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Obra de Espírito Santo

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cab la liga espanha

Com ou sem críticas, há algo a destacar na temporada 2014/2015 da Liga BBVA. Nuno Espírito Santo, ex-jogador de futebol e atual treinador do Valência, conseguiu contrariar as expetativas iniciais dos analistas e voltou a restabelecer as esperanças dos adeptos “Che” numa qualificação da sua equipa para a Liga dos Campeões.

Embora Espírito Santo tenha caído nas graças de todo o adepto português do desporto rei pela sua campanha com o Rio Ave, foi com tamanha surpresa que surgiu como treinador principal do Valência para a temporada 2014/2015. Tal foi o espanto que prontamente a imprensa e os amantes de futebol espanhóis apontaram Nuno como o primeiro treinador que iria sofrer o despedimento no presente ano na La Liga.

Ainda assim, com tudo o que o técnico português tem conseguido realizar no decorrer da temporada, seguramente que esses “apostadores” se arrependem de ter feito tal escolha. E todo o português tem orgulho nisso. É, evidentemente, agradável ver um de nós triunfar lá por fora e, literalmente, “calar” os críticos que não se importam com o trabalho e esforço que têm que ser empreendidos para ter sucesso no “mundo” que é o do futebol.

O Verão de 2014 viu a equipa do Condado Valenciano sofrer uma tremenda mudança no que a jogadores diz respeito, pois após a aquisição de Nuno Espírito Santo para o comando técnico da formação, foram várias as saídas e entradas no plantel. Nesta “revolução”, muitos jogadores que outrora tinham sido considerados fundamentais no seio do grupo viram o seu passe ser negociado: de referir, entre outros, Juan Bernat, Adil Rami, Jérémy Mathieu, Ricardo Costa, Ever Banega ou Andrés Guardado. A venda do passe de alguns destes jogadores permitiu aos “Che” um razoável encaixe financeiro, o que permite entender o propósito das suas transferências.

Nuno Espírito Santo teve, então, que encontrar jogadores que suprimissem as perdas no plantel e que acrescentassem algo mais à equipa, de modo a que esta atingisse os seus objetivos. E fê-lo com grande astúcia. Não só viu chegar ao emblema valenciano atletas de elevado nível, como reforçou todos os seus setores. Também é sabido que a conta bancária de Peter Lim, que após meses de incerteza foi declarado como novo proprietário do clube, ajudou e muito nesta investida pelo mercado de Verão.

A defesa do Valência viu-se reforçada com as aquisições do argentino Lucas Orbán (lateral-esquerdo/defesa-central), do alemão Shkrodan Mustafi (defesa-central/lateral-direito) e com o empréstimo de João Cancelo, jovem lateral-direito português com grande margem de progressão. No meio-campo, o maior destaque foi dado a André Gomes, que tem vindo a justificar a aposta, com inúmeras exibições de alto nível, provando todo o potencial que lhe tinha sido atribuído. No que toca ao ataque, a aquisição do passe de Rodrigo Moreno e o empréstimo de Álvaro Negredo, que se juntaram a Paco Alcácer, vieram fornecer o poderio atacante necessário para o “assalto” ao apuramento para a Champions.

O Valência deu muitos reforços a Nuno Fonte: Facebook do Valência
O Valência deu muitos reforços a Nuno
Fonte: Facebook do Valência

Mas uma equipa não é só feita de nomes. É necessário alguém que tome os jogadores individualmente e os faça jogar em prol do conjunto, de uma forma coesa e objetiva. E é aí que entra Nuno Espírito Santo. A maior parte dos atletas que por ele já foram treinados concordam que, no que concerne a termos motivacionais, Nuno é, de facto, um mestre. Para além disto, os anos em que praticou futebol permitiram-lhe adquirir uma absoluta cultura tática e entendimento do jogo. Exemplificando, tal é visível no facto de o treinador português conseguir variar o esquema tático da equipa em conformidade com o adversário ou, até mesmo, com as características dos jogadores. Já vimos o Valência variar entre o 3x5x2 e o 4x4x2 inúmeras vezes, sem se ressentir a nível exibicional.

Porém, não tem sido sempre um passeio para o treinador luso. As exibições da equipa fora do Mestalla e, principalmente, os resultados negativos aí alcançados têm gerado contestação nos media valencianos. Em 11 partidas fora de portas, os comandados de Nuno registam apenas 4 vitórias, ao invés do que acontece em sua casa, onde venceram 10 dos 12 encontros disputados.

Mais recentemente tem surgido outro tipo de contestação no seio dos meios de comunicação de Valência, relacionada com a contratação de um jogador por parte do emblema “Che”. Em pleno mercado de Inverno, o clube conseguiu a tão desejada aquisição do médio Enzo Pérez por uma quantia situada nos 25 milhões de euros. Tendo apresentado um elevado nível exibicional na posição “8” ao longo dos últimos dois anos, Pérez assumiu desde logo um lugar no onze inicial.

Mas a verdade é que não está fácil a vida do médio argentino em Espanha. Em 7 jogos realizados desde que chegou ao país vizinho, está claro que ainda não conseguiu atingir o patamar futebolístico que apresentou outrora. No Benfica, o jogador da seleção das “pampas” atuava como médio de transição num esquema de dois médios-centro, ao contrário do que acontece em Valencia, onde assume uma posição claramente mais recuada e divide o setor central da sua equipa com mais dois jogadores, o que lhe retira espaço para progredir verticalmente com bola, como tanto gosta. A juntar a isto, o nível disciplinar de Pérez também não tem sido o melhor, pois já viu o cartão amarelo por 5 vezes, numa quantia de jogos que não é razoável para tal. Esta situação tem que ser pronta e devidamente tratada por Nuno Espírito Santo, de modo a não prejudicar os objetivos da sua formação, pois a imprensa e até os adeptos começam a questionar o elevado investimento feito no médio.

Certo é que com 23 jornadas disputadas na principal divisão espanhola, os valencianos estão situados no 4º lugar da classificação e mantêm bem desperta a esperança de conseguir o apuramento para a Liga dos Campeões da próxima época, objetivo que foi o inicialmente proposto pela equipa técnica “Che”. Seguramente a luta não será de cariz fácil até ao final da liga, pois o Sevilha encontra-se a uma distância relativamente curta do apetecível 4º posto e promete não ceder. No entanto, o Valência de Espírito Santo já demonstrou e deixou claro que é bem capaz de conseguir atingir os seus propósitos.

Foto de Capa: Facebook do Valência

Pizzi ao comando

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paixaovermelha
Ao segundo jogo como titular, Pizzi convenceu a grande maioria dos adeptos (e talvez até Jorge Jesus) de que é o homem certo para substituir Enzo Pérez – isto, claro, dentro das soluções do plantel. Se por um lado não me espanta que tenha demorado vários meses a mostrar qualidade na posição 8, também não me surpreende a recente quebra de rendimento de Talisca. Defendi várias vezes, aqui neste espaço, que Talisca dificilmente alcançaria o nível desejado por Jorge Jesus para aquela que é indiscutivelmente uma posição fulcral no sistema tático do Benfica. Talisca tem obrigatoriamente de ser um homem próximo da área de finalização, de forma a que se retire toda a excelência e eximia capacidade de remate do brasileiro.

Já Pizzi tem tudo para ser, pelo menos, um bom 8. Está, efetivamente, longe dos melhores índices de Enzo Pérez. Ainda que seja impossível fugir às habituais comparações, parece-me injusto confrontar as prestações de ambos, uma vez que, para os mais esquecidos, Enzo demorou vários jogos até adquirir os processos ofensivos, defensivos e, principalmente, de equilíbrio tático a que a posição obriga.

O internacional português encontra-se exatamente a meio desse processo. No passado domingo, frente ao Setúbal, Pizzi demonstrou que a nível ofensivo jamais terá problemas em oferecer um alto rendimento, fruto de vários anos a jogar em posições atacantes. Apesar dos dois golos marcados por Lima, Pizzi foi eleito homem do jogo frente aos sadinos por vários jornais e sites desportivos. As razões são óbvias: com uma assistência e vários passes para ocasiões de golo, o português demonstrou uma capacidade técnica altíssima e uma visão de jogo exemplar. A nível de passe, Pizzi acertou 85% dos 65 passes realizados, o que demonstra bem a qualidade do internacional português neste capítulo. O mais notável, porém, foi a forma imperiosa como assumiu o jogo e a responsabilidade de empurrar a equipa para a frente. Assumiu o jogo e foi feliz.

Pizzi começa a mostrar serviço na Luz Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Pizzi começa a mostrar serviço na Luz
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

A nível defensivo, o rendimento foi menor ou, pelo menos, não tão exuberante. É certo que o adversário raramente causou problemas ao conjunto benfiquista, e, quando o fazia, utilizava as alas para progredir no terreno. Ainda assim, Pizzi terá forçosamente de impedir desequilíbrios na zona central e impedir transições adversárias. A assimilação destes processos requer tempo e, especialmente, minutos de jogo. Por muito que Jorge Jesus e Pizzi estejam em sintonia nos treinos, é no relvado, com um adversário pela frente, que o ex-jogador do Atlético Madrid irá criar as rotinas necessárias para se tornar um médio à altura das exigências do Benfica.

Perante isto, os adeptos do Benfica não devem esperar a garra e a intensidade de Enzo Pérez. Podem é ter a certeza de que há, indubitavelmente, um jogador com talento para ser um caso singular (mais um) criado por Jorge Jesus.

Na Terra de Ninguém

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tinta azul em fundo brando pedro nuno silva

Há uma guerra de palavras no futebol português – e não, o Porto não está metido nessa confusão! Não querendo entrar profundamente num assunto que não me diz respeito directamente, parece-me que há razões para alguma indignação da parte do Sporting mas – tal como na guerra (perdoem-me a tendência belicista) – disparando a primeira bala, recebem-se duas em troca e voltam-se a disparar três de seguida.

O facto de o Porto entrar cada vez menos nestes joguinhos de palavras demonstra também uma mudança de estratégia na nossa comunicação: estamos mais tolerantes, o que traz pontos positivos e negativos.

As polémicas que existiram devido ao Apito Dourado sempre serviram de desculpa e de moeda de arremesso para muitas polémicas no putebol português. Serviram ainda para desculpar as fracas prestações e insucessos de alguns adversários. Bastava um rastilho para incendiar as relações entre Porto e Benfica ou Sporting, mas devido a alguns castigos de dirigentes, desgaste pessoal e colectivo (um clube perde também apoio dos adeptos caso esteja em contante revolta) e mudanças estratégicas, a verdade é que estamos mais calmos no que diz respeito às nossas relações inter-clubes e à comunicação social. Não me parece que seja um tratado de paz; apenas uma guerra fria em que há desconfiança.

Desde o tempo de Jesualdo Ferreira que grande parte da nossa defesa pública e indignação tem a voz dos nossos treinadores. Não tem o mesmo efeito do que se fosse um dirigente ou mesmo um comunicado oficial no site do clube, mas é a estratégia adoptada. Um exemplo claro são os erros de arbitragem que têm beneficiado o Benfica esta época. Estes seriam suficientes para uma comunicação mais agressiva e, portanto, para prevenir que ocorressem mais casos polémicos, que teimam em acontecer quando nada se diz. No entanto, tais erros apenas têm sido apontados timidamente por alguma comunicação social e, aqui e ali, por Lopetegui. É notório que algumas respostas a provocações têm sido comunicadas internamente ao treinador basco, que personifica, então, a indignação do clube. Mas o carácter aparentemente pacífico do nosso técnico não tem o impacto que causa um Mourinho, por exemplo.

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Vítor Pereira foi um dos técnicos que defendeu o FC Porto com firmeza
Fonte: Página de Facebook oficial de Vítor Pereira

Hoje em dia, há formas inovadoras de marcar a nossa posição sem ser através da agressividade que caracteriza um comunicado oficial. Estamos presentes nas várias redes sociais e temos de as usar para lançar alguns lembretes e brincadeiras sobre o que se passa nas diversas jornadas. Quem não se lembra da perseguição de que o Porto foi vítima por parte da imprensa sulista durante os anos em que ganhámos diversos campeonatos sucessivos? Quem não se lembra das diversas polémicas lançadas por clubes rivais para minar a nossa credibilidade? De repente, desapareceram. Porquê? Pois, um clube que ganha incomoda e, se para o Porto se faz uma tempestade num copo de água, penso que ultimamente têm sido feitos copos de água de tempestades de forma repetitiva. É demasiado visível que temos uma comunicação social avessa ao nosso clube: estamos sempre sozinhos na defesa do Porto – nada de novo, portanto.

Por enquanto, estamos muito neutros, na terra de ninguém, enquanto alguns adversários gladiam (embora nunca com a agressividade que utilizam para com o Porto; acho até que é um arrufo de amigos). A nossa neutralidade e aparente pacifismo não podem ser entendidos nunca como passividade, sob pena das arbitragens se tornarem ainda mais erróneas. Não quero com isto defender um ambiente podre no nosso futebol; apenas dizer que temos o direito de, por vezes, relembrar o que se tem passado dentro das quatro linhas. Afinal, também temos direito, não temos?!

Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto

 

Wayne Rooney: À procura do lugar perfeito

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cab premier league liga inglesa

A renovação no Manchester United, que se fez com as entradas de Van Gaal, Falcao e Di María, entre outros, era obrigatória, depois do desastre que foi a última temporada. David Moyes não conseguiu lidar com a pesada herança de suceder a Ferguson, e percebeu-se finalmente que o plantel não tinha a qualidade necessária. Wayne Rooney era um dos poucos elementos de classe mundial, mas estava muito desacompanhado, precisava de outros jogadores de valia semelhante. O que é certo é que, ao contrário do que se perspectivava, o craque não beneficiou nem de perto nem de longe com a chegada de reforços. Viu o seu espaço de eleição – segundo avançado – ameaçado pelo colombiano voador, o que levou Van Gaal a recuá-lo para o meio campo, e tem perdido protagonismo na equipa.

26 de Dezembro de 2014.  A data em que marcou pela última vez para o campeonato. O bis contra o Newcastle é o último vislumbre da veia goleadora de Rooney. A sua colocação em campo é o principal obstáculo. A equipa ressente-se da falta de um patrão – Di María tem oscilado o seu rendimento e afasta-se cada vez mais daquele vaivém que o caracterizava – e os goleadores de serviço, Falcão e Van Persie, estão numa relação de amor/ódio com as redes.

O inglês de vinte e nove anos acaba por ser a maior vítima das suas características. Um dos jogadores mais possantes do futebol mundial é alguém a quem sempre se viu capacidade para ter um papel de relevo fora da linha avançada. A visão de jogo e capacidade de passe permitem-lhe servir na perfeição os colegas e o pontapé canhão é controlado com mira certeira. O problema nisto tudo é que o papel de médio centro obriga-o a ter outras amarras tácticas, que não lhe permitem a chegada às imediações da baliza adversária (nos últimos 5 jogos, sem contar com o encontro com o Preston, fez 0 remates!).

Rooney tem estado desinspirado a jogar como médio Fonte: Facebook de Wayne Rooney
Rooney tem estado desinspirado a jogar como médio
Fonte: Facebook de Wayne Rooney

As críticas estão a começar a aparecer e Van Gaal vai afastando de si as responsabilidades, dizendo que “Rooney está a jogar no meio campo porque não temos mais ninguém”. O experiente treinador holandês não deve ter olhado para o seu próprio plantel quando disse tamanha barbaridade. É certo que as opções não abundam, mas quando se gasta 36 milhões em Ander Herrera não se pode apresentar esta justificação. O treinador holandês, que tem desdobrado a equipa num 3x5x2, 4x4x2 losango ou no mais recente 4x3x1x2, parece convicto na intenção de sacrificar o melhor jogador da equipa nos últimos anos para apostar numa dupla de avançados que pouco ou nada tem feito.

Apesar da unicidade de Rooney, é notório que esta aposta tem sido infrutífera. O seu futebol não sai favorecido e os Red Devils, que com muitos jogadores acima da média exigiam outra nota artística, vão praticando um futebol medíocre. Estamos a falar do capitão e do terceiro melhor marcador de sempre do clube, mas a sua saída é uma opção que já devia estar a ser equacionada. O clube e o jogador parecem não ter mais nada a dar um ao outro e, à beira dos malditos trinta, o camisola dez não devia descurar a saída para outro campeonato.

Foto de Capa: Facebook de Wayne Rooney

Regresso a Basileia

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a minha eternidade

Esta quarta-feira, dia 18 de Fevereiro, o Futebol Clube do Porto irá deslocar-se à Suíça para defrontar o Basileia, numa eliminatória a contar para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Este é o primeiro embate entre estas duas equipas, embora não seja a primeira vez que os portuenses se deslocam a Basileia para uma partida europeia relevante.

Na temporada de 1983/1984, o Porto realizou uma excelsa prestação na sua quinta participação na Taça das Taças, prova que jogou graças à sua presença na final da Taça de Portugal do ano anterior.

A campanha azul e branca rumo à final iniciou-se a 14 de Setembro de 1983, na Jugoslávia, com uma derrota por 2-1 frente ao Dínamo de Zagreb. No jogo de volta, nas Antas, numa eliminatória muito sofrida, os portistas conseguiram vencer pela diferença mínima (1-0), o que lhes permitiu seguir em frente. O triunfo foi conseguido através de um golo do inevitável Gomes, que furou as redes depois de uma assistência de Jaime Magalhães, a poucos minutos do final do encontro.

A 19 de Outubro de 1983, mais uma saída de sabor amargo – desta feita até à Escócia, para enfrentar o Glasgow Rangers (derrota por 1-2). No encontro da segunda mão, os portistas conseguiram nova reviravolta, vencendo os protestantes por 1-0, com o Bi Bota a marcar de novo e a chorar de emoção, sendo aclamado por todo o estádio, originando um clima de comunhão e fraternidade (jogador/público) que rareia na contemporaneidade futebolística.

Já no decorrer de 1984, nos quartos-de-final, o sorteio instituiu o embate com os soviéticos do Shakhtar Donetsk (Ucrânia). A 7 de Março, na cidade Invicta, os portistas conseguiram uma magra vitória por 3-2, levando uma curta vantagem para o jogo da 2ª mão em Donetsk. Nesse jogo, duas semanas depois, o FC Porto sobrevive em prova devido a um empate a um golo, sendo Mike Walsh o herói, cabeceando para golo já perto do final do jogo.

Nas meias-finais, os dragões tiveram pela frente os escoceses do Aberdeen. A 11 de Abril, perante um estádio das Antas completamente preenchido e motivado, os portuenses ganharam pela margem mínima (1-0), levando assim uma preciosa vantagem para o segundo jogo. Em terras escocesas, no dia 25 de Abril, os azuis e brancos venceram pelo mesmo resultado. Vermelhinho, o marcador solitário, executou um chapéu tecnicamente refinado e assegurou o embate na final contra a magnífica Juventus de Turim.

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Platini era a figura maior da Juventus que derrotou o FC Porto, em 1984
Fonte: wikipedia.org

Nessa final de Basileia, disputada no dia 16 de Maio de 1984, o Futebol Clube do Porto defrontava as “velhas senhoras” italianas, orientadas pela ancião Trapattoni e comandadas em campo pelo organizador mágico Michel Platini. Perante 60000 espectadores (na sua maioria tiffosi), os portuenses enfrentavam um enquadramento muito doloroso devido ao gravíssimo estado de saúde de José Maria Pedroto. Apesar de ser difícil focalizar e centralizar os atletas exclusivamente no encontro futebolístico, os comandados de António Morais (anterior adjunto) fizeram uma exibição tecnicamente muito confiante e tacitamente muito correcta e organizada. Embora a Juventus se tenha superiorizado por 2-1 no final da partida, os portuenses foram superiores em termos qualitativos, demonstrando um futebol mais atraente. O golo de Sousa foi insuficiente para os portistas, que ficaram irados com o árbitro da partida (o alemão Adolf Prokop). Alguns jogadores não se contiveram e confrontaram o juiz germânico e restante equipa de arbitragem em pleno relvado (o guarda-redes Zé Beto terá tirado a bandeirinha ao auxiliar do árbitro para o agredir…). O motivo da fúria seriam dois penalties que o alemão terá perdoado aos italianos: o primeiro, um empurrão sem margem para dúvidas sobre Vermelhinho dentro da área; o segundo, uma mão de Scirea indubitável. Terá o árbitro prejudicado deliberadamente o Porto? Os seus jogadores não tiveram dúvidas sentindo-se espoliados. No rescaldo destes acontecimentos, o guardião Zé Beto seria suspenso por um ano pela UEFA, o que ditou o seu afastamento do Euro- 84.

No fim da partida, Michel Platini, estrela mais reluzente dos italianos, reconheceu o grande mérito dos portuenses. Rendido ao jogo do FC Porto, afirmou que era pena não haver duas taças (uma para cada instituição). Esta ideia humilde foi o mote para os adeptos portistas empreenderam uma recolha de fundos para encomendarem uma réplica da Taça das Taças, que posteriormente oferendaram ao clube para exposição pública. Este misto de emoções, entre uma revolta e desilusão inflamantes e um orgulho confiante pela fantástica exibição, fez com que o Futebol Clube do Porto conseguisse criar, enraizar e difundir um estado de espírito conquistador, uma crença combustível inabalável, que originou um “focus glória”, uma força de perseguição predatória que se consubstanciou, três anos volvidos, em Viena.

Foto de capa: wikipedia.org

A aranha Matic

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cab premier league liga inglesa

“Javi Garcia assina pelo Manchester City”. Esta foi uma notícia que, há uns anos, deixou a família benfiquista em alvoroço. Um dos pilares do meio campo encarnado tinha rumado a Inglaterra e no banco não se via solução. Correcção: não se via solução aparente. Enquanto todos levavam as mãos à cabeça, Jorge Jesus mostrou que Matic não tinha andado este tempo todo só a aquecer bancos. E lançou-o. Surpresa das surpresas? O rapaz até se safava. E muito bem! Com o avançar do tempo marcou a sua posição e suplantou Javi Garcia com a sua qualidade de passe, transporte de bola, visão de jogo e um desarme mais subtil e eficaz.

O Benfica não é um clube com possibilidades de agarrar os melhores jogadores, é apenas um trampolim, e Jorge Jesus o que tem a fazer é espremer o melhor deles durante o salto dos craques para os grandes da Europa. Este foi o caso de Matic. Matic é um craque e arrisco-me a dizer que se não é o melhor é um dos melhores médios defensivos a actuar hoje em dia. E isso comprova-se com o que ele fez na segunda metade da época passada no Chelsea e na incrível época que está a fazer este ano, agora desde o início.

Matic saiu para Luz e voltou a Stamford Bridge
Fonte: Facebook de Nemanja Matic

Matic voltou a casa, voltou a Stamford  Bridge. Chegou e venceu. Chegou e mostrou que deixou lugar marcado. O Chelsea tem feito um grande campeonato. Quem tem sido o pilar? Matic, pois claro. O médio sérvio alinhou em 24 dos 25 jogos já realizados e tem sido uma autêntica “aranha”, como já é conhecido em Inglaterra. Manda no meio campo, defende com qualidade e tem ainda a ousadia de transportar a bola para a frente no processo ofensivo. É uma máquina incansável de jogar à bola, e isto não só no campeonato. A Liga dos Campeões é exemplo da importância do sérvio, com Mourinho a fazê-lo alinhar nos seis jogos da fase de grupos, fossem ou não fossem a feijões.

Muitos de vocês provavelmente estarão a dizer: “Ah, fazer meio campo com o Fàbregas também eu faço. Assim também eu era um bom jogador”. É verdade que jogar ao lado de um craque como o espanhol tem as suas benesses, mas a sua passagem por Portugal demonstrou que Matic não depende de quem joga ao seu lado para comandar um meio campo. Com isto também não quero reiterar que o sérvio pode jogar sozinho contra qualquer equipa e ganhar. Não! Apenas quero afirmar que Matic é enorme independentemente do clube que representa, independentemente de quem joga ao seu lado. É um jogador inteligente, eficaz e que tem pernas para aguentar os 90 minutos e ainda ter folêgo para o que for preciso. É caso para dizer que é um jogador que qualquer treinador sonharia ter.

Foto de Capa: Facebook do Chelsea

Olheiro BnR – Danilo

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olheiro bnr

Talvez o mais fascinante jovem talento que vai evoluindo no principal campeonato luso seja o brasileiro Danilo, médio-defensivo de apenas 18 anos que vai espalhando classe pelo miolo do Sporting de Braga, onde rapidamente assegurou a titularidade e preponderância.

Colocado no Minho por um fundo de investimento, que, aliás, detém a totalidade do seu passe, percebe-se claramente que será curta a sua estadia na cidade dos Arcebispos, não sendo de estranhar que, em 2015/16, o jovem brasileiro já esteja a desenvolver o seu futebol num qualquer clube com outro impacto no Velho Continente.

Produto das escolas do Vasco da Gama

Nascido a 28 de Fevereiro de 1996 em Simões Filho, Brasil, Danilo Barbosa da Silva é um produto das escolas do Vasco da Gama, clube pelo qual se estreou no futebol sénior, em 2014, somando nove jogos entre segunda divisão brasileira, taças domésticas e campeonato carioca.

Perante a sua ascensão meteórica e elevadíssimo potencial e margem de progressão, o fundo de investimento detentor dos direitos económicos de Danilo decidiu colocá-lo na Europa, tendo o médio-defensivo rumado ao Minho, onde se tem assumido como um dos indiscutíveis de Sérgio Conceição no Sporting de Braga, somando 19 jogos e dois golos.

Classe, técnica e posicionamento exemplar

Sem ser especialmente rápido, Danilo é um futebolista que se destaca imediatamente pelo seu inteligente e eficaz posicionamento, algo que lhe permite ter uma ocupação de espaços quase perfeita no meio-campo do Sporting de Braga, onde controla todas as operações e é muito mais que um simples “seis” de contenção.

Afinal, o internacional sub-21 brasileiro é um jogador que apresenta uma boa capacidade técnica e de passe, sendo bastante importante na primeira fase de construção da equipa minhota, algo que faz com muita qualidade. Para além disso, Danilo tem ainda capacidade de projecção ofensiva, sendo inclusivamente um bom finalizador quando tem oportunidade para tal.

Uma pérola para outros palcos

Igualmente com boa capacidade de marcação, faltará apenas a Danilo ganhar por vezes um pouco mais de intensidade nas suas acções, algo que acaba por ser natural para um jogador de apenas 18 anos que só chegou ao futebol europeu há alguns meses.

Certo, de qualquer maneira, é que estamos perante um “seis” com imenso potencial e um elevadíssimo leque de recursos que prometem oferecer-lhe rapidamente o bilhete para palcos bem mais cintilantes do futebol europeu.

Foto de Capa: Facebook Oficial do Sporting Clube de Braga

NBA All Star’2015 – AO VIVO

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cab nba

Espaço para a discussão de um dos maiores eventos do ano da NBA: o All Star Game. O Este e o Oeste lutam pela supremacia em mais uma edição deste emblemático fim-de-semana. Podem participar na discussão no chat ou através do Twitter, identificando-nos em @BolanaRedePT

Rescaldo do 1.º Dia do fim-de-semana All Star’2015: http://www.bolanarede.pt/?p=21706
Rescaldo do 2.º Dia do fim-de-semana All Star’2015: http://www.bolanarede.pt/?p=21719

 


Ainda há uma linha que separa o sonho da realidade?

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eternamocidade

Mais uma jornada passada e, entre as vitórias naturais de FC Porto e Benfica, o que se destaca da jornada 21 é, naturalmente, o empate do Sporting, no Restelo, e o consequente adeus da equipa de Marco Silva ao título nacional, deixando difícil inclusive a possibilidade de se chegar à formação de Lopetegui, que conta com cinco pontos de vantagem para o Sporting.

Relativamente à equipa portista, devo destacar a forte primeira parte que o FC Porto fez contra o Vitória de Guimarães. Com um futebol agradável e intenso – que culminou numa mão cheia de boas oportunidades de golo –, chegar ao final dos primeiros 45 minutos do encontro apenas com o 1-0 no marcador era manifestamente pouco para o caudal ofensivo que a equipa tinha demonstrado. No segundo tempo, a imagem do jogo alterou-se: o Vitória subiu o seu bloco, e durante os primeiros vinte minutos os portistas pareceram adormecidos e amorfos, dando a ideia de que o pensamento já estava no jogo da próxima quarta-feira, em Basileia, a contar para a primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões.

Aliás, mesmo não tendo criado qualquer oportunidade de golo, o Vitória de Guimarães, durante os primeiros vinte minutos da segunda parte, foi acreditando que seria possível sair do Dragão com pontos. Desse ponto de vista, não posso deixar de salientar a importância de Lopetegui: mexeu na equipa quando ela mais precisava, sendo que, com as entradas de Tello e Rúben Neves, o FC Porto voltou a dominar o jogo como quis e a criar mais três excelentes oportunidades até ao final da partida. Contudo, esse “baixar de guarda” de vinte minutos dos portistas foi algo que me preocupou e o que me leva a escrever este texto.

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O triunfo perante o Vitória SC ficou marcado por 20 minutos de menor fulgor portista
Fonte: Página de Facebook do FC Porto

Admito que, quando escrevi o último texto acerca do ciclo infernal que o FC Porto teria – com 7 jogos em 30 dias (divididos entre Campeonato e Liga dos Campeões) – receei que aqueles “20 minutos” fossem acontecer com mais frequência. Ou seja, com tantos jogos em tão poucos dias, e sobretudo com a Liga dos Campeões à cabeça, era inevitável que a equipa se desligasse em certos momentos dos jogos. Esse é o efeito negativo que a Liga dos Campeões tem: numa competição como a Champions, onde estão os melhores jogadores e as melhores equipas, todos querem lá estar, dê por onde der. Nesse contexto, Lopetegui bem avisou na conferência de imprensa de antevisão ao jogo contra o Vitória que, quem estivesse a pensar no Basileia antes do tempo, veria o jogo de quarta-feira em casa.

Bom, apetece-me dizer que essa profecia de Lopetegui não é mais do que “conversa para adepto ver”. Isto porque a Liga dos Campeões funciona quase como um “bicho papão” que, quando se aproxima, não deixa espaço para nada mais. Ao olhar para a primeira fase da época portista (até dezembro, quando terminou a fase de grupos), esse foi um comportamento que não raras vezes se viu nos jogos do FC Porto. Por isso, não é de estranhar que, entre os seis jogos da primeira fase da competição milionária, os portistas tenham perdido seis pontos que tanto lhe fazem falta neste momento, nos jogos com o Vitória, o Boavista e o Sporting. Às custas deste tipo de “20 minutos” é que os portistas foram perdendo pontos que não podiam e que explicam, em parte, a desvantagem de quatro pontos para o primeiro classificado.

Em Fevereiro, a febre da Liga dos Campeões regressa: voltam os grandes jogos e os grandes duelos. O mundo do futebol aguardava há dois meses pelos oitavos de final e acredito que os próprios jogadores do FC Porto também. Aliás, não raras vezes durante os meses de Janeiro e Fevereiro se viram declarações de jogadores a falarem sobre o duelo contra a equipa de Paulo Sousa. Caro leitor, quero deixar claro que, tal como tantos milhões de adeptos, a Liga dos Campeões é igualmente a competição que mais aprecio no futebol. É inevitável que isso aconteça. Mas, friamente falando, penso que esse não deve ser o comportamento dos jogadores portistas. Bem sei que nestas horas que antecedem o jogo contra o Basileia, todos os portistas se irão lembrar das míticas vitórias de 1987 e 2004 ou dos jogos lendários que o FC Porto foi fazendo ao longo dos últimos anos na Liga dos Campeões. Obviamente que eu, como qualquer outro adepto, também não me canso de ver e rever a vitória de Gelsenkirchen, a exibição de sonho em Manchester, culminada no empate a dois golos, ou o jogo de gala que este ano a equipa fez em pleno San Mamés. Não me esqueço de nada disso porque a nossa história assim o obriga; mas também não me esqueço de que, objetivamente analisando o futebol europeu, é utópico considerar-se que o FC Porto pode chegar à final de Berlim, a 6 de junho deste ano. Com um futebol tão bipolarizado entre “ricos” e “pobres”, onde cada vez mais se distinguem clubes como o Barcelona, Real Madrid, Bayern de Munique ou Chelsea, será razoável pensar-se que, no meio de tantos tubarões, o FC Porto pode vencer o troféu mais desejado no futebol do “velho continente”?

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Brahimi é 2º melhor marcador do FC Porto na Champions, com 4 golos
Fonte: Página de Facebook do FC Porto

Sinceramente, e mesmo dando de caras com o melhor plantel dos últimos largos anos, acredito que não é possível lutar contra formações tão fortes como as espanholas, alemãs ou inglesas. Bem sei que o sorteio até pode ajudar a que se chegue mais longe mas, mesmo com alguma sorte na escolha do adversário, pensar que uma equipa portuguesa pode chegar sequer a uma meia-final da Champions não passa, na minha opinião, de uma ilusão.

Ainda assim, não se pense que, com este discurso, me alinho com certos clubes e treinadores que acham que as competições europeias não interessam para nada. Várias vezes já repudiei este tipo de pensamento que considero ser “provinciano”. Para um clube que quer ser grande, não basta sê-lo dentro de portas, onde os adversários internos são sempre os mesmos. Para um clube que quer ser grande, acredito que só nas competições europeias é que se consegue ter uma notabilidade que o campeonato português não pode obviamente dar.

A Liga dos Campeões é por isso a montra onde todos os grandes clubes devem querer estar. O FC Porto não pode nem deve ser exceção: se quer continuar a ser o clube português com mais destaque a nível internacional, tem de continuar a estar consecutivamente entre os melhores da Champions. Ficar pela fase de grupos não basta e estar nos oitavos de final deve ser uma obrigação. Chegando a esta fase da prova, e sobretudo defrontando uma equipa que nos é inferior, o FC Porto pode e deve sonhar com a possibilidade de estar entre as oito melhores equipas europeias. Por isso, na eliminatória contra os suíços, aquilo que espero é que a equipa mostre vontade, atitude, garra e competência. Só assim será possível sonhar com o apuramento e acreditar que a Liga dos Campeões pode trazer muitas surpresas para o clube.

Contudo, mais do que os sonhos dourados que a Liga dos Campeões traz a adeptos e jogadores, acredito que o FC Porto – com 13 jornadas de campeonato para disputar – deve, sem nunca descurar a competição milionária, olhar sempre de forma prioritária para a liga interna, pois não tenho dúvidas de, entre chegar aos quartos-de-final ou ser campeão nacional, qual seja o desejo de 99% dos adeptos portistas. Isto porque, de forma realista, todos sabem que a Liga dos Campeões é um sonho do qual mais tarde ou mais cedo o FC Porto vai ter de acordar. Por isso, entre este ciclo infernal de jogos, o meu desejo é simples: honrem a camisola como sempre, seja qual for o jogo. A vitória deve ser o nosso objetivo, seja qual for a competição. Mas não se esqueçam de uma coisa: como em tantas outras atividades, nós portugueses ainda somos pequeninos para lutarmos com os tubarões. Por isso, só vos peço para que os “20 minutos” do jogo contra o Vitória não se repitam. É que no fim de contas, conquistar o campeonato deve continuar a ser o nosso primeiro pensamento.

Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto

Benfica 3-0 Vit. Setúbal: E o líder lá sambou no Carnaval

Terceiro Anel

Com relativa facilidade o Benfica fez aquilo que lhe competia: derrotou o Vitória de Setúbal e assim manteve o avanço pontual de 4 pontos sobre o FC Porto. Perante 40 mil adeptos no Estádio da Luz (fantástica média de assistência até agora no palco benfiquista), o campeão nacional entrou em campo sabendo que em caso de triunfo praticamente colocaria o Sporting fora da luta pelo título. Jorge Jesus e Bruno Ribeiro operaram uma revolução nos onzes iniciais, em relação aos jogadores que haviam alinhado na partida entre estas duas formações na última quarta-feira, a contar para a Taça da Liga. De referir a crescente influência de Pizzi no xadrez do clube lisboeta, em contraste com um claro apagamento de Talisca, quiçá a pagar bem caro pelo facto de estar a competir ao mais alto nível há meses e meses a fio.

O conjunto sadino até entrou bem na partida, com algumas investidas que provocaram algum frisson junto da baliza de Artur, com destaque para um lance dividido entre Jardel e Rambé que causou polémica, com a equipa do Vitória a ficar a pedir grande penalidade. Mas o Benfica nunca perdeu o controlo do jogo, beneficiando também de um golo madrugador. Logo aos 9 minutos Jardel voltou a facturar, depois do golo da semana passada em Alvalade. A partir daí, e não obstante um ou outro remate da equipa setubalense, só deu Benfica.  Os campeões nacionais iam colocando a cabeça em água à defensiva contrária com jogadas envolventes e constantes trocas posicionais. Com uma defesa sempre sólida e um meio-campo eficiente (Samaris cada vez está mais entrosado com os restantes companheiros), aliado às permanentes subidas pelo flanco de Maxi Pereira e de Eliseu, o Benfica dava a ideia de que mais cedo ou mais tarde voltaria a marcar. Ola John e Salvio chegavam por imensas vezes à linha de fundo para cruzar, Lima com o seu habitual trabalho de sapa ia abrindo brechas no último reduto vitoriano e Jonas com o seu costumeiro futebol de veludo ia dando linhas e mais linhas de passe aos seus colegas. E depois…bem, depois temos Pizzi. Que grande exibição do internacional português! Seguríssimo, muito confiante, com um sem número de excepcionais passes em profundidade, o médio da equipa da Luz ia deliciando os adeptos presentes no estádio, numa exibição mais do que convincente. Quase à beira do intervalo, aos 40 minutos, Lima marcava o segundo tento para as águias e praticamente sentenciava a partida.

Luisão e Jardel, a imagem de uma dupla que cada vez funciona melhor; Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Luisão e Jardel, a imagem de uma dupla que cada vez funciona melhor;
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

No segundo tempo o Benfica continuou a controlar as operações. Sem nunca forçar muito a nota, os comandados de Jorge Jesus até podiam ter goleado, tal a facilidade com que a equipa chegava perto da grande área de Ricardo Baptista. Contudo, apenas por uma vez as redes sadinas abanaram, em virtude de mais um golo de Lima, o seu 9º no campeonato. Samaris viu cartão amarelo e assim irá falhar a deslocação do Benfica ao terreno do Moreirense, mas essa situação não deverá tirar o sono a Jorge Jesus. É que Rúben Amorim já aí está para voltar a ter um papel importante na manobra do conjunto, e por isso mesmo o técnico amadorense concedeu ainda algum tempo de jogo ao jogador que não jogava para o campeonato desde aquele fatídico desafio no Bessa, no dia 24 de Agosto do ano passado.

Em suma, vitória sem contestação do Benfica. Em domingo de Carnaval, e para fazer jus à quadra, o samba falou mais alto com três golos apontados por futebolistas brasileiros. Assim sendo, o campeão nacional aproveitou da melhor forma o deslize do Sporting no Restelo, fazendo com que a luta pelo título se resuma praticamente a Benfica e FC Porto. Depois da exibição cinzenta no derbie de Alvalade, as águias voltaram a voar com segurança, com o bicampeonato em mente.


A Figura:
Pizzi –
enorme exibição deste internacional português! Não acusou a pressão e voltou a provar que é um excelente trunfo para atacar a fase decisiva da temporada. Primoroso na forma como foi rasgando a defensiva do Vitória com constantes passes em profundidade, Pizzi foi maestro em tarde carnavalesca.

O Fora-de-jogo:
Permeabilidade sadina
– Ficou claro ao longo de todo o jogo que ao Benfica bastaria acelerar…para marcar. A defensiva vitoriana viu-se e desejou-se para dar conta do recado, numa tarde em que a linha atacante do Benfica cumpriu bem o seu papel. Mas atenção: este Vitória de Setúbal demonstra várias qualidade em termos de processo de jogo ofensivo, o que deverá conferir ao conjunto um resto de temporada minimamente tranquilo.

Foto de Capa: Facebook do Sport Lisboa e Benfica