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Os inseparáveis “irmãos” da lateral

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serefalaraporto

No FC Porto, existem dois jogadores de enorme qualidade; todavia nem sempre lhes é dado o devido valor e são alvo, por vezes, de duras críticas. Tratam-se de dois “irmãos” que jogam juntos há cerca 6/7 anos, um à direita e o outro à esquerda: Danilo e Alex Sandro!

Estes atletas não podem ser apenas caracterizados pela posição que ocupam no terreno de jogo, uma vez que não são defesas, não são médios, nem são avançados, mas são jogadores de futebol no seu todo. Apesar de Danilo e Alex Sandro ocuparem as posições de defesa direito e defesa esquerdo da equipa do Porto, respectivamente, em boa verdade, não são defesas laterais puros.

Danilo é uma “força da natureza”! Trata-se de um jogador que, nas camadas mais jovens, era frequentemente colocado no meio campo. Porém, anos mais tarde passou a jogar como lateral direito no seu antigo clube, o Santos (equipa brasileira que se sagrou vencedora da Copa Libertadores onde jogavam também atletas como Ganso e Neymar), e nas Seleções jovens brasileiras. Após vários títulos e grandes exibições, rumou ao Porto por uma quantia de 18 milhões de euros, tornando-se a segunda contratação mais cara da história do clube, ficando apenas atrás de outro brasileiro: Hulk. Os milhões investidos foram muito contestados não só por representarem valores muito elevados para o panorama nacional, mas, principalmente, por se tratar de um “defesa”! No entanto, Danilo tem vindo a mostrar-se um jogador diferente da maioria, confirmando o seu verdadeiro valor (não fosse ele titular na Seleção do país rei do futebol, o Brasil). De facto, o hoje ‘2’ do Porto não para em campo, sendo habitualmente dos jogadores que mais quilómetros corre por jogo. Tem uma alegria e uma força tão grandes, que ajuda os seus companheiros a jogarem melhor. Isto revela-se através das suas diversas acelerações pelo corredor ou diagonais que executa em terrenos mais ofensivos, mas sem nunca perder a noção do seu posicionamento defensivo. Com a titularidade na Seleção brasileira, com a assiduidade no onze inicial do FC Porto e com as exibições que tem rubricado, Danilo vive possivelmente o melhor momento de forma da sua carreira. Este conjunto de fatores tem, notoriamente, despertado o interesse de diversos clubes internacionais.

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Atualmente, Alex Sandro é o dono e senhor do lado esquerdo da defesa portista
Fonte: fcporto.pt

Alex Sandro é um jogador com características semelhantes a Danilo, todavia com diferenças que fazem dele igualmente único. É também um jogador física e ofensivamente muito forte e que corre quilómetros do lado esquerdo da defesa azul e branca. Alex começou a sua carreira a jogar como número 10 e com o passar do tempo foi-se adaptando à lateral esquerda (inicialmente como médio esquerdo). Nos tempos em que jogava no Santos (com Danilo), a sua maior preocupação no terreno de jogo era atacar. Aliás, os laterais, no Brasil, são normalmente especialistas a desempenhar a função ofensiva, deixando sempre muito espaço nas costas e permitindo ao adversário atacar esses “buracos” na organização da equipa. Quando chegou ao Porto, Alex veio com a difícil missão de substituir Álvaro Pereira, tendo naturalmente passado por um período de adaptação, antes de se assumir como titular indiscutível. Hoje, mantém as suas qualidades ofensivas no corredor esquerdo e elevou as defensivas a um patamar de destaque.

No que concerne à Seleção Nacional A do Brasil, a sua situação é mais débil, facto que é justificado pela grande e forte concorrência. Ainda na ‘Canarinha’, é de salientar que em muitas das oportunidades em que foi convocado acabou vitimado por azares, designadamente a lesão que o afetou durante o Mundial Sub 20 (competição que conquistou juntamente com Danilo) ou as que o atormentaram em vésperas de concentrações da Seleção, obrigando-o a ser substituído na convocatória.

Deste modo, o Porto está seguro nas laterais com os dois jovens de 23 anos, que dispõem ainda de uma grande margem de progressão. Mais ainda, com a actual filosofia de jogo perseguida por Lopetegui de que “se temos bola não sofremos golo”, estes dois atletas melhoraram ainda mais a sua qualidade de passe e concentração durante os jogos. O Porto quase não sofre golos e a solidez das alas é muito acima da média graças à inegável qualidade dos atletas. O futuro certamente será risonho para ambos, mas é questionável: quanto tempo mais os “irmãos” continuarão a jogar juntos?

Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto

A segunda vida de Victor Vázquez

internacional cabeçalho

O Barcelona é, indubitavelmente, um dos clubes que melhor aproveitamento faz da sua formação. Contudo, nem todos os talentos que saem de La Masia conseguem ter espaço na equipa principal. Muitos passam vários anos no conjunto secundário, à espera de oportunidades que nunca chegam, e muitos outros deixam a Catalunha, seja por opção própria ou porque o clube não quer renovar contrato. Foi isso que aconteceu com Victor Vázquez, médio espanhol que saiu a custo zero para o Club Brugge em busca de um novo rumo para a sua carreira. Aos 27 anos, está a cumprir a quarta temporada na Bélgica e é o patrão da equipa orientada por Preud’homme, que lidera o campeonato nacional. Apesar de já não ser propriamente um jovem, está no pleno das suas capacidades e tem provado que não é tarde para experimentar outro nível competitivo.

Vázquez nunca conseguiu confirmar o estatuto de promessa que tinha em Barcelona. Nas camadas jovens do clube catalão, onde jogou com Messi, Piqué e Fàbregas, sempre foi uma estrela, mas a transição para o futebol sénior não correu da melhor forma, muito por culpa dos inúmeros problemas físicos que o afectaram. Acabou por ficar demasiado tempo na equipa B, o que, como é natural, atrasou a sua afirmação. Com 24 anos, foi obrigado a procurar um novo clube para continuar a carreira, decidindo-se pelo campeonato belga (Portugal foi uma hipótese, tendo sido várias vezes associado ao Sporting). Como se percebe pelo estatuto de indiscutível que Vázquez tem no Brugge, foi uma escolha feliz.

Vázquez chegou a jogar pelo Barça na Champions Fonte: Facebook de Victor Vázquez
Vázquez chegou a jogar pelo Barça na Champions
Fonte: Facebook de Victor Vázquez

Se o Brugge está no primeiro lugar do campeonato bem pode agradecer a Victor Vázquez. O espanhol fez uma exibição espectacular no clássico com o Anderlecht, enchendo o campo e marcando os dois golos que evitaram a derrota da sua equipa (ambos de bola parada, capítulo em que é forte). O ex-jogador do Barça actuou, como habitualmente, como elemento de ligação entre o meio campo e o sector ofensivo, mas mostrou também uma grande disponibilidade defensiva. Nos restantes encontros, Vázquez tem brilhado no capítulo das assistências, o que reflecte a grande visão de jogo e a excelente capacidade de decisão que possui. É um jogador bastante completo, extremamente inteligente e com uma qualidade técnica muito acima da média.

Preud’homme, que assumiu o comando técnico do Club Brugge em Setembro de 2013, está a fazer um excelente trabalho no clube. O antigo guarda-redes do Benfica conseguiu atenuar a saída do craque Maxime Lestienne e montou uma equipa forte do ponto de vista colectivo, consistente defensivamente mas com um futebol extremamente atractivo. Mesmo sem ter os recursos do rival Anderlecht, o treinador belga tem à disposição um plantel interessante e com bastante margem de progressão. O talento começa na baliza, cujo dono é o guarda-redes australiano Matthew Ryan, que dificilmente arranjaria outro professor deste gabarito; continua no sector defensivo, com o central costa-riquenho Óscar Duarte, que está a dar continuidade às boas exibições que fez no último Mundial, e o lateral-esquerdo Laurens de Bock, que tem um estilo semelhante ao de Vertonghen; é visível no meio campo, onde, para além da qualidade de Vázquez, a experiência de Timmy Simmons ainda é fundamental; e termina no ataque, que tem elementos como Rafaelov, Izquierdo ou o brasileiro Felipe Gedoz, que tem sido uma das revelações da temporada (qualidade técnica notável). Contudo, a grande referência ofensiva da equipa tem sido, sem surpresa, o chileno Nicolás Castillo. O ponta-de-lança de 21 anos foi contratado à Universidad Católica por 3,5 milhões de euros e está a justificar plenamente o investimento, somando 8 golos no campeonato (sem ser indiscutível no 11). Era expectável que o jovem pudesse ter sucesso no futebol europeu, mas agora não restam quaisquer dúvidas. Castillo é um avançado muito completo (instinto, potência e facilidade de remate) e, se o processo de evolução decorrer com normalidade, tem tudo para chegar a grandes palcos e ser o tal jogador de área que falta à selecção sul-americana desde que Suazo abdicou.

Não faltam exemplos de jogadores que, por terem estado ligados durante demasiado tempo a clubes onde não tiveram espaço para evoluir, prejudicaram as carreiras. O caso do médio do Brugge tem algumas semelhanças com o de Jonathan Soriano ou com o de Nolito (apesar de não terem sido formados no Barça, jogaram vários anos no clube catalão), que hoje são figuras no Salzburgo e no Celta de Vigo, respectivamente. Victor Vázquez teve uma afirmação tardia, é certo. Mas, recorrendo ao cliché, bem se pode dizer que mais vale tarde que nunca.

Foto de Capa: Facebook de Victor Vázquez

Brasileirão: o campeonato mais difícil de vencer

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O título que acabamos, por ora, de ler, não é uma ideia egocêntrica do autor do mesmo. Nem sequer é pisar sobre um chão tantas vezes massacrado em artigos anteriores. Como referimos noutros textos (e não muito longínquos), podemos agora afirmar, com base em números, que o campeonato brasileiro será provavelmente o mais difícil de ganhar. Ou por outras palavras, mais fortes e inexoráveis: é a Liga mais competitiva do mundo. Vejamos.

Foi feita uma comparação com bastante minúcia e dados estatísticos entre os números do Campeonato Brasileiro e os de duas grandes ligas da Europa – a inglesa e a espanhola. Os nossos amigos matemáticos mostram que na competição do Brasil é, de facto, mais difícil de se encontrar um campeão. De acordo com o levantamento do jornalista Carlos Eduardo Mansur, do jornal “O Globo”, a pontuação média dos campeões nos últimos cinco anos no Brasileirão foi de 72,4 pontos, contra 86 da Premier League e 97 da Liga Espanhola de Futebol. Recordemos que cinco anos é um período considerável, se verificarmos que a UEFA utiliza essa mesma décalage para classificar em potes as equipas apuradas para a Liga dos Campeões e Liga Europa.

Nas palavras de Mansur, “apesar de ser o mesmo desporto, é um outro ambiente de competição. Isso não significa que nenhum treinador tenha que ser despedido. Mas algum grande do Brasil vai ficar em 12º e, consequentemente, em perigo de cair para a zona de descida. É um ambiente de pressão maior. Temos de ver isso como um património. Se pudéssemos vender bem esse produto, venderíamos com base nesse equilíbrio.” Pegando nesta última frase – já vamos à primeira parte da resposta –, esse deve ser o grande marketing em que o Brasil deve investir. Porque, como sempre dissemos aqui, um duelo entre um 16º classificado e o 7º colocado terá sempre, se não maior espetáculo, pelo menos maior incerteza no resultado do que os congéneres europeus.

Torcedores do Cruzeiro festejaram o penta
Torcedores do Cruzeiro festejaram o penta
Fonte: Facebook do Cruzeiro

O estudo destaca ainda que a pontuação média do 17º posto também mostra a maior competitividade presente no Brasil, onde se alcança 43 pontos. Em comparação, o 17º colocado espanhol costuma amealhar, em média, 40 pontos, contra 37, na Inglaterra. A distância entre o 3º e o 18º classificados também revela dados interessantes: 27,2 pontos, em média, no Brasil, contra 39,8 na Inglaterra e 34,2 na Espanha. Ou seja, a pontuação que separa o classificado direto para uma competição continental e a equipe despromovida é menor em solo brasileiro. A lógica segue na comparação entre o 4º e o 17º: 19, no Brasileirão, 34,4, na Premier League, e 24 em La Liga.

Estas estatísticas permitem-nos inferir que aquilo que sempre discutimos aqui – ou melhor, monologámos – tem um fundo de verdade. Querem mais um dado? Prometo que é o último. Nos últimos vinte anos, houve onze campeões brasileiros. Sabem quantos houve em Inglaterra, Espanha e Itália? Apenas cinco em cada um deles. Sei que estes dados podem não convencer os mais céticos. Isto também não significa que o Brasileirão seja o melhor campeonato de futebol do mundo. Mas é um alento para quem o segue e uma chama que cativa os que ainda não acreditam nele.

Foto de capa: Facebook do Cruzeiro

Sporting de Braga: A luta pelos primeiros quatro lugares vai ser dura

futebol nacional cabeçalho

Quem olha para o plantel do Sporting de Braga desta época pode tirar uma conclusão imediata: tem soluções mais do que suficientes para se assumir como favorito a um dos lugares de acesso às competições europeias.

Depois de uma temporada atribulada, com dois treinadores (Jesualdo Ferreira e Jorge Paixão), uma eliminação humilhante na Liga Europa, às mãos do Pandurii da Roménia, e o nono lugar alcançado no campeonato, António Salvador decidiu apostar em Sérgio Conceição para o comando técnico. Conceição conseguiu alguns reforços que têm sido importantes na manobra da equipa nesta época, como o guarda redes Matheus, André Pinto, Tiago Gomes, Danilo ou Pedro Tiba. Cerca de metade das primeiras escolhas do novo técnico são caras novas em relação à temporada passada.

O objetivo assumido pelos “arsenalistas” é terminar entre os primeiros quatro lugares da tabela classificativa. Além disso, o clube quer fazer boas prestações nas taças internas, de onde foi eliminado na época passada nas meias-finais, em ambas as competições, pelo Rio Ave.

A época tem sido, até agora, bastante intermitente. Os bracarenses são muito fortes em casa, onde ganharam todos os jogos disputados, frente a Boavista, Estoril, Rio Ave, Benfica e Gil Vicente para a Liga, com o triunfo sobre o Alcains, para a Taça de Portugal, pelo meio. Em sentido contrário, encontramos o desempenho fora de portas. A primeira vitória dos bracarenses longe do Estádio AXA foi para a Taça de Portugal, frente ao Vitória de Guimarães. Antes disso, encontramos empates frente ao Moreirense, Nacional da Madeira e Académica, e duas derrotas, em Arouca e no Dragão. A primeira vitória para a Liga longe do AXA foi apenas neste fim de semana, por 6-1, no terreno do frágil Penafiel.

Apesar do arranque de contrastes, os bracarenses encontram-se no 4.º lugar do campeonato, ou seja, dentro daquilo que estava pensado pela estrutura liderada por António Salvador.

Pedro Tiba tem sido um jogador nuclear na manobra bracarense <br> Fonte: Facebook do Vitória de Guimarães
Pedro Tiba tem sido um jogador nuclear na manobra bracarense
Fonte: Facebook do Vitória de Guimarães

Voltando ao plantel, penso que, se excluirmos os três grandes, é o melhor da Liga. Existe qualidade e também várias soluções, principalmente a nível atacante. Uma equipa que tem extremos como Felipe Pardo, Rafa, Salvador Agra, Sami, Pedro Santos ou o experiente Alan não se pode queixar a este nível. Pardo e Rafa são os jogadores mais utilizados no apoio ao ponta-de-lança. Para a posição mais ofensiva, o Braga tem duas soluções que já fizeram o gosto ao pé nesta temporada: Éder já apontou cinco golos entre campeonato e Taça, enquanto Zé Luís já fez balançar as redes adversárias por três vezes.

No setor mais recuado, houve mais mexidas em relação à época passada. Na baliza, Matheus assumiu o lugar que pertencia ao internacional português Eduardo. Contudo, alguns problemas burocráticos no início da época impediram o brasileiro de jogar, e aí foi o russo Kritciuk a assumir a baliza. Na memória dos adeptos bracarenses e também dos benfiquistas, devem estar as defesas milagrosas que Matheus fez no confronto em casa frente às “águias”. À sua frente, o quarteto mais utilizado tem sido Baiano na direita, Tiago Gomes na esquerda e Aderlan Santos e André Pinto como centrais. O defesa esquerdo vindo do Estoril até já se estreou pela seleção nacional, no último particular com a Argentina. Como alternativas para os corredores laterais, já foram utilizados Marcelo Goiano e Djavan, dois atletas que Sérgio Conceição já tinha orientado na Académica em 2013/14. Vincent Sasso é a terceira opção para o eixo defensivo. Não é pela defesa que o Braga tem falhado. Nos 13 jogos disputados nesta época, apenas num deles os bracarenses sofreram mais do que um golo.

Quanto a mim, o problema do Sporting de Braga está no meio-campo. Danilo e Pedro Tiba têm-se revelado excelentes opções, dois jogadores que sabem defender e atacar, têm garra e muita disponibilidade física nos vários momentos do jogo. Só que o terceiro elemento da tríade do miolo do terreno, Ruben Micael, não é uma boa solução. O madeirense tem feito pouco em campo e passa muito tempo alheado do jogo. Vejo-o mais tempo a discutir com os árbitros do que a mostrar os atributos que, um dia, até levaram o FC Porto a contratá-lo. Por isso, acho que o Sporting de Braga tem de arranjar outras soluções para o meio-campo. E vai ter de o fazer no mercado de janeiro. Se não vejamos: se não forem Rafa ou o capitão Alan a derivarem para o centro do campo, não há nenhum jogador que possa desempenhar o papel que devia ser cumprido por Ruben Micael. Retirando o trio habitual, as outras soluções são apenas Custódio e Luiz Carlos, jogadores mais talhados para ações defensivas. Se houver lesões ou castigos nesta zona do campo, Sérgio Conceição terá muitas dores de cabeça.

Os minhotos têm sido intransponíves em casa e, caso melhorem o desempenho fora de portas, têm todas as condições para alcançarem os objetivos delineados para esta temporada. Para já, prosseguem na Taça de Portugal e estão nos quatro primeiros lugares do campeonato.

Sébastien Corchia: a locomotiva do Lille

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cab ligue 1 liga francesa

O futebol francês é um excelente exportador de laterais de qualidade. Nos últimos anos assistimos ao surgimento de grandes laterais no campeonato gaulês. Nestes nomes entram Patrice Evra, Eric Abidal, Clichy ou Bacary Sagna. Os dois primeiros estão seguramente na curva descendente da carreira, contudo na Ligue 1 já surgem novos valores que prometem manter a França como um dos países com melhores soluções para as laterais.

Apesar de menos reconhecido e valorizado do que Kurzawa ou Digne, existe um jogador que não passa despercebido ao olhar atento. Trata-se de Corchia. O lateral polivalente do Lille é um dos bons valores da Ligue 1 e tem tido uma constante evolução em termos da qualidade do seu jogo. O jovem francês foi constante presença e peça chave nos escalões de sub-19 e sub-21 da seleção francesa, tendo chegado mesmo a capitão. Na época passada deu seriamente nas vistas ao serviço do Sochaux e tornou-se um dos ativos mais apetecíveis do campeonato francês. Para isso contribuíram os 36 jogos que fez pelo Sochaux e os cinco golos e cinco assistências que conseguiu. O Lille foi o clube que assegurou a contratação do lateral, que pode atuar tanto no lado esquerdo como no lado direito.

Corchia é um lateral de grande propensão ofensiva Fonte: Facebook de Sébastien Corchia
Corchia é um lateral de grande propensão ofensiva
Fonte: Facebook de Sébastien Corchia

Corchia é um lateral de grande pendor ofensivo e por vezes atua como extremo (algo que tem sido frequente nesta temporada). Para essa propensão ofensiva contribuem uma capacidade técnica acima da média e os bons cruzamentos que saem do seu pé direito. O lateral é uma autêntica locomotiva pelos corredores, bem ao estilo da escola francesa, bate bem livres e tem uma capacidade concretizadora assinalável para um lateral.

Além disso, Sébastien desarma bem e tem um grande pulmão, o que lhe permite também garantir que o corredor onde atua fique sempre guardado. No Lille leva já 18 jogos feitos, somando um golo e uma assistência. Em Inglaterra começam a surgir rumores de que Wenger está de olho no jovem de 24 anos e que pode estar a pensar levá-lo para o Arsenal. Quem sabe se no futuro se tornará mais um dos sucessos do técnico francês, como foram Sagna ou Clichy?

Foto de Capa: Facebook do LOSC Lille

Podcast “Bola na Rede” – Portugueses na Champions, Dortmund no fundo

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No 82.º podcast do Bola na Rede podes ouvir a análise à prestação europeia dos três grandes portugueses, o comentário relativo à última jornada do campeonato, a reflexão sobre o mau momento do Borussia de Dortmund na Bundesliga e muito mais.

Com Mário Cagica Oliveira na moderação e Francisco Manuel Reis (FCP), Francisco Vaz Miranda (SLB) e João Almeida Rosa (SCP).

 

Para ouvirem os restantes podcasts, podem seguir para este link.

À procura da mina de ouro

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tinta azul em fundo brando pedro nuno silva

A maior preocupação, hoje mais do que nunca, dos clubes de futebol parece ser a sua sobrevivência e sustentabilidade. Podemos deprimir ou festejar com os resultados desportivos mas nada está acima da sobrevivência. As conquistas desportivas são a ponta de um iceberg que engloba uma grande variedade de gente, estratégias e dinheiro para alcançar o objectivo máximo no desporto.

Ora, face à crise existente, há uma necessidade crescente de procura de financiamento para que os clubes continuem a crescer e a obter bons resultados. Os bancos – vítimas (ou não) da crise também – já não têm a torneira aberta para os clubes se financiarem como querem e mesmo os patrocínios já não caem do céu. Veja-se que o Porto está à procura de patrocinador já que a PT deixará de ser seu sponsor em 2015.

A solução parece, então, ser criativo, procurar gatos pretos escondidos e tentar o que estiver ao alcance para ir buscar dinheiro onde houver.

Depois da polémica dos fundos (que eu defendi num texto anterior) parece que chegou algum consenso ao futebol português. Pinto da Costa apoiou recentemente a legalização das apostas desportivas, assumindo a mesma posição que o Sporting. Um mercado que gere milhões de euros e que podia representar uma nova fonte de receita para os clubes, não só vindas de Portugal mas também do resto do mundo, já que está “à distância de um clique”.

destaque
Brahimi venceu o prémio de jogador africano do ano, atribuído pela BBC
Fonte: Página de Facebook do FC Porto

Também de diplomacia se faz o futebol. Uma comitiva portista deslocou-se até Angola para firmar um acordo entre a formação Dragon Force e a Academia de Futebol de Angola (AFA). No Brasil e na Colômbia já se tinham acordado projectos similares. Estas academias são uma “embaixada” do clube, expandido-o, abrindo os horizontes e procurando novas formas de encontrar jovens jogadores, mas principalmente de fortalecer a marca FC Porto. Desde camisolas a patrocínios ou digressões por estes países, tudo serve para que o clube fique mais sólido financeiramente e assim possa investir em grandes jogadores que lhe possam garantir títulos. Com as conquistas nacionais e internacionais aumentar-se-á ainda mais a projecção do clube e assim temos um ciclo completo em que nenhuma parte pode sobreviver sem a outra.

O FC Porto também se tem movimentado melhor nas redes sociais e está mais diplomata do que nunca; basta ver a quantidade de fãs colombianos, brasileiros, argelinos, entre outros, que, devido aos craques e às conquistas, nos seguem. E não sendo adeptos de coração, são certamente uma mais-valia para os dragões que se querem cada vez maiores e mais ganhadores. Acredito que este é o caminho a seguir e que os resultados aparecerão – afinal, sendo um clube de coração bairrista, a nossa mente sempre esteve voltada para glórias maiores do que o nosso país.

Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto

A merda e a morte saíram à rua

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camisolasberrantes

Creio que não terei abordado este tema mais do que duas ou três vezes na minha vida, e somente junto de amigos também eles apaixonados pel’O Desporto Rei. Raramente senti essa necessidade, se bem que ao longo dos anos fui testemunha de não tão poucas desnecessárias e lamentáveis situações do tipo. Como sou adepto de futebol e não de pancada – apesar da minha discreta paixão por pugilismo – nunca vi, a bem dizer, necessidade para adereçar o tópico pelos cornos, como se faz (ou deveria fazer) junto desses bípedes bois que povoam e poluem as arenas onde os “olés” só se ouvem ao trocar de rins de um ingénuo defesa. Fá-lo-ei, contudo. Não por fanatismo taurino – longe de mim –, mas por paixão futebolística.

Não conspurquem, se favor fizerem, o amor que nosso é. Tenham a generosidade, se não vos pesar, de respeitar a entrega de todos nós. Queiram, compreendendo aqui os vossos (des)humanos limites, dignificar este mundo de fantasia e devaneio conjunto que tanto nos une e nos separa. Envergonhem-se, se vergonha na cara tiverem, de tingir de negro a encarnada camisola que orgulhosamente nos veste, pensando nós, seres mortais e passageiros, que somos nós que a vestimos. Porque se vos pesa nos ombros, é porque é feita para pesar. É feita das aventuras e desventuras de homens e mulheres todos eles humanos como nós, mas perpétuos nas suas acções junto de um símbolo que nos acolheu. Porque se o Benfica nada é sem nós, nós nada somos sem o Benfica.

Como acordarias amanhã, irmão encarnado, se te soubesses afastado do teu clube para todo o sempre? Como tomarias tu o teu café sabendo que contribuíste para o inimaginável desaparecimento desta mística que só é nossa se dignidade mostrarmos para tal? Com ou sem açúcar?

Quero que se lixem as claques. Quero que se lixe o tipo que ao meu lado grita contra a péssima tomada de decisão do Salvio. Quero que se lixe o Jorge Jesus e o quarto árbitro que juntos compõem uma desnecessária sinfonia sobre a falta que ficou por marcar sobre o Enzo. Quero que se lixe o gordo rico que nem liga à bola mas que vai para o camarote comer do bom e do melhor enquanto manda umas bojardas sobre o período de seca do Lima. Quero que se lixe a caixa, o incêndio no topo norte, a bola de golfe, a galinha e a pedrada na auto-estrada. Quero que se lixe a PSP. Quero que se lixe o Steward que acabou de levar com uma bola na cabeça por estar sempre de costas para o campo. É bem feita.

Eu quero é ver o futebol bonito. Eu quero é saber do Benfica. Eu quero é ir à bola. Mamar umas jolas com os amigos, gozar com o bigode do bêbedo com idade para ser meu avô, comer uns couratos dignos de me tornarem completamente repugnante aos olhos do sexo feminino e ver o Jonas a matar-me as saudades do sacana do Cardozo. O resto não é futebol. Não é festa. Não é fim-de-semana. Não é para relembrar. Não vale a pena partilhar com o doente do meu amigo Xico. Não serve para convidar o meu amigo Nuno a quebrar o jejum de Luz. Não justifica o estoirar de dinheiro a que lá convenço o meu amigo Mário. Nem o chorrilho de desesperadas, mas naquele-momento-bonitas asneiras do meu amigo Moreira.

Os confrontos de Coimbra são tudo o que não queremos no futebol Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Os confrontos de Coimbra são tudo o que não queremos no futebol
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

Porque amanhã tudo desaparece. Amanhã tudo se esquece. Mais vale viver grande para que grande se possa morrer. Porque só grande se honra este privilégio de poder partilhar o mesmo espaço temporal, sensorial e outras coisas que tal com uma instituição que é mais temerosa do que qualquer cadeira arremessada no Estádio Cidade de Coimbra.

Estas pessoas que não temem estes actos são pessoas que não temem o Benfica. Que não o respeitam. Que não o enxergam. São pessoas que não o compreendem. São pessoas que não fazem falta. Que digam que é cagar sentenças. A mim pouco me importa. Porque isto não é dizer que o meu benfiquismo é melhor do que o vosso. Não. Isto é somente dizer que nem eu nem o Benfica precisamos desse vosso benfiquismo digno de petardos, tiro ao alvo ou agressões policiais. São só mais do mesmo. E mais do mesmo fere e mata. O Corunha que o diga.

Paz à sua alma, já agora.

Foto de Capa: Facebook Oficial do Sport Lisboa e Benfica

O crescimento sustentado do Augsburgo

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cab bundesliga liga alema

O Augsburgo é um exemplo para todos os clubes denominados pequenos: o emblema da Baviera é o actual quarto classificado da Bundesliga e desafia todas as expectativas de início de época.

A equipa não tem um passado histórico na mais importante competição alemã e a estreia só aconteceu na época de 2010/2011. A maneira de olhar para a tabela classificativa mudou a partir do momento da entrada de Markus Weinzierl. O nome pode ser totalmente desconhecido para alguns, mas o treinador tem vindo a relevar o seu valor. A época passada foi feliz, mas poderia ter sido de sonho: o Augsburgo ficou em oitavo lugar e a um ponto da Europa. Um dos jogadores em destaque foi André Hahn, jogador que agora é uma das figuras do Borussia Mönchengladbach.

Markus Weinzierl é o treinador mais jovem da Bundesliga
Fonte: Facebook do Augsburgo

         Um dos trunfos desta equipa é a excelente gestão. As ligas secundárias são um alvo apetecível e a continuidade dessa aposta é quase obrigatória para um clube com poucos recursos. André Hahn, o melhor jogador da equipa na última temporada, foi contratado a um clube da terceira divisão, e nesta época o recrutamento tem sido igualmente valioso. Abdul Rahman Baba, ganês que tem sido um dos laterais-esquerdos revelação do futebol europeu, Nikola Djurdjic, Markus Feulner e Caiuby, brasileiro que tem mostrado bastante potencial, foram as escolhas deste ano. As grandes figuras do conjunto bávaro têm sido, porém, Raúl Bobadilla, Tobias Werner e o experiente Halil Altintop.

Os destaques são simbólicos e como tal o voluntarioso colectivo é que sobressai. A equipa é montada de maneira a valorizar o todo – o sistema utilizado é o 4-2-3-1, habitual na Bundesliga – e o proveito está à vista. A falta de um goleador – a contratação de Tim Matavz visava esse objectivo – leva a que o melhor marcador da equipa seja o capitão Paul Verhaegh, lateral-direito e internacional holandês.

Em suma, fazer muito com pouco. O excelente início de época não passa despercebido e o Dortmund, que tem feito um campeonato desastroso, já está a pensar em Weinzierl para suceder a Jürgen Klopp. Um exemplo a seguir de uma equipa que soube crescer de forma sustentada.  

Foto de Capa: Facebook do Augsburgo

 

Vamos ao que menos interessa: as contas

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a norte de alvalade

Como não podia deixar de ser, aproveito a divulgação das contas trimestrais para falar um pouco das contas da SAD do Sporting. O titulo é algo provocatório: só um louco ou alguém a caminho de o ser pode achar que as contas são o que menos interessa. No entanto ele não deixa de dar conta do espírito mais comum entre os adeptos: queremos que as contas estejam boas mas a nossa preocupação é se a bola entra ou não. Ou até mais do que isso: queremos é títulos, como muito bem dizia o nosso ex-PMAG, Eduardo Barroso, há dias.

Contudo, sem boas contas os títulos são uma miragem, e o Sporting, mesmo apresentando os resultados de um excelente exercício trimestral, tem ainda um longo caminho a percorrer para se reequilibrar e poder assumir-se lado a lado com os seus rivais em termos de disponibilidade financeira. Os relatórios trimestrais têm um valor relativo, servindo sobretudo de indicador ou revelador de uma tendência. O agora em apreço, por versar o período de transferências e de inicio de época, tem por isso algum valor acrescido sobre os outros três relatórios congéneres, mesmo considerando que algumas das verbas inscritas são parciais.

As boas noticias

Por comparação com o período homólogo do ano passado, os resultados operacionais e líquidos são extremamente positivos, com um saldo líquido de 25,2 milhões e 24,6 milhões respectivamente, que, também respectivamente, representam variações positivas de 207% a 242% por cento. Estes valores astronómicos devem ter ainda mais realce pelo facto de a comparação ser feita com um exercício homólogo positivo. Para este resultado muito contribuíram as verbas resultantes das mais-valias com a venda de jogadores (Rojo, Rinaudo e Dier) e das receitas resultantes da entrada directa na fase de grupos da Liga dos Campeões.

O primeiro item, a alienação de passes, é um ponto que merece destaque. No campeonato das transferências o Sporting obtém um 2º lugar, com resultados positivos de 19,7 milhões, suplantado apenas pelo SLB, com 21,2 milhões, tendo o FCP ficado pelos 17 milhões. A importância de o Sporting estar lado a lado com os seus rivais na obtenção deste tipo receitas é absolutamente crucial para poder, num futuro próximo, igualá-los no investimento na sua equipa de futebol, bem como no financiamento de toda a actividade da SAD.

Noticias nem boas nem más

Tem sido muito salientado o facto de o Sporting gastar apenas 1/4 do que aquilo que os seus rivais gastam com despesas de pessoal. Aqui tenho de dar razão a Eduardo Barroso: não quero ficar à frente dos rivais no campeonato das contas, mas sim no do futebol. Este facto, o de gastar pouco, só será verdadeiramente relevante se a ele se juntar um ciclo de vitórias, o que me parece um caminho muito difícil de percorrer. Não é impossível e, atendendo a de onde o clube vem e onde estão colocados há muito os rivais, é necessário tempo para a consolidação de uma estratégia. A minha dúvida, já aqui várias vezes expressa, relativamente à actual, é profunda. Resta-me dar o tempo necessário e aguardar os resultados. Um clube grande tem este problema: não vamos para a praça central da parvónia celebrar segundos lugares ou qualificações para a Liga dos Campeões.

Os valores do passivo (262,7 milhões, menos 1%) e dos capitais próprios negativos (uma importante diminuição de 21%, para 93,4 milhões) não são más nem boas notícias se atendermos a que os seus valores são há muito conhecidos de todos. Obviamente que um passivo tão elevado consome enormes recursos para assegurar o cumprimento do respectivo serviço de dívida, sendo este, quanto a mim, o grande problema que a SAD ainda tem que enfrentar por um longo período. Já os valores dos capitais próprios sofrerão em breve uma importante alteração, com a entrada em vigor do plano de reestruturação financeira.

Notícias preocupantes

O conflito com o fundo Doyen Sports pode significar uma importante reviravolta nestes resultados. Se a decisão nos for desfavorável, esperar que aquela entidade se fique pelo simples ressarcir aritmético dos valores em disputa só pode ser ingénuo. Resta aguardar que a decisão tenha sido objecto de aturado estudo, reflexão e assessoria jurídica antes de ter sido tomada, porque as suas consequências seriam obviamente graves.

Da observação apressada do referido R&C saliento igualmente dois pontos que me parecem pelo menos preocupantes:

1- A diminuição das receitas resultante de patrocínios e publicidade: dos 1.568 milhões do ano passado, sem competições europeias e sem Champions League, obtivemos apenas este ano 1.536 milhões. Só para se perceber o caminho que agora percorrem os nossos rivais, o SLB obteve, nesta rubrica, no mesmo período, 4,8 milhões de euros, o que representa um acréscimo de 10,2%. Não consegui verificar os números do FCP em tempo útil de os incluir aqui. Como é óbvio, este é apenas um aspecto, entre muitos outros, das contas dos clubes, mas, a par de outros, indicia pelo menos que não se justificam para já os gritos de hossana relativamente às nossas contas. Há um longo caminho ainda a percorrer.

2- Igualmente num ano de regresso de competições europeias e logo pela sua porta maior, o acréscimo de apenas 14% nas receitas de bilhética (de 1.941 milhões em 2013 para 2.384 milhões) reforça a necessidade de uma reflexão alargada sobre a actual realidade do universo leonino.

Nota: Este artigo pode também ser lido no blog A Norte de Alvalade, com o qual o Bola na Rede tem uma parceria com o objectivo de atingir uma maior divulgação dos trabalhos de qualidade tanto do Bola na Rede como do blog em questão.

Foto de capa: sporting.pt