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A miopia é a doença que fica do campeonato dos contratos televisivos

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a norte de alvalade

Depois do SL Benfica é agora o FC Porto a anunciar um novo contrato de concessão de direitos televisivos, desta feita com a MEO. Os números são igualmente elevados, na linha do contrato efectuado entre encarnados e a NOS.

As comparações serão inevitáveis porque a rivalidade assim o impõe. Contudo, uma vez que os dois clubes não negociaram exactamente os mesmos “produtos” e não se encontravam na mesma posição (o FC Porto, tal como o Sporting CP, ainda tem um contrato antigo a vigorar por mais duas temporadas), o resultado do confronto de valores torna-se mais difícil de percepcionar.

Quanto ao Sporting, vai-se dizendo nos “mentideros” que há negociações em curso. Falta saber se estar neste momento em último traduz uma vantagem negocial ou um prejuízo. Qualquer das possibilidades é real. Mas, mais importante do que as especulações sobre os números, parece-me evidente que:

Ao ficar para último no que aos três grandes diz respeito o clube fica pressionado a igualar os números dos seus rivais;

Ao não ser o primeiro a fechar contrato o risco de fazer o contrato abaixo dos valores conseguidos pelos rivais saiu diminuído. Valerão agora os argumentos que conseguir colocar na mesa das negociações;

Os valores a conseguir funcionarão inevitavelmente como uma importante medida de aferição da posição do Sporting no mercado assim como da capacidade negocial dos seus dirigentes;

Há um risco de as condições em que os rivais negociaram se alterarem de forma parcial ou até substancial. A esta distância do final do contrato ainda em vigor, e com a volatilidade do meio e da própria economia, não se consegue estimar o que será de facto mais vantajoso. Só o tempo o poderá esclarecer.

Dentro do âmbito do último item assinalado, parece-me que o FC Porto poderá estar a correr um risco maior ao negociar no imediato, sendo contudo certo que o novo contrato lhe permite aceder a uma receita importante, resolvendo também um problema que se arrastava: a falta de uma receita importante como a que é a publicidade nas camisolas. O que se diz aqui sobre o FC Porto aplica-se igualmente a nós, uma vez que nos encontramos numa situação semelhante.

Fica por saber que consequências trazem estes contratos para o futebol português. É fácil perceber no imediato que se acentuará o fosso já existente entre os três grandes e os demais. Embora aqueles se possam dar por satisfeitos e continuar de vistas curtas apenas a olhar para os respectivos umbigos, é claro que esta macrocefalia é, a prazo, tendente a reduzir a competitividade do nosso campeonato.

Com menos meios, só por cinismo se poderá exigir aos demais clubes que nos confrontos com os grandes procurem jogar o jogo pelo jogo, sendo mais do que expectável e provavelmente compreensível que apenas se preocupem em ter autocarros mais sólidos. Falta saber se um campeonato de reduzida competitividade pode oferecer aos três grandes a possibilidade de crescer e evoluir. Parece-me haver aqui alguma miopia por parte dos dirigentes dos clubes e um rotundo e sonoro falhanço do papel da Liga de Clubes que põe em causa a sua própria utilidade.

E nós, os adeptos, eternos pagantes, que temos a ganhar com aquela que parece ser uma consequência inevitável da dispersão de jogos por diversos operadores? Muito pouco, ou até mesmo um grande nada que, ao fim e ao cabo, pode representar ter que pagar ainda mais para ver ainda menos. Isto porque é muito provável que a concorrência traga a sobreposição de jogos à mesma hora, como já se viu este ano com aparecimento das transmissões directas da BTV.

Uma questão de tempo

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cab premier league liga inglesa

Apesar da sua espectacularidade, o futebol britânico, no final do século anterior e no início deste, nunca foi o preferido pelos amantes da táctica. Os indíces físicos e a qualidade técnica eram factores que se impunham sobre a estratégia e crescia o esterótipo do jogo directo associado a equipas do Reino Unido.

Ia-se vencendo, sobretudo em Inglaterra, porque todos queriam jogar na Premier League, pela paixão do público, colado ao relvado, pela convivência com nomes maiores que já lá habitavam e ainda pela exposição mediática que facilmente se adquiria no campeonato mais visto do mundo (foram os reponsáveis da Premier League que dobraram o “cabo das Tormentas” dos mercados emergentes e descobriram a Ásia e os EUA, por exemplo). Assim se ganharam competições europeias, durante essa altura, ficando na memória colectiva a reviravolta do Manchester United na final da Champions de Camp Nou (1999), frente ao Bayern de Munique, a incrível segunda parte do Liverpool em Istambul, frente ao Milan, anulando o 3-0 em 10 minutos e vencendo, nos penalties, mais uma Liga dos Campeões (2005), ou ainda a final exclusivamente inglesa entre Chelsea e Manchester United, ganha pelos Red Devils de Cristiano Ronaldo (2007).

Os melhores estavam no campeonato inglês, e isso era suficiente. Porém, ao mesmo tempo que Inglaterra parecia impor a sua superioridade nas competições de clubes, tornando os emblemas ingleses de topo numa espécie de super-heróis na Europa, ia crescendo o antídoto para os combater. A força, a velocidade e a qualidade técnica passaram a ter um inimigo: a táctica. A dinâmica, o posicionamento e a entreajuda cresceram exponencialmente e ganharam muitos pontos ao paradigma que dominava na Europa, ao ponto de o neutralizar. Basta lembrar exemplos de jogos de clubes e treinadores portugueses (um povo culturalmente astuto do ponto de vista estratégico, como, de resto, concordou José Viterbo há pouco tempo, em entrevista ao Bola na Rede) contra equipas inglesas: a eliminação do Porto, imposta ao Manchester United, na Champions de 2004 com Mourinho ao leme (numa fase inicial desta “revolução”), os 5-1 do Benfica (de Jorge Jesus) ao Everton, na Liga Europa de 2010, ou a eliminatória do Sporting (com Sá Pinto no banco) com o Manchester City, na mesma competição, dois anos depois.

O “football” adaptou-se, ao ponto de ele mesmo ter tirado proveitos da emergência da complexidade táctica no panorama mundial, sendo exemplo maior a campanha da Champions de 2012 do Chelsea, que culminou com a conquista da mesma frente ao mega-favorito (jogava a final em casa!) Bayern de Munique. Isto mudou um pouco o paradigma do futebol inglês, que se soube adaptar, dando-se, agora, uma crescente importância à estratégia, de forma a responder da melhor maneira aos desafios europeus e à reconquista da superioridade da Velha Albion no panorama futebolístico.

Isso passa por “educar” as equipas internamente, e procurar que o sentido posicional seja o factor principal da conquista dos três pontos. A complexidade táctica acabou por tomar conta da Premier League, e a prová-lo está a brilhante campanha do Chelsea no ano passado, terminada com 8 pontos de vantagem sobre o segundo classificado, e liderada por um dos incitadores desta revolução: José Mourinho…

… que acaba de ser despedido do Chelsea pelos maus resultados, numa altura em que se parece impor uma nova lei nos relvados ingleses.

Crença, vontade e processos simples têm elevado os foxes ao topo da PL... serão suficientes para os manter lá? Fonte: Facebook do Leicester
Crença, vontade e processos simples têm elevado os foxes ao topo da PL… Serão suficientes para os manter lá?
Fonte: Leicester City FC

Perante a complexidade táctica e a especulação sobre o que o adversário possa criar, acaba por se diluir, nestas previsões, a existência de um futebol simples, movido a alma e crer, e assentando em processos de combinações simples, em busca de linhas de passe que abram espaço às referências que possam agitar o jogo e resolver a contenda a favor da respectiva equipa. Assim se explica a ascensão do Leicester e do Watford, duas equipas com treinadores (Claudio Ranieri e Quique Flores) que passaram ao lado de qualquer revolução táctica e cujas carreiras lhe colocaram o rótulo de “medíocres” para a alta roda do futebol (apesar da Liga Europa de 2010, conquistada pelo espanhol, ao serviço do Atl. Madrid).

Os foxes lideram, para espanto geral, a Premier League, os Hornets são ocupantes do 7º posto do principal campeonato inglês, somando os mesmos pontos que o Manchester United, encontrando-se num momento de forma fantástico, não perdendo desde há cinco jogos a esta parte, com a particularidade de terem batido o Liverpool por 3-0 e empatando o Chelsea, em Stamford Bridge, no jogo de estreia de Guus Hiddink.

No caso do Leicester, tem na magia de Mahrez (já devidamente assinalada no Bola na Rede) e no faro de golo de Vardy as principais referências, já o Watford aposta na rebeldia dos seus avançados – Troy Deeney e Odion Ighalo – para virar cada encontro a seu favor. Ambos os conjuntos, porém, têm um colectivo fantástico e autênticas formiguinhas operárias que não viram a cara à luta e que são a “cola” que junta a crença à capacidade de trabalho. Kanté (em constante sintonia com Drinkwater) e Capoue (a emergir, finalmente!) são os “capatazes” dos respectivos grupos, omnipresentes no meio-campo, oferecendo e descobrindo linhas de passe e tratando a bola de forma simples, como deve ser.

Estas equipas vão surpreendendo o futebol mundial, sobretudo por terem treinadores de quem não se esperava muito. Os processos simples e a alma vão impondo a sua presença na Premier League, mas não se pode, ainda, falar numa mudança de paradigma, porque este tipo de futebol é facilmente anulável pela sua previsibilidade e pode muito bem ser contrariado no longo prazo. É certo que o alento das vitórias pode transfigurar uma equipa, e aí a reacção à derrota é crucial para se manter a regularidade competitiva. Mas, mesmo assim, essa valentia pode ser facilmente contrariada pela estratégia. Até agora não o foi, e ainda bem, porque nos proporcionou momentos de sonho. Mas, infelizmente para o futebol, parece uma questão de tempo até isso acontecer.

Foto de Capa: Facebook do Watford

Stipe Pletikosa – O novo homem forte para a baliza do Depor

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cab la liga espanha

Mora na Galiza uma das equipas mais surpreendentes da Liga BBVA esta temporada. O Deportivo de La Coruña do madrileno Víctor Sánchez ocupa actualmente o sexto lugar da tabela classificativa com 26 pontos conseguidos nas 16 partidas disputadas até ao momento e segue para já nos lugares europeus atrás do Villarreal CF.

O emblema galego tem sido, no entanto, fustigado por lesões esta época, sendo que algumas delas são particularmente graves, como é o caso da do guarda-redes Fabricio, mais conhecido por Fabri, que seguramente o afastará dos relvados até ao final da temporada. Para colmatar essa ausência e para proporcionar alguma competição interna ao guardião argentino Gérman Lux, que, diga-se de passagem, tem estado em especial destaque esta temporada, e ao antigo internacional Sub-20 espanhol Manu Fernández, a direcção do Depor decidiu contratar um guarda-redes experiente e com provas dadas no futebol europeu, que dá pelo nome de Stipe Pletikosa. Aos 36 anos de idade, o gigante croata regressa aos relvados depois de tudo ter levado a crer que iria abandonar a carreira após ter deixado o FC Rostov no final da temporada passada.

Pletikosa é um nome que dispensa apresentações: 114 vezes internacional com a selecção principal da Croácia e cerca de três dezenas de presenças nos escalões mais jovens do seu país são seguramente um bom cartão de visita para um guarda-redes que se deu a conhecer ao futebol no HNK Hajduk Split e que, com apenas 19 anos, se tornou na primeira escolha do velho gigante croata. O seu treinador de então, Ivan Katalinic, também ele um antigo guarda-redes que vestiu por diversas vezes a camisola da antiga Jugoslávia, viu no jovem Pletikosa o homem certo para substituir o experiente Tonci Gabric e abriu-lhe as portas da primeira equipa do HNK Hajduk Split. Pletikosa, por sua vez, não se fez rogado e agarrou o lugar com unhas e dentes, tornando-se rapidamente um elemento importantíssimo da equipa de Split. Os seus excelentes reflexos e posicionamento valeram-lhe de imediato a alcunha de hobotnica (polvo) e alguns anos mais tarde, em 2002, ganhou o prémio de jogador croata do ano, um galardão que apenas por uma vez havia sido atribuído a guarda-redes.

Pletikosa ao serviço do seu clube do coração o HNK Hajduk Split Fonte: vecernji.hr
Pletikosa ao serviço do seu clube do coração, o HNK Hajduk Split
Fonte: vecernji.hr

Depois de várias temporadas de grande sucesso ao serviço do HNK Hajduk Split, Pletikosa rumou à Ucrânia em 2003 para jogar no Shakhtar Donetsk, num contrato aparentemente bastante atrativo quer do ponto visto financeiro, quer na vertente desportiva, dada a ascensão meteórica que estava a amparar o emblema da região do Donbas naquela altura. As coisas não correram bem ao guardião croata e a sua carreira conheceu momentos de grande instabilidade e incerteza nessa altura, com empréstimos falhados ou declinados no último minuto (Pletikosa recusou juntar-se ao Dinamo Zagreb por lealdade ao seu antigo clube) pelo caminho. Em 2007, Pletikosa voltou a arriscar uma aventura no estrangeiro, rumando um pouco mais para leste para representar o Spartak Moscovo, onde ainda hoje é tido em grande consideração.

O gigante croata fez duas temporadas de alto nível com o emblema moscovita, mas a chegada de Valery Karpin ao comando da equipa em 2009 provou ser um rude golpe nas aspirações de Pletikosa. Karpin, que foi indiscutivelmente um dos melhores jogadores russos dos últimos 30 anos, é conhecido por ser um indivíduo de trato bastante difícil enquanto treinador e provou ser o carrasco da carreira de Pletikosa no Spartak Moscovo, relegando-o para a condição de suplente e até mesmo deixando-o, por diversas vezes, fora da convocatória. A situação tornou-se insustentável para o guarda-redes croata e obrigou-o, de certa forma, a tentar a sua sorte fora da liga russa, mas a sua passagem por White Hart Lane, onde representou o Tottenham Hotspur por empréstimo em 2010, foi tudo menos glamorosa.

Estas incertezas constantes abalaram – e de que forma – a carreira daquele que era considerado por muitos o melhor guarda-redes croata de todos os tempos, mas uma luz acendeu-se ao fundo do túnel quando em Agosto de 2011 Pletikosa rumou a Rostov-on-Don para representar o FC Rostov. Já com 32 anos idade, o guardião croata não atirou a toalha ao chão e recomeçou a sua carreira no histórico emblema russo, onde rapidamente se tornou num jogador extremamente querido dos adeptos e também dos responsáveis do clube. A sua postura altamente profissional e a sua capacidade inata de liderança transformaram Pletikosa no capitão de equipa e num autêntico líder dentro do balneário.

No passado mês de Novembro, aquando da sua visita a Rostov para assistir ao amigável entre Rússia e Croácia que se disputou no Olimp-2 (estádio do FC Rostov), Pletikosa foi ovacionado de pé pelos adeptos dos Selmachi presentes no estádio e não foi capaz de esconder a sua enorme empatia pelo clube e pelo país que considera a sua segunda casa. Será importante lembrar que Pletikosa ajudou o FC Rostov a vencer a única Taça da Rússia da sua história, em Maio de 2014, após bater nas grandes penalidades o FC Krasnodar.

Pletikosa aquando da sua recente visita a Rostov para assistir ao jogo entre a Rússia e a Croácia Fonte: vecernji.hr
Pletikosa aquando da sua recente visita a Rostov para assistir ao jogo entre a Rússia e a Croácia
Fonte: vecernji.hr

Pletikosa, que interrompeu a sua carreira por alguns meses após ter sido pai e ter regressado a Split com a sua mulher, para gozarem de alguns momentos mais recatados nesta importante fase das suas vidas, volta agora ao activo para representar o Deportivo de La Coruña e assume-se disposto não só a lutar pela titularidade como também a continuar a jogar ao mais alto nível pelo menos durante mais três ou quatro temporadas. O guardião croata é esperado este Domingo (27 de Dezembro) na Corunha, onde realizará os habituais testes médicos nos dias seguintes e, espera-se, assinará um contrato válido até ao próximo mês de Junho.

Os adeptos do emblema galego terão certamente algumas reservas quanto a esta contratação, uma vez que Pletikosa conta já com 36 anos e esteve sem jogar durante alguns meses. No entanto, é legítimo dizer-se que, por tudo aquilo que demonstrou na temporada passada ao serviço do FC Rostov, onde esteve vários meses sem receber qualquer salário devido aos graves problemas financeiros que o clube tem vivido, Pletikosa provou mais uma vez ser um profissional de bitola elevada e ainda no pleno de todas as suas capacidades técnicas, podendo ainda tornar-se uma mais valia para o Depor naquilo que ainda falta jogar esta temporada.

Foto de Capa: novilist.hr

Uma semana para acertar agulhas

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Aproxima-se uma semana de vital importância para a época do Sporting. Vamos ter clássico em Alvalade frente ao Futebol Clube do Porto, atual líder da tabela classificativa, com um ponto de avanço.

Depois do enorme revés que foi a eliminação da Taça de Portugal, às mãos do Sporting de Braga, os “leões” foram derrotados na Madeira pelo União, perdendo assim também a liderança do campeonato para os “dragões”. Era muito importante para a equipa orientada por Jorge Jesus chegar a este clássico de dia 2 de janeiro como líder da tabela. Seria muito importante em termos de confiança e na forma como a equipa podia abordar o encontro. Contudo, não é assim que estão as coisas e o Sporting vai ter de entrar em campo com o objetivo de roubar o primeiro lugar à equipa de Lopetegui.

Como já vimos este ano, os “azuis e brancos” são capazes do melhor e do pior; na minha opinião têm o melhor plantel de entre os três grandes mas têm também o pior treinador. Nós temos o melhor treinador e temos um plantel que tem correspondido às expetativas, ainda que não possamos utilizar os mais recentes reforços já neste encontro. A Liga Portuguesa “respeita” muito o descanso e por isso só reabrirá as inscrições no dia 4 de janeiro, sendo assim impossível a utilização de Bruno César e Marvin Zeegelaar já neste encontro.

Depois dos dois últimos resultados negativos, o Sporting terá de voltar ao trilho das vitórias. De entre os habituais titulares, apenas Teo Gutiérrez está em dúvida devido a uma pubalgia. Todos os outros estarão aptos, a menos que se lesionem num treino ou no jogo de terça-feira, frente ao Paços de Ferreira, a contar para a Taça CTT. Nesta partida, penso que JJ deveria recorrer à equipa B e a jogadores como Marcelo Boeck,  Tobias Figueiredo, André Martins ou Tanaka, atletas que têm tido uma utilização muito reduzida. Não podemos correr riscos antes de um encontro tão importante, ainda para mais porque é a Taça da Liga, competição que o Sporting menospreza assumidamente.

Para o jogo do campeonato, penso que existem dois modelos possíveis, dependendo da evolução física de Teo Gutiérrez. Caso o “cafetero” esteja em condições de alinhar, será titular ao lado de Slimani, jogando o Sporting no seu esquema habitual. Caso Teo não esteja apto, penso que Jesus não devia lançar Montero logo de início no encontro. Nesse caso, acho que o treinador leonino podia lançar em campo o onze que começou o jogo em Braga, com um meio campo reforçado com três elementos (William, Adrien e Aquilani). Na frente, jogaria um trio composto por João Mário, Slimani e Bryan Ruiz.

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Seria ótimo ver um novo “graffiti”de Teo no relvado, já no próximo sábado
Fonte: Sporting CP

Já no que toca ao setor defensivo, a questão é mais difícil. Se os lugares de Rui Patrício, Paulo Oliveira e Jefferson são cativos, o mesmo não podemos dizer dos postos de Ewerton e João Pereira, por motivos diferentes. No caso do central brasileiro, a instabilidade deve-se aos problemas físicos. Caso esteja a 100%, Ewerton é sempre opção titular. Caso contrário, avançará Naldo. No lado direito da defesa, mora o calcanhar de Aquiles da equipa. João Pereira tem comprometido amiúde, e Esgaio deixou Danilo Dias sozinho no golo solitário que nos derrotou na Madeira. Schelotto deverá estrear-se frente ao Paços e, por isso, o jogo frente ao FC Porto ficará a cargo de Esgaio ou J.Pereira. A situação torna-se ainda mais preocupante se notarmos que é Brahimi o adversário direto que um destes dois elementos terá pela frente. O argelino tem estado em grande e é claramente a maior ameaça de um Porto que tem valido sobretudo pela capacidade individual dos seus jogadores, principalmente Brahimi e Corona.

É imperioso vencer o clássico do próximo sábado para voltar à liderança do campeonato e calar aqueles que acordaram no domingo passado, eufóricos pela derrota dos “verde e brancos” na Madeira.

Foto de Capa: Sporting CP

A sondagem do Real Madrid CF

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cab la liga espanha

Esta semana, os sócios do Real Madrid CF foram contactados telefonicamente para dar a sua opinião relativamente a alguns aspetos da atual época desportiva, e, segundo a imprensa espanhola, esta sondagem foi encomendada pelo próprio clube.

Foram sete as questões dirigidas aos sócios. A primeira pedia que se avaliasse o trabalho dos jogadores até ao momento, a segunda pedia a avaliação do treinador e, de seguida, perguntava-se se Rafa Benítez deveria ser demitido. Esta pergunta parece-me desnecessária. É que o treinador espanhol não se deverá sentir muito cómodo sabendo de tal sondagem feita pelo seu próprio clube, e havia formas bastante mais simples de obter tal informação. Basta olhar com um pouco de atenção para as bancadas do Santiago Bernabéu e reparar em que, apesar de haver cada vez mais cadeiras vazias, aumenta o número de lenços brancos e o volume dos assobios.

A quarta questão era a mais interessante: caso Rafa Benítez seja demitido, qual seria o treinador preferido para o substituir? E aqui era disponibilizada uma lista de treinadores: Mourinho, Guardiola, Zidane, Wenger, Ancelotti ou Pellegrini. A lista em si é curiosa por incluir treinadores com estilos de jogo completamente distintos (como Mourinho e Guardiola) e em fases completamente diferentes da carreira (como Zidane e Wenger), o que demonstra que o Real Madrid não tem sequer identificado o perfil do treinador que pretende. Mas o mais curioso é o simples facto de o clube fazer esta pergunta aos sócios (e o mesmo poder-se-ia dizer da última pergunta, sobre que jogadores devem ser contratados para o ataque e restantes posições).

Sergio Ramos, Florentino, Benítez e Marcelo desejam um Feliz Natal Fonte: Real Madrid CF
Sergio Ramos, Florentino Pérez, Rafa Benítez e Marcelo desejam um Feliz Natal
Fonte: Real Madrid CF

É que deveria haver no clube alguém que soubesse mais de futebol do que os adeptos. Já todos sabíamos que as decisões no Real Madrid são tomadas não tanto a pensar no que é melhor em termos desportivos mas sim no que é melhor para a imagem do clube e para a venda de camisolas. Mas, assim, já nem se disfarça! Só falta que os sócios possam votar no onze inicial pela internet e que, ao intervalo, façam chamadas de valor acrescentado para escolher a primeira substituição. Para o lugar de Benítez, Florentino deveria contratar um relações públicas ou gestor de comunidades online.

As outras duas questões inquiriam que jornais e programas desportivos é que os sócios costumam ver, algo que é fundamental saber para um clube que se preocupa mais em melhorar a sua imagem do que o seu futebol. Só ficaram a faltar duas perguntas: Como avalia o trabalho da direção do Real Madrid? Acha que o Presidente se deve demitir?

Foto de Capa: Real Madrid CF

Janeiro, sê amigo!

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cabeçalho benfica

Depois da derrota do nosso arquirrival, a tarefa do Sport Lisboa e Benfica tornou-se mais fácil. Com a derrota do Sporting na Madeira e com a vitória do Benfica perante o Rio Ave, a turma de Rui Vitória conseguiu assim diminuir a desvantagem pontual de sete para quatro pontos. Para além dessa derrota, o Sporting irá defrontar o Porto, outro dos candidatos ao título, no dia 2 de Janeiro, o que fará com que o Benfica reduza a desvantagem pontual para pelo menos uma das duas formações, caso vençamos em Guimarães.

Para além de defrontar o Porto, na jornada seguinte o Sporting desloca-se até ao estádio do Bonfim para defrontar a equipa sensação desta temporada, e na semana depois a equipa verde e branca recebe o Braga, tendo assim um calendário que poderá fazer com que o Benfica reduza a sua diferença pontual para com a equipa de Jorge Jesus. Com a entrada do ano de 2016, o Benfica vê assim a sua esperança renovada. Com o regresso de alguns atletas que se encontravam lesionados, como por exemplo Sálvio e Nelson Semedo, Rui Vitória fica com um maior leque de opções para disputar todas as partidas que o Benfica tem em calendário até ao final da temporada.

Outro factor muito importante neste “renascimento” de esperança é a chegada de alguns reforços. Até ao momento não se sabe se Cervi chegará já em Janeiro ou se no final do ano, mas ao que tudo indica estará certa a chegada de um lateral esquerdo ao Benfica já em Janeiro. Grimaldo será assim um reforço de peso para a defesa benfiquista. O canterano do Barcelona irá ocupar uma posição deficitária do Benfica desde a saída de Siqueira.

Jonas tem sido peça-chave na equipa de Rui Vitória; Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Jonas tem sido peça-chave na equipa de Rui Vitória
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

Para além destes dois nomes também se fala em Luis Ibañez, lateral-esquerdo que actua no Estrela Vermelha, tendo em vista o fim do vínculo de Eliseu no final desta temporada. Penso que, mesmo com estas contratações, é imperioso contratar mais um lateral direito e um médio de transição. Se Renato Sanches se lesionar onde está a segunda opção? Precisamos de mais “matéria prima” para atacar o tri.

Apesar de se notarem melhorias no estilo de jogo encarnado, o Benfica continua a não ter alternativas de qualidade, e isso fica bem visível quando Gaitán não joga. Precisamos de mais opções. Sou um dos defensores na aposta na formação, mas isso só por si não é suficiente. Se queremos manter a hegemonia no futebol nacional temos de contratar. Não precisamos de contratar jogadores às “carradas” como fazíamos nas últimas épocas; precisamos, sim, de contratar jogadores para tapar os “buracos” que temos no nosso plantel.

Todos os benfiquistas sabem que o Presidente está apostado em realizar uma reestruturação financeira no nosso clube, mas, como ele próprio já o disse, o Benfica vai continuar competitivo e com sede de títulos. Para que isso aconteça é bom que os olheiros da Luz façam um bom trabalho e que referenciem jogadores de qualidade e não Brunos Cortês ou Emerson’s, como aconteceu nas épocas passadas.

Como já referi em textos anteriores, onde fui bastante criticado, penso que este seja o caminho certo, uma vez que o Sport Lisboa e Benfica possui o maior passivo dos “três grandes”, mas é imperioso que continuemos a lutar pelos nossos objectivos todos os anos, que são ganhar todas as competições a nível interno, coisa que não vai acontecer se não nos reforçarmos bem. Quando digo reforçar bem é como já referi anteriormente, contratar com qualidade e não em quantidade, factor que também levou o Benfica a estar a realizar esta reestruturação financeira.

Temos bastantes opções de qualidade nas equipas do nosso campeonato, jogadores que conhecem a realidade do futebol nacional e seriam uma mais valida para o nosso plantel, por isso esperemos que deixem de uma vez de olhar só para os campeonatos estrangeiros e comecem a olhar de forma mais atenciosa para o que temos de bom no nosso país.

O ‘Doente’ pela Bola – Entrevista a José Viterbo (Parte II)

entrevistas bola na rede

(1.ª Parte da Entrevista disponível AQUI)

Na segunda parte desta entrevista, falamos sobre o panorama futebolístico atual, espreitamos algumas preferências do mister, perguntamos-lhe pelo futuro (soubemos que a Noruega poderia ter sido uma possibilidade … e que vê neste campeonato muito potencial) e ainda descobrimos um lado mais emocional, denunciado pela face carregada quando nos revelou que, ultimamente, ao contrário dos últimos 25 anos, tem tido mais tempo para a família.

A arbitragem no panorama nacional

“Em relação às arbitragens, acho que é uma mentalidade muito pobrezinha, de terceiro mundo”

BnR: As críticas à arbitragem no futebol, especialmente o nacional, são algo que se tem convencionado como natural. A introdução de tecnologias de assistência de arbitragem no futebol poderia atenuar essas críticas?

JV: Em relação às arbitragens, acho que é uma mentalidade muito pobrezinha, de terceiro mundo, quando se desculpam as derrotas com os árbitros. O futebol tem tanta coisa boa que pode ser exponenciada … acho que a tecnologia na linha de baliza é muito importante, mas custa-me a perceber outras introduções – imagina que há um suposto penálti e a bola segue rapidamente para ataque rápido e a equipa adversária faz golo, por exemplo. Há lances em que nem em câmera lenta conseguimos ter uma opinião segura, quanto mais no movimento instantâneo.

BnR: Acha que os empresários e agentes de jogadores de futebol são algo que veio melhorar ou piorar o Futebol Nacional?

JV: Se houver um bom empresário, que não veja só os cifrões, o atleta tem tudo a ganhar porque a perspetiva de carreira, é importante. Isto é a mesma coisa que ficares doente, ires ao hospital – se apanhares um bom médico tens mais hipóteses de te curar, se for mau, podes ter mais dificuldades. A competência deve estar presente em tudo.

A prestação das equipas portuguesas na Europa

“A questão orçamental é determinante, quem tem dinheiro compra os melhores. Mesmo Benfica, Porto e Sporting têm dificuldades em contratar jogadores de topo”

BnR: A Rússia e a França estão-se a aproximar de Portugal no ranking da UEFA. Considera que Portugal tem clubes preparados (além dos três grandes e do Braga) para lidar com as competições europeias?

JV: Para além dos três grandes e do Braga, acho difícil. Se olharmos bem, 90% dos clubes que estão na Liga Europa, têm orçamentos maiores que o Braga. O Belenenses também fez uma campanha europeia engraçada, não envergonhou o país. Mas a questão orçamental é determinante. Quem tem mais dinheiro compra os melhor, com mais qualidade. Mesmo Benfica, Porto e Sporting têm dificuldades em contratar jogadores de topo.

O Euro 2016

“ (…) acho que não devemos ser tão perentórios ao ponto de dizer que somos candidatos a vencer o Europeu, mas somos candidatos a estar nos quatro primeiros.”

BnR: Até onde pode chegar Portugal no Euro’2016?

JV: Eu sou daqueles que pensa este grupo não é assim tão fácil como as pessoas imaginam. Estamos a criar uma ilusão e esperemos bem não ter uma deceção. A Áustria é fortíssima, praticamente todos os jogadores jogam na Bundesliga; a Islândia tem muitos jogadores a jogar pela Europa fora, alguns deles em Inglaterra, já para não falar do que fez na fase de qualificação e a Hungria não pode ser vista como o parente pobre do grupo. Vai ser um grupo muito disputado, mas temos todas as condições de passar a primeira fase, a partir daí, acaba por ser um bocadinho a sorte do acasalamento das equipas, mas acho que não devemos ser tão perentórios ao ponto de dizer que somos candidatos a vencer o Europeu, mas somos candidatos a estar nos quatro primeiros.

BnR: Falando em Europeus,  como viu a prestação dos Sub-21 no verão passado?

JV: É diferente. São gerações competitivas completamente diferentes. Temos miúdos com muito talento nos Sub20 e Sub21 mas a qualidade e a competitividade esbatem-se quando se chega à verdadeira elite, mas beneficiamos do facto de termos miúdos a jogar já em campeonatos muito competitivos tirando daí a vantagem sobre outras seleções.

José Viterbo brindou o Bola na Rede com uma entrevista muito descontraída Fonte: Tomás Resendes
José Viterbo brindou o Bola na Rede com uma entrevista muito descontraída
Fonte: Tomás Resendes

A luta pela campeonato nacional

“O Sporting tem demonstrado muita qualidade, o Porto a espaços, o Benfica também tem feito bons jogos. Mas a equipa com maior regularidade do ponto de vista exibicional é o Braga.”

BnR: Quem considera estar a praticar o melhor futebol em Portugal?

JV: O Braga. O Sporting tem demonstrado muita qualidade, o Porto a espaços, o Benfica também tem feito bons jogos. Mas a equipa com maior regularidade do ponto de vista exibicional é o Braga.

BnR: Como vê a luta pelo título? Quem vai erguer o troféu no final da época?

JV: É difícil. Já davam o Benfica como morto, mas isto é uma maratona. O Benfica com o Salvio bem pode ter uma palavra a dizer. Na minha opinião o melhor jogador do Benfica (Salvio), que tem um capacidade de rasgo fantástica e transmite à equipa grande agressividade no ultimo terço.

BnR: Para si, qual é o melhor jogador a atuar em Portugal?

JV: Não estando o Salvio, talvez o Gaitán. O miúdo Gelson também tem muito talento. Eu quis trazê-lo para a Académica este ano; ainda falei com o Jorge Jesus sobre ele e sobre o Matheus Pereira  mas ele disse-me logo que não (risos)!

Os treinadores nacionais

“O treinador português é um treinador muito astuto, que monta bem as suas equipas, é algo que faz parte da cultura portuguesa.”

BnR: Qual a sua referência, como treinador?

JV: Homens como Vítor Manuel, João Alves, Henrique Calisto, Vítor Oliveira, Gregório Freixo, José Rachão, José Costa são treinadores que passaram pela Briosa e que muito me habituei a respeitar. Senhores e verdadeiros decanos do futebol Português. Claro sem esquecer aqueles que  também na formação me ajudaram a ser o que sou hoje; Pinho, Bentes, Crispim, Francisco Andrade e Curado. No entanto Vítor Manuel é aquele com quem mais me identifico. José Mourinho e Jorge Jesus são de facto atualmente os nossos grandes embaixadores!

BnR: Como vê o despedimento dele?

JV: É futebol. Mas não põe em causa o trajecto dele, um trajecto de campeão ao longo destes quinze anos.

BnR: Que valores emergentes encontra nos bancos nacionais?

JV: O treinador português é um treinador muito astuto, que monta bem as suas equipas, é algo que faz parte da cultura portuguesa, que já vem quase do tempo da guerra, sempre fomos um povo, que do ponto de vista estratégico, muito capaz.

BnR: Afirmou, no momento da saída, que se sentia mais treinador do que na altura em que chegou ao comando técnico da Briosa. Como tal, o que se segue para José Viterbo?

JV: Tenho duas ou três situações em estudo, brevemente tomarei uma decisão.

BnR: O que é que anda o autodiagnosticado “doente por futebol”, José Viterbo, a fazer?

JV: A ver futebol, a ver jogadores e a estar mais tempo com a família que foi uma coisa que durante 25 anos não fiz.

BnR: O que tem Coimbra de tão especial?

JV: Eu não sou de Coimbra, mas vim para cá com 4 anos de idade. Coimbra tem a mística. Vive-se, cheira-se, sente-se.

A Esperança e o Natal são verdes

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E, de repente, chegou Dezembro. Hoje é dia de Natal, dia de família, de prendas e de Esperança. E tal como a Esperança, o verdadeiro Natal é verde, algo que nem a mais famosa marca de refrigerantes pode mudar.

2015 foi um ano cheio de misturas sentimentais; foi um ano de vitórias, conquistas, desilusões e poucas – mas marcantes – derrotas. Os meses de Janeiro e Fevereiro ditaram o afastamento de duas competições: Taça da Liga e Liga Europa, respectivamente. Algo encarado como normal, uma vez que uma delas é uma taça que só interessa ao “Menino Jesus” e a outra não era uma das prioridades da época. Ainda assim, ficou a sensação que o jogo de Alvalade frente ao Wolfsburgo poderia ter tido outro resultado e dado outro destino à eliminatória.

Já o mês de Março, trouxe um dos grandes dissabores da época. A derrota – vergonhosa – no Dragão, por esclarecedores 3-0, afastou definitivamente os leões do título e mostrou, acima de tudo, que os leões de Marco Silva não tinham a estaleca necessária para enfrentar os portistas e, sobretudo, o rival da Luz.

O último dia de Maio trouxe o maior e mais saboroso momento do ano de 2015. A vitória com contornos épicos no Jamor, conquistada nas grandes penalidades e depois de um empate alcançado já para lá dos noventa minutos, deu uma despedida condigna a Marco Silva e trouxe para Alvalade uma Taça que nos escapava há demasiado tempo.

A chegada do Verão a Alvalade pode ser descrita como “quente” ou até “a ferver”. De escorraçado da Luz à recepção apoteótica de Alvalade passaram pouco mais de um par de dias na vida de Jorge Jesus. O desejo de Virgolino Jesus cumpriu-se  – finalmente – e o treinador bicampeão chegava à sua “cadeira de sonho”. Com esta entrada, as posições entre os lados da segunda circular extremaram-se e o clima de guerra chegou para ficar. Situações vergonhosas de parte a parte, discursos encomendados e personalidades bacocas apareceram em cena e ridicularizaram duas das maiores instituições desportivas portuguesas.

O dia de aniversário do clube trouxe consigo uma das melhores prendas possíveis: O regresso de Jesus a casa Fonte: Sporting CP.
O dia de aniversário do clube trouxe consigo uma das melhores prendas possíveis: O regresso de Jesus a casa
Fonte: Sporting CP.

A época desportiva 2015/2016 não podia ter começado de forma melhor para o Sporting Clube de Portugal. A vitória na Supertaça de Portugal,  em terras algarvias, veio trazer justiça a Jorge Jesus e veio dar início à mudança de paradigma no universo leonino. Deixamos de procurar desculpas para as – demasiadas – derrotas frente aos encarnados e começamos uma sequência que vai, até ao momento, em três vitorias consecutivas.

Ainda assim, o mês de Agosto ditou também o afastamento da milionária Liga do Campeões. Uma eliminatória disputada até ao último segundo e em que o Sporting merecia seguir em frente.
O último trimestre trouxe o Sporting até à liderança do campeonato; com vitórias categóricas na Luz, três pontos conquistados a ferros nos últimos segundos e uma nova mentalidade em todo o grupo de trabalho. Mérito total para Jorge Jesus e para a cultura vencedora que conseguiu trazer a uma equipa jovem mas que por vezes falhava nos momentos capitais. Como momentos menos bons, a exibição horrível e o resultado trazidos da Albânia. Algo que nenhum Sportinguista pode – ou deve – esquecer, até porque tem que ser uma lição a ser aprendida: Não interessa o adversário ou o seu nome, quando se veste a camisola verde e branca, todos os jogos são para vencer.

Dezembro chegou, e com ele o afastamento da Taça de Portugal e uma derrota inesperada na Madeira. Confesso que tinha grandes esperanças em relação à prova rainha, queria voltar ao Jamor e a todo aquele ambiente que não existe em mais nenhum lado em Portugal. Os três pontos perdidos na Madeira foram apenas algo que faz parte do futebol, num jogo que parecia saído do “Football Manager”, inúmeros remates e posse de bola, guarda redes adversário como melhor em campo e um golo sofrido no único remate à baliza do União da Madeira.

Falta um jogo ainda até ao término do ano, mas o resultado é o menos importante no jogo frente ao Paços de Ferreira. A Taça da Liga deve ser utilizada como prova para apostar nos jovens leões e nos jogadores menos utilizados por Jorge Jesus. Digo isto porque o verdadeiro foco dos leões terá que estar no jogo que se vai disputar no dia 2 de Janeiro, e em recuperar a liderança perdida para o FC Porto. Voltar ao lugar que merecemos e, espero eu, com uma exibição convincente como a conseguida na Luz, terá que ser a prioridade. Quero um leão autoritário, mandão e cheio de vontade de ser campeão.

2015 foi o regresso dos leões aos títulos e ao topo do panorama futebolístico nacional, algo que terá que ter continuação no próximo ano. Confesso que tenho as Esperanças altas, que tenho grandes expectativas para o trabalho de Jesus e que quero festejar em Maio o título nacional que nos faltou este ano. Já é altura disso, temos equipa para tal, e temos os melhores adeptos do Mundo nas nossas bancadas.

Em nome da Bola na Rede, e como editor da Secção Sporting Clube de Natal, os meus sinceros votos de Feliz Natal para todos os nossos leitores. Para os Sportinguistas, que todos os vossos desejos se cumpram e que passem esta época junto das vossas famílias, com o máximo de felicidade possível.

O meu desejo para 2016 é simples: espero vos ver, Sportinguistas, a festejar comigo em Alvalade, no próximo mês de Maio.

Boas Festas a todos!

Foto de Capa: Sporting CP

Se fosse fácil, não era para vocês!

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cabeçalho fc porto

Dezembro traz a melhor época do ano. A altura é de reunir a família e celebrar. Por entre os doces e os presentes, a alegria com que se vive estes dias é indescritível. Por isso, antes de tudo o resto, a secção do FC Porto no Bola na Rede deseja a todos os seus leitores um Feliz Natal.

Nesta semana festiva, o futebol não entra. Pelo menos, aquele que se joga dentro das quatro linhas. Mas, mesmo sem jogos para comentar ou analisar, é impossível passar ao lado da atualidade desportiva. No início de janeiro, um clássico que pode ser muito importante nas contas do campeonato. O FC Porto chega a Lisboa com uma surpreendente liderança perante um Sporting que vem de uma derrota inesperada na Madeira perante o União. A benesse leonina veio diminuir a pressão portista e as consequências de uma possível derrota na capital. Mesmo perdendo em Alvalade, os dragões nunca sairão de Lisboa derrotados no campeonato. É, por isso, impossível não utilizar esse clássico como ponto de partida para o desejo de natal para o FC Porto.

2015 foi um ano difícil para a nação azul e branca. A última temporada trouxe um dos melhores planteis que me lembro. Danilo, Alex Sandro, Casemiro, Oliver, Brahimi, Quaresma e Jackson Martinez foram os protagonistas maiores de um plantel com quantidade e qualidade para vencer. A verdade é que, pouco a pouco, as cartas do baralho de Lopetegui foram caindo. Primeiro a Taça de Portugal, depois a Taça da Liga, seguido do desastre de Munique e do confrangedor empate na Luz que deitou o campeonato a perder. Com um plantel tão caro e de tanta qualidade, chegamos a Maio com a sensação de que tínhamos perdido uma oportunidade de ter uma época dourada. As razões para o insucesso já foram mais do que debatidas e discutidas. A verdade é que, mesmo sem títulos, a sina do mercado voltou a ecoar no Dragão. De uma época para outra, metade dos titulares abandonaram a equipa: Casemiro e Danilo saíram para o Real Madrid, Oliver e Jackson foram parar ao Atlético de Madrid e até Ricardo Quaresma decidiu voltar à Turquia para jogar no Besiktas.

A surpresa aconteceu com a manutenção de Julen Lopetegui no comando técnico. O treinador espanhol cometeu vários erros, mas Pinto da Costa não o deixou cair. Com a nova época, o que se desejava é que a estrutura portista tivesse aprendido alguma coisa. Em termos de plantel, a diferença entre um e outro ano é evidente. Por muito que continue a propaganda de que o FC Porto tem um plantel muito superior em qualidade aos rivais, a verdade é que continuo a achar essa teoria uma falácia. Quem olhava para Danilo e vê agora Maxi; para Alex Sandro e agora Layún, para Casemiro e agora Danilo, para Oliver e agora André André e para Jackson e agora Aboubakar não pode, a meu ver, continuar a defender algo que não corresponde à realidade. Mesmo assim, o plantel que Lopetegui tem ao seu dispor é mais do que suficiente para ser campeão em Portugal e fazer uma figura condizente com os pergaminhos do clube a nível europeu.

Quatro meses volvidos de temporada, o sabor é agridoce. Em termos pontuais, o FC Porto tem, no campeonato, uma pontuação bastante aceitável. Os três empates, frente a Marítimo, Moreirense e Braga podiam perfeitamente ter sido evitados, mas numa prova tão longa e exigente, é quase impossível que os grandes não cometam este tipo de deslizes. A vantagem para os rivais é curta e por isso prevê-se uma luta a três pelo título. O Sporting, apesar do empolamento que treinador e equipa têm sofrido semanalmente, continua forte; e o Benfica, tantas vezes já enterrado esta época, mostra que, com a recuperação de alguns jogadores e a compra cirúrgica de elementos em janeiro, pode, na segunda volta, entrar a todo o gás com o título em mira. As dificuldades estão aí à porta e, no que diz respeito ao FC Porto, o mês de janeiro é determinante para as contas da liderança.

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O duelo em Alvalade pode ser determinante para o resto da época
Fonte: sol.pt

Os portistas têm seis jornadas para disputar no primeiro mês de 2016, com 4 jogos fora e apenas dois no Estádio do Dragão. Fora de portas, os azuis e brancos visitaram quatro estádios, sendo que, na época passada, apenas venceram num deles: o Bessa. Alvalade, Guimarães e Estoril representaram perdas de pontos na última época e a qualidade das respetivas equipas antevê um ciclo competitivo muito exigente para o FC Porto. Com Taça da Liga e Taça de Portugal à mistura, todos os cuidados serão poucos e só uma gestão muito eficiente do plantel poderá permitir sair deste ciclo de 10 jogos em 33 dias com os objetivos ainda completamente intactos.

Nesta época natalícia, a tradição leva-nos a pedir desejos para o ano que se avizinha. Em termos futebolísticos, é evidente que o desejo maior é que o campeonato português se volte a pintar de azul e branco em maio. As dificuldades vão aparecer e só uma equipa muito capaz é que poderá festejar no final da competição. O problema maior para a nação azul e branca é que a incerteza continua a pairar em quase todos os adeptos. Apesar da liderança no campeonato e de 2016 ainda trazer quatro competições para disputar, a verdade é que continuam a ser maiores as dúvidas que as certezas acerca daquilo que este plantel e sobretudo este treinador podem fazer.

Depois da invenção de Lopetegui em Londres, os sinos da incerteza voltaram a ecoar no Dragão. A cada mau passe, a cada receção errada, a cada oportunidade de golo desperdiçada, o filme de terror volta e o perigo de voltar a ter um ano a zero continua à espreita. Ainda assim, todas estas dúvidas apenas surgem porque, no fundo, a nação azul e branca tem a perfeita noção de que os títulos estão perfeitamente ao nosso alcance. A qualidade do plantel é suficiente para vencer e por isso a exigência é constante. Por isso é que, neste natal, o único desejo da secção FC Porto do Bola na Rede é a de que os jogadores e o treinador honrem o símbolo que representam.

É certo que a exigência neste clube é maior porque o vício de ganhar está em todos nós. Mas para vencer, é preciso ter garra, determinação, atitude e vontade de ser cada vez melhor. Por isso é que, entre as alegrias e as tristezas que sempre surgem, o espírito de dragão tem de estar sempre presente. Mesmo não podendo ganhar sempre, aquilo que os adeptos querem é que a vontade seja sempre do tamanho do sonho e da ambição. Se assim acontecer, as vitórias e os títulos estarão mais perto e em maio, estaremos todos a festejar. O caminho está cheio de obstáculos, a começar pelo de Alvalade, já a de 2 janeiro. Mas se fosse fácil, não era para nós, certo?

Foto de Capa: Facebook Oficial do FC Porto

O Académico – Entrevista a José Viterbo (Parte I)

entrevistas bola na rede

“Estou mesmo a chegar, a 20 metros”, diz José Viterbo, pelo telefone. Vou buscá-lo, conforme combinado, à porta do café Galeria. Chega sem tiques de vedetismo ou superioridade, e, depois de todo o cordialismo que este homem do futebol merece, começamos logo a falar de “bola”.

A presença de José Viterbo é notada pelas pessoas que connosco partilham a esplanada, como seria normal para com um treinador a quem Coimbra ainda agradece a manutenção na Primeira Liga, na época passada, mas quase que passava despercebida, tal a humildade que a figura do ex-treinador da Briosa emana.

Viterbo senta-se, pede um descafeinado e depois de uma ou duas impressões sobre futebol e o Bola na Rede, sente-se preparado: “Então, vamos a isto?”. “Claro que sim, Mister!

“Em Coimbra, quase ninguém acreditava”

Bola na Rede (BnR): Comecemos pelo momento em que soube que viria a integrar o panorama de futebol português. O momento em que concretiza o sonho de orientar a equipa principal da Académica. Como é atingir algo dessa magnitude aos 52 de idade?

José Viterbo (JV): Foi o culminar de muitos anos de trabalho na Académica. Foram 15 anos de trabalho ao serviço da AAC, muitos deles ligados à formação e ao projeto da equipa B. A 18 ou 19 de Fevereiro de 2015 surge a oportunidade, com a saída do Paulo Sérgio. A partir daí penso que desenvolvemos um trabalho interessante, principalmente nas primeiras quatro jornadas, em que somámos dez pontos bem assim com o empenho de todos os jogadores, equipa técnica, dirigentes conseguimos reverter uma situação que muita gente considerava quase impossível – em Coimbra, quase ninguém acreditava.

BnR: Não chegou a rapar o bigode, como tanto se falou…

JV: (risos) Foi uma brincadeira de alguns jogadores e também dos adeptos, mas nunca o prometi! Ninguém ouviu da minha parte essa promessa.

BnR: Como conseguiu gerar a grande empatia que ainda hoje tem com o universo da Briosa?

JV: Sabendo que eu era um homem da casa, que tinha um trajecto como atleta e treinador, de muitos anos, as pessoas envolveram-se com a equipa e com o treinador. Na altura em que eu chego, também terminam aquelas crispações entre dirigentes e adeptos e passa a haver maior união em redor do clube.

BnR: Em alguma circunstância julgou que o objetivo da manutenção foi colocado em causa, nomeadamente no jogo com o Gil Vicente, em que a equipa perde em casa e fica a quatro pontos de distância?

JV: Não senti isso, porque apesar de não termos feito um bom jogo frente ao Gil Vicente e de termos perdido com dois lances de grande penalidade perfeitamente evitáveis, sabíamos que o calendário do Gil seria difícil, pois ainda teria de jogar com o FC Porto e Benfica. Apesar de eles terem ficado com vantagem no confronto direto, estavam a quatro pontos de distância, o que nos dava margem de manobra para assegurar a continuidade na primeira Liga.

BnR: A goleada por 5-1, na Luz, foi a derrota mais pesada que sofreu no comando da Académica. O que se passou?

JV:  Sofremos três golos em 20 minutos e logo aí, deita por terra tudo o que tínhamos pensado e planeado para esse jogo. A estratégia era condicionar um pouco o jogo interior, as combinações diretas e indiretas que o Benfica fazia e o Sporting deste ano faz – imagem de marca claramente de Jorge Jesus. Sofremos um golo através de um canto, outro de penalty, a partir daí tudo se tornou quase impossível … mas o Benfica era melhor.

BnR: Nos jogos com o Benfica (na época passada) e com o Sporting (esta época) optou por reforçar o corredor central, alterando um pouco aquilo que era a estrutura normal da equipa. Considera ser essa a melhor maneira de travar equipas grandes ou, neste caso (por ter enfrentado e tirado proveito disso), o Sporting desta época?

JV: Para travar os grandes, acho que há três aspetos fundamentais: o mental, o tático de forma a que a equipa se mantenha coesa e organizada e chegar ao intervalo sem estar a perder. Uma equipa que volte do balneário sem estar em desvantagem, regressa com o ânimo renovado. Outro aspeto importante tem haver com o nível de eficácia ofensiva da equipa. Veja-se o recente caso do União da Madeira com o Sporting.

Do sonho ao pesadelo:

“O que ditou a minha saída foram os resultados, embora eu achasse que ainda era possível inverter a situação porque estávamos a três pontos da linha de água.”

BnR: Na antevisão à 1.ª jornada da Liga, disse que tinha todos os jogadores que queria. Houve algum jogador que não tivesse rendido tanto quanto esperava?

JV: Há um fator que deve ser bem esclarecido. Disse que tinha todos os jogadores que queria… dentro das limitações orçamentais da Académica. A Académica tinha 17 jogadores com contrato e como é natural havia outros nas nossas coagitações. Aliás, trabalhei muito com o Luís Agostinho nesse sentido. Contratámos os que podíamos, dentro dessas tais limitações e fiquei satisfeito com a contratação desses jogadores, apesar de só o tempo e futuro confirmarem ou não esse contentamento.

José Viterbo foi treinador da Académica OAF entre 2014 e 2015 Fonte: Tomás Resendes
José Viterbo foi treinador da Académica OAF entre 2014 e 2015
Fonte: Tomás Resendes

BnR: Sente saudades de Esgaio?

JV: Sim. Do carácter, da qualidade e de uma coisa fantástica nele: a humildade. Chegou a Coimbra em Janeiro, vindo de um clube grande, ambientou-se bem, com uma paixão pelo treino e uma paixão pelo jogo incrível. Nunca falhou um treino. Podia sair limitado de um jogo, mas estava sempre lá no treino seguinte. Aliás como a esmagadora maioria dos outros jogadores! Todos foram importantes!

BnR: Sente que já passou tempo suficiente para fazer um balanço do que correu mal, esta temporada, depois de deixar a equipa com 5 derrotas noutros tantos jogos?

JV: Já o disse publicamente. Houve um jogo determinante para a minha não continuidade no comando da Académica, que é contra o Vitória de Setúbal (o jogo mais difícil de digerir ao serviço da Académica). Entrámos muito bem no jogo, mas no contra-ataque e na sequencia de uma bola parada a nosso favor, o Suk faz aquele golo monumental. Esse foi o jogo que determinou a minha saída. Com o Sporting, um supercandidato ao título, demos uma boa resposta. Depois, a Académica faz o melhor jogo sob o meu comando do ponto de vista exibicional frente ao Nacional, em que tivemos algumas dificuldades nos primeiros vinte minutos, mas a partir daí libertámo-nos e foi o melhor jogo que vi a equipa fazer nos 18 ou 19 que orientei. Foi um jogo que não deu não televisão, mas foi muito mal perdido e os 2-0 não traduziram em nada o que se passou dentro de campo. Acontecesse o que acontecesse, mesmo antes do jogo com o Boavista, já tinha tomado a decisão de deixar a Académica e não havia ninguém que me pudesse demover dessa decisão.

BnR: O lado emocional, de adepto, não o cegou e olhou, de forma lógica, para as circunstâncias. A pergunta é… quais eram? A equipa não estava consigo, por exemplo?

JV: Se os jogadores, na época passada tinham estado comigo, não havia motivos para não estarem nesta e os elementos que chegaram não tinham qualquer tipo de ascendente negativo sobre o plantel e isso pode ser comprovado. Fiquei com todos eles, com uma relação excelente. O que ditou a minha saída foram os resultados, embora eu achasse que ainda era possível inverter a situação porque estávamos a três pontos da linha de água. Era início de época, mas achei que sair era a melhor decisão a tomar. Não para mim, porque me custou muito e os dias seguintes foram difíceis, mas para a Académica.

BnR: Não continuou em funções na Académica. Foi opção sua ou não o convidaram para continuar na estrutura?

JV: O presidente, no final da época passada, perguntou-me o que eu queria fazer e eu disse “já que acabei a época desta forma, gostaria de dar continuidade a este trabalho”. Era uma ambição legítima da minha parte! O presidente tem falado comigo e recentemente estivemos em Cabo Verde. Estou a equacionar a possibilidade de poder regressar noutras funções, mas é um assunto que deve ficar resolvido em Janeiro.

(2.ª Parte da Entrevista disponível AQUI)