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SC Angrense 0-2 FC Porto: Novo onze, a mesma ideia

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Foi com um onze praticamente renovado que o FC Porto se apresentou em Angra do Heroísmo para defrontar o emblema local, o Angrense. Da equipa utilizada na última partida, frente ao Vitória de Setúbal, sobraram o central Ivan Marcano e o médio Evandro. As restantes nove vagas foram ocupadas maioritariamente por elementos cujo nível de utilização tem sido menor ao longo da temporada – exceção feita para Imbula -, alguns deles, inclusive, em estreia absoluta, como foi o caso de José Angel, Sérgio Oliveira e Victor García.

Apesar das muitas mudanças efetuadas por Lopetegui, o FC Porto que se apresentou nos Açores foi o mesmo que temos visto com o decorrer da época. Quer isto dizer que, mesmo com a segunda linha, a ideia de jogo não mudou. Com uma posse de bola acutilante, movimentos entre linhas desgastantes e através da grande propensão ofensiva dos laterais, os dragões foram cansando o Angrense.

Desde cedo se tornou notório que o emblema açoriano seria presa fácil para os azuis e brancos e que não possuía, nem de perto nem de longe, o mesmo poder de fogo que o visitante.

Osvaldo foi o primeiro a criar perigo, logo aos quatro minutos. Boa subida de Victor García pelo corredor direito, Varela cede a bola ao lateral e este cruza de primeira para o avançado italo-argentino desviar para a baliza. A bola saiu prensada e fácil para David Dinis, guardião açoriano. Seguiu-se Varela. Depois de um pontapé de canto da esquerda, a bola sobrou para o extremo português, que, à entrada da área, disparou para nova intervenção de Dinis. Mas o golo do FC Porto não tardaria.

Bueno vezes dois

À passagem do minuto 14, Alberto Bueno concluiu da melhor forma um excelente cruzamento da esquerda de José Angél, antecipando-se ao guarda-redes adversário e cabeceando para a baliza deserta do Angrense. O avançado espanhol marcou, assim, o seu primeiro golo em partidas oficiais pelo FC Porto e provou que a fama de homem golo que conduziu à sua contratação não era mito.

O cronómetro foi avançando, e os dragões assumindo o controlo das operações. O meio campo bem montado do FC Porto, com Imbula, Sérgio Oliveira e Evandro, obrigava o Angrense, através de trocas de bola e de posição rápidas, a correr atrás do esférico e o emblema da casa limitava-se a ver jogar.

Bueno esteve em bom plano Fonte: FC Porto
Bueno esteve em bom plano
Fonte: FC Porto

E se a partida já estava difícil, as esperanças dos açorianos caíram por terra ao minuto 40. De novo, Alberto Bueno. Boa jogada de envolvimento do FC Porto, a bola a rodar rapidamente de flanco até chegar ao lado esquerdo, onde Osvaldo, com um excelente cruzamento, descobriu Bueno. O espanhol matou a bola no peito entre os centrais adversários e, num gesto meio acrobático, atirou novamente para o fundo das redes.

O único lance digno de registo do Angrense na primeira parte aconteceu aos 42 minutos. Victor García, que até então tinha conseguido uma prestação consistente, acusou alguma inexperiência e quase deu o golo com uma perda de bola infantil. Valeu Helton com uma excelente intervenção. Seguiu-se o intervalo e na segunda parte a toada manteve-se.

O FC Porto dispôs de duas grandes oportunidades neste segundo tempo, mas David Dinis evitou danos maiores com duas excelentes intervenções. A primeira a um remate de Varela à boca da baliza, e a segunda ao sair aos pés de Evandro, que surgiu isolado e tentou contornar o guarda-redes açoriano.

Com esta vitória os dragões apuram-se para a quinta eliminatória da Taça de Portugal e dão início a uma série de jogos complicada. Este foi o primeiro teste de seis em 19 dias, e o FC Porto passou com distinção. E uma coisa é certa: com uma segunda linha tão entrosada no modelo de jogo da equipa, penso que podemos descansar se Lopetegui recorrer à tão afamada rotatividade que o caracteriza em jogos de menor dificuldade. Com opções como Bueno, há espaço para rodar.

A Figura

Alberto Bueno – Tem sido dos elementos menos utilizados do setor ofensivo do FC Porto, mas hoje provou que merece mais minutos de jogo. O problema inicial seria a falta de um sistema tático adequado às suas características, mas com a partida frente a Angrense tornou-se notório que o espanhol se adapta em qualquer posição. Não só marcou dois golos como voltou a demonstrar pormenores de grande qualidade, quer em termos técnicos, quer em termos de capacidade de passe.

O Fora de jogo:

Evandro – Foi um dos jogadores do FC Porto que passaram mais ao lado da partida. Sérgio Oliveira e Imbula, companheiros de meio campo, assumiram papéis bem mais preponderantes na construção ofensiva do FC Porto. Evandro dispôs de uma grande oportunidade de golo na segunda parte mas, como em toda a sua exibição, manifestou alguma falta de clarividência.
Foi substituído por Herrera ao minuto 65.

Real Madrid CF 0-4 FC Barcelona: Terror no Bernabéu

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cab la liga espanha

É difícil ou mesmo impossível encontrar um jogo com mais mediatismo do que um confronto entre Real Madrid e Barcelona. Assim, justificava-se o dispositivo de segurança montado em redor do Santiago Bernabeu, o maior de sempre para um evento desportivo.

Porém, essa segurança toda não foi capaz de acalmar a ânsia dos jogadores do Real Madrid, muito menos de travar as intenções de 11 homens, vestidos de azul-grená, de aterrorizar parte dos 81 mil espectadores que se deslocaram à Avenida de Concha Espina, em Madrid.

Cedo se começou a notar o poderio do Barcelona, que, mesmo sem Messi, contou com um Sergi Roberto inspirado, sendo ele o responsável maior do golo inaugural da partida, “rasgando” o meio-campo merengue da esquerda para o meio, para oferecer o golo a Suárez. Estavam decorridos 10 minutos.

O Real não conseguia reagir; o primeiro golo teve enorme impacto emocional, foi um autêntico golpe nas ambições merengues, que deixaram o medo levar a melhor. O medo de perder por mais, o medo de partir para cima do adversário e mudar a história do jogo. Do outro lado, os tais 11 homens vestidos de azul-grená posicionavam-se irrepreensivelmente e mantinham-se fiéis ao papel táctico que o seu líder lhes designara, estando mais perto do 0-2 que o Real do empate… e assim aconteceu. Sergio Ramos e Varane fizeram jus àquilo que foi o seu (des)entendimento durante o encontro e deixaram Neymar fugir e aproveitar o passe de Iniesta para aumentar a vantagem, que sentenciou o resultado da primeira parte.

Andrés Iniesta, o protagonista da goleada  Fonte: FC Barcelona
Andrés Iniesta, o protagonista da goleada
Fonte: FC Barcelona

Na segunda metade, o Real pareceu, por breves momentos, apostado em reagir ao terror do primeiro tempo e até conseguiu criar duas ocasiões de perigo, por Marcelo e James; porém, estava a lidar com uma força superior, e isso ficou provado com o excelente entendimento colectivo que deu origem ao terceiro golo forasteiro, finalizado por Iniesta.

Estava decorrida uma hora de jogo, e o vencedor praticamente determinado, com justa causa. O Real ainda conseguira dar um ar da sua graça e obrigar Bravo a aplicar-se um par de vezes até ao apito final (primeiro defendeu com a cara um remate de Ronaldo, isolado, e depois defendeu um cabeceamento de Benzema com uma estirada fantástica), mesmo que pelo meio tenha sofrido mais um ataque impiedoso dos 11 homens vestidos de grená. Desta vez, o cabecilha do grupo já estava no campo de batalha e ajudou a encerrar as contas, participando na jogada do 0-4, autoria de Luís Suarez, assistido por Jordi Alba.

O Real volta a ficar em branco num clássico, quatro anos depois da eliminação das meias-finais da Champions, volvidos 18 jogos com o arqui-rival, e permite que se amplie a desvantagem para o primeiro lugar (agora de seis pontos).

Algo vai mal na casa blanca (os adeptos apontam o dedo ao treinador), e nem o maior dispositivo de segurança parece preparado para lidar com este tipo de terror.

A Figura:

Iniesta – A presença do 8 revelou-se fundamental para a vitória histórica do Barcelona no Bernabéu. Foi ele o principal coordenador da equipa nos momentos de transição ofensiva e defensiva e o fiel da balança que garantiu o equilíbrio da equipa após os golos marcados e segurou a tentativa de reacção adversária.

Ainda marcou um golo, teve toques de génio… e saiu aplaudido.

O Fora-de-jogo:

Sérgio Ramos – Esteve directamente ligado aos dois primeiros golos do Barcelona, revelando-se incrivelmente apático perante a energia dos seus opositores. Primeiro não acompanhou, como devia, Luís Suarez, e depois, juntamente com Varane, abriu um corredor para Neymar ampliar a vantagem.

Até ao final, teve um boa intervenção – atraso milagroso que evitaria, na altura, o 0-4 – mas isso não foi suficiente para se livrar do título de “fora-de-jogo”.

Foto de capa: Real Madrid CF

Antevisão Sporting CP – SL Benfica: A regra de três simples

porta

Hoje é o dia do tira-teimas, hoje é o dia do absoluto domínio ou da redenção vitoriana. Seja por a terceira ser de vez ou por nunca haver duas sem três, hoje é dia de todas as decisões.

Ao Sporting cabe manter o elã conseguido não só com a conquista da Supertaça em Agosto, mas principalmente com a vitória expressiva da Luz. Já o Benfica disputa um dos seus grandes objectivos da época e uma derrota em Alvalade complicaria ainda mais o futuro de Rui Vitória à frente do projecto benfiquista.

O técnico benfiquista está – neste momento – numa situação particularmente difícil no que diz respeito aos seus encontros frente a Jorge Jesus. Se no passado conseguiu bater por algumas vezes o actual treinador leonino, inclusivamente conquistando uma Taça de Portugal frente ao Benfica; Vitória parece que – neste momento – tem um desafio que ultrapassa os limites do terreno de jogo e dum simples jogo de futebol. Pede-se ao técnico encarnado a continuação na segunda prova mais importante em Portugal, mas também bater um colega de profissão que parece conhecer todas as qualidades, defeitos e manhas do seu próprio plantel. Por fim, a Vitória pede-se também que exorcize o fantasma de Jesus do balneário dos bi-campeões, mas acima de tudo das próprias cabeças dos seus jogadores, dele próprio e, convenhamos, na maioria dos adeptos do seu clube. A pressão tem que ser imensa, e será preciso um Benfica com a lição bem estudada para conseguir competir com este Sporting.

O Sporting chega a esta partida com o entusiasmo inerente a esta momentânea supremacia sobre o rival – sem esquecer a liderança isolada no campeonato – e cabe aos leões transformar este momento em algo permanente e condizente com o passado e o destino verde e branco. Não podemos confundir confiança e motivação com prepotência e arrogância. Somos melhores, sempre o fomos e iremos ser, mais que não seja porque somos Sporting. Mas nada se ganha sem Esforço, nada se cria sem Dedicação, a Devoção ao Sporting é uma regalia, e as estórias que ficam na História são as de Glória.

Conquistada de forma épica na passada temporada, a Taça tem que continuar nossa. Fonte: Sporting CP
Conquistada de forma épica na passada temporada, a Taça tem que continuar nossa.
Fonte: Sporting CP

O jogo de hoje é decisivo e é único. A vitória hoje é imperativa rumo a um dos principais objectivos da época e, certamente, Jesus passou esta mensagem para um renovado grupo de jogadores. Digo renovados porque apesar de muitos dos elementos do plantel já terem disputado mais de uma mão cheia de jogos frente ao eterno rival, este hábito de ganhar que se criou no passado recente veio dar uma força suplementar ao talento deste jogadores. Quem olha para a classe que João Mário apresenta em campo vê no jovem leão muito talento, mas também uma confiança que antes teimava em não aparecer. É esta a verdadeira força de JJ, a capacidade de motivar os seus jogadores com discursos simples mas carregados de determinação, capazes de aguçar e de inflamar o mais tímido dos corações.

Faltam poucas horas para ir para Alvalade, e para mim irá ser um derby diferente, vivido e experienciado de uma nova forma. Ainda assim, conto com os 48 mil leões que irão estar presentes para cantarem durante noventa minutos. Aos adeptos da central, peço que se levantem e juntem as gargantas às da Curva Sul; aos dessa curva belíssima que mostrem porque são os melhores de Portugal e acima de tudo agradeço aos de sempre, aos das rulotes e das cervejas, que nunca falham e estão lá faça sol ou chuva, seja um derby ou um jogo de segunda à noite. A esses, resta-me dizer um até já e Sporting Sempre.

 

 

Recordar é Viver: SL Benfica vs. Sporting CP na Taça de Portugal

recordar é viver

Dérbi dos dérbis, jogo do povo, clássico eterno, eis alguns dos muitos atributos que podem definir um Sporting vs. Benfica. Então quando se trata de partidas a contar para a Taça de Portugal, é um autêntico festival: golos e mais golos, polémica, reviravoltas, histórias que daqui a dezenas de anos serão recordadas. E é mesmo isso que poderão ler mais abaixo, um “cheirinho” daquilo que foram alguns dos dérbis mais marcantes relativos à Taça de Portugal, tanto em Alvalade como na Luz, nos últimos anos. Porque se nos aventurássemos até décadas atrás… não haveria leitor neste país com a paciência necessária para acompanhar este texto.

SL Benfica 1-3 Sporting CP: 1999/2000

Resumo do jogo

Numa fria noite de 26 de Janeiro de 2000, o Sporting gelou um Estádio da Luz quase repleto de espectadores com uma vitória incontestável por 3-1, em jogo respeitante aos oitavos-de-final da Taça de Portugal. Os leões, orientados por Augusto Inácio, dominaram por completo a partida, beneficiando das excelentes actuações de homens como André Cruz, César Prates, Mpenza – estes três últimos haviam sido reforços de Inverno – Pedro Barbosa e Acosta. Robert Enke, guarda-redes do Benfica, foi sempre um homem em sobressalto, tal foi a quantidade de vezes que o Sporting se acercou com perigo da baliza dos encarnados. O triunfo leonino foi construído com golos de Acosta (bis) e de André Cruz, de nada valendo ao Benfica o tento de Uribe, através da exemplar marcação de um livre directo.

Este desafio acabou por ser o espelho fiel da temporada: um Sporting forte e incisivo, que acabaria por se sagrar campeão nacional, quebrando um jejum de 18 anos e que chegou à final da Taça, perdida para o FC Porto; e um Benfica sem chama, com graves limitações no plantel, e que nem sob o comando do conceituado Jupp Heynckes evitaria o terceiro lugar final. Um dado curioso deste jogo prendeu-se com o facto de não ter sido televisionado, depois de uma acesa luta entre RTP e SIC pela transmissão do mesmo que não teria efeitos práticos. Em suma, apenas na Luz ou através da rádio se pôde acompanhar no momento o show de bola do Sporting, naquela que foi uma das suas melhores prestações de sempre no reduto do eterno rival.

SL Benfica 3-3 Sporting CP (7-6 g.p.): 2004/05

Resumo do jogo

Também a 26 de Janeiro, mas desta feita cinco anos depois, jogou-se um dos dérbis mais electrizantes de que há memória. Num hino ao futebol, o Benfica de Trapatonni superou o Sporting de José Peseiro, mas apenas com o recurso ao desempate por grandes penalidades. Os primeiros minutos do desafio foram qualquer coisa de extraordinário: Geovanni abriu o activo logo aos 3’, para de seguida a turma verde-e-branca dar a volta ao resultado através de Hugo Viana (15’) e Liedson (17’), até Geovanni restabelecer a igualdade aos 22’, bisando assim no encontro. Assistiu-se a uma partida disputada a um ritmo frenético, sem grandes preocupações defensivas, o que se revelou mais surpreendente em relação ao habitualmente defensivo Benfica da altura, contrastando com um Sporting que praticava um futebol muito ofensivo.

Apesar das várias oportunidades para marcar, o espectáculo do golo só voltaria no prolongamento, depois do empate (2-2) no final do tempo regulamentar. Aos 110’ deu-se um momento mágico: Paíto, num rasgo individual inesquecível por toda a ala esquerda encheu-se de fé, humilhou Luisão com um incrível túnel e bateu Quim, deixando o Sporting à beira da vitória. Só que do outro lado da barricada havia Simão, que aos 118’ levou a eliminatória para os penáltis com um soberbo remate de meia-distância. Na marca de castigo máximo, o Benfica foi mais feliz e beneficiou do remate de Miguel Garcia à barra, na sétima grande penalidade, para prosseguir na prova, deixando o Estádio da Luz em delírio, numa época que assinalaria o regresso das águias à conquista do campeonato onze anos depois, falhando a dobradinha ao sair derrotado no Jamor perante o Vitória de Setúbal. Já o Sporting, como se sabe, falharia o título e a vitória na Taça UEFA em Alvalade… no espaço de quatro dias.

Sporting CP 5-3 SL Benfica: 2007/08

Resumo do jogo

Eis que chegamos a um jogo mítico que muito provavelmente gerou problemas cardíacos em vários portugueses. Estávamos nas meias-finais da Taça de Portugal e os rivais da capital vinham realizando uma época sofrível, tendo ambas as formações dito adeus ao título ainda em fase precoce. Portanto, a temporada de Sporting e Benfica jogava-se naquela noite chuvosa de 16 de Abril de 2008. O dérbi correspondeu inteiramente às expectativas, com duas partes completamente distintas: um Benfica inteligente, tacticamente perfeito e extremamente eficaz no primeiro tempo; um Sporting avassalador, massacrante, imparável na etapa complementar. Rui Costa e Nuno Gomes, actuais elementos da estrutura directiva do Benfica, colocaram o clube da Luz na frente por dois golos ao intervalo, para tranquilidade dos seus adeptos e de Fernando Chalana, na altura treinador do Benfica, depois da demissão de José Antonio Camacho. Porém, a imprevisibilidade do dérbi lisboeta voltaria em todo o seu esplendor na segunda parte. Depois de uns primeiros 45 minutos em que pareceu anestesiada, o Sporting de Paulo Bento surgiu em campo transfigurado, convicto de que poderia aniquilar um frágil Benfica.

E isso aconteceu, com Alvalade a assistir a uma prestação assombrosa dos leões, que a partir dos 68’ iniciaram uma reviravolta épica. Yannick Djaló, Liedson e Derlei viraram o jogo a favor do Sporting, apesar de logo a seguir Christian Rodríguez ter reposto a igualdade para o Benfica. Mas o conjunto leonino estava devorador e não estranhou que Yannick Djaló voltasse a fazer o gosto ao pé, até que Vukcevic sentenciou a meia-final aos 90’+3. Passados mais de sete anos, ainda muitos benfiquistas se questionam sobre aquilo que terá acontecido ao seu clube, ao passo que os sportinguistas viveram uma das melhores noites de sempre do clube. E para terminar em beleza, o Sporting conquistou mesmo a Taça de Portugal, ao bater o tricampeão FC Porto por 2-0.

Sporting de luxo abateu Benfica em 2007/08 Fonte: piscssr.com
Sporting de luxo abateu Benfica em 2007/08
Fonte: piscssr.com

SL Benfica 3-3 Sporting CP (4-3 a.p.): 2013/14

Resumo do jogo

O mais recente episódio de dérbis absolutamente lendários. Quarta eliminatória, um super Benfica de Jorge Jesus que viria a vencer todas as competições nacionais da temporada a receber um Sporting orientado por Leonardo Jardim, mas que mesmo com um plantel muito mais curto acabaria por atingir um excelente segundo lugar no campeonato. Do lado benfiquista a figura foi, como em tantas outras ocasiões frente ao rival da 2.ª Circular, Óscar Cardozo, assinando um sensacional hat-trick na primeira parte, traduzindo uma excelente exibição do Benfica nesse período, apenas abalada com um golo de Capel. Com um 3-1 ao intervalo, poucos suspeitariam de que o Sporting tivesse forças para lutar pelo apuramento, erradamente. Aproveitando a permeabilidade da defensiva encarnada – em Outubro de 2013 o Benfica ainda abanava bastante, acusando o traumático final de época anterior – os leões partiram para cima do adversário e colheram frutos com essa atitude, embora as águias tivessem desperdiçado uma ou outra oportunidade. Maurício aos 67’ e Slimani aos 90’+2 silenciaram a Luz e levaram a contenda para prolongamento.

“Tacuara” Cardozo arrasou em 2013/14 Fonte: Sport Lisboa e Benfica
“Tacuara” Cardozo arrasou em 2013/14
Fonte: Sport Lisboa e Benfica

E no tempo extra? Terá imperado a cautela? Nada disso. Ambas as equipas continuaram ao ataque oferecendo ao desafio uma carga dramática. E numa noite assim, o golo decisivo teria que fugir ao tradicional figurino, tal como veio a verificar-se: aos 97’, e caído em pleno relvado, Luisão cabeceou para golo, com a bola a passar por entre as pernas de Rui Patrício, naquele que foi um dos maiores frangos da carreira do internacional português. Até final mais frisson, com o Sporting a terminar a partida com apenas nove jogadores – expulsões de Rojo e Wilson Eduardo – mas nunca deixando de criar perigo. Contudo, o Benfica acabou por seguir em frente na Taça, num dérbi que durou muito para lá daquele sábado. A arbitragem de Duarte Gomes foi duramente criticada pelos dirigentes do Sporting, com destaque para as declarações de Bruno de Carvalho que não deixou de lançar farpas sobre… Jorge Jesus, quando ninguém adivinhava aquilo que se iria passar no Verão 2015.

Veremos então o que nos reserva o jogo deste sábado. Mas com uns antecedentes assim, será difícil que não se escreva sobre ele num “Recordar é Viver” de 2048.

Águia consegue apuramento (quase) no último segundo

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cab futsal

Antes de iniciar a minha análise à jornada da Liga Sport Zone de Futsal, quero aproveitar para congratular o SL Benfica pelo apuramento para a final four da UEFA Futsal Cup, isto é, por conseguir garantir o seu lugar nas 4 melhores equipas da competição europeia que reúne as equipas campeãs nacionais pelos seus respetivos países. A jogar na Eslováquia, razão pela qual teve que adiar o seu jogo do fim-de-semana perante o Gualtar, os encarnados queriam voltar à final four, numa competição onde têm tradição, pois foram a única equipa portuguesa a ganhar este troféu, em 2010. Atarefa não se avizinhava fácil e mais complicada ficou após uma derrota com o anfitrião Slov-Matic, por 5-4, já depois do Benfica ter batido os sérvios do Economac, o que obrigava a uma vitória perante o Lokomotiv Kharkiv por mais de um golo para não ter de ficar à espera de outros resultados para se apurar.

Eis que surge uma vitória por 2-0 no derradeiro jogo, com o golo final a ser obtido a… 2 (!) segundos do final, um final verdadeiramente épico e que teve tanto de emotivo como de justo, tal a superioridade benfiquista ao longo dos 40 minutos, perante uma equipa ucraniana que veio para o jogo na expetativa de poder conseguir o empate, algo que (felizmente) acabou por não suceder.

Um final impróprio para cardíacos provocou grandes festejos no fim Fonte: Futsal Global
Um final impróprio para cardíacos provocou grandes festejos no fim
Fonte: Futsal Global

Concluído que está este pequeno aparte, irei agora analisar a passada jornada do campeonato de futsal, no qual o Sporting CP tomou de assalto a liderança, embora com 2 jogos a mais que o SL Benfica, com uma vitória clara em casa perante a Quinta dos Lombos por 7-0, num jogo sem grande história e onde o Sporting foi claramente superior ao seu adversário, num jogo disputado no Pavilhão Desportivo de Porto Salvo, casa habitualmente utilizada pelos Leões de Porto Salvo mas emprestada à equipa do Sporting.

Os “leões” alcançaram uma vitória fácil e tranquila Fonte: Futsal Global
Os leões alcançaram uma vitória fácil e tranquila
Fonte: Futsal Global

No jogo mais aguardado da jornada, disputado no Fundão, a equipa da casa impôs a sua lei ao derrotar o Sporting de Braga por 5-2, num jogo bastante equilibrado mas onde a formação beirã conseguiu ser mais eficaz, aproveitando o 5×4 que os bracarenses utilizaram no fim do jogo para, em contra-ataque, ampliar a vantagem no marcador e construir uma vitória final mais folgada. O Braga mantém o 3.º lugar na tabela mas está agora mais pressionado pelo Modicus, que venceu em Porto Salvo os Leões locais por 0-2, num jogo extremamente equilibrado e onde só no fim a formação nortenha conseguiu garantir os 3 pontos, e pela Burinhosa, que venceu a formação do SL Olivais por 2-1, em que o equilíbrio no marcador mostra as enormes dificuldades sentidas pela equipa leiriense na partida, que só no último minuto se decidiu, quando o empate parecia ser o resultado mais provável, permitindo assim cimentar o 5.º lugar da Burinhosa, com um jogo ainda em atraso.

Quem mantém o seu lugar no top 8 que dá acesso ao play-off, embora agora com maior folga pontual é o Belenenses / Express Glass, que venceu no Porto o Boavista por 0-3 e mantém assim o 8.º lugar, ao passo que os axadrezados estão em 12.º. Por fim, o Rio Ave subiu ao 9.º lugar com uma vitória forasteira de 2-5 em Coimbra ante o CS São João, que continua sem vencer e se afunda assim na cauda da tabela classificativa.

Obrigado por existires

futebol nacional cabeçalho

Devem existir poucas coisas mais enternecedoras do que vermos espelhados, em pessoas mais novas, estados de alma que já nos pertenceram. Regressamos ao passado, e compreendemos o olhar de indefinição que, paradoxalmente, reflecte a tranquilidade de um “eu” com menos conhecimento sobre o mundo e suas vicissitudes.

Isso aconteceu-me, recentemente, num almoço de família. Uma pergunta empurrou-me para o passado. Para uma altura em que já não bastava, apenas, uma bola e espaço para jogar para me sentir realizado. Era preciso mais alguma coisa, mas eu não sabia o quê, e então perguntava, como me perguntaram a mim: “Qual é a tua música preferida?”.

Claro que ninguém me sabia responder a perguntas como esta. Nem eu soube. É certo que me vieram à cabeça “intro’s” como as da “One”, dos Metallica, ou da N.I.B., dos Black Sabbath, a harmonia da “Black”, dos Pearl Jam, ou da “April”, dos Deep Purple, genialidades tiradas de autores como Dylan, Tom Waits, System of a Down, Bowie, Royksopp, Massive Attack, Radiohead ou, mais recentemente, Tycho… e muito mais, naquela fracção de segundo. Mas jamais me conseguiria aproximar da resposta certa.

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Campanha de Marketing do Sporting CP ilustra bem a forma como se vive o “nosso” derby
Fonte: Facebook do Sporting

Pura e simplesmente, não me conheço a esse nível, mas foi enternecedor olhar para trás e notar quão simples achamos que a vida possa vir a ser. Poder escolher a música, o álbum, o livro, o ator, a atriz, o filme… o futebolista favorito! As coisas não funcionam assim. Este tipo de artes tem demasiada coisa boa para se poder apontar uma coisa como favorita, dentro delas. Encontrá-lo revela uma de duas coisas: um extremo ou limitadíssimo conhecimento delas.

Já antes, a mesma pessoa me tinha perguntado qual era o jogador que mais me fascinava. Também não soube responder, mas tive rasgos de memória, como o golo de Suker à Holanda, no Mundial 98, que deu à Croácia um histórico 3º lugar; ou a fuga de Michael Owen, por entre uma equipa inteira da Argentina, para fazer o 2-1, insuficiente para evitar a derrota nos penalties,  e divaguei para casos particulares do futebol português, como o golo de Mário Jardel, com a camisola do Sporting, ao Vitória de Setúbal, ao cair do pano, refletindo todo o seu instinto matador na forma como o golo chegava a ele. O golo de Deco, ao Benfica, de livre directo, na esquina da área, revelando toda a classe daquele génio ou… Pablo Aimar em toda a sua plenitude. Não conseguiria responder com exactidão sobre quem mais me deslumbrara.

Sobre favoritos, no futebol, são muito poucas as certezas de quem ama e acompanha o desporto. Existe o clube, e pouco mais.

Como adepto de futebol, não conseguiria escolher qual o jogo que mais me marcou (embora os penalties do Portugal-Inglaterra do Euro 2004 estejam bem frescos na memória), mas sei o  duelo que mais impacto tem na minha vida. Pela rica história de “trabalhos de parto” de 90 minutos que dão à luz lendas do futebol, normalmente “assistidas” por muitos golos, pelo “fartote” de bom futebol e pela rivalidade, a sadia, que se vive fora das quatro linhas, num ambiente inigualável em qualquer outro ponto do globo.

Falo, claro, do derby. O português. O Sporting-Benfica ou Benfica-Sporting, recheados de imagens com presença indelével na história do futebol português. Capítulos que marcam vidas. As dos protagonistas, dos companheiros e de adeptos, como eu, de futebol.

Sinto-me privilegiado por ter a certeza sobre alguma coisa nesta arte tão vasta. Ainda bem que o derby existe.

Foto de Capa: Facebook do Benfica

Caréga Maria!

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sporting cabeçalho generíco

Os adeptos benfiquistas devem ter na cabeça um nome por quem, por estes dias suspiram de saudade quando se fala em derby: Óscar “Tacuara” Cardozo. Do lado do Sporting CP, talvez alguns adeptos evoquem a memória de Liedson e dos seus duelos com Luisão. Diga-se, em abono da verdade, que a lembrança se justifica, pelo número de golos conseguidos por ambos os jogadores.

Esse número não passa contudo de um diminutivo comparado com os golos alcançados por Fernando Peyroteo contra o SL Benfica. Peyroteo é ainda hoje o fantasma que assombra as balizas do nosso eterno rival. Um total de 64 golos marcados em 55 jogos (média de 1,2 por jogo). Aliás os números de Peyroteo são impressionantes e é uma profunda injustiça que o tempo os vá sepultando sem que se perceba a importância deste jogador não apenas para o Sporting mas também para o futebol nacional. Caréga Maria era a expressão usada por Szabo, o seu treinador, para vitoriar os seus golos.

Números impressionantes

Peyroteo é ainda hoje:

  • o jogador com a melhor média de golos marcados pela selecção nacional – 0,7 pelos 14 golos marcados em 20 jogos, num tempo em que não havia tantos jogos internacionais;
  • o jogador com mais golos marcados ao FCP – 33 em 32 em 32 jogos, média de 1,2/jogo:
  • Aos 197 jogos efectuados para o campeonato nacional correspondem 331 golos marcados, uma assombrosa média de 1,6 golos por jogo, número ímpar em qualquer jogador e campeonato de futebol do mundo.
  • Os 393 jogos oficiais renderam-lhe 635 golos, média de 1,61 golos. Números que superam os de Eusébio que agora jaz no Panteão Nacional.
Peyroteo
Peyroteo é e será sempre um ícone no futebol português e mundial.
Fonte: Sporting CP

Pode-se dizer que Peyroteo nasceu para marcar golos ao SLB. No seu primeiro jogo, integrado num torneio de preparação, marcaria 2 golos, num dérby ganho por 5-3 pelo Sporting. A sério, anos depois, seria sempre decisivo nos 12 anos que jogou de leão ao peito. Como, por exemplo, no campeonato do pirolito, sendo ele o autor dos 4 golos que ditaram não só o vencedor do encontro (4-1) como o campeão desse ano. É também o jogador com mais golos marcados ao Benfica: 64 golos em 55 jogos (média de 1,2 por jogo).  O jogador com mais golos marcados ao F.C.Porto: 33 golos em 32 jogos (média de 1,02 por jogo).

Peyroteo foi também um atleta exemplar, cuja conduta desportiva honra sobremaneira o historial do clube. A sua única expulsão da carreira seria precisamente num dérby, quando decidiu não se ficar perante um insulto de um defesa rival. A homenagem que o Sporting amanhã lhe tributará, em dia do derby eterno é por isso mais do que justa.

Foto de capa: imortaisdofutebol.com

Crónica de um campeão anunciado

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É há quase três anos que estou nesta casa e que escrevo sobre o futebol brasileiro. Curiosamente, nas duas vezes anteriores, quando me foi dada a possibilidade e a oportunidade de falar sobre o campeão brasileiro em questão, ele foi o mesmo: o Cruzeiro. Mas hoje o dia não é dos celestes de Minas Gerais. Hoje o dia é de outro gigante.

Como decerto terão reparado, caros leitores, o título deste artigo é inspirado num dos grandes livros da literatura mundial. Escrito, também o mesmo, por outro Golias dessa área: “Crónica de uma morte anunciada”, Gabriel García Marquez. Um livro que todos devem ler. E quem já o fez sabe o final. Só que, desta feita, o final de que agora falamos é bom. Relembremos.

Palavras? Para quê?  Fonte: blogs.band.com.br
Palavras? Para quê?
Fonte: blogs.band.com.br

Até há bem pouco tempo, o clube que hoje se tornou campeão do Brasil tinha tido uma hecatombe: tinha descido até à Série C (equivalente à terceira divisão) do Brasil. Em pouco tempo, o atual técnico Tite tomou as rédeas do comando técnico e levou o Sport Club Corinthians Paulista a mais um saboroso título. Isto depois de, por exemplo, o mesmo treinador ter ganho mais um título nacional em 2011 e ainda uma Libertadores e Intercontinental, em 2012, entre outros títulos. O Corinthians está, deste modo, de parabéns. Fez uma campanha sólida, através da qual depressa se percebeu que o alvinegro paulista iria levar a melhor sobre a concorrência. E este campeonato tem muito a mão de Tite, mas também de jogadores experientes que compõem o plantel dos Gaviões da Fiel. Os casos de Jadson, do renascido Wagner Love e do nosso bem conhecido Elias são disso exemplo.

Enfim, um título mais do que merecido, de uma das maiores torcidas do Brasil e também das maiores do mundo, em termos de número de adeptos. Tite revela aqui que talvez hoje em dia seja o único brasileiro capaz de comandar com pulso de ferro a seleção canarinha, que tão necessitada está de uma liderança fortalecida. O Corinthians é campeão do Brasil. Hoje a nação alvinegra pode festejar. E garanto – porque já estive em São Paulo – que o foguetório vai durar bem mais que uma noite…

 

Foto de capa: www.sportt.com.br

Neymar e Suárez: uma parceria que vale triunfos

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A presente temporada da Liga Espanhola tem evidenciado o excelente momento de forma que Neymar e Luis Suárez estão a atravessar e, também, tem vindo a comprovar que o Barcelona não depende exclusivamente do génio de Lionel Messi e que a equipa consegue prosperar mesmo sem o contributo do astro argentino. Com a Pulga fora de combate, por lesão, os restantes elementos da MSN, trio ofensivo que na época transata deslumbrou o mundo do futebol e que leva 122 golos neste ano civil, têm sido o principal destaque da equipa e, de facto, têm dado bem conta do recado, somando golos e triunfos para os catalães.

Neymar tem assumido o papel principal no conjunto catalão, mas Suárez também tem estado de pé quente, o que faz os dois atacantes sul-americanos serem os melhores marcadores do campeonato: o brasileiro conta 11 golos, ao passo que o uruguaio já fez as redes adversárias balançar por nove vezes.

A lesão de Lionel Messi no joelho, ocorrida na sexta jornada da Liga Espanhola face ao Las Palmas, constituiu um autêntico revés para as hostes catalãs, que se viram assim privadas da sua maior estrela. A ausência do argentino durante algum período de tempo deixou muitas dúvidas no ar. Será que a equipa conseguiria manter o seu nível habitual sem o camisola 10? Teriam Neymar e Luis Suárez a capacidade para assumir todas as despesas do ataque catalão?

Certo é que a resposta da equipa dentro de campo, mesmo com alguns contratempos por vezes, tem sido bastante positiva, facto que leva os blaugrana a encontrarem-se no primeiro lugar do campeonato e a realizarem um percurso tranquilo na Liga dos Campeões. Não descurando o contributo, que é essencial, de todos os restantes elementos que jogam regularmente nos catalães, Neymar e Suárez têm, de facto, sido o principal sinal de vida da equipa. Nos últimos jogos do Barça, quando um não resolve, resolve o outro. Neymar e Suárez marcaram 20 dos últimos 23 golos da equipa em todas as competições, dado que demonstra evidentemente o quanto os atuais campeões europeus têm dependido do instinto goleador de ambos.

Os dois sul-americanos somam 20 dos últimos 23 golos da equipa
Os dois sul-americanos somam 20 dos últimos 23 golos da equipa

Na última partida que realizaram para o campeonato, Neymar e Suárez voltaram a provar o seu valor: o Barcelona venceu por 3-0 o Villarreal, resultado que serviu para o conjunto de Luis Enrique assumir a liderança isolada da liga. Neymar, que tem denotado uma evolução estrondosa desde que chegou a Espanha, bisou no encontro, ao passo que o uruguaio fez também o gosto ao pé, dando assim mais um triunfo importante para as hostes catalãs. O jogo contou ainda com um momento de pura inspiração por parte de Neymar quando apontou o terceiro golo, um autêntico hino ao futebol, uma jogada que fez lembrar os tempos de ouro de Ronaldinho Gaúcho e que correu todos os cantos do mundo do futebol.

Desde que chegou a Barcelona, na época passada, Suárez tem comprovado que os seus números no Liverpool não eram um mero acaso: o uruguaio faz da sua capacidade de finalização, aliada a uma garra tremenda, bem ao estilo sul-americano, a principal arma no seu arsenal ofensivo, fator primordial na quantia milionária que os blaugrana desembolsaram para contar com os seus serviços.

No que concerne a Neymar, o brasileiro tem aproveitado os tempos mais recentes para silenciar os seus críticos mais acérrimos com a magia do seu futebol e com a evolução tática que tem protagonizado na Catalunha. Muitos defendiam que era um jogador demasiadamente sobrevalorizado e que não tinha capacidade para se manter como um dos melhores do mundo… e Neymar, que aos 23 anos conta já 67 internacionalizações e 46 golos pela seleção brasileira, tem vindo a provar exatamente o contrário. Se continuar com os índices que tem evidenciado e continuar a sua evolução como um jogador de equipa e não individualista certamente irá encabeçar a lista de estrelas que disputarão o trono do futebol quando Messi e Cristiano Ronaldo saírem de cena.

Com o clássico espanhol à porta, a 21 de novembro, e com Messi a poder não estar totalmente recuperado, a esperança dos adeptos culés reside na capacidade para desequilibrar de Neymar e Suárez e ambos terão de mostrar-se à altura do desafio, pois um triunfo ante o Real Madrid dará ao Barcelona uma vantagem mais confortável no topo da tabela classificativa.

Fotos de: FC Barcelona

Taças de Segunda

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sporting cabeçalho generíco

É com extremo desagrado que vejo a direcção do Sporting Clube de Portugal a alterar as suas prioridades, uma vez que vêm agora noticiar que o treinador Jorge Jesus vai poder usar a equipa principal na taça CTT, o que considero uma má opção.

A anterior política só nos trouxe vantagens: não sobrecarregou os jogadores da equipa principal com jogos que não nos trariam qualquer reconhecimento ou recompensa desportiva; permitiu que jogadores da equipa B e juniores se mostrassem e provassem o seu valor como possíveis reforços da equipa A; permitiu utilizar jogadores menos utilizados, permitindo a estes manter rotinas de competição e responder de uma forma mais eficaz e eficiente na hora de serem chamados à equipa titular.

Digo isto da taça CTT, como poderei dizer também da Taça de Portugal ou da Liga Europa, porque convenhamos que pouco ou nada acrescentam a um palmarés de grande clube, na minha opinião.

A Taça CTT não permite acesso a nenhuma competição europeia; já a Taça de Portugal permite o acesso à Liga Europa, mas um clube como o Sporting não pode depender disso para ter acesso a competições europeias. A Liga Europa, bem… Não sei, alguém se lembra de quem ganhou as últimas edições dessa competição (para além dos adeptos das equipas que as ganharam, e dos adeptos das equipas que as perderam na final… Ah! Posso estar enganado, porque os rivais dessas equipas também gostam de fazer historiais de derrotas das equipas adversárias para espalhar na Internet, e tentar esconder as suas próprias derrotas)? E o valor monetário da conquista da competição é irrisório para os orçamentos actuais dum clube grande.

Na minha opinião só existem duas competições que me enchem as medidas: o Campeonato Nacional e a Liga dos Campeões. Posso acrescentar aqui a Supertaça.

A Taça CTT deverá servir como rampa de lançamento de jovens na equipa A Fonte: Sporting CP
A Taça CTT deverá servir como rampa de lançamento de jovens na equipa A
Fonte: Sporting CP

A primeira por permitir que nos superiorizemos a todas as equipas rivais, e por nos permitir acesso directo à Liga dos Campeões (o segundo lugar também o permite – ainda –, mas é o segundo lugar). A segunda, porque nos permite arrecadar uns bons milhões, e veres a tua equipa entrar em campo ao som daquele hino é outra coisa (se bem que também tenha assobiado no momento do hino, pela forma como temos sido “roubados” – O Braz da TVI24 não o diria melhor – nessa competição). Quanto à Supertaça, é pelo facto de provares que continuas a melhor equipa no lançamento de mais uma época; simples.

Venho já fazer a ressalva de que eu quero sempre ver o Sporting ganhar todos os jogos, fico mal disposto quando isso não acontece, mas também fico assim quando perdemos jogos da pré-época, e esses também servem para pouco mais que nada. Fico chateado quando perdemos esses jogos, mas não fico extremamente feliz quando os ganhamos como fico com cada vitória no campeonato ou na Champions.

Taças para encher museus não me dizem muito; grandes vitórias e conquistas sim.

 

P.S: Estendo este texto às modalidades, porque o Sporting nunca será só o futebol.

Foto de Capa: Sporting CP