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Académica 0-3 FC Porto: Um encanto

a minha eternidade

O Porto venceu a Académica, em Coimbra, por 0-3, com dois golos de Jackson Martinez e um de Herrera. Os “azuis e brancos” controlaram o seu adversário durante todo o jogo, impondo os seus intentos na partida sem contestação de relevo. Os portistas estiveram em grande nível, muito dinâmicos e imprimiram um ritmo muito alto, não dando veleidades aos conimbricenses. Relevo a concentração e obstinação na primeira parte na procura do golo, bem como a tranquilidade mental e seriedade na segunda parte, quando os acontecimentos em campo exigiam um “relaxamento com esférico”, limitando o desgaste mas sem deixar de possuir a bola, para assim inviabilizar qualquer reacção por parte dos estudantes.

O Futebol Clube do Porto iniciou o jogo no seu tradicional 4x3x3, com Fabiano na baliza, Danilo, Martins Indi, Maicon e Alex Sandro formando o quarteto defensivo, o trio de médios constituído por Rúben Neves (pivot defensivo), Herrera e Oliver (interiores), Tello, Brahimi e Jackson mais adiantados no tridente ofensivo.

O momento ofensivo dos portuenses foi excepcional, numa articulação muito completa e inteligente de todos os jogadores. Os centrais saíram bem com bola desde trás, solicitando com certeza e precisão os companheiros do miolo, os laterais combinaram muito proficuamente com os extremos e médios, criando situações de tabela e cruzamento. No sector intermediário, Rúben Neves esteve, como sempre, certo e seguro na ligação entre sectores, efectuando a assistência para o primeiro golo de Jackson. Óliver Torres procurou incessantemente linhas de passe para receber e para endossar, estando muito refinado nas suas acções, de um requinte técnico primoroso. Herrera esteve muito enérgico, procurando muito a profundidade, entrando nas costas dos adversários para finalizar, como fez no último golo. Os três da frente fizeram muito boas ligações entre si e com os elementos dos outros sectores. Brahimi esteve mais discreto e muito amarrado à linha. Tello foi muito forte no um para um e criou inúmeras oportunidades para marcar; a assistência para o terceiro golo é de uma inteligência táctica exímia, aspecto em que nem sempre tem estado bem esta época. Jackson foi mais bem servido do que o habitual e respondeu às solicitações de uma forma notável.

Jackson foi a figura do encontro Fonte: Facebook da Académica
O Porto chega ao clássico praticando bom futebol. Na próxima jornada deverá ganhar ao rival Benfica e assumir a liderança
Fonte: Facebook da Académica

A organização defensiva dos portuenses foi também inatacável, com os três sectores muito próximos, roubando a bola sempre alto, ainda dentro do seu meio campo ofensivo, não dando qualquer veleidade finalizadora aos oponentes. Lopetegui fez três substituições sem alterar o sistema base. Entrou Quintero para o lugar de Danilo (que estava algo magoado fruto de uma dividida na primeira parte), passando Herrera a ocupar a sua posição, o que até fez muito bem, com uma assistência para Quintero finalizar pessimamente. Saiu Tello para a entrada de Quaresma (ainda conseguiu algumas belas iniciativas), e Jackson dando lugar a Aboubakar, que não conseguiu brilhar nos 10 minutos que jogou.

A Figura

Jackson Martínez – Excelente jogo de “Cha Cha Cha”. Jogou em apoios de forma exímia, quer fosse ao primeiro toque, temporizando e endossando, ou conduzindo alguns metros e depois a libertar para o extremo. Na finalização esteve excelente, com dois remates bastante bons: o de pé esquerdo com impetuosidade e o de pé direito com técnica (rotação perfeita e efeito indicado).

O Fora-de-Jogo

Fabiano – Esteve no terreno de jogo mas não participou na sua dinâmica. Vá lá, deu para ensaiar os pontapés de baliza.

Foto de Capa: Facebook do FC Porto

O fascismo voltou a matar

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internacional cabeçalho

Já não é novidade para ninguém que, no último domingo, houve mais uma morte a assombrar o desporto. O que já não é tão comentado é o facto de, apesar de a envolvência ter sido com efeito um jogo de futebol, o crime ter tido apenas motivações políticas. Temos assistido a várias tentativas de “tratar todos por igual”, que mais não fazem do que lançar uma capa protectora sobre os responsáveis pelo assassínio: indivíduos de extrema-direita, vulgos fascistas.

Esses indivíduos pertencem a uma claque que supostamente apoia o Atlético de Madrid, embora os seus reais propósitos sejam outros, como mostra o vídeo abaixo. A claque tem um histórico de violência que não pode ser menosprezado – em 1998, elementos do grupo mataram Aitor Zabaleta, um basco com supostas ligações a um movimento independentista de esquerda e cuja morte, de resto, os integrantes da Frente celebram no já referido vídeo enquanto cantam que “o resultado [do jogo] não nos interessa”. As ligações dos ultras deste clube de Madrid à extrema-direita são conhecidas: desde fotos com parafernália nazi-fascista a coreografias no próprio estádio com frases retiradas de músicas do período franquista – recordo que a Guerra Civil espanhola teve início quando a facção reaccionária de Franco não aceitou a vitória legítima dos republicanos nas urnas – passando por muitos outros episódios de violência. Um deles está bem presente na memória dos portugueses. Há quatro anos, num jogo em Alvalade, largas dezenas de integrantes da Frente Atlético pararam os autocarros em frente ao estádio várias horas antes do jogo e apedrejaram os poucos elementos das claques do Sporting que por lá se encontravam.

E qual é a resposta que a Liga e a Federação espanholas dão a tudo isto? Em poucas palavras, pede-se o “fim da violência no futebol” e uma ambígua luta contra as “claques radicais”. De resto, quase todas as críticas públicas que têm sido feitas vêem a violência como causa de si própria, em vez de compreenderem que os comportamentos delinquentes nos estádios de futebol estão ligados à extrema-direita e à sua perigosa ideologia do ódio. Os intervenientes que agora dizem lamentar a morte do adepto conhecido como Jimmy foram os mesmos que fecharam os olhos a anos e anos de violência fascista nos estádios. Os clubes e os dirigentes, inclusivamente, transformam não raras vezes alguns sectores das claques na sua guarda pretoriana. Os responsáveis do Atlético de Madrid, que nunca pareceram importados em terem uma claque fascista relacionada com o seu clube, não têm moral para agora anunciarem a expulsão dessa mesma claque do seu estádio (até porque, na prática, os elementos poderão entrar à mesma). Não devia ser preciso ocorrer uma morte para identificar, denunciar e expulsar de forma efectiva indivíduos que fazem do desporto um campo de batalha ideológico e um bastião do ódio.

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Não ponho as mãos no fogo pelo facto de os Riazor Blues – claque do Deportivo da Corunha conotada com a esquerda independentista que também esteve envolvida nos confrontos, e à qual pertencia a vítima – terem ou não combinado previamente um encontro com os fascistas, apesar de haver notícias que dizem que afinal não houve marcação prévia. A eventual combinação, cuja existência agora parece não ser assim tão clara, tinha sido avançada com pompa e circunstância por alguns media, sempre prontos a condenar de igual modo quem prega slogans de ódio e quem defende, como os Riazor Blues, o combate ao racismo. Também não estou interessado em defender todos os actos do grupo galego, e muito menos estou mandatado para tal. De qualquer modo, mesmo que tenha havido combinação, o que também houve foi um assassínio. E esse assassínio teve autores: os fascistas da Frente Atlético. Chamar-lhes fascistas não é nem mentira nem difamação, uma vez que eles próprios se assumem como tal.

É por situações destas que sempre me irritou profundamente aquela máxima do “são todos iguais”. Irrita-me quando, depois de uma desilusão amorosa, um homem diz isso das mulheres (ou vice-versa), irrita-me quando se diz isso de todo e qualquer político e irrita-me, neste caso concreto, quando se coloca no mesmo saco aqueles que se revêem em Franco, Hitler e Mussolini e aqueles que defendem a luta contra o racismo e a descriminação. Colocando agora de parte todas as outras condicionantes sociais que tornam o futebol num alvo fácil da irracionalidade, há que compreender que, quando os segundos adoptam posições violentas, o fazem como reacção ao ódio propagado pelos primeiros. E ainda bem que assim é, porque os bandos fascistas não podem ter carta-branca para fazerem tudo o que querem sem consequências. Esse é um mundo no qual eu não quero viver. E dizer isto não faz de mim um apologista da violência, porque nunca o serei.

deportivo
Riazor Blues: “Ama o Depor, odeia o racismo”. Para os dirigentes do futebol espanhol, ser fascista ou anti-racista é equivalente
Fonte: flickr.com

Para terminar, importa dizer que em Portugal também há claques organizadas com um número relevante de simpatizantes fascistas: as mais relevantes talvez sejam o Colectivo, do FC Porto, os Diabos Vermelhos, do Benfica e certos sectores da Juventude Leonina, do Sporting – nomeadamente o Grupo 1143, apesar de hoje em dia estar pouco activo. Isto, claro, sem esquecer o chamado movimento casual, que surgiu em Inglaterra e tem vindo a ganhar importância no nosso país (no ano passado, perto de 200 casuals ligados ao Sporting espalharam o pânico junto ao Estádio do Dragão, exibindo depois esse feito como uma vitória). Todos estes grupos se vêem a si próprios como pretensas “elites” e vivem à margem das claques maiores, que são, no caso português, mais frequentemente despolitizadas. Conhecer tudo isto é vital, exigir que os clubes se demarquem de quem prega estas ideias é uma necessidade. Caso contrário, os resultados estão à vista.

atletico madrid fascismo
Frente Atlético: saudação fascista e coreografia com a inscrição “Volverán Banderas Victoriosas”, uma frase de uma música franquista
Fonte: Alberto Sánchez Fernández (flickr.com)

O que se seguirá ao assassínio do adepto do Deportivo será, com certeza, a diabolização das claques em geral e um apertar de cerco às mesmas. São atitudes erradas. Oponho-me aos que querem acabar com estes grupos organizados, porque isso seria tão ridículo e ineficaz como pretender “acabar com a política” agora que José Sócrates foi preso. O combate que deve ser travado não é contra as claques nem contra a ideia de violência no geral, ao contrário do que os responsáveis pelo futebol espanhol e alguns media têm propagandeado; o que deve ser combatido é, concretamente e sem margem para dúvidas, o racismo e o fascismo, numa luta que deverá extravasar o mundo do futebol e alastrar a toda a sociedade.

Para isso é preciso analisar a realidade muito para além do desporto, ir ao fundo das questões e identificar a ideologia fascista como o verdadeiro alvo a combater. São os seus partidários, muito mais do que quaisquer outros, os verdadeiros foras-da-lei, porque negam a liberdade alheia e chegam ao ponto de ceifar vidas. Resta saber se há vontade política para isso – ainda que, infelizmente, tanto a História como os acontecimentos desta última semana estejam longe de dar os melhores indícios.

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Slimani ou Montero? Eis a questão

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sob o signo mozos

As dúvidas existem pelo simples facto de não haver uma solução final única e objectiva. Enquanto houver subjectividade não se pode dizer que algo está certo ou errado, ou que A é melhor que B. Exactamente por essa razão, sei que este artigo não é mais que uma opinião, nem pretende sê-lo: é pura e simplesmente uma visão daquilo que, para mim, seria a solução ideal.

Muito se tem falado sobre quem deve ocupar o lugar de ponta-de-lança quando o Sporting joga em 4x3x3: Montero ou Slimani? A verdade é que as opiniões divergem e nem o próprio Marco Silva conseguiu ainda definir um titular indiscutível, pois ora joga Slimani ora o faz Montero. Como que para tentar desfazer as dúvidas e aproveitar o que de melhor estes dois avançados podem dar à equipa, o técnico dos leões optou, nos últimos encontros a contar para o campeonato, por apostar num 4x4x2 de início – lembre-se que já algumas vezes tinha ensaiado, nos minutos finais de certos encontros, esta táctica –, fazendo alinhar no onze inicial tanto o colombiano como o argelino. Pode dizer-se que foi uma aposta ganha: o Sporting saiu vencedor dos encontros; o futebol praticado foi de um nível elevado; os resultados (3-0 e 3-1) foram satisfatórios; os dois avançados estiveram em destaque pela positiva; e ambos já marcaram neste sistema.

Mas olhemos um pouco mais a fundo para cada um dos jogadores. Começando pelo caso do argelino, pode facilmente constatar-se que se trata de um finalizador competente que muitas vezes serve para desbloquear resultados de encontros em que o poderio físico impera, de alguma forma, e fazer a diferença em momentos cruciais. É sem dúvida um jogador útil para a equipa e um tipo de avançado que consegue dar muitos (e bons!) pontos ao longo da época. O seu estilo algo trapalhão não permite que seja um melhor jogador, mas a vontade de ajudar a equipa, a garra e ambição que possui ajudam-no a figurar entre as figuras mais queridas dos adeptos.

No caso de Montero, pode falar-se de um jogador tecnicista, de elevada qualidade e que não só pode fazer golos importantes e de boa nota artística, como também pode jogar para toda a equipa através de um jogo mais inteligente e bem executado que  o de Slimani. Por ser um jogador com muitas qualidades, falou-se durante muito tempo de que poderia ser uma mais-valia para o Sporting jogando como falso nº10 ou como segundo avançado, pois iria dispor de mais mobilidade e espaço para pôr em prática o seu futebol. Em conclusão, dois jogadores completamente diferentes, mas cada um com as suas vantagens.

A solução apresentada por Marco Silva nos últimos encontros deixou-me satisfeito. Mas as soluções no banco ficaram muito limitadas, pelo que não me parece que esta táctica se vá manter como a decisiva, infelizmente. A juntar a este facto, note-se que o 4x3x3 tem resultado bem e é a formação à qual os jogadores estão mais habituados. Ou seja, aquilo que seria o ideal para desbloquear a situação “Slimani x Montero” não seria necessariamente o melhor para a equipa. Posto isto, estando os dois jogadores em boa forma, eu optaria quase sempre por colocar Freddy Montero no onze inicial. A razão fundamental é a de que o futebol praticado pelo Sporting é melhor com o colombiano em campo, embora possa carecer de eficácia, em comparação com o estilo mais directo dos leões quando Slimani joga. No entanto, poderia afirmar simplesmente que Montero é melhor jogador e seria suficiente.

Espero que estas dúvidas continuem a dar dores de cabeça a Marco Silva: é sinal de que os avançados leoninos estão em boa forma. Resta-nos esperar que o jovem técnico continue a analisar bem a que jogos se adequa melhor cada jogador, e a optar pela táctica mais apropriada. Com Slimani e/ou Montero, o Sporting está bem e recomenda-se. E, no final, é isso que mais importa.

Foto de capa: Sporting.pt

Boavista 1-3 Sporting: La Culebra foi xeque-mate

porta

A noite prometia frio, gelo e algum sofrimento inerente ao facto de o jogo se realizar no sempre complicado Estádio do Bessa. Ainda assim, o Sporting apresentou-se no relvado sintético do Boavista claramente à procura de uma vitória, e apenas com novidades nas laterais, onde Miguel Lopes e Jonathan ocuparam os lugares de Cédric e Jefferson, respectivamente.

Numa primeira parte em que os minutos iniciais foram bem disputados, o Sporting demorou algum tempo até criar oportunidades de golo. Foi visível a dificuldade de adaptação dos leões ao relvado sintético, com diversas fracas recepções de bola, maus passes e demora nos processos básicos de jogo. Petit tinha colocado bem o seu xadrez em campo, apostando num jogo directo e bastante físico, onde a sua referência atacante era a “torre” Uchebo. A contribuir para uma dificuldade adicional esteve a lesão de Nani que, à meia hora de jogo, acabou por ser um dos momentos chave do mesmo. Para o seu lugar entrou Carrillo, que viria a ser a peça de maior valia neste jogo de duas partes distintas.

A partida foi para o intervalo com o Sporting por cima, mas sem um volume atacante verdadeiramente avassalador, sendo que a maior oportunidade de golo pertenceu a Islam Slimani, com um cabeceamento ao poste esquerdo da baliza de Mamadou Ba.

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João Mário resolve a partida marcando o terceiro golo leonino
Fonte: FPF

Na segunda parte, e quando o jogo estava numa fase sofrível, apareceu La Culebra. O peruano explosivo André Carrillo resolveu a partida em apenas dois minutos: primeiro numa corrida galopante, após um excelente passe de William (mais um jogo onde andou entre o muito bom e o muito mau); e a seguir numa jogada individual do lado direito, culminando com a assistência para o golo de Carlos Mané. Com estes dois golos, os leões acabaram por conseguir dominar o jogo, perdendo o medo e esquecendo o frio e o relvado “anormal”, aproveitando a velocidade para colocar em xeque a defesa axadrezada. Montero e João Mário tiveram boas oportunidades para marcar e foi mesmo o jovem internacional português que assinou o terceiro golo, após novo passe de Carrillo.

Com a vitória garantida, Marco Silva acabou por fazer descansar alguns dos jogadores mais importantes, o que levou a equipa a baixar a intensidade do seu jogo, voltando a aparecer alguns dos problemas da primeira parte, como por exemplo passes errados e falhas de concentração e de posicionamento. Foi numa destas falhas que apareceu o golo do Boavista, com um já habitual auto-golo leonino, aumentando para cinco os golos apontados na própria baliza nesta temporada – na sequência de um cruzamento da esquerda, Jonathan Silva teve uma abordagem errada e acabou por cabecear para a baliza de Patrício. Um golo que não motivou os axadrezados, não conseguindo o Boavista, até ao apito final, criar mais alguma situação de perigo.

No fundo, uma vitória justa, com uma segunda metade bastante agradável por parte do Sporting frente a um Boavista moldado à imagem do seu treinador, Petit. Os leões acabam também por mostrar que não são dependentes de Nani, não obstante a sua mais-valia que representa para a equipa. Esperemos que na próxima quarta-feira, em Londres, o número 77 esteja fresco e recuperado da lesão.

 

A Figura

André Carrillo – O extremo explosivo está na sua melhor época de sempre, possivelmente naquela que será a sua época de confirmação como verdadeira estrela da Liga Portuguesa. Velocidade, drible e cada vez mais capacidade de decisão tornam La Culebra num quebra-cabeças para os defesas, e para Marco Silva também.

O Fora-de-Jogo

Lesão de Nani – Apesar de os leões terem conseguido vencer a partida de hoje, a lesão de Nani poderá ser um forte abalo nas aspirações do Sporting em Stamford Bridge. Esperemos que tenha sido só um susto e que, na próxima quarta-feira, o extremo faça parte das opções do treinador leonino.

Foto de capa: Página de Facebook do Sporting

Crescimento sustentado

cab desportos motorizados

Em julho escrevi aqui para o Bola na Rede que o Diogo Gago era um dos pilotos em quem os portugueses mais podiam depositar esperanças, no futuro. O tempo vai passando e as certezas neste sentido vão aumentando. No passado fim de semana o piloto de São Brás de Alportel sagrou-se campeão junior da 208 Cup, o que lhe permite fazer quatro provas no europeu de ralis (ERC) com o 208 R2 ao serviço da Peugeot Sport.

O europeu júnior em 2015 vai ter seis provas, e quatro estão garantidas ao piloto pela marca do leão. O SATA Rallye Açores, que o piloto fez nos últimos dois anos, pode dar-lhe grandes possibilidades de discutir este troféu – se for feito por sua própria conta -, pese embora os grandes pilotos que irá defrontar. O vencedor de 2014 desta competição é Stéphane Lefebvre, que ao título europeu juntou o WRC3 e o JWRC no campeonato mundial. E porque é que é importante reforçar os títulos conquistados por este piloto francês? Porque foi precisamente o segundo classificado nesta prova, ganha pelo português, e foi o vencedor dos dois anos anteriores; no entanto, é preciso realçar que o piloto não fez o campeonato todo (realizou apenas três provas), enquanto Gago fez cinco provas do campeonato (o que também não corresponde à totalidade da competição).

Na classificação geral deste troféu Diogo Gago foi quarto, com 43 pontos, mas muito longe do vencedor (Charles Martin), que teve 100 pontos e que como prémio tem a possibilidade de correr num 208 T16  em algumas provas da próxima temporada do ERC.

carro
A vila de onde é natural é um dos seus maiores apoiantes financeiros

Se no artigo de julho defendi que () para a época de 2015 o piloto deveria continuar a apostar em carros R2e de preferência num carro melhor do que o C2 com que corre no nosso país; mas em vez de correr em três campeonatos nacionais, devia, na minha opinião, correr ou no europeu ou no mundial (), com este resultado a parte do europeu já está, de certa forma, cumprida e o ideal seria conseguir apoios para as duas provas que não fará para o campeonato júnior na equipa da Peugeot Sport, e assim poder lutar por este troféu com todas as condições e ganhar mais experiência a nível europeu, quer de provas, quer de competitividade. Com esta parte do ERC cumpre uma parte do que defendi como ideal, e com isto penso que deve manter-se no campeonato francês, na competição dos 208, e escolher entre o campeonato português e o espanhol. Seja qual for a opção, será sempre o campeonato menos importante para o seu desenvolvimento enquanto piloto.

Mais para a frente – provavelmente só em 2015 – saberemos ao certo o que vai ser a temporada de ralis de Diogo Gago. O que sabemos para já? O algarvio em 2015 tem uma oportunidade de ouro para melhorar ainda mais enquanto piloto.

 

Todas as fotos foram retiradas do Facebook de Diogo Gago

Federer distribuiu dois milhões pelos colegas de equipa

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cab ténis

“Esta vitória é para os rapazes” foram as palavras de Roger Federer depois de conquistar o ponto que deu à Suíça a Taça Davis 2014. Mas o campeão suíço não dedicou apenas a vitória aos seus colegas de equipa: distribuiu por eles os mais de dois milhões de dólares em prémios monetários.

Se acho justo? Acho. Se era “obrigado” a fazê-lo? Não. Obviamente, Federer só pôde conquistar o título da Taça Davis graças ao esforço e ao sacrifício dos seus colegas de equipa, que ao longo dos últimos anos foram mantendo a selecção numa zona onde sonhar com o titulo era possível.

Stanislas Wawrinka, por exemplo, jogou todas as eliminatórias desde há sete anos e foi o verdadeiro obreiro desta vitória, conquistando no primeiro dia uma importante vitória inaugural que pôs os franceses em sentido.

E se este ano Federer “pegou” na equipa e levou a mesma ao título – no verdadeiro sentido da expressão chegar, ver e vencer -, caso não fossem os seus compatriotas, o ex-nº1 do mundo não poderia ter conquistado esta competição.

A distribuição monetária dos dois milhões e 500 mil dólares que lhe foram atribuidos devido à vitória é assim mais do que justa e merecida pelos seus colegas de equipa, mas é também um reconhecimento sincero e despretensioso de alguém que queria conquistar este troféu “de coração” e não por questões monetárias ou de ranking.

Roger Federer entrou desde há uns tempos para cá numa fase diferente da sua carreira. Uma fase onde se procura, ainda assim, manter o mais competitivo possível, mas sem uma focalização extrema no ranking ATP e nos títulos. O que o suíço quer por agora é sentir-se a jogar bem e a poder jogar de igual para igual com Djokovic, Nadal, Murray e outros.

Federer procura, depois da Taça Davis, uma caminhada tranquila até aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, onde perseguirá o único título que lhe falta: a medalha de ouro individual. E embora continue a procurar chegar às rondas finais e aos jogos decisivos dos Grand Slams e dos grandes eventos, a falta de pressão que ele próprio coloca em si facilita muito mais essa tarefa.

Não esqueçamos no meio disto que Roger Federer tem actualmente 33 anos e 17 títulos do Grand Slam no bolso e está a menos de dois mil pontos do primeiro lugar mundial (o que significa a conquista de um Grand Slam, por exemplo), tendo jogado este ano 17 eventos do circuito ATP, mais eliminatórias da Taça Davis.

Roger Federer parte assim para o ano de 2015 sem pressão e com a confiança em alta, disposto a lutar por se intrometer na luta entre os mais “novos” mas não esquecendo que a Suíça continua bem representada por Wawrinka no topo dos rankings mundiais.

 

Foto: flickr.com

Os inseparáveis “irmãos” da lateral

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serefalaraporto

No FC Porto, existem dois jogadores de enorme qualidade; todavia nem sempre lhes é dado o devido valor e são alvo, por vezes, de duras críticas. Tratam-se de dois “irmãos” que jogam juntos há cerca 6/7 anos, um à direita e o outro à esquerda: Danilo e Alex Sandro!

Estes atletas não podem ser apenas caracterizados pela posição que ocupam no terreno de jogo, uma vez que não são defesas, não são médios, nem são avançados, mas são jogadores de futebol no seu todo. Apesar de Danilo e Alex Sandro ocuparem as posições de defesa direito e defesa esquerdo da equipa do Porto, respectivamente, em boa verdade, não são defesas laterais puros.

Danilo é uma “força da natureza”! Trata-se de um jogador que, nas camadas mais jovens, era frequentemente colocado no meio campo. Porém, anos mais tarde passou a jogar como lateral direito no seu antigo clube, o Santos (equipa brasileira que se sagrou vencedora da Copa Libertadores onde jogavam também atletas como Ganso e Neymar), e nas Seleções jovens brasileiras. Após vários títulos e grandes exibições, rumou ao Porto por uma quantia de 18 milhões de euros, tornando-se a segunda contratação mais cara da história do clube, ficando apenas atrás de outro brasileiro: Hulk. Os milhões investidos foram muito contestados não só por representarem valores muito elevados para o panorama nacional, mas, principalmente, por se tratar de um “defesa”! No entanto, Danilo tem vindo a mostrar-se um jogador diferente da maioria, confirmando o seu verdadeiro valor (não fosse ele titular na Seleção do país rei do futebol, o Brasil). De facto, o hoje ‘2’ do Porto não para em campo, sendo habitualmente dos jogadores que mais quilómetros corre por jogo. Tem uma alegria e uma força tão grandes, que ajuda os seus companheiros a jogarem melhor. Isto revela-se através das suas diversas acelerações pelo corredor ou diagonais que executa em terrenos mais ofensivos, mas sem nunca perder a noção do seu posicionamento defensivo. Com a titularidade na Seleção brasileira, com a assiduidade no onze inicial do FC Porto e com as exibições que tem rubricado, Danilo vive possivelmente o melhor momento de forma da sua carreira. Este conjunto de fatores tem, notoriamente, despertado o interesse de diversos clubes internacionais.

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Atualmente, Alex Sandro é o dono e senhor do lado esquerdo da defesa portista
Fonte: fcporto.pt

Alex Sandro é um jogador com características semelhantes a Danilo, todavia com diferenças que fazem dele igualmente único. É também um jogador física e ofensivamente muito forte e que corre quilómetros do lado esquerdo da defesa azul e branca. Alex começou a sua carreira a jogar como número 10 e com o passar do tempo foi-se adaptando à lateral esquerda (inicialmente como médio esquerdo). Nos tempos em que jogava no Santos (com Danilo), a sua maior preocupação no terreno de jogo era atacar. Aliás, os laterais, no Brasil, são normalmente especialistas a desempenhar a função ofensiva, deixando sempre muito espaço nas costas e permitindo ao adversário atacar esses “buracos” na organização da equipa. Quando chegou ao Porto, Alex veio com a difícil missão de substituir Álvaro Pereira, tendo naturalmente passado por um período de adaptação, antes de se assumir como titular indiscutível. Hoje, mantém as suas qualidades ofensivas no corredor esquerdo e elevou as defensivas a um patamar de destaque.

No que concerne à Seleção Nacional A do Brasil, a sua situação é mais débil, facto que é justificado pela grande e forte concorrência. Ainda na ‘Canarinha’, é de salientar que em muitas das oportunidades em que foi convocado acabou vitimado por azares, designadamente a lesão que o afetou durante o Mundial Sub 20 (competição que conquistou juntamente com Danilo) ou as que o atormentaram em vésperas de concentrações da Seleção, obrigando-o a ser substituído na convocatória.

Deste modo, o Porto está seguro nas laterais com os dois jovens de 23 anos, que dispõem ainda de uma grande margem de progressão. Mais ainda, com a actual filosofia de jogo perseguida por Lopetegui de que “se temos bola não sofremos golo”, estes dois atletas melhoraram ainda mais a sua qualidade de passe e concentração durante os jogos. O Porto quase não sofre golos e a solidez das alas é muito acima da média graças à inegável qualidade dos atletas. O futuro certamente será risonho para ambos, mas é questionável: quanto tempo mais os “irmãos” continuarão a jogar juntos?

Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto

A segunda vida de Victor Vázquez

internacional cabeçalho

O Barcelona é, indubitavelmente, um dos clubes que melhor aproveitamento faz da sua formação. Contudo, nem todos os talentos que saem de La Masia conseguem ter espaço na equipa principal. Muitos passam vários anos no conjunto secundário, à espera de oportunidades que nunca chegam, e muitos outros deixam a Catalunha, seja por opção própria ou porque o clube não quer renovar contrato. Foi isso que aconteceu com Victor Vázquez, médio espanhol que saiu a custo zero para o Club Brugge em busca de um novo rumo para a sua carreira. Aos 27 anos, está a cumprir a quarta temporada na Bélgica e é o patrão da equipa orientada por Preud’homme, que lidera o campeonato nacional. Apesar de já não ser propriamente um jovem, está no pleno das suas capacidades e tem provado que não é tarde para experimentar outro nível competitivo.

Vázquez nunca conseguiu confirmar o estatuto de promessa que tinha em Barcelona. Nas camadas jovens do clube catalão, onde jogou com Messi, Piqué e Fàbregas, sempre foi uma estrela, mas a transição para o futebol sénior não correu da melhor forma, muito por culpa dos inúmeros problemas físicos que o afectaram. Acabou por ficar demasiado tempo na equipa B, o que, como é natural, atrasou a sua afirmação. Com 24 anos, foi obrigado a procurar um novo clube para continuar a carreira, decidindo-se pelo campeonato belga (Portugal foi uma hipótese, tendo sido várias vezes associado ao Sporting). Como se percebe pelo estatuto de indiscutível que Vázquez tem no Brugge, foi uma escolha feliz.

Vázquez chegou a jogar pelo Barça na Champions Fonte: Facebook de Victor Vázquez
Vázquez chegou a jogar pelo Barça na Champions
Fonte: Facebook de Victor Vázquez

Se o Brugge está no primeiro lugar do campeonato bem pode agradecer a Victor Vázquez. O espanhol fez uma exibição espectacular no clássico com o Anderlecht, enchendo o campo e marcando os dois golos que evitaram a derrota da sua equipa (ambos de bola parada, capítulo em que é forte). O ex-jogador do Barça actuou, como habitualmente, como elemento de ligação entre o meio campo e o sector ofensivo, mas mostrou também uma grande disponibilidade defensiva. Nos restantes encontros, Vázquez tem brilhado no capítulo das assistências, o que reflecte a grande visão de jogo e a excelente capacidade de decisão que possui. É um jogador bastante completo, extremamente inteligente e com uma qualidade técnica muito acima da média.

Preud’homme, que assumiu o comando técnico do Club Brugge em Setembro de 2013, está a fazer um excelente trabalho no clube. O antigo guarda-redes do Benfica conseguiu atenuar a saída do craque Maxime Lestienne e montou uma equipa forte do ponto de vista colectivo, consistente defensivamente mas com um futebol extremamente atractivo. Mesmo sem ter os recursos do rival Anderlecht, o treinador belga tem à disposição um plantel interessante e com bastante margem de progressão. O talento começa na baliza, cujo dono é o guarda-redes australiano Matthew Ryan, que dificilmente arranjaria outro professor deste gabarito; continua no sector defensivo, com o central costa-riquenho Óscar Duarte, que está a dar continuidade às boas exibições que fez no último Mundial, e o lateral-esquerdo Laurens de Bock, que tem um estilo semelhante ao de Vertonghen; é visível no meio campo, onde, para além da qualidade de Vázquez, a experiência de Timmy Simmons ainda é fundamental; e termina no ataque, que tem elementos como Rafaelov, Izquierdo ou o brasileiro Felipe Gedoz, que tem sido uma das revelações da temporada (qualidade técnica notável). Contudo, a grande referência ofensiva da equipa tem sido, sem surpresa, o chileno Nicolás Castillo. O ponta-de-lança de 21 anos foi contratado à Universidad Católica por 3,5 milhões de euros e está a justificar plenamente o investimento, somando 8 golos no campeonato (sem ser indiscutível no 11). Era expectável que o jovem pudesse ter sucesso no futebol europeu, mas agora não restam quaisquer dúvidas. Castillo é um avançado muito completo (instinto, potência e facilidade de remate) e, se o processo de evolução decorrer com normalidade, tem tudo para chegar a grandes palcos e ser o tal jogador de área que falta à selecção sul-americana desde que Suazo abdicou.

Não faltam exemplos de jogadores que, por terem estado ligados durante demasiado tempo a clubes onde não tiveram espaço para evoluir, prejudicaram as carreiras. O caso do médio do Brugge tem algumas semelhanças com o de Jonathan Soriano ou com o de Nolito (apesar de não terem sido formados no Barça, jogaram vários anos no clube catalão), que hoje são figuras no Salzburgo e no Celta de Vigo, respectivamente. Victor Vázquez teve uma afirmação tardia, é certo. Mas, recorrendo ao cliché, bem se pode dizer que mais vale tarde que nunca.

Foto de Capa: Facebook de Victor Vázquez

Brasileirão: o campeonato mais difícil de vencer

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O título que acabamos, por ora, de ler, não é uma ideia egocêntrica do autor do mesmo. Nem sequer é pisar sobre um chão tantas vezes massacrado em artigos anteriores. Como referimos noutros textos (e não muito longínquos), podemos agora afirmar, com base em números, que o campeonato brasileiro será provavelmente o mais difícil de ganhar. Ou por outras palavras, mais fortes e inexoráveis: é a Liga mais competitiva do mundo. Vejamos.

Foi feita uma comparação com bastante minúcia e dados estatísticos entre os números do Campeonato Brasileiro e os de duas grandes ligas da Europa – a inglesa e a espanhola. Os nossos amigos matemáticos mostram que na competição do Brasil é, de facto, mais difícil de se encontrar um campeão. De acordo com o levantamento do jornalista Carlos Eduardo Mansur, do jornal “O Globo”, a pontuação média dos campeões nos últimos cinco anos no Brasileirão foi de 72,4 pontos, contra 86 da Premier League e 97 da Liga Espanhola de Futebol. Recordemos que cinco anos é um período considerável, se verificarmos que a UEFA utiliza essa mesma décalage para classificar em potes as equipas apuradas para a Liga dos Campeões e Liga Europa.

Nas palavras de Mansur, “apesar de ser o mesmo desporto, é um outro ambiente de competição. Isso não significa que nenhum treinador tenha que ser despedido. Mas algum grande do Brasil vai ficar em 12º e, consequentemente, em perigo de cair para a zona de descida. É um ambiente de pressão maior. Temos de ver isso como um património. Se pudéssemos vender bem esse produto, venderíamos com base nesse equilíbrio.” Pegando nesta última frase – já vamos à primeira parte da resposta –, esse deve ser o grande marketing em que o Brasil deve investir. Porque, como sempre dissemos aqui, um duelo entre um 16º classificado e o 7º colocado terá sempre, se não maior espetáculo, pelo menos maior incerteza no resultado do que os congéneres europeus.

Torcedores do Cruzeiro festejaram o penta
Torcedores do Cruzeiro festejaram o penta
Fonte: Facebook do Cruzeiro

O estudo destaca ainda que a pontuação média do 17º posto também mostra a maior competitividade presente no Brasil, onde se alcança 43 pontos. Em comparação, o 17º colocado espanhol costuma amealhar, em média, 40 pontos, contra 37, na Inglaterra. A distância entre o 3º e o 18º classificados também revela dados interessantes: 27,2 pontos, em média, no Brasil, contra 39,8 na Inglaterra e 34,2 na Espanha. Ou seja, a pontuação que separa o classificado direto para uma competição continental e a equipe despromovida é menor em solo brasileiro. A lógica segue na comparação entre o 4º e o 17º: 19, no Brasileirão, 34,4, na Premier League, e 24 em La Liga.

Estas estatísticas permitem-nos inferir que aquilo que sempre discutimos aqui – ou melhor, monologámos – tem um fundo de verdade. Querem mais um dado? Prometo que é o último. Nos últimos vinte anos, houve onze campeões brasileiros. Sabem quantos houve em Inglaterra, Espanha e Itália? Apenas cinco em cada um deles. Sei que estes dados podem não convencer os mais céticos. Isto também não significa que o Brasileirão seja o melhor campeonato de futebol do mundo. Mas é um alento para quem o segue e uma chama que cativa os que ainda não acreditam nele.

Foto de capa: Facebook do Cruzeiro

Sporting de Braga: A luta pelos primeiros quatro lugares vai ser dura

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Quem olha para o plantel do Sporting de Braga desta época pode tirar uma conclusão imediata: tem soluções mais do que suficientes para se assumir como favorito a um dos lugares de acesso às competições europeias.

Depois de uma temporada atribulada, com dois treinadores (Jesualdo Ferreira e Jorge Paixão), uma eliminação humilhante na Liga Europa, às mãos do Pandurii da Roménia, e o nono lugar alcançado no campeonato, António Salvador decidiu apostar em Sérgio Conceição para o comando técnico. Conceição conseguiu alguns reforços que têm sido importantes na manobra da equipa nesta época, como o guarda redes Matheus, André Pinto, Tiago Gomes, Danilo ou Pedro Tiba. Cerca de metade das primeiras escolhas do novo técnico são caras novas em relação à temporada passada.

O objetivo assumido pelos “arsenalistas” é terminar entre os primeiros quatro lugares da tabela classificativa. Além disso, o clube quer fazer boas prestações nas taças internas, de onde foi eliminado na época passada nas meias-finais, em ambas as competições, pelo Rio Ave.

A época tem sido, até agora, bastante intermitente. Os bracarenses são muito fortes em casa, onde ganharam todos os jogos disputados, frente a Boavista, Estoril, Rio Ave, Benfica e Gil Vicente para a Liga, com o triunfo sobre o Alcains, para a Taça de Portugal, pelo meio. Em sentido contrário, encontramos o desempenho fora de portas. A primeira vitória dos bracarenses longe do Estádio AXA foi para a Taça de Portugal, frente ao Vitória de Guimarães. Antes disso, encontramos empates frente ao Moreirense, Nacional da Madeira e Académica, e duas derrotas, em Arouca e no Dragão. A primeira vitória para a Liga longe do AXA foi apenas neste fim de semana, por 6-1, no terreno do frágil Penafiel.

Apesar do arranque de contrastes, os bracarenses encontram-se no 4.º lugar do campeonato, ou seja, dentro daquilo que estava pensado pela estrutura liderada por António Salvador.

Pedro Tiba tem sido um jogador nuclear na manobra bracarense <br> Fonte: Facebook do Vitória de Guimarães
Pedro Tiba tem sido um jogador nuclear na manobra bracarense
Fonte: Facebook do Vitória de Guimarães

Voltando ao plantel, penso que, se excluirmos os três grandes, é o melhor da Liga. Existe qualidade e também várias soluções, principalmente a nível atacante. Uma equipa que tem extremos como Felipe Pardo, Rafa, Salvador Agra, Sami, Pedro Santos ou o experiente Alan não se pode queixar a este nível. Pardo e Rafa são os jogadores mais utilizados no apoio ao ponta-de-lança. Para a posição mais ofensiva, o Braga tem duas soluções que já fizeram o gosto ao pé nesta temporada: Éder já apontou cinco golos entre campeonato e Taça, enquanto Zé Luís já fez balançar as redes adversárias por três vezes.

No setor mais recuado, houve mais mexidas em relação à época passada. Na baliza, Matheus assumiu o lugar que pertencia ao internacional português Eduardo. Contudo, alguns problemas burocráticos no início da época impediram o brasileiro de jogar, e aí foi o russo Kritciuk a assumir a baliza. Na memória dos adeptos bracarenses e também dos benfiquistas, devem estar as defesas milagrosas que Matheus fez no confronto em casa frente às “águias”. À sua frente, o quarteto mais utilizado tem sido Baiano na direita, Tiago Gomes na esquerda e Aderlan Santos e André Pinto como centrais. O defesa esquerdo vindo do Estoril até já se estreou pela seleção nacional, no último particular com a Argentina. Como alternativas para os corredores laterais, já foram utilizados Marcelo Goiano e Djavan, dois atletas que Sérgio Conceição já tinha orientado na Académica em 2013/14. Vincent Sasso é a terceira opção para o eixo defensivo. Não é pela defesa que o Braga tem falhado. Nos 13 jogos disputados nesta época, apenas num deles os bracarenses sofreram mais do que um golo.

Quanto a mim, o problema do Sporting de Braga está no meio-campo. Danilo e Pedro Tiba têm-se revelado excelentes opções, dois jogadores que sabem defender e atacar, têm garra e muita disponibilidade física nos vários momentos do jogo. Só que o terceiro elemento da tríade do miolo do terreno, Ruben Micael, não é uma boa solução. O madeirense tem feito pouco em campo e passa muito tempo alheado do jogo. Vejo-o mais tempo a discutir com os árbitros do que a mostrar os atributos que, um dia, até levaram o FC Porto a contratá-lo. Por isso, acho que o Sporting de Braga tem de arranjar outras soluções para o meio-campo. E vai ter de o fazer no mercado de janeiro. Se não vejamos: se não forem Rafa ou o capitão Alan a derivarem para o centro do campo, não há nenhum jogador que possa desempenhar o papel que devia ser cumprido por Ruben Micael. Retirando o trio habitual, as outras soluções são apenas Custódio e Luiz Carlos, jogadores mais talhados para ações defensivas. Se houver lesões ou castigos nesta zona do campo, Sérgio Conceição terá muitas dores de cabeça.

Os minhotos têm sido intransponíves em casa e, caso melhorem o desempenho fora de portas, têm todas as condições para alcançarem os objetivos delineados para esta temporada. Para já, prosseguem na Taça de Portugal e estão nos quatro primeiros lugares do campeonato.