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Futebol e Xadrez

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Uma ideia de jogo no futebol pode ser vista como uma analogia com uma abertura num jogo de xadrez; quer isto dizer que é preciso saber colocar as peças em campo, praticar várias dinâmicas e possibilidades e, sobretudo, saber criar uma estrutura sólida que permita calmamente chegar ao objetivo final: vencer antes de o tempo acabar. Outro aspeto importante é saber admitir que, por vezes, talvez estejamos errados e, nesse caso, é preciso aprender a pensar em outra forma de jogar, abrir e desenvolver o jogo.

Mourinho disse há uns dias que não inventou o futebol e a verdade é que, salvo dinâmicas dentro da equipa, posicionamentos diferentes das peças do xadrez no futebol, pouco ou nada falta descobrir. Treinadores novos podem trazer novas ideias, podem inventar lances de bola parada que resultam uma, duas, mas já não resultam a terceira vez, dado que serão estudados por outros treinadores. A rotatividade tão badalada é discutida desde sempre e, de facto, quando um treinador tem um grande leque de jogadores de qualidade superior, teoricamente pode jogar com “quem lhe apetecer para aquele jogo”. Na prática isso não é possível!

Focando-me no caso do FC Porto, o sistema é novo para os jogadores e não existe um fator importante: o conhecimento entre os mesmos. Para haver rotatividade é necessário haver conhecimento de todas as partes e assim como os jogadores estão a conhecer-se e a adaptar-se a um sistema e treinador novos, estão, para além disso, também a conhecer os elementos do seu plantel. Tem sido muito dito também que Mourinho ganhou tudo no Porto nunca repetindo o mesmo 11; todavia, mudava um dos jogadores ou, no máximo, dois por jogo, por contraste do que tem sido feito atualmente – meia equipa por partida! Lopetegui parece ter um desconhecimento da realidade portuguesa e da Liga Portuguesa (e certamente não foi por falta de tempo para se preparar) e aparenta menosprezar a grandeza deste clube.

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Lopetegui a pensar o que fazer para vencer o jogo
Fonte: fcpnacaoportista.wordpress.com

Será questionável que do mesmo modo que muitos dos jogadores do plantel pensam no Porto como “uma rampa de lançamento” se passe o mesmo com o treinador? Será que enquanto treinador da Liga Espanhola, num encontro importante como foi Porto-Sporting (para além das picardias entre Pinto da Costa e Bruno de Carvalho), Lopetegui teria deixado teoricamente os melhores jogadores da equipa de fora? Certo é que neste momento a rotatividade parece ser um dogma! Mais do que isso, e tentando de algum modo compreender esta opção, a rotatividade pode para Lopetegui não ser de facto uma rotatividade! Poderá Lopetegui “resumir-se” a preparar de forma tão exaustiva os jogos e estudar os adversários, que a rotatividade não passe de jogarem os melhores de acordo com o jogo em questão e pensando inclusive nos necessários para o jogo seguinte? Essa opção de Lopetegui, num clube em que a massa adepta é pouco benevolente com as falhas, poderá originar um “xeque-mate.”

Um outro aspeto que marca este Porto é outro dogma do seu treinador. O início da transição e construção ofensiva é sempre feita pelos centrais! Maicon é um enorme defesa e isso não é posto em causa; porém, os seus pés podem comparar-se a “tijolos” (talvez a sua melhor característica seja o saber “bater na bola”). Marcano, que tem alternado entre trinco e central, tem pés que, se não forem “tijolos”, são “pedregulhos”. Martins Indi, de todos os centrais que têm jogado, talvez seja o único com algumas capacidades para ser o central que Lopetegui pretende nessa fase do jogo.

Para jogar no estilo de posse bola pretendida pelo treinador, a equipa tem forçosamente de jogar com as linhas juntas (defesa perto do meio campo e meio campo perto do ataque); o que vemos neste Porto é tudo menos isso! A equipa não joga como um todo, não é coesa e deixa sempre muitos buracos entre as linhas. Quando o central recebe a bola não vemos os médios a recuarem para buscar jogo! Será qualidade ofensiva (e falta de defensiva) a mais? Ou será falta de treino? Pontuar contra este Porto (para não dizer ganhar) é de fatco uma tarefa relativamente fácil! As equipas têm criado muitas dificuldades ao Porto, uma vez que fazendo uma pressão muito alta – pressionando os centrais e o médio mais defensivo – têm sido capazes de aumentar o marcador.

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Palestra de Lopetegui (possivelmente) a tentar explicar como quer colocar as peças em campo
Fonte: record.xl.pt

No último jogo da Taça de Portugal, houve alguns momentos em que se podiam ver quatro jogadores do Sporting a pressionar a primeira fase de construção do Porto; quando os médios interiores recuavam no terreno, os quatro do Sporting voltavam para trás (obviamente, porque iriam jogar ao meiinho…) será que isso quer dizer alguma coisa? Cabe a Lopetegui perceber o que está a falhar e corrigir rapidamente! Na Liga dos Campeões a qualificação está bem encaminhada (num grupo em que não é obrigação o apuramento, era proibitivo o não apuramento)! Todavia, internamente, as coisas não estão fáceis!

O Futebol não difere muito de um jogo de xadrez; só não é igual porque existe uma diferença crucial. No fim de um jogo de xadrez as peças voltam a ser arrumadas e os peões ficam ao lado do rei. No futebol um xeque-mate pode indicar a necessidade de um novo rei.

Há Dias assim

cab futsal

Os mais desatentos poderão  não saber, mas amanhã é dia de derby. O bi-campeão nacional joga contra o seu eterno rival em Odivelas e, tal como sempre, é um jogo para vencer. O Sporting tem, no jogo de amanhã, a possibilidade de mostrar inequivocamente que é, como sempre foi, a maior potência do futsal português e a que domina claramente a modalidade.

O campeonato começou com seis vitórias em outros tantos jogos, a equipa está rotinada e a base contínua sólida como sempre. Benedito, Caio, Cary e Alex são a garantia de estabilidade e de uma cultura vencedora que se renova a cada fim-de-semana. Obviamente que as saídas de Divanei e Deo tiveram algum impacto na equipa, mas há um factor que para mim desequilibra mais a balança do que qualquer outro jogador. Esse factor é, na minha opinião, Nuno Dias.

Apoiado numa estrutura criada por Miguel Albuquerque, Nuno Dias tem uma paixão pelo futsal pouco comum. Estudioso, metódico e extremamente competente, o treinador de Cantanhede consegue somar vitórias tácticas com a sua capacidade de ler o jogo e planeá-lo antecipadamente, contribuindo de forma clara para a afirmação do clube de Alvalade como o mais forte do panorama nacional. Nota-se que existe um estudo tremendo do adversário, independentemente de quem seja, assim como um enorme trabalho de preparação de cada fase do jogo ou de jogadas ensaiadas que já tantas alegrias deram aos Sportinguistas.

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Nuno Dias tem dado inúmeros motivos de festejo aos Sportinguistas
Fonte: Zerozero.pt

A forma como ganhou dois campeonatos nacionais, perdendo apenas três jogos em duas épocas, dois deles frente ao rival Benfica – que no mesmo período de tempo perdeu 12 jogos, cinco deles frente ao Sporting – serviu para colocar o ainda jovem treinador verde e branco uns furos acima de qualquer treinador nacional. Ainda assim, falta a Nuno Dias e ao “seu” Sporting atingir este mesmo patamar a nível internacional, algo que poderá ter a possibilidade de conseguir esta época.

Apesar de o sorteio da UEFA Futsal Cup não ter sido perfeito, colocando no caminho leonino o actual campeão espanhol, o Inter Movistar de Ricardinho – entretanto lesionado – e Cardinal, o Sporting tem capacidade e algum dever de passar esta fase de elite rumo à Final-Four. Nuno Dias poderá ter aqui a sua grande prova de fogo, e caso a consiga ultrapassar ganhará certamente um lugar ao lado de Orlando Duarte como um dos melhores treinadores portugueses.

Obrigado, Nuno, por tudo o que tens dado ao meu Clube; espero que as tuas vitórias sejam as minhas durante muitos anos.

Amanhã é dia de derby, amanhã é dia de Sporting.

Entre as teorias da conspiração, os poderes ocultos e o futebol

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a norte de alvalade

Teorias da conspiração

A maior companhia de gás do mundo, que por sinal é russa, e Schalke 04 (tido como tendo das maiores massas adeptas do país), um dos maiores clubes da Alemanha, que por sinal é a maior economia europeia e a quarta maior do mundo: foi o que o Sporting Clube de Portugal teve de defrontar na terça-feira. Isso é o que todos nós conseguimos saber, e são esses dados objectivos sobre os quais devem ser feitas as comparações das forças em confronto. Se a presença de uma equipa de arbitragem também russa e que, nos mais de 90 minutos, teve o azar (?) de se “enganar” apenas e sempre contra o Sporting é mais do que uma mera coincidência fica para a interpretação de cada um. Eu tenho a minha que, mais do que fundada em certezas, é produto de uma amálgama de sentimentos, que vão de uma profunda revolta até à estupefacção.

O que me parece importante reter no escândalo de que fomos vítima em Gelsenkirchen é que quem governa o futebol (e se governa) está pouco preocupado com as normas mais básicas da transparência. A nomeação descuidada – versão benévola – de uma equipa de arbitragem da mesma nacionalidade do patrocinador do clube da casa pode ser entendida como um erro (?) circunstancial, no contexto de uma atitude reiterada de negação perante a evidência da necessidade de introdução de meios que permitam repor a verdade e eliminar os efeitos do erro humano.

Adeptos como eu, mesmo querendo ser optimistas, esbarram sempre na dúvida sobre se esta negação é a evidência da vontade de não deixar que os resultados dos jogos sejam aquilo que deveriam ser sempre: o somatório das forças em confronto, associadas à imponderabilidade que torna o futebol tão atractivo para os adeptos. Juntando a isto o facto de o patrocinador do Schalke ser também patrocinador da competição, temos campo aberto para dar livre curso à imaginação. O pior é que dinheiro e poder muitas vezes conseguem superar, nas suas acções, as imaginações mais produtivas e fantasiosas.

Só mais uma pequena nota neste tema da arbitragem. São arbitragens como as de ontem que, por cá, engrossam o saco de desculpas, já de si bem pesado, para nada mudar o que há de substancial a mudar na arbitragem. Quando houver razões para protestar contra os erros que parecem ser um pouco mais do que isso, lá nos virão outra vez lembrar de que “lá fora ainda é pior”. O que não é verdade. Às vezes, como na terça, até foi, mas normalmente cá é pior.

E o futebol, onde fica?

São este tipo de jogos que me levam a interrogar acerca do tempo e dinheiro que perco à volta de um jogo que é também uma das minhas maiores paixões. É nestes momentos que sou forçado a interrogar-me sobre se estive a ver um jogo ou um filme com um guião com fim pré-determinado. É que filmes e peças de teatro prefiro-os nas salas respectivas, porque mesmo os mais perturbadores raras vezes vêem os seus efeitos prolongarem-se muito para lá de o pano ter descido ou de o fim surgir no ecrã. Como para a grande maioria dos adeptos, o que sucede ao Sporting adquire sempre um carácter pessoal, sendo, consoante o evento, fomento de alegria ou tristeza.

Para o bem ou para o mal a ligação ao Sporting acaba sempre por superar os dissabores, as desilusões e as amarguras. Hoje especialmente porque o que a equipa fez merece que não se fechem as portas à esperança. Tal constituiria uma espécie de traição ao esforço e abnegação perante as contrariedades de todos os que intervieram, directa ou indirectamente, no jogo. Mas a esperança não se esgota apenas no esforço, na garra e no inconformismo revelados, mas por estar de mãos dadas com a qualidade do futebol praticado. Duas condições que ditaram o controlo de um adversário várias vezes mais abastado e nutrido de grandes jogadores, como Draxler ou Huntelar, seguidos de perto por Boateng. Duas condições que, a manterem-se, serão ingredientes para produzir os bons resultados que todos desejamos.

Ter esperança não invalida abdicar do mais elementar realismo. Continuamos a cometer demasiados erros para sermos totalmente bem sucedidos. Até à expulsão do Maurício foi dos jogos onde me pareceu que a equipa denotou maior evolução no aspecto defensivo. A expulsão e até mesmo a primeira falta que originaram o cartão amarelo inicial parecem-me demasiado rigorosos, o que, na comparação do que foi permitido aos alemães, tem ainda pior aspecto. Ignorar a tendência do homem do apito é uma falta de sensibilidade e inteligência que se paga caro, como se viria no salto tão imprevidente como desnecessário – que necessidade tem um defesa central de ir a correr atrás do avançado quase até aos balneários – que ditaria a expulsão do defesa brasileiro. Continua a ser aqui o nosso ponto mais débil e fonte de tantos dissabores no presente ano, e, sem a sua resolução breve, arriscamo-nos a jogar bem mas, aqui e ali, não conseguir muito mais do que essa triste consolação.

Relembrar SuperSic

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cab desportos motorizados

O grande prémio deste fim de semana é por terras malaias. Um circuito com um passado recente trágico. É impossível falar desta pista sem nos lembrarmos de Marco Simoncelli. Essa força da natureza com um estilo de pilotagem único, agressivo e cheio de paixão, mas que muitas vezes era criticado pelos próprios colegas.

Marco, o super Sic, tinha um sorriso contagiante fora da pista. Acabava a corrida sempre a sorrir, quer terminasse em primeiro ou em sexto. Era um piloto que animava os paddocks de cada grande prémio. Era alguém agressivo dentro de pista e muito amável e brincalhão fora dela. Talvez fosse esta sua maneira de ser “duas pessoas” totalmente diferentes que cativava multidões.

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Toda a gente gostava do seu cabelo conjugado com o seu enorme sorriso
Fonte: hooniverse.com

Quem não se lembra do seu inglês tão carregado de um sotaque italiano, bem ao estilo de Valentino Rossi? Aliás, os dois italianos eram os melhores amigos. E juntos não deixavam ninguém sem uma gargalhada. Ou então, quem não se lembra do seu cabelo? Aquela pequena juba que não cabia no capacete e que era uma das suas maiores características. Dois detalhes de Marco que se tornaram na sua imagem de marca.

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Ou então, do seu cabelo? Aquela pequena juba que não cabia no capacete e que era uma das suas maiores características
Fonte: asphaltandrubber.com

O Super Sic estava no seu primeiro ano da classe rainha e já nos brindava com corridas de cortar a respiração. Os aficionados das duas rodas lembrar-se-ão, tal como eu, daquele seu último ano na antiga classe de 250cc onde lutava com Álvaro Bautista pelo campeonato, da maneira como o italiano pilotava a sua moto.

As ultrapassagens eram feitas no limite dos limites. Claro que nem sempre corria bem e era criticado por todos. Eu, inclusive. Mas a verdade é que aquele era o seu estilo. Único e tão cheio de adrenalina. E era isso que fazia vibrar os milhares de pessoas que estavam nas bancadas de cada grande prémio e daquelas que viam as corridas através de uma televisão.

Todos os pilotos ambicionam chegar à elite do Mundial de Motociclismo e o italiano não era excepção. Conseguiu esse feito após a vitória no mundial de 250cc. A equipa que o acolheu era, também, italiana. Estava em “casa” o Super Sic.

Na sua época de estreia, Marco lutou com os gigantes como se tivesse corrido com eles toda a vida. Dava tudo de si em cada corrida e era feliz a pilotar assim. Agressivo, apaixonado pela adrenalina. Para ele, cada curva era como se fosse o último segundo da sua vida. E chegou uma hora, cedo demais, em que essa curva foi, de facto, o último segundo da sua vida.

O circuito malaio foi o último a ser brindado com a pilotagem do mágico italiano. Na corrida do dia 23 de Outubro de 2011, Marco Simoncelli perdeu a vida. Logo ali, no asfalto. À segunda volta, numa luta com o seu melhor amigo e também com Colin Edwards.

O mundo das duas rodas parou. Durante horas, tudo parou. Todos estavam cabisbaixos. Todos sabiam o que se passava. Todos sentiam que ele tinha perdido a sua vida, ali, a fazer aquele que sempre o apaixonou e da maneira que sempre viveu: à mais alta velocidade.

E como a vida é feita de ironias, SuperSic deixou a vida no circuito que três anos antes lhe tinha dado o primeiro título na categoria de 250cc.

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Para ele, cada curva era como se fosse o último segundo da sua vida. E chegou uma hora, cedo demais, em que essa curva foi, de facto, o último segundo da sua vida.
Fonte: mirror.co.uk

Por isso, falar do grande prémio da Malásia é falar de Marco Simoncelli. Ainda que eu defenda de que um piloto como ele deva ser lembrado em cada curva, em todos os circuitos. A paixão que ele incutia na sua pilotagem, o seu sorriso e a sua alegria no paddock, nas conferências de imprensa com o seu inglês tão cómico… Tudo isso faz com que Motogp seja sinónimo de Marco Simoncelli. E cada um de nós, os apaixonados pelas duas rodas, jamais poderá esquecer este dia.

Se a minha mãe viu Aryton Senna morrer em Monza e ainda hoje me consegue contar os detalhes deste trágico acidente da F1, eu assisti à morte de um piloto sem igual no mundo do motociclismo. Era um campeão. E deve ser lembrado assim. Com um sorriso no rosto, como ele sempre nos habituou.

TOP 10 – Líderes em campo

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Nesta rubrica, deixo-vos com 10 jogadores que sempre admirei pelos seus estatutos de líder. Não serão os melhores do mundo, não será consensual certamente; mas estes “artistas” foram grandes culpados pela paixão que nutro pelo futebol. Por cada nome que “googlava”, recebia antes uma notificação a confirmar se estava de smoking vestido, pois a classe dos jogadores referidos era enorme. Também se nota, pela mesma lista, que o campeonato italiano tem por hábito formar “Senhores”, que jogam com um requinte diferente dos demais.

[tps_title]10º Juan Róman Riquelme [/tps_title]

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Fonte: taringa.net

‘El Torero’ sempre foi um futebolista de classe mundial, da vaga do últimos “10 puros” do futebol. A sua alegria a jogar é contagiante, o futebol nos seus pés sempre foi uma poesia em forma humana. E “humano” é também a palavra que uso para o descrever. Sempre leal aos seus princípios, sempre fiel aos seus colegas.

Reduções nos jogos ou no tempo

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cab nba

No fim-de-semana que passou, a NBA realizou e promoveu um jogo no qual cada período teria uma redução de um minuto, o que perfaz uma redução total de quatro (!) minutos.

Antes de mais e antes de criticar, há que louvar a tentativa de inovação na principal liga da modalidade a nível mundial. Desde que chegou, Adam Silver já teve momentos em que teve de ser chamado a intervir como comissário da NBA. Começou pela sua intervenção no caso de Donald Sterling, o ex-dono dos Clippers. Agora estará a tentar aumentar e preservar a carreira dos seus atletas, na medida em que a carga física dos mesmos é reduzida e, quem sabe, o espetáculo da NBA e obviamente o capital que entra aumentam.

Agora a sério, quatro minutos não afectam muito a carga física. As viagens constantes entre estados e, por vezes, entre os Estados Unidos e o Canadá são suficientes para esgotar o mais resistente dos atletas.

Nowitzki (esq) e LeBron James - dois dos profissionais mais mediáticos que defenderam a redução de jogos da época regular Fonte:  media.oregonlive.com/
Nowitzki (esq.) e LeBron James – dois dos profissionais mais mediáticos que defenderam a redução de jogos da época regular
Fonte: media.oregonlive.com

Dirk Nowitzki, por sua vez, afirmou que o que deveria ser reduzido era o número total de jogos, que é 82. A estrela dos Mavericks dizia que era um número demasiado elevado e que os atletas se ressentiam bastante, isto por terem jogos muitas vezes noites seguidas e nem sempre em casa. Milhares de quilómetros entre arenas e por vezes apenas algumas horas entre partidas. LeBron James veio concordar com o alemão e confirmou que esses jogos todos tinham um efeito muito negativo: diminuir a carreira dos jogadores devido ao constante esforço.

Muitos profissionais vieram comentar, concordar e refutar estas opiniões, contudo, aquela que mais barulho fez foi a de Michael Jordan. O por muitos considerado melhor jogador de sempre apenas defendeu que se não jogassem os 82 jogos; provavelmente estaria a jogar noutro sítio qualquer por causa do amor pelo desporto. Como jogador, afirmou, nunca pensou que o número fosse um problema.

Como não sou, de todo, um especialista na matéria só sei que como apaixonado pelo desporto que sou haveria jogos todos os dias da minha equipa e durante o ano todo. Mas como isso é impossível, se houver uma maneira de manter os atletas não só frescos, mas capazes de fazer aquilo que define a NBA como espetacular, concordo plenamente que seja realizada.

Michael Jordan - O melhor de todos os tempos, por sua vez, não concordou com a questão que estava a ser levantada Fonte: cbscharlotte.files.wordpress.com/
Michael Jordan, o melhor de todos os tempos, não concordou com a questão que estava a ser levantada
Fonte: cbscharlotte.files.wordpress.com/

Estoril 1-2 Dínamo Moscovo: “Canarinhos” mereciam mais

liga europa

A excelente exibição que o Estoril realizou não foi suficiente para arrecadar pontos nesta receção ao Dínamo de Moscovo, na terceira jornada do Grupo E da Liga Europa. As contas do apuramento só não ficaram mais dificultadas porque PSV e Panathinaikos empataram em Eindhoven, com os gregos a chegarem ao golo do empate perto do fim do encontro.

O treinador dos russos optou por deixar no banco de suplentes vários jogadores bem conhecidos do panorama internacional, como Kevin Kuranyi, Yuri Zhirkov ou Balász Dzsudzsák, o que mostra bem o poderio da equipa do Dínamo. Na primeira parte, não houve qualquer ocasião flagrante de golo, com o jogo muito disputado a meio-campo. Na equipa do Estoril, destaque para a excelente exibição da defesa (quarteto composto por Anderson Luís, Yohan Tavares, Bruno Miguel e Ruben Fernandes, este a atuar como lateral esquerdo) e dos médios Anderson Esiti, Diogo Amado e Tozé. A equipa moscovita não conseguia penetrar na área estorilista, apesar da qualidade de jogadores como o internacional francês Valbuena ou o avançado Alexander Kokorin, uma das maiores esperanças do futebol russo. A estrutura da equipa da Linha apresentava-se muito sólida, com particular destaque para Anderson Esiti, médio que se estreou no encontro com o Panathinaikos e parece que pegou de estaca nos eleitos do treinador. O nigeriano esteve muito bem nas recuperações de bola e no início da construção ofensiva dos estorilistas.

O pior vinha depois, porque o trio composto por Kuca, Sebá e Kléber não conseguia dar o melhor seguimento às jogadas de ataque dos portugueses. Os imponentes centrais Douglas e Samba não davam hipóteses no jogo aéreo, mas a sua falta de velocidade não foi devidamente aproveitada. Faltou sempre uma melhor definição nos últimos 30 metros, e assim chegámos ao intervalo com um nulo no marcador e nenhum remate que obrigasse Gabulov a trabalhos forçados. Kléber ainda teve uma boa chance aos 24 minutos, mas rematou fracamente e à figura do guardião russo. Ainda assim, notava-se que a equipa do Estoril estava a apresentar-se a um bom nível, com a defesa e o meio-campo muito agressivos sobre a bola, a não darem grandes chances para que os russos pudessem criar perigo.

Estoril mostrou qualidade, mas os russos foram muito mais eficazes Fonte: Zerozero.pt
Estoril mostrou qualidade, mas os russos foram muito mais eficazes
Fonte: Zerozero.pt

Na segunda parte, o Estoril voltou a entrar bem e o lateral Anderson Luís fez uma diagonal, beneficiou do trabalho de Sebá e Kléber a arrastar os defesas e rematou para uma defesa segura de Gabulov. Era sinal de que o Estoril vinha para tentar ganhar o jogo. Contudo, aos 52 minutos, Kokorin gelou o António Coimbra da Mota. O avançado recuou para fugir da marcação dos centrais e rematou colocado com a bola a bater nos dois postes antes de entrar na baliza de Vagner. Sem fazer quase nada por isso, o Dínamo colocava-se em vantagem na Amoreira. A reação da equipa portuguesa ao golo sofrido foi boa. Kuca, Kléber e Anderson Esiti obrigaram os defesas russos e Gabulov a desviarem três remates para canto. O Estoril estava “por cima” no jogo e beneficiou de uma grande penalidade ao minuto 73. Num contra-ataque desenhado por Sebá e Tozé, o português passou para Kléber que cruzou com a bola a ser interceptada pelo braço esquerdo de Douglas. Penálti claro a favor dos portugueses. Contudo, Kléber foi displicente e permitiu a defesa de Gabulov com os joelhos. Depois do golo contra a corrente do jogo de Kokorin, foi Kléber a deixar desolados os cerca de 2000 adeptos que estavam nas bancadas. A conversão da grande penalidade foi muito denunciada e, frente a um guarda-redes experiente como Gabulov, esse foi um fator determinante.

Cinco minutos depois, Zhirkov, entretanto lançado por Cherchesov na partida, fez o segundo para os russos. O jogador que já alinhou no Chelsea antecipou-se a Bruno Miguel e cabeceou para as redes de Vagner após um bom cruzamento do equatoriano Noboa.

As entradas no último quarto de hora de Arthuro, Cabrera e Ricardo Vaz pouco acrescentaram a uma equipa que esteve bem organizada mas que não soube resistir à frieza do terceiro classificado da liga russa, que foi muito mais eficaz na finalização. Já nos descontos, o Estoril chegou ao golo de honra. Yohan Tavares, um dos melhores em campo, foi até à área contrária e rematou à meia volta, marcando um golaço num remate sem hipóteses para Gabulov. Um 1-2 é um resultado bastante injusto para a equipa portuguesa, que não soube aproveitar o domínio territorial que teve na segunda parte do encontro.

Com estes resultados, os russos estão cada vez mais confortáveis no primeiro lugar do grupo. Já o Estoril está no terceiro lugar, a apenas um ponto do PSV e ainda com esperanças de alcançar o apuramento para a fase seguinte. Se a equipa portuguesa fizer mais exibições como a de hoje, pode sonhar com a passagem à fase seguinte. O próximo jogo é na Rússia, frente a este Dínamo.

A Figura:

Anderson Esiti – O médio nigeriano de apenas 20 anos esteve muito bem na partida, chegando até a parecer que já joga há muito tempo nesta equipa, quando na realidade fez apenas o quarto jogo pelo Estoril. Sempre muito seguro na recuperação, controlo da bola e no passe, foi um dos esteios da boa organização que o Estoril patenteou ao longo do encontro. Não foi por acaso que foi um dos nomes de que se falou no verão para uma eventual substituição de William Carvalho no Sporting…

O Fora de Jogo:

Kléber- O avançado até nem esteve muito mal, mas falhou nos momentos chave. Na primeira parte, rematou fraco para Gabulov quando poderia ter feito melhor. A meio da segunda metade, bateu mal a grande penalidade e desperdiçou a grande chance que o Estoril teve para empatar a partida. Depois de ter sido um dos marcadores na vitória sobre o Panathinaikos, desta vez não foi o goleador de que o Estoril necessitou.

Um Chelsea com Futuro

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Apesar de fazerem parte daquele que continua a ser o campeonato que mais dinheiro gasta, creio que de há uns anos para cá as equipas inglesas começaram a adoptar uma postura diferente no mercado de transferências. Os valores envolvidos continuam a ser astronómicos, mas é notório um maior cuidado em criar bases para o presente e para o futuro das equipas, ao contrário do que se passava há uns anos atrás – o Chelsea, por exemplo, comprou Shevchenko já com 30 anos por 46M€.

O Chelsea, apesar de ter gasto MUITO em jogadores já não tão jovens, fê-lo para posições onde estava demasiadamente necessitado – Diego Costa veio do Atletico Madrid por 38M€ e do Barcelona chegou Fábregas a troco de 33M€ – e tem vindo a construir uma equipa relativamente jovem desde 2011. Não estou com isto a dizer que é um clube menos gastador do que aquilo que foi, mas acaba por sê-lo se tivermos em conta o proveito que tira por comprar jogadores mais jovens, que crescem no clube. No Verão de 2011, chegou Thibaut Courtois, do KRC Genk por 8,95M€, um valor altíssimo para um guarda-redes de apenas 19 anos. A verdade é que depois de duas épocas emprestado ao Atletico Madrid, onde foi campeão espanhol, venceu uma Liga BBVA e ainda foi finalista da Liga dos Campeões, este jogador chega à casa-mãe ainda com pelo menos uns 15 anos de carreira pela frente, tratando-se já de um dos melhores do mundo na sua posição.

Na mesma temporada, e apesar de já não estarem ao serviço do Chelsea, chegaram ainda mais 3 jovens jogadores que acabaram por ser vendidos por um valor superior ao gasto pelo clube londrino: Juan Mata, que foi fundamental na época 2011/12 mas que nunca conseguiu manter a regularidade, algo super-importante para um jogador de uma equipa de topo como é o Chelsea; e ainda Kevin de Bruyne e Romelu Lukaku, que acabaram por nunca se afirmar nos blues, mas que confirmaram todo o seu potencial durante os períodos de empréstimo.

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Lukaku, que pode tornar-se um dos melhores do mundo, saiu por 30M€; Diego Costa, claramente acima do belga neste momento, chegou por 38M€
Fonte: liverpoolecho.co.uk

Um ano mais tarde, no Verão do Euro 2012, Abramovich desembolsou cerca de 65M€ em duas pérolas do futebol mundial. Do Lille chegou Eden Hazard por 45M€ e apesar de ter chegado já como um excelente jogador, não se podia dizer que o belga já estivesse entre os melhores. O Chelsea podia facilmente gastar esse dinheiro num jogador uns 5 anos mais velho e que no momento trouxesse ainda mais qualidade para equipa. Mas não, preferiu apostar no jovem de 21 anos. Com uma Ligue 1 e uma Coupe de France no currículo, Hazard chegou e convenceu desde o primeiro minuto, tendo-se adaptado com facilidade ao futebol britânico. É neste momento uma das estrelas, se não a grande estrela, deste Chelsea de Mourinho.

Quem lhe fez companhia na viagem para Londres foi Óscar. O brasileiro tinha acabado de vencer o Mundial sub-20 na Colômbia, carimbando um hat-trick na vitória frente a Portugal na final do torneio. O jogador de 20 anos trocou então o Internacional, clube no qual já tinha realizado mais de 70 partidas apesar de tão tenra idade, pelo Chelsea. Já na altura Óscar diferenciava-se do típico brinca na areia prodígio brasileiro, jogando um “futebol europeu” – apesar de ter tão pouca experiência, já era muito mais objectivo. No mesmo defeso chegou ainda Cesar Azpilicueta. O espanhol trocou o Marseille pelo Chelsea por 8,8M€ e tem-se revelado um jogador importante: não é de rasgos, não é de levantar plateias nem é um jogador de aparecer nos resumos, mas cumpre sempre muito bem a sua tarefa quando joga numa das laterais da defesa.

Óscar e Hazard não tiveram dificuldades de adaptação à Premier League  Fonte: Daily Star
Óscar e Hazard não tiveram dificuldades de adaptação à Premier League
Fonte: Daily Star

Mourinho voltou ao Chelsea para a temporada 2013/14 e com ele chegam os jovens Marco van Ginkel, Kurt Zouma, Mohamed Salah, André Schürrle e ainda o já não tão jovem Willian. Marco van Ginkel ficou na equipa, mas foi sempre tapado por jogadores como Ramires, Lampard, Obi Mikel, Óscar e Juan Mata, acabando por não ser benéfico para a sua evolução como jogador continuar na equipa londrina. O atleta, que tinha chegado do Vitesse a troco de 9,4M€, saiu por empréstimo para o AC Milan. Aos 21 anos é ainda com toda a certeza um jogador que vai voltar a brilhar e confirmar tudo aquilo que prometeu na Holanda.

Já Zouma permaneceu emprestado ao Saint-Étienne na época em que os milionários pagaram uma verba a rondar os 15M€. Com 19 anos, já marcou a sua posição no Chelsea e será um dos candidatos ao lugar de John Terry quando este abandonar o clube. Salah, depois de duas temporadas ao mais alto nível no Basel, deu o salto inevitável e hoje, aos 22 anos, ainda não conquistou um lugar no onze de Mourinho, apesar de ser opção regular a partir do banco. Dotado de uma velocidade e técnica acima da média, o egípcio é o jogador que qualquer equipa de topo gosta de ter no banco para resolver jogos contra equipas que estejam muito compactas defensivamente.

Schürrle e Willian são a dor de cabeça que qualquer treinador gosta de ter. Se na época passada Mourinho optou por dar a titularidade a Willian – mas usar Schürrle em quase todos os jogos – este ano, e sobretudo nas últimas partidas, a tendência parece estar a mudar. Tratam-se de dois jogadores muito parecidos, rápidos, com facilidade no 1×1 e muito bons a aparecer em zonas de finalização. A meio da época, em Janeiro, chegou ainda Nemanja Matic, jogador que dispensa apresentações para os portugueses.

Schürrle e Willian disputam a asa direita londrina - a minha preferência recai sobre o alemão  Fonte: Bleacher Report
Schürrle e Willian disputam a asa direita londrina – a minha preferência recai sobre o alemão
Fonte: Bleacher Report

Depois de uma época algo desapontante, Mou quer lavar a cara e dar um pontapé na sua crise de títulos. Para isso, o técnico português necessitou da ajuda de dois super reforços vindos da Liga Espanhola. Diego Costa trouxe consigo raça, trabalho e uma imensa veia goleadora, algo que faltava no Chelsea desde os tempos áureos de Drogba e Anelka. Cesc Fábregas trouxe consigo as assistências para Diego Costa. Juntos têm feito uma dupla temível, juntando-se aos já referidos mais Eden Hazard, Óscar, Schürrle ou Willian – todos letais no ataque. No banco ainda há Remy e Salah como velozes opções. Atrás de tudo isto há dois jogadores que quando jogam parecem preencher todo o terreno – falo de Matic e Ramires, ambos oriundos do SL Benfica. Mas ainda mais temível é pensar que todos estes jogadores de que falei têm uma média de 25 anos. Um número jovem para tanta qualidade junta, ou seja, estes jogadores vão crescer ainda mais juntos sobre a batuta de Mourinho.

Mas atenção que a todos estes conhecidos craques, existem ainda nomes que apesar de não terem o reconhecimento dos anteriormente falados, têm também grande qualidade e podem ocupar o seu espaço no Chelsea no futuro. Falo de Andreas Christensen, Nathaniel Chalobah, Tomáš Kalas, Nathan Aké, Thorgan Hazard, Atsu, Bertrand Traoré, Lewis Baker, Lucas Piazón, Loftus-Cheek ou Islam Feruz.

Em 2012, quando se falava numa renovação do Chelsea – consequência do avançar e declínio de qualidade de jogadores que marcaram uma era como Petr Cech, Ashley Cole, John Terry, Paulo Ferreira, Frank Lampard, Didier Drogba, Florent Malouda ou Nicolas Anelka – depois da tão esperada Champions League, poucos adeptos acreditariam que a equipa pudesse tão facil quanto rapidamente voltar ao mais alto nível, não só internamente como a nível europeu.

Será que a imagem se repete 10 anos depois?  Fonte: provenquality.com
Será que a imagem se repete 10 anos depois?
Fonte: provenquality.com

Esta época Mourinho parece ter voltado ao seu melhor nível e apresenta finalmente um futebol agradável e com resultados, algo de que já tínhamos algumas saudades. Com 8 jornadas disputadas leva já 5 pontos de vantagem sobre o seu concorrente directo ao título, portanto dificilmente este título não cai em Stamford Bridge. A nível europeu, a Champions é claramente um objectivo de Mou e se não o vencer este ano será algo inevitável num futuro próximo, a qualidade desta equipa tem tudo para dar frutos.

Tomba-gigantes

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brasileirao

Esta expressão que dá vida ao título, e da qual, por ora, passaremos a falar avonde, não serve para descrever muitos dos jogos que se passaram neste final de semana de festa da Taça. Até porque esta coluna tem como objetivo descrever o fenómeno do Campeonato Brasileiro de Futebol.

A premissa de partida, portanto, será a defesa da tese de que este atual modelo do Brasileirão – 20 equipas que se enfrentam em duas voltas e com pontos – acabará certamente por ser penoso para os grandes do futebol brasileiro. Vamos aos argumentos.

Primeiro, e já escrevemos sobre isso, apenas cinco clubes nunca desceram de divisão: Flamengo, Internacional, Santos, São Paulo e Cruzeiro. A propensão para cair, pelo menos, um campeão a cada campeonato anual é, pelo menos, grande. O ano passado foi o Vasco da Gama… há dois anos foi o Palmeiras. Mas se a experiência desses grandes campeões na Série B é curta (e ainda bem), as feridas de tal acidente nunca serão fáceis de sarar. Para os dois que acabei de mencionar agora nem foi a primeira vez que tal aconteceu. Mas imaginem para um daquele grupo de cinco. A primeira vez deverá ser muito dolorosa. Clubes que já ganharam a Libertadores, como o Grêmio e o próprio Vasco da Gama, ou o Atlético Mineiro, já estiveram longe do convívio com os grandes. Soa mal aos ouvidos, quando se liga o rádio se e ouve: “E na Série B do Brasil, o Grêmio empatou com o Botafogo…”. Sim, porque este ano a fava deverá cair nos rubro-negros do Rio de Janeiro. Um clube que também já foi homenageado pela nossa singela coluna. É verdade que ainda faltam nove partidas para o fim. Mas a instabilidade no clube carioca é pior do que a posição que ocupa.

Cartoon alusivo às sucessivas quedas de divisão Fonte: fimdejogo.com.br
Cartoon alusivo às sucessivas quedas de divisão
Fonte: fimdejogo.com.br

Esse é outro ponto que contribui para a as quedas abruptas de um campeonato para o outro. Falta de estabilidade. Recordemos como o Fluminense, há bem pouco tempo, estava na Série C (!), e depois arrancou para uma recuperação fantástica e conseguiu dois títulos em três anos. O Flamengo, que em 2009 foi campeão e no campeonato vindouro teve uma prestação pífia. O próprio Vasco da Gama – que neste momento é o terceiro colocado na Segunda Divisão – tinha feito uma campanha razoável em 2012 e caiu em 2013. Este parece ser um fenómeno que afeta mais os clubes cariocas do que os outros. Em parte é verdade: falta de patrocínios, contratos rasgados, pouca consistência das direções respetivas, enfim… mas também a grande quantidade de movimentações a que o mercado brasileiro é propício. Se é certo que o Brasil já começa a ter dinheiro para segurar as suas pérolas, também não é menos verdade que continua a ser um país exportador de matéria-prima. Não estou a chamar aos jogadores cabeças-de-gado, atenção.

Fenómenos raros ou talvez não, o certo é que, de ano para ano, há sempre um ou dois Golias que caem para terrenos mais pantanosos. Outros mais frágeis lá se conseguem ir aguentando. Também é isso que faz as pessoas irem ao futebol: a imprevisibilidade dos acontecimentos e a capacidade de nos deixar boquiabertos. Por isso é que ele é rei.

Mónaco 0-0 Benfica : O apuramento agora é uma miragem

Topo Sul

Ainda não foi desta que o Benfica conseguiu triunfar na presente edição da Champions League. Agora, as contas estão ainda mais complicadas no que ao apuramento para a próxima fase diz respeito, mas ainda há esperança e essa deve sempre prevalecer.

Olhando para o que passou no (péssimo) relvado do Estádio Louis II, entre Mónaco e Benfica, o empate acaba por ser o resultado mais justo face à produção de ambas as equipas durante os 90 minutos. Depois de uma entrada pouco conseguida na partida, o Benfica procurou estabilizar em campo a partir dos 20 minutos de jogo e, mesmo sem fazer uma exibição de encher o olho, algumas oportunidades de golo surgiram na baliza do belo guarda-redes do emblema monegasco, o croata Subasic, ainda na primeira parte.

Ocampos, logo no início do jogo, teve a melhor ocasião de golo do Mónaco durante toda a partida, mas desperdiçou-a escandalosamente, e esse lance pareceu acordar as águias. Na resposta, alguns minutos depois, Lima poderia ter batido o guardião adversário por duas ocasiões, mas o brasileiro não revelou astúcia para colocar o Benfica a vencer.

Da primeira parte pouco mais há para contar, já que o jogo foi sempre disputado a meio-campo e os jogadores, quer de um lado quer do outro, mostraram-se pouco clarividentes para melhorar a qualidade do espectáculo. A equipa portuguesa sentiu sempre dificuldades na fase de construção, pois Enzo Perez e Talisca tocavam poucas vezes na bola e a equipa perdia-se em jogadas individuais quase sempre inconsequentes.

De facto, havia muitos aspectos a melhorar para o segundo tempo, e na verdade as correcções efectuadas ao intervalo, sobretudo a nível táctico, revelaram-se positivas para o Benfica.  A formação encarnada apareceu mais solta nos segundos 45 minutos, e a prova disso são as várias oportunidades de golo de que a equipa dispôs para sair do Mónaco com os três pontos. Sob a batuta do génio Nico Gaitan, o melhor em campo, as águias conseguiram jogar mais no campo adversário e consequentemente colocar em sentido a defesa da equipa orientada por Leonardo Jardim. Do pé esquerdo do argentino saíram as duas melhores chances para o Benfica chegar à vantagem nesta partida. A primeira finalizada pelo 10 encarnado foi negada por Subasic, depois de um túnel delicioso de Gaitan ao seu adversário; minutos depois, é o mesmo argentino que inicia um excelente lance que ele mesmo deveria ter concluído, caso Salvio não tivesse sido egoísta e rematado à figura do guardião monegasco.

As águias lutaram, mas não conseguiram a primeira vitória na Champions este ano Fonte: Sky Sports
As águias lutaram, mas não conseguiram a primeira vitória na Champions este ano
Fonte: Sky Sports

A fluidez ofensiva do Benfica durante um certo período da segunda parte parecia poder levar as águias a um importante triunfo, mas tal pensamento desvaneceu-se no momento em que Lisandro Lopez, já com amarelo, faz uma entrada violenta ao português João Moutinho, o que valeu, naturalmente, a expulsão ao central argentino. Ora isto foi o pior que poderia ter acontecido ao Benfica, que teve de recuar as suas linhas para segurar o resultado e não mais teve possibilidades de procurar a vitória. Após a expulsão de Lisandro, o Mónaco ainda tentou a conquista da vitória, mas o Benfica fechou-se bem e a entreajuda dos jogadores encarnados na recta final do encontro fez com que o empate prevalecesse até ao final. Resultado justo pelo equilíbrio que se verificou durante o encontro; ainda assim fica a ideia de que o desfecho poderia ter sido outro se Lisandro não tivesse sido expulso na melhor fase da equipa encarnada durante toda a partida.

Contas feitas, o Benfica soma apenas um ponto neste grupo liderado pelo Bayer Leverkusen, que bateu o Zenit e soma agora seis pontos. Há ainda três jogos para as águas disputarem, dois deles no Estádio da Luz, pelo que o apuramento para os oitavos de final da Liga Milionária pode ser uma simples miragem, mas ainda é uma miragem.

A Figura:

Nico Gaitán – Mais uma vez, o argentino foi o jogador mais clarividente e esclarecido em campo. Do seu portentoso pé esquerdo saíram as jogadas de maior perigo da equipa. Sem esquecer os pormenores deliciosos que até impressionaram o Príncipe Alberto do Mónaco.

O Fora de Jogo:

Lisandro – O central argentino não teve a estreia mais feliz nas competições europeias. Foi infantil quando fez aquela entrada dura sobre o adversário, e a sua expulsão retirou a possibilidade de vitória à equipa do Benfica.