1. (2013) Porto – Benfica (2-1): De ajoelhar!
Ponderei sobre qual o jogo que mereceria o primeiro lugar das reviravoltas portistas de que tenho memória, e pesando todos os factores pareceu-me que a escolha mais óbvia seria esta!
Faltam duas jornadas para acabar o campeonato, o Benfica está em primeiro e uma vitória portista colocaria os azuis e brancos no topo. O campeonato foi festejado pelos benfiquistas na Madeira frente ao Marítimo mas o jogo contra o Estoril na Luz deixou tudo em aberto. No entanto, os encarnados têm a possibilidade de serem campeões no nosso estádio, na nossa casa… A outra opção seria dramática, um golpe de teatro, a reviravolta na tabela classificativa. Ora, aconteceu! Talvez não tenha sido golpe de teatro mas uma daquelas situações de filme de sábado à tarde em que reviramos os olhos enfadados e exclamamos: “Típico, o herói salvou o dia no último minuto!”.
Lima abriu o marcador para os de Lisboa e deixou a sensação de que o objectivo do campeonato começava a ficar longe. Os portistas não são equipa em que se possa confiar e uma boa reacção não era garantida. A verdade é que os Dragões não reagiram mal ao golo sofrido e Maxi Pereira acabou por marcar um auto-golo depois de jogada pela ala esquerda do ataque portista. Estava tudo empatado mas o jogo parecia demasiado encaixado e os azuis e brancos pareciam estar com poucas ideias para virar a partida a seu favor. As três substituições de Vítor Pereira – que apostou tudo na vitória – foram Defour, Kelvin e Liedson. Daqui dá para perceber que o plantel portista não era muito bom e era inferior ao do Benfica. Mais uma vez lembro a sensação de filme de sábado à tarde: a bomba está quase a detonar, faltam uns meros segundos e o herói tem de cortar um fio. O mais óbvio é o vermelho, está ali bem visível e parece ser essa a escolha certa, mas no último segundo corta o preto, pouco óbvio, e desativa o engenho. Ora a vitória portista surgiu aos 92’ numa jogada em que Liedson, na esquerda, passa a bola a Kelvin e este de fora da área faz golo – o fio mais improvável salvou-nos! Não foi o último jogo do campeonato mas foi o jogo que deu o título. A improbabilidade e as circunstâncias são o que tornam certos momentos únicos e épicos. E naquela noite de 11 de Maio de 2013, num jogo de campeonato que parecia uma final entre dois rivais históricos, as improbabilidades uniram-se e deixaram o estádio a 1000 graus Kelvin. Nem Jesus escapou à fúria que é sensação de golo no último minuto.
Não foi o único a ajoelhar-se; milhões de pessoas agradeceram e maldisseram a todas as divindades, inflamados pela antítese de sensações que é um golo para quem o marca e para quem o sofre.
Foto de Capa: FC Porto