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Brasil 4-1 Camarões: A vitória do povo nos pés de um menino de rua

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Em cada canto do Brasil se sente a “Copa”. Para o bem, para o mal, com agrado ou insatisfação, o povo brasileiro não é indiferente à maior competição de futebol do mundo. O que passa para o Mundo, através das imagens televisivas deste jogo, é a vontade daqueles que são pro-Copa de ver a sua seleção chegar longe e a galvanização que isso provoca na performance de quem os representa em campo. O Estádio Mané Garrincha foi pequeno para acolher o entusiasmo que esta Copa provoca no povo brasileiro, mas suficiente para catapultar o Brasil para inícios fulgurantes em ambas as partes, que valeram dois dos quatro golos com que golearam os Camarões, mantendo assim um registo 100% vitorioso em jogos disputados contra equipas africanas em Campeonatos do Mundo (7 jogos, 7 vitórias, 20-2 em golos).

A canarinha começou por explorar, portanto, o apoio do seu povo, a que juntou alguma passividade do seu adversário, dando azo a que a equipa brasileira procurasse o jogo directo, com resultados bem vistosos: duas oportunidades de perigo nos primeiros 10 minutos. Não houve desânimo em Brasília porque gostava do que se via, e a equipa parecia focada na busca do “gol” que parecia ser apenas uma formalidade com o decorrer do tempo. Assim foi e a pressão alta brasileira trouxe dividendos, com Luiz Gustavo a ganhar uma bola no meio-campo contrário, explorando rapidamente o corredor para servir um Neymar completamente solto de marcação que inaugurou o marcador.

Esperar-se-ia um jogo de sentido único a partir daqui, devido à péssima exibição dos Camarões no último jogo e devido às ausências de Eto’o e Alex Song, referências dos Leões Indomáveis. Mas isso não se verificou. A partir do golo do Brasil, a selecção africana parece ter ganho ascendente motivacional, ganhando a maior parte das bolas divididas ao seu adversário, traduzindo-se isto numa série de cantos que deu resultados práticos: primeiro Matip avisou, com um cabeceamento (desviado) à trave, depois marcou na sequência de uma jogada de insistência após o canto que esse lance de perigo “trouxe”.

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Neymar bisou e foi a figura da partida
Fonte: FIFA World Cup (Facebook)

A partir do golo dos Camarões, a canarinha pareceu encolher-se e a agressividade africana começou a ganhar supermacia, ganhando terreno e domínio ao Brasil… mas felizmente para o povo brasileiro, Neymar estava em dia sim e afastou qualquer sombra de dúvida sobre a qualificação brasileira rumo aos oitavos, rasgando a defesa contrária num lance individual vistoso para recolocar a tricolor em vantagem.

A magia do jogador do menino-querido prolongou-se no primeiro tempo, com uma jogada absolutamente fantástica entre ele e Óscar, ambos em perfeita harmonia – a objetividade tática do futebol de alta competição e a magia do futebol de rua num dos momentos altos desta Copa.

Este lance poderá ter sido preponderante por ter acontecido perto do fim do intervalo, pois o Brasil entrou sequioso de golos… e conseguiu-o numa jogada de excelente envolvência ofensiva, onde estiveram, de forma ativa, três dos quatro membros do setor mais recuado sem posse: Dani Alves abriu para David Luiz, que cruzou para Fred marcar, beneficiando do “arrastar” de marcações de Thiago Silva.

A partir daqui o jogo foi completamente controlado pelo Brasil, que deu prioridade à circulação de bola no seu meio-campo, conseguida pela entrada de Fernadinho e pela substituição de Hulk por Ramires, que passou a atuar numa zona mais central do terreno…

… contudo, este desacelerar do ritmo do jogo poderia ter consequências nefastas (o México chegou a estar a um golo de garantir o primeiro lugar), mas Fernadinho, aproveitando perda de bola contrária, arrumou com a questão. O Brasil está apurado para os oitavos-de-final qualificando-se em primeiro lugar, conforme se lhe exigia.

 

A Figura

Neymar – A cada toque de bola seu sente-se a irreverência de um qualquer miúdo brasileiro a jogar descalço com os amigos. É a ilustração perfeita do futebol brasileiro, um “brinca-na-areia” incorrigível, mas objetivo e com um talento que lhe dá uma margem de manobra para qualquer eventual perda de bola. Sozinho, galvanizou a equipa e foi o principal responsável pela vitória canarinha.

O Fora-de-Jogo:

Hulk – Dono de um porte físico temível e de uma aceleração impressionante, apoiado por talento de primeira linha mundial e tendo por opositor direto um lateral-esquerdo que não é o habitual numa defesa permeável, Hulk seria um dos jogadores em campo com mais a seu favor para desequilibrar e ser o homem do jogo. Não o foi. Faltou-lhe muito para o ser. Que é craque, ninguém dúvida, mas faltar-lhe-à alguma confiança para ser o Hulk que todos os brasileiros querem na Copa.

Austrália 0-3 Espanha: Jogo fraco com sabor amargo

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O RESCALDO

No encontro desta tarde não havia já nada para decidir: tanto Espanha como Austrália já estavam eliminadas, devido às duas derrotas que ambas obtiveram em outros tantos jogos. No caso da campeã do mundo, este duelo servia também – ou até mesmo somente – para salvar a honra e não sair sem nenhuma vitória deste Mundial. Os cangurus, por outro lado, estavam ali apenas para cumprir calendário. A selecção australiana é a 62ª do ranking da FIFA – o que significa que se as fases finais do campeonato tivessem o dobro das equipas a Austrália seria, ainda assim, a terceira pior formação, isto partindo do pressuposto de que este duvidoso ranking reflectisse a realidade devidamente –, pelo que o desfecho deste jogo era mais do que previsível. Aqueles que assistiram a este jogo estariam apenas interessados em ver como Espanha iria reagir ao facto de ter sido eliminada precocemente deste Mundial.

A selecção de Nuestros Hermanos entrou com um onze pouco habitual, relegando alguns titulares indiscutíveis para o banco de suplentes e fazendo entrar jogadores menos utilizados. Talvez por isso, e juntando o facto de ser um jogo em que nada se decidia, este encontro tenha sido algo pobre – o que também já era expectável.

Os primeiros quinze minutos foram incaracterísticos  tendo sido até a Austrália a criar os lances mais perigosos. Mas a selecção espanhola rapidamente se encontrou e tomou conta do jogo, tendo em Villa a maior referência de uma equipa triste e desmotivada. Foi, aliás, o avançado do Atlético de Madrid que marcou o primeiro golo, a dez minutos do intervalo, num lance de elevada nota técnica, abrindo o marcador com um toque sublime de calcanhar que finalizou uma bonita jogada de La Roja.

Villa foi o melhor jogador do encontro e marcou desta forma o golo inaugural Fonte: FIFA
Villa foi o melhor jogador do encontro e marcou desta forma o golo inaugural
Fonte: FIFA

O intervalo chegou e o encontro resumia-se a três palavras: pobre, expectável e desinteressante. A segunda parte começou e Espanha continuava a dominar. Mas ao minuto 59 deu-se o momento mais surpreendente: Villa, que estava a ser o melhor em campo e que realizava, provavelmente, o último jogo internacional da sua carreira, foi substituído. Ninguém esperava a saída do avançado e talvez por isso ninguém tenha sabido reagir dignamente à despedida do melhor marcador de sempre da selecção espanhola. O próprio David Villa, num misto de sentimentos, emocionou-se e chateou-se com a sua saída.

Os restantes 30 minutos de jogo decorreram com um domínio claro de La Roja, que não fazendo mais do que aquilo que era necessário aumentou por duas vezes o marcador: aos 69 minutos, golo de Silva depois de um delicioso passe de Iniesta; e aos 82 minutos, num lance de classe de Juan Mata, que, depois de um bom domínio, parou a bola e colocou-a com calma entre as pernas do guardião australiano.

Foi assim que Espanha se despediu deste Mundial, que marcou o fim de uma época gloriosa e admirável de uma selecção que fascinou o mundo de 2008 a 2012, conquistando dois europeus e um campeonato do mundo. La Roja fecha assim um ciclo, despedindo-se com um amargo sabor de boca. O testemunho passará para outra selecção, mas tal acontecerá enquanto os jogadores espanhóis já estiverem de férias.

Figura:

David Villa – o avançado espanhol fez uma excelente primeira parte e marcou um golo de elevada nota artística, o que o tornou na figura deste jogo com pouca história. É uma pena que o adeus de Villa à selcção não tenha sido aquele com que, certamente, o avançado colchonero sonhara. É pouco para aquele que solidificou hoje o estatuto de melhor marcador de sempre da selecção espanhola.

Fora-de-jogo:

Vicente Del Bosque – o seleccionador espanhol não figura nesta rubrica apenas por não ter sido sensível quando fez sair Villa cedo demais do encontro, mas também por ser o principal responsável pelas fracas exibições de Espanha neste Mundial. Pedia-se mais.

Holanda 2-0 Chile: Pragmatismo da Laranja

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O RESCALDO

No encontro que decidia o primeiro lugar do grupo B, a Holanda bateu o Chile por 2-0 e conseguiu o pleno de vitórias. Longe de encantar, a selecção de Van Gaal fez uma exibição bastante pragmática, aproveitando o facto de um empate lhe bastar para terminar à frente dos sul-americanos. O conjunto de Sampaoli estava obrigado a ir à procura do marcador e assim o fez, mas na recta final acusou o desgaste e, em princípio, tem encontro marcado com o Brasil nos oitavos-de-final (à semelhança do que aconteceu em 1998 e em 2010).

Durante o primeiro tempo o encontro teve poucos lances de golo, com a Holanda pouco interessada em atacar. Van Gaal apresentou um bloco baixo, colocando Kuyt quase como um segundo lateral e entregando a iniciativa de jogo aos chilenos. Jogando no sistema habitual de três centrais, a turma de Sampaoli teve muita posse de bola mas pouca capacidade de penetrar na defensiva adversária. Só quando Mena subia pelo flanco esquerdo e quando Alexis tentava desequilibrar individualmente (exagerando, por vezes) é que os sul-americanos conseguiam incomodar os europeus, que também só criavam perigo através das arrancadas de Robben.

Robben foi a figura do jogo Fonte: Goal.com.br
Robben foi a figura do jogo
Fonte: Goal.com.br

Na segunda parte, a Holanda estendeu-se um pouco no terreno, mas manteve a consistência defensiva. As mexidas de Sampaoli – lançou Beausejour para o lado esquerdo, de onde saíram os melhores lances na primeira parte, e colocou Alexis mais descaído para a direita – não tiveram grande sucesso, apesar de o jogador do Barça ter estado bastante activo. Se as mexidas de Sampaoli não deram resultado, o mesmo não se pode dizer das alterações de Van Gaal. O técnico holandês lançou Fer e Depay e os dois suplentes marcariam os golos da vitória. O médio respondeu da melhor maneira a um cruzamento de Janmaat na sequência de uma bola parada, e o extremo/avançado do PSV voltou a ser uma espécie de arma secreta. Depois de ter marcado um golo no encontro com a Austrália, Depay acrescentou velocidade e facilidade de remate ao ataque holandês e juntou mais um golo à conta pessoal, desviando um cruzamento de Robben.

A Figura:

Arjen Robben – Está em grande forma e, com Van Persie castigado, o ataque holandês viveu exclusivamente daquilo que o extremo conseguiu fazer. A sua velocidade voltou a fazer estragos e terminou o encontro com uma excelente assistência. Para já, está a ser uma das figuras do Mundial.

O Fora-de-Jogo:

Georginio Wijnaldum – Assim se vê a falta que Strootman faz. A troca de De Guzman (claramente o elo mais fraco nos encontros anteriores) pelo jogador do PSV não acrescentou nada ao meio campo holandês. É certo que a postura da equipa não o beneficiou – é um jogador de características mais ofensivas –, mas passou completamente ao lado do jogo e deve regressar ao banco na próxima partida.

Obrigado, Rui!

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Cabec¦ºalho ciclismo

Durante toda a semana eu soube que este artigo teria como estrela principal o Rui Costa. Foi a semana da Volta à Suiça e, sendo uma prova talismã para o ciclista português, era impossível não olhar para ela com especial foco no desempenho do campeão do mundo. É uma prova bastante difícil de ganhar uma vez, portanto ganhar três vezes seguidas seria uma loucura. Por esse motivo, apesar de ter sempre uma grande esperança no novo líder da Lampre, estava mentalmente preparado para escrever um artigo sobre a Volta à Suiça e todas as suas incidências. No entanto, o incrível aconteceu mesmo. A dois quilómetros e meio do fim da prova, Rui Costa arrancou para a vitória, deixou toda a concorrência para trás, passou a meta de peito ao vento e roubou a camisola da liderança a Tony Martin (que tinha passado toda a prova com ela vestida). Subiu ao lugar mais alto do pódio e mais uma vez ouviu-se “A Portuguesa” em terras helvéticas.

Rui Costa no topo do pódio da Volta à Suíça  Fonte: newslocker.com
Rui Costa no topo do pódio da Volta à Suíça… pela terceira vez consecutiva!
Fonte: newslocker.com

Assim sendo, este artigo será um pouco mais curto do que o habitual. Será apenas para agradecer e pedir desculpa ao Rui Costa. Agradecer por mais uma vez ter levantado a nossa bandeira, por ter colocado o desporto nacional no patamar mais alto possível, por nos ter permitido viver, mais uma vez, imensas emoções (e o que é o desporto senão emoção?) que desaguaram todas numa imensa alegria. Quero, no entanto, também pedir desculpa por mais uma vez termos uma estrela a brilhar altíssimo no mundo do desporto e ninguém estar a olhar. Existiram pouquíssimas (se algumas) refêrencias durante toda a semana à tua prestação e, agora que acabou, olhando para o histórico recente, mesmo ganhando (e é pela terceira vez consecutiva, caramba!) pouca esperança tenho de que haja um décimo do destaque que certamente haverá do jogo da selecão de futebol. O único consolo que tenho é que sei que terás muito destaque em publicações estrangeiras, o que também te acarinhará o ego, mas que obviamente não é o mesmo que sentir o orgulho vindo do teu país.

Enfim, infelizmente já estarás habituado a isso, mas temos de continuar a apontar o dedo e a bater com o punho na mesa exigindo que algo mude. A Volta à França está aí a chegar e acredito que poderás novamente fazer algo de belo. Da minha parte, só tenho mais uma coisa a dizer: “Obrigado, Rui!”.

Portugal 2 x 2 EUA: Lusitanos derretem no inferno de Manaus

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O RESCALDO

Portugal entrou a perder. Paulo Bento decidiu a sorte do jogo mesmo antes de os seus jogadores pisarem o relvado. O desenrolar da partida mostrou que a não colocação de William Carvalho e Éder na equipa inicial se traduziu em duas substituições forçadas (por lesão de Hélder Postiga e André Almeida), o que condicionou possíveis opções numa fase mais avançada do jogo.

Portugal conseguiu criar ilusão nos primeiros minutos; o golo precoce de Nani (5’) poderia ter sido um bom tónico para a equipa das quinas, no entanto, esta revelou-se intranquila e, sistematicamente, desequilibrada. A colocação de Cristiano Ronaldo no lado esquerdo do ataque mostrou que o nosso seleccionador não estava suficientemente informado da forma de jogar da equipa adversária. Constantemente o veloz lateral direito dos EUA (Johnson), sem qualquer marcação, surgia em superioridade numérica no flanco direito, dinamizando o ataque americano e causando muita instabilidade na defensiva portuguesa. Algumas tentativas ténues de correcção táctica foram efectuadas pelo técnico Paulo Bento, fazendo descair inicialmente Moutinho e depois Meireles para a ala esquerda, no entanto, estas levavam a desproteger a zona intermédia central, onde os médios americanos surgiam livres de marcação e criavam situações de finalização.

A entrada de William Carvalho após o intervalo permitiu colmatar a lacuna da zona central do campo, porém, o flanco esquerdo continuava a apresentar as mesmas debilidades defensivas, onde Miguel Veloso, entretanto adaptado a lateral esquerdo, e Meireles não davam a resposta adequada. Após mais uma jogada de perigo pela direita, que culminou em pontapé de canto, os EUA conseguiram o empate (63’) através de Jermaine Jones, que rematou de fora da área, conseguindo um golo de belo efeito.

Portugal acusou o empate e deu sinais de intranquilidade, perante uma equipa que baixava ainda mais as linhas defensivas, dando a iniciativa de jogo à selecção nacional e apostando nas transições. Em mais um momento de desconcentração defensiva, a bola chega à área portuguesa e, sem qualquer marcação, o extremo esquerdo americano cruzou para a frente da baliza, onde Dempsey, sem oposição e com a barriga, encostou para a reviravolta no marcador (81’). Portugal estava fora do Mundial e, num último fôlego, já em período de compensação, chega ao empate por Varela (95’), numa cabeçada irrepreensível, após cruzamento de Cristiano Ronaldo da direita.

Varela salva Portugal Fonte: FIFA
Varela salva Portugal
Fonte: FIFA

Este foi mais um jogo que denunciou problemas de adaptação da nossa selecção às condições de temperatura e humidade que se registam nesta altura no Brasil. Depois dos problemas físicos com Fábio Coentrão, Hugo Almeida e Rui Patrício, verificaram-se neste jogo, e ainda durante a primeira parte, lesões musculares com Hélder Postiga e André Almeida.

Importa voltar às questões tácticas e às opções do nosso seleccionador. Portugal tem tradição de bons extremos, que defendem bem e que dão profundidade no flanco. Não se compreende como Paulo Bento continua a manter Cristiano Ronaldo sobre as alas, quando este apenas tem preocupações ofensivas. Em face do nosso défice em termos de ponta de lança de qualidade, seria oportuno colocar Cristiano Ronaldo na zona central do ataque, onde finaliza como poucos, dando a possibilidade de, por exemplo, Vieirinha ou Varela ocuparem o flanco. Paulo Bento continua a insistir nesta opção, condicionando também o desempenho de Cristiano Ronaldo.

As perspectivas de Portugal neste Campeonato do Mundo estão agora muito sombrias, já que um apuramento milagroso exigiria não só a vitória de Portugal sobre o Gana, por números claros, mas também a vitória da Alemanha sobre os EUA, sabendo-se que um empate entre estas duas selecções lhes garante o apuramento. Resta à nossa selecção procurar, neste último e difícil combate, dignificar o futebol português, procurando a vitória e, simultaneamente, deixando uma imagem mais de acordo com o estatuto com que partiu rumo ao Brasil. Por todos os emigrantes portugueses no Mundo, por todos os portugueses em Portugal, por toda a coragem escrita na História Lusitana, não vale a pena suar? Portugal, mais humildade e mais sacrifício, os luxos não fazem História.

A Figura:

Nani, não só pelo golo, mas também pelos dois remates perigosos (dois na primeira parte –um deles que embateu no poste esquerdo da baliza americana e outro defendido pelo guarda-redes, e outro já perto do final, num movimento característico da ala para dentro) e pela constante entrega ao jogo em termos ofensivos e defensivos.

O Fora-de-Jogo:

A dupla Paulo Bento – Cristiano Ronaldo.

Paulo Bento, pelas escolhas iniciais e pela deficiente preparação da equipa para as potencialidades (poucas) da equipa adversária.

Cristiano Ronaldo, que continua longe dos momentos de fulgor que contribuíram decisivamente para o apuramento de Portugal, revelando pouca humildade e entrega nos processos defensivos, para além de não assumir o verdadeiro estatuto de capitão.

Coreia do Sul 2-4 Argélia: Quem disse que ia ser desinteressante?

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O RESCALDO

Se há coisa a que este Mundial nos tem habituado é a grandes jogos. E mesmo um Coreia do Sul vs Argélia, que ao início pode não despertar interesse, faz jus à qualidade que este Mundial tem tido.

Depois de uma derrota contra a Bélgica, com uma exibição bastante positiva, era tempo de os argelinos mostrarem que o bom jogo na primeira jornada não tinha sido por acaso. Halilhodzic apostou num 11 mais ofensivo, com Slimani a ser titular, depois de ter começado o jogo contra a Bélgica no banco. Também Halliche foi titular.

Do outro lado, a Coreia do Sul queria distanciar-se da Argélia e Rússia, isto depois de saber que os russos tinham perdido frente à Bélgica. Com as duas equipas a terem chances de se isolar no segundo lugar, estava em perspectiva um grande jogo.

E tal como muitas outras selecções, a Argélia mostrou que só na teoria era a equipa mais fraca do grupo. Que grande primeira parte dos argelinos. Slimani, melhor jogador argelino de 2013, deu o mote para aqueles que seriam uns 45 minutos fantásticos das Raposas do Deserto. O primeiro golo do sportinguista foi aos 25 minutos e era o culminar de uma entrada forte por parte dos africanos. Ainda se festejava o primeiro golo e outro “português” marcava o segundo. Halliche, o “estudante” da Académica, marcava após um canto, aproveitando uma saída em falso do guarda-redes coreano. A surpresa estava à porta, mais uma. Com mais um golo, de Djabou, a Argélia destruía a Coreia do Sul e ia para o intervalo com a vitória quase no bolso. Resultado justíssimo. A Argélia anulou por completo a Coreia do Sul. Para se ter ideia, os coreanos não fizeram nenhum remate à baliza. Forte, pressionante, nunca deixou os asiáticos respirarem. Demérito também para estes, que, nas poucas oportunidades que a defesa argelina permitiu, nunca conseguiram tirar aproveitamento, sem saber o que fazer com a bola no processo ofensivo.

Slimani, a figura do jogo Fonte: FIFA
Slimani, a figura do jogo
Fonte: FIFA

Com um 3-0, muitos pensariam que a segunda parte seria de controlo da Argélia face a uma Coreia que não tinha mostrado argumentos na primeira parte para dar a volta ao resultado. Enganaram-se. Logo aos 50 minutos, a Coreia reduziu para 3-1, num grande trabalho de Heung Min-son, e voltava a colocar os coreanos na luta. Nunca desistiram, voltaram a acreditar. Rais deixou de ser espectador no jogo para ter de intervir, mas a frieza argelina voltava a colocar os africanos mais calmos. Brahimi, após assistência de Slimani, marcava o quarto golo e fazia da Argélia a primeira selecção africana a marcar quatro golos num jogo do Mundial. Mas nem com este golo a Coreia desistiu. O maior elogio que se pode dar a esta selecção foi o facto de nunca ter baixado os braços. Completamente diferentes da primeira parte, os coreanos eram agora uma equipa mais agressiva. Chegaram ao segundo golo, por Já-Cheol Koo, e foram atrás do 4-3. O jogo manteve-se vivo, com a Coreia a arriscar tudo e a Argélia a jogar na expectativa, aproveitando os espaços que os coreanos deixavam na defesa.

O resultado final diz tudo. Um grande jogo, mais um. Este Mundial está a ser fantástico em termos de futebol. Uma Argélia que entrou com tudo, e uma Coreia que acordou na segunda parte e nunca desistiu. Mérito para a Argélia, que meteu em sentido os asiáticos desde o primeiro minuto, mas há que louvar a entrega dos jogadores da Coreia do Sul na segunda parte. A Argélia parte em vantagem para a última jornada: tem três pontos, tem cinco golos marcados e depende de si própria para passar. A Coreia do Sul terá de fazer contas e depender de outros para passar, mas joga frente a uma Bélgica já qualificada.

Quem não esteve tão bem como os jogadores foi o árbitro. Depois dos erros no México vs Camarões, com dois golos anulados para os mexicanos, agora foram dois penáltis, um para cada lado, por marcar. José Pinheiro Borda já foi considerado o melhor árbitro sul-americano, era um dos favoritos a apitar a final, mas a sua prestação até agora tem estado abaixo do esperado.

A Figura:

Slimani – Marcou e fez duas assistências. Foi uma dor de cabeça para os defesas sul-coreanos. É, claramente, a figura desta equipa.

O Fora-de-Jogo:

Defesa coreana – Hoje foi um dia não para a defesa da Coreia do Sul, principalmente para os centrais. Os quatro golos demonstram a passividade desta defesa, que hoje nunca se encontrou.

Bélgica 1-0 Rússia: Vencer sem convencer

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A Bélgica venceu hoje por 1-0 a Rússia e garantiu, já no segundo jogo, a qualificação para os oitavos de final do Mundial 2014. Muito embora no que toca aos resultados a selecção de Hazard e companhia esteja a conseguir um percurso imaculado, quem viu ambos os jogos não fica assim tão convencido da capacidade belga. Hoje, o jogo foi equilibrado e pendeu para a Bélgica mas podia perfeitamente ter caído para o lado russo. O golo acabou por ser apontado pelo avançado Origi de apenas 19 anos, que saltou do banco para substituir Lukaku a meio da segunda parte.

O jogo começou melhor para a Bélgica que, nos primeiros trinta minutos, conseguiu controlar a maioria da posse de bola, superiorizando-se a meio-campo e exerceu assim um maior domínio do jogo embora a Rússia nunca tenha estado propriamente em dificuldades. Só Mertens criava desequilíbrios através da sua velocidade no flanco direito. De resto, foram até do lado da equipa de Capello as situações mais perigosas da primeira parte. Kanunnikov, Shatov e Fayzulin mostraram-se sempre perigosos cada vez que a Rússia conseguia sair numa transição, colocando velocidade na mesma e colocando inclusive Courtois à prova por duas vezes. Em ambas o guarda-redes do Atlético de Madrid respondeu bem a remates fortes de fora da área. A Bélgica dava sempre ideia de ser mais vulnerável nas laterais defensivas (onde actuaram Alderweireld, na direita, e Vertonghen na esquerda que substituiu Vermaelen lesionado no minuto 31) e foi por aí que, nos últimos quinze minutos do primeiro tempo, a Rússia explorou algum cansaço do lado belga que apareceu depois de uma entrada forte no jogo.

A segunda parte praticamente toda foi a confirmação daquilo que se passou no final da primeira: a Rússia mais fresca, a conseguir empurrar um conjunto de grandes jogadores para trás e a apagar as estrelas ofensivas da Bélgica do jogo, como Lukaku, Hazard ou De Bruyne. O jogo estava claramente amarrado e tiveram de ser as mexidas nos bancos a exercer alguma influência no desenrolar da partida. Na Bélgica entraram Origi por Lukaku – mais um jogo apagadíssimo por parte do jovem ponta de lança – e Mirallas por Mertens que na segunda parte não conseguiu manter o elevado rendimento da primeira. Pelo lado russo Capello fez apenas uma substituição até aos 80 e poucos minutos e não conseguiu dar uma outra agressividade ofensiva ao jogo, deixando Dzagoev e Kerzhakov no banco até tarde demais. Talvez tenha faltado essa ambição ao italiano que precisava desta vitória para se apresentar com melhores probabilidades no terceiro e último jogo do grupo, com a Argélia.

O treinador belga não se conteve nos festejos com o golo ao minuto 88  Fonte: FIFA
O treinador belga não se conteve nos festejos com o golo ao minuto 88
Fonte: FIFA

O jogo chegou à sua fase final a partir de um livre muito bem executado pelo recém entrado Mirallas que embateu no poste defensivo por Akinfeev. Desde aí sucederam-se as iniciativas dos homens mais avançados da Bélgica que, empolgados pela oportunidade de golo, arrancaram para uma série de jogadas individuais que acabaram por resultar no golo de Origi aos 88 minutos, depois de uma boa jogada de Hazard pelo lado esquerdo do ataque. Com este resultado a Rússia vê a sua qualificação ficar muito complicada, esperando com atenção o resultado do encontro entre Coreia do Sul e Argélia. A Bélgica, por seu lado, praticamente garante o primeiro lugar do grupo e, caso Portugal consiga a qualificação, afigura-se um duelo nos oitavos entre Hazard e companhia e a equipa de Paulo Bento… seria um bom sinal!

A Figura:

Mertens – O extremo belga foi o elemento mais desequilibrador da partida, muito embora o seu rendimento na segunda parte tenha caído um pouco. Foi, ainda assim, o maior perigo para uma Rússia bem organizada e mostrou que Wilmots fez bem em conceder-lhe a titularidade numa equipa que conta com tantos e tão bons jogadores para a frente de ataque.

O Fora de Jogo:

Fabio Capello – O técnico italiano, embora não tenha tido a sorte do seu lado, não foi capaz de arriscar no momento em que se via uma Rússia capaz de vencer o jogo. Dzagoev e Kerzhakov são ambos jogadores que poderiam ter dado algo mais ao jogo se lançados mais cedo e, se Shatov apresentava um bom rendimento a nº 10, já o ponta de lança Kokorin poderia ter saído mais cedo… assim como saiu Lukaku na Bélgica, que foi substituído pelo autor do golo.

Wimbledon: O segredo do triunfo

cab ténis

Poucos o sabem, mas o segredo está lá – mesmo por cima da porta que separa os corredores da tão preciosa relva do Centre Court. Para triunfar no All England Lawn Tennis & Country Club, a fórmula é só uma. Basta entrar no encontro de cabeça erguida e ela revela-se: “if you can meet with triumph and disaster and treat those two impostors just the same.”

Não há momento mais celebrado do que este em toda a temporada tenística. Ao longo das próximas duas semanas – e só mesmo duas, porque toda a fase de qualificação é disputada nos courts da Universidade de Roehampton (de forma a preservar os courts do clube máximo) – 256 jogadores lutam por dois troféus.

Descrever Wimbledon é como descrever um autêntico sonho de criança. Tudo isto porque, afinal, o é mesmo: é aqui que todos querem vencer, mesmo que a sua superfície de eleição assuma outras cores e texturas. É aqui que todos querem ver, um dia, o seu nome escrito a ouro, tal e qual o troféu que ambicionam receber. Não há patamar mais elevado do que aquele no qual um jogador é colocado quando vence na relva britânica.

Mas perceber Wimbledon requer mais: é necessário compreender o passado do ténis, que era muito mais disputado em relva do que nos dias de hoje. Consequentemente, o volley era a pancada que quase de forma obrigatória se seguia ao serviço, primeiro ou segundo; e dali raramente se saía – a prioridade de qualquer jogador passava por ocupar a metade ‘superior’, chamemos-lhe assim, do campo e cobrir a rede até ao fim, com mergulhos, se fosse necessário. Hoje, não é possível a um profissional disputar mais do que três eventos nesta superfície e é em SW’19 que se atinge o expoente máximo. Wimbledon é especial pelos seus 128 anos de existência; Wimbledon é especial por toda a história que tem. Wimbledon é, também, especial porque durante quinze dias todos os atletas vestem branco (e os que ousarem apresentar-se mais coloridos são mesmo penalizados). Para além disto, não há publicidade nos courts do All England Club.

Voltemos à fase triunfal do torneio. Afinal, é para vencer que todos viajam a Londres. Fazer parte do torneio é bonito, indiscutivelmente, mas somar um triunfo no quadro principal do torneio é uma fase marcante para a carreira de qualquer jogador. Onde íamos? Ah, sim, “if you can meet with triumph and disaster and treat those two impostors just the same.” 

O ‘truque’ é esse mesmo. Encarar o triunfo e o desastre como se fossem o mesmo. Parece simples dito assim, mas nem todos o conseguem fazer – pelo contrário. Quem são, então, os principais candidatos? E os possíveis outsiders?

Gentlemen’s Singles

Roger Federer Fonte: Getty Images
Roger Federer
Fonte: Getty Images

Há, primeiro do que tudo, um dado curioso a ter em conta: os ‘Big Four’ voltam, beneficiando da fórmula do Major britânico que prestigia os resultados em relva e faz assim Murray ‘escalar’ dois lugares, a ser os quatro primeiros cabeças de série. A última vez em que isto se havia verificado fora precisamente há dois anos, também em Londres. O resultado? A tão celebrada vitória de Roger Federer. Será um sinal? Não seria descabido, pois pela primeira vez desde essa mesma conquista o suíço tem verdadeiras condições de voltar a erguer um troféu.

De volta ao seu melhor ténis com o começo da temporada, com cinco finais disputadas (em todas as superfícies), dois títulos (um dos quais na relva de Halle) e a jogar no seu ‘terreno’ de eleição, o helvético regressa a Wimbledon, tal como em 2009, prestes a ser ‘papá’ e tão motivado quanto nas suas primeiras vitórias. O quadro não é fácil, não, mas Sergiy Stakhovsky, o fantasma da última edição, só pode pôr-se à sua frente na final. Para Federer “é uma excelente notícia”, como afirma em tom de brincadeira.

Tal como o ex-número um mundial, também os restantes membros do top4 de cabeças de série sabem o que é vencer em Wimbledon: Rafael Nadal fê-lo em 2008 e 2010, Djokovic em 2011 e Andy Murray é o campeão em título. É precisamente o britânico quem tem o melhor jogo para relva, além de todo o apoio do público e, essencialmente, da malapata quebrada. No entanto, Novak Djokovic surge uma vez mais num bom plano e tem um quadro relativamente acessível; Rafael Nadal, por sua vez, pode voltar a enfrentar Rosol na segunda eliminatória e joga na superfície onde tem sido menos feliz.

Mas desengane-se quem pensar que tudo está resumido aos quatro grandes nomes da actualidade. Tal como na Austrália – talvez ainda mais, devido às condições proporcionadas pela relva -, poderá haver espaço para surpresas. Uma coisa é fundamental: não esquecer a Black Wednesday do ano passado. E assim surgem Stanislas Wawrinka – fora de forma mas com um jogo que assenta na perfeição no piso verde -, Tomas Berdych, Milos Raonic, Ernests Gulbis e até Grigor Dimitrov, todos eles detentores de potentes pancadas que podem causar ‘mossa’.

Ladies’ Singles

Serena Williams Fonte: Getty Images
Serena Williams
Fonte: Getty Images

Ténis feminino e relva resultam numa combinação fantástica: toda a imprevisibilidade do circuito WTA cresce de forma absolutamente entusiasmante nesta superfície, onde se revelam as mais inesperadas jogadoras. A final de 2013 diz tudo: Marion Bartoli e Sabine Lisicki sobreviveram até ao último encontro.

Contudo, e como em qualquer torneio, há sempre quem goste de se afirmar. Há jogadoras com curriculums a manter, com posições a manter e, acima de tudo, com fome de títulos – independentemente de todo o seu passado glorioso. Aqui, é inevitável começar-se por Serena Williams: número um mundial, campeã em cinco ocasiões, a norte-americana é sempre a favorita à vitória.

Tal como ela, também Maria Sharapova (que há exactamente dez anos a surpreendeu na grande final) tem de ser vista como uma das principais ‘ameaças’; mas Simona Halep, que nos últimos meses melhorou de forma significativa, terá, também, algo a dizer. A chinesa Li Na (vencedora do primeiro Grand Slam da temporada) e Agnieszka Radwanska (vice-campeã há dois anos) não merecem ser descartadas do lote de eventuais candidatas, mas o ténis que apresentam nas últimas semanas não convence a seu favor.

Portugal-EUA: Que fazer?

logo mundial bnr

Penso ser unânime a opinião de que Paulo Bento falhou redondamente na abordagem ao jogo contra a Alemanha. É também minha convicção pessoal que o seleccionador errou igualmente na convocatória que fez, levando jogadores que pouco se destacaram e abdicando de atletas que se exibiram a grande nível. Seja como for, tudo isso agora é passado, e não quero ser mais uma pessoa que critica tudo e todos a posteriori. Face a todas as condicionantes que resultaram do primeiro jogo (lesões, más exibições, expulsão de Pepe e a habitual descrença que uma goleada provoca), ofereço a minha visão daquilo que seriam as melhores opções a tomar para o encontro de hoje com os EUA.

Justifica-se uma mudança de esquema táctico?

Na minha opinião, não. 90 minutos desastrosos não devem pôr em causa o trabalho desenvolvido nos últimos anos. E se o amigável com a Grécia serviu para alguma coisa foi para perceber que Portugal não está minimamente preparado para jogar em 4-4-2. Poderá fazê-lo em caso de necessidade, mas não como plano A. Dito isto, o que a meu ver se justifica, muito mais do que o abandono do 4-3-3, é a rectificação de quase tudo o que se fez contra a Alemanha, nomeadamente a nível posicional. Os erros clamorosos da selecção portuguesa estão bem explícitos nesta página (sobretudo nas imagens, mais ainda do que no texto).

Quem deve assumir as redes da selecção?

Em circunstâncias normais Patrício devia continuar. Não se pode querer fazer do guarda-redes o maior alvo de críticas num jogo em que todos jogaram pessimamente. Patrício fez um dos piores jogos da sua carreira, é verdade. Mas não merece servir de bode expiatório, sobretudo porque só tem culpas evidentes no último golo alemão e, ainda assim, não no lance em si – a bola era mais difícil do que se diz, quem já foi guarda-redes sabe do que falo – mas sim no pontapé rasteiro que originou a jogada. Contudo, a lesão – partindo do princípio de que existe mesmo – impede-o de actuar. Assim sendo, a aposta mais segura é Beto: um guarda-redes que está motivado após uma das suas melhores épocas a nível individual, coroada com a conquista da Liga Europa. Não havendo Patrício, a escolha é clara.

Face à ausência de Pepe, qual a melhor dupla de centrais?                               

Partindo do princípio de que Bruno Alves não terá uma recaída da sua lesão, penso que o melhor será uma dupla entre ele e Neto. Ricardo Costa é mais experiente mas o jogador do Zenit complementa melhor Bruno Alves, uma vez que é um atleta mais ágil e mais capaz nas dobras. As suas boas exibições pela selecção até ao momento também dão confiança.

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Numa selecção demasiado dependente de Ronaldo, o contributo do melhor jogador do mundo é fundamental. Será que o extremo já ultrapassou definitivamente a lesão?
Fonte: Fifa.com

Será André Almeida a opção certa para substituir Coentrão?

É evidente que não, mas não é menos evidente que é por ele que Paulo Bento vai optar. A convocatória deste jogador foi incompreensível do ponto de vista desportivo, não só porque ele apenas começou a jogar em Abril mas também porque tinha, pelo menos, três laterais claramente à sua frente: Antunes, Cédric e Miguel Lopes (e ainda Sílvio, que se lesionou). De tanto se temer o facto de só haver João Pereira para a direita (e não era verdade, porque também há Ruben Amorim – a capacidade de jogar a defesa-direito foi inclusivamente um dos argumentos que pesaram na hora de o chamar em 2010), acabou por não se questionar muito a ausência de Antunes, uma vez que André Almeida seria, alegadamente, uma boa solução de recurso para as duas laterais.

O problema é que, ao segundo jogo, o recurso passou a ser necessário. E André Almeida não é de todo a opção mais óbvia para uma partida decisiva. A segurança defensiva – o seu ponto forte – ainda não apareceu na selecção: contra a Irlanda entrou muito nervoso e contra a Alemanha repetiu a dose, dividindo com Patrício as culpas no quarto golo e tendo ficado a milímetros de fazer um penálti por mão na bola. A nível ofensivo, receio que não se consiga soltar tanto como Portugal precisa. É certo que estou a torcer por uma grande exibição de André Almeida, mas manteria a minha opinião mesmo se fosse dele o eventual golo da vitória. Penso, portanto, que Veloso é uma solução mais sólida. Apesar de não ser rápido, tem mais experiência, é canhoto, conhece a posição tão bem ou melhor do que Almeida e oferece à equipa a vantagem de bater bolas paradas.

Qual o meio-campo que deve actuar?

Com a derivação de Veloso para defesa-esquerdo, o trio do meio-campo seria óbvio: William Carvalho mais recuado (seria a sua prova de fogo, porque tem ainda pouca experiência internacional e jogar num Mundial não é igual a jogar no campeonato português), João Moutinho e Raul Meireles. Este último está em clara quebra física, mas é ainda um jogador capaz. Terá, contudo, de ligar o meio-campo e o ataque de forma muito mais eficiente do que no jogo inaugural. Já Moutinho, talvez o jogador mais nuclear a seguir a Ronaldo, precisa de exibir-se ao nível a que nos habituou: exige-se lhe critério no passe e inteligência nas decisões. Num jogo em que Portugal vai ter muita bola, todos os lances de ataque organizado terão de passar pelos seus pés, pois é ele quem melhor define as jogadas.

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Miguel Veloso e William Carvalho: o primeiro a lateral-esquerdo, o segundo a médio defensivo – seria este o maior garante de sucesso para a selecção
Fonte: miamiherald.com

O que fazer com Ruben Amorim?

Ora aqui está uma opção válida e verdadeiramente polivalente. Não chega jogar em várias posições, é preciso fazê-lo bem, e Amorim pode ser solução para vários postos (mesmo a lateral-esquerdo a sua entrada no onze seria mais compreensível do que a de André Almeida). Não acho que se justifique colocá-lo a titular – isso significaria a saída de Meireles e o jogador do Fenerbahçe encaixa melhor no futebol de ataque que Portugal terá, forçosamente, de mostrar frente aos EUA. Mas o atleta do Benfica é, sem dúvida, uma boa opção para segurar o meio-campo durante a segunda parte, caso se justifique.

E qual o trio atacante a utilizar frente aos EUA?

Não sou um particular apreciador das qualidades de Hélder Postiga, que vem de uma época complicada. Mas, para este jogo, apostaria nele. Hugo Almeida está lesionado e, contra a Alemanha, nem ele nem Éder conseguiram segurar a bola e permitir a penetração dos extremos. Postiga não é um goleador mas está mais rotinado nessa função de servir os companheiros. Caso seja necessário, Éder é sempre um jogador a ter em conta para lançar na segunda parte, uma vez que a sua envergadura física sobrecarrega as defesas. Quanto aos extremos, Ronaldo e Nani estão de pedra e cal. Uma excessiva concentração do adversário na marcação ao primeiro pode contribuir para que o segundo se liberte.

Uma outra solução seria colocar Varela à esquerda, Nani à direita e Ronaldo mais solto no meio. Por um lado seria uma alternativa a considerar mas, por outro, perder-se-ia a tal referência no centro – se Ronaldo jogasse fixo seria mais facilmente anulado e, se viesse de trás tal como gosta, não teria ninguém com quem combinar, para além de que levaria com os dois centrais e ainda com os dois pivots defensivos norte-americanos.

O meu onze seria, portanto, algo do género:

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É preciso ter a noção de que, na partida frente à Alemanha, tudo o que podia ter corrido mal correu, de facto. Duvido que isso se repita. Mas, se defendo que não se deve colocar tudo em causa, também sou da opinião de que qualquer resultado e exibição positivos terão de passar pela correcção de quase tudo o que se passou no primeiro jogo: maior rigor defensivo, mais critério ao nível do posicionamento com e sem bola, maior exploração das alas (com a consequente subida dos laterais), apresentação de um futebol fluido e, sobretudo, muita paciência. Portugal é melhor do que os EUA, mas vai ter de prová-lo em campo. Não pode mastigar o jogo em demasia mas também não se pode precipitar. Acredito que esta selecção continua a ser favorita para garantir a passagem à fase seguinte. Nada está perdido, apesar das várias decisões discutíveis que têm sido tomadas.

Açores vs Madeira

cab desportos motorizados

No fim de semana passado, ambos os arquipélagos portugueses tiveram provas para o seu regional. Nos Açores, a prova decorreu na ilha do Faial, no Rali Ilha Azul Além Mar, e foi ganha por Ricardo Moura; na Madeira, a prova foi na ilha da Madeira, com o Rali da Calheta a ser ganho por Alexandre Camacho.

A grande diferença destes campeonatos é a qualidade das máquinas presentes. Nos Açores, o carro máximo é o Mitsubishi EVO IX, um carro fiável mas já com vários anos. Na Madeira, o nível é muito mais alto a nível de carros; durante os vários anos de EVO IX dos Açores já tivemos na Madeira o tempo dos S2000, passagem para o EVO X e agora dos GT. São neste momento cinco os Porsche 997 GT3 que correm no campeonato da “Pérola do Atlântico”. É bem verdade que este tipo de carro seria muito mais difícil de pôr a correr nos Açores, visto que ao contrário da Madeira o campeonato é misto, ou seja, com provas em asfalto e em terra, mas também é verdade que existiriam outras opções para melhorar um parque automóvel açoriano cada vez mais reduzido devido à falta de apoios.

Apesar desta diferença a nível de valor de máquinas, a nível de pilotos o contraste não é assim tão evidente. Se formos a avaliar apenas a atualidade vemos que dois dos principais pilotos portugueses são das ilhas: temos Ricardo Moura, que é tricampeão nacional de ralis, e Bernardo Sousa, que é o único piloto nacional a correr no Mundial (WRC2) que já foi campeão nacional em 2010 (os últimos quatro anos tiveram vencedores das ilhas), sendo que o ano passado os dois pilotos lutaram entre si pelo título. Num passado mais recente tivemos também Gustavo Louro e Horácio Franco, ambos açorianos, a fazerem boas provas no nacional de ralis, e o madeirense Vítor Sá também conseguiu alguns bons resultados nas provas de asfalto.

Os ralis são das melhores formas de mostrar as belezas das ilhas Fonte: 16valvulas.files.wordpress.com
Os ralis são das melhores formas de mostrar as belezas das ilhas
Fonte: 16valvulas.files.wordpress.com

A nível de provas em si cada ilha tem a sua de destaque. Nos Açores, o SATA Rally Açores – disputado no mês passado – é uma das provas principais do Europeu neste momento. Na Madeira, o Rally Vinho Madeira também é reconhecido como um grande rali, mas nos últimos anos tem visto a qualidade das suas listas de inscritos reduzir, pois saiu do Europeu, o que fez com que vários pilotos de renome deixassem de lá passar.

O título do meu texto desta semana pode fazer parecer que vou dar uma resposta entre quem é mais forte, a nível de rali, entre os dois arquipélagos portugueses, mas eu não vou dar essa resposta – apenas pretendo demonstrar um pouco o que se passa pelas ilhas. Apesar de tudo, cada um é livre de o fazer nos comentários.