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O Quebra-Recordes

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cab nba

Quando se fala em NBA, os primeiros nomes que vêm à cabeça das pessoas são Michael Jordan, “Magic” Johnson, Shaquille O’Neal e, nos dias que correm, Lebron James, pegam neste último como o protótipo de grande atleta, colocando-o perto de outros grandes do desporto contemporâneo, como Michael Phelps, Usain Bolt e até do nosso Cristiano Ronaldo.

Óptimos atletas como os acima referidos não aparecem todos os dias, e hoje vou falar sobre um que faleceu em 1999, que é detentor de inúmeros recordes. Infelizmente nunca tive a oportunidade de o ver jogar. Se ainda não sabem sobre quem vou escrever, passo a antecipar-me: vou escrever sobre, provavelmente, o maior e melhor atleta que já passou na NBA, Wilt Chamberlain.

Este foi, sem margem para dúvidas, dos jogadores mais atléticos a que o mundo já assistiu. Detentor de uma força e resistência impressionantes, Wilt Chamberlain aterrorizou os basquetebolistas do seu tempo com a sua faraónica estampa física, medindo 2,16m e pesando 125kgs quando apareceu pela primeira vez.

Vou debruçar-me mais precisamente sobre a época de 1961-1962. Este homem extraordinário que jogava nos Philadelphia Warriors, actualmente Golden State Warriors, acabou a época como melhor marcador, líder em ressaltos e minutos por jogo. Wilt marcou 100 pontos num jogo memorável frente aos New York Knicks, jogo esse que ainda hoje é relembrado por todos os amantes de basquetbol. Chamberlain fez essa proeza tal e qual um estudante universitário, ou seja, com uma directa e uma ressaca em cima. Mas, analisando alguns dados estatísticos, Wilt só não jogou 8 minutos em toda a época, não por cansaço, mas sim devido a uma expulsão por acumulação de faltas técnicas.

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Em cima temos as estatísticas da época de novato, da época de 1961-1962, ambas de Wilt Chamberlain, e da temporada passada do melhor marcador, Carmelo Anthony

Agora, para quem pensa que este homem “nasceu para o basket”, devo avisar que está redondamente enganado. Wilt Chamberlain bateu recordes no salto em altura quando frequentava a faculdade, porém, não se ficou por aí, batendo mais uns quantos recordes ao longo do seu percurso académico. É possível afirmar-se que, além da vertente atlética, também “nasceu para as mulheres”, sendo um enorme mulherengo. A sua maior proeza reside no facto de ter dormido com 23 mulheres diferentes em 10 dias. Wilt, que sofria de insónias, era conhecido por organizar orgias e ménages que faziam as delícias dos seus amigos e companheiros de equipa. Posto isto, quero aproveitar agora para pedir uma salva de palmas a este senhor, ele merece.

Voltando ao que interessa, quando entrou no liceu, não gostava de basquetebol. Considerava, aliás, que este era um “desporto para meninas”. Em contrapartida, o atletismo sempre o fascinou, participando em campeonatos escolares de diferentes modalidades. Chamberlain atingiu a marca de 1,98 m no salto em altura, 6,7m no salto em comprimento, 16,26 m no lançamento do peso e conseguiu correr cerca de 400 metros em 49 segundos. Proezas só ao nível dos predestinados fisicamente.

Estas marcas impressionantes foram alcançadas antes de descobrir o seu talento inacreditável para o basquetebol. Quando entrou na faculdade, Wilt Chamberlain inscreveu-se na equipa e conseguiu bater inúmeros recordes. Toda a sua habilidade para este desporto, rapidamente o colocou no topo da NCAA que é, como devem saber, extremamente importante na transição para a principal liga americana. Aquando da sua chegada, bateu os recordes de ressaltos e pontos, tanto num jogo, como na média de ambos os dados estatísticos na época de rookie. Um fenómeno. O lugar na história pertence-lhe e de lá já ninguém o tira. Assim foi a vida de Wilt Chamberlain, o “senhor 100 pontos”.

Encontramos Bill Russell a ser defendido pelo seu maior “némesis”. Os encontros destes dois titãs eram os mais esperados durante o ano.  http://vivaobasquetebol.wordpress.com/2012/06/09/lendas-do-basquetebol-bill-russel-wilt-chamberlain-e-kareem-abdul-jabbar/
Encontramos Bill Russell a ser defendido pelo seu maior “némesis”. Os encontros destes dois titãs eram os mais esperados durante o ano.
Fonte: vivaobasquetebol.wordpress.com
Wilt Chamberlain a defender a estrela em ascensão, na altura, Kareem Abdul-Jabbar.  http://basketballneverstops.tumblr.com/
Wilt Chamberlain a defender a estrela em ascensão, na altura, Kareem Abdul-Jabbar.
Fonte: basketballneverstops.tumblr.com/

Costuma-se dizer que podemos avaliar um atleta de acordo com os seus concorrentes e Wilt Chamberlain deparou-se com dois dos melhores postes de sempre. Bill Russell, que foi campeão da NBA por 11! vezes, e Kareem Abdul-Jabbar, atleta que também possui sobre a sua alçada inúmeros recordes, sendo o mais notável o título de melhor marcador da NBA de sempre. A diferença para o “segundo classificado” é de quase 1500 pontos.

A verdade é que é muito complicado analisar um dos jogadores mais dominantes da história da NBA. Este atleta era tão completo que afirmava ainda receber convites para algumas equipas da liga aos 50 anos.

Em comparação com Wilt, duvido que tenhamos a hipótese de ver outro atleta igual.

Dois em Um

futebol de formação cabeçalho

O futebol está, através do senso comum e, muitas vezes, dos meios de comunicação social, associado a uma rápida ascensão social. O jogador de futebol profissional surge, em inúmeras ocasiões, ligado a uma despreocupação financeira e à facilidade em obter bens materiais de alta qualidade. Um futuro no futebol é visto como uma “galinha dos ovos de ouro”.

Em tempos de crise económica, esta realidade torna-se ainda mais apetecível, mexendo com o imaginário dos jovens. Na verdade, um atleta com sucesso que jogue na formação de um bom clube pode vir a receber, com apenas 16 anos, mais do que o ordenado mínimo. Porém, quantos jogadores da formação destes clubes acabam por conseguir um lugar na equipa principal? A maior parte destes jovens atletas acaba por se perder na longa caminhada; outros, em menor número, conseguem fazer carreira em clubes secundários, clubes estes que estão longe de ter possibilidades económicas para garantir salários desmedidos, sendo que alguns até ficam em divida para com os atletas.
Como se pode comprovar pelos plantéis dos três grandes de Portugal, onde grande parte dos titulares nem tem nacionalidade portuguesa, uma ínfima parte dos jovens atletas ascende a este patamar.

E o que acontece ao jovem atleta que, durante anos, centrou a sua vida no futebol, quando atinge o fim da sua carreira? Tem de haver uma readaptação social que, tendo em conta o mercado de trabalho cada vez mais competitivo e exigente, só é possível com uma boa formação académica. Daí a importância para um jovem atleta de priorizar o papel da escola ao longo da construção da sua carreira desportiva.
Porém, o tempo que um atleta de formação dedica ao futebol difere em pouco da carga horária necessária para frequentar a escola. E, para dificultar mais ainda a tarefa, o ensino bombardeia os alunos com conteúdos afastados, em interesse e aplicabilidade, do quotidiano. É tão vasta a quantidade de matéria lecionada que é escasso o tempo que sobra para a consolidar. Se isto é uma dificuldade para um aluno dito “normal”, tamanha é a exigência para um aluno atleta, cujo sonho não está diretamente dependente do seu desempenho escolar. Treinos diários de manhã obrigam a perder aulas; treinos diários à tarde pouca energia deixam para estudar; tempo livre ao fim-de-semana? É dia de jogo! Idas a estágios da Selecção Nacional implicam viagens e, consequentemente, ausências de longa duração que resultam em perda de conteúdos escolares; e se o atleta participar noutras competições, como é o caso da UEFA Youth League, então aí o tempo voa!

Neste contexto, é raro o jogador que frequenta o Ensino Superior; normalmente a meta é o 12.º ano. E, mesmo assim, alguns nem chegam a concluir o ensino secundário, atualmente a escolaridade obrigatória. Tendo os clubes um papel preponderante nesta fase tão decisiva da vida dos atletas, talvez esteja na altura de assumirem a sua obrigação social e de agirem como tutores ativos, criando planos pedagógicos de apoio aos atletas, incentivando-os a estudar, facultando-lhes os apoios necessários e até mesmo estabelecendo planos de entendimento com a escola. O próprio Ministério da Educação devia reconhecer esta realidade e criar ferramentas efetivas de apoio aos atletas que facilitassem a conciliação entre a exigência desportiva e a necessária aprendizagem com sucesso dos conteúdos académicos.
Afinal, a escola assume um papel fundamental na vida dos jovens, na medida em que lhes faculta capacidades diversas e transversais para o sucesso no desporto e na vida. A escola, mais do que um local de transmissão de informação e de conhecimento, é um lugar de construção da personalidade dos indivíduos, de confronto de ideais e de formação do ser.

Portugal tem sido lanterna vermelha no ensino ao nível europeu. Talvez esteja na altura de abandonar a posição de carro vassoura e perceber que o seu futuro depende, incontestavelmente, do tipo de investimento que é feito na Educação da sua geração vindoura. Grandes mudanças devem ser pensadas para os planos escolares, redefinindo a importância de diferentes disciplinas e conteúdos, dos tempos de permanência em salas de aulas convencionais e até mesmo na própria escola. Urge dar sentido à aprendizagem e aproximar a escola de cada projeto de vida.

Em tempos de crise económica, não podemos permitir outras crises, sobretudo em áreas fulcrais que podem combater e mitigar os seus efeitos, ou não são a educação e o desporto faróis que podem apontar para a esperança de um futuro melhor?

Vitória de Guimarães 0-1 Sporting: A vitória do querer, da raça e da vontade

escolhi

Tive um treinador ao longo da minha formação futebolística que me marcou especialmente. Esteve, na época passada, a orientar o Olhanense que acabou por salvar nas últimas três jornadas e está, este ano, no Fátima onde passa por algumas dificuldades provenientes de problemas que ultrapassam as quatro linhas. Falo de Bruno Saraiva e uma das muitas coisas que aprendi com ele foi que haverá sempre jogos que não se irão decidir na técnica, no brilho e através da inspiração. O querer, a raça e a união serão, aí, os pratos que equilibrarão a balança carente de magia. Hoje, em Guimarães, foi assim que o Sporting conquistou os três pontos. E estes não valem menos que os outros.

O Sporting entrou mal no jogo. Com o onze expectável, talvez tenha entrado com a mentalidade errada num jogo em que se previa existir muitos mais momentos de luta do que de futebol bem jogado. E assim foi. Mas, nos primeiros 30 minutos, foi o Guimarães a conseguir ganhar a maior parte das bolas divididas e, consequentemente, os duelos individuais. Maazou ia ganhando quase todos os lances a Maurício que usava e abusava da falta; Abdoulaye também dominava os lances quando chamado a intervir e o tridente do meio-campo (muitas vezes transformado em quadra, com a descida de Barrientos) formado por Leonel Olímpio, André Santos e André André ia conseguindo alguns espaços a partir dos quais a equipa da casa gerou alguns ataques perigosos, inclusive uma bola ao poste através do possante ponta-de-lança nigerino. William Carvalho fez talvez os minutos mais instáveis desde que se afirmou na equipa, Capel não aparecia no jogo e Adrien e André Martins também não conseguiram assumir o jogo, embora mostrassem vontade de o fazer. Carrillo foi, ainda assim, o melhor da equipa, desequilibrando pela via individual.

Sensivelmente a partir da meia hora de partida a equipa de Alvalade conseguiu estabilizar o seu jogo. Sem fazer um jogo brilhante, o Sporting passou a pôr a bola mais tempo junto ao relvado e, dessa forma, contrariar o jogo aéreo em que o Guimarães se havia mostrado superior. O resultado ao intervalo era justo mas, a haver alguém a merecer a vantagem, era a equipa de Rui Vitória.

No segundo tempo manteve-se a tendência dos últimos quinze minutos da primeira parte. O Sporting a ter mais bola, mais iniciativa e, aos poucos, a ir encostando o adversário atrás. Contudo, faltavam as ideias. E as oportunidades de golo, para ambos os lados, iam sendo raríssimas (quase nulas, mesmo) fruto da ausência da tal envolvência de que o jogo foi carente durante os noventa minutos.

Leonardo Jardim hesitava em mexer na equipa e o Sporting ia-se mostrando amarrado. Foi apenas quando lançou Carlos Mané – penso que foi injusto para Carrillo ter sido o primeiro a sair, embora tenha quebrado um pouco na segunda parte -, Diogo Salomão e, por fim, Islam Slimani que o Sporting se mostrou mais perigoso. Principalmente com a última substituição, já depois dos oitenta minutos, foi ganha a dimensão aérea e, sobretudo, uma outra presença nos últimos metros que até então eram demasiado desertos de verde-e-branco. O esquema remodelou-se – mais uma vez – do 4x3x3 para o 4x4x2 e, embora primeiro até tenha visto um golo seu ser anulado, Slimani voltou a marcar nos instantes finais e, desta vez, a conseguir mesmo garantir a vitória para o Sporting. Reside a dúvida sobre se será este o esquema ideal para as pretensões do clube de Alvalade. É já o terceiro jogo consecutivo em que o 4x4x2 rende golos e, no campeonato, vitórias, depois do Marítimo ter sido derrotado na segunda parte em Alvalade.

Este foi daqueles jogos em que foi o querer, a garra, a capacidade de sacrifício e a união que trouxeram os três pontos, preciosos, de volta para Lisboa. Os jogos acabam quando o árbitro apita e esse é outros dos pontos positivos que o Sporting vai deixando: pelo segundo jogo consecutivo, Slimani marca já depois dos noventa minutos. Pode ser coincidência mas acredito principalmente que pode ser a mentalidade certa e a preparação ideal durante os treinos. E isso é fruto de uma boa organização… que já não se via há muito por Alvalade. Estamos a um ponto do topo mas esse não tem de ser um factor que nos leve à perda do rumo que até agora tem sido muito bem traçado e respeitado.

Sporting: Hoje não era o nosso dia

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cab futsal

Má sorte? Má finalização? Boa exibição do guarda-redes adversário? Sim, foi uma mistura destes três fatores que nos tirou a vitória, hoje, contra a equipa do Araz.
Era com grande expetativa que todos nós, sportinguistas, esperávamos esta Ronda de Elite; nos dois primeiros jogos fomos muito superiores aos nossos adversários, vencendo por 6-1 os húngaros do Rába ETO e os holandeses do Eindhoven. Bastava o empate para passarmos à Final Four, mas era aí que estava o problema: conseguir o empate contra uma das melhores equipas da Europa, grupo onde podemos incluir também o Sporting.

Pavilhão cheio, tal como nos outros dias, com adeptos a não poderem entrar por o pavilhão já estar lotado, foi o que os jogadores do Sporting encontraram este domingo. Um apoio fantástico que nem o jogo da equipa de futebol em Guimarães conseguiu impedir.
Foi um jogo muito disputado, em que o Sporting conseguiu criar sempre mais perigo que os azeris – o mais correto talvez seja brasileiros –, mas onde a eficácia não foi a melhor. Aos 11 minutos, Fabiano abriu o marcador; primeira desilusão em Almada. Desilusão que se tornava em alegria menos de um minuto depois, quando Divanei fez um grande golo na marcação de um livre direto. Mas o Araz não demorou a repor a vantagem no marcador, por intermédio de Borisov, resultado que se manteve até ao intervalo.

A segunda parte abriu com dois golos, um para cada lado. Primeiro, foi Amadeu a marcar pelos azeris, mas Deo respondeu com um bico menos de 30 segundos depois. Voltava a esperança em Almada e o Sporting continuava por cima, mas já diz o ditado que “quem não marca sofre”; foi isto que aconteceu. Felipe marcou mais um para o Araz. O Sporting tinha 15 minutos para marcar dois golos, de forma a chegar, pelo menos, a um empate. Viu-se, então, mais um festival de golos falhados pelo Sporting, quer seja pela má pontaria, quer seja pelas excelentes defesas de Buranello, o melhor em campo e talvez o grande responsável pela derrota.

Deo, autor do segundo golo Fonte: FootballDream
Deo, autor do segundo golo
Fonte: FootballDream

A cerca de sete minutos do fim, Alex começou a jogar a guarda-redes, fazendo o cinco para quatro na procura de, pelo menos, dois golos; e foi precisamente Alex quem marcou o terceiro, a quatro minutos e meio do fim. Depois do golo, o Sporting deu tudo, quer em campo, quer na bancada, mas não conseguiu fazer o tão desejado quarto golo, sofrendo ainda mais dois. Foi 6-3 o resultado final, que, como disse Nuno Dias no final do encontro, não representa o que se passara em campo.
Acabou, assim, o nosso sonho de sermos campeões europeus. Mas preparem-se, que para o ano há mais.

10+10 = 20, de Gaitán

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benficaabenfica

Solta-te, Nico. Solta-te de uma vez, acende o fósforo da loucura e faz-te Homem. Com H grande, como qualquer um que seja Sport Lisboa e Benfica. Enlouquece, pede um pouco de vontade emprestada ao Enzo, dois terços de raiva ao Maxi e um décimo de genica ao Di María e deixa de ser Riquelme; queres mesmo ficar-te por aí – “o que aquele rapaz podia ter sido…” ou “ia sendo grande”? Traz a Bombonera e a rede atrás da baliza com hinchas pendurados contigo, apanha os papéis azul-amarelo que por ali esvoaçam e guarda tudo na memória. Lembra-te disso quando estiveres num daqueles teus jogos pachorrentos num qualquer relvado frio, envolto em bancadas abandonadas. Imagino-te puto reguila, com sol de Dezembro a queimar Buenos Aires, cordões das sapatilhas pelo chão, pampas à volta e génio à solta. Sempre, sempre com o sorriso malandro e cínico de quem sabe que é muito melhor do que os outros.

Nico é génio e, como qualquer génio, num minuto leva-nos ao céu e no seguinte ao desespero. Durante 89 minutos irrita, desespera e faz-nos soltar impropérios de alto nível. Mas, no minuto que falta para terminar essa coisa linda que é um jogo de futebol, é Deus, são olhos arregalados e bocas espantadas. Tem o dom de poucos, o dom de parecer que a bola é apenas e só uma extensão do corpo. 10+10 = 20 Gaitán, só o 10 não lhe chegava porque vale por dois dezes. Se Salvio tem simplicidade, Enzo tem raça e Cardozo é uma espada nos sportinguistas, Nico tem tudo. Mas não é tudo. E os 25 anos talvez já seja tarde para se começar a sustentar nos excessos e deixar os mínimos. Todos percebemos a fixação de qualquer argentino canhoto em querer imitar Maradona ou Messi. Menos o Gaitán, que só quer ser lembrado assim mesmo: N-I-C-O G-A-I-T-Á-N. Para ele chega-lhe, está bom assim. Talvez para nós, benfiquistas, também. Em qualquer corrida sem bola não dada por preguiça ou qualquer passe demasiado inteligente, vamos ter sempre aquele drible de génio para nos agarrarmos.

Nico Gaitán Fonte: www.record.xl.pt
Nico Gaitán
Fonte: Record

Lá ganhámos ao Braga, como era mais do que nossa obrigação. Parece-me que o Jesus nos enganou bem com os jogos na Grécia e com o Sporting. A paragem para as selecções tirou o ritmo ao fio de jogo que o Benfica aparentava vir ganhando. Voltou a pôr-nos o coração à prova e eis o regresso ao futebol enfadonho, desesperante e sem chama. Com este plantel de luxo é inenarrável fazer exibições tão miseráveis. Valeu-nos a perna-longa sérvia que lá nos salvou de mais uma comprometedora perda de pontos. Lima está uma sombra do que já mostrou (“vendam o Cardozo, temos o Lima”), Djuricic está fora dela e o génio do Markovic parece estar agarrado com uma corda à linha lateral. Espera-nos um calendário muito fácil até ao decisivo jogo com o Porto na Luz, pelo que é impensável perder pontos até lá.

Felizmente há um Porto que joga tão mal ou pior do que nós e que conta com duas vitórias nos últimos seis jogos. A ver quanta e qual a imprensa a falar em “crise no Dragão” ou em “lenços brancos para Paulo Fonseca”.

A Falha

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eternamocidade

Dizia Confúcio que “não corrigir as nossas falhas é o mesmo que cometer novos erros”. Por momentos deve pensar que, ao ler um título destes e uma citação destas no início de um texto na secção do FC Porto, tudo isto não passa de uma profunda barbaridade. Perceberá, com este texto, que não é bem assim, caro leitor.

Que o homem não é infalível, todos sabemos; que todos estão sujeitos a erros, também é de senso comum, mas será possível pensar-se que errar tantas vezes da mesma forma é só mesmo coincidência? Sinceramente penso que não.

Tal como em muitas outras problemáticas da vida, também “a falha” está inerente no futebol. O golo que foi marcado porque o defesa falhou, o penálti que não foi assinalado porque o árbitro falhou ou não quis ver. Mas adiante, podia estar aqui uma eternidade só a falar das enormes falhas que podem ser cometidas num mero jogo de futebol. Lá no fundo, eu acho que quando aplicamos este conceito ao FC Porto de Paulo Fonseca, a dimensão disto ganha contornos inexplicáveis. Em poucas palavras, podia apenas dizer que este Porto tem duas caras: a de gala, como na primeira parte em St. Petersburgo, ou a paupérrima, como no Restelo.

Jackson voltou a ser perdulário no ataque Fonte: http://www.maisfutebol.iol.pt/
Jackson voltou a ser perdulário no ataque
Fonte: http://www.maisfutebol.iol.pt/

E é então aqui que chegamos a esta “falha”. Toda a gente sabe que James e Moutinho eram dois jogadores fundamentais; todos sabemos que Herrera ainda parece demasiado verde para a Europa e Quintero é demasiado verde para um grande clube europeu. Bom, mas esta “falha” não se resume meramente a uma questão de artistas, resume-se à forma como todo o “espetáculo” é montado. Sem capacidade de controlar uma partida ou simplesmente ser eficaz na hora de rematar, este tri-campeão nacional é intermitente, aparece de forma triunfal num instante para desaparecer pelos minutos de uma partida no segundo seguinte. É, por isso, inexplicável esta falta de identidade de uma equipa que parece ainda não se ter encontrado. É, por isso, ainda mais difícil explicar a falta de identidade deste treinador, que se queixa da sorte e do azar, mas que parece também demasiado verde para estas andanças.

Nesta mescla de rapazes verdinhos para o FC Porto, a “falha” está sempre lá: no Restelo de Mangala, este Sábado de Otamendi. E, repare bem, ambos os centrais já lá andavam antes dos outros “verdinhos” pisarem aquele palco. Parece mesmo que a culpa é do espectáculo, do jogo que é produzido, e daquilo que é pensado. Este FC Porto de duas caras não controla, não esmaga, não goleia. Parece estar sempre à procura do risco, à procura da intranquilidade que a qualquer momento nos trai. E, claro, quando tudo corre menos bem, até parece que esta “falha” nos trai mais vezes. De 5 pontos sobra 1, de aplausos já sobram apenas dúvidas… tudo por culpa da “falha”.

O coletivo pode não ganhar jogos

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“A união faz a força”. “Interessa é o coletivo”. “Juntos somos mais fortes”. “United we stand, divided we fall”. Todas as frases caíram em clichés habituais e facilmente aplicáveis a diversas partidas, mas podem começar a perder algum sentido se começarmos a observar os últimos jogos do Tottenham de André Villas-Boas. O massacre que sofreu hoje às mãos do Manchester City (6-0) pôs a nu as grandes debilidades da equipa que ele próprio construiu, fundamentada nos seus próprios princípios de jogo.

André Villas-Boas, à partida para este campeonato, tinha já uma certeza: Gareth Bale ia sair, mas ia deixar muito dinheiro para reforçar todo o plantel e aumentar a sua profundidade. E o treinador português escolheu (maioritariamente bem) as peças que queria encaixar na sua equipa e as posições que necessitavam de profundidade. Vieram Soldado, Lamela, Paulinho, Capoue, Eriksen ou Chiricheş, mas a filosofia de Villas-Boas manteve-se. É um treinador que se inspira muito no modelo 4-3-3 de Pep Guardiola, mas que aborda os jogos de forma excessivamente cautelosa. Fia-se demasiadas vezes na sorte e na esperança de que algum jogador faça a diferença no encontro.

Sem Bale, Villas-Boas não tem muitos motivos para sorrir Fonte: http://allnep.com/
Sem Bale, Villas-Boas não tem muitos motivos para sorrir
Fonte: http://allnep.com/

Pois bem, sem Bale, o Tottenham perdeu uma significativa capacidade de decidir jogos através de rasgos individuais. E os jogos da equipa de Villas-Boas caem excessivamente na previsibilidade e falta de capacidade para definir jogadas. Soldado tem disfarçado em alguns jogos, por ser um excelente finalizador, mas as evidências estão à vista de todos. As equipas do treinador português sempre se solidificaram segundo estes processos de controlo e de manutenção da posse de bola. Teve sucesso quando tinha, no seu plantel, jogadores capazes de fazer a diferença: Falcao e Hulk no Porto e Bale no Tottenham. No Chelsea a história foi diferente e ia muito para além da qualidade dos seus jogadores.

Sem Bale ou uma referência capaz de desbloquear encontros, os dados estatísticos acabam por comprovar a ineficácia das equipas de Villas-Boas: não sofre muitos golos (antes do descalabro de hoje, apenas tinha sofrido 6), mas marca muito pouco (apenas 9 golos marcados em 12 jogos). E a tendência não se deverá inverter muito se o treinador português continuar a abordar os jogos de forma excessivamente conservadora e apenas a pensar na posse de bola. É que o seu modelo de treinador, Guardiola, teve Messi. E agora tem Robben e Ribéry. Villas-Boas teve Bale. Agora não tem ninguém. O coletivo é, naturalmente, a componente mais importante do futebol. Incutir uma mentalidade de grupo é a base de sucesso para qualquer equipa.

Agüero foi um dos responsáveis pela derrota de hoje de AVB frente ao City por 6-0 Fonte: http://www.telegraph.co.uk/
Agüero foi um dos responsáveis pela derrota de hoje de AVB frente ao City por 6-0
Fonte: http://www.telegraph.co.uk/

José Mourinho, há 4 anos, no Inter de Milão, esteve em situação idêntica e conseguiu inverter a situação. Perdeu o seu elemento mais desequilibrador (Ibrahimovic), reforçou a sua equipa e ganhou a Liga dos Campeões. Villas-Boas, agora sem Bale, tentou o mesmo, mas os resultados foram piores. O motivo pode ser explicado de várias formas. Mas a vertente tática não pode ser ignorada. Bem como a postura de cada treinador. E enquanto Villas-Boas for excessivamente conservador na sua abordagem, à Guardiola, aos encontros, não pode queixar-se. O ano passado, Gareth Bale disfarçou-lhe as fragilidades. Este ano, está por sua conta. Cabe-lhe agora ter capacidade e coragem para ser mais frio e ambicioso para enfrentar os próximos encontros. Porque se continua à espera da sorte… pode muito bem ter azar.

Sporting Clube de PORTUGAL

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milnovezeroseis

O Campeonato Nacional sofreu, esta semana, um interregno motivado pela disputa de dois jogos da Seleção Nacional. A última partida realizada pelo Sporting Clube de Portugal foi, precisamente, o embate da luz a contar para a Taça de Portugal a 16 de novembro, cujo “enredo” é amplamente conhecido. Todavia, engane-se quem pensa que os leões estiveram à margem dos relvados.

O sorteio do play-off de acesso ao Mundial do Brasil ditou um confronto entre Portugal e Suécia. Em Lisboa numa primeira instância, e depois na gélida Helsínquia, Portugal enfrentou os suecos. O primeiro jogo saldou-se com uma vitória lusa graças ao tento de Ronaldo. Após uma partida relativamente fácil e sem grande história para contar, urgia que o segundo embate viesse adoçar as contas do apuramento. E assim o foi! A magia de Ronaldo conjugada com o bom desempenho geral da equipa foram preponderantes para a vitória portuguesa que teve um cunho marcadamente leonino. Em muitas razões.

A seleção das quinas tem sido presença habitual nas últimas grandes competições, contrariamente ao que era costume há cerca de 20 anos atrás. Desde o inicio do milénio que Portugal não falha um Europeu ou Mundial de Futebol. Curiosamente, a ascensão da formação leonina tem acompanhado esta tendência. Ronaldo, Simão ou Quaresma são exemplos paradigmáticos. Todos eles surgiram no mundo do futebol por alturas do ano 2000 e em comum tem o clube de formação – o Sporting Clube de Portugal, pois claro. De facto, o clube de Alvalade tem apresentado, de mão beijada, a seleção nacional com um leque imenso de jogadores. Sejam avançados, médios, defesas e até guarda-redes, a certeza de que a equipa de todos nós não apresentaria graus de qualidade tão excelsos, não fosse a excelente formação leonina, é inegável.

No decorrer do jogo de terça-feira, no qual, confesso, vibrei à Sporting com os golos de Ronaldo, dei por mim a meditar sobre aquela selecção e aqueles jogadores em particular. Analisei minuciosamente cada um e cheguei à conclusão de que 5 dos 11 jogadores titulares foram formados no meu Sporting. Rui Patrício, Miguel Veloso, João Moutinho (este com algumas ressalvas mas lá passou), Nani e Cristiano Ronaldo. Todos eles jogadores elementares. É inconcebível imaginar a equipa das quinas sem a segurança de Rui Patrício, a mestria de Moutinho ou o talento transcendente de Ronaldo! Na convocatória de Paulo Bento para o último play-off, constavam 8 jogadores formados no Sporting – William Carvalho, Beto e Silvestre Varela juntam-se ao lote já anteriormente referenciado. São números demonstradores do condão da formação leonina e da influência que esta detém na Selecção Nacional.

Com efeito, a formação do Sporting Clube de PORTUGAL constitui um dos maiores orgulhos para a massa adepta, sendo baluarte do empenho, da garra e da luta que diariamente milhares de jovens empregam no sonho de um dia se virem a tornar jogadores como Cristiano Ronaldo, Paulo Futre ou João Moutinho. Oxalá!

FC Porto 1-1 Nacional: O pecado da finalização

Pronúncia do Norte

Depois do empate em Belém na jornada anterior, o FC Porto recebia hoje o Nacional da Madeira com a responsabilidade de voltar às vitórias. No entanto, poucas horas depois da vitória caseira do Benfica frente ao Braga, os dragões voltaram a ceder pontos: 1-1 foi o resultado final.
Com Maicon no lugar do castigado Mangala e Herrera a jogar em vez de Defour, o FC Porto entrou fortíssimo na partida, trocando a bola com segurança, velocidade e dinamismo. Nos primeiros minutos, criou inúmeras oportunidades – os 10 remates que já levava aos 20 minutos de jogo ilustram bem o intenso domínio azul e branco.

Entretanto, o Nacional conseguiu acertar as marcações e, a partir daí, o FC Porto, embora mantendo a posse de bola e impedindo o adversário de criar perigo, nunca mais foi capaz de ser tão acutilante. A primeira parte terminou com dois ou três míseros remates dos forasteiros e uma diferença abissal de futebol produzido, porém o placard insistia em ditar um teimoso 0-0.

Lucho vs Nacional
Lucho Gonzalez frente ao Nacional / Fonte: A Bola

Na segunda parte, os dragões voltaram a entrar com vigor e chegaram ao golo à passagem do minuto 52 – Jackson correspondeu da melhor maneira ao cruzamento de Danilo e, de cabeça, bateu Gottardi. Os adeptos aplaudiram, festejaram e respiraram de alívio. O Nacional, todavia, não baixou os braços. A Mateus, que havia entrado dois minutos antes do golo, juntaram-se Diego Barcellos e Lucas João, lançados por Manuel Machado para aumentar o poder de fogo dos madeirenses. Paulo Fonseca respondeu com Quintero e Licá mas o FC Porto já não apresentava o mesmo discernimento.

Aos 82 minutos, Otamendi (com uma exibição imaculada e uma série de cortes de altíssimo nível até então) dominou mal uma bola, permitiu o contra-ataque rápido do Nacional e, mesmo tendo conseguido tirar uma bola rematada por Mateus em cima da linha, foi incapaz de parar a recarga de Rondón: estava reposta a igualdade. O FC Porto ainda tentou chegar aos três pontos nos dez minutos finais mas viu Gottardi negar o golo a Jackson já nos descontos, na melhor ocasião do FC Porto na segunda parte.

Paulo Fonseca vs Nacional
Paulo Fonseca / Fonte: Record

O FC Porto fez um bom jogo e acabou por pecar, essencialmente, pela falta de finalização. As estatísticas não enganam e demonstram bem a diferença entre as duas equipas: 63-23 em ataques, 30-8 em remates, 77%-23% em posse de bola, 17-0 em cantos.

Pela positiva, destacaria a prestação de Herrera – muito vertical, muito forte fisicamente, assumindo o jogo e revelando alguns pormenores muito interessantes (os três passes de calcanhar que fez na primeira parte deixaram água na boca). Pela negativa, o mau desempenho de Varela – demasiados passes falhados, demasiadas decisões mal tomadas, capaz de levar o mais paciente dos tripeiros ao desespero! No cômputo geral, a equipa apresentou-se a um nível bastante aceitável.
No fim, o Nacional da Madeira voltou a ser a “besta negra” do FC Porto no Dragão – mais de nove meses depois, os azuis e brancos voltaram a perder pontos no seu estádio.

Matic resolve a Cardozo-Dependência

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O Benfica venceu o Sporting de Braga, em mais uma exibição que deixou muito a desejar. A grande surpresa do encontro foi o facto de Cardozo nem no banco de suplentes estar devido a lesão. E é ai que começa um dos grandes problemas deste jogo e da época em geral. O Benfica vive dependente de Cardozo. É alarmante a má forma que atravessam os avançados do Benfica. Lima, jogador que admiro muito, está a milhas do que fez a época passada, Rodrigo parece ter desaparecido, depois da lesão que sofreu às mãos de Bruno Alves, e Funes Moris apenas me faz questionar o porquê da sua contratação.

A primeira parte é a maior amostra disso mesmo. Poucas oportunidades, poucas ideias e a sensação de que com Cardozo em campo as coisas podiam ser resolvidas mais cedo. O Benfica vivia sobretudo de Markovic, que continua a jogar nas alas. Para quando a colocação do sérvio no meio, onde irá render muito mais? Markovic tem de jogar no meio! É aí a sua posição. Vamos esperar pelo regresso de Salvio para ver se Jesus deixa de ser teimoso. Quanto ao Djuricic, uma das surpresas para este 11, desperdiçou mais uma oportunidade para se mostrar. Começam a ser demasiadas já.

Matic e Éder, as duas figuras da noite Fonte: Mais Futebol
Matic e Éder, as duas figuras da noite
Fonte: Mais Futebol

Mas as culpas não podem cair apenas no ataque do Benfica. A equipa entrou mais uma vez apática, numa altura onde o Benfica parecia voltar às boas exibições. Será que a pausa fez mal ao Benfica? O que valeu foi o golo de Matic. Um bom golo, um bom roubo de bola e um Matic que parece voltar ao Matic do ano passado.

O resultado foi bem melhor do que uma exibição que ficou a condizer com o tempo: cinzenta e fria. Isto tudo frente a um Braga que assustou por várias vezes. Queria também destacar a exibição de Éder. Numa altura em que se fala da questão do ponta de lança na selecção, Éder voltou a mostrar que é uma opção válida e, na minha opinião, a opção mais forte.