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O artista e a bola

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Para os ávidos consumidores de conteúdos – artísticos, informativos ou outros – é sempre difícil perceber até que ponto a realização humana que experienciam pode, ou não, ser considerada uma obra-prima. A dúvida persiste sempre. É um bom exercício que nos persegue até ao fim da nossa (curta) vida. Então, simplesmente, para alguma realização ser considerada arte, basta que esteja assinada. Seja ela de que tipo for. “Claro que isso é algo idiota!”, pensaremos nós. Bom, mas o que é certo é que algo assinado é algo obrado. Ponto final. E fazemos um parágrafo.

O mesmo se passa com a posição do base, no basquetebol. Ele assina as jogadas mais magistrais e mirabolantes, algumas nem sequer presentes no espetro do imaginário de uma única alma. Claro que ninguém joga sozinho. É um desporto coletivo. Precisa dos seus colegas. De alas. De um poste. Mas ele é um artista com a bolinha na mão e pelotas nos pés. O jogo de pés é importante. Tal como um bom boxeur. Sem ver isso, o jogador adversário perde a noção do espaço. E perde de vista o rival.

O número mágico, geralmente, a que se associa este tipo de jogadores é o cinco. Diferentemente do futebol, por exemplo, em que é o 10. Talvez por o número representar o total de jogadores com que se joga este ludo. É impossível ouvir expressões do tipo “nesta equipa és tu e mais dez!”. No máximo, seria: “és tu e mais quatro, porque se formos meia dúzia jogamos com um a mais.”. E continuaria.

Base, o jogador mais tecnicista da equipa lucia desporto.blogspot.com
Base, o jogador mais tecnicista da equipa lucia
desporto.blogspot.com

Mágicos estonteantes, assim são estes autênticos artífices. Resolvem jogos. Levantam pavilhões. Mas sobretudo são os grandes artesãos na construção do ponto. Jogar com a bola na mão parece fácil. Mas os bases talentosos parecem autênticos símios no que toca ao manejar do objeto esférico, tal a facilidade com que driblam.
Quando li a saga O Silmarilion, O Hobbit e O Senhor dos Anéis, para além de ter a felicidade de degustar uma aventura estonteante, pude aprender uma coisa: quando a coisa fica feia, a ajuda vem sempre daqueles de que menos estamos à espera. Os mais fracos, no fundo. Fracos em termos de físico, não em termos de coração. Como Spartacus disse um dia: “os combates não se ganham pela força, mas pela vontade”. É isso que os bases têm a seu favor. A discrição. A baixa estatura (na maioria dos casos). O fator surpresa. Enfim, o grande armador de jogo. Como se fosse um estratega militar. Fim do momento cromo.

E agora deixemos os bases deste mundo descansar. Na sua base, quem sabe. Longe de os querer incomodar, mas já incomodando, pois, com a assinatura, mal ou bem, esta peça transformar-se-á também numa obra. Fraca. Mas arte. Tal como os seus passes, dribles e cestos.

FC Porto 1-1 Austria de Viena: Dragão das Tormentas, parte II

eternamocidade

E ao terceiro dia, nada mudou. Talvez não haja melhor descrição para analisar mais um empate do FC Porto em casa, desta vez frente ao Áustria de Viena. Olhando para trás na história, facilmente verificamos que este jogo teve muitas semelhanças com a última partida, no último sábado, frente ao Nacional. O resultado foi o mesmo e o marcador de serviço também: Jackson Martinez.

Mas vamos por partes: à entrada para esta 5ª jornada do Grupo F da Liga dos Campeões, o FC Porto entrava com um sorriso nos lábios. Afinal de contas, o Zenit tinha acabado de empatar 1-1 em casa frente ao Atlético de Madrid. Não era preciso, portanto, ser um grande entendido em matemática para perceber que, a partir daquele momento, o FC Porto dependia apenas de si para rumar aos oitavos-de-final. Olhando para o panorama que se colocava aos dragões, aquilo que os 25.000 que se deslocaram ao Dragão esperavam era um FC Porto mandão, autoritário, que dominasse e sufocasse os austríacos, que pareciam um adversário demasiado frágil. Contudo, e como o resultado documenta, quem foi à espera de ver isso no Dragão, ficou com os planos completamente trocados.

Danilo vs Áustria de Viena
Desapontamento de Danilo / Fonte: Record

Escrevi no passado domingo que este FC Porto está completo de falhas que têm impedido o futebol de posse, de domínio e sobretudo de vitória a que o tri campeão nacional nos habituou. A primeira parte do jogo de hoje foi o espelho mais concreto daquilo que atualmente vale esta equipa: sem ideias, sem imaginação, sem magia. Uma equipa à deriva, a afundar-se no decorrer dos primeiros 45′.

Houve mais um erro individual a dar golo ao adversário: desta vez, depois de Mangala e Otamendi, foi Danilo. Golo de Kienast aos 11′, 0-1 para os austríacos. O Dragão tinha, mais uma vez, levado com um balde água gelada e, mais uma vez, via a sua equipa a desmoronar-se entre ideias que parecem já ter solução. Com Defour e Fernando de novo a desempenharem o papel de duplo pivô que apenas Paulo Fonseca parece perceber, com Maicon e Licá nos lugares de Otamendi e Varela, o FC Porto chegou ao intervalo mergulhado num mar de assobios.

Jackson Martínez vs Áustria de Viena
Jackson Martínez / Fonte: Reuters

No segundo tempo, Silvestre Varela rendeu Defour e a equipa voltou transfigurada. Com velocidade e outro dinamismo, Jackson fez o golo que parecia relançar os dragões para uma vitória fundamental rumo aos oitavos. Outra vez, puro engano: voltou o fantasma do último sábado, com oportunidades consecutivas a serem desperdiças e o guarda-redes adversário Lindner a colher os tributos da noite.

Feitas as contas, só uma vitória em Madrid e um resultado que não a vitória do Zenit em Viena podem dar a este FC Porto os oitavos-de-final da Champions. Mas, caro leitor, permita-me esta inconfidência: cá para nós, que ninguém nos ouve, não creio que uma equipa que faça 1 ponto em 9 possíveis em casa mereça lá estar. Hoje, o Dragão das Tormentas voltou, numa segunda parte para jamais recordar.

Não deixemos que o filme de 2011/2012 se repita

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O Sexto Violino

Novembro de 2011. O Sporting vence a União de Leiria em casa e termina o primeiro terço do campeonato com 23 pontos, a um dos líderes Porto e Benfica. O golo de Wolfswinkel e o bis de Matías Fernández davam ao clube a sétima vitória consecutiva para o campeonato e colocavam os adeptos em festa, ainda que esta fosse refreada pela grave lesão contraída por Rinaudo dias antes. Mas apesar de todos os contratempos e não obstante ter sido gravemente prejudicado pela arbitragem em duas das três primeiras jornadas – nunca é demais lembrar que este é, muito provavelmente, o único clube do mundo que já foi alvo de dois boicotes por parte dos árbitros, o último dos quais em Agosto desse ano –, a verdade é que o Sporting estava, por essa altura, colado aos rivais, e não lhes dava descanso.

O clube tinha ido a votos escassos meses antes. Godinho Lopes havia ganho a presidência de forma polémica, mas tinha investido na equipa de modo a muni-la de jogadores com qualidade suficiente para conseguir, pelo menos, a qualificação para a Liga dos Campeões. As exibições dos homens de Domingos Paciência entusiasmavam os adeptos como há muito não se via e quase tudo parecia estar a correr bem, ao ponto de haver até quem já falasse no título. Mas a lesão de Rinaudo tinha sido um prenúncio do que aí vinha. No dia 26 desse mês de Novembro (curiosamente cumprem-se hoje dois anos sobre essa data) o Sporting foi jogar à Luz, sabendo que uma vitória significava ficar dois pontos à frente do Benfica. Porém, os falhanços de Elias, um penalti não assinalado sobre Onyewu e uma falha de marcação numa bola parada ditaram a derrota por 1-0. A partir daí, as exibições do Sporting, que já tinham vindo a perder gás, tornaram-se cada vez mais cinzentas. Um mês depois, a equipa já estava a 6 pontos do líder, e, em Fevereiro, uma sequência de três vitórias em 13 jogos motivou a saída de Domingos e a entrada do novato Sá Pinto. O Sporting acabou o campeonato em quarto lugar, a 16 pontos do Porto e sem direito a participar na Liga Milionária.

Serve esta viagem no tempo para recordar os sportinguistas mais eufóricos de que a fase que vivemos hoje está longe de ser irreversível, como nos provam os acontecimentos de há dois anos. É certo que muita coisa mudou entretanto no Sporting e que há várias diferenças entre estes dois casos: Bruno de Carvalho não é Godinho Lopes (com tudo o que isso implica); a época e os gastos que lhe são adjacentes foram planeados com muito mais rigor e contenção do que em 2011; e ninguém da actual estrutura ou equipa técnica falou na conquista do título como um objectivo a atingir. Mas as semelhanças também são evidentes, sobretudo no que diz respeito às expectativas que as boas exibições foram criando nos adeptos, e não me sentiria bem se não alertasse para os perigos que, a meu ver, essa realidade acarreta.

Há duas épocas, o optimismo excessivo deu lugar à desilusão. É isso que devemos evitar este ano / Fonte: ojornalismoeodesporto.blogspot.pt/
Há duas épocas, o optimismo excessivo deu lugar à desilusão. É isso que devemos evitar este ano / Fonte: ojornalismoeodesporto.blogspot.pt/

Hoje, como há dois anos, estamos com os mesmos 23 pontos ao cabo das mesmas 10 jornadas, e de novo a um ponto do topo. Leonardo Jardim tem feito mais do que eu julgaria possível, e o triunfo em Guimarães, conseguido com ajuda da famosa “estrelinha” que há tanto tempo nos fugia, fez vários adeptos admitirem pela primeira vez que consideram o Sporting candidato ao título. É óbvio que nada me faria mais feliz do que olhar para a classificação no fim de Maio e ver o Sporting em primeiro lugar, mas até lá há ainda um longo caminho a percorrer. Não nos podemos esquecer de que a maior parte dos jogos está ainda por disputar e, sobretudo, de que há escassos seis meses estávamos a concluir a nossa pior época de sempre. Há uma razão simples para o presidente e o treinador se recusarem a assumir a candidatura: um punhado de vitórias não apaga quatro anos desastrosos, e ambos sabem que o Porto e o Benfica continuam alguns degraus acima de nós. Talvez neste momento essa realidade esteja um pouco mais esbatida – até porque temos jogado tão bem ou melhor do que eles –, mas, pelo menos a nível de experiência e consolidação de estruturas (para não falar na parte financeira), o Sporting está ainda num patamar inferior. É, portanto, mais do que natural que não sejamos campeões.

Assim sendo, a última coisa que quero, enquanto sportinguista, é que o meu clube seja atingido por aquilo a que chamo o “síndrome benfiquista”, ou seja, milhares de adeptos de peito inchado a falar antes do tempo e a celebrar desde antes do Natal conquistas que acabam por não se concretizar. Foi esse desfasamento da realidade de que muitos benfiquistas padecem que, mesmo depois de uma época terrível do Sporting, me deu motivos e alento para entrar nas picardias da praxe quando chegou a hora. Mas é também esse desfasamento da realidade que não podemos deixar que tome conta dos nossos adeptos. O Sporting não está habituado a ganhar, pelo que uma série de resultados menos positivos pode fazer com que os mesmos adeptos que hoje nos colocam no grupo dos candidatos entrem numa depressão exagerada e com consequências nefastas para a equipa. Em parte foi isso que aconteceu há dois anos. Nem somos a melhor equipa do mundo em Novembro, nem seremos com certeza um clube de coitadinhos em Maio. Temos, isso sim, de percorrer o nosso caminho com realismo e com a mesma humildade de sempre, pois só assim poderemos voltar a encarar os bons resultados com a naturalidade característica dos adeptos de grandes equipas.

Com uma Lima destas não se faz caipirinhas

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Glóbulos Vermelhos

Além de ser do Benfica, gosto bastante de beber uns copos. Duas qualidades essenciais na formação de qualquer homem. Ah, e convém saber apreciar um belo prato de favas. Posto isto, o crescimento vai sendo natural. O bigode ganha forma, a barba adensa-se e o passo seguinte é natural: estar de balde de caipirinha na mão encostado a uma qualquer parede do Bairro Alto ou Cais do Sodré.

E as caipirinhas têm muita ciência. Primeiro, há que picar bem o gelo. Depois é cortar a lima em quartos e colocar no fundo do copo, para que esta, suculenta e com bastante sumo, dê sinais do seu sabor único à cachaça que ainda está para vir. É um bocado isso. Uma lima pode ser madura mas não pode ser velha. Pode estar suja, mas não pode estar azeda. Se isso acontece não há gelo que sirva nem cachaça que faça uma boa caipirinha. E fazer uma caipirinha má é fácil. Pelos vistos, basta largá-la sozinha no meio de quatro limões num qualquer pomar de Braga e esta sente-se sozinha, insuficiente, foge com tudo o que pode para as extremidades do quintal, sem entender que se precisa dela é no centro, isto quando não tem uma outra a acompanhá-la, claro.

Lima pede ajuda aos Deuses / Fonte: benficaeternoscampeoes.blogspot.com
Lima pede ajuda aos Deuses
Fonte: benficaeternoscampeoes.blogspot.com

Resumindo, Lima é um ponta-de-lança que respeito, que luta sempre, que não baixa os braços, que, diga-se, tem muita qualidade. Não deixa de ser uma peça importante no plantel do Benfica – pense-se na sua influência no jogo com o Gil Vicente, por exemplo – e que é apreciado nas bancadas. Podemos pensar nisto como uma má fase do brasileiro, que todos os jogadores têm, mas também não podemos deixar de pensar que vem em péssima altura, quando este devia assumir os golos quando Cardozo não está. Esperemos que seja tudo passageiro. Que esta Lima fique com o paladar no ponto. E que seja já em Bruxelas.

Uma dupla em ponto de rebuçado

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internacional cabeçalho

Para quem está atento ao futebol internacional, os nomes de Andriy Yarmolenko e Yevhen Konoplyanka certamente não serão estranhos. Os dois jogadores, ambos de 24 anos, são as principais figuras da nova geração ucraniana e estão numa fase da carreira em que a liga interna já começa a ser pouco competitiva para tanto talento. E há tantas equipas dos principais campeonatos europeus a precisar de alas desequilibradores…

Para tentar contrariar a hegemonia do Shakhtar Donetsk, o Dínamo de Kiev investiu bastante no último defeso. Chegaram à capital ucraniana nomes como Mbokani, Belhanda ou Dragovic, mas a principal referência da equipa continua a ser um jogador da casa: Andriy Yarmolenko, que tem demonstrado uma eficácia tremenda na finalização e já leva 11 golos marcados nesta temporada. Está a justificar uma mudança para uma liga como a inglesa, por exemplo, onde as suas características encaixariam na perfeição. O esquerdino impressiona pela forma como conjuga capacidade física com qualidade técnica. É fortíssimo no 1×1 e protege a bola como poucos. Pode actuar em qualquer um dos flancos, embora, a meu ver, renda mais do lado direito – um dos seus pontos fortes são as diagonais para o corredor central.

Yarmolenko tem sido o melhor jogador do D.Kiev / Fonte: www.soccertransfers.net
Yarmolenko tem sido o melhor jogador do D.Kiev / Fonte: www.soccertransfers.net

O Dnipro é um emblema que, nos últimos anos, tem evoluído imenso no panorama ucraniano. A equipa orientada por Juande Ramos tem vários jogadores de qualidade, mas a grande estrela é, indiscutivelmente, Yevhen Konoplyanka. Tal como Yarmolenko, o extremo actua no flanco oposto ao seu pé preferencial – o direito -, o que permite potenciar as suas principais qualidades: a velocidade na condução de bola e a facilidade de remate. O Paços de Ferreira é uma das vítimas do craque, que tem, até ao momento, 7 golos marcados (2 deles à equipa portuguesa). Percebe-se, portanto, que está a ser uma época em que Konoplyanka está a mostrar, mais uma vez, que tem um talento muito acima da média.

Konoplyanka marcou 2 grandes golos ao Paços / Fonte: uk.eurosport.yahoo
Konoplyanka marcou 2 grandes golos ao Paços / Fonte: uk.eurosport.yahoo

Rivais no campeonato ucraniano, colegas na selecção nacional. Apesar de serem ainda bastante jovens, Yarmolenko e Konoplyanka são internacionais AA há vários anos. A dupla era a grande esperança da Ucrânia em apurar-se para o Mundial 2014, no entanto, a vitória por 2-0 na primeira mão não chegou para ultrapassar a congénere francesa. É verdade que seria uma pena não ter Ribéry, Nasri, Pogba ou Benzema no Mundial do Brasil, mas não tenham dúvidas de que Yarmolenko e Konoplyanka também deixam a competição mais pobre. Já para não falar de que seria uma oportunidade excelente para, de uma vez por todas, convencerem um clube que dispute regularmente a Champions League a contratá-los. Estou em crer que está para breve. Poderá obrigar a um investimento considerável, mas são apostas seguras. Na verdade, até há um emblema português (lá mais para o Norte) que necessita urgentemente de um extremo de topo…

A Fonte arrisca, mais uma vez, na Challenge Cup

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cab Volei

A Associação de Jovens da Fonte do Bastardo (AJFB) – referindo-me à equipa de seniores masculinos da ilha Terceira, nos Açores – conta, com esta época, três participações consecutivas na Challenge Cup, uma prova que se realiza com um “elenco” constituído por vários clubes europeus e cuja estreia foi em 1980/1981 (então denominada CEV Cup).

Diria “arriscar”, pois apenas em 2012 a Fonte conseguiu um apuramento para os dezasseis-avos de final e este ano já conta com uma derrota em casa, perante o Euphony Asse-Lennik da Bélgica. A AJFB defronta Quarta-feira, no Sportcomplex Molenbos, na Bélgica, o Euphony Asse-Lennik, em jogo da segunda mão da 2.ª Ronda da Fase de Qualificação da Challenge Cup.

AJFB x Euphony Asse-Lennik, jogo disputado até aos limites ("negra")  http://ajfontebastardo.blogspot.pt
AJFB x Euphony Asse-Lennik, jogo disputado até aos limites (“negra”)
Fonte: ajfontebastardo.blogspot.pt

A situação desejada agora (bem como o consequente apuramento para os tão desejados dezasseis-avos de final) é a de vencer o próximo jogo por 3-0 ou 3-1; se derrotarem os belgas pela margem mínima, terão de disputar um set de desempate (Golden Set).

A Fonte do Bastardo mostrou um certo “impasse” este ano, com uma derrota por 3-2 na Supertaça com o Benfica e uma vitória que os isolou na primeira posição do campeonato, por 3-0, também com o Benfica. Se a vantagem para o marcador voltasse no próximo confronto, sem a necessidade de chegar à margem mínima entre sets, era meio caminho andado para uma participação mais tranquila (e bem preparada) nos dezasseis-avos.
São sempre bons estes balanços no marcador favoráveis à Fonte, especialmente como forte representante dos terceirenses, e daqueles que gostam de voleibol nas nove ilhas dos Açores.

Para o capitão da seleção portuguesa, João José, uma boa prestação nesta primeira época na equipa insular e na participação na Challenge traria ainda mais pontos a favor no seu currículo desportivo. Na fase dos primeiros treinos realizados na Terceira, João José destacou este facto e considerou que esta seria uma boa época. No contexto nacional já se pôde confirmar isso; resta agora esperar por uma boa prestação de novo, tanto do capitão da seleção portuguesa como dos atuais detentores das forças de ataque e bloco da Fonte, como por exemplo Lucas Gregoret ou Gilson França.

Não só como açoriano, mas principalmente como apoiante do único representante português na prova, espero, por agora, pelos dezasseis-avos – o resto logo se vê. O voleibol por vezes tem destas inconstantes que se resolvem ou acima dos 2,40m da rede ou nos jogos em que a defesa sobressai com chão a ser “varrido” – é isto que traz espetacularidade ao jogo!

É mais fácil receber uma carta para Hogwarts

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cab Snooker

“Tentativa falhada de ir ao Mundial de Snooker II” teria sentido ser o título, se realmente já tivesse escrito a tentativa I. A verdade é que ambas aconteceram e tenho expressar esta qualquer-coisa como raiva. Preciso de alguma ajuda, principalmente psicológica. Também teria mais sentido publicar hoje um texto sobre a vitória de Ronnie O’Sullivan ou a derrota de Stuart Bingham, dependendo da perspectiva, no 888Casino Champion of Champions, ou as cinquenta entradas superiores a 100 pts de Neil Robertson esta temporada. Mais uma vez, esta situação afectou-me tanto que tenho de diluir estes ataques nervosos de alguma maneira.

Dia 19 de Dezembro de 2012 de manhã, o meu telemóvel toca e, como sempre, assusto-me. É um toque um pouco agressivo, mas que me impede certamente de falhar uma chamada tão importante como esta. A minha tia estava do outro lado da chamada com a notícia de que o meu tio tinha adorado a ideia de irmos os dois a Sheffield ver a final do World Championship, em Maio de 2013. «Trata dos bilhetes para o Crucible Theatre, que o tio trata do resto». Isto faz o dia de qualquer pessoa! Um pouco de ansiedade ao ligar o computador, visto que este dinossauro não é dos mais rápidos do mercado, e fui logo ao site, já com tudo pronto para fazer uma reserva, quando vi que os bilhetes não estavam disponíveis. Não será preciso dizer o que aconteceu depois.
«Tenho de tratar disto com mais antecedência».

24 de Novembro de 2013 foi a tentativa falhada II. Começámos a planear esta viagem em Setembro. Troca de mails, muitas páginas de hotéis visitadas, até que os bilhetes para a final voltam a estar indisponíveis. O meu tio pôs os seus contactos a funcionar e mesmo assim não lhe garantiram bilhetes. «Podemos reservar já os quartos de hotel e os bilhetes de avião e fazer uma pré-reserva da última sessão, mas nada é garantido».

Será que é uma vontade assim tão megalómana? Está na minha lista de desejos e garanto que, se não tiver um lugar reservado no campeonato de 2015, haverá revolução. Começa a ser minha convicção de que é mais provável receber a minha carta de Hogwarts (que há tanto tempo espero) do que conseguir ver arte numa mesa de snooker em Inglaterra. Fica aqui o meu apelo à International Billiards and Snooker Federation.

Escrever por linhas direitas

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camisolasberrantes

Hoje por acaso até dormi bem. Coisa que já não acontecia há umas semanas. Por motivos que para aqui não são chamados e por outros tantos que chamados para aqui não são. Interessa só e somente descortinar a piada cósmica e intrinsecamente cínica que é a nossa vivência térrea. Pois que se dormi bem, mal acordei deram-me os tremores. Sem motivo aparente. Avizinhar-se-á um mau dia?

Não. Nem por isso. Simplesmente o coração não esquece. E há sempre uma parte qualquer profunda no nosso âmago que adormecida nos acorda e nos relembra dos calafrios de outrora. Dos fantasmas que nos assombram as memórias, dos sorrisos que nos roubaram e das lágrimas que em nós despertaram. Assim despertei também. Com a indecisa certeza de que algo não batia bem.

E não batia mesmo. Por sete vezes. De sete vilipendiadas maneiras. Atingindo sete antigas chagas. De um coração recuperado, mas que ainda sofre. O dia foi o de hoje, muda o ano: 25 de Novembro de 1999. E por isso o sofrimento. Por isso o relembrar. Em mim descomemora-se mais um aniversário da maior derrota europeia de todos os tempos do Benfica: o 7-0 contra o Celta de Vigo.

João Vieira Pinto e José Calado no sofrimento contra o Celta de Vigo / Fonte: record.xl.pt
João Vieira Pinto e José Calado no sofrimento contra o Celta de Vigo
Fonte: Record

Oito tenros anos. Recordo que estava a dormir a sesta na sala dos meus avós. Lá acordei, porque já eram mais horas de jantar do que dormir, mas mal sabia para o que estava a acordar. Nem me consegui endireitar sob as ditas almofadas azuis e verdes – para ajudar ainda mais à pintura de tal desastre –, como se antevisse tal cenário decrépito e de cortar o coração. Bom, não tive propriamente de trabalhar nas minhas capacidades de futurologia para tal, porque o primeiro da noite surgiu logo aos 19 minutos e de grande penalidade. Ah, e o segundo e terceiro e quarto entraram ainda antes do final da primeira parte. Responsáveis? Por ordem: Valery Karpin, Makélélé, Mario Turdó e Juanfran. Depois disso, tudo se tornou turvo e confuso. A esperança dentro de mim morreu. E levou consigo um bocado da minha infância e da minha capacidade em confiar. Em todos. E no tudo e no nada, que é o futebol. Continuei deitado. Dormente. Apático. Perdido. A sofrer sem saber ainda como se sofre. Mas assim foi. Assim ficou.

Nesse ano o Celta acabaria por ficar em sétimo na Liga Espanhola e o Benfica em terceiro na Liga Portuguesa, atrás de Porto e Sporting, respectivamente. No que à Taça Uefa diz respeito, os espanhóis mataram o meu sonho na 3ª ronda e ainda tiveram tempo para eliminar a Juventus na ronda seguinte – com outra goleada por 4-0, em casa. Como o Benfica, mas de forma mais gloriosa, morreram nos quartos-de-final, contra os franceses do Lens. O troféu ficou para o Galatasaray.

No entanto, as rosas não têm só espinhos. Na sua coroa passeiam as ânsias dos amores, das paixões e da esperança vívida. Nem tudo é mau. Nem tudo é sofrimento e angústia. E o Benfica também teve as suas vitórias. As suas goleadas. Agora que já falámos da maior derrota de todas, olhemos antes para as cinco maiores vitórias de todos os tempos na Europa: duas em 1965 contra os luxemburgueses do Dudelange, por 10-0 cá e 8-0 lá. Outra em 1968 contra o Valur Football Club, da Islândia. Esta deu 8-1 em Lisboa. Em 1970 outro 8-1 em casa contra o já extinto Olimpija, clube esloveno que em 2005 “ressuscitou” sob o nome Nogometni Klub Olimpija Ljubljana. A fechar as contas o 7-0 contra o Fenerbahçe, em 1975. Mas como nem tudo é passado (longínquo) podemos também recuar a 2009 – ano de e à campeão –, quando o nosso Benfica impôs ao Everton a sua maior goleada de sempre: 5-0 na Luz, a contar para a Liga Europa. Nesse ano haveríamos ainda de chegar aos quartos-de-final, onde o Liverpool nos cortaria as pernas.

Em semana de Champions é preciso recuperar o espírito lutador e perceber que, mesmo na desgraça, há sempre um raio de sol que «lá no céu, risonho vem beijar». Se o nosso destino não for continuar na Champions, seja. Mas a sair, saímos de cabeça levantada como fizemos na Grécia, perante um Olympiakos totalmente vencedor, mas totalmente domado. A Europa a quem a merece. E o ano passado merecemo-la. Quem sabe este ano os deuses não escreverão tortuosamente por linhas direitas…

Gelo Fino

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portosentido

Após um grande início de campeonato, com bom futebol e destruição total dos adversários, o Porto está em quebra. De jogos muito conseguidos, com golos e sem conceder pontos, o Porto está instável. Com os jogadores em boa forma – alguns, como Lucho, numa forma excepcional – não se percebe por que há tanta dificuldade.
Pondo o plantel de parte, a culpa cai em Paulo Fonseca. O ex-treinador do Paços mostrou trabalho para treinar o Porto. Não é estranho ver Paulo Fonseca a treinar um dos “grandes”. Porém, após o período magno, onde tudo parecia correr bem, sem qualquer perturbação, a situação já não é tão risonha. A pressão da cultura de vitória, própria do Porto, aparenta estar a afectar Paulo Fonseca. O treinador que outrora era sereno, confiante e de pulso firme pode estar a perder o controlo da equipa.

O caso mais sonante foi o de Jorge Fucile. Saiu a público que houve mais do que um desentendimento entre treinador e jogador. Embora Fucile não seja uma das peças centrais do Porto, é uma situação que cria uma mossa. Mais importante do que um caso com um jogador é a forma da equipa. Desde a derrota em casa com o Atlético de Madrid que o Porto não voltou a ser o mesmo. Esse jogo marcou um ponto de viragem a partir do qual o Porto começou a vacilar.

Momentos como estes são os que fazem grandes treinadores. Pois, Paulo Fonseca não conseguiu ser um grande treinador naquela situação. Dragão ferido tem de lamber as feridas e seguir em frente rumo à vitória que não conseguiu no passado. O Porto de Paulo Fonseca parece ainda preso naquele momento. As feridas não foram tratadas e o dragão coxeia. Um dragão coxo não possui a imponência que lhe está inerente. Vejamos os factos, depois do Atlético, o Porto não venceu nenhum dos jogos europeus contra o Zenit e tem o apuramento em risco. No campeonato, as vitórias que teve foram sempre sofridas e sem grande segurança. Mais recente ainda, dois empates seguidos para a Liga. O Porto, que seguia isolado, está agora apenas 1 ponto à frente dos principais rivais.

Paulo Fonseca não é um treinador idolatrado. Na verdade, as opiniões face ao treinador portista divergem entre apoio incondicional e desconfiança absoluta. Se tem qualidade? Se não tivesse qualidade Pinto da Costa nunca o teria convidado a orientar os campeões nacionais. Se transmite confiança? Para mim, começa a dar sinais de sucumbir à pressão. No futebol, há momentos de forma. Estes não se aplicam apenas aos jogadores. Paulo Fonseca está, para mim, num baixo momento de forma. Há sempre espaço para melhorar e mudar as opiniões das outras pessoas. Enquanto portista, estou a espera que Paulo Fonseca me faça mudar de opinião. Neste momento, Paulo Fonseca está sobre gelo fino.

Armada Francesa de St James Park

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Hoje volto a escrever sobre a Premier League e tópicos não faltavam: poderia falar da desilusão de Moyes, do massacre em Manchester (do City sobre o Tottenham), do grande momento de forma da dupla Ramsey-Wilshere ou do mau futebol praticado pelo Chelsea. Contudo, decidi escrever sobre uma das equipas que se tem rejuvenescido desde Outubro, o Newcastle United.

A equipa do Norte de Inglaterra leva já uma série de três vitórias consecutivas: frente ao Chelsea de José Mourinho, contra o Tottenham de Villas-Boas e contra o Norwich City, no último fim-de-semana.

Loïc Rémy vs Norwich City
Loïc Rémy vs Norwich City / Fonte: ITV

Para este feito muito contribuiu a armada gaulesa dos Magpies, constituída por 10 franceses e suplantando, inclusive, o número de ingleses no plantel. A principal referência do Newcastle é, sem dúvida, Yohan Cabaye, jogador que foi associado a grandes clubes (como o Arsenal) no passado defeso. O médio é o motor da equipa, fazendo exibições de grande nível, com uma qualidade muito acima da média.

O outro grande destaque da equipa é Loïc Rémy, o 4º melhor marcador da Premier League, com 8 golos marcados, quase 50% do total de golos dos Toons. O francês, emprestado pelo QPR, está em grande forma e espero que não abrande.
Mas não só de franceses é feita esta equipa. Há jogadores como Tim Krul, na baliza, que também atravessa um grande momento de forma e vem demonstrando o porquê de ser considerado por muitos um dos melhores guarda-redes da Liga Inglesa. Outra referência é Tioté, um poderoso trinco com um pulmão incansável, que dá um precioso apoio à defensiva do Newcastle.

Aproveito esta deixa para falar um pouco da principal debilidade da equipa do Newcastle, precisamente a defesa: Coloccini já não tem as pernas de outros tempos e Yanga-Mbiwa falha demasiado; nas laterais os Magpies estão bem servidos, com Santon, que tem crescido muito como jogador, e Debuchy, que destaco como o melhor defesa da equipa.
Existem ainda jogadores como Papiss Cissé, ainda à procura da boa forma, ou Ben Arfa, que tem demasiados problemas físicos para aproveitar todo o seu potencial. Já Sissoko e Gouffran vão demonstrando que são apostas acertadas num Newcastle claramente a entrar nos carreiros após uma época muito decepcionante.

Alan Shearer, a lenda dos Magpies
Alan Shearer, a lenda dos Magpies / Fonte: sabotagetimes.com

Esta é, aliás, uma equipa que espero que venha a crescer até ao final do ano de 2013 e que mantenha uma boa forma para, quem sabe, atingir um lugar europeu a fazer lembrar os tempos de Alan Shearer. O manager Pardew conhece bem os cantos à casa e já demonstrou ser capaz de liderar um Newcastle com muito potencial mas sem o poderio financeiro de outras equipas. Tem sido bom ver este rejuvenescer do Newcastle, que os levou ao 8º lugar, ultrapassando o Tottenham nesta jornada.

Resta saber se a forma se manterá e se conseguirão dar o passo seguinte para um lugar no top 8 da tabela. Na minha opinião, a consistência defensiva e um ataque eficaz são os segredos para tal. Espero que consigam.