Colômbia e Costa do Marfim entraram para este encontro com os oitavos-de-final à vista. Tendo saído vencedoras nos jogos da primeira jornada, ambas as equipas procuravam a vitória neste duelo, o que significaria um passo enorme rumo à passagem à fase seguinte da competição para qualquer uma das formações.
A primeira parte deste jogo foi algo incaracterística. Tanto a equipa sul-americana como a africana apresentaram um estilo de jogo muito calmo e paciente, não exercendo pressão e não arriscando muito. De resto, a nota de maior destaque, entre vários ataques que não chegavam a bom porto devido a más decisões no último passe, foi um falhanço do avançado colombiano Teo Gutiérrez mesmo à boca da baliza ao passar do minuto 27. Poucas oportunidades e alguns remates ao lado tornaram esta primeira parte um período algo aborrecido e pouco caro, já que não houve uma equipa dominante mas também nenhuma das formações se deixou dominar.
O intervalo refrescou as equipas, os jogadores e as ideias. Tanto a Colômbia como a Costa do Marfim entraram para a segunda parte dispostas a mudar o rumo do encontro e dispostas a arriscar mais, fazendo com que esta segunda parte nada tivesse a ver com a primeira. Equipas mais atrevidas, lances de elevada nota técnica, boa circulação da bola e aproveitamento dos espaços livres foram rasgos característicos das duas equipas no início do segundo tempo. Não deixa de ser irónico, no entanto, que o primeiro golo do encontro, marcado pelo colombiano James Rodríguez ao minuto 64, tenha sido de bola parada. Um canto batido na esquerda por Cuadrado, que já tinha atirado uma bola ao poste na fase inicial do segundo tempo, foi parar à cabeça do ex-jogador do FC do Porto, que não vacilou e meteu a bola no fundo das redes, marcando o seu segundo golo da competição em outros tantos jogos.
Celebração animada dos cafeteros após James Rodríguez ter inaugurado o marcador Fonte: FIFA
A selecção colombiana, que já tinha vindo a crescer e a tomar conta do encontro desde o início da segunda parte, ganhou mais força e ímpeto – nota também para o excelente apoio dos colombianos no Estádio Nacional de Brasília – e, seis minutos depois, a bola estava no fundo da baliza costa marfinense. Deste feita, Juan Quintero, jogador do FC Porto que tinha saltado do banco ao minuto 52, concluiu da melhor forma um lance que começou no aproveitamento por parte de James Rodríguez de um erro do defesa africano Die.
O jogo parecia decidido, mas um lance de pura genialidade do extremo costa marfinense Gervinho, que sentou três jogadores colombianos e deferiu um remate que só podia acabar em golo, relançou a esperança para a formação africana ao minuto 73.
Até ao fim do encontro sucederam-se alguns lances de ataque de parte a parte, sendo que a selecção do continente africano exerceu uma pressão maior do que a colombiana. O jogo chegou ao fim e a Colômbia, por ter sido mais equipa, está com um pé nos oitavos-de-final da competição, marca que pode alcançar ainda hoje, dependendo do resultado do encontro entre Grécia e Japão.
A FIGURA:
James Rodríguez: O jovem jogador colombiano que já passou pelo campeonato português, assumiu-se como a principal referência da selecção sul-americana e a estrela deste jogo. Quebrou o gelo marcando o primeiro golo e assegurou a vitória iniciando com muita perspicácia a jogado do segundo golo.
O FORA-DE-JOGO:
A primeira parte: Os primeiros 45 minutos de jogo foram aborrecidos, enfadonhos e pediam muito mais às duas formações, que contam nas suas linhas com jogadores de alto nível. Um período que não foi digno de fazer parte da maior competição de selecções a nível mundial.
Aqui na localidade onde vivo houve um homem rico que quis criar uma equipa de futebol. Não por diversão, não porque gostava de futebol, mas porque via neste desporto uma forma de enriquecer ainda mais.
A fórmula era bastante simples – escolhia alguns jogadores e dizia-lhes: “eu deixo-te jogar na minha equipa. Para tal, tens de assinar um contrato que diz que os teus direitos desportivos passam a ser meus. Na prática, podes jogar, podes marcar golos, podes desfrutar deste fantástico desporto… mas se alguém estiver interessado em ti, terá de me pagar a mim. E se ninguém estiver interessado e eu já não te quiser na minha equipa, eu próprio escolho a tua próxima equipa, para a qual serás obrigado a ir.”
Como é óbvio, nem todos os miúdos da minha localidade se sujeitaram a este esquema. Alguns continuaram a achar que deviam ser donos do seu próprio destino. Alguns continuaram a achar que nesta nova equipa deveriam jogar os melhores da localidade e não aqueles que tinham contrato com o homem rico. Apesar disso, mantiveram-se sempre disponíveis para jogar naquela equipa, desde que noutras condições.
O homem rico não aceitou. Começou então a escolher jogadores mais fracos. Fez escolhas tão ridículas e irrisórias que as pessoas da localidade se começaram a aperceber do esquema. Miúdos que nunca tinham jogado, que não tinham experiência e que eram claramente mais fracos que outros preteridos, eram chamados. O contrato que fizeram com o homem rico dava-lhes a segurança de estarem presentes na equipa.
Algumas pessoas – as que não tinham amigos ou conhecidos na equipa da localidade – revoltaram-se. Chegaram mesmo a dizer que nunca apoiariam aquela equipa enquanto o processo de escolha fosse aquele. Na segunda-feira, quando a bola começou a rolar, muitos se esqueceram da sua revolta. Afinal, futebol também é isto. O que num dia é verdade, no outro é mentira. E para esta competição que agora começou pedem-nos para apoiar a equipa da nossa localidade, porque quem não a apoiar “é contra a localidade”.
Eu não a apoiarei de certeza. Ainda não me esqueci do homem rico nem dos miúdos que ficaram de fora por falta de “inteligência burocrática”. Mas que não se confundam as coisas: Amo a minha localidade. Não a sua seleção de amigos do homem rico.
Começou no passado dia 16 de junho mais um WQS, evento que ajuda os surfistas a ganharem pontos para se qualificarem para aquela que é a mais prestigiosa competição de surf do mundo, WCT (World Championship Tour).
Com quatro portugueses inscritos e o galês Gony Zubizarreta, muito acarinhado pelos portugueses, José Ferreira foi o primeiro a entrar na água. Com ondas a rondar o meio metro de altura, José Ferreira não conseguiu melhor do que o terceiro lugar, saindo assim diretamente eliminado da competição. Também neste heat estava o surfista da Ericeira, Gony Zubizarreta, que garantiu a primeira posição. Guillermo Satt e Vehiatua Prunier ficaram em segundo e quarto lugar, respetivamente.
Infelizmente não foi só José Ferreira a perder precocemente. Também Vasco Ribeiro saiu de competição logo no primeiro heat, ao deixar-se ir abaixo contra os norte-americanos Cory Arrambide e Konoa Igarashi. Em último lugar ficou outro norte-americano, Victor Done.
Nicolau Von Rupp passou à fase seguinte, terminando a sua bateria em segundo lugar. À sua frente só ficou o australiano Connor O´Leary, com um score total de 13.66 pontos em 20 possíveis. Nic acabou com um score de 12.50. Luel Felipe e Slade Prestwich ficaram nas últimas posições.
Nicolau Von Rupp a “partir”. Fonte: Surftotal.com
Dia 17 ficou marcado pela subida do mar em Los Cabos. E parece que a sorte continuou para os dois portugueses. Primeiro foi Frederico Morais que passou a sua bateria em segundo lugar (13.40 pontos), ganhando assim passaporte direto para o round três. Thomas Woods ficou à frente de Kikas, com um score total de 15.30 pontos.
Também Nicolau terminou em segundo lugar, tendo acesso direto para o round três. O seu forte surf de backside foi o seu melhor amigo naqueles minutos de prova. Deste modo, terminou a bateria com um total de 14.30 pontos. Em primeiro lugar ficou o norte-americano Cory Arrambide, que já tinha eliminado Vasco Ribeiro.
É de referir que esta prova está cheia de grandes estrelas do WCT, como Josh Kerr, Damien Hobgood, Yadin Nicole, Brett Simpson e Patrick Gudauskas.
O jogo de hoje era muito importante para a classificação do Grupo A. A Croácia vinha de uma derrota perante o anfitrião Brasil, embora tenha efetuado uma boa exibição, lutando até ao final da partida por um resultado positivo.
Os Camarões realizaram um jogo fraco diante do México e podiam mesmo ter perdido por uma margem superior caso não tivesse tido dois golos mal anulados. Portanto, o jogo de hoje era decisivo para as contas do grupo.
A Croácia tinha de entrar muito bem na partida, visto que só os três pontos manteriam os croatas na luta pelo apuramento. Logo aos 11 minutos, Olic inaugurou o marcador num pleno golo de oportunidade. Grande início de jogo!
A partir do primeiro golo o encontro foi mais bem disputado, com a Croácia a causar inúmeras oportunidades para voltar a marcar, enquanto os africanos pouco fizeram para tentar empatar. Subiram no terreno, trocaram melhor a bola, tentaram causar algum perigo, mas, no que toca a oportunidades flagrantes de golo, não dispuseram de nenhuma.
Ao minuto 39, Alex Song comete um absurdo, agredindo um adversário. Com esta atitude, este será o último jogo do jogador do Barcelona, e a sua equipa foi tremendamente prejudicada.
A segunda parte não podia ter começado da melhor maneira para os croatas: Perisic aproveitou um passe do guarda-redes Itandje, fez uma grande arrancada e marcou um belíssimo golo!
Ao minuto 60, Mandzukic faz o 3-0 e, aos 72, o 4-0, bisando assim na partida.
O jogo estava claramente decidido, e a seleção croata exibiu-se, outra vez, a um excelente nível. Ao minuto 89, os Camarões finalmente causaram uma oportunidade flagrante que resultou num remate à barra.
Mario Mandzukic, a grande figura do encontro ao apontar dois oportunos golos Fonte: Fichajes.com
O jogo terminou e ficou na retina mais uma boa exibição dos croatas, que tudo fizeram para vencer. O resultado poderia ter sido mais avolumado, face às inúmeras oportunidades de golo de que dispuseram. Os Camarões fizeram um jogo fraco, desorganizados defensivamente e tiveram muito poucas oportunidades de golo.
De realçar também a boa arbitragem do português Pedro Proença.
O jogo entre o México e a Croácia será certamente um jogo de altíssimo nível, visto ser aquele que decide o segundo lugar e respetiva qualificação.
A Figura:
Mandzukic tem, obviamente, de ser considerado a figura do encontro devido aos dois golos que marcou, golos esses que contribuíram e muito para a importantíssima vitória do seu país.
O Fora-de-Jogo:
Alex Song é claramente o jogador escolhido para este lugar. Devido à sua infantilidade, prejudicou a sua equipa e prejudicou-se a si próprio. Foi uma péssima atitude de um jogador que possui uma vasta experiência e que devia ter-se contido. Não havia qualquer necessidade de fazer o que fez.
Quem diria! A Espanha, campeã do mundo em título, está fora do Mundial do Brasil. A derrota com o Chile por 2-0 não dita apenas o afastamento desta competição; marca o fim de ciclo de uma geração que ganhou tudo o que havia para ganhar e que ficará para sempre na história. No dia em que o rei Juan Carlos assinou a lei que torna oficial a sua abdicação do trono, os reis do futebol caem aos pés dos guerreiros chilenos, que deixaram a pele em campo e que já têm lugar marcado nos oitavos (tal como a Holanda).
Em relação à primeira jornada, Del Bosque trocou Piqué por Javi Martínez (que também esteve desastrado) e Xavi por Pedro, passando Iniesta para o corredor central. No entanto, a jogar com um duplo pivot composto por Xabi Alonso e Busquets e com laterais pouco participativos, a Espanha voltou a apresentar um futebol lento e demasiado previsível. Do outro lado esteve um Chile que usou a agressividade para compensar as lacunas defensivas da equipa. Sampaoli abdicou de Valdivia e colocou Francisco Silva em campo, voltando ao sistema habitual com três centrais. E a estratégia deu resultado. Os sul-americanos marcaram numa transição rápida, com Aranguiz a assistir Vargas para o primeiro golo. Em vantagem, a equipa baixou o bloco e entregou a posse de bola aos espanhóis, que tiveram dificuldades para penetrar na defensiva chilena (tiveram apenas uma grande oportunidade, com Diego Costa a rematar à malha lateral). O 2-0 surgiu ainda antes do intervalo, numa fase em que o Chile não o justificava. Casillas defendeu o livre de Alexis, mas na recarga Aranguiz bateu o guardião espanhol, que voltou a não estar isento de culpas.
Eduardo Vargas festeja o primeiro golo Fonte: FIFA
Para a segunda parte, Del Bosque lançou Koke para o lugar de Xabi Alonso, que esteve irreconhecível. A equipa surgiu com mais intensidade e Alba esteve mais activo no flanco esquerdo, mas Bravo – talvez o melhor em campo – foi um obstáculo intransponível. Com o passar dos minutos, os campeões do mundo deixaram de acreditar na reviravolta e podiam ter sofrido o 3-0. Alexis e Vargas, que para além dos desequilíbrios ofensivos fizeram um trabalho incansável a defender, puseram em sentido a desorientada defesa espanhola. Até ao final, os chilenos limitaram-se a gerir a posse de bola perante uma equipa sem alma. Mérito para Sampaoli – hoje deixou as “loucuras” de lado e teve uma abordagem inteligente ao jogo – e, claro, para os jogadores chilenos, que cumpriram na perfeição as suas funções.
A Figura:
Charles Aranguiz – Foi decisivo neste encontro. Apesar de Bravo ter feito uma exibição espectacular na baliza, o médio fez uma assistência e um golo e confirmou as boas indicações deixadas na partida contra a Austrália. Um jogador com muita disponibilidade física, intenso na recuperação e que chega bem à área contrária.
O Fora-de-Jogo:
Espanha – Hoje, num jogo de tudo ou nada, veio a confirmação de que o desaire frente à Holanda não foi apenas um acidente. Foi mais uma exibição medíocre de uma equipa desgastada – tanto a nível físico como mental –, sem ideias e com jogadores a pedir férias (Casillas, Ramos e Xabi Alonso tiveram uma prestação horrível no Brasil). Del Bosque tem muitas culpas no cartório, não só por ter feito uma convocatória com base no estatuto dos jogadores, mas principalmente por ter falhado na abordagem aos jogos. Entrar com Busquets e Xabi Alonso num jogo em que precisava de ganhar demonstrou algum receio (podia perfeitamente ter lançado Koke de início) e tendo em conta o modelo de jogo da equipa seria preferível alinhar com Fàbregas como falso 9. Veremos se, depois desta fraca prestação, o seleccionador campeão mundial continuará no cargo.
A Austrália apresentou-se em campo em 4-2-3-1, depositando em Tim Cahill as esperanças australianas. Por sua vez, a Holanda optou por um 5-3-2, com os laterais bem abertos. Enquanto os primeiros necessitavam de pontuar neste jogo para poderem adiar para o último jogo com a Espanha o jogo que iria decidir, ou não, a passagem para a próxima fase da Campeonato Mundial 2014, os holandeses, ainda embevecidos com a vitória alcançada perante os bi-campeões europeus e actuais detentores do título mais cobiçado do futebol entre selecções – o de campeão mundial – previam uma tarefa, teoricamente, fácil. O favoritismo não se verificou no decorrer do jogo e pode-se assumir, até, que foi uma partida extremamente bem disputada entre ambas as selecções.
A primeira parte, tal como em grande parte do jogo, foi disputada muito “taco a taco”; a Holanda tentava utilizar as maiores ao seu dispor em Robben e Van Persie e a Austrália pressionava bastante, sendo que Cahill dava o exemplo. Uns primeiros quarenta e cinco minutos em que o meio campo holandês se mostrava fraco e, apesar dos nomes que tinha, muito pouco criativo e em que Leckie e, para não variar, Cahill provavam ser os jogadores mais perigosos do maior país da Oceânia.
Aos 20 minutos, numa jogada relâmpago protagonizada por Robben, o marcador era inaugurado e, logo de seguida e sem deixar os adeptos holandeses festejarem, Tim Cahill no minuto seguinte surpreendeu o mundo do futebol com um golaço digno de registo.
O resto da primeira parte continuou com inúmeras jogadas perigosas para ambos os lados. Bruno Martins Indi, jogador nascido no Barreiro, acabou por sair lesionado numa casa, depois de uma entrada fora de tempo por Tim Cahill, que iria levar um cartão amarelo. Depay acabaria por substituir o defesa holandês.
Com o começo da segunda parte da partida e a alteração forçada por parte de Louis Van Gaal a selecção jogava agora num 4-4-2 e as mudanças tácticas mostraram-se eficazes. Contudo, nem 10 minutos passaram e a Austrália, numa grande penalidade convertida por Jedinák, dava, pela primeira vez no jogo, a liderança ao seu país. Mas, como já tinha acontecido anteriormente no jogo, pouco tempo se prolongou esta vantagem e três minutos volvidos Robin Van Persie marcava, também ele, um belo golo na grande área.
Mais uma vez o jogo estava partido, com ambas as selecções a fazerem inúmeras jogadas perigosas perto das balizas adversárias. Foi aos 68 minutos que Depay desfez, até ao final do jogo, o empate e desferiu um remate com muito efeito que acabaria por entrar na baliza defendida por Langerakm, que ficaria mal na fotografia. De reparar que este golo foi no seguimento de uma jogada de muito perigo por parte da Austrália. Contudo, após o golo marcado por Depay, o jogo ficaria (ainda mais) partido, mas nunca conseguindo a Austrália empatar e dar alguma justiça ao resultado.
A Holanda começou como favorita, mas batalhou bastante para conseguir este triunfo perante uma lutadora Austrália. De acordo com o que foi o jogo, julgo que um empate teria sido mais merecido, visto que foi um jogo realmente muito disputado. Com esta derrota e com o amarelo mostrado à sua maior estrela, que a impede de jogar o próximo jogo, os australianos já não têm muitas esperanças para passarem para uma próxima fase.
Robben foi a figura mais perigosa por parte dos holandeses e mostrou estar numa forma realmente assustadora Fonte: facebook.com/fifaworldcup
A Figura:
Arjen Robben – O veloz extremo holandês jogou a um alto nível e está numa forma assombrosa. Mais uma vez foi o maior impulsionador do ataque holandês e foi o jogador mais perigoso da selecção.
O Fora-de-Jogo:
Meio campo holandês – Apesar de contar com nomes como Wesley Sneijder e Jonathan De Guzman, o sector do meio campo foi uma sombra do que é capaz e só com a entrada de Memphis Depay é que este sector se mostrou mais perigoso. A falta de um criativo e organizador de jogo como Rafael Van der Vaart fez muita falta neste jogo.
O Bola na Rede continua a acompanhar a par e passo o Campeonato do Mundo de Futebol! Finalizada a primeira jornada do Mundial do Brasil e depois de todas as Selecções terem sido já postas à prova, é hora de fazer um breve apanhado em relação ao que está para trás e lançar os próximos dias de competição.
Grupo A
A Copa abriu com país anfitrião a receber e bater a Croácia por 3-1. Apesar da vitória, o Brasil não convenceu (algo que voltou a suceder já no primeiro jogo da segunda jornada diante do México): apareceu uma equipa demasiado presa a um 4-2-3-1 pouco dinâmico, sem profundidade, e que vive sobretudo da inspiração da sua estrela-maior, Neymar. Por sua vez, ainda que derrotada, a Croácia fez um jogo competente e é natural que venha a crescer em termos de agressividade atacante com o regresso de Mandzukic.
No outro jogo do grupo, o México derrotou os Camarões por 1-0. Com um esquema 5-3-2 que facilmente se desdobra em 3-5-2, os mexicanos revelaram (e confirmaram ontem, diante do Brasil) uma boa organização defensiva e uma capacidade invulgar de carrilar jogo pelas laterais (Aguilar e Layun são fundamentais neste aspecto), ao qual aliam grande objectividade em termos ofensivos (Herrera, Guardado e Gio dos Santos estão em evidência). Já os Camarões se mantiverem o padrão de atitude e de (des)organização defensiva terão uma curta estadia no Brasil.
Grupo B
Num grupo em que há, claramente, três galos para dois poleiros, a Holanda humilhou a Espanha (5-1). A equipa de Van Gaal trocou completamente as voltas aos Campeões do Mundo apostando num 5-3-2 muito compacto e povoado no espaço interior e em que a capacidade de esticar jogo através de passes longos dos defesas à procura de Robben e Van Persie se revelou decisiva; resta saber se Van Gaal continuará a apostar neste padrão de jogo e se Blind, um dos destaques da primeira ronda, manterá consistência no seu rendimento. Quanto a ‘La Roja’, tudo o que lhe podia correr mal, correu. Em causa está agora a forma como a equipa responderá diante do Chile num jogo em que só a vitória serve – Del Bosque deixará cair Casillas ou Xavi e injectará sangue novo na equipa, dando-lhe outra capacidade de resposta e largura em termos ofensivos (Pedro poderá ser importante num conjunto que, hoje, se revela previsível)?
Manter-se-á Casillas na baliza de ‘La Roja’? Fonte: Fifa.com
Na outra partida do grupo, o Chile venceu a Austrália por 3-1 mas só a espaços conseguiu traduzir em bom futebol a expectativa em torno da sua equipa. Os centrais Jara e Medel sofrem muito quando o jogo ganha dimensão aérea e a equipa precisará de um Vidal com outra capacidade se quer ombrear com a Espanha. Do outro lado da barricada, a Austrália é uma equipa claramente limitada, vivendo na esperança de que Cahill tenha capacidade para ganhar bolas na área, invariavelmente servido por um Bresciano que mantem a classe mas já não tem dimensão física e por uma agradável surpresa (a confirmar) de nome Leckie.
Grupo C
No grupo teoricamente mais equilibrado do Mundial, um dos resultados foi tremendamente desequilibrado. A Colômbia bateu a Grécia por 3-0, mas, não obstante esse dado, nem tudo é bom em ‘Los Cafeteros’ nem tudo é mau na equipa de Fernando Santos: os colombianos demonstraram viver muito em função da visão de jogo de James (e da prodigiosa técnica e velocidade de Cuadrado) e só não tiveram mais problemas porque o espaço central esteve sempre bem protegido e guardado por Yepes e Zapata e, à sua frente, por Aguilar e Sanchéz; quanto aos gregos, revelaram-se organizados mas demonstraram sempre enorme dificuldade em saber o que fazer com a bola, não conseguindo mudar de velocidade (Fetfazidis pode vir a ser importante para alterar esta tendência) e em que jogadores como Katsouranis, Maniatis ou Salpingidis pouco acrescenta(ra)m.
No encontro que colocou frente-a-frente Costa do Marfim e Japão, a vitória sorriu aos africanos (2-1). Os costa-marfinenses apenas foram capazes de mostrar algo de substancial na última meia hora e muito à custa da aura de Drogba: foi a sua presença em campo (moralizou e levou a equipa consigo) e na área (juntou-se a Bony e essa parceria confundiu a defesa japonesa) que virou o jogo. Já o Japão, no seu esquema habitual de 4-2-3-1, mesmo dando sempre a sensação de controlar o jogo, nunca o conseguiu dominar, vivendo demasiado em torno de Honda. Para seguir em frente, terá de não ter receio de assumir a partida (chamando mais Kagawa e Okazaki), evitar que os centrais sejam expostos a lances aéreos e possivelmente apostar em Kakitani como referência ofensiva.
Grupo D
Referir-me à primeira jornada do grupo D é falar de dois grandes jogos. Surpreendentemente o Uruguai foi batido pela Costa Rica (1-3), numa partida em que os sul-americanos desiludiram: jamais tiveram capacidade para ligar o seu jogo e sentiram demasiado a falta do seu super goleador, Luiz Suaréz. Reverter a situação não é impossível mas é preciso tornar a equipa mais compacta – como era o ‘Uru’ do Mundial’2010 ou da Copa América’2011 –, recuando Forlán (mesmo sabendo que não é o mesmo jogador de outrora) e recuperando o seu nº 9. Por outro lado, a Costa Rica foi a mais bela surpresa da Copa até à data: arrumada num invulgar 5-2-2-1 tem em Keylor Navas o seu porto de abrigo mas é Joel Campbell o seu elemento mais excitante, com uma capacidade técnica e explosiva anormais, aos quais se alia a classe de Bryan Ruiz.
O Uruguai precisa de Luiz Suárez. Fonte: Fifa.com
Se o primeiro foi bom, o segundo foi ainda melhor: a Itália bateu a Inglaterra por 2-1, naquele que é, provavelmente, o melhor jogo do torneio até ao momento. Os ingleses até convenceram – ter quase metade da equipa do Liverpool ajuda –, com um futebol ofensivo, pontuado pela classe de Gerrard e de Rooney e com a velocidade e o rasgo de Welbeck, Sterling e Sturridge, mas não conseguiram vencer. Trocar Henderson por Wilshere (ou mesmo Lampard) poderá deixar os britânicos mais perto dos primeiros três pontos. Que, em abono da verdade, só não lograram porque do outro lado esteve a Itália: a Itália que domina, controla e especula com o jogo, conforme os seus intentos a cada momento, fazendo-o como mais ninguém. Pirlo parece que tem 25 anos, e depois há De Rossi, Marchisio, Candreva ou Balotelli. Ou, se calhar, mais – a Itália parece que joga sempre com mais.
Grupo E
Na sua primeira jornada, o grupo E ficou marcado por dois jogos bastantes distintos. O Suiça 2-1 Equador revelou-se emotivo até ao final, contrapondo uma equipa helvética que viveu sobretudo das incursões dos seus dois laterais (Lichtsteiner e Rodriguez) e da veia goleadora dos homens que saíram do banco (Mehmedi e Seferovic, que, pela sua performance, merecem ser considerados para o próximo onze inicial) mas que, durante muito tempo, se mostrou apática e inconsequente, a um Equador que fez por merecer outro empate: o seu 4-4-2, facilmente desdobrável em 4-2-4, viveu muito do manancial técnico de Montero, numa equipa recheada de bons talentos (Ayovi, Paredes, Noboa e os dois Valência) e que irá, por certo, dar luta até final.
Na outra partida, as Honduras foram uma presa fácil para a França (0-3). Os hondurenhos chegaram a demonstrar capacidade de condicionar a França e esticar o jogo (através de Bengston e Costly) mas a expulsão de Palacios deitou tudo a perder. Já a equipa de Didier Deschamps, num 4-3-3 perfeitamente definido, tem um meio-campo de alta rotação (Matuidi, Cabaye e Pogba) e um Benzema a jogar a toda a largura – neste sentido, a entrada de Giroud para o espaço ‘9’, por troca com Valbuena, e a deslocação do jogador do Real Madrid para outros terrenos pode dar à França mais qualquer coisa.
Grupo F
A primeira jornada do Grupo F ficou marcada pela vitória da Argentina sobre a Bósnia (2-1) mas sobretudo pelas invenções do seleccionador do país do tango. Sabella foi a jogo com um inaudito 5-3-2 e com uma equipa claramente dividida em dois: sete praticamente só defendem, quatro só atacam. Não fosse o autogolo de Kolasinac e o jogo poderia ter sido bem mais complicado para Messi e companhia, mesmo que o regresso ao 4-3-3 (ou 4-4-2 losango, com o astro argentino no vértice ofensivo) não tenha ocultado as grandes dificuldades de organização e controlo do jogo. Do lado da Bósnia, esperava-se mais de uma equipa que tem vários elementos de categoria mas que se limitou a fazer um jogo pouco imaginativo e profundo. A entrada de Ibisevic deu outra agressividade atacante, pelo que é lógico o seu surgimento a titular na próxima partida.
Mesmo no caos, Messi ajudou a resolver. Fonte: Fifa.com
O primeiro nulo do Brasil’2014 chegou com o Irão-Nigéria. Um jogo com pouca história e que se resume a uma estratégia de resiliência montada por Carlos Queiroz, com linhas bem próximas e procurando entregar as despesas do jogo, condicionando-o, à turma nigeriana. O objectivo foi plenamente atingido e o estratagema irá por certo manter-se nas próximas partidas. Por sua vez, a Nigéria lidou mal com o papel de comandante da partida – é uma equipa que vale sobretudo pela velocidade dos seus homens da frente, pelo que, retirando-lhes espaço, rouba-se-lhes a capacidade de fazer a diferença no jogo. É, pois, possível que frente a Argentina e Bósnia se sinta mais confortável e, quiçá, consiga fazer uma gracinha.
Grupo G
No grupo de todos nós, a primeira partida de Portugal no Mundial dificilmente poderia ter corrido pior. O resultado de 4-0 é, por demais, elucidativo do que a equipa de Paulo Bento (não) fez, mesmo que seja fruto de incontáveis circunstâncias e episódios. Com os EUA aí à espreita, é imperioso que o grupo se reabilite em termos emocionais e que o seleccionador prepare uma verdadeira estratégia. Com tanto imponderável, Beto deveria assumir a baliza, Neto emparelhar com B.Alves, Veloso derivar para a lateral esquerda, William voltar à posição ‘6’ e Éder ser a aposta atacante. Do lado da Alemanha, nem Low sonharia com tanto! A inclusão de jogadores móveis na frente de ataque foi decisiva (Muller e Gotze estiveram impecáveis) e o roubo do espaço predilecto de Ronaldo revelou-se fundamental. A equipa germânica tem a qualificação na mão, tendo sido, possivelmente, a equipa que maior qualidade de jogo apresentou.
A outra partida da primeira jornada deste grupo desembocou numa vitória dos EUA sobre o Gana (2-1). Os norte-americanos foram tremendamente felizes mas o certo é que foram também imensamente competentes: defenderam-se sempre com oito homens atrás da linha da bola, com duas linhas de quatro bem próximas, redundando num bloco bastante organizado e coeso. Dempsey tem muita qualidade, Jóhannsson substituirá o lesionado Altidore mas foi Beckerman quem encheu o campo e as medidas: o médio defensivo está no encalce de todas as bolas e lances. Do lado do Gana, este foi um jogo inglório: sofreu um golo ao minuto 3, assumiu por completo o jogo, desperdiçou e viu o empate fugir-lhe por entre os dedos. Num conjunto com vários jogadores de qualidade, Atsu (ex-FC Porto) e Asamoah estiveram em plano de evidência.
Grupo H
No último grupo a entrar em campo, a primeira jornada ofereceu uma vitória da Bélgica sobre a Argélia (2-1). Ao contrário do que era expectável, os belgas tiveram muita dificuldade em assentar o seu jogo, marcadamente lento e inofensivo durante a primeira parte. A diferença esteve sobretudo no banco: a largura dada por Mertens e a dimensão física e aérea trazidas por Fellaini fizeram cair o jogo para o conjunto de Wilmots. Por sua vez, a equipa da Argélia demonstrou ter uma estratégia bem delineada: condicionar o jogo belga e tentar sair em transição, sobretudo pelo lado esquerdo. Ter bons intérpretes, como Ghoulam, ajudou durante um certo período mas, nos próximos jogos, se quiser passar, a Argélia tem de ter outra acutilância ofensiva – Ghilas ou Slimani poderão ser importantes peças.
Mertens foi preponderante na vitória da Bélgica sobre a Argélia. Fonte: Fifa.com
O empate entre Rússia e Coreia do Sul (1-1) reflecte bem a contraposição entre as duas equipas. Os russos, num 4-3-3 bem definido, têm claro dedo de Capello no processo defensivo: são uma equipa que, em organização defensiva, está sempre bem posicionada e não permite grandes veleidades. Todavia, chegar à frente ainda é complexo, algo acentuado após a lesão de Shirokov. Abrir a frente de ataque com Kerzhakov e Dzagoev resultou plenamente ontem mas dificilmente se irá repetir (pelo menos desde o inicio) diante da Bélgica. A Coreia do Sul surpreendeu positivamente: enquanto teve capacidade física, os coreanos apostaram num 4-2-3-1 muito pragmático, com um futebol rápido e positivo, mas, como tradicionalmente, com problemas ao nível da finalização. Heung-Min Son é sempre o homem mais perigoso e pode fazer com que a equipa asiática tenha uma palavra a dizer neste grupo.
Hoje escrevo-vos directamente da praia do hotel onde estou alojado, em Porto Seguro (próximo destino: Salvador). Estou sentado na areia com o computador ao colo, deixando-me levar pelo calor de uma noite fantástica – como sempre – e há uma festa aqui mesmo ao lado que me está a oferecer a banda sonora perfeita para o diário desta Quarta-Feira. Por isso, melhor cenário não poderia pedir.
O assunto do dia foi obviamente o jogo do Brasil. Não pude assistir ao desafio inaugural da Copa, por me encontrar a trabalhar, e hoje não podia perder a oportunidade de viver um momento destes junto dos brasileiros. E confirma-se que eles são tão ou mais fanáticos do que nós quando joga a canarinha. É a loucura total. Um bar de praia completamente cheio, com homens, mulheres e crianças equipados de verde e amarelo a vibrar com cada lance que acontece próximo da baliza adversária. Sobretudo quando Neymar tem a bola. A desilusão pelo nulo foi evidente, mas sobraram elogios de quase todas as mesas para o portista Herrera e isso foi o suficiente para sair de lá satisfeito. Apesar de tudo, é um jogador que actua na nossa liga e, quer queiramos quer não, temos sempre um fraquinho pelos atletas que conhecemos quando acontecem estas grandes competições.
E já que falo em Porto Seguro, deixem-me contar-vos também esta pequena curiosidade que certamente não passa para a comunicação social (muito menos a portuguesa): as selecções da Suíça e da Alemanha estão cá alojadas, a uma distância de pouco mais de 10 quilómetros e separadas por um rio que só é possível atravessar de ferry boat. Como é óbvio, sobretudo por se tratar de uma cidade pequena e pouco habituada a estas andanças, a população acolheu estas duas equipas de corpo e alma e torce por elas quase como torce pelo Brasil. Escusado será dizer que, durante o jogo de Portugal, eu mudei de ambiente mais do que uma vez para não ter de me chatear: comecei por ver o jogo numa esplanada, passei para a recepção do hotel e terminei sozinho no quarto. Eram demasiados brasileiros a gritar “gol” para eu me conseguir aguentar sem abrir a boca, mas pode ser que Ronaldo e companhia ainda lhes venham a dar um pequeno desgosto mais lá para a frente. Vá lá que eu saí do bar hoje com um sorriso no rosto quando o árbitro do Brasil-México fez soar o apito final… cá se fazem, cá se pagam.
Rússia vs Coreia do Sul, último jogo da 1ª jornada da fase de grupos deste Mundial 2014, Arena Pantanal, em Cuiaba, com as bancadas quase cheias. Num grupo em que não existe nenhum colosso (apesar da qualidade da Bélgica), russos e sul-coreanos entraram em campo sabendo que entrar a ganhar seria importantíssimo.
E se alguém pensava que a Rússia iria vencer facilmente, tendo em conta o seu bom lote de jogadores e a qualidade do seu seleccionador, Fabio Capello, enganou-se redondamente. A Coreia do Sul, que claramente não tem uma equipa ao nível doutros anos, fez das fraquezas autênticas forças e de uma forma muito compacta impediu que a Rússia fosse um conjunto muito perigoso. Aliás, o primeiro tempo desta partida foi bastante fraco, não havendo praticamente oportunidades de golo, e para isso muito contribuiu a inoperância russa. Com um futebol lento e previsível, quase a roçar o desértico, a equipa orientada por Capello raramente conseguiu ultrapassar a defensiva da selecção asiática, que, diga-se em abono da verdade, quase não criou perigo nos primeiros 45 minutos.
E assim se chegava ao intervalo, com um nulo justíssimo, castigando o mau futebol praticado pelas duas formações e com a Rússia a não provar o porquê de ter passado à fase final do Brasil 2014 num grupo que contava com a selecção portuguesa.
Quando o jogo parecia bloqueado, Akinfeev tratou de o desbloquear Fonte: Getty Images
A Rússia entrou mais decidida na etapa complementar, com um futebol mais rápido e envolvente, procurando provocar desequilíbrios no último reduto da equipa sul-coreana. Contudo, a Coreia do Sul também começou a tornar-se mais atrevida, saindo quase sempre para o contra-ataque com perigo, chegando mesmo a ter alguns momentos de domínio territorial. Até que aos 68 minutos, num remate de meia-distância de Lee Keun-Ho que parecia inofensivo, Akinfeev falhou rotundamente, dando um frango monumental, adiantando assim a selecção asiática no marcador. Um tremendo erro que mexeu completamente com o jogo.
Fabio Capello reagiu de pronto a este choque, colocando Kerzhakov em campo, e a verdade é que o avançado do Zenit, num lance confuso, restabeleceu a igualdade aos 74 minutos, colocando alguma justiça no resultado. Daí para a frente, o jogo foi emocionante, não muito bem jogado, com o perigo a rondar mais a baliza da Coreia do Sul, mas nem por isso com os sul-coreanos a abdicarem do ataque, revelando sempre rapidez de processos.
Contas feitas, empate a uma bola que se justifica, numa partida que opôs uma Rússia a alguma distância daquilo que pode e deve fazer a uma Coreia do Sul voluntariosa, que revelou aqui e ali alguma qualidade de jogo, e que pode ter por isso uma palavra a dizer neste grupo H.
A Figura Coesão da Coreia do Sul – Bem estruturada, com processos simples, a equipa sul-coreana raramente deu azo a que a Rússia provocasse grandes estragos. Mesmo estando algo na sombra neste Mundial, mesmo sendo um conjunto pouco falado, sem grandes estrelas, a verdade é que esta Coreia do Sul provou que tem qualidade, em especial na 2ª parte, em que assustou, e de que maneira, a formação russa.
O Fora-de-Jogo Erro de Akinfeev – O experiente guarda-redes russo deu um frango do tamanho do estádio, prejudicando a sua equipa. Claro que todos os atletas podem errar, e Akinfeev já provou em variadíssima ocasiões que é um excelente guarda-redes, mas isso não apaga o erro pouco admissível numa fase final de um Campeonato do Mundo e que só não teve piores consequências para a sua equipa porque Kerzhakov marcou um golo quase caído do céu, num lance às três tabelas.
Depois dos dois primeiros jogos do Mundial, que colocaram em causa a arbitragem da competição, eis que se voltou a apitar para que a bola rolasse no grupo A. Os vencedores da primeira jornada encontraram-se, sem grandes surpresas na abordagem do jogo. À excepção da saída de Hulk e da entrada de Ramires, os sistemas de ambas as formações foram os expectáveis.
Na primeira parte, o nulo justificou-se. Apesar de terem existido oportunidades de parte a parte, não houve verdadeiramente um desequilíbrio que forçasse o marcador a ser outro a meio do jogo. Óscar, numa fase inicial, e Neymar, também de uma forma ocasional, indiciaram querer pegar no jogo, mas a explosão do jogo não se deu e os golos não apareceram. É de assinalar a oposição de Ochoa ao remate de Neymar quando se jogava o minuto 26. A defesa do mexicano ao remate do número 10 é uma das melhores deste Mundial. O Brasil conseguiu uma melhor gestão com bola, em tempo e qualidade; o México apostou mais na longa distância. Destaque ainda para a organização defensiva da turma mexicana e para a capacidade de anular as transições e investidas canarinhas.
Ochoa foi a grande figura do encontro Fonte: Getty Images
Ao intervalo, Scolari mexeu na equipa. Apostando na velocidade, retirou Ramires e lançou o jovem Bernard. Mantendo uma coesão táctica assinalável, o México mostrou-se ainda assim ousado e investiu no sentido da baliza brasileira. Um Brasil sem grande personalidade permitiu uma ascensão mexicana, que continuava a apostar na longa distância. Guardado, Vázquez, Dos Santos e Herrera apontaram a mira à baliza de Júlio César, que aguentou o nulo. Numa fase em que o México apresentava mais perigo, Scolari refrescou o ataque e substituiu Fred por Jô, e a verdade é que este foi um ponto de inflexão do jogo. Não propriamente em termos de sistema (foi a chamada “troca por troca”), mas eu termos anímicos. O Brasil começou a acreditar mais, a jogar com mais confiança, a conseguir conquistar mais espaço no contra-ataque e a tendência do jogo alterou-se. O treinador mexicano, Miguel Herrera, respondeu lançando Chicharito e retirando Peralta do jogo. Ambos os treinadores ainda voltaram a mexer: no Brasil, entrou Willian por Óscar; no México, Fábian compensou Herrera e Dos Santos cedeu lugar a Jiménez.
No entanto, o clímax do jogo estava guardado para os minutos finais. Com o jogo mais aberto e sem a concentração de toda a partida, ambas as selecções esgotaram os últimos cartuchos. Valeram Ochoa e Júlio César, numa verdadeira apoteose futebolística. O empate sem golos esconde as oportunidades e a vontade das duas formações de se isolarem no grupo A. O México tem possibilidade de chegar aos oitavos-de-final pelo futebol e pela vontade que apresenta, no entanto, considerando a ameaça que é a Croácia (à data, com menos um jogo), podemos afirmar que o Brasil tem esse caminho mais facilitado. As contas estão longe de estar fechadas no grupo do anfitrião da festa do futebol.
A Figura:
Ochoa – o guarda-redes mexicano fez milagres neste jogo. É essencialmente dele a responsabilidade de o México ter saído da partida com um ponto.
O Fora-de-Jogo:
Ramires – não conseguiu aproveitar a titularidade e saiu ao intervalo. Teve pouco tempo e não conseguiu influenciar como seria de esperar.