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A vida de Ghilas

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portosentido

“A Vida de Pi” foi o grande filme que valeu o segundo Óscar para Ang Lee na categoria de melhor realizador. O filme retrata a viagem de Pi, um jovem indiano que, após o naufrágio do navio em que viajava, se encontra preso num bote salva-vidas com um tigre de Bengala no meio do oceano. Para sobreviver, Pi aprende a partilhar o seu espaço e a conviver com o tigre. Nabil Ghilas é o Pi do Porto. Após o naufrágio do Moreirense, chega ao bote salva-vidas do Porto. Pode até não haver nenhum tigre, mas há Jackson.

Quando a contratação de Nabil Ghilas foi oficializada pelo Porto pensei que fosse para ser uma opção para concorrer com Jackson Martinez. Por muito bom que fosse o argelino, nunca teria hipóteses de jogar constantemente neste Porto. Até porque o ADN azul e branco impõe que se jogue exclusivamente em 4-3-3.

Os jogos de pré-época nunca são um indicador muito viável da qualidade e competência de um jogador. Os treinos são mais intensos, há processos novos para assimilar e, logo depois das férias, há alguma ferrugem que precisa de ser tirada. No entanto, são jogos que são vistos por muitos adeptos, nem que seja para ver as novas caras com a camisola do clube.

Ghilas chegou ao Porto como alternativa a Jackson / Fonte: Vavel
Ghilas chegou ao Porto como alternativa a Jackson / Fonte: Vavel

Já na pré-época Ghilas mostrou pouco. Jogos apagados e apenas dois golos, contra Maastricht e Nápoles. Podemos sempre dizer que se está a ambientar ao Dragão, que eram apenas os primeiros jogos e que estava a integrar-se no plantel. Na altura, com Jackson em forma imperial, passou por debaixo do radar.

Com o começo da Liga, as minhas presunções tornaram-se certas. Sem hipóteses perante o colombiano Jackson Martinez, Ghilas foi renegado para o fundo do banco e esquecido. Em 14 jogos oficiais, Nabil Ghilas, grande estrela do Moreirense na época 2012/13, não fez um único golo. Sejamos, porém, justos. Na Liga, são poucos os minutos que soma. Foi em jogos da Taça de Portugal e Taça da Liga, clássicos métodos de rotação de plantel, que teve as suas grandes oportunidades, sem grandes resultados pessoais.

O jogo de quarta-feira, perante o Penafiel, apoia a minha teoria de que Ghilas não se está a apresentar como uma solução. Espero que esta situação se possa alterar. Não é possível criar bons jogadores de um dia para o outro mas é possível direccionar jogadores para esse caminho. Este não é, nem será, o ano de Ghilas. O argelino ainda tem de escalar muito para chegar ao topo da montanha.

Perante a falta de opções a solução pode estar na equipa B / Fonte: A Bola
Perante a falta de opções a solução pode estar na equipa B / Fonte: A Bola

Não há certezas sobre se Jackson Martinez estará cá para o ano. O apetite de grandes clubes europeus para avançados da classe de Jackson é ávido. A qualquer momento pode surgir uma proposta. Tenho muito receio de que, caso perca Jackson, o Porto perca todo o poder ofensivo. Até porque as opções estão escassas. Há Ghilas e pouco mais. Da equipa B podem surgir Thibault Vion, Mauro Caballero ou André Silva mas, nesta altura, nunca serão os jogadores certas.

Falta metade da época. É a partir de Fevereiro que o campeonato começa realmente a carburar no que toca à forma física. Ghilas vai, certamente, ter mais oportunidades. Espero que as aproveite e mostre não só a mim como a todos os apoiantes do Porto que pode ser solução.

O fenómeno Berardi

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O embate entre o Sassuolo e o Milan, realizado no passado Domingo, em Modena, foi um dos mais emocionantes encontros desta temporada na Serie A. Um jogo com sete golos, em que o Milan desperdiçou uma vantagem de 0-2, acabando por perder por 4-3. A derrota constituiu o fim da linha para Massimiliano Allegri e a promoção de Seedorf a treinador dos rossoneri, algo de que eu, aqui no Bola na Rede, já tinha dado conta como forte hipótese.

Mas o grande responsável pelo epílogo de Allegri e, consequentemente, a grande figura da partida foi um jovem de 19 anos chamado Domenico Berardi. Ao apontar os quatro golos do Sassuolo, este teenager, que já pertence aos quadros da Juventus, fixou-se como o segundo melhor marcador do campeonato, com onze tentos. Só Giuseppe Rossi, avançado da Fiornetina, marcou mais no principal campeonato italiano.

Berardi nasceu no Sul de Itália, na cidade de Cosenza, apenas quinze dias após a derrota da Selecção italiana na final do Mundial de 1994, frente ao Brasil de Romário, Bebeto e Dunga. Foi na sua cidade natal que começou a dar os primeiros toques na bola, revelando, desde cedo, um talento fora de série. Formado nas escolas do Nuovo Cosenza, deu o salto, há apenas três anos, para o Sassuolo, onde se mantém.

A ida para o Sassuolo acabou por ser muito curiosa. De visita ao irmão que estudava em Modena, Berardi conversou com um olheiro do clube, que o convenceu a ficar na cidade para prestar testes na equipa local.

Berardi festeja um dos golos marcados ao Milan / Fonte: theguardian.com
Berardi festeja um dos golos marcados ao Milan / Fonte: theguardian.com

Em 2012, com apenas 18 anos, fez a sua estreia no clube, num embate da Serie B, tendo marcado o seu primeiro golo, logo na partida seguinte, frente ao Crotone. A impressionante facilidade em transformar oportunidades de perigo em golo foi decisiva para a subida de divisão do Sassuolo.

Aliando os golos à capacidade de se movimentar constantemente no sector mais atacante, com diagonais capazes de iludir os mais fortes defesas, Berardi chamou a atenção da Juventus, que não desperdiçou a oportunidade de o contratar.

Em Setembro passado, a Juve pagou 4,5 Milhões de Euros pelo passe de Berardi e decidiu manter o jovem jogador no Sassuolo, para que este pudesse ter mais espaço para jogar e mostrar as suas capacidades goleadoras.

Se é verdade que Antonio Conte, treinador da Juventus, preferiu optar pelo empréstimo esta temporada, a verdade é que, a jogar assim, Berardi tem tudo para integrar o plantel da formação bianconera já na próxima temporada.

Para já, Berardi vai destruindo os seus adversários a cada jogo que faz no Sassuolo, como foi exemplo o embate do Milan. Alto (mede 1.85 m), forte, rápido e eficaz, Domenico Berardi será o grande trunfo do Sassuolo para evitar a despromoção e uma das grandes apostas de futuro para a Juventus e também para a Selecção italiana.

Quem sairá vencedor do calor australiano?

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cab ténis

Não são Novak Djokovic, Roger Federer, Nadal ou até mesmo Serena Williams quem está a protagonizar este Australia Open. É sim o calor que se tem feito sentir pelos courts de Melbourne Park que tem estado na ordem do dia, agora que a primeira semana está perto de terminar.

Na variante masculina, os favoritos andam sempre à volta dos “big four” – Novak Djokovic, Rafael Nadal, Andy Murray e Roger Federer – com Federer a receber aqui uma maior atenção por partir mais motivado para esta temporada depois de um ano de 2013 em que esteve abaixo das expectativas.

Com treinador novo, raquete nova e uma motivação nova, Federer tem assim tudo aquilo de que precisa para ser considerado um dos maiores favoritos, mesmo dentro dos “big four”. As primeiras rondas mostraram um Federer eficaz, capaz de proporcionar momentos de magia, mas que poderá encontrar daqui a duas rondas um adversário de peso, que é Andy Murray.
Sobre Nadal e Djokovic não há grandes considerações a tecer, não se prevendo dificuldades de maior para ambos até às rondas finais.

O calor tem sido o maior inimigo do Austrália Open http://i.telegraph.co.uk
O calor tem sido o maior inimigo do Austrália Open
Fonte: telegraph.co.uk

Em Femininos, desde que haja Serena Williams, há uma favorita à vitória final. No entanto, a tenista norte-americana terá um desafio interessante pela frente. Ivanovic ou Samantha Stosur irão defrontar Serena Williams na ronda seguinte, prometendo assim o primeiro teste de fogo à veteraníssima Serena.

Na Li é também uma tenista a ter em conta no piso rápido de Melbourne Park e Lucie Safarova será também um bom teste para a tenista chinesa. Maria Sharapova é também uma tenista a ter em conta, depois de ter ultrapassado Karin Knapp numa maratona que terminou com um 10-8 no terceiro set.

O quadro feminino está na verdade bastante competitivo, não só porque o ténis feminino é muito mais imprevisível do que o masculino mas também porque todas as principais favoritas ainda estão em prova, e neste lote incluem-se tenistas que estão afastadas dos tops mas que já deram cartas, como Jelena Jankovic, Caroline Wozniacki, Jie Zheng – e até mesmo Ana Ivanovic e Samantha Stosur podem ser consideradas para esta lista.

Quanto aos portugueses, João Sousa teve uma estreia infeliz, perdendo em quatro set’s frente a Dominic Thiem. João Sousa já admitiu que “o início de época é uma fase complicada, ainda para mais com a pressão extra de ter vencido um título do ATP” – algo que defendi num outro artigo aqui no Bola da Rede.

Para terminar com uma boa notícia, Frederico Gil estará em breve de regresso aos courts, depois de uma pausa sabática de meses. O tenista sintrense estará de regresso para disputar os três Futures do Algarve, regressando assim aos court’s após ter feito sonhar os portugueses.

Amadores a um nível Profissional

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cab Rugby

Reza a história que foi em 1903 que o Rugby surgiu em Portugal, num jogo disputado entre duas equipas inglesas, e que em 1922 se realizou finalmente o primeiro jogo apenas com atletas portugueses.

Em 2007, o crescimento do rugby nacional disparou como nunca antes, após a participação dos Lobos no Mundial de Rugby de XV. Este crescimento repentino aconteceu por aquilo que a participação da Selecção no Mundial de 2007 representou: foi a primeira vez na história do rugby que uma equipa amadora conseguiu apurar-se para a fase final de um Campeonato do Mundo.

A selecção nacional, constituída por jogadores amadores que exerciam outras profissões e treinavam para a competição em intervalos de almoço e fins de tarde, defrontou equipas profissionais como a Nova Zelândia, a Escócia ou a Roménia. A participação nesta competição foi o alicerce imprescindível para a evolução do rugby até ao nível em que a modalidade se encontra actualmente, permitindo o aumento do número de praticantes em todos os escalões e a criação de novas infra-estruturas.

No entanto, mesmo com este crescimento, Portugal continua a ser uma selecção amadora a competir ao nível profissional. É exigido a pessoas com profissões exigentes, e que dedicam todo o pouco tempo livre que têm ao rugby, o mesmo que se exige a atletas cuja única ocupação profissional é treinar para as competições da modalidade.

A dedicação de um atleta português à selecção é muito maior do que deveria ser, obrigando, por vezes, o atleta a escolher entre o desporto, o trabalho ou o tempo com a família. Felizmente, algumas organizações têm vindo a aperceber-se deste facto e até valorizam a prática da modalidade no CV de um candidato a um emprego.

A Groundlink foi ainda mais longe: apostou no rugby e no profissionalismo dos nossos atletas amadores através de uma parceria com o Caldas Rugby Clube. Assim, a empresa do sector aeronáutico contrata jogadores para trabalharem nos seus escritórios mas também para alinharem no clube da região Oeste. Com esta iniciativa, o Caldas Rugby Clube conseguiu assegurar vários atletas de outros clubes da Divisão de Honra, que encontraram neste projecto a melhor solução para conseguirem conciliar os treinos e o seu trabalho.

Iniciativas como esta são fundamentais. É importante apoiar o crescimento desta modalidade. É importante mostrar que não somos apenas um país onde se pode jogar rugby nos tempos livres. É ainda mais importante mostrar que Portugal é um país onde o rugby praticado está a um nível de qualidade cada vez maior e apoiar o seu desenvolvimento, nomeadamente através da criação de novas infra-estruturas.

Não joga o Matic? Jogo eu…

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Terceiro Anel

Nemanja Matic, internacional sérvio, centro-campista de luxo, uma das grandes figuras do meu Benfica. Futebolista portador de um fantástico sentido posicional, com uma condição física invejável, com uma técnica de fazer inveja a muitos pseudo-craques espalhados por essa Europa fora. Tendo em conta que estamos em Portugal, um país com pouco dinheiro, um país que também se ressente disso no futebol, é natural que Matic tenha saído do maior de Portugal. Neste caso foi para o Chelsea de José Mourinho (que médio que tu passaste a ter, caro Zé), mas em contrapartida rendeu milhões e milhões ao Benfica, não rendeu? Pois, parece que afinal foi vendido pela módica quantia de 25 milhões de euros (eu sei que isto é muito dinheiro para 98% dos portugueses, mas neste caso é mesmo pouco). Caro Luís Filipe Vieira, porque é que vendeste esta pérola sérvia pelo valor que correspondia a metade da cláusula de rescisão? O Benfica está nas lonas? Existe o risco de salários em atraso? A “troika” tem de entrar no nosso clube? Eu por acaso nem sou sócio, mas acho que deves uma explicação, pelo menos, a todos aqueles que pagam quotas.

Eu não critico a venda em si, porque todos os clubes portugueses necessitam de vender. É a lei do mercado, é a lei dos mais fortes e dos mais fracos, é a lei da vida. Mas penso que esta vedeta de leste, que muitas alegrias me deu, valia bem mais. Mas pronto, o Benfica já vendeu muita gente e sempre continuou de pé, por isso há que acreditar e pensar que o Benfica continua a ser o principal favorito a conquistar o campeonato. Quanto a ti, Nemanja Matic, desejo-te toda a sorte do mundo, porque sempre deste tudo enquanto vestiste o manto sagrado, porque era uma delícia ver-te jogar, porque eras um jogador que arrastava todo um estádio contigo, porque marcaste um golo do outro mundo ao FC Porto (então portistas, gostaram do jogo de domingo passado?), porque desbloqueaste a partida frente ao Sporting de Braga, já na presente edição do campeonato; porque senti, principalmente durante o último ano e meio, que tinha um médio de topo a alinhar pelo meu clube.

E agora? Como será? Ainda não me refiz completamente desta perda, portanto não vou fazer aqui nenhuma análise táctica daquilo que será o Benfica, no que resta da temporada. Gostei da vitória de ontem frente ao Leixões, com Jorge Jesus a rodar praticamente toda a equipa, com o Benfica a praticar um futebol seguro, com Djuricic a marcar, com Ivan Cavaleiro a provar que está ali um grande potencial. Porém, e infelizmente, JJ tratou de voltar às declarações infelizes, fazendo chacota da formação do próprio clube onde trabalha, o que a meu ver é muito grave e desnecessário.

Matic
Ainda no dia 15 de Maio de 2013 defrontavas o Chelsea, caro Matic
Fonte: sportsmole.co.uk

Contudo, tenho de confessar que o meu sistema cardiovascular anda a sofrer, e de que maneira, com este mercado de Inverno 2014. Não há dia em que não veja notícias que confirmem as idas de Garay e Rodrigo para o Zenit, de Gaitán para o PSG, de André Gomes para algum clube, a troco de 12 milhões de euros, do roupeiro para o Bétis de Sevilha, da nutricionista para o Celtic de Glasgow, do tratador de relva para o Jardim Botânico de Lisboa. Sim, eu sei que em Janeiro há sempre, por parte da imprensa desportiva portuguesa, um grande alarido em redor do Benfica, mas leiam estas minhas palavras, de um pobre rapaz que não quer enervar-se mais.

Mas atenção: se não joga o Matic, posso jogar eu! Se vão sair mais cinco ou seis futebolistas, eu também posso tentar desenrascar. Senhor Presidente Luís Filipe Vieira, pelo Benfica eu faço tudo. E sendo assim, se se confirmar esta debandada geral, eu sacrifico-me em prol do grupo de trabalho e assumo aqui que estou na disposição de ingressar no plantel. Não tem de gastar dinheiro na minha compra, não tenho de receber salário, contra o Sporting e contra o Porto até me vê a comer relva. Portanto, lanço aqui o repto. Tem aqui um grande talento!

E agora, plantel do Sport Lisboa e Benfica, concentra-te! Ganhem ao Marítimo no próximo domingo, mantenham-se na primeira posição, e dêem umas alegrias aqui ao pessoal. Já eu, vou-me treinando até ao fim do mês, e no dia 1 de Fevereiro já conto estar a trabalhar convosco, caros futuros companheiros de equipa.

David Villa: um caso especial

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O futebol moderno é cada vez mais assente numa globalização dos futebolistas. Quando utilizo o termo globalização, refiro-me à ideia de que o futebol atual raramente tem barreiras geográficas.

De facto, hoje em dia, a probabilidade um jogador de futebol efetuar toda a sua carreira no país de origem é, no mínimo, escassa. O dinheiro, a ambição e mesmo a busca por um maior nível de competitividade leva a que “emigração” seja um termo bastante associado ao mundo do futebol.

Contudo, as ligas de maior dimensão, como a inglesa e a espanhola, ainda conseguem “segurar” os craques.
Em Espanha, existe um caso particular que sempre me causou surpresa: David Villa Sánchez. O jogador em questão, agora com 32 anos, é um dos exemplos mais enigmáticos daqueles que optam por permanecer no “conforto” da liga onde cresceram.

Num curto resumo, exponho aqui o trajeto do avançado: David Villa despontou para o futebol no Sporting Guijón, onde jogou entre 2001 e 2003. Ainda muito novo, transferiu-se para o Real Zaragoza. Em duas temporadas, faturou 38 golos em 73 jogos e conquistou a Copa del Rey e a Supercopa. Os golos e as boas exibições despertaram o interesse do Valência, e, em 2005, David Villa ingressava no clube. Foi precisamente no clube valenciano que o avançado mostrou as suas melhores qualidades: em cinco épocas, num total de 166 partidas, Villa marcou 108 golos e fabricou exibições de luxo. Rapidamente se transformou no ídolo dos adeptos e na maior figura da equipa. Porém, em cinco anos, conquistou apenas (e novamente) uma Copa Del Rey e uma Supercopa – pouco, muito pouco.

Villa com as cores do Valência.
Villa com as cores do Valência. / Fonte: Reuters

Foi então que, em 2010, o Barcelona pagou 40 milhões de euros ao Valência, e, finalmente, David Villa representava um grande clube europeu. Um clube à sua medida.
A verdade é que só assim o avançado foi capaz de juntar ao seu palmarés uma Liga dos Campeões, duas Ligas Espanholas, um Campeonato do Mundo de Clubes e uma Supertaça Europeia. Depois de três anos na cidade condal, a idade e os alegados desentendimentos com Leonel Messi fizeram com que o Barcelona vendesse David Villa ao Atlético Madrid por apenas 5,1 milhões de euros.
Este época o avançado espanhol leva 11 golos e três assistências, em 19 jogos, mas vive muito na sombra do incrível (e jovem) Diego Costa.

No meio de tudo isto, David Villa ganhou com a Seleção espanhola o Campeonato da Europa por duas vezes (2008 e 2012) e o Campeonato do Mundo da Africa do Sul (2010), onde foi o melhor marcador, com cinco golos.
O que torna, então, o caso de David Villa especial? Eu respondo: apesar de toda a qualidade demonstrada desde muito cedo, Villa nunca protagonizou a tão esperada transferência para um grande do futebol europeu. Recordo-me perfeitamente de não haver um verão em que o nome de David Villa não surgisse como alvo de transferência de quatro ou cinco “tubarões”. Felizmente, o Barcelona trouxe algum brilho a uma carreira que seria no mínimo desapontante e injusta, face à qualidade demonstrada. No entanto, foi, na minha opinião, muito tarde. O jogador permaneceu demasiado tempo em Valência – com todo o respeito pelo clube.

Villa foi o melhor marcador do Campeonato do mundo em 2010. / Fonte: The Sun
Villa foi o melhor marcador do Campeonato do mundo em 2010. / Fonte: The Sun

Obviamente, as razões para permanecer em Espanha podem ter sido muitas: vontade própria, afeto ao Valência e à Liga espanhola, receio na adaptação a uma cultura futebolística diferente ou até questões financeiras. A verdade é que o próprio jogador pode sentir-se perfeitamente realizado com o seu trajeto. O fundo deste texto propõe-se apenas a retratar um caso que foge ao comum e cujo currículo não reflete a qualidade daquele que é o melhor marcador de sempre da Seleção espanhola, com 56 golos.

Rápido e explosivo, David Villa é um avançado versátil com capacidade para jogar entre os centrais ou em qualquer ponto do último terço do terreno. Tem um remate colocado e forte que o torna letal em frente às balizas. Os movimentos em campo demonstram uma inteligência acima da média, que, aliada a uma rápida leitura de jogo, o tornam num dos avançados mais completos do futebol. O elevado número de golos não surpreendem. Contudo, as muitas assistências que sempre fez ao longo da carreira revelam uma tendência para o jogo coletivo – tão amado pelos espanhóis.
Os defeitos são poucos, ou quase nenhuns. Talvez lhe deva apontar a fraca capacidade física devido à baixa estatura e baixo peso. Porém, tudo isso é suplantado pela capacidade natural de marcar golos.

É por estas razões que, sempre que vejo um golo de David Villa, sinto uma espécie de mágoa, como se a história deste avançado não fosse a correta ou tivesse sido alterada. Talvez esteja a ser demasiado dramático, eu sei. Porém, acho que Villa tinha e deveria ter ficado na elite do futebol por mais tempo (e há mais tempo).

Em 2008, ainda antes da conquista do primeiro Europeu de seleções, Cesc Fabregas afirmou: “David é um jogador incrível – ele tem uma enorme mobilidade, faz golos e é raçudo. Eu adorava que ele se juntasse a mim no Arsenal. Ele seria fantástico na Liga Inglesa”.

Ora, caros leitores, eu não podia estar mais de acordo.

Tranquilos, afinal estamos (só) a três pontos do líder

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atodososdesportistas

Alarmismos? Porquê? Por termos perdido na casa de um rival super-motivado e que só podia ganhar ou… Ganhar?! Eu mantenho-me totalmente tranquilo e a minha opinião sobre o Porto é a mesma que há 3 meses atrás: o treinador não está preparado. Um mega-Porto como aquele que Villas-Boas deixou permitiu (até) a Vitor Pereira ser campeão e eu sou dos que acha que ele não devia ter saído. Depois de herdar um Porto bi-campeão que perde James e Moutinho e para cujos lugares vêm Licá e Josué respectivamente (sem contar com Herrera), o que esperávamos? Milagres?

Meus amigos, a coisa é simples: o pior que podia acontecer no clássico era sairmos a 3 pontos do líder e a 1 do Sporting. Sem problemas. Se me falarem da falta de entrega no jogo, da passividade defensiva, da fraca ou nula prestação dos homens da frente, eu aceito. Mas aceitem também quem dias maus todos têm! E foi claramente um dia péssimo para o clube da Invicta. Foi um jogo disputado até certo momento, onde os contra-ataques fatais do Benfica ditaram o resultado final (e se não fosse o desacerto de Rodrigo seria mais dilatado) e onde pura e simplesmente não vimos um remate digno de registo do Porto. Não falo de arbitragens por principio e nem a fraca (ou horrorosa) prestação daquele senhor de amarelo me vai fazer “desculpar” o meu clube.

Ao contrário do passado mais recente, o FC Porto não foi feliz na Luz / Fonte: JNt
Ao contrário do passado mais recente, o FC Porto não foi feliz na Luz / Fonte: JN

Dá-me um certo gozo ver os “vermelhinhos” (carinhosamente falando, nada de se sentirem ofendidos!) a passar por mim e a perguntar-me pelo torcicolo que tenho de olhar para cima. Isto é “só” de rir, pois, se entrarmos por aí, esses mesmos adeptos já devem ter um torcicolo bem calejado de tanto e tanto e tanto que olham para cima. Eu habituei-me a ver um Porto penta-campeão; perder um campeonato; campeão; perder um campeonato; bi-campeão; perder um campeonato; tri-campeão; perder um campeonato e tri-campeão (em titulo). Torcicolos?! Não, a isso se chama “síndrome da pequenez”, muito comum naquele tipo de clubes que são parecidos com o golfinho: sempre lá em baixo e que volta e meia, quando aparecem cá em cima, acham piada e gozam. Isso é bom! É bom saber que em Portugal só existe uma coisa que regojiza mais os adeptos do clube da Luz do que as vitórias do próprio clube: o Porto não estar em primeiro lugar! E é bom porque… É coisa rara!

E se, hipoteticamente, o Porto este ano não for campeão? Sem problemas de maior. Quero ganhar o campeonato e estou plenamente convicto de que, mais uma vez, jogaremos com o Benfica a derradeira jornada e com eles faremos (mais uma…) festa! Não sou adepto de não acreditar. A nossa equipa teve um dia mau e já vai tendo muitos dias maus, é verdade, mas enquanto ganhar, vai sendo menos mal… Não me lembro de ver o Porto sofrer golos esta época em lances como os dois golos de Domingo: um passe a rasgar entre o central e o lateral, onde Danilo não faz o movimento correcto nem existe pressão sobre o portador da bola e outro golo de canto numa zona onde Mangala não costuma vacilar. Correu tudo mal, até as substituições. E nelas, mais um vez, Paulo Fonseca cedeu à pressão dos adeptos. O que foi Quaresma fazer para o campo? Esperava uns minutos de Quaresma num jogo onde ainda fosse possível ganhar ou, estando em vantagem, soltar o Harry Potter para fazer umas diabruras. Mas não, Paulo Fonseca lança o “ciganito” em campo com o jogo já a “ferver” e perdido. Resultado: amarelo, picardias e assobios da bancada. Para mim, não foi uma boa estratégia do timoneiro azul-e-branco.

Paulo Fonseca não usou o "joker" Quaresma da melhor maneira / Fonte: UOL
Paulo Fonseca não usou o “joker” Quaresma da melhor maneira / Fonte: UOL

Mas também se não o pusesse estavam todos a dizer que o devia ter posto. Por que raio não entra Ghilas quando o Benfica faz o 2-0? Josué? Mas afinal o que passou na cabeça da equipa técnica? Querer ter a bola no chão quando a pressão do Benfica nos sufocava? É difícil de entender.
Agora já passou, e com os erros se aprende (Vitor Pereira aprendeu e bem…), espero que Paulo Fonseca também o faça.

A única coisa que não posso admitir é a falta de entrega e de raça que os jogadores tiveram em campo! E aí o treinador não pode ser responsabilizado! Danilo, um fantástico lateral, fez de longe a pior exibição da época e ainda acabou ridiculamente expulso pelo tal senhor de amarelo, que estava desejoso de o fazer. Mangala e Otamendi pareciam nunca ter jogado juntos, tal não foi o desacerto. Varela e Jackson, geralmente decisivos em clássicos, não se viram. E Licá, enfim… sobre este está tudo dito. Exige-se mais e sou adepto de que depois de uma exibição destas o treinador deveria promover 4/5 alterações no próximo jogo do campeonato, como que num “abre-olhos” para quem pensa que existem lugares cativos.

Somos Porto, somos tri-campeões e queremos o tetra! Para lá caminhamos? Sim! Falta disputar uma volta inteira, num total de 45 pontos! Dependemos de nós mesmos e isso é um facto. Não estamos a 7 ou 5 pontos do Benfica como em épocas anteriores, e até aí acreditava! É hora de nos unirmos e sermos adeptos “à inglesa”, apoiar a equipa do primeiro ao último minuto, gostando ou não do treinador e das suas opções. Assobiar, deixar de ir aos jogos ou apupar é a pior coisa a fazer num momento destes. Vamos acreditar, “companheiros”. Unidos somos mais fortes e nada nos tirará aquilo que nós somos: os melhores de Portugal! Deixem outros serem os maiores ou com mais adeptos, nós temos é fome de títulos e estamos de barriguinha (bem) cheia!

Para finalizar, 2 notas:

I- Linda a homenagem a Eusébio sentida no estádio da Luz e respeitada pelos adeptos de ambas as equipas, Ele merece!

II- Depois da homenagem àquele que, para mim, foi o segundo melhor jogador Português de sempre, deixo também o meu apreço àquele que é o melhor de sempre: o vencedor da Bola de Ouro (finalmente fez-se justiça!). As lágrimas escorreram-me pelo rosto e ainda me apeteceu dizer aquela célebre frase: “oh Platini e Blatter, vão para…”, não, não digo. Mas posso pensar nisso, e penso sim!
Saudações e espero que a positividade com que escrevo vos faça também acreditar que nada está perdido, e continuamos no rumo do título, apenas com menor margem de erro!

Benfica 2-0 Leixões: O banco também joga

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Se por um lado foi com grande contentamento que a notícia de que o clássico do fim-de-semana passado seria disputado pelas 16h00 foi recebida, é também, por outro, certo que se não for numa jornada europeia, os jogos da Taça da Liga a meio da semana pouco entusiasmam. Sendo a competição nacional menos valorizada, sirva ao menos a Taça da Liga para dar minutos a quem durante toda a época luta por um lugar no onze inicial. Foi o que aconteceu hoje na Luz: nem um titular da partida contra o Leixões ouviu o apito inicial de Artur Soares Dias no Domingo.

A história do jogo é curta. Embora o Benfica não tenha entrado com as armas com que costuma atacar os jogos soube, num terreno que não era propriamente o ideal, circular a bola com qualidade, gerir os objectivos e anular um Leixões que, embora não tenha dado grandes dores de cabeça, veio à Luz com vontade e ambição. O sentido de oportunidade de Djuricic dentro da área, na sequência da marcação de uma bola parada e uma excelente movimentação para dentro da área – e consequente finalização – de Ivan Cavaleiro ditaram um resultado justo e incontestável da partida. Ao minuto 30 um lance de infelicidade de Artur não teve um pior desfecho por falta de engenho de Mailó, que desaproveitou uma má investida do guarda-redes encarnado à bola. Foi um regresso de Artur à baliza ainda com pouca confiança, mas sem erros crassos à excepção do já enunciado.

No dia em que foi oficializada a venda de Matic ao clube de onde veio quando chegou ao Benfica, não deixa de ser curioso a quantidade de “segundas-opções” a jogarem hoje frente ao Leixões. Isto porque as soluções para as eventuais saídas seriam sempre compensadas internamente. De resto, foi apenas a confirmação de algo em que já acreditava: o Benfica tem um bom banco e tem soluções. Naturalmente que têm que ser considerados os minutos de competição e os índices de confiança, mas a equipa encarnada tem, no seu cômputo geral, um bom plantel. Falando em concreto do lugar que Matic deixa, Ruben Amorim será, a meu ver, quem melhor poderá ocupar esse cargo. Por estar no Benfica há mais tempo e por ter características que o tornam mais completo que Fejsa neste momento e naquilo que é o sistema de Jesus. Seja como for, Matic desempenhava um papel importantíssimo no actual modelo do Benfica e se há coisa que o meio-campo vai dar a Jesus agora é aquilo que Rúben Amorim disse que ia dar ao “mister”: dores de cabeça.

Bom Senso F.C.

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brasileirao

Este poderia ser o nome de um clube de futebol de intelectuais, gente das artes ou outros produtores culturais. Alguém de extrema inteligência e que fosse o pináculo da criação. Dificilmente um clube poderia ter este nome. A não ser que houvesse um bairro chamado Bom Senso, ou houvesse uma cidade com este índice onomástico.

Nada disso. Foram os próprios jogadores do Campeonato Brasileiro que se uniram e deram a cara por esta causa. Medidas concretas? Lutar por um futebol de Vera Cruz mais justo e mais solidário. Aspetos contra? Desde logo, o número excessivo de jogos que as equipas se veem obrigadas a fazer, o curto período de transição do campeonato nacional para os estaduais (começam agora nos finais de janeiro) e vice-versa, a exaustão de jogos a que os jogadores estão submetidos, salários em atraso e ainda o preço dos bilhetes para os adeptos. Assim, foi possível observar em alguns jogos do Brasileirão 2013 cenas caricatas. Por exemplo, os jogos começavam e havia cinco ou dez minutos de inatividade pura. Inércia total. Jogadores a trocar simplesmente a bola amigavelmente entre si, como numa rabia. Isto para provar que eles são os titãs mais importantes do espetáculo.

Vénia. Aplausos. Completamente de acordo. É deste tipo de movimento que a sociedade precisa. Encontrar formas de associativismo. Se se associa, algo está mal. Mas, ao associar-se, algo poderá melhorar. É absurdo o número de partidas disputadas por um “bom” clube brasileiro. Coloco bom entre aspas não por desdém a outros, menos tradicionais. Mas caracterizo um bom clube como estando na Série A, disputando a Copa do Brasil e ainda jogar a Libertadores. Ora, os encontros do campeonato são ao sábado ou domingo e à terça ou quarta-feira. Ou seja, duas vezes por semana. Quem diria que no Brasil o futebol é lento? É um ritmo alucinante. Com Copa do Brasil a meio da semana e mais Libertadores, quando é que os atletas descansam? E treinam?

Este exemplo, simples, poderá ser copiado por outros quadros da sociedade. A união faz a força, já diz o lugar-comum. Mas é bonito ver jogadores de clubes que, desculpem, mas é verdade, se odeiam abraçados. Para grandes males, grandes remédios. A greve ainda não foi uma dessas curas. Porém, se a CBF persistir no erro de ignorar as chamadas de atenção, só um poderoso antídoto poderá parar um mal tão severo.

Excelência ao extremo

verdebrancorisca

Escreveu-se ontem mais uma página na longa História da fábrica de extremos de Alvalade. Ano após ano verificamos a excelência da formação leonina, com esta posição do terreno a receber um especial destaque.

Comecemos pela época de 1983/1984, ano da estreia profissional de um menino formado na cantera do Sporting, um menino que se transformaria num dos melhores extremos da sua era e que viria a ser segundo classificado na eleição da Bola de Ouro de 1987. Este jogador, que infelizmente teve os melhores anos da sua carreira no rival Porto (clube pelo qual, de forma atribulada, trocou o Sporting) e no Atlético de Madrid, inaugurou, a um nível superior, a magnífica fábrica de extremos do Leão. Falo-vos, obviamente, de “El Portugués”, Paulo Futre, um dos melhores jogadores portugueses de sempre, craque da conquista da primeira Taça dos Campeões Europeus por parte dos portistas.

Paulo Futre
O jovem Futre de leão ao peito
Fonte: Record

Cinco anos passados, a fábrica cria outro protótipo letal de um super-extremo ao nível planetário. Classe para dar e vender, velocidade, visão de jogo, finalização apurada: estas características fizeram dele um ídolo em três dos maiores clubes do mundo – Barcelona, Real Madrid e Inter de Milão – e levaram-no a erguer com toda a justiça e legitimidade a Bola de Ouro do ano 2000. Luís Figo, uma lenda viva, o grande capitão da selecção nacional, odiado por uns e amado por outros; porém, de uma excelência indiscutível. Quem não se lembra do “golão” a Inglaterra no primeiro jogo do Euro 2000? E daquele golo marcado a Schmeichel, num Portugal vs Dinamarca? Que recordações! Um dos melhores jogadores de futebol que o planeta Terra conheceu.

Luís Figo
Luís Figo: Um dos melhores de sempre
Fonte: Blog Tribunal do Futebol

Na época de 1996/1997 nasce mais um produto de qualidade extrema pelos lados de Alvalade. Um jogador de qualidade inegável, velocidade estonteante, com uma técnica não alcançável por qualquer atleta, bastante acarinhado durante a sua caminhada de Leão ao peito. Completou uma transferência de sonho para o gigante Barcelona, e por conseguinte adivinhava-se uma carreira magnífica para este jovem extremo. Tal facto não se viria a verificar, pois pouco tempo após a sua chegada à Catalunha este jovem voltou a Portugal para envergar as cores do rival eterno do seu clube de formação. Esta traição nunca foi perdoada a Simão Sabrosa, que se tornaria num símbolo de um Benfica completamente desprovido de classe. Apesar de tudo, foi sem dúvida um grande futebolista, passeando os dotes que absorveu em Alvalade por vários e importantes palcos mundiais.

Simão Sabrosa
Simão e a mudança para Barcelona
Fonte: Revista Mundial

No início do milénio nasce um novo filho, com um trajecto infelizmente parecido com o último atleta descrito. Pessoalmente, este extremo foi um dos jogadores que mais prazer me deu ver jogar em Alvalade. Valia bem o preço do bilhete! Uma técnica impressionante, fintas que eram novidade e que cortavam a respiração a qualquer adepto de bom futebol. Irreverente, foi lançado pelo treinador romeno Laszlo Boloni, que lhe deu a alcunha de “Mustang”, por ser uma força da natureza difícil de domar. Campeão nacional na sua primeira época de sénior, ainda jogou a temporada seguinte de leão ao peito, tendo viajado na época seguinte para Barcelona. Anos mais tarde, serve de moeda de troca no “negócio Deco” e assina pelo FC Porto, onde voltou a mostrar toda a sua magia: velocidade, técnica, finta, remate fácil, finalização apurada – o extremo com que todos os treinadores sonham. Apesar de todas estas qualidades, Ricardo Quaresma não está a ter a carreira que se esperava: entre a partida e o regresso ao Porto passou por clubes como Inter de Milão, Chelsea, Besiktas e Al Ahli do Catar, com pouco ou nenhum sucesso.

Ricardo Quaresma
Ricardo Quaresma e mais um golo pelo Sporting
Fonte: Blog Futebol Mais

Uma época depois do aparecimento do “Mustang” nasce o expoente máximo, a “jóia rara” desta fábrica de talentos. Quando um jogador, no seu primeiro jogo como sénior (um amigável frente ao Bétis), faz um golo daquele calibre, algo de especial se passa. Mais um tremendo velocista, sempre com uma finta fantástica na manga; porém, no caso deste menino, a técnica e a velocidade aliavam-se à força e poder de choque de uma forma estranhamente harmoniosa. Só jogou uma época de leão ao peito, pois, quando estava para começar a segunda temporada como profissional leonino, resolveu deslumbrar o mundo com uma exibição de sonho frente ao Manchester United, na inauguração do novo Estádio José Alvalade. Dias mais tarde viaja para Old Trafford, onde acabaria por se tornar um deus e cumprir um dos sonhos da sua carreira: vencer a Liga dos Campeões. Foi um deus em Old Trafford e viria a sê-lo também em Madrid, onde alcançou números sobre-humanos e onde se viria a afirmar de uma vez por todas como o melhor jogador do mundo. Cristiano Ronaldo: duas Bolas de Ouro, o atleta mais mediático do planeta, o futebolista mais bem pago do mundo. CR7, pelo seu esforço, dedicação, devoção e glória já alcançada, personifica o mítico lema leonino, sendo o maior símbolo da “cantera” verde-e-branca. A meio da carreira, tem a possibilidade de se tornar no melhor jogador de futebol de todos os tempos, se é que ainda não o é…

Ronaldo
CR7 com Boloni, o técnico que o lançou.
Fonte: World Soccer Talk

E quando se pensava que, após tanto craque seguido, dificilmente apareceria outro extremo de nível mundial, como que surge mais uma pérola. De origem cabo-verdiana, este menino aparece com pêlo na venta, jogando com qualidade e facilidade em qualquer uma das alas e até no centro do terreno. Mais um autêntico sinónimo de rapidez, técnica e visão de jogo, cedo se afirmou de leão ao peito, tendo feito duas temporadas de grande qualidade até protagonizar o maior encaixe de sempre para os cofres leoninos. Nani seguiria o caminho de Cristiano Ronaldo, rumando a Old Trafford para representar o Manchester United, onde proporcionou aos adeptos ingleses grandes momentos de magia. Há vários anos nos “Red Devils”, e apesar de alguns altos e baixos, Nani é dono de uma grande carreira futebolística e um alvo bastante apetecível para qualquer emblema europeu. O actual técnico do United, David Moyes, não conta com ele, e já se fala num possível regresso ao Sporting por empréstimo, ficando o clube inglês com o direito de opção de compra de William Carvalho.

Nani
Os festejos de Nani no seu ano de estreia.
Fonte: Site Super Sporting

No mesmo ano do lançamento de Nani, e depois de um empréstimo ao Casa Pia, surge outro grande extremo, nunca aproveitado pelos lados de Alvalade. É difícil descrever a sua história de leão ao peito, pelo simples motivo de que quase tudo se resume a empréstimos: duas épocas consecutivas no Vitória de Setúbal e uma temporada em Espanha, no Recreativo de Huelva. O desejo de voltar ao Sporting não se cumpriria, pois Paulo Bento (técnico do Sporting na altura) viria a dispensá-lo no ano de 2008. Silvestre Varela assinaria pelo Estrela da Amadora, onde brilhou, chamando a atenção do FC Porto, que o contratou na época seguinte. Varela construiu uma bela carreira de dragão ao peito, onde já milita há cinco temporadas, tornando-se num dos grandes jogadores da Liga Portuguesa e da Selecção Nacional.

Varela
Varela brilhou no Estrela da Amadora, após ser dispensado por Paulo Bento
Fonte: Futebol Mundial

Na época transacta, assistimos ao nascimento, pelas mãos de Jesualdo Ferreira, de mais um extremo tremendamente promissor. Numa época terrível para o Sporting, os rasgos desta pérola luso-guineense arrancaram alguns sorrisos aos milhares de adeptos verde-e-brancos orgulhosos com a qualidade da sua formação. Depois de diversos jogos brilhantes na equipa B, e de outras tantas jogadas memoráveis na equipa profissional do leão, Bruma explode e mostra ao mundo toda a sua magia num mundial sub-20 onde foi considerado o segundo melhor jogador da competição. Percorrido este ainda curto caminho, o jovem jogador foi mal aconselhado por advogados, tutores, empresários, e acabou por protagonizar uma novela que terminou na sua venda aos turcos do Galatasaray, onde tem dado boas indicações, apesar das escassas oportunidades de jogar os 90 minutos. Se trabalhar arduamente e tomar as decisões certas, acredito que possa chegar ao nível de, pelo menos, um Nani.

Bruma joga agora no Galatasaray Fonte: Futebolportugal
Bruma joga agora no Galatasaray
Fonte: Futebolportugal

O mais recente capítulo desta bela História foi escrito ontem, no Sporting – Marítimo a contar para a Taça da Liga, quando um menino de 19 anos assina uma obra de arte fenomenal, abrindo caminho à contundente vitória leonina. Um dos mais influentes em todas as camadas jovens que percorreu, integrou a equipa de juniores com idade juvenil, integrou a equipa B com idade júnior, e mais recentemente tem sido lançado, jogo após jogo, por Leonardo Jardim, demonstrando sempre um toque de bola fora do comum. Carlos Mané demonstrou de uma vez por todas, ontem, que merece a oportunidade proporcionada pelo “Mister” Jardim, e mesmo depois do golo não se deslumbrou, jogando com responsabilidade, pondo a equipa sempre à frente do seu benefício pessoal. Este “puto” tem tudo para ser como todos os outros jogadores que referi anteriormente, e não tenho dúvidas de que dentro de alguns meses passará de uma promessa a uma clara afirmação.

É impressionante o reportório de extremos de nível mundial saídos da fábrica de Alcochete. Enumerei nove, mas podiam ter sido mais, não fossem algumas decepções como Fábio Paím, Edgar Marcelino, Vasco Matos, David Caiado ou Diogo Salomão. Espero e acredito que esta saga em busca do extremo perfeito não termine, e aposto em Iuri Medeiros como protagonista do próximo capítulo.

“Não podemos ter receio de lançar os nossos talentos” – concordo com o mister. Afinal são eles que têm escrito a História do futebol…