín, aos 49 minutos, numa cabeçada que tinha a força do sacrifício, do trabalho e do querer atirou para o fundo das redes. Era o golo de que a equipa precisava para fazer história. E fê-la, segurando o resultado até final. O Atlético era campeão.
Simeone, no discurso de campeão, perante uma Plaza Neptuno a abarrotar, disse que este campeonato era uma lição que iam além dos relvados: “Quando se tem crença e se trabalha, pode-se”.