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Sébastien Corchia: a locomotiva do Lille

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cab ligue 1 liga francesa

O futebol francês é um excelente exportador de laterais de qualidade. Nos últimos anos assistimos ao surgimento de grandes laterais no campeonato gaulês. Nestes nomes entram Patrice Evra, Eric Abidal, Clichy ou Bacary Sagna. Os dois primeiros estão seguramente na curva descendente da carreira, contudo na Ligue 1 já surgem novos valores que prometem manter a França como um dos países com melhores soluções para as laterais.

Apesar de menos reconhecido e valorizado do que Kurzawa ou Digne, existe um jogador que não passa despercebido ao olhar atento. Trata-se de Corchia. O lateral polivalente do Lille é um dos bons valores da Ligue 1 e tem tido uma constante evolução em termos da qualidade do seu jogo. O jovem francês foi constante presença e peça chave nos escalões de sub-19 e sub-21 da seleção francesa, tendo chegado mesmo a capitão. Na época passada deu seriamente nas vistas ao serviço do Sochaux e tornou-se um dos ativos mais apetecíveis do campeonato francês. Para isso contribuíram os 36 jogos que fez pelo Sochaux e os cinco golos e cinco assistências que conseguiu. O Lille foi o clube que assegurou a contratação do lateral, que pode atuar tanto no lado esquerdo como no lado direito.

Corchia é um lateral de grande propensão ofensiva Fonte: Facebook de Sébastien Corchia
Corchia é um lateral de grande propensão ofensiva
Fonte: Facebook de Sébastien Corchia

Corchia é um lateral de grande pendor ofensivo e por vezes atua como extremo (algo que tem sido frequente nesta temporada). Para essa propensão ofensiva contribuem uma capacidade técnica acima da média e os bons cruzamentos que saem do seu pé direito. O lateral é uma autêntica locomotiva pelos corredores, bem ao estilo da escola francesa, bate bem livres e tem uma capacidade concretizadora assinalável para um lateral.

Além disso, Sébastien desarma bem e tem um grande pulmão, o que lhe permite também garantir que o corredor onde atua fique sempre guardado. No Lille leva já 18 jogos feitos, somando um golo e uma assistência. Em Inglaterra começam a surgir rumores de que Wenger está de olho no jovem de 24 anos e que pode estar a pensar levá-lo para o Arsenal. Quem sabe se no futuro se tornará mais um dos sucessos do técnico francês, como foram Sagna ou Clichy?

Foto de Capa: Facebook do LOSC Lille

Podcast “Bola na Rede” – Portugueses na Champions, Dortmund no fundo

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No 82.º podcast do Bola na Rede podes ouvir a análise à prestação europeia dos três grandes portugueses, o comentário relativo à última jornada do campeonato, a reflexão sobre o mau momento do Borussia de Dortmund na Bundesliga e muito mais.

Com Mário Cagica Oliveira na moderação e Francisco Manuel Reis (FCP), Francisco Vaz Miranda (SLB) e João Almeida Rosa (SCP).

 

Para ouvirem os restantes podcasts, podem seguir para este link.

À procura da mina de ouro

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tinta azul em fundo brando pedro nuno silva

A maior preocupação, hoje mais do que nunca, dos clubes de futebol parece ser a sua sobrevivência e sustentabilidade. Podemos deprimir ou festejar com os resultados desportivos mas nada está acima da sobrevivência. As conquistas desportivas são a ponta de um iceberg que engloba uma grande variedade de gente, estratégias e dinheiro para alcançar o objectivo máximo no desporto.

Ora, face à crise existente, há uma necessidade crescente de procura de financiamento para que os clubes continuem a crescer e a obter bons resultados. Os bancos – vítimas (ou não) da crise também – já não têm a torneira aberta para os clubes se financiarem como querem e mesmo os patrocínios já não caem do céu. Veja-se que o Porto está à procura de patrocinador já que a PT deixará de ser seu sponsor em 2015.

A solução parece, então, ser criativo, procurar gatos pretos escondidos e tentar o que estiver ao alcance para ir buscar dinheiro onde houver.

Depois da polémica dos fundos (que eu defendi num texto anterior) parece que chegou algum consenso ao futebol português. Pinto da Costa apoiou recentemente a legalização das apostas desportivas, assumindo a mesma posição que o Sporting. Um mercado que gere milhões de euros e que podia representar uma nova fonte de receita para os clubes, não só vindas de Portugal mas também do resto do mundo, já que está “à distância de um clique”.

destaque
Brahimi venceu o prémio de jogador africano do ano, atribuído pela BBC
Fonte: Página de Facebook do FC Porto

Também de diplomacia se faz o futebol. Uma comitiva portista deslocou-se até Angola para firmar um acordo entre a formação Dragon Force e a Academia de Futebol de Angola (AFA). No Brasil e na Colômbia já se tinham acordado projectos similares. Estas academias são uma “embaixada” do clube, expandido-o, abrindo os horizontes e procurando novas formas de encontrar jovens jogadores, mas principalmente de fortalecer a marca FC Porto. Desde camisolas a patrocínios ou digressões por estes países, tudo serve para que o clube fique mais sólido financeiramente e assim possa investir em grandes jogadores que lhe possam garantir títulos. Com as conquistas nacionais e internacionais aumentar-se-á ainda mais a projecção do clube e assim temos um ciclo completo em que nenhuma parte pode sobreviver sem a outra.

O FC Porto também se tem movimentado melhor nas redes sociais e está mais diplomata do que nunca; basta ver a quantidade de fãs colombianos, brasileiros, argelinos, entre outros, que, devido aos craques e às conquistas, nos seguem. E não sendo adeptos de coração, são certamente uma mais-valia para os dragões que se querem cada vez maiores e mais ganhadores. Acredito que este é o caminho a seguir e que os resultados aparecerão – afinal, sendo um clube de coração bairrista, a nossa mente sempre esteve voltada para glórias maiores do que o nosso país.

Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto

A merda e a morte saíram à rua

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camisolasberrantes

Creio que não terei abordado este tema mais do que duas ou três vezes na minha vida, e somente junto de amigos também eles apaixonados pel’O Desporto Rei. Raramente senti essa necessidade, se bem que ao longo dos anos fui testemunha de não tão poucas desnecessárias e lamentáveis situações do tipo. Como sou adepto de futebol e não de pancada – apesar da minha discreta paixão por pugilismo – nunca vi, a bem dizer, necessidade para adereçar o tópico pelos cornos, como se faz (ou deveria fazer) junto desses bípedes bois que povoam e poluem as arenas onde os “olés” só se ouvem ao trocar de rins de um ingénuo defesa. Fá-lo-ei, contudo. Não por fanatismo taurino – longe de mim –, mas por paixão futebolística.

Não conspurquem, se favor fizerem, o amor que nosso é. Tenham a generosidade, se não vos pesar, de respeitar a entrega de todos nós. Queiram, compreendendo aqui os vossos (des)humanos limites, dignificar este mundo de fantasia e devaneio conjunto que tanto nos une e nos separa. Envergonhem-se, se vergonha na cara tiverem, de tingir de negro a encarnada camisola que orgulhosamente nos veste, pensando nós, seres mortais e passageiros, que somos nós que a vestimos. Porque se vos pesa nos ombros, é porque é feita para pesar. É feita das aventuras e desventuras de homens e mulheres todos eles humanos como nós, mas perpétuos nas suas acções junto de um símbolo que nos acolheu. Porque se o Benfica nada é sem nós, nós nada somos sem o Benfica.

Como acordarias amanhã, irmão encarnado, se te soubesses afastado do teu clube para todo o sempre? Como tomarias tu o teu café sabendo que contribuíste para o inimaginável desaparecimento desta mística que só é nossa se dignidade mostrarmos para tal? Com ou sem açúcar?

Quero que se lixem as claques. Quero que se lixe o tipo que ao meu lado grita contra a péssima tomada de decisão do Salvio. Quero que se lixe o Jorge Jesus e o quarto árbitro que juntos compõem uma desnecessária sinfonia sobre a falta que ficou por marcar sobre o Enzo. Quero que se lixe o gordo rico que nem liga à bola mas que vai para o camarote comer do bom e do melhor enquanto manda umas bojardas sobre o período de seca do Lima. Quero que se lixe a caixa, o incêndio no topo norte, a bola de golfe, a galinha e a pedrada na auto-estrada. Quero que se lixe a PSP. Quero que se lixe o Steward que acabou de levar com uma bola na cabeça por estar sempre de costas para o campo. É bem feita.

Eu quero é ver o futebol bonito. Eu quero é saber do Benfica. Eu quero é ir à bola. Mamar umas jolas com os amigos, gozar com o bigode do bêbedo com idade para ser meu avô, comer uns couratos dignos de me tornarem completamente repugnante aos olhos do sexo feminino e ver o Jonas a matar-me as saudades do sacana do Cardozo. O resto não é futebol. Não é festa. Não é fim-de-semana. Não é para relembrar. Não vale a pena partilhar com o doente do meu amigo Xico. Não serve para convidar o meu amigo Nuno a quebrar o jejum de Luz. Não justifica o estoirar de dinheiro a que lá convenço o meu amigo Mário. Nem o chorrilho de desesperadas, mas naquele-momento-bonitas asneiras do meu amigo Moreira.

Os confrontos de Coimbra são tudo o que não queremos no futebol Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Os confrontos de Coimbra são tudo o que não queremos no futebol
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

Porque amanhã tudo desaparece. Amanhã tudo se esquece. Mais vale viver grande para que grande se possa morrer. Porque só grande se honra este privilégio de poder partilhar o mesmo espaço temporal, sensorial e outras coisas que tal com uma instituição que é mais temerosa do que qualquer cadeira arremessada no Estádio Cidade de Coimbra.

Estas pessoas que não temem estes actos são pessoas que não temem o Benfica. Que não o respeitam. Que não o enxergam. São pessoas que não o compreendem. São pessoas que não fazem falta. Que digam que é cagar sentenças. A mim pouco me importa. Porque isto não é dizer que o meu benfiquismo é melhor do que o vosso. Não. Isto é somente dizer que nem eu nem o Benfica precisamos desse vosso benfiquismo digno de petardos, tiro ao alvo ou agressões policiais. São só mais do mesmo. E mais do mesmo fere e mata. O Corunha que o diga.

Paz à sua alma, já agora.

Foto de Capa: Facebook Oficial do Sport Lisboa e Benfica

O crescimento sustentado do Augsburgo

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cab bundesliga liga alema

O Augsburgo é um exemplo para todos os clubes denominados pequenos: o emblema da Baviera é o actual quarto classificado da Bundesliga e desafia todas as expectativas de início de época.

A equipa não tem um passado histórico na mais importante competição alemã e a estreia só aconteceu na época de 2010/2011. A maneira de olhar para a tabela classificativa mudou a partir do momento da entrada de Markus Weinzierl. O nome pode ser totalmente desconhecido para alguns, mas o treinador tem vindo a relevar o seu valor. A época passada foi feliz, mas poderia ter sido de sonho: o Augsburgo ficou em oitavo lugar e a um ponto da Europa. Um dos jogadores em destaque foi André Hahn, jogador que agora é uma das figuras do Borussia Mönchengladbach.

Markus Weinzierl é o treinador mais jovem da Bundesliga
Fonte: Facebook do Augsburgo

         Um dos trunfos desta equipa é a excelente gestão. As ligas secundárias são um alvo apetecível e a continuidade dessa aposta é quase obrigatória para um clube com poucos recursos. André Hahn, o melhor jogador da equipa na última temporada, foi contratado a um clube da terceira divisão, e nesta época o recrutamento tem sido igualmente valioso. Abdul Rahman Baba, ganês que tem sido um dos laterais-esquerdos revelação do futebol europeu, Nikola Djurdjic, Markus Feulner e Caiuby, brasileiro que tem mostrado bastante potencial, foram as escolhas deste ano. As grandes figuras do conjunto bávaro têm sido, porém, Raúl Bobadilla, Tobias Werner e o experiente Halil Altintop.

Os destaques são simbólicos e como tal o voluntarioso colectivo é que sobressai. A equipa é montada de maneira a valorizar o todo – o sistema utilizado é o 4-2-3-1, habitual na Bundesliga – e o proveito está à vista. A falta de um goleador – a contratação de Tim Matavz visava esse objectivo – leva a que o melhor marcador da equipa seja o capitão Paul Verhaegh, lateral-direito e internacional holandês.

Em suma, fazer muito com pouco. O excelente início de época não passa despercebido e o Dortmund, que tem feito um campeonato desastroso, já está a pensar em Weinzierl para suceder a Jürgen Klopp. Um exemplo a seguir de uma equipa que soube crescer de forma sustentada.  

Foto de Capa: Facebook do Augsburgo

 

Vamos ao que menos interessa: as contas

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a norte de alvalade

Como não podia deixar de ser, aproveito a divulgação das contas trimestrais para falar um pouco das contas da SAD do Sporting. O titulo é algo provocatório: só um louco ou alguém a caminho de o ser pode achar que as contas são o que menos interessa. No entanto ele não deixa de dar conta do espírito mais comum entre os adeptos: queremos que as contas estejam boas mas a nossa preocupação é se a bola entra ou não. Ou até mais do que isso: queremos é títulos, como muito bem dizia o nosso ex-PMAG, Eduardo Barroso, há dias.

Contudo, sem boas contas os títulos são uma miragem, e o Sporting, mesmo apresentando os resultados de um excelente exercício trimestral, tem ainda um longo caminho a percorrer para se reequilibrar e poder assumir-se lado a lado com os seus rivais em termos de disponibilidade financeira. Os relatórios trimestrais têm um valor relativo, servindo sobretudo de indicador ou revelador de uma tendência. O agora em apreço, por versar o período de transferências e de inicio de época, tem por isso algum valor acrescido sobre os outros três relatórios congéneres, mesmo considerando que algumas das verbas inscritas são parciais.

As boas noticias

Por comparação com o período homólogo do ano passado, os resultados operacionais e líquidos são extremamente positivos, com um saldo líquido de 25,2 milhões e 24,6 milhões respectivamente, que, também respectivamente, representam variações positivas de 207% a 242% por cento. Estes valores astronómicos devem ter ainda mais realce pelo facto de a comparação ser feita com um exercício homólogo positivo. Para este resultado muito contribuíram as verbas resultantes das mais-valias com a venda de jogadores (Rojo, Rinaudo e Dier) e das receitas resultantes da entrada directa na fase de grupos da Liga dos Campeões.

O primeiro item, a alienação de passes, é um ponto que merece destaque. No campeonato das transferências o Sporting obtém um 2º lugar, com resultados positivos de 19,7 milhões, suplantado apenas pelo SLB, com 21,2 milhões, tendo o FCP ficado pelos 17 milhões. A importância de o Sporting estar lado a lado com os seus rivais na obtenção deste tipo receitas é absolutamente crucial para poder, num futuro próximo, igualá-los no investimento na sua equipa de futebol, bem como no financiamento de toda a actividade da SAD.

Noticias nem boas nem más

Tem sido muito salientado o facto de o Sporting gastar apenas 1/4 do que aquilo que os seus rivais gastam com despesas de pessoal. Aqui tenho de dar razão a Eduardo Barroso: não quero ficar à frente dos rivais no campeonato das contas, mas sim no do futebol. Este facto, o de gastar pouco, só será verdadeiramente relevante se a ele se juntar um ciclo de vitórias, o que me parece um caminho muito difícil de percorrer. Não é impossível e, atendendo a de onde o clube vem e onde estão colocados há muito os rivais, é necessário tempo para a consolidação de uma estratégia. A minha dúvida, já aqui várias vezes expressa, relativamente à actual, é profunda. Resta-me dar o tempo necessário e aguardar os resultados. Um clube grande tem este problema: não vamos para a praça central da parvónia celebrar segundos lugares ou qualificações para a Liga dos Campeões.

Os valores do passivo (262,7 milhões, menos 1%) e dos capitais próprios negativos (uma importante diminuição de 21%, para 93,4 milhões) não são más nem boas notícias se atendermos a que os seus valores são há muito conhecidos de todos. Obviamente que um passivo tão elevado consome enormes recursos para assegurar o cumprimento do respectivo serviço de dívida, sendo este, quanto a mim, o grande problema que a SAD ainda tem que enfrentar por um longo período. Já os valores dos capitais próprios sofrerão em breve uma importante alteração, com a entrada em vigor do plano de reestruturação financeira.

Notícias preocupantes

O conflito com o fundo Doyen Sports pode significar uma importante reviravolta nestes resultados. Se a decisão nos for desfavorável, esperar que aquela entidade se fique pelo simples ressarcir aritmético dos valores em disputa só pode ser ingénuo. Resta aguardar que a decisão tenha sido objecto de aturado estudo, reflexão e assessoria jurídica antes de ter sido tomada, porque as suas consequências seriam obviamente graves.

Da observação apressada do referido R&C saliento igualmente dois pontos que me parecem pelo menos preocupantes:

1- A diminuição das receitas resultante de patrocínios e publicidade: dos 1.568 milhões do ano passado, sem competições europeias e sem Champions League, obtivemos apenas este ano 1.536 milhões. Só para se perceber o caminho que agora percorrem os nossos rivais, o SLB obteve, nesta rubrica, no mesmo período, 4,8 milhões de euros, o que representa um acréscimo de 10,2%. Não consegui verificar os números do FCP em tempo útil de os incluir aqui. Como é óbvio, este é apenas um aspecto, entre muitos outros, das contas dos clubes, mas, a par de outros, indicia pelo menos que não se justificam para já os gritos de hossana relativamente às nossas contas. Há um longo caminho ainda a percorrer.

2- Igualmente num ano de regresso de competições europeias e logo pela sua porta maior, o acréscimo de apenas 14% nas receitas de bilhética (de 1.941 milhões em 2013 para 2.384 milhões) reforça a necessidade de uma reflexão alargada sobre a actual realidade do universo leonino.

Nota: Este artigo pode também ser lido no blog A Norte de Alvalade, com o qual o Bola na Rede tem uma parceria com o objectivo de atingir uma maior divulgação dos trabalhos de qualidade tanto do Bola na Rede como do blog em questão.

Foto de capa: sporting.pt

 

Os protagonistas da fase regular

cab futebol feminino

A 7 jornadas do final da fase regular do Campeonato Nacional de futebol feminino, o Clube Futebol Benfica é líder, depois de ter vencido o recém-promovido Fundação D. Laura Santos por 3 a 0. A equipa do Fofó aproveitou o deslize do Ouriense, que se deixou empatar em casa com o Vilaverdense, para se descolar do bi-campeão e assumir a liderança do campeonato.
Esta é a tabela classificativa à passagem da 11.ª jornada da fase regular:

Os suspeitos do costume nos lugares cimeiros da classificação Fonte: futebolfemininoportugal.com
Os suspeitos do costume nos lugares cimeiros da classificação
Fonte: futebolfemininoportugal.com

Como já tem sido habitual nos últimos anos, o campeonato nacional de futebol feminino está verdadeiramente lançado, sendo ainda demasiado cedo para fazer qualquer espécie de previsão com certeza. No entanto, acredito que com 11 jornadas já há muitas elações a retirar, pelo que dedicarei este artigo a uma breve análise daquilo que se anda a passar no jogo das raparigas.

1. FC Cesarense, o patinho feio               

Onze jogos realizados, onze derrotas. 4 (?) golos marcados, 42 (!?) sofridos. É difícil imaginar pior. Depois de na época transata ter terminado na posição imediatamente acima da linha de água, o FC Cesarense está este ano a ter uma época para esquecer. O fantasma da despromoção, ainda que num futuro longínquo, começa a assombrar o actual lanterna-vermelha do campeonato de futebol feminino, e são poucos os indícios de que a situação poderá inverter-se em breve. Ainda assim, deixo uma ressalva otimista. Há coisa de 5 anos atrás, estávamos ainda em pleno reinado do 1º Dezembro, a regra era outra – uma equipa de qualidade superior impunha-se perante as demais, que se esforçavam, sem sucesso, para a retirar do pelouro. Não sei quanto a vocês, mas prefiro um campeonato competitivo com um patinho feio a um campeonato desnivelado com um super-pato. Infelizmente para o Cesarense, esta observação pouco ou nada ajuda.

2. Valadares Gaia, a surpresa    

Que a equipa do Valadares Gaia tinha qualidade no seu plantel já se sabia, mas este ano está em grande. Com ainda 7 jornadas pela frente, o Valadares Gaia já fez mais pontos do que aqueles que havia conseguido no final da fase regular da época passada, tendo inclusivamente chegado a estar na liderança do campeonato. Se Ouriense e A-dos-Francos foram as equipas sensação das últimas duas edições, a continuar assim o Valadares será certamente a equipa mais merecedora da designação este ano. A equipa de Gaia encontra-se no terceiro posto do campeonato, ameaçando ser uma séria candidata a um dos 4 lugares cimeiros que dão acesso à fase de apuramento de campeão. É de referir a autêntica “escadinha” em que se encontra a classificação neste momento, reflexo da alta competitividade do campeonato neste ano, em que a grande maioria das equipas está separada por 2 meros pontos. Aposto numa luta a 5 para os 4 lugares, com Fofó e Atlético Ouriense nos lugares cimeiros, e uma disputa a 3 entre Valadares, A-dos-Francos e Albergaria pelo quarto e terceiro posto. O Fundação D. Laura Santos, tal como o próprio Vilaverdense, ainda pode ir a tempo de trocar as voltas a alguns clubes, mas duvido seriamente de que tenham o que é preciso para irem à fase de apuramento de campeão.

3. Ouriense rumo ao tri?             

Depois de ter feito história pelo futebol feminino português, ao ter sido a primeira equipa portuguesa a passar a fase de apuramento da Liga dos Campeões, a equipa do Atlético Ouriense tem agora a difícil tarefa de voltar ao planeta terra e começar a trabalhar na defesa do título de campeão nacional. As mudanças no plantel de ano para ano são uma realidade constante no futebol feminino português, mas a equipa treinada por Marco Ramos continua a ter um dos melhores (senão mesmo o melhor) planteis do campeonato e tem tudo para rumar ao tricampeonato. Com o A-dos-Francos com muito menos gás do que no ano passado, cabe ao Fofó cerrar fileiras e assumir-se como rival directo do bi-campeão e vencedor da Taça de Portugal. O ano passado, uma série de maus resultados quase deitaram tudo a perder, mas, com uma troca de técnicos, o Ouriense foi dominador na fase de apuramento de campeão e conseguiu recuperar o terreno que havia perdido. Suspeito que desta vez as facilidades não serão tantas. Cabe ao campeão dar tudo de si em todos os minutos de jogo para conseguir levar a sua avante. O empate em casa frente ao Vilaverdense, 7º classificado, demonstra bem que não há jogos fáceis. A este respeito, há que relembrar a importância dos jogos da próxima jornada – o Fofó desloca-se até Albergaria e o A-dos-Francos recebe o Ouriense. Dois encontros que juntam o melhor do que o futebol feminino português tem a dar, e que poderão vir a ser decisivos para as contas finais da fase regular. Se estiver perto e conseguir ir ver um destes jogos, não perca a oportunidade. Garanto que vai valer a pena.

Foto de Capa: Facebook Oficial do Valadares Gaia

The Invincible One?

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cab premier league liga inglesaA secção de desporto dos jornais ingleses de 19 de Agosto de 2002 tinha como manchete declarações que roçavam a arrogância, de tão ousadas. O autor fora Arsène Wenger, que, embalado pela  conquista da Premier League 2001/2002 e cegamente confiante na capacidade dos seus jogadores, afirmara: “Ninguém irá terminar acima de nós na Premier League. Não me surpreenderia se pássassemos a época toda sem perder”.

Esta “premonição” estava errada, e o Arsenal terminou a temporada com uma equipa acima de si (Manchester United), com mais 5 pontos e menos uma… derrota. Porém, aquilo que Wenger disse acabou por ter efeitos práticos na motivação dos seus jogadores. Nomes como Pirès, Henry, Wiltord, Bergkamp, Ljungberg, Gilberto Silva, Sol Campbell, Ashley Cole ou Patrick Vieira, já estrelas na altura, foram motivados pelas declarações do seu treinador e algo mexeu dentro deles durante a época 2002/2003: um sentimento de que poderiam, de facto, ser invencíveis durante uma época inteira… Caso se corrigisse o que de errado houve nas derrotas com Everton, Blackburn (duas vezes), Southampton, Manchester United e Leeds.

A época 2003/2004 começou e fez-se história. Entre jogos mais e menos apertados (o 0-0 contra o campeão United, que ficou conhecido como a Batalha de Old Trafford, foi o mais marcante e, talvez, o mais “vital” – segundo Bob Wilson, treinador de guarda-redes da altura e jogador do Arsenal durante 9 anos -, com os gunners a “sobreviver” à expulsão do seu capitão e a um pénalti falhado por Van Nistelrooy ao minuto 90 do encontro), a equipa conseguiu terminar as 38 jornadas da Premier League sem sofrer uma única derrota, deixando vincado o seu carácter em todos os jogos que disputou.

O Arsenal tornou-se a segunda equipa a acabar uma edição do campeonato inglês sem derrotas (depois de o Preston North End ter vencido a primeira “English Football League” da história com 14 vitórias e 4 empates em 18 jogos, em 1897), e, prolongando esta série pela temporada seguinte, perfez um total de 49 partidas (recorde absoluto) sem conhecer o amargo sabor da derrota na competição.

Henry foi a grande estrela dos campeões invencíveis Fonte: seanbjack (Flickr)
Henry foi a grande estrela dos campeões invencíveis
Fonte: seanbjack (Flickr)

Dada a competitividade da Premier League, este recorde é algo que ficará nos livros de história do futebol; um feito que, muitos vaticinaram, não se iria repetir em anos próximos. No entanto, à medida que o Arsenal ia trilhando esse caminho de sucesso, ia nascendo o mito de um português que conquistava tudo o que havia para ser conquistado, incluindo a Liga dos Campeões, com um clube português (dando assim o mote para essa e outras conquistas com uma mensagem parecidíssima com a de Wenger em Agosto de 2002).

Esse português, mais tarde, viria a tornar-se uma das figuras da Premier League e um dos principais rivais de Wenger, “vencendo-lhe” o título nas duas épocas seguintes e mantendo, entretanto, um registo imaculado nos confrontos entre ambos (que se cifra, actualmente, em 7 vitórias e 5 empates, sendo a mais marcante destas partidas a vitória por 6-0 na “celebração” do jogo 1000 da carreira de Wenger).

Portanto, esse português conquistou quase tudo a Wenger. Só ainda não logrou o título de “invencível” numa época da Premier League (o feito mais notável da carreira do francês), algo que ameaça fazer esta época, ao leme do Chelsea. Os blues deixaram, mais uma vez, vincado todo o seu carácter e personalidade no jogo em Anfield Road, impondo toda a sua superioridade num encontro que, teoricamente, seria dos mais difíceis da temporada. Até agora, volvidas 11 jornadas, já foram a Manchester duas vezes (Old Trafford e Etthiad) e ao terreno do Liverpool. Empataram os dois primeiros encontros e venceram o último, tendo um registo total de 9 vitórias e 2 empates. Ou seja, já foram ao campo do campeão, do vice-campeão e da equipa que detinha a hegemonia do futebol inglês nos últimos anos sem perder. Dos campos mais complicados (ou melhor, dos “Big Five”), só falta mesmo ir ao terreno do Arsenal.

É normal que se especule sobre uma possível reedição dos “Invincibles”, algo que se acentua com a segurança do futebol praticado pelo Chelsea e pelas sucessivas afirmações de carácter da equipa. O tal treinador português afirma que não acredita que possa conquistar esse título. É normal que queira gerir expectativas e a pressão sobre a equipa. Mas os dados estão à vista, e, mesmo faltando 29 jornadas de Premier League, o Chelsea perfila-se como um dos mais sérios candidatos a destruir esse “título” conquistado por Wénger e seus orientados.

José Mourinho, “the invincible one”?

Foto de capa: Tsutomu Takasu (Creative Commons)

Uma vergonha que não pode passar despercebida

amarazul

Na passada terça-feira, fiquei (como aliás é habitual) satisfeito por ver que o jogo do meu Futebol Clube do Porto frente ao BATE Borisov, relativo à quinta jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, tinha transmissão televisiva na SportTV. Ou melhor, por ver que o jogo dos Dragões, a única equipa portuguesa já apurada para os oitavos-de-final, assim seria transmitido.

Fico sempre. Aliás, ficamos. Cá em casa somos assinantes da SportTV e achamos que os comentários da estação estão uns furos acima da concorrência nestes dias. Para surpresa nossa, no entanto, Lopetegui e os seus comandados não tinham um único elemento da equipa televisiva – aquela pela qual nós, muitos de nós, pagamos mais de vinte euros por mês para poder assistir aos jogos do nosso clube. Repito, o Futebol Clube do Porto não tinha um único elemento da imprensa à sua espera no final do jogo onde, curiosamente, voltou a estar em destaque – marcou três golos e somou mais três pontos, garantindo inclusive o primeiro lugar no grupo, algumas horas mais tarde.

A ausência de jornalistas foi evidenciada pelo próprio gabinete de comunicação do clube através das redes sociais mas, de resto, nada. Onde está o respeito e, mais do que isso, a confirmação de um trabalho justo enquanto estação que fornece um serviço aos seus assinantes? Onde está (esteve) a equipa que deveria ter acompanhado o encontro? Talvez num avião a caminho de São Petersburgo, onde no dia seguinte foi feita a cobertura habitual (e que todos, enquanto assinantes, esperamos ao subscrever a SportTV).

A referência a um clube rival não é, de forma alguma, uma crítica às águias. Não desta vez. Foi feito pela SportTV o que havia a fazer naquela quarta-feira. Vinte e quatro horas antes, porém (os jogos foram inclusive à mesma hora), algo faltou. E a ausência da equipa de reportagem deu ainda origem a uma ausência de justificação. Descriminação? Talvez. Esquecimento? Talvez. Nunca saberemos…

Falo neste texto do Futebol Clube do Porto como única equipa apurada para as eliminatórias como poderia falar de um outro qualquer em posição menos favorável. Falo enquanto adepto azul e branco como falaria se, em outra instância, se verificasse o mesmo num outro palco, com outro emblema. Naquela noite de gelo em solo bielorrusso, a chama do Dragão aqueceu o campo e a Europa. Estava tudo preparado para receber os jornalistas (não só da SportTV, seja dito), que não quiseram aparecer. Sem justificações dadas, é este o motivo que retiro do triste – reforço –, triste episódio para a imprensa portuguesa.

Fiquei satisfeito por ver que a estação pela qual pago(amos) uma mensalidade iria transmitir o encontro do meu clube para, no final, me ver ser ‘roubada’ uma das partes obrigatórias de uma cobertura futebolística. Pelo menos, assim o esperava de uma estação com os direitos de transmissão dos encontros de clubes do seu país na maior competição europeia.

Este é um dos casos que não podem passar despercebidos no desporto (e comunicação nacional). Este é um dos casos em que as vozes têm de se unir.

Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto

Um problema chamado “Champions”

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raçaquerer

A dificuldade que o Benfica de Jorge Jesus demonstra em atingir os oitavos-de-final da Liga dos Campeões é um problema grave. E o mais preocupante é que nem o nosso treinador nem o nosso Presidente parecem entender isso. Ora, vejamos: em cinco participações na fase de grupos com Jesus no comando, só seguimos em frente numa ocasião, em 2011/2012. Foi nesta época que eliminámos o Zenit e depois fomos afastados pelo Chelsea de forma injusta. Na temporada anterior a esta, até aceito que tenhamos sido o terceiro classificado do grupo, pois medimos forças com Lyon e Schalke. Contudo, nas participações seguintes, o Benfica tinha obrigação de ter feito melhor. Não é aceitável que tenhamos sido empurrados para a Liga Europa (onde depois viemos a fazer excelentes campanhas) por não termos sido capazes de somar mais pontos do que o Celtic ou Olympiakos. Com todo o respeito que estes clubes me merecem, a verdade é que são equipas de campeonatos periféricos a nível europeu, às quais, com mais ou menos dificuldades, o Benfica se poderia e deveria ter superiorizado.

Apesar dos resultados menos conseguidos na prova milionária, as exibições, complementadas com vitórias convincentes, na Liga Europa mantiveram o Benfica a um plano internacional elevado, além de terem contribuído para a valorização de alguns jogadores (cujas transferências renderam muitos milhões aos cofres encarnados), para algum encaixe financeiro (não comparável às receitas da “Champions”) e para manter a equipa moralizada durante a segunda metade da temporada.

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O Benfica tem sentido grandes dificuldades na Europa dos “grandes”
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

Ora, este ano, nem o hino da Liga Europa se vai ouvir no Estádio da Luz. É certo que não fomos bafejados pela sorte no sorteio (onde, por estarmos incluídos no pote 1, era expectável que fôssemos acompanhados no grupo por equipas menos cotadas); é verdade que o plantel não tem a mesma qualidade do da época passada (as saídas de Markovic, Matic, Garay, Rodrigo, André Gomes e Oblak pesam e não foram colmatadas da melhor maneira), mas tínhamos a obrigação de ter feito melhor (somos campeões portugueses!). A exibição em Leverkusen foi uma das piores do Benfica desde que me lembro de ver futebol. O jogo que fizemos no Mónaco justificava os três pontos (culpa para a ineficácia ofensiva do ataque, que começa a estar cada vez mais visível), e na Rússia foi por demais evidente que o Zenit começou a construir a vitória depois daquela substituição disparatada de Jorge Jesus, que desequilibrou a equipa e revelou uma ambição pouco inteligente, pois a conquista de um ponto adiava as contas finais do grupo para a última jornada, deixando ainda uma réstia de esperança na manutenção nas competições europeias. Falo dos jogos fora de casa, porque é aí que o Benfica tem vindo a comprometer as suas classificações na Liga dos Campeões. Fazendo uma rápida análise aos números, Jorge Jesus tem uma percentagem de vitórias na prova mais importante de clubes da UEFA de 36%, o que já se pode considerar insuficiente para um clube da dimensão do Benfica. Mas, quando se olha para as prestações da equipa como visitante, o cenário é bem mais negro: 3 vitórias em 17 jogos, ou seja, uma fraca percentagem de triunfos de 18%…

Percebeu-se claramente que, no lançamento da participação europeia desta época, esta prova era vista por Jorge Jesus e consequentemente pela direção (sim, porque não quero acreditar que não haja diálogo em relação aos objetivos a cumprir) como não-prioritária. O discurso que passou para o exterior foi sempre baseado na importância da conquista do bicampeonato. Claro que temos de ser campeões de novo mas, dizendo isto, não podemos menorizar a Champions, porque temos obrigação de lutar com este plantel em vários planos em simultâneo. Prova deste desinteresse pela Europa foi a declaração de Jesus na antevisão ao jogo em Coimbra, em que o nosso treinador (repito: o treinador do Benfica) não sabia que, depois da vitória do Mónaco na Alemanha, o último lugar do grupo era uma inevitabilidade.

Enfim, resta esperar que, na próxima época, o Benfica valorize de facto a Champions, olhando para esta competição como uma oportunidade de ganhar dinheiro, experiência, prestígio, e de aumentar a já enorme paixão que a nação benfiquista sente pelo clube.