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Os “fetiches” de Jorge Jesus

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Jorge Fernando Pinheiro de Jesus é um treinador a que todos reconhecem qualidades e defeitos e uma personalidade ímpar. É um líder que ou é “amado” ou é “odiado”. Não há meio termo no sentimento para com Jorge Jesus.

Outra coisa que normalmente o técnico não esconde é que tem “fetiches” com jogadores: para certas posições só tolera jogadores com certas características, o que tem tanto de bom, como de frustrante. Ora vejamos, para o Sporting Clube de Portugal tentou encontrar um jogador que fosse o “Luisão” dos Leões: falhou redondamente com Douglas que nunca se conseguiu afirmar.

Para as alas da defesa queria jogadores altos e raçudos com apostas em Schelotto e Zeegelaar a mostrarem-se também como actos “falhados”. Schelotto mostrou-se um pouco e renovou e a todos estranha esta dispensa agora no início da época.

Para o miolo do terreno, primeiro tentou Petrovic e depois Palhinha como “substitutos” de Sir William Carvalho. Ambos falharam, mas por motivos diferentes. Petrovic parecia ser um mero “tosco” alto e Palhinha talvez tenha sido traído pela sua juventude e inexperiência. E aparentemente pode ter sido um juízo demasiado cedo para ambos os jogadores.

Radosav Petrovic, sérvio que na época passada não convenceu na primeira metade do campeonato em Alvalade e que teve uma passagem discreta no Rio Ave com treze aparições na primeira liga, parecia condenado à dispensa da equipa verde-e-branca. Mas qual fénix, renasceu das cinzas e parece ser o “Matic” que Jesus tanto procurou.

Radosav Petrovic parece ter ganho segunda vida em Alvalade. A solução só passa por ele: treinar como nunca para poder jogar. Fonte: Super Sporting
Radosav Petrovic parece ter ganho segunda vida em Alvalade. A solução só passa por ele: treinar como nunca para poder jogar.
Fonte: Super Sporting

Para trás do ponta de lança, JJ já tentou vários em Alvalade, não tendo nenhum ainda “explodido” verdadeiramente com Téo Gutiérrez a ser o primeiro e Alan Ruiz a seguir as pisadas e ambos, embora com qualidade, a não caírem verdadeiramente no goto dos adeptos. Doumbia será agora o senhor que se segue a tentar ser o “fetiche” de Jesus.

De uma coisa Jorge Jesus não se pode queixar nesta época, tudo o que ele tem pedido ou pretendido para este ano, o Sporting tem tentado dar-lhe (dentro da “realidade” que é esta loucura do mundo do futebol).

Vamos esperar que estes fetiches sejam suficientes para fazerem Jorge Jesus e os adeptos irem para o Marquês festejar!

Foto de Capa: Sporting Clube de Portugal

Rúben Neves: O Bernardo Silva do Dragão

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A venda de Rúben Neves expressa completamente o foco exclusivo da SAD do FC Porto nos objetivos a curto-prazo: ser campeão esta época e receber dinheiro. Acho que 17 ou 18 milhões serão algo irrisórios no espaço de 1 ou 2 temporadas. O FC Porto cometeu com Rúben Neves o mesmo erro que o SL Benfica cometeu com Bernardo Silva e por via disso é muito provável que dentro de 2 temporadas vejamos Rúben Neves ser vendido por 45 a 50 milhões com facilidade e fiquemos com aquele azedume na boca com que ficaram os benfiquistas neste mercado.

O azedume de ver que não demos o valor devido a uma pérola da formação. Todos nós sabemos que Neves não é Danilo mas também sabemos que, ao contrário de Neves, Danilo Pereira já atingiu o valor de mercado ideal para ser transferido. Aliás, Danilo Pereira está tão bem cotado que nos arriscamos a que algum clube antes do fim de mercado bata a cláusula de rescisão e aí ficamos sem os 2 médios defensivos do plantel.

Fonte: FC Porto
Fonte: FC Porto

Na minha opinião, a solução passaria por  vender Danilo Pereira. Com Danilo Pereira tínhamos realizado o máximo de dinheiro possível e tínhamos ficado com uma das maiores promessas na posição para valorizar e desenvolver. Neves é precoce em tudo e acredito que o seu crescimento seria exponencial num curto período de tempo, algo que faria com que não perdêssemos qualidade e apenas tivéssemos que ajustar o nosso modelo às suas características. Além disso, há no dragão inúmeros jogadores que garantiam o encaixe que RN garantiu, sendo Herrera um deles.

O que quero mesmo dizer é que Rúben Neves ser vendido foi um erro grave, que a sua venda reflete algo mais grave que é a irracionalidade da SAD e que dá mais uma machadada no renascer de uma equipa à PORTO e na valorização da formação. A formação e a mística da equipa são o futuro do FC Porto e um campeonato nacional não vale o futuro de um clube.

Foto de Capa: Facebook oficial Rúben Neves

artigo revisto por: Ana Ferreira

Min 109 – 1 ano depois: O pontapé na História

Cabeçalho Seleção Nacional

Batiam as 22h15 do dia 10 de Julho de 2017 em Portugal. A galhofa própria de momentos como a final de um Europeu de Futebol, que envolvem o país, tinha dado lugar ao silêncio nervoso de um povo supersticioso e que deixa de falar para não agoirar. Esse silêncio era apenas interrompido, delicadamente, pelo roer de unhas e o engolir em seco de quem sabe estar no limbo entre a euforia e a frustração.

Um minuto depois, agitam-se (mais) os ânimos. Há um livre perto da grande àrea do adversário. Raphael Guerreiro bate com “selo de golo”… mas vai à trave e a memória colectiva logo cai num pântano de memórias infernais que caracterizam o “quase lá” – o chegar à final e não conseguir, o estar perto da conquista e morrer na praia. O povo bem tentou, mas foi difícil não lembrar 2004. Quase que se cai em depressão. Quase… porque o povo português sabe reerguer-se desses terrenos pantanosos. Quem nos vê assim não tem tempo de dizer “precisas de ajuda?”.

Dois minutos depois do livre de Raphael Guerreiro, Éder comprovou-o. Pegou a bola a meio do meio-campo francês, aguentou a carga de Koscielny e viu-se sozinho entre um emaranhado de camisolas azuis. Estava desapoiado, ninguém subia. Sem stress. Antes que perguntassem se ele precisava de ajuda, antes que alguém lhe estendesse a mão, ele resolveu, por si, o problema. Tentou um remate tirado muito longe da àrea francesa, mas muito perto da alma de 11 milhões de portugueses… e foi feliz! A bola aninhou-se no fundo das redes francesas e na história do país, seguindo o curso do destino traçado por aquele pontapé.

Um pontapé. Bastou um pontapé para despertar a auto-estima há muito induzida em coma pelo  “lá fora é que é bom”, ilustrado no erguer de troféus de mãos que não foram nascidas ou criadas cá no burgo. Bastou um pontapé para que que muitos dos apaixonados da bola, como eu, vivessem o dia mais feliz da sua vida. Bastou um pontapé para que estranhos se abraçassem calorosamente como se fossem familiares há muito desencontrados. Bastou um pontapé para que Portugal deixasse de ser lembrado como eterna promessa e passasse a ser visto como um campeão. O campeão da Europa.

Fonte: Indianexpress.com

As cinco maiores expetativas para o estágio na Suíça

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A equipa principal do Sporting Clube de Portugal viajou esta segunda feira para a Suíça, onde cumprirá o tradicional estágio de pré-época. Os leões vão permanecer fora de Portugal até 18 de julho e, neste período, vão disputar quatro jogos particulares para aguçar o apetite aos adeptos.

À semelhança da temporada passada, os leões escolheram o território helvético para prepararem a temporada, e com vários jogos a disputar. Espero, contudo, que os resultados não se repitam. É certo que, nos jogos particulares, o resultado não é decisivo. Porém, os resultados do Sporting na pré-temporada passada foram horríveis. Em quatro jogos disputados no estágio, os leões perderam 4-1 com o Mónaco, 4-2 com o Zenit e 5-0 com o PSV Eindhoven, tendo apenas vencido a frágil equipa do Stade Nyonnais por 3-1. Os resultados e as péssimas exibições praticadas acabaram por deixar algum mal-estar entre as hostes leoninas e demonstraram que a época estava a ser mal preparada, com os reforços a chegarem tarde e sem a qualidade necessária.

Na Suíça, o Sporting vai disputar três encontros: no dia 12, defronta o Fenerbahçe, no dia seguinte o Valencia e no dia 15 o adversário será o Basileia. O último encontro será no dia 18, em França, frente ao Marselha. Estes quatro encontros permitirão aferir como está a cara do leão, frente a quatro adversários de renome, com jogadores de qualidade e experiência em competições europeias.

Min 109 – 1 ano depois: Há um ano, Éder chutou dali!

Cabeçalho modalidades

O ciclo de gestação tem no 9 um número ótimo para que nasça algo novo e completamente diferente. 9, o dorsal de um herói. No Jardim de Éder encontramos o nosso paraíso. Nasceu, futebolisticamente falando, um novo país.

Bom, este primeiro parágrafo já me causou calafrios e, antes que caia na tentação da emoção e fazer deste artigo uma epopeia de sentimentos, é melhor colher os factos e contar esta história, já contada, já sabida, já lembrada, mas, quando toca a falar-se dos dias mais felizes das nossas vidas, toda a vez que o contamos, a História faz-se ela própria nova.

Estreou-se pela seleção ‘A’ a 11 de setembro de 2012, diante do Azerbaijão. Daí até hoje, mais 32 jogos e 4 golos. O primeiro aconteceu três anos depois da estreia. 16 de junho de 2015. Golo frente à Itália. Vitória. 1-0. Derrotámos a seleção transalpina quase 40 anos depois. História feita logo num golo inicial, hein?

No caminho para o Europeu, foi utilizado em 5 dos 8 jogos, um deles a titular, caso da derrota com a Albânia que ditou o afastamento do selecionador Paulo Bento. 0 golos para o ponta de lança na fase de qualificação.

Na preparação já mais próxima do europeu, que é como quem diz nas semanas anteriores ao mês imenso, qual rota dos descobrimentos da bola, Éderzito António Macedo Lopes fez o gosto ao pé por duas vezes, um no Dragão, diante da Noruega, e o outro em mais um particular, frente à Estónia, no Estádio da Luz.

O momento do primeiro golo de Éder ao serviço da seleção portuguesa, numa vitória por 1-0 diante a Itália, a 16 de junho de 2015 Fonte: Facebook Seleções de Portugal
O momento do primeiro golo de Éder ao serviço da seleção portuguesa, numa vitória por 1-0 diante a Itália, a 16 de junho de 2015
Fonte: Facebook Seleções de Portugal

Nada quantitativamente impressionante para os adeptos que, em uníssono, formavam sucessivos coros de assobios ao mal-amado e sozinho Éderzito. Sim, com o diminutivo. Como assim é no registo civil.

Diminutivo que recorda um bebé nascido na Guiné-Bissau, que, ainda muito criança veio para Portugal, tão novo que não lhe permite agora vislumbrar qualquer memória digna de tal nome acerca de Bissau Natal. Trouxe a tez escura e a humildade de quem tinha pouco.

Chegou a Lisboa e com os pais sem capacidade financeira para o criar, foi para o Colégio Frei Gil, em Braga, e, pouco depois, para o Lar Girassol, em Coimbra. O Adémia foi o primeiro clube onde jogou, depois dos castigos da escola, dos vidros partidos pela paixão pelo elemento redondo que nos faz sonhar nos palcos grandes. Éderzito um dia seria Éderzão!

WWE Great Balls of Fire: Não foi só fogo de vista

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O mais recente pay-per-view da WWE, o Great Balls of Fire, superou as expetativas e brindou o Universo WWE com combates de intensidade elevadíssima. Por momentos, parecia que tínhamos voltado à era “Ruthless Agression”, tal foi a violência de alguns momentos protagonizados na noite passada. Apesar de todos os “heels” terem vencido, foi uma noite em cheio para os fãs de wrestling.

Neville (c) vs Akira Tozawa (WWE Cruiserweight Championship)

Neville fez de Tozawa uma presa fácil Fonte: WWE
Neville fez de Tozawa uma presa fácil
Fonte: WWE

Tal como toda a gente previa, Neville defendeu com sucesso o seu título de Cruiserweight. Num combate típico de pre-show, curto e previsível, Neville não precisou de utilizar as suas principais armas (Red Arrow e Rings of Saturn) para vencer o novo membro da Titus Brand.

Sem Austin Aries na WWE (acertou a rescisão de contrato na semana passada), quem poderá terminar o reinado do “homem que a gravidade esqueceu”?

A ténue linha que separa a sorte e o azar

Cabeçalho Futebol NacionalSão 19h35 da tarde, o jogo começa às 19h45. Está tudo a postos, há que seguir o ritual. O telemóvel no sítio do costume, ao lado da jarra com umas rosas oferecidas no dia dos namorados A camisola é a mesma que é usada nos dias importantes. A cerveja gelada está entre a jarra e o telemóvel. 19h45, Vamos a isso que hoje é para ganhar! Pode parecer que não mas este é um ritual que  muitos adeptos têm antes de um jogo da sua equipa de coração. Invadido por bruxas, feitiços e magias negras, o futebol português é, cada vez mais, um espaço onde surgem inúmeras histórias insólitas para contar. O que é certo é que se sucedem os casos de jogadores e treinadores supersticiosos. Ninguém acredita em bruxas… Mas que elas existem, existem. Que o digam os visados neste texto.

Quando falamos neste tema é bem provável que a primeira estrela que nos venha à mente seja Eusébio, o Pantera Negra. O craque do SL Benfica usava uma moeda da sorte, na bota direita, para poder marcar golos. Claro que a sua agilidade, destreza e, principalmente, a sua veia goleadora foram fundamentais para a sua carreira, mas será que sem a sua moeda da sorte marcaria tantos golos?

Fonte: Notícias ao Minuto
Fonte: Notícias ao Minuto

Mas, há mais. O famoso Paulo Futre não podia ficar fora desta lista. Muitas dessas superstições foram adotadas na altura em que fazia parte da equipa do FC Porto. Desde chinelos a pulseiras, tudo era questão de superstição para Futre. Os chinelos não podiam estar ao contrário, as cruzes com álcool sempre que se partia algo eram imprescindíveis, as pulseiras apenas dariam sorte no pulso direito e o silêncio que se fazia ao passar por um carro fúnebre.

Fernando Santos, o selecionador que levou Portugal à glória europeia, também tem algumas manias. A sua fé fala mais alto no futebol. Desde as rezas durante o dia, até ao seu inseparável crucifixo que mantem à volta do pescoço, durante os jogos. E as mesas em U na sala dos jornalistas na meia-final? Sim, Fernando Santos recolocou as mesas em U depois destas terem sido mudadas.  Será que a seleção seria campeã se o Selecionador não o tivesse feito?

Quedas, desistências, desqualificações e Froome como líder: Eis a 1.ª Semana do Tour

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Os primeiros dias do Tour de France, não são por si só decisivos, longe disso, é o início ou o fim das aspirações dos candidatos à vitória na geral. Derivado às etapas, que na sua maioria são planas e propícias a chegadas ao sprint, não deixa de ser curioso que alguns líderes fiquem arredados da classificação geral ainda muito cedo, ou que cheguem mesmo a abandonar. O motivo é que por norma rola-se muito forte nos finais de etapa e todos querem ter a melhor posição possível para não ficarem para trás em caso de acontecer algo ao pelotão. Temos o caso recente do Tour passado, onde Contador teve algumas quedas na fase inicial do Tour e isso veio a deitar por terra as suas aspirações à vitória final, existem outros casos em outros tours que comprova isso mesmo,este ano,por exemplo Froome e Bardet já foram ao asfalto, não tendo ficado felizmente com grandes mazelas.

Começou atribulada a 104ª edição do Tour de France, com vários abandonos de ciclistas importantes e a expulsão de Sagan.

Valverde e Ion Izaguirre, caíram logo no contra relógio inicial e desistiram, depois foi Cavendish que na disputa ao sprint com Sagan cai e é forçado o seu abandono. Gesink, G. Thomas(que já foi camisola amarela) e Richie Porte (principal rival de Froome neste Tour), são os nomes mais sonantes que se juntaram a lista de desistentes, todos eles em quedas na etapa de ontem. A expulsão de Peter Sagan, após este ter provocado a queda e posterior abandono de Cavendish foi também o tema quente desta primeira semana!

Valverde 4º no ranking World Tour, vinha de uma época espectacular, a sua melhor época na minha opinião, e iria ser um dos grandes animadores deste Tour. Com esta queda é bastante provável que não corra mais esta época.Nairo Quintana ficou assim sem o seu grande aliado na luta pela geral individual.

Ion Izaguirre era o líder da Bahrain – Merida e  tinha aqui uma enorme oportunidade de se mostrar como líder.

Geraint Thomas o nº2 da Sky, e braço direito de Froome também tinha grandes expectativas neste Tour, apontando mesmo a um lugar no pódio.

E por fim Richie Porte, a meu ver a maior ameaça a Froome, e a sua sombra neste tour, Porte vinha em grande forma na subida ao Mont du Chat, fazendo parte do restrito grupo dos favoritos, foi na descida seguinte que colocou tudo em causa com uma má abordagem numa curva que pode ter tido graves consequências para si próprio.

Esperemos as rápidas melhoras a todos eles.

Momento que origina a desqualificação de Sagan Fonte: Le Tour de France
Momento que origina a desqualificação de Sagan
Fonte: Le Tour de France

A expulsão de Peter Sagan foi como se um terramoto tivesse passado por este Tour, tal foi o eco que produziu quer nos seus fãs, quer naqueles que defendem a sua expulsão. A verdade é que a decisão dos comissários, na minha óptica, foi excessiva. A primeira decisão dos comissários era a mais acertada, a retirada de pontos a Sagan era a punição aceitável, dado que Cavendish já ia em queda quando acontece o contacto entre ambos. Pode-se alegar que Sagan bloqueia a passagem de Cavendish, como também alegar-mos que Cavendish tentou passar pelo buraco da agulha. Nunca seria uma decisão consensual.

Com isto, a luta pela camisola verde ficou com menos 3 candidatos, se tivermos em conta que Demare vencedor da etapa 4, era também candidato a envergar a camisola verde.

Min 109 – 1 ano depois: O golo que (pouco) alterou o futebol nacional

Cabeçalho Seleção Nacional10 de Julho de 2016, um dia que ficará para sempre marcado no coração dos portugueses amantes de futebol e que jamais esqueceremos, o dia em que deixámos de ser o Pais do quase e passámos a ser o pais campeão europeu, o dia em que derrotámos a França no seu próprio país e quebrámos um enguiço que já durava há bastante tempo, resumindo tudo é fácil, um dia perfeito para Portugal, para os portugueses e para o futebol português.

Mas será que podemos afirmar que esta conquista e este dia alteraram de uma maneira significativa o paradigma do futebol português?  Na minha opinião não.

Muito pouco se alterou por cá, a felicidade de uma nação inteira e o espírito de celebração pode ter-nos feito sonhar ou “cegar” por uns tempos, mas a realidade no futebol português não se alterou significativamente.

Começando por aquilo que se alterou e talvez o mais simples de se explicar, houve um claro passo em frente no que diz respeito à afirmação da nossa selecção no futebol internacional, ganhámos o nosso primeiro titulo internacional , que anteriormente nos havia escapado por tão pouco, e finalmente passamos dos favoritos no papel para os vencedores na realidade, demonstrado assim ao mundo que em Portugal também se produzem vencedores e não apenas bons talentos individuais.

Mas cá dentro, no nosso futebol, tudo continuou igual ou pior, após uma conquista europeia a nível de selecções, tivemos um época muito fraca nas competições europeias a nível de clubes, quando talvez se esperava uma continuação do momento vivido recentemente,e acabámos por perder um lugar de acesso à Liga dos Campeões. Bem sei que o ranking UEFA que define as vagas europeias é feito de acordo com as últimas cinco épocas,  mas isso não esconde o facto de que foi um ano no global fraco para as equipas portuguesas na Europa, quando se exigia uma boa época para nos mantermos no quinto lugar do ranking e embalados pelo feito da nossa selecção. Por aqui se vê que o paradigma no futebol português pouco ou nada se alterou após o golo de Eder.

O Sporting saiu das competições europeias prematuramente aos pés do modesto Legia de Varsovia Fonte: Interia Sport
O Sporting saiu das competições europeias prematuramente aos pés do modesto Legia de Varsovia
Fonte: Interia Sport

A nossa liga e o tipo de futebol praticado continuou praticamente o mesmo, a reputação da nossa liga também muito pouco melhorou após a conquista do Europeu, diria até que devido ao fraco desempenho das nossas equipas na Europa, que mencionei anteriormente, regrediu. Por isto não sou de embarcar em positivismos desmedidos, faço uma separação daquilo que foi o feito no Euro 2016 e aquilo que realmente é e significa o nosso futebol nacional para o resto da Europa.

Excluo desta “equação” assuntos como a valorização do jogador ou treinador portugueses, pois para mim estes já haviam afirmado e conquistado um lugar no futebol internacional mesmo antes da conquista do Euro, o mundo do futebol já reconhecia o valor do nosso produto muito antes do Euro 2016, graças a figuras como Figo, Ronaldo e Mourinho, por isso para mim a conquista do Euro foi mais uma confirmação do que propriamente uma valorização, é por esta razão que não olho para a conquista do Euro como algo que valorizou o nosso produto, mas sim o nosso pais num contexto internacional de selecções, como já havia dito anteriormente.

Não vale a pena tenta mascarar muitos dos problemas existentes no nosso futebol com a conquista do Euro, foi um enorme dia para o nosso futebol , mas após o período de festejos e de celebração, os problemas continuaram e não se resolveram sozinhos, a cultura desportiva em Portugal continua a ser pobre, continua-se a olhar demasiado para o próprio ” umbigo” e são poucas as medidas tomadas e discutidas em conjunto para o melhoramento do futebol nacional , vejo e continuo a ver demasiados interesses e jogos de bastidores nas decisões que se tomam no futebol em Portugal , não tendo como interesse primário o futebol nacional no geral, era assim antes e continuou a ser após a conquista no Euro, por isso reafirmo a conquista do Euro pouco veio alterar o nosso futebol nacional, foi uma conquista inédita e de grande importância, mas com poucas consequências no paradigma do futebol nacional.

Foto de Capa: Slate Magazine

Artigo revisto por: Ana Ferreira

Min 109 – 1 ano depois: O dia da coroação nacional

Cabeçalho Seleção NacionalHá várias gerações que o futebol português está na rota do futebol europeu. Desde os Cinco Violinos, o Benfica de Eusébio, e os Magriços; posteriormente surgiu a Geração de Ouro, o Pentacampeonato azul e branco, o FC Porto de José Mourinho, e a equipa das Quinas de Luiz Felipe Scolari.

Os clubes portugueses já conquistaram grandes feitos na Europa, começando pela Taça Latina do Benfica em 1950, o Bicampeonato europeu no início da década de 60, seguindo-se a Taça das Taças do Sporting em 1964. Nos anos 80 surgiu o Benfica de Sven Goran Eriksson e o FC Porto de Artur Jorge que chegou ao topo de Europa. Já neste século, novamente o FC Porto atingiu o ceptro europeu, primeiro com Mourinho, e depois com André Vilas-Boas.

A nível individual, já foram muitos os destaques. Deste três jogadores portugueses com Bola de Ouro (Eusébio, Luís Figo e Ronaldo), Eusébio e Ronaldo conquistaram também a Bota de Ouro juntamente com Fernando Gomes (todos eles mais de uma vez), bem como houve dois jogadores estrangeiros a serem Bota de Ouro em Portugal: Hector Yazalde e Mário Jardel. Isto, sem esquecer os vários jogadores portugueses que brilharam em grandes ligas europeias, desde Paulo Futre a Bernardo Silva.

Somos um país de referência a nível de treinadores. Para além de José Mourinho, muitos outros treinadores portugueses foram campeões em ligas estrangeiras nos últimos anos, tais como André-Vilas Boas, Paulo Fonseca, Marco Silva, Leonardo Jardim, Paulo Sousa, etc.

2016 trouxe mais conquistas ao futebol português Fonte: UEFA.com
2016 trouxe mais conquistas ao futebol português
Fonte: UEFA.com

A nível de selecções, fomos campeões em todos os escalões entre os sub-16 e os sub-20, bem como obtivemos várias gerações de talento. Mas faltava qualquer coisa. No futebol sénior, éramos reis sem coroa. O Vice-campeonato europeu em nossa e o terceiro lugar no Mundial de 1966 sabia a pouco.

Depois do campeonato do mundo de futebol de praia conquistado em 2015 e do campeonato da Europa de sub-17 conquistado em Maio de 2016, conquistar o título Europeu de séniores no país com mais emigrantes portugueses seria a cereja no topo do bolo.

No dia 10 de Julho de 2016, a história mudou. Foram precisos 110 minutos de jogo para um mal-amado chamado Éderzito Lopes pontapear a bola e fuzilar as redes do guardião “bleu” Hugo Lloris.

Nesse dia, mais do que uma escalada à Torre Eiffel, seria escrita a página mais bonita da história do futebol português. Seria a coroação do nosso a país e a afirmação do nosso futebol no mapa do futebol mundial.

Um engenheiro electrotécnico e um grupo de 23 atletas (mais equipa técnica, staff e Federação) entraram nesse dia para a história do futebol português e deram o seu maior contributo para que o nosso país fosse uma referência do futebol mundial.

Esse dia ficará para sempre na memória de todos os portugueses, quer daqueles que assistiram ao vivo e a cores, quer àqueles que fizeram o nosso país parar pela noite fora para receberem os nossos heróis de braços abertos. E o futebol português nunca mais foi visto da mesma forma.

Foto de Capa: Seleções de Portugal