Este domingo, o estádio de São Luís recebeu um jogo grande, um jogo que deu para relembrar os velhos tempos de glória do Farense.
Apesar do resultado ter sido negativo para os leões de Faro, a equipa, orientada por Jorge Paixão, mostrou uma grande atitude dentro de campo, obrigando mesmo o Braga a jogar o prolongamento, onde acabaria por marcar o único golo da partida, através de uma grande penalidade.
O jogo foi muito disputado a meio campo, tornando-se muito físico com o desenrolar da partida. O Farense mostrou que tem um bom coletivo e um grande avançado, que trabalhou durante os 120 minutos. Rambé foi incansável na maneira como disputava cada bola, na esperança de conseguir que a sua equipa desequilibrasse.
Como já disse anteriormente, apesar do resultado não ter sido aquele que os adeptos do Farense desejavam, a exibição que os leões do Algarve realizaram perante uma das melhores equipas da primeira liga portuguesa mostrou que esta equipa está viva e com vontade de voltar novamente ao patamar mais alto do futebol nacional.
Sentiu-se de novo o calor do futebol na cidade de Faro, sentiu-se o cheiro a primeira liga. Espero que este jogo e que o ambiente que se viveu dentro do São Luís seja o tónico que esta equipa necessitava. Uma equipa que, apesar de apresentar qualidade, falha por vezes em coisas que lhe são fatais.
Foi um dia de festa para os adeptos do SC Farense
É com esta mentalidade que se tem de continuar o trabalho que se está a realizar, e é também com esta mentalidade que o povo de Faro tem de continuar. São Luís tem de voltar a ser o Inferno que era antigamente, aquele lugar onde até José Mourinho já disse que temeu jogar, aquele lugar onde as equipas visitantes tinham de comer relva para conseguir ganhar ao Farense, acima de tudo, tem de ser uma fortaleza.
E não foi só dentro de campo que hoje se viu um bom espetáculo. Os South Side boys, que mais uma vez mostraram que são uma das melhores claques a nível nacional, proporcionaram uma noite cheia de apoio aos jogadores que envergavam o símbolo do Farense ao peito. A forma como cantam desde o início até ao fim do jogo, a forma como empurram a equipa nos bons e nos maus momentos, tudo isso faz a diferença
Por tudo o que o Farense foi no passado, por tudo aquilo que já passou num passado não muito distante, pelo amor que o povo de Faro sente por este clube e pela vontade que tem de o voltar a ver na primeira divisão, esperemos que este jogo volte a acontecer brevemente, mas que desta vez não seja para a taça, mas sim para a primeira Liga Portuguesa.
O Campo da Mata, nas Caldas da Rainha, engalanou-se para a recepção do clube local, segundo classificado do Grupo F do Campeonato Nacional de Seniores, ao primodivisionário Estoril, em jogo da 4.ª eliminatória da Taça de Portugal. Foi muito o público que assistiu, numa tarde chuvosa, a um jogo não muito bem jogado, também fruto do estado do relvado, em que a luta se sobrepôs à técnica.
O treinador da equipa estorilista, Fabiano Soares, não brincou em serviço e fez alinhar grande parte dos habituais titulares, perante um Caldas muito aguerrido e que nunca deu uma bola que fosse por perdida. Os canarinhos revelaram ter a lição bem estudada, já que os centrais Yohan Tavares e Mano controlaram quase sempre o matador do conjunto oestino, o brasileiro Diego Zaporo, que já leva seis golos na conta pessoal na actual temporada. A fase inicial do desafio foi marcada pelo equilíbrio, até que aos 22’, no primeiro lance de real perigo para uma das balizas, o Estoril apontou o golo decisivo através de um cabeceamento de Dieguinho. Galvanizado por jogar em casa, o Caldas SC tentou chegar-se perto das redes estorilistas, mas normalmente mais com o coração do que com a cabeça, pese embora fosse notória a excelente organização táctica dos comandados de Ricardo Moura. Nalguns lances de bola parada os alvinegros ainda causaram frisson, mas ficou sempre a sensação de que o Estoril tinha a situação bem controlada.
Luta no relvado e muito público na bancada, eis o espelho da partida Fonte: Joel Ribeiro
No segundo tempo a toada de jogo manteve-se. Imensos duelos a meio-campo, um Estoril mais experimentado não entrando em grandes correrias, a juventude e bravura dos caldenses a não deixar morrer a partida. E para a indefinição do resultado final muito contribuiu o penálti falhado pelo médio estorilista Mattheus, filho de Bebeto, que permitiu a defesa de João Guerra aos 66’. O Caldas entusiasmou-se a partir desse momento e tentou um assalto final à baliza de Georgemy – substituiu o habitual titular Kieszek – mas faltou sempre alguma clarividência no último terço do terreno, situação que foi piorando com o desgaste físico dos jogadores.
Em suma, vitória do Estoril que acabou por se revelar natural, apesar da equipa do Oeste ter lutado muito para chegar ao prolongamento. Numa ronda da Taça de Portugal em que algumas das principais equipas do futebol nacional ficaram pelo caminho, o Estoril conseguiu o seu objectivo perante um Caldas que justificou a posição que ocupa no seu campeonato, tendo todas as condições para realizar uma excelente época, sendo de destacar os muitos jovens do seu plantel, alguns deles formados no clube.
No final da partida, o técnico Fabiano Soares afirmou ao Bola na Rede que a equipa acalenta o sonho de chegar à final da Taça de Portugal – o Estoril apenas por uma vez chegou ao Jamor, tendo perdido por 8-0 frente ao Benfica, em 1944 – não esquecendo a vaga na Liga Europa que uma vitória na competição/simples presença na final poderá oferecer. Porém, o treinador brasileiro pautou sempre o discurso pela calma e prudência, deixando ainda elogios para o Caldas. Já o seu congénere dos alvinegros, Ricardo Moura, mostrou-se muito satisfeito com o rendimento dos seus jogadores, convocando as suas tropas para a deslocação a Alcanena, no próximo fim-de-semana.
A Figura :
Festa da Taça – A muita chuva que caiu nas Caldas da Rainha não impediu um excelente ambiente no Campo da Mata. Muitos adeptos do Caldas, excelente apoio ao Estoril, festa na zona envolvente do recinto desportivo. Regresso ao passado de um clube prestes a completar 100 anos e que marcou presença na Primeira Divisão entre 1955 e 1959.
O Fora de Jogo:
Estado do relvado – As difíceis condições climatéricas tiveram a sua influência no relvado do reduto caldense. Muita lama, terreno irregular, dificuldades acrescidas para os jogadores num jogo que muito devido a esse factor se tornou de enorme luta.
Ao terceiro dérbi, chegou a terceira vitória. O saldo do Sporting esta época frente ao Benfica só não é imaculado porque as águias lograram ontem o primeiro golo do jogo e também o seu primeiro frente a Rui Patrício esta época.
O golo de Mitroglou, quando muitos adeptos ainda entravam no estádio, deixou uma nuvem de nervosismo em Alvalade, mas essa “nuvem” nunca foi de pessimismo. E nunca o foi porque a equipa teve mais uma vez atitude, personalidade, um estádio inteiro do seu lado e o mais importante: uma lógica de pensamento, um conjunto de ideais pelos quais o grupo e o treinador se regem e dos quais não prescindem.
Quando à ideia se junta uma equipa como a dos “leões”, é tudo muito mais fácil. O Benfica não fez mais nenhum remate perigoso durante todo o encontro e, pela terceira vez esta temporada, perdeu a luta do meio campo para o Sporting. E perdeu-a porquê? Porque William e Adrien, com o auxílio precioso de Bryan Ruiz e João Mário, são facilmente superiores a qualquer esquema de meio campo que Rui Vitória possa apresentar esta época. O Sporting de Jorge Jesus é a “besta negra” do Benfica este ano e a chave mestra tem estado sempre no mesmo sítio: meio campo. Na Supertaça ainda foi sem William, nos “bailados” da Luz e de ontem à noite já foi com esta nova “orquestra”. Jorge Jesus tem uma ideia bem definida sobre o que quer do Sporting; o mesmo não se pode dizer de Rui Vitória: em três derbies, entrou com três modelos diferentes no meio campo e o resultado foi sempre o mesmo, negativo! E a falta de ideias de Rui Vitória não se resume ao campo: neste momento, é tão enriquecedor e produtivo ouvir uma conferência de imprensa de Rui Vitória como ouvir uma intervenção de Pedro Guerra na televisão…
O resumo da época do Sporting e, particularmente, de Slimani, até agora… Fonte: Sporting Clube de Portugal
Contudo, a cara feliz e o rugido bem forte do Sporting esta época não são apenas obra e graça do “mister” Jorge Jesus. Os jogadores, obviamente, também contam, e o Sporting tem um plantel com bastante qualidade. Mesmo sem o castigado Naldo, com Aquilani e Teo Gutiérrez no banco, e ainda com Carrillo (aquele que muitos consideravam, erradamente, que era o melhor jogador da equipa) no sofá, os “leões” estiveram muito bem e foram completamente superiores frente ao eterno rival. Paulo Oliveira e Ewerton estiveram mais uma vez imperiais, mas o meu destaque vai para três homens que jogam do meio campo para a frente: Adrien, João Mário e Islam Slimani. Os dois médios pegaram na batuta da equipa na Supertaça e não mais a largaram, tendo sido poderosamente “reforçados” com o regresso de William Carvalho, no mês de setembro. Têm jogado à bola como gente grande e mostrado que, neste setor, podemos estar tranquilos. Temos um dos dois melhores do país, de forma inequívoca.
No ataque, temos a “besta” que tem sido o “joker” da temporada leonina. Vou ser repetitivo em relação a textos recentes, mas neste caso tem de ser. Eu vejo Slimani a jogar e interrogo-me sobre onde é que o argelino vai buscar energia para tanta correria e tanta garra que emprega em todos os jogos. Se é verdade que nestas vertentes houve um “upgrade” em relação ao Slimani da primeira época, não é menos verdade que a maior subida de rendimento foi a nível técnico. Pasmem-se, ontem este senhor até fez um cruzamento de letra! Está cheio de confiança pelos golos que tem apontado (oito em 16 jogos), é um dos principais baluartes do clube e é uma das imagens de marca do grupo: a sua atitude contagia toda a equipa a segui-lo e os adeptos veem isso. Slimani é idolatrado pelos adeptos leoninos e vê-lo a festejar golos no topo Sul tem sido cada vez mais recorrente.
O avançado e o setor de meio campo têm sido mesmo os trunfos mais visíveis do Sporting este ano. E, quando reparamos que Adrien, João Mário e William vieram todos da Academia de Alcochete, parece que o rugido leonino soa ainda mais alto… Nota final para o selecionador Fernando Santos: nos jogos particulares onde o maior objetivo é ganhar dinheiro, até prefiro que não leve muitos jogadores do Sporting. Mas, no Europeu de 2016, parece-me que Adrien e Gelson Martins poderão ter uma palavra a dizer. Se Gonçalo Guedes vai à seleção, existe alguma razão plausível para um jogador com mais qualidade (Gelson) não ir?
“Galicia es una mezcla de bufandas y de banderas de colores, pero si nos fijamos todas bufandas y todas las banderas del Dépor y del Celta tienen los colores de Galicia: el celeste, el blanco y el azul. Esos son los colores de nuestra tierra, así que vamos a disfrutar de esta fiesta” – Alberto Núñez Feijoo (Presidente da Xunta de Galicia)
Foi com esta frase que o Presidente da Xunta de Galicia, Alberto Núñez Feijoo, deu, a meio da passada semana, o mote para o grande dérbi de Sábado à noite, aquele que une e separa famílias, que junta velhos e novos e mitiga as diferenças entre gerações, aquele que representa toda uma região do vasto território espanhol, o único e inconfundível Derbi gallego, o noso derbi.
Sem as estrelas de outro tempo, jogou-se no passado Sábado no emblemático Riazor o primeiro grande dérbi da época, aquele que opõe o Deportivo de La Coruña e o Celta de Vigo. Num estádio a rebentar pelas costuras e com um ambiente absolutamente fantástico, o renascido Depor de Víctor Sánchez levou a melhor sobre os seus eternos rivais Celta de Vigo, que, numa noite de muito pouca inspiração, nunca foram capazes de contrariar a boa organização táctica dos donos da casa. Um golo na primeira parte do suspeito do costume Lucas Pérez, após uma boa jogada entre Cani e Bergantiños, e um auto-golo caricato de Jonny Castro ao cair do pano foi quanto bastou para o Depor somar a quarta vitória da época e subir, com isso, à condição, ao oitavo lugar da tabela classificativa.
Nem sempre foi uma partida bem jogada e com a magia de outros tempos, mas o que faltou em qualidade sobrou em intensidade, em vontade de vencer e em determinação, pelo menos, no que respeita ao Deportivo. O Celta de Eduardo Berizzo acusou e de que forma a goleada sofrida nos Balaídos perante o Valencia CF na jornada anterior e quase nunca foi capaz de incomodar o guarda-redes da equipa da casa, Germán “Poroto” Lux. Com uma linha defensiva altamente desorganizada, que acusou e muito a ausência do argentino Gustavo Cabral, e um meio-campo sem ideias e com pouca lucidez aquando do processo de criação de jogo, o Celta foi incapaz de assentar o seu jogo, não permitindo por isso aos homens da frente, Nolito, Orellana e Iago Aspas, causarem perigo no bloco mais recuado do adversário. Nas raras ocasiões em que conseguiu uma jogada de ataque digna desse nome, a equipa celeste beneficiou de uma grande penalidade a punir uma falta sobre Iago Aspas, cerca de quatro minutos após o golo do Depor, mas o número 10 viguês, Nolito, não foi capaz de desfeitear um inspirado Germán Lux, que sacudiu a bola para canto.
Lucas Pérez, o autor do primeiro golo do Depor na noite fria do Riazor Fonte: La Voz de Galicia
O Celta que esteve no Riazor no passado Sábado à noite não é o Celta que já venceu o poderoso FC Barcelona esta temporada, nem é, certamente, o Celta que “Toto” Berizzo tem vindo a arquitectar após a sua chegada no início da temporada passada.
Por outro lado, o Depor tem-se colocado em bicos de pés esta temporada, e o regresso de Víctor Sánchez, desta vez para desempenhar a função de treinador principal, na parte final da época passada, mudou completamente a forma de o conjunto galego jogar e, acima de tudo, a forma de abordar os jogos, recuperando a alma e vontade férrea que sempre caracterizam aquele histórico emblema do futebol espanhol.
O noso derbi dos dias de hoje continua a fazer parar a Galiza, apesar de não estarem presentes velhos craques de outros tempos, como por exemplo Donato, Djalminha, Aleksandr Mostovoi, Valery Karpin, Mazinho, Gudelj, Fran, Mauro Silva ou Gustavo López. A adrenalina e a rivalidade sentidas nesses dias, especialmente durante a década de 1990, eram algo de indescritível, e os próprios jogadores que viveram esses momentos têm ainda hoje dificuldades de expressar por palavras essas emoções. Numa entrevista concedida ao programa Al Primer Toque, da rádio espanhola Onda Cero, Aleksandr Mostovoi e Donato, dois dos maiores nomes de sempre do Celta de Vigo e do Deportivo de La Coruña, respectivamente, trocaram, passados quase 20 anos, elogios e recordaram momentos únicos dos confrontos entre os dois emblemas, que nesse tempo olhavam nos olhos os gigantes do futebol espanhol.
El Zar Mostovoi, o eterno número 10 do conjunto viguês, ao lado do seu compatriota Valery Karpin, também ele um dos melhores jogadores que passaram pelo Celta de Vigo nos últimos 20 anos Fonte: Laz Voz de Galicia
O génio russo, a quem já pensaram erguer uma estátua na cidade de Vigo, descrevia os jogos dessa altura entre Celta e Depor como altamente motivadores, ao nível mesmo daqueles que se jogavam contra o FC Barcelona ou contra o Real Madrid. Do outro lado, Donato, um dos melhores médios defensivos que já passaram pelo futebol espanhol, apelidou Mostovoi de craque e lembrou que enquanto jogavam “se punham doidos um ao outro”, tal era a qualidade individual de cada um. No final da entrevista, ambos concordaram que, apesar de a grande rivalidade entre ambas as equipas continuar a existir, os tempos mudaram, assim como as realidades de cada uma delas, e, por conseguinte, o Derbi gallego já não tem a mesma intensidade, nem os mesmos protagonistas carismáticos que tinha há sensivelmente duas décadas.
Donato, um dos melhores médios defensivos de sempre a ter passado pelo futebol espanhol Fonte: El Gol Digital
Um ano passou desde a entrevista de Donato e de “El Zar” Mostovoi e, desta vez, com ambas as equipas firmemente acomodadas na primeira metade da tabela classificativa, aquele “bichinho” de antigamente voltou à Galiza aquando da realização daquele que é, para muitos, mais importante do que o El Clásico, disputado entre o duopólio que domina o futebol espanhol, o dérbi que expressa a grandeza daquele povo, El Derbi gallego, O noso derbi.
Mais uma vez, como benfiquista, sinto-me envergonhado. É inadmissível uma equipa que é bicampeã nacional em título perder três vezes na mesma época com o seu maior rival e acima de tudo perante o seu antigo treinador.
Como adepto encarnado, sinto-me desiludido com este “deixa andar” que se instalou para os lados da Luz. A falta de consistência e de qualidade nas exibições do Benfica fazem qualquer um duvidar deste conjunto na presente temporada.
Sou um dos poucos que defende Rui Vitória, que não lhe aponta o dedo e não o critica, mas depois deste jogo já não posso fazer o mesmo. As escolhas do técnico encarnado no jogo contra o eterno rival foram no mínimo duvidosas. Apesar de ter conseguido confundir a equipa verde e branca nos minutos iniciais do encontro com o posicionamento de Pizzi, Rui Vitória pecou por não se saber adaptar ao desenrolar do jogo. Na segunda parte o meio campo do Benfica estava completamente perdido, com Talisca a ser menos um, mas mesmo assim permanecendo em jogo. Faltava um elo de ligação entre o meio campo e o ataque e era nesta altura que Rui deveria ter tirado Talisca do jogo e colocado ou Raúl Jiménez e descido Pizzi ou então colocado André Almeida no lugar de Talisca e não de Pizzi.
Pizzi foi uma das surpresas no onze de Rui Vitória Fonte: Sport Lisboa e Benfica
Com Mitroglou completamente desamparado, o jogo do Benfica baseava-se em bolas bombeadas para a frente de ataque na esperança de que o avançado grego as conseguisse segurar e desta feita conseguissem desequilibrar, coisa que raramente aconteceu. É agora que muita gente se apercebe do quanto Lima nos faz falta. Olhado de lado e mal-amado por muitos dos adeptos benfiquistas, a verdade é que Lima era um trabalhador incansável, que durante o jogo inteiro trabalhava de forma incessante, construindo um elo de ligação entre a defesa e o ataque nas jogadas de saída rápida para o ataque.
Neste jogo, ao contrário de nos outros dois derbys desta época, quem perde é o treinador encarnado. Ao contrário de nos outros dois embates com o Sporting, viu-se um Rui Vitória com medo, um Rui Vitória condicionado.
Como tinha escrito anteriormente, referi que este jogo poderia marcar um ponto de viragem ou marcar o início de um ciclo complicado para a “estrutura” e para o treinador. Depois de um início de campeonato desastroso e de uma saída prematura da taça de Portugal as atenções dos adeptos voltam-se para o treinador; resta então saber o que fará o presidente encarnado. Em anos anteriores observámos um Vieira sem medo, que apostou em JJ contra tudo e contra todos mas nos dias que correm isso é mais complicado de se fazer. Ao contrário de JJ, Vitória não tem provas dadas, porque treinar uma equipa como o Benfica não é igual a treinar um Vitória de Guimarães, com todo o respeito. Apesar de ter feito um bom trabalho a nível de “descobrir” talentos na formação do Benfica e na Liga dos Campeões, não pôs o Benfica no modo “rolo compressor” como fez Jesus, não ganhou a Supertaça e acima de tudo conseguiu perder três vezes na mesma época com o seu maior rival, coisa que pôs todos os benfiquistas de cabeça perdida.
Resta então saber o que Vieira irá fazer. Tem apenas duas opções, ou mantém a aposta em Rui Vitória e lhe oferece aquilo de que ele necessita para colocar o Benfica de novo na luta pelos títulos ou aposta noutro treinador que dê mais garantias à equipa encarnada.
Incoerente e absolutamente desnecessário. É assim que classifico a tomada de posição do FC Porto em relação aos critérios de escolha do selecionador nacional nos jogos particulares com a Rússia e o Luxemburgo. Através da newsletter ‘Dragões Diário’, o clube da Invicta contestou o supostamente superior tempo de utilização que os jogadores do FC Porto tiveram nos encontros em questão. André André foi titular em ambas as partidas, Danilo Pereira e Rúben Neves apenas frente ao Luxemburgo. O jovem capitão também atuou alguns minutos em Krasnodar, participando assim nos dois jogos de preparação para o Euro 2016.
No segundo destes certames de preparação, Fernando Santos optou por não colocar nenhum jogador de Benfica e Sporting de início. Decisão compreensível, olhando para o derby que está aí à porta, já este sábado, para a Taça de Portugal. A questão: será este motivo o suficiente para o FC Porto levantar armas e bagagens contra o treinador da equipa das Quinas?
É verdade que os dragões também jogaram sábado. Mas contra o Angrense, atual líder da Série E do Campeonato de Portugal. Sem querer menosprezar o adversário, mas fazendo-o, inevitavelmente, o obstáculo que se colocou perante os azuis e brancos é substancialmente menor do que aquele que os rivais de Lisboa enfrentaram. Mais: analisando as estatísticas relativas ao tempo de jogo de cada elemento no duplo teste de preparação de Portugal, confirma-se que os jogadores dos três grandes acabam por acumular (em média) tempo de jogo semelhante.
Rúben Neves somou a primeira internacionalização A frente à Rússia Fonte: Facebook Rúben Neves
A verdade é que Fernando Santos se pôs a jeito das críticas quando, anteriormente, disse que os clubes não podiam influenciar as suas opções, mas a verdade é que tal aconteceu. No entanto, seria isto necessário? Julgo que não. Até… Evitável. Ainda mais, quando, no parágrafo seguinte, se volta a criticar o “Engenheiro” por apenas convocar Rúben Neves depois da lesão de João Moutinho. Ora então, em que ficamos? Já é plausível levar um jogador à seleção sob a condição deste não jogar? Estamos a falar de jogadores do FC Porto, que se querem e exigem de craveira, e que, obrigatoriamente, têm de estar preparados tal exigência competitiva. O calendário aperta e vai ficando progressivamente mais complicado, mas a fibra vesse nesses momentos. Ou é necessário dar o exemplo inglês, a que tantas vezes se recorre?
Uma atitude a rever, por parte dos responsáveis portistas. Acredito que não seja agradável experimentar a dualidade de critérios, mas é um caso justificável e que exigia uma resposta mais madura da parte do clube. Entrar em “arrufos” desnecessários vai contra aquilo que tanto elogiei no princípio da época: a postura séria e altruísta. E estamos a falar da Seleção Nacional; é ou não é um orgulho ter lá jogadores “da casa” a atuar, independentemente de fatores externos?
Em seis meses apenas, Luís Filipe Vieira e o Benfica conseguiram regredir seis anos. Nem parece, esta, a equipa bicampeã nacional e que estava a curtos passos de recuperar a hegemonia do futebol nacional. Pois bem, o que está a acontecer estava escancarado e à vista de todos. Sempre disse que o Benfica dependia mais de Jorge Jesus do que o contrário e o tempo só iria prová-lo. Ao terceiro derby da temporada, a terceira figura patética de Rui Vitória e do Benfica e a terceira vitória do Sporting, que conseguiu em três meses tantas vitórias contra o Benfica como conseguira enquanto Jorge Jesus recuperava o Benfica e o deixava como líder do futebol em Portugal. Sintomático do grande treinador que é Jorge Jesus e do traste que é Rui Vitória. Nem sequer o primeiro golo do Benfica – grande passe de Gaitán para Pizzi e boa finalização de Mitroglou – em jogos frente aos grandes nesta época, logo aos 6 minutos foi suficiente para o Benfica conseguir bater o pé e dar um ar de sua graça. No fundo, parecer uma equipa de futebol.
O Sporting nunca foi totalmente dominante e dono e senhor do jogo, mas foi um justo vencedor. A carambola que originou o empate por Adrien, já nos descontos da primeira parte, foi perfeito retrato de um Benfica que adora dar tiros de bazuca nos próprios pés. O empate era um mal menor para a equipa (?) da Luz, que baseia, jogo após jogo, o seu futebol em pontapés para a frente e correrias loucas dos avançados e até de… Gaitán. Um génio destes não merece tanta mediocridade à sua volta. O Sporting estava por cima e assim se manteve na segunda parte, com intensa pressão até perto dos 65 minutos, altura em que o gás acabou para ambas as equipas.Haveria a partida de arrastar-se para o prolongamento, não sem antes Júlio César fazer uma defesa do outro mundo a um remate de Slimani, já perto dos 90. Não é cliché, é mesmo verdade: a sorte surge para quem a procura. O Sporting procurou-a, foi melhor durante todo o jogo e saltou para a vantagem ao minuto 112, em recarga do argelino após remate de Adrien que Júlio César não conseguiu segurar convenientemente.
Mau demais para ser verdade… Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
O plantel não é equilibrado e há posições deficitárias, é verdade. A prolongada lesão de Salvio e o azar com Nélson Semedo não ajudam, é verdade. Luisão é mortal, também faz anos e já não é o mesmo de há um ou dois anos, é verdade. Mas também é verdade que é mal explorado e há opções altamente questionáveis de Rui Vitória. Um vazio de ideias completo e que só conhecerá o seu fim quando esta amostra de treinador se demitir.
Não há dúvidas: Rui Vitória estava mesmo enganado quando disse que a sua EQUIPA iria jogar contra 11 jogadores, antes do vergonhoso 0-3 de Outubro. As coisas são assim, é certo, mas não pela ordem que o treinador do Benfica disse. Destruiu tudo o que de bom Jesus havia feito e deixado pronto. Era só não estragar. Mas a incompetência de alguém que nem o Vitória de Guimarães conseguia meter a fazer três passes seguidos falou mais alto. Uma competição já foi ao ar e pouco falta para o campeonato ir mesmo pelo caminho. A estrutura quis ser maior do que Jorge Jesus mas está a ser comida por todos os lados. Em Braga adivinha-se a machadada final.
A Figura:
João Mário – Jogo brutal do médio do Sporting, que se assume, cada vez mais, como peça fundamental no esquema de Jesus. Com a entrada de Gelson Martins passou para trás de Slimani e foi uma dor de cabeça para Samaris e Pizzi.
O Fora de Jogo:
SL Benfica – Não fosse o golo de Mitroglou e quase não se teria dado pela presença do Benfica em campo, tal foi a superioridade verde e branca. Como as coisas mudam em tão pouco tempo.
Um Sporting – Benfica é sinónimo de jogo carregado de emoção, paixão e de surpresas. Mesmo assim, a ausência de Jonas e de Teo Gutiérrez foi algo que muito provavelmente poucos adeptos esperariam. Rui Vitória decidiu mudar o seu elenco, entrando Pizzi para reforçar o meio-campo encarnado e tirando aquele que seria, à partida, o maior perigo para a defesa contrária. Já Jesus promoveu a rotação da equipa num jogo da Taça e introduziu El Avioncito no lugar do compatriota Gutiérrez.
O jogo começou como uma acendalha na fria noite lisboeta, com pouco mais de três minutos disputados e já Slimani atirava a bola ao poste da baliza de Júlio César. Na resposta, João Pereira deixa imenso espaço nas suas costas, onde aparece Pizzi que assiste Kostas Mitroglou para o primeiro golo do encontro; o mote estava dado para termos um derby quente.
O Sporting acusou o toque, mas aos poucos voltou a entrar na partida e a ter um domínio – em parte consentido pelos encarnados – da partida; mas os caminhos da baliza de Júlio César estavam bem fechados; os jogadores de Rui Vitória pareciam ter a lição bem estudada e conseguiam anular aquele que era o principal trunfo leonino, o seu meio-campo e respectiva criatividade. Adrien tentava – como capitão que é – motivar as tropas e furar as linhas encarnadas mas, sem sucesso. Já do lado benfiquista, Gaitán continuava a ser o elemento mais em foco do elenco. De ressalvar também o comportamento anti-jogo de Júlio César, perdendo imenso tempo na reposição de bola em jogo, algo que se assemelhava aos tempos de JJ na Luz.
Na entrada para os últimos dez minutos da primeira parte, a acendalha que tanto prometeu nos primeiros minutos tinha dado lugar a um jogo insípido e gélido, algo que favorecia a equipa visitante e que penalizava em demasia um Sporting mais atrevido e a lutar por outro resultado. Contudo, e já nos descontos da primeira parte – talvez em forma de karma por todo o tempo perdido por Júlio César – o guardião dos benfiquistas aborda mal um lance e Adrien dá alguma justiça ao marcador, numa jogada em que grande parte do mérito vai para a garra de Slimani. Um tónico excelente para a equipa de Jesus e um regresso ao intervalo que permitia aos leões – e à própria partida – um novo (re)começo no início da segunda parte.
O capitão leonino deu o empate justo ao Sporting Fonte: Sporting CP
Para a entrada no segundo tempo, Jesus apostou em Gelson para o lugar dum apagado Montero, numa clara tentativa de aumentar a velocidade do encontro, e também valorizando a irreverência do jovem talento leonino.
No que ao jogo diz respeito, se a primeira parte tinha terminado com um claro ascendente leonino, a segunda começava com um domínio total do Sporting. Slimani era um perigo constante perto da área benfiquista, Adrien tomava as rédeas do jogo e assumia a batuta do encontro, fazendo lembrar um maestro que passou pela Luz e Bryan Ruíz aparecia em grande no corredor esquerdo, colocando o lateral Sílvio em tarefas meramente defensivas. Os leões mostravam que queriam resolver a questão perante um Benfica apático, fragilizado em demasia pelo golo de Adrien e focado em segurar o empate.
Contudo, os minutos iam passando e a resistência encarnada mantinha-se, acabando que deu força ao Benfica para suster o ímpeto leonino e assustar em algumas situações Rui Patrício. Com dez minutos para o fim do tempo regulamentar, o jogo animou num esforço dos verde e brancos para resolver o encontro sem necessidade de prolongamento, mas até ao fim dos noventa minutos o melhor que conseguiu foi proporcionar uma belíssima defesa a Júlio César e criar uma verdadeira jogada de equipa em que Slimani acabou por falhar um golo que parecia ser fácil.
Já no decorrer do prolongamento, Jorge Jesus viu o seu plano de jogo sofrer alterações quando Jefferson e Ewerton saíram lesionados, não dando assim possibilidade de refrescar algumas peças que começavam a acusar o desgaste, como Adrien e Ruíz, algo que condicionou a estratégia do técnico leonino. Rui Vitória acabou por arriscar, colocando a equipa a jogar num 4-4-2, com Jonas e Raúl Jiménez na frente.
Na segunda parte do prolongamento, o Sporting dá a cambalhota no mercador com o inevitável Slimani a dar justiça ao resultado. Adrien volta a ser fulcral na jogada, rematando forte para uma primeira defesa de Júlio César mas, na recarga, o ponta de lança argelino voltouu a mostrar a sua apetência para marcar aos rivais da Luz e garantiu a eliminatória para os leões.
Uma vitória mais que justa, que peca por tardia perante um Benfica que acabou por perder por nunca se dar verdadeiramente ao jogo.
A Figura:
Islam Slimani e Nico Gaitán – Dois jogadores que são, neste momento, figuras acima da média no campeonato português. O argelino tem crescido imenso com Jorge Jesus, sendo mais jogador de equipa e dando mais de si ao jogo; o golo da vitória é mais do que merecido. Já o número 10 do Benfica é um verdadeiro mágico com a bola nos pés, sendo a figura maior dum elenco que se mostra cada vez mais banal.
O Fora-de-Jogo
Uma minoria dos adeptos do SL Benfica – Uma semana após os atentados de Paris, e ressalvando aqui a palavra minoria, seria demais pedir um minuto de silêncio em memória das vítimas?
Foi com um onze praticamente renovado que o FC Porto se apresentou em Angra do Heroísmo para defrontar o emblema local, o Angrense. Da equipa utilizada na última partida, frente ao Vitória de Setúbal, sobraram o central Ivan Marcano e o médio Evandro. As restantes nove vagas foram ocupadas maioritariamente por elementos cujo nível de utilização tem sido menor ao longo da temporada – exceção feita para Imbula -, alguns deles, inclusive, em estreia absoluta, como foi o caso de José Angel, Sérgio Oliveira e Victor García.
Apesar das muitas mudanças efetuadas por Lopetegui, o FC Porto que se apresentou nos Açores foi o mesmo que temos visto com o decorrer da época. Quer isto dizer que, mesmo com a segunda linha, a ideia de jogo não mudou. Com uma posse de bola acutilante, movimentos entre linhas desgastantes e através da grande propensão ofensiva dos laterais, os dragões foram cansando o Angrense.
Desde cedo se tornou notório que o emblema açoriano seria presa fácil para os azuis e brancos e que não possuía, nem de perto nem de longe, o mesmo poder de fogo que o visitante.
Osvaldo foi o primeiro a criar perigo, logo aos quatro minutos. Boa subida de Victor García pelo corredor direito, Varela cede a bola ao lateral e este cruza de primeira para o avançado italo-argentino desviar para a baliza. A bola saiu prensada e fácil para David Dinis, guardião açoriano. Seguiu-se Varela. Depois de um pontapé de canto da esquerda, a bola sobrou para o extremo português, que, à entrada da área, disparou para nova intervenção de Dinis. Mas o golo do FC Porto não tardaria.
Bueno vezes dois
À passagem do minuto 14, Alberto Bueno concluiu da melhor forma um excelente cruzamento da esquerda de José Angél, antecipando-se ao guarda-redes adversário e cabeceando para a baliza deserta do Angrense. O avançado espanhol marcou, assim, o seu primeiro golo em partidas oficiais pelo FC Porto e provou que a fama de homem golo que conduziu à sua contratação não era mito.
O cronómetro foi avançando, e os dragões assumindo o controlo das operações. O meio campo bem montado do FC Porto, com Imbula, Sérgio Oliveira e Evandro, obrigava o Angrense, através de trocas de bola e de posição rápidas, a correr atrás do esférico e o emblema da casa limitava-se a ver jogar.
Bueno esteve em bom plano Fonte: FC Porto
E se a partida já estava difícil, as esperanças dos açorianos caíram por terra ao minuto 40. De novo, Alberto Bueno. Boa jogada de envolvimento do FC Porto, a bola a rodar rapidamente de flanco até chegar ao lado esquerdo, onde Osvaldo, com um excelente cruzamento, descobriu Bueno. O espanhol matou a bola no peito entre os centrais adversários e, num gesto meio acrobático, atirou novamente para o fundo das redes.
O único lance digno de registo do Angrense na primeira parte aconteceu aos 42 minutos. Victor García, que até então tinha conseguido uma prestação consistente, acusou alguma inexperiência e quase deu o golo com uma perda de bola infantil. Valeu Helton com uma excelente intervenção. Seguiu-se o intervalo e na segunda parte a toada manteve-se.
O FC Porto dispôs de duas grandes oportunidades neste segundo tempo, mas David Dinis evitou danos maiores com duas excelentes intervenções. A primeira a um remate de Varela à boca da baliza, e a segunda ao sair aos pés de Evandro, que surgiu isolado e tentou contornar o guarda-redes açoriano.
Com esta vitória os dragões apuram-se para a quinta eliminatória da Taça de Portugal e dão início a uma série de jogos complicada. Este foi o primeiro teste de seis em 19 dias, e o FC Porto passou com distinção. E uma coisa é certa: com uma segunda linha tão entrosada no modelo de jogo da equipa, penso que podemos descansar se Lopetegui recorrer à tão afamada rotatividade que o caracteriza em jogos de menor dificuldade. Com opções como Bueno, há espaço para rodar.
A Figura
Alberto Bueno – Tem sido dos elementos menos utilizados do setor ofensivo do FC Porto, mas hoje provou que merece mais minutos de jogo. O problema inicial seria a falta de um sistema tático adequado às suas características, mas com a partida frente a Angrense tornou-se notório que o espanhol se adapta em qualquer posição. Não só marcou dois golos como voltou a demonstrar pormenores de grande qualidade, quer em termos técnicos, quer em termos de capacidade de passe.
O Fora de jogo:
Evandro – Foi um dos jogadores do FC Porto que passaram mais ao lado da partida. Sérgio Oliveira e Imbula, companheiros de meio campo, assumiram papéis bem mais preponderantes na construção ofensiva do FC Porto. Evandro dispôs de uma grande oportunidade de golo na segunda parte mas, como em toda a sua exibição, manifestou alguma falta de clarividência.
Foi substituído por Herrera ao minuto 65.
É difícil ou mesmo impossível encontrar um jogo com mais mediatismo do que um confronto entre Real Madrid e Barcelona. Assim, justificava-se o dispositivo de segurança montado em redor do Santiago Bernabeu, o maior de sempre para um evento desportivo.
Porém, essa segurança toda não foi capaz de acalmar a ânsia dos jogadores do Real Madrid, muito menos de travar as intenções de 11 homens, vestidos de azul-grená, de aterrorizar parte dos 81 mil espectadores que se deslocaram à Avenida de Concha Espina, em Madrid.
Cedo se começou a notar o poderio do Barcelona, que, mesmo sem Messi, contou com um Sergi Roberto inspirado, sendo ele o responsável maior do golo inaugural da partida, “rasgando” o meio-campo merengue da esquerda para o meio, para oferecer o golo a Suárez. Estavam decorridos 10 minutos.
O Real não conseguia reagir; o primeiro golo teve enorme impacto emocional, foi um autêntico golpe nas ambições merengues, que deixaram o medo levar a melhor. O medo de perder por mais, o medo de partir para cima do adversário e mudar a história do jogo. Do outro lado, os tais 11 homens vestidos de azul-grená posicionavam-se irrepreensivelmente e mantinham-se fiéis ao papel táctico que o seu líder lhes designara, estando mais perto do 0-2 que o Real do empate… e assim aconteceu. Sergio Ramos e Varane fizeram jus àquilo que foi o seu (des)entendimento durante o encontro e deixaram Neymar fugir e aproveitar o passe de Iniesta para aumentar a vantagem, que sentenciou o resultado da primeira parte.
Andrés Iniesta, o protagonista da goleada Fonte: FC Barcelona
Na segunda metade, o Real pareceu, por breves momentos, apostado em reagir ao terror do primeiro tempo e até conseguiu criar duas ocasiões de perigo, por Marcelo e James; porém, estava a lidar com uma força superior, e isso ficou provado com o excelente entendimento colectivo que deu origem ao terceiro golo forasteiro, finalizado por Iniesta.
Estava decorrida uma hora de jogo, e o vencedor praticamente determinado, com justa causa. O Real ainda conseguira dar um ar da sua graça e obrigar Bravo a aplicar-se um par de vezes até ao apito final (primeiro defendeu com a cara um remate de Ronaldo, isolado, e depois defendeu um cabeceamento de Benzema com uma estirada fantástica), mesmo que pelo meio tenha sofrido mais um ataque impiedoso dos 11 homens vestidos de grená. Desta vez, o cabecilha do grupo já estava no campo de batalha e ajudou a encerrar as contas, participando na jogada do 0-4, autoria de Luís Suarez, assistido por Jordi Alba.
O Real volta a ficar em branco num clássico, quatro anos depois da eliminação das meias-finais da Champions, volvidos 18 jogos com o arqui-rival, e permite que se amplie a desvantagem para o primeiro lugar (agora de seis pontos).
Algo vai mal na casa blanca (os adeptos apontam o dedo ao treinador), e nem o maior dispositivo de segurança parece preparado para lidar com este tipo de terror.
A Figura:
Iniesta – A presença do 8 revelou-se fundamental para a vitória histórica do Barcelona no Bernabéu. Foi ele o principal coordenador da equipa nos momentos de transição ofensiva e defensiva e o fiel da balança que garantiu o equilíbrio da equipa após os golos marcados e segurou a tentativa de reacção adversária.
Ainda marcou um golo, teve toques de génio… e saiu aplaudido.
O Fora-de-jogo:
Sérgio Ramos – Esteve directamente ligado aos dois primeiros golos do Barcelona, revelando-se incrivelmente apático perante a energia dos seus opositores. Primeiro não acompanhou, como devia, Luís Suarez, e depois, juntamente com Varane, abriu um corredor para Neymar ampliar a vantagem.
Até ao final, teve um boa intervenção – atraso milagroso que evitaria, na altura, o 0-4 – mas isso não foi suficiente para se livrar do título de “fora-de-jogo”.