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Chicotada táctica

À jornada 33 da Premier League, o Sunderland parecia completamente condenado à descida. A equipa dividia o último lugar com o Cardiff City, somando 29 pontos; apresentava um futebol completamente desprovido de agressividade; a última vitória do conjunto orientado pelo uruguaio Gustavo Poyet remontava a nove jornadas atrás; e o calendário prometia trazer mais nuvens negras no horizonte, visto que no espaço de uma semana a equipa teria de enfrentar três equipas do Top 5 da Premier League: uma delas a protagonizar um campeonato impressionantemente regular, estando a disputar a última vaga da Liga dos Campeões com o Arsenal – Everton; as outras duas, em duelo direto pela conquista da competição e as quais o Sunderland teria de visitar – City no Etihad (onde, até então, só havia perdido três pontos para o Chelsea) e Chelsea em Stamford Bridge (local de invencibilidade desde há 77 jogos até então para José Mourinho enquanto treinador dos blues).

Primeiro o Everton, no Stadium of Light. A equipa mostrou uma coesão defensiva que surpreendeu, entrando com uma personalidade e uma organização notáveis para uma formação que fora goleada por 5-1 na jornada anterior. Parecia ter rompido completamente com a identidade deixada nos jogos anteriores; o Sunderland da jornada 34 era outra equipa. Manteve o adversário no seu campo e, para além de evitar o primeiro golo dos tofees, ainda conseguiu criar mais oportunidades do que o adversário… até um pormenor fazer a diferença. O experiente Wes Brown comprometeu a equipa com um auto-golo a 15 minutos do final, parecendo fazer desmoronar toda a construção de um resultado positivo. Porém, a equipa não foi abaixo e no que restou do encontro só deu Sunderland. Isto foi suficiente para dar moral à equipa nos jogos que se avizinhavam, mesmo que estes tivessem dificuldade muito mais acrescida. O que mudou? Poyet não inventou, regressou ao 4x2x3x1 em posse e 4x5x1 sem ela, devolvendo experiência (O’Shea e Wes Brown) ao eixo central da defesa; dotou o meio-campo de um pensador de jogo (Collback) e apostou na exploração dos flancos, com a irreverência de Borini e Johnson, apoiados por Alonso e Bradsley. A partir deste jogo, as coisas mudaram e o reflexo disso mesmo está na forma como a equipa abordou as batalhas que tinha pela frente:

1) primeiro, no Etihad, soube conter a equipa do City no seu meio-campo, mantendo a organização defensiva mesmo depois de consentido o primeiro golo e, mais tarde, graças a uma substituição bastante feliz (Sebastian Larsson cedeu o lugar a Giacherinni, autor de duas assistências) e à inspiração de um miúdo que Poyet conseguiu potenciar com jogo psicológico (Wickham), o Sunderland conseguiu silenciar o estádio daquele que viria a ser o campeão de Inglaterra, dando a volta ao marcador em 10 minutos (dois golos de Wickham). Viria a consentir o 2-2, mas estava à vista a continuidade do trabalho tático iniciado no fim-de-semana anterior.

Borini marcou e consolidou o final da série de 11 jogos sem vencer do Sunderland na época em curso. Fonte: Daily Star
Borini marcou e consolidou o final da série de 11 jogos sem vencer do Sunderland na época em curso.
Fonte: Daily Star

2) Depois, em Stamford Bridge, num jogo em que a equipa do Sunderland parecia condenada a não vencer, dando continuidade a uma série de 11 jogos sem conhecer o sabor da vitória. Uma hipótese que pareceu ainda mais real quando Eto’o, aos 12 minutos, inaugurou o marcador… mas, mais uma vez, a solidariedade do eixo central defensivo, ajudado pelo operário Lee Cattermole, e a irreverência do menino Wickham deram frutos, logrando-se o empate passados seis minutos (da autoria do “míudo”), empate que foi mantido até ao minuto 82, altura em que o Sunderland beneficiou de uma grande penalidade. Borini marcou e consolidou o final de duas séries impressionantes: a da invencibilidade de Mourinho enquanto treinador do Chelsea a jogar em casa e a do Sunderland sem vencer na época em curso. Assim, num momento tão vulgar como a marcação de uma grande penalidade, o impensável acontecia, as odds alteravam-se drasticamente e dava-se início à melhor fase do Sunderland durante a temporada, já que, ao contrário do que já acontecera anteriormente na temporada, os Black Cats foram regulares e não ficaram por aqui, mantendo uma regularidade impressionante, evidenciada nas três vitórias consecutivas alicerçadas num desempenho defensivo notável: não sofreu qualquer golo ante Cardiff, Manchester United (sim, ganhou em Old Trafford!) e West Bromwich Albion.

Perante a proximidade do abismo em que se encontrava o Sunderland, com seis jornadas para disputar, muito poucos seriam os analistas (e até adeptos do clube) que vaticinariam um final como aquele que se verificou no Stadium of Light, quando foi garantida a permanência dos Black Cats (2-0 ao WBA, com um jogo por disputar).

Transportando esta realidade para Portugal e outros países latinos, é facilmente concebível um cenário em que a emoção tomasse conta das altas instâncias desportivas do clube em questão e que estas se apressassem na procura dos efeitos benéficos que uma chicotada psicológica pode trazer. Contudo, Poyet mudou o paradigma e, não ignorando o excelente trabalho psicológico que foi feito (especialmente com Connor Wickham), é justo reconhecer que a performance de sonho que o Sunderland exibiu no último suspiro do campeonato inglês (que deve ser exemplo para equipas e clubes em situação de descida espalhados pelo mundo) teve na sua base uma chicotada… tática.

A segunda das alemãs

cab reportagens bola na rede

UEFA Women´s Champions League: Tyreso FF 3-4 Wolfsburg

Num estádio do Restelo bem composto para um jogo de futebol feminino, Tyreso e Wolfsburg jogavam a oportunidade de entrar na história do futebol feminino. Para as suecas do Tyreso, que têm na sua equipa a melhor jogadora do mundo, Marta, era uma oportunidade de conseguir vencer a Liga dos Campeões pela primeira vez (para a jogadora, a oportunidade de conquistar o troféu pela segunda vez). O clube nórdico atravessa uma grave crise financeira e vai perder várias jogadoras, incluindo a brasileira. Do outro lado estava o campeão em título, o Wolfsburg. As alemãs surpreenderam no ano passado ao vencer o favorito Lyon e tinham a oportunidade de vencer o troféu pela segunda vez na sua história.

Depois de um espetáculo de abertura bem conseguido era tempo de disputar o jogo decisivo. A primeira parte foi fraca, uma vez que ambas as equipas jogaram na expectativa. Ainda assim, o sinal mais vai para o Tyreso. Foi sempre mais perigoso e soube aproveitar as (poucas) oportunidades para ficar em vantagem, frente a um Wolfsburg sem ideias dentro de campo e que apenas obteve uma oportunidade – um mau corte da defesa sueca que ia dando em auto-golo. O Tyreso acabaria por marcar dois golos seguidos no primeiro tempo. O primeiro surgiu pela inevitável Marta, que numa arrancada fantástica deixou três jogadoras para trás e inaugurou o marcador. O segundo apareceu quando ainda se comentava nas bancadas o grande golo de Marta: Christen Press, depois de um excelente trabalho na ala, cruzou para Veronica Boquette facturar. Em poucos minutos o Tyreso parecia caminhar a passos largos para a conquista da Champions League. Um resultado justo ao intervalo – as suecas estiveram sempre mais perto do golo do que as alemãs, mas a qualidade de jogo era baixa.

O Restelo teve uma boa casa para a final Foto: Rodrigo Fernandes
O Restelo teve uma boa casa para a final
Foto: Rodrigo Fernandes

Mas quem pensava que o futebol feminino é sempre assim enganou-se. A segunda parte foi de grande qualidade e de grande emoção. Um golo do Wolfsburg logo a abrir a segunda parte, num cabeceamento de Alexandra Pop, deu o mote para a reacção alemã. O Wolfsburg apresentou-se de forma completamente diferente da primeira parte. Para se ter ideia, em apenas cinco minutos, as alemãs tiveram mais oportunidades do que em toda a primeira parte. O golo, uma bola cortada em cima da linha e uma oportunidade desperdiçada na cara do guarda-redes mostravam a vontade do Wolfsburg de dar a volta ao resultado. E quem trabalha consegue resultados: aos 52 minutos veio o golo do empate. Martina Muller, frente à guarda-redes, empatou e voltou a pôr as duas equipas em igualdade. O que parecia uma final já quase decidida voltou a ser um jogo emocionante. Os papéis tinham-se invertido: o Tyreso era agora uma equipa sem ideias, surpreendida pela grande entrada do Wolfsburg. Mas quem tem Marta nunca está muito tempo apagado do jogo. A jogadora cinco vezes Bola de Ouro foi a grande atracção da final. Cada vez que tocava na bola levava o público ao delírio, cada lance mágico dela tirava olés da bancada, e não é de espantar que todos os cartazes tivessem escrita uma mensagem a pedir a sua camisola. Aos 56 minutos houve um momento de magia: Marta, dentro da pequena área, tirou uma adversária do caminho e colocou a bola no ângulo. Um grande golo de uma grande jogadora que deixou as bancadas de boca aberta. Os primeiros dez minutos do segundo tempo, de pura emoção, espectáculo e qualidade, acabavam, assim, da melhor maneira.

O jogo baixou de ritmo com o 3-2, mas aos 68 minutos Verena Faißt voltou a empatar o encontro  para a equipa alemã. O ritmo manteve-se sempre elevado, mesmo sem qualidade no jogo. Martina Müller, a 10 minutos do fim, fez o 4-3 com que o jogo chegou ao final, apesar de o Tyreso ter tentado sempre voltar à igualdade, mais com o coração do que com a cabeça.

Este foi um resultado que premiou a boa segunda parte do Wolsfburg, apesar de a equipa sueca merecer pelo menos uma ida ao prolongamento.

 

Reportagem elaborada por André Conde e Rodrigo Fernandes

Carta Aberta a: Ezequiel Garay

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Caro Garay,

Já te conhecia do Real Madrid e admirava-te. A tua chegada ao Benfica foi para mim uma felicidade e só podia esperar o melhor. Confirmaste-o. Ao lado de Luisão formaste um muro. Arriscava mesmo dizer: uma parede. Marcaste golos e afirmaste-te como um dos melhores centrais a actuar em Portugal e um dos grandes da Europa. Após este fantástico “triplete”, após esta época fantástica, as portas das grandes ligas abriram-se para ti. Mostraste garra e amor ao clube. Mostraste potencial para poder actuar, não entre os grandes, mas sim entre os enormes deste mundo que vive vergado ao deporto-rei.

A época terminou. A próxima época começa a ser traçada. O glorioso abre-te as portas para ficares, e os gigantes abrem-te as portas de saída da Luz. E tu? Dizes que queres o Zenit. Falou-se em Manchester, Barcelona e até num regresso a Madrid. E tu sabes que eras capaz de te impor entre os grandes. De construir uma nova parede com o Sérgio Ramos ou com Piqué. E tu escolhes ir para o Zenit. O teu agente afirma que escolheste o Zenit. Porquê? Porquê passar ao lado dos grandes palcos? Das grandes ligas? Dos grandes jogadores? Porquê perder a oportunidade de aprender com os melhores e ganhar ainda mais? Porquê perder a oportunidade de ganhar o que ganhaste e o que podias ter ganho no Benfica? Pelo dinheiro? És novo. Tens tempo de aos 34 ires dar uns toques para a MLS ou para os Emirados Árabes Unidos. Mas agora, aos 27 anos? No pico de forma? Já com experiência acumulada, venderes-te? Passares ao lado de uma carreira ainda com tanto para dar… Porquê? Witsel e Hulk não te serviram de exemplo?

Garay, fica!  Fonte: vivaobenfica.wordpress.com
Garay, fica!
Fonte: vivaobenfica.wordpress.com

Não me venhas com conversas de quereres abraçar este novo projecto. Porque duvido que esse projecto vá a lado algum. Tu mereces mais. Fica ou parte. Mas fá-lo em consciência. Escolhe uma liga ao teu nível. O campeonato russo é tão pouco para ti. Enche-te os bolsos, é certo. Mas sempre te vi como alguém que joga por amor ao jogo. Com raça, amor e ambição. Um jogador à Benfica. Um jogador com espírito e alma.

Garay, não vendas os teus dotes. Não vendas a tua carreira. Tu podes mais. Basta quereres. Primeiro ama o que fazes. O dinheiro logo vem.

Desejo-te o melhor futuro do mundo. Vais ser grande. Maior do que já és. Marcaste o Benfica e os benfiquistas. Nunca te esqueceremos, apenas pedimos que jogues por amor e não por dinheiro. O futebol precisa da tua raça.

Os melhores cumprimentos,

 

Tomás Gomes

Falta de coerência

sextoviolino

1) É sabido que os Sportinguistas são frequentemente chamados de “chorões”, “calimeros”, “antis”, etc. por parte dos adeptos do Benfica. Não vou discutir a justeza dessas afirmações, que considero não só despropositadas como também potencialmente perigosas, porque varrem para debaixo do tapete a necessidade de uma discussão séria sobre o futebol português. Mas a realidade é que a imagem de pessoas despropositadamente contestatárias está, infelizmente, muito associada aos adeptos do Sporting.

Foi, por isso, com curiosidade que constatei, depois da final da Liga Europa, que grande parte das considerações de adeptos benfiquistas sobre o jogo falavam quer do Sporting (porque muitos Sportinguistas apoiaram o Sevilha) quer da “cabala” montada por Michel Platini e pela UEFA contra eles (porque, servindo-me de um “argumento” que tantas vezes oiço quando aponto em conversas os erros dos juízes em prejuízo do Sporting, “descarregaram nos árbitros o facto de não terem sido capazes de ir para cima do adversário e marcar mais um golo do que ele”).

Sobre a relação entre Benfica e Sporting, o que se passa é que existe uma rivalidade. É, portanto, normal que a maioria dos sportinguistas não torça pelo Benfica, tal como o contrário também acontece. É assim entre os rivais de todo o mundo. O Benfica, lamento dizê-lo, não é nenhum caso excepcional nem despoleta nos Sportinguistas outro sentimento que não seja a rivalidade – a mesma que os benfiquistas também nutrem pelos adeptos leoninos. Já sobre Platini e a UEFA, pede-se um pouco mais de coerência a quem ridiculariza o Sporting por estar na linha da frente da luta pela transparência do futebol português – nas devidas instâncias, não nos jornais e em bocas desorientadas contra a UEFA. O aparecimento do Movimento Basta (organização na qual, note-se, não me revejo a 100%) foi criticado por muitas das mesmas pessoas que, depois de Turim, subscreveram uma petição “contra a UEFA” (quase 25 000 assinantes) e que chegaram ao ridículo de tentar convocar uma “manifestação” para o dia da final da Champions. A estas pessoas, repito, pede-se maior coerência.

2) Depois de uma lista de 30 pré-convocados claramente provocatória, a escolha final de Paulo Bento até pareceu quase pacífica. Mas há escolhas que têm de ser debatidas. As mais escandalosas, falando agora dos 30 pré-convocados, são as inclusões de André Almeida, André Gomes, Ivan Cavaleiro e João Mário – opções que se tornam ainda mais incompreensíveis quando há jogadores melhores que ficaram de fora. Cédric (cuja ausência dos 23 até perceberia, mas dos 30 nunca, ainda para mais quando é preterido em detrimento de André Almeida) e Adrien são os casos mais gritantes; nunca me passaria pela cabeça convocar Carlos Mané, mas se Cavaleiro lá está então a presença do extremo do Sporting teria feito muito mais sentido. Para que se tenha uma noção das coisas, nada melhor do que deixar os números falar: no que diz respeito ao campeonato, Mané (o menos utilizado dos 3 sportinguistas) fez 843 minutos; os atletas do Benfica, todos somados, perfizeram 1308.

Que não se pense que estou a dar primazia aos meus gostos pessoais. Simplesmente, os Sportinguistas não têm culpa de que os casos mais estranhos a nível de ausências envolvam jogadores do seu clube… Foi assim com Manuel Fernandes em 1986 (marcou 30 golos no campeonato), com Moutinho em 2006 e 2010 e repete-se agora com estes três atletas. Se Bento teve a decência de prescindir de Gomes e de Cavaleiro, confesso que não consigo perceber a ida de André Almeida. Mesmo tendo em conta a lesão de Sílvio, o 34 do Benfica teria, pelo menos, Miguel Lopes, Antunes e Cédric claramente à sua frente. É certo que a polivalência deve ser um argumento a considerar (e Lopes também faz os dois flancos), mas apenas se estivermos a falar de jogadores que mereçam estar sequer a ser comparados. Não deve servir nunca para sustentar que jogadores suplentes (André Almeida começou a jogar em Abril) e que pouco se destacaram passem à frente de quem merecia realmente ser chamado.

"É certo que o seleccionador tem sempre a última palavra, mas algumas das opções de Paulo Bento para são difíceis de compreender"  Fonte: Zerozero
É certo que o seleccionador tem sempre a última palavra, mas algumas das opções de Paulo Bento são difíceis de compreender 
Fonte: Zerozero

Já Adrien é o exemplo de como uma carreira pode ser comprometida duas vezes pelo mesmo treinador: Bento lançou o médio no Sporting quando este tinha 18 anos e colocou-o sempre a trinco, fora da sua posição natural – as exibições não foram as melhores e o jogador começou a ser criticado, entrando numa roda-viva de empréstimos que só acabaram há duas épocas; agora, o mesmo Bento recusa levar um dos melhores médios do campeonato ao Mundial, impedindo a valorização do jogador e a concretização de um sonho pessoal. Com todas estas “brincadeiras”, certo é que, no próximo Campeonato do Mundo, Adrien terá 29 anos. Será, provavelmente, a sua última oportunidade de disputar a competição desportiva mais importante do planeta. Ver isto a acontecer ao mesmo tempo que André Gomes e João Mário são pré-convocados não é fácil de compreender…

3) Tenho de dar os parabéns a Daniel Carriço. Nunca me encheu as medidas enquanto central (ser lançado às feras com 20 anos num Sporting em ruínas e jogar ao lado de Anderson Polga também não é fácil…), mas sempre apreciei o seu profissionalismo. As suas palavras após a conquista da Liga Europa são um bom exemplo daquilo que é ser um grande Sportinguista: não teve problemas em elogiar a excelente equipa do Benfica, disse que “deve tudo” ao clube de Alvalade e que “o coração não muda e ficará sempre do Sporting”, além de ter tido a seriedade, a frontalidade e a presença de espírito para, no meio da festa, lembrar os jornalistas daquilo de que muita gente por vezes se esquece e até ridiculariza: o Sporting podia ter ido ainda mais longe neste campeonato se não fossem algumas arbitragens. Depois de vários anos “a penar”, Carriço merece como poucos a glória alcançada. Pena que tal nunca tenha acontecido ao serviço do clube do coração… A jogadores como este, só consigo desejar o melhor possível. Foi um orgulho ouvir estas palavras!

4) Leonardo Jardim saiu, Marco Silva entrou. Confesso que a saída do madeirense me apanhou desprevenido, mas acabo por percebê-la. E o Sporting continua. Tenho a convicção de que a experiência com o novo treinador será de extremos: ou correrá muito bem, ou correrá muito mal. Esperemos que se verifique a primeira opção. Que tenha toda a sorte do mundo e que confirme num grande clube as boas indicações que deixou no Estoril, é o meu desejo.

 

P.S.: Mesmo debilitado fisicamente, Cristiano Ronaldo conquistou ontem a segunda Liga dos Campeões da carreira, a tão ansiada “décima” do Real  Madrid. 17 golos em 11 jogos é um registo assombroso. É um orgulho ver que o maior produto da formação do meu clube é o melhor jogador português de todos os tempos e um dos maiores de sempre a nível mundial. E ele promete não parar por aqui. Notável! Os parabéns a Carriço estendem-se também a Ronaldo

Euro Sub-17: mais uma “vitória moral” de Portugal

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A Inglaterra é a nova campeã europeia de sub-17. Os ingleses derrotaram a Holanda na final (4-1 nas grandes penalidades após o empate a um no tempo regulamentar) e conquistaram o segundo título da sua história neste escalão. Os britânicos apresentaram-se em Malta com um conjunto recheado de potencial e saíram com um triunfo que premeia a boa organização colectiva e o talento individual. Patrick Roberts foi o melhor jogador do torneio, mostrando uma qualidade muito acima da média para um jovem de apenas 17 anos. Foi essencialmente no plano ofensivo que a Inglaterra fez a diferença. Para além do extremo do Fulham, Isaiah Brown jogador explosivo, que tem características físicas e técnicas muito interessantes e que pode actuar em todas as posições do ataque – e Dominic Solanke – oportuno em zonas de finalização e dono de uma excelente técnica individual – foram as grandes figuras. O patrão do meio-campo foi Ryan Ledson, que, a jogar à frente da defesa, se destacou na recuperação e na distribuição (exímio no capítulo do passe); Onomah acabou o torneio em bom plano – foi mesmo um dos melhores na final -, aproveitando a sua disponibilidade física e capacidade de transporte de bola. No sector defensivo, os laterais Jonjoe Kenny e Tafari Moore (bastante completos tanto a atacar como a defender) demonstraram mais potencial do que os centrais.

A Holanda, como habitualmente, contou com um elenco cheio de qualidade e podia perfeitamente ter vencido o torneio. Jari Schuurman foi a estrela da equipa. O médio do PSV destacou-se essencialmente no plano ofensivo: para além da qualidade de passe, tem enorme facilidade de aparecer em zonas de finalização (desmarca-se extremamente bem). Marcou 4 golos que lhe valeram o prémio de melhor marcador da prova (juntamente com Solanke). Nas funções defensivas sobressaiu Donny Van de Beek – médio com uma excelente leitura de jogo e capacidade de recuperação -, dando maior liberdade a Schuurman para se envolver no ataque. Bilal Ould-Chikh foi o principal desequilibrador da equipa. Actuando no corredor direito, apesar de ser esquerdino, é irreverente, fortíssimo no 1×1 e remata muito bem. Bergwijn, avançado móvel e com boa visão de jogo, e Nouri, médio habilidoso, são outros elementos interessantes. Defensivamente, Calvin Verdonk foi quem mostrou mais potencial, não só a defender – muito eficaz na antecipação e no desarme – como a atacar, conseguindo desequilibrar tanto através do passe como da condução de bola. Para além disso, tem um remate forte com o seu pé esquerdo (marcou o golo do torneio frente à Inglaterra) e é um exímio marcador de bolas paradas.

Schurrman foi um dos principais destaques dos neerlandeses  Fonte: timesofmalta.com
Schuurman foi um dos principais destaques dos neerlandeses
Fonte: timesofmalta.com

No que diz respeito à selecção nacional portuguesa, assistimos à história do costume. Depois de uma fase de grupos brilhante, com 3 vitórias (a juntar às 6 da qualificação) e nenhum golo sofrido, os lusos desperdiçaram oportunidades incríveis no jogo da meia-final e acabaram injustamente eliminados pela Inglaterra. Sem ter nenhum craque que se destaque dos restantes, o conjunto de Emílio Peixe – constituído maioritariamente por jogadores do Benfica – mostrou mais qualidade a defender do que a atacar. A dupla de centrais formada por Francisco Ferreira (excelente na antecipação, no desarme e na saída de bola) e Rúben Dias (mais forte fisicamente) esteve impecável e complementa-se na perfeição. Nas laterais, Hugo Santos e Yuri Ribeiro foram competentes, embora tenham dado pouca profundidade ofensiva.

O meio-campo é outro sector desta selecção com bastante potencial. A actuar como médio defensivo, Rúben Neves demonstrou muita cultura táctica, inteligência posicional e qualidade no passe, assumindo-se como um dos pilares da equipa. À sua frente, Gonçalo Rodrigues fez um torneio algo irregular, mas a espaços demonstrou ser um médio talentoso (muita intensidade e boa leitura de jogo). Renato Sanches, talvez o nome mais conhecido à partida, acabou por não estar totalmente à altura das expectativas. Depois de uma excelente exibição na partida inaugural, perdeu influência e não conseguiu ser o médio ofensivo de que a equipa precisava. Ainda assim, tem imensa margem de progressão e consegue aliar qualidade técnica a uma capacidade física impressionante. Tem qualidade de passe, é muito forte no transporte de bola e cumpre defensivamente. Como opções de banco, Pedro Rodrigues, médio defensivo, e Pedro Delgado, dono de um excelente pé esquerdo, foram alternativas à altura.

Pelo que se viu neste torneio, o ataque é, surpreendentemente, o sector com menos qualidade. Os extremos titulares pouco produziram. À direita, Buta mostrou muita velocidade mas pouca inteligência nas decisões; do outro lado, Diogo Gonçalves não conseguiu aproveitar a sua qualidade técnica. Esteve constantemente desaparecido dos jogos e só apareceu na meia-final com a Inglaterra, exibindo um poder de remate bastante interessante. Luís Mata foi a arma secreta, sendo decisivo nas duas primeiras vitórias. Curiosamente, quando foi titular teve uma prestação desapontante. João Carvalho, que pode actuar na zona central e no corredor esquerdo, é provavelmente o jogador com mais técnica desta selecção. O jogador do Benfica tem uma excelente capacidade de aceleração, é criativo e forte no 1×1. Ganhou o lugar no onze com o decorrer do torneio. Como referência ofensiva, Alexandre Silva foi uma desilusão e, para já, não parece ter condições de ser o futuro da selecção. É muito fraco nas decisões e demasiado perdulário a finalizar. Tendo em conta as suas características, talvez possa tornar-se num extremo interessante (é rápido e consegue desequilibrar no 1×1).

Ruben Neves. capitão de Portugal, demonstrou uma enorme maturidade  Fonte: UEFA
Ruben Neves. capitão de Portugal, demonstrou muita maturidade e muita qualidade 
Fonte: UEFA

A Escócia foi a grande surpresa da prova, apesar de ter tido alguma felicidade na forma como se apurou para as meias-finais. Os escoceses vacilaram frente aos adversários mais poderosos (Portugal e Holanda), mas conseguiram derrotar as equipas de valia semelhante (Alemanha e Suíça). O jogador mais talentoso é Scott Wright, segundo avançado que cai bastante nas alas e é capaz de criar desequilíbrios através das suas mudanças de velocidade. Como pontas-de-lança, Craig Wighton e Ryan Hardie mostraram potencial. São dois jogadores com características idênticas – altos mas móveis –, que seguram bem a bola e têm sentido de baliza. Nesbitt, médio ofensivo com uma excelente qualidade no passe, e Joseph Thomson, trinco agressivo e forte na recuperação, são outros elementos que podem chegar longe.

Apesar de terem sido afastadas na primeira fase, a Turquia e a Suíça mostraram bastante qualidade. Os suíços voltaram a apresentar uma geração que pode ter sucesso no futuro. Ainda assim, o jogador de quem mais se esperava – Albian Ajeti – não esteve à altura. O avançado, que já se estreou na equipa principal do Basileia, tem muito potencial (rápido, potente e com remate fácil), mas passou ao lado do torneio. No meio-campo destacaram-se Djibril Sowbox-to-box intenso, eficaz na recuperação e forte no transporte de bola – e Dimitri Oberlin, que, a actuar como médio ofensivo, deixou excelentes indicações. Arxhend Cani, extremo que ocupa preferencialmente o corredor esquerdo, foi o principal desequilibrador da equipa, mostrando bons atributos técnicos e uma capacidade de aceleração muito acima da média. O guarda-redes Gregor Kobel – tremenda segurança na saída aos cruzamentos e boa presença entre os postes – também merece nota positiva (pode seguir as pisadas de guardiões como Sommer ou Benaglio).

Os turcos tiveram alguns problemas defensivos, mas a principal razão para não terem seguido em frente foi a falta de maturidade na gestão do jogo (estiveram em vantagem contra Holanda e Inglaterra). Enes Ünal, que já é presença habitual na equipa do Bursaspor, é o jogador com mais potencial. O avançado destacou-se pelo seu instinto e sentido de baliza, impressionando pela forma como consegue trabalhar na grande área (marcou dois golos à meia volta). Forte fisicamente, joga bem como pivot e é bastante perigoso na marcação de livres. O guarda-redes Tarik Çetin – impecável entre os postes -, e os extremos Incedere e Sabit Yilmaz, dotados tecnicamente e com boa visão de jogo, são outros elementos talentosos.

A Alemanha foi a grande desilusão da prova. Ao contrário do que se esperava, os germânicos viajaram para Malta com uma equipa pouco talentosa e saíram do torneio sem qualquer vitória. O capitão Benjamin Henrichs foi um dos poucos destaques positivos. O jogador do Bayer Leverkusen actuou como médio centro e mostrou uma maturidade muito acima da média para um jovem de 17 anos. Muito completo, tem qualidade técnica, capacidade de passe e aparece bem em zonas de finalização, sendo igualmente competente nas tarefas defensivas. Os extremos Ferati e Fiore-Tapia também deixaram boas indicações, apesar da irregularidade exibicional. Em relação à selecção da casa, como se previa não teve capacidade para ombrear com os adversários (equipa bastante atrasada a nível técnico e táctico, tanto individual como colectivamente). O ponto alto acabou por ser os dois golos marcados à Holanda. Friggieri, extremo com um excelente pé esquerdo, e Mbong, rápido e capaz de criar desequilíbrios, são os jogadores mais interessantes.

Onze ideal (4-3-3):

GR – Tarik Çetin (Tur)

LD – Jonjoe Kenny (Ing)

DC – Francisco Ferreira (Por) e Calvin Verdonk (Hol)

LE – Tafari Moore (Ing)

Mdef – Ryan Ledson (Ing)

MC – Jari Schuurman (Hol)

MO – Dominic Solanke (Ing)

Extremos – Patrick Roberts (Ing) e Bilal Ould-Chikh (Hol)

Av – Isaiah Brown (Ing)

 

Melhor jogador: Patrick Roberts – O médio holandês Jari Schuurman também brilhou, mas o extremo inglês é quem mais merece esta distinção. Marcou 3 golos e fez 4 assistências. Actuando preferencialmente no corredor direito, o jovem de 17 anos tem nas diagonais para o corredor central – onde pode aplicar o seu forte remate de pé esquerdo – a sua grande arma. Dotado tecnicamente, com uma excelente visão de jogo e uma capacidade de decisão muito acima da média, cria bastantes desequilíbrios através da condução de bola (principalmente) e do drible.

Real Madrid 4-1 Atlético Madrid (a.p.): eis La Decima

O Estádio da Luz foi o palco da conquista da décima Liga dos Campeões da história do Real Madrid. Lisboa encheu-se de gente e acolheu a primeira final de sempre desta competição entre duas equipas da mesma cidade: Real e Atlético de Madrid prometiam um jogo electrizante e as expectativas não saíram goradas. O que não faltou foi emoção!

Do lado do Real Madrid, destaque para a titularidade de Khedira – de regresso aos jogos internacionais depois de grave lesão -, que substituiu o castigado Xabi Alonso. Do lado do Atlético de Madrid, a grande surpresa foi a inclusão de Diego Costa no onze – o ponta-de-lança hispano-brasileiro conseguiu recuperar a tempo do grande jogo, mas acabou por sair antes dos 10 minutos, manifestamente incapacitado do ponto de vista físico, cedendo o seu lugar a Adrian.

A primeira meia hora de jogo teve pouca história e nenhuma oportunidade. As duas formações entraram agressivas mas cautelosas e começaram por estudar-se mutuamente, numa interessante mas inconsequente batalha a meio-campo. Um livre de Ronaldo aos 28’ foi o primeiro remate digno de registo; aos 32’, Bale aproveitou um passe errado de Tiago para o seu primeiro falhanço clamoroso da noite. Até que o Atlético chegou ao golo, por intermédio de Godín (o central que já havia colocado os colchoneros na Luz e que marcou o “golo do título” em Camp Nou). Na sequência de um canto, a bola sobrou para o uruguaio, que se antecipou a Khedira e, com a nuca, cabeceou para a baliza. Responsabilidade clara de Casillas, que ficou “aos papéis” e não conseguiu evitar o primeiro. Ainda antes do intervalo, Adrián, de cabeça, poderia ter ampliado a vantagem.

Godín - quem mais? - marcou o golo rojiblanco Fonte: UEFA
Godín – quem mais? – marcou o golo rojiblanco
Fonte: Getty Images

No segundo tempo, o jogo foi mais espetacular. O Atlético abandonou o 4-4-2 passou a jogar em 4-2-3-1, com Tiago a fazer de pivot, Koke e Gabi à sua frente, Adrián na esquerda, Raul Garcia na direita e Villa na esquerda. O Real Madrid continuou num híbrido entre o 4-4-2 e o 4-3-3. Raul Garcia teve nos pés mais uma ocasião, aos 50’. Na resposta, Di María, num dos vários slaloms impressionantes, sofreu falta, arrancou o amarelo a Miranda e deu a Ronaldo um livre perigoso, que resultou numa sequência de dois pontapés de canto igualmente incómodos para os campeões espanhóis. Adrián ripostou com um grande remate aos 56’; Ronaldo voltou a ameaçar de cabeça aos 61’.

Depois, as substituições que ajudaram a mudar o jogo: Marcelo entrou para o lugar de Coentrão, dando muito mais profundidade ofensiva ao jogo dos blancos, e Isco rendeu o apagado Khedira, oferecendo ao Real a capacidade de ter a bola e controlar o jogo em posse. A partir daí, o Atlético foi-se retraindo e as ocasiões de perigo sucederam-se: Isco, Ronaldo e Gareth Bale podiam ter feito o 1-1, mas o 1-1 só viria a surgir no tempo de compensação, quando já todos julgavam que o Atlético ia ser campeão europeu pela primeira vez. Num canto batido por Modric, Sergio Ramos saltou mais alto e fuzilou a baliza de Courtois, impotente perante o tiro do vice-capitão do Real.

Já com as substituições esgotadas – Simeone já tinha colocado Sosa e Alderweireld em campo; Ancelotti já tinha lançado Morata para o lugar de Benzema –, Atlético e Real partiram para o prolongamento com estados de alma muito distintos: os colchoneros revisitando os fantasmas da outra final (perdida na compensação) e os blancos acreditando que La Decima estava já ali. Depois dos primeiros 15 minutos com o Real por cima e o Atlético fechado e compacto lá atrás (a continuação da segund parte do tempo regulamentar, portanto), viria a ser a segunda parte do prolongamento a ditar o campeão europeu de 2014. Di María arrancou sobre a esquerda, contornando todos os adversários que lhe apareceram à frente, rematou para uma defesa brilhante de Courtois, mas Bale, na recarga, de cabeça, colocou o Real em vantagem pela primeira vez em 110 minutos. Com a equipa completamente estoirada fisicamente e quase toda amarelada, o Atlético deu tudo o que tinha para voltar a agarrar a final, mas era tarde demais. Marcelo, com toda a facilidade, rematou para o 3-1 e Cristiano Ronaldo, na cobrança de um penalty ganho por si mesmo, dilatou para 4-1 – um resultado que fica muito longe de espelhar o que se passou dentro das quatro linhas.

O golo de Sergio Ramos mudou tudo  Fonte: Getty Images
O golo de Sergio Ramos mudou tudo
Fonte: Getty Images

Os jogadores do Atlético de Madrid deixaram, como sempre, tudo o que tinham em campo. Tiveram coração, lutaram com todas as suas armas, entregaram-se ao jogo como só eles sabem fazer e estiveram a dois míseros minutos de cumprir uma época de sonho. Foi por muito pouco que não conseguiram bater o pé, uma vez mais, ao todo-poderoso Real Madrid. Por outro lado, o Real Madrid foi justamente feliz. Em desvantagem, procurou sempre dar a volta ao texto, falhou oportunidades e mereceu ir para o prolongamento. Evidentemente, fez-se valer da maior frescura física e da maior qualidade individual dos seus futebolistas. Qualquer vencedor seria um justo vencedor. O Real Madrid fez uma campanha fantástica e merece o ceptro. Assim, teremos três compatriotas que chegarão ao Mundial como campeões europeus: Cristiano Ronaldo, Fábio Coentrão e Pepe.

A Figura
Di María – Foi o elemento em maior destaque no lado do Real Madrid, a par de Sergio Ramos e Modric. O argentino, de regresso à casa onde despontou para o futebol mundial, esteve ao seu nível e mostrou a maturidade táctica que ganhou nos últimos anos e a qualidade técnica e a velocidade que aprendeu a colocar ao serviço do colectivo. O grande desequilibrador desta final.

O Fora-de-Jogo
BBC – Benzema, Bale e Cristiano Ronaldo estiveram os três longe do seu melhor nível. Não jogaram mal, mas se estivessem a cem por cento teriam provavelmente resolvido esta final ainda durante o tempo regulamentar.

Podem consultar as estatísticas do jogo e ver todos os golos.

Invasão madrilena a Lisboa

cab reportagens bola na rede

A final da Champions disputa-se, dentro de momentos, no Estádio da Luz e vai opôr, pela primeira vez, dois rivais do mesmo país: Real e Atlético de Madrid.  Os merengues procuram a sua 10.ª Liga dos Campeões, enquanto que os colchoneros buscam a sua primeira. Tudo vai ser decidido em Lisboa, na capital vizinha de nuestros hermanos. O Estádio da Luz acolhe as duas equipas espanholas e o Bola na Rede encontrou dois adeptos espanhóis que estão a viver em Portugal. Angel del Real é adepto incondicional do Atlético e Alvaro Velasco não consegue viver sem o Real Madrid. Como será que estes dois adeptos espanhóis estão a viver esta grande final no nosso país?

Angel del Real, 27 anos, está em Portugal como estudante Erasmus e é, como referido, adepto do Atlético de Madrid. O colchonero sofre por estar longe de Madrid, mas admite estar “muito contente”com esta temporada histórica da sua equipa. Para a final, espera um resultado histórico.

Angel e um dos seus ídolos colchoneros: Paulo Futre
Angel e um dos seus ídolos: Paulo Futre

Sergio Ramos disse que o Atlético é favorito. Concordas?

O Real Madrid tem argumentos  para ser favorito, como a sua história (9 títulos europeus) e orçamento. É uma diferença de 400 milhões, mas não nos tira a ilusão de vencer a Champions.

No início da época acreditavas que acabarias esta temporada como campeão espanhol e que irias à final da Liga dos Campeões?

Este ano não acreditava. A progressão da equipa estava a ser boa e isto era uma situação que podia acontecer daqui a três ou quatro anos, mas já esta temporada não esperava.

O que representa para os colchoneros a conquista da Liga dos Campeões?

Se ganharmos, fazemos uma temporada histórica, ficará sempre na memória dos adeptos. Se perdemos, é na mesma uma óptima temporada. O importante é que independentemente do resultado temos orgulho nesta equipa.

Preocupam-te as lesões de Arda Turan e Diego Costa? Como vai a equipa responder se eles não jogarem?

É verdade que o Diego Costa é um jogador importante para nós, mas há que recordar que já ganhamos ao Barça na Champions e na Liga sem ele. O Atlético tem muitas opções de bola parada – é a arma mais importante da nossa equipa. Quanto ao Arda, é um jogador incrivel, com uma magia que poucos têm. Mas valemos pelo colectivo, e hoje acredito que todos joguem bem. O Atlético tem muitas opções de bola parada, é a arma mais importante da nossa equipa.

Como analisas a campanha do Atlético na Liga dos Campeões deste ano?

Uma temporada fantástica. Chegar à final sem perder nenhum jogo, com jogos contra Chelsea, Milan, Barça e Porto é algo histórico. Somos os únicos que não perderam e esperamos continuar assim.

Como tens vivido o dia-a-dia do teu clube aqui em Portugal?

Com grande intensidade. Como estou de Erasmus em Portugal, não consegui ir ver os jogos no estádio. Uma pena que na melhor temporada do Atlético eu esteja em Lisboa. Foi o pior da minha aventura em Portugal, de resto adorei o país.

De que forma sentes que os portugueses estão a viver esta final? Sentes que apoiam mais o Real ou o Atlético?

Os portugueses querem que o Real Madrid ganhe a Champions, por causa do Cristiano Ronaldo. É normal, na Turquia acontece o mesmo com o Arda Turan. Gostaria que os portugueses estivessem na fan zone dos adeptos do Atlético para verem como são os melhores adeptos de Espanha.

 

Estas opiniões são refutadas pelo seu compatriota madrileno. Alvaro Velasco tem 22 anos, é adepto do Real Madrid e está em Portugal desde Setembro. Quando escolheu Lisboa para fazer Erasmus, dificilmente terá tido em linha de conta que, uns meses depois, poderia estar a receber a sua equipa de sempre praticamente à porta de casa. No entanto, o Real Madrid foi pulverizando a concorrência na Liga dos Campeões. Alvaro chega, portanto, ao fim de Maio com a hipótese de festejar em solo português a tão ansiada “décima”, que já escapa ao Real há doze anos.

Alvaro vai estar presente na Final da Liga dos Campeões a apoiar o "seu" Real Madrid
Alvaro vai estar a apoiar o “seu” Real Madrid esta noite

O estudante de Jornalismo não esconde: nos últimos tempos tem-lhe sido cada vez mais difícil pensar noutra coisa que não seja a vitória do seu clube, o mais titulado a nível europeu. Ao longo dos últimos meses, Alvaro pouco contacto teve com a sua língua-mãe. Hoje, contudo, poderá conviver em Lisboa com milhares de compatriotas. Será, caso se verifique, o culminar de um ano lectivo diferente e inesquecível num país estrangeiro – ainda que um passeio pelas ruas da capital portuguesa nesta tarde de Sábado pareça indicar o contrário. Por estes dias, Alvaro sente-se em casa. E pode, se tudo correr como espera, festejar junto dos seus.

Concordas com as declarações de Sergio Ramos, nas quais afirmou que o Atlético é o favorito para o jogo de hoje?

Pelo nome, o Real Madrid é sempre favorito. Mas também é verdade que o actual campeão espanhol é o Atlético. Estão num grande momento de forma, por isso tudo pode acontecer.

Preocupa-te que Cristiano Ronaldo tenha estado a treinar com limitações?

É sempre complicado jogar sem a estrela principal. Estes jogos costumam ser ganhos pela equipa que comete menos erros, mas acho que o Crtistiano Ronaldo vai chegar à final em plenas condições.

O que representaria para ti a conquista da décima Champions?

Seria um sonho. Sou sócio do Real Madrid desde os 7 anos e vi pela televisão as finais de Turim, Glasgow… Ver agora a minha equipa poder conquistar a Champions em Lisboa, a cidade onde estou de Erasmus, é sinceramente indescritível.

Como analisas a campanha do Real Madrid na Liga dos Campeões deste ano? E a do Atlético?

Ambas as equipas estão na final por mérito próprio. No caso do Real, a fase de grupos foi mais complicada, defrontando equipas como a Juventus e o Galatasaray. Nas eliminatórias jogámos contra três equipas alemãs e houve apenas uma partida muito complicada, em Dortmund. Depois, contra o Bayern, que era o grande favorito a ganhar a competição, acabou por ser um passeio até Lisboa. No caso do Atlético, chegaram invictos à final e estão cheios de vontade de ganhar a primeira Liga dos Campeões da sua história. É preciso não esquecer que eliminaram a equipa de Mourinho, um grande Chelsea. Vai ser certamente uma grande final.

Como tens vivido o dia-a-dia do teu clube aqui em Portugal?

Como disse, é um sonho ver a minha equipa numa final aqui em Portugal. Tenho nove ou dez amigos que vêm ver o jogo a minha casa, aquilo vai parecer uma autêntica fan zone. Por estes dias, Lisboa transformou-se em Madrid, a minha cidade. Não há momento em que não esteja a pensar na final do Estádio da Luz.

De que forma sentes que os portugueses estão a viver esta final? Sentes que apoiam mais o Real ou o Atlético?

Tenho muitos amigos portugueses e quase todos apoiam o Real Madrid, principalmente por causa do Ronaldo e até do Mourinho. Caso não apoiem, eu obrigo-os!

 

Visões diferentes, e até opostas, mas que fazem desta final um acontecimento único e imperdível. Hoje, Lisboa será espanhola. Por um dia, a capital de Espanha deixará de ser Madrid. Tudo para ver jogar as duas melhores equipas desta Liga dos Campeões. Quem ganhará? Real Madrid ou Atlético? O desafio está montado. Venha de lá essa grande final.

 

Entrevistas de André Conde e João V. Sousa

Van Gaal: a solução para o bem e para o mal

Conhecido pelo seu temperamento difícil, Louis Van Gaal é o homem escolhido para recolocar o Manchester United no lugar a que nos habituámos. Após uma época ridícula a todos os níveis, o clube inglês prescindiu – e bem – dos serviços de David Moyes. A aposta no escocês foi uma tentativa completamente falhada de reproduzir aquilo que Alex Ferguson deixara no clube. Num ano em que este colosso nem vai às competições europeias, exigia-se rapidez de acção por parte dos dirigentes do United. E assim foi. Van Gaal tem a missão de apontar de novo o clube às vitórias e qualidades para isso não lhe faltam.

Dono de um percurso invejável, com Ajax, Barcelona e Bayern de Munique no currículo, títulos são com ele. E é isso que se lhe pede em Old Trafford. Conhecido por balancear as suas equipas para o ataque, Van Gaal é um homem de difícil trato. Que o diga Rivaldo, por exemplo, sobre quem o holandês disse: «Eu gostava do Rivaldo antes dele vencer a Bola de Ouro de 1999. Eu adorava esse Rivaldo. Gostava dele porque ele era o melhor […]. Gostava do Rivaldo que tinha entusiasmo e empenho. Agora já mostrou que não tem qualquer vontade.» Por estas palavras se percebe que o novo “Sir” não olha a nomes quando a equipa está em primeiro lugar. Para Van Gaal, a equipa é “tudo” e por isso não destaca jogadores. Atitude, personalidade e método é (quase) tudo o que o treinador exige deles. O plano técnico e o talento futebolístico ficam, então, para um segundo plano.

Os egos de Van Persie e Rooney podem ser a maior dor de cabeça para Van Gaal Fonte: Fox Sports
Os egos de Van Persie e Rooney podem ser a maior dor de cabeça para Van Gaal
Fonte: Fox Sports

O Manchester United tem de ir ao mercado e de mexer-se bem, sem olhar muito aos custos que isso possa exigir. A limpeza do balneário começou com as saídas de Ferdinand e Vidic, às quais se juntou o fim de carreira de Giggs. Logo aqui, o clube inglês poupa uma fortuna em termos salariais. Como os ataques ganham jogos e as defesas campeonatos, essencial será, para já, reforçar o sector defensivo. Coleman, Mangala, Hummels ou Shaw parecem ser nomes que agradam ao conjunto inglês. No meio-campo, Carrick já não é o mesmo de há 5 anos atrás e Fletcher ou Cleverley são curtos para as ambições do clube. Alex Song e Toni Kroos poderiam ser, por exemplo, boas opções. No 4-3-3 tipicamente holandês, a dúvida estará em como fazer coabitar Rooney e Van Persie neste esquema. Parece difícil, mas Van Gaal terá a resposta

Sem Ferdinand, Vidic e Giggs, o United precisa de novos líderes.E é aqui que Van Gaal pode começar a ser solução para o mal. Suspeita-se que poderá querer entregar a braçadeira de capitão ao compatriota Robin Van Persie e, se for implacável nas suas decisões como lhe é reconhecido, não é de acreditar que Rooney fique satisfeito com esta resolução. Para além deste ponto, a pouca simpatia de Van Gaal para com os jornalistas pode, em Inglaterra, ser uma faca apontada a si próprio. Conciliar este temperamento com as reconhecidas qualidades que tem no treino e no jogo será o seu maior desafio. O risco é reduzido, pois não é de imaginar que se consiga fazer pior do que fez David Moyes. Van Gaal precisará de tempo por ser um treinador que gosta de impor o seu futebol e aquilo que imagina para a equipa, nem que para isso tenha de atropelar críticas de dirigentes, adeptos e imprensa. Se o tempo lhe for dado, Van Gaal é o homem certo para recolocar o United na estrada das vitórias

Velhos, mas nem tanto

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cab nba

Jason “White Chocolate” Williams, Dwyane Wade, James Posey, Udonis Haslem e Shaquille O’Neal – este foi o cinco inicial que me fez apaixonar por este desporto. Não posso deixar de agradecer a atletas como o Hall of Famer Gary Payton e Alonzo Mourning, e até Antoine Walker. Não sei porquê, estes foram os nomes que me ecoaram na cabeça durante a primeira época da liga principal de basquetebol dos Estados Unidos da América que vi e segui a sério. Se ainda não fui explícito, estou a falar do grupo que, em 2006, levantou pela primeira vez na história da instituição dos Miami Heat o título de campeão da NBA.

Desde então, comecei a estudar a liga, pesquisando as equipas, os jogadores, os treinadores e, basicamente, tudo o que consegui ver na Internet. Vi os Miami Heat passarem de campeões a derrotados logo na primeira ronda dos playoffs do ano seguinte, a pior equipa da liga, a voltar aos playoffs, ao regresso dos grandes ecrãs com a chegada do então MVP da liga LeBron James, e da máquina de duplos-duplos, proveniente dos Toronto Raptors, Chris Bosh. O que se pode dizer é que, durante estes anos, a minha instituição preferida foi tudo menos regular. E é nessa palavra que me quero focar. Regularidade.

Nenhum outro grupo personifica melhor essa palavra do que os San Antonio Spurs, isto porquê? Porque desde 1996 que os Spurs ficam entre as oito melhores equipas da sua conferência; venceram por 11 vezes o título da sua divisão e cinco o da sua conferência, por fim levantando o título mais cobiçado da liga por quatro. Perderam apenas uma vez, contra os Miami Heat – peço desculpa, mas tinha de aproveitar a oportunidade de poder enaltecer a minha equipa.

Por três vezes foi considerado o melhor treinador da liga. É indiscutivelmente dos melhores de sempre, dos mais directos e controversos. No entanto, apresenta resultados, e é isso que se pede a “Pop”. Fonte: http://www.thefumble.com/sites/captainwag.com/files/p18fi762cvd34rq61p9m12to1fmf4.jpg
Por três vezes foi considerado o melhor treinador da liga. É indiscutivelmente dos melhores de sempre, dos mais directos e controversos. No entanto, apresenta resultados, e é isso que se pede a “Pop”
Fonte: thefumble.com

Bem, passando agora ao real tema deste artigo. Não querendo denegrir a qualidade da equipa sediada em Oklahoma, os Spurs têm todas as condições para “varrer” os Thunder na final da conferência. Sem Ibaka, a formação onde joga Kevin Durant perdeu toda a qualidade de defesa interna, poder de alcance médio, e o corpo era o hispano-congolês. Apesar de, mesmo assim, poderem contar com Durant e Westbrook, dois dos melhores jogadores da liga, há agora a incapacidade de defender perto do cesto, causada pela lesão do número 9 e pela nem sempre presença de Kendrick Perkins. Os Spurs e todo o seu plantel têm feito o que querem dos Thunder.

Tony Parker é, discutivelmente – mas na minha opinião –, o melhor base activo nos playoffs; não só sabe passar, como sabe penetrar como nenhum nas defesas adversárias, fazendo-o em pouco tempo, algo muitíssimo comum na rotação implementada por Gregg Popovich. De seguida temos Danny Green, que parece que sempre que os jogos começam a ganhar uma maior importância entra num “modo playoffs” e começa a ter percentagens quase ridículas de lançamentos de triplo. Kawhi Leonard está-se a tornar numa estrela, que defende irrepreensivelmente e que ataca de uma forma sempre eficaz. Depois, subindo no terreno, ao vermos uma lenda viva a jogar, é impossível não ficar maravilhado com a qualidade de jogo de Tim Duncan. Este jogador consegue fazer coisas aos 38 anos que outros aos 28 não conseguem. Agora, será isso resultado da experiência? Sim, e não. De certa forma, a experiência ajuda muito, mas o atleta, que já foi, por duas vezes, MVP, continua a possuir um jogo extremamente polido, completo e, no geral, belo. Thiago Splitter acaba por completar o resto do cinco inicial; não tendo um jogo ofensivo muito desenvolvido, Splitter é eficiente, eficaz e ajuda a equipa em todos os momentos do jogo.

: Este é o cinco inicial da equipa que, pessoalmente, mais medo me mete nos playoffs. Fonte: http://gumbosportsnation.com.au/wp-content/uploads/2014/04/5b5537c9_san.jpg
Este é o cinco inicial da equipa que, pessoalmente, mais medo me mete nos playoffs
Fonte: gumbosportsnation.com.au

Não nos podemos esquecer ainda de uma das maiores estrelas argentinas de todos os tempos, Manu Ginobili. Incrivelmente, vem do banco para impedir que a equipa se vá abaixo aquando da rotação de “Pop”. Por fim, ainda temos Patty Mills, que apareceu a meio do ano para substituir Tony Parker e garantiu um lugar significativo na equipa, e Marco Belinelli, o campeão de triplos nos All-Stars, que evita que a equipa perca consistência ofensiva.

Nesse sentido, os Spurs têm, quase que garantida, a passagem para as finais da NBA. Assumindo que tanto podem apanhar os Indiana Pacers como os Miami Heat, os Spurs, se jogarem contra os primeiros, como já disse em textos anteriores, vencem. Não estou a desrespeitar os Pacers, mas é uma realidade que os Spurs são muitíssimo melhores do que a equipa de Larry Bird.

Se jogarem contra os Miami Heat, enfrentam a única equipa que realmente acredito que seja capaz de dar luta aos Spurs. A chegarem às finais, vão ter um trabalho complicadíssimo. Em relação ao ano que passou, ao perderem um dos jogadores mais importantes nesta conquista,  Mike Miller, os Heat esbanjaram a hipótese de terem um “atirador-furtivo” de triplos, que contribuía bastante em pouquíssimo tempo. No entanto, a equipa da Flórida defende como ninguém a linha de três pontos, que pode ajudar, se bem que não é, de todo, suficiente para vencerem os Spurs. Pode ser que dê. No entanto, duvido bastante.

A equipa texana tem vindo a apresentar um dos tipos de jogo mais bonitos a que já tive o prazer de assistir, com uma constante movimentação da bola e inúmeras assistências, provenientes de todos os jogadores, de todas as posições. Em suma, todos jogam pela equipa, e não pelas estatísticas. Por muito boa que seja a possibilidade de lançar para um jogador, se outro estiver livre com um lançamento aparentemente mais fácil, a bola irá para ele. O jogo deveria ser jogado assim.

Tão simples. Tão eficaz. Passar a bola para quem estiver sozinho. Mas, hoje em dia, a bola acaba por ser passada para a mão de um jogador que, logo de seguida, faz um movimento de isolamento, onde tenta testar os movimentos do seu defensor. Se, porventura, puder atacar o cesto, fá-lo-á; se não obtiver uma linha de ataque, só então é que passa a bola. Esse deve ser o espírito de um jogo de equipa, e é assim que os Spurs jogam.

São, desde o início do ano, os “velhos”, os “trapos”, os “veteranos” – mas, muito provavelmente, são mesmo estes velhotes que vão levantar o título da NBA.

Festival de Campeões

cab reportagens bola na rede

Lisboa em contagem decrescente para a grande final da Liga dos Campeões 2013/2014, grande acontecimento, tanto em termos desportivos como em termos mediáticos. De facto, estando por exemplo no Champions Festival, como a equipa do Bola na Rede esteve, fica-se bem com a noção de como uma final da liga milionária arrasta multidões atrás, e como todos os órgãos de comunicação social se focam neste evento tão impactante.

Ao longo destes últimos dois dias no Champions Festival, a equipa do Bola na Rede pôde presenciar e assistir a diversas iniciativas, como sendo a conferência de Deco, em que anunciou os nomes das crianças que vão entrar de mão dada com os jogadores, aquando da entrada das equipas no relvado do Estádio da Luz. Deco, ex-internacional português, foi uma das figuras que esteve presente no evento do Terreiro do Paço, assim como Christian Karembeu, glória do futebol francês, que espalhou simpatia por todos os presentes, numa sessão de autógrafos.

Antigos campeões deram espectáculo Fonte: Bola na Rede
Antigos campeões deram espectáculo

A Praça do Comércio está repleta de distracções respeitantes aos patrocinadores da Liga dos Campeões, havendo também um ecrã gigante, que passa ao longo de todo o dia histórias e entrevistas com os intervenientes da mais prova de clubes mais importante do futebol europeu, tanto em termos masculinos como em termos femininos. Outra das atracções do Champions Festival passa pelo Museu da Liga dos Campeões, junto aos Paços do Concelho, em que através de variadíssimas imagens se podem rever e recordar muitos momentos marcantes desta prova apaixonante.

O campo de futebol improvisado é, muito provavelmente, o grande pólo de atenções do Champions Festival. Com jogos a decorrer a toda a hora, o público acaba por se sentar nas bancadas, e assim assistir a salutares jogos de futebol, normalmente disputados entre equipas jovens. Porém, foi um jogo que opôs duas equipas compostas por velhas glórias do futebol mundial a prender a atenção de toda a gente que se encontrava, na altura, no Terreiro do Paço. Nesta sexta-feira, foi fantástico rever autênticas lendas do desporto rei, que não desiludiram o muito público presente. Todos os intervenientes sorriram, brincaram, e não deixaram de dar espectáculo. Em termos individuais, destaque para Cafu, antigo internacional brasileiro, que marcou vários golos e que deslumbrou com pormenores de classe. E depois, como foi bom voltar a ver jogadores como Rui Costa, Luís Figo, Deco, Cannavaro, Laudrup e Djorkaeff. De facto, foi uma tarde em que o saudosismo imperou, mas em que se voltou a provar como o futebol tem tanta e tanta personalidade que marcou várias gerações.

E agora, que entrem em acção os actores do momento. Estádio da Luz a rebentar pelas costuras, ambiente de sonho, cidade de Lisboa paralisada para a final, duas das melhores equipas da actualidade, um derby madrileno.

Que seja um princípio de noite de sábado mágico, é o que desejamos.