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Olympique de Marselha 1-0 SC Braga: Guerreiros com os pés descalços

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Quando parte para a batalha, o guerreiro mune-se de várias armas para enfrentar o adversário e conquistar vitórias para o seu povo, que tem o seu orgulho depositado nele durante o tempo de guerra.

Quando o guerreiro é do Minho, e joga futebol, as chuteiras fazem parte do seu arsenal de guerra, mas a sua importância não é crucial. Importante é a vontade, a alma que o caracteriza e que lhe dá o título que ele tem de fazer por merecer todos os dias, entregando-se à causa, sem quaisquer desculpas envolvendo o seu arsenal ou a falta dele.

Os jogadores do Braga, no Vélodrome, não foram guerreiros, e passaram demasiado tempo a lamentar-se da falta de botas (roubadas na véspera) ou  da adaptação às novas e deixaram que o adversário fosse ganhando terreno, usando a pressão sobre a primeira fase de construção para atormentar ainda mais aqueles que diziam ser os guerreiros do Minho.

De facto, foi impressionante a quantidade de bolas perdidas, sobretudo por Boly e Mauro no meio-campo bracarense, e isso esteve na génese do domínio do Marselha, que colocava sempre muitos homens na frente, e com capacidade para desequilibrar. O ponto mais ilustrativo desta evidência aconteceu por volta dos 37 minutos quando Mauro perdeu a bola de forma infantil, N’Koudou aproveitou, galgou terreno e disparou para o fundo das redes de Matheus.

Estava feito o mais que merecido 1-0 para os homens da casa e não havia sinal de reacção dos minhotos, que terminaram a parte sem conseguir dar um sinal de que estavam vivos na disputa daquela batalha.

Batshuayi foi a figura do encontro no Velodrome Fonte: Olympique de Marselha
Batshuayi foi a figura do encontro no Velodrome
Fonte: Olympique de Marselha

A segunda parte manteve a toada da primeira. O Braga não sabia como invadir o terreno adversário, e o Marselha mantinha-se organizado, invandindo o meio-campo bracarense como e quando queria, beneficiando muito da disponibilidade de Batshuayi, vindo muitas vezes atrás buscar jogo, atraindo marcações para que, no espaço vazio, entrassem Ocampos, N’Koudou ou Cabella, o trio ofensivo do meio-campo gaulês que muitas dores de cabeça deu ao sector defensivo português.

Não gostava Paulo Fonseca, e foi mexendo. Luiz Carlos substituiu um desinspirado Mauro, e a equipa pareceu mais confiante na saída de bola, porém, isso era pura ilusão de óptica, provocada por um Marselha que ia retirando munições, guardando-as para batalhas internas.

É certo que o Braga conseguiu assustar e obrigou o Marselha a duvidar de si, mas uma batalha não dura só os seus 15 minutos finais. Wilson Eduardo (substituiu Alan) e Rafa (despertou aos 75 minutos) puseram o exército (o seu e o adversário) em sentido, mas lutava-se em terreno difícil de conquistar, contra um batalhão de gente experiente e pressionada para vencer.

Falhou, o Braga, o recorde de começar uma fase de grupos da Liga Europa com quatro vitórias em outros tantos jogos e, também, o apuramento rumo aos 16avos de final da Liga Europa. Porque entrou em campo com os pés descalços… de alma.

A Figura:

Batshuayi (Olympique de Marselha) – Impressionante disponibilidade física da referência máxima do Marselha, que vinha buscar jogo atrás quando a equipa precisava de um homem a mais na luta no meio campo, era o primeiro a receber quando era necessário um alvo na zona adiantada e aquele que mais incomodava a saída de bola dos bracarenses.

Sem ele, a pressão exercida pelo Marselha não seria tão intensa, e sem essa intensidade, quase de certeza que não existiria a galvanização gaulesa que intimidou o adversário e esteve na origem do golo e outros lances perigosos.

O Fora-de-Jogo:

Mauro (SC Braga) – Foi talvez, o maior dos “pés-descalços” do Braga. Posicionalmente manteve a serenidade do costume, mas tecnicamente errou muitos passes, um dos quais com influencia directa no golo e, portanto, no resultado final. Também lhe faltou intensidade, pelo que não espantou a sua substituição aos 52 minutos.

Foto de Capa: Olympique de Marselha

Uni-vos Leões… o pior ainda está para vir!

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Quem disser que a vitória no derby não foi saborosa e não dá uma força diferente, está a mentir. Ganhar num derby ou num clássico é o objectivo para qualquer equipa… e o Sporting Clube de Portugal não é diferente…

Como se tem dito pelas bandas de Alvalade, e bem… foram só mais três pontos numa batalha que é parte da guerra pelo campeonato nacional!

Mas o pior ainda está para vir… agora chegou a altura da equipa, da estrutura e dos adeptos unirem-se e blindarem o Sporting a todo e qualquer ataque!

Agora vêm os Guerras desta vida, a comunicação social tendenciosa, os árbitros a boicotar… no fundo, serão todos contra um: o Sporting Clube de Portugal!

O penalty do Sporting contra o Estoril foi inventado? Até posso aceitar que o fora de jogo é duvidoso e que deveria ter sido marcado… mas quem sabe e já jogou futebol (mesmo que no Damaiense) sabe que lances desta rapidez são impossíveis de analisar friamente… Mas, e o penalty não marcado anteriormente? E os lances duros que o árbitro durante o jogo foi permitindo aos jogadores do Estoril e que penalizavam a tentativa da turma verde-e-branca tentar construir algo? E as provocações do árbitro a certos jogadores do Sporting? Não sei se na TV passou, mas no estádio, aquele lance do Jefferson – que levou inclusivamente amarelo – por tentar marcar um canto e o árbitro querer mandar no jogo, afirmando que a bola não estava na marca correcta do canto?

O árbitro não mudou a verdade desportiva do jogo, mas tentou provocar a perda de calma dos jogadores leoninos… mas Jorge Jesus, e bem, está a conseguir blindar a equipa a todo e qualquer ataque.

Antes criticava-se a defesa, agora que tem terminado os últimos jogos sem qualquer golo sofrido, não se muda o discurso e não se parabeniza a defesa de Alvalade.

Chegou a hora dos adeptos leoninos se unirem e blindarem o clube a todos os ataques que vão chegar. O objectivo é claro: derrubar o Sporting Clube de Portugal do topo da tabela. Fonte: Sporting CP
Chegou a hora dos adeptos leoninos se unirem e blindarem o clube a todos os ataques que vão chegar.
O objectivo é claro: derrubar o Sporting Clube de Portugal.
Fonte: Sporting CP

 

E agora vêm os árbitros dizer que querem boicotar os jogos do Sporting? Pois que boicotem, mas boicotem todos aqueles que lhes ligam antes de certos jogos a pedir para terem cuidado, boicotem aqueles que lhes dão caixas suspeitas, boicotem aqueles que lhes dão fruta, boicotem aqueles que lhes partem os dentes num Centro Comercial qualquer, boicotem aqueles que não procuram a verdade desportiva. Terem a ajuda televisiva não é crime nenhum, nem estraga o espectáculo… bem pelo contrário, ainda o credibiliza mais, portanto, chegou a altura de gritar bem alto:

“Uni-vos Leões… o pior ainda está para vir!”

Faltam 26 batalhas (e mais uns pózinhos noutras competições) para a Glória! Os ataques virão de todos os lados e teremos de ser muito mais fortes em todo e qualquer campo.

Maccabi Tel Aviv FC 1-3 FC Porto: FC Porto rima com Europa

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Mais um jogo, mais uma vitória. Já são três vitórias e um empate, fora, nos quatro jogos disputados na fase de grupos. Para além disso, há a possibilidade de terminar à frente do Chelsea, equipa apetrechada de qualidade individual até dizer chega.

Este FC Porto é um grande paradigma. No campeonato português mostra-se, por vezes, aflito para vencer uma partida. Mas na maior montra europeia as coisas são bem diferentes. Há algo de diferente. Será uma maior motivação num contexto de maior visibilidade? Será uma melhor preparação do jogo por parte de todo o conjunto? Ou será que os adversários correm mais riscos e não colocam autocarros à frente da baliza?

A voz da razão… Fonte: UEFA
A voz da razão…
Fonte: UEFA

Há uns tempos escrevi um artigo sobre a capacidade de Lopetegui nas competições a eliminar que contrastavam, até certo ponto, com os resultados em competições mais longas como é o caso da Primeira Liga. Pasme-se o leitor! Desde que o treinador espanhol assumiu o comando do FC Porto, os azuis-e-brancos somam apenas uma derrota! Derrota essa que foi consentida fora de casa ao Bayern Munique.

São 15 jogos, no total, 11 vitórias, 3 empates e apenas uma derrota! Mas melhor do que isso é a média de golos marcados, superior a dois golos por jogo. Para dizer a verdade, a última vez que o FC Porto ficou em branco nas provas milionárias remonta a 2013 quando os dragões eram comandados por Paulo Fonseca. Foi na última jornada da fase de grupos perante o Atlético de Madrid.

Seja Jackson, Oliver, Quaresma, Brahimi, Aboubakar, Tello, Lucho ou André André. Ou até mesmo Maicon, Marcano, Indi, Layún, Mangala, Alex Sandro, Danilo ou Otamendi! Tudo o que veste de azul-e-branco arrisca-se a marcar nas provas europeias e a manter esta fabulosa série que promete continuar por muito tempo. Aliás, o FC Porto é mesmo a equipa que marca há mais jogos consecutivos nas provas da UEFA. São 22 ao todo. Quem se aproxima? O colosso FC Barcelona com… 18.

Será que esta série vai parar em Stanford Bridge? Talvez sim, talvez não… A verdade é que há 5 jogos que o FC Porto marca dois ou mais golos fora de casa. Há razões para sonhar…

Uma alegria contagiante Fonte: UEFA
Uma alegria contagiante
Fonte: UEFA

Neste momento, torna-se complicado não assumir já a passagem aos oitavos de final. Temos a faca e o queijo na mão. E não há registo de uma equipa com 10 pontos à 4.ª jornada que não tenha conseguido o apuramento. Este FC Porto gosta de bater recordes mas… calma, vá! E a cereja no topo do bolo é que é possível passar a fase de grupos em primeiro lugar relegando o Chelsea de José Mourinho para segundo. É difícil mas não impossível. É uma soma de fatores que o FC Porto terá de saber aproveitar para si.

Mas atenção! O apuramento deverá ficar definido já na próxima jornada da fase de grupos. Portanto, nada de grandes riscos em Londres. Será bom se conseguirmos conquistar o primeiro lugar. Mas, antes de tudo, é necessário pensar que já passámos e que não nos devemos esquecer de outras competições. Depois de tanto tempo sem ver o FC Porto, esta foi a vitamina certa que me faz acreditar em mais uma vitória no próximo jogo.

Foto de Capa: UEFA

Taarabt, o talentoso rebelde

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Foi anunciado a 12 de Junho como o primeiro reforço do Benfica para esta época. O marroquino aproveitou o facto de o Queens Park Rangers, onde jogava, ter descido de divisão para rescindir o contrato com o clube inglês. Os vídeos que, na altura, inundaram as redes sociais e os noticiários mostravam um avançado alto e fisicamente poderoso, que a juntar a isto, era portador de uma elevada qualidade técnica e de um potente remate. Poderia jogar fixo na frente de ataque, como médio ofensivo no apoio aos avançados ou a extremo esquerdo, a sua posição original. E a cereja no topo do bolo: chegava a Lisboa a “custo zero”.

Lembro-me de me ter gabado do departamento de scouting, que, depois do sucesso que foi a vinda de Jonas, parecia ter trazido de borla outro jogador capaz de impressionar os adeptos e de acautelar prováveis vendas durante o Verão. Enganei-me. Completamente. Hoje, Taarabt é uma sombra do jogador que chegou a marcar 19 golos numa época (2010/2011) pelo QPR. Este ano ainda nem sequer entrou nas contas do treinador em jogos oficiais. Um autêntico flop, que assinou com um rendimento anual de dois milhões de euros!

Apresentou-se no Benfica com seis quilos a mais , o que o obrigou a passar por um esquema de treinos intensivo e por um programa de emagrecimento, o que dificultou a sua integração no plantel. Enquanto que por cá se tornava evidente a preocupação da equipa técnica em relação à má forma física do marroquino, que só tinha jogado 45 minutos num jogo da pré-época e que só tinha opção em 7 jogos na época anterior (tendo feito o seu último jogo a titular em Março), em Inglaterra faziam-se piadas com a situação. “O Benfica terá dito ao Adel Taarabt para parar de se encher de pastéis de nata e para se concentrar em perder 1,5 kg, isto se quer continuar a sonhar com a primeira equipa”, escrevia em Agosto o subdiretor de desporto do Guardian.

Redknapp, seu treinador no QPR, também lhe lançou duras críticas: "Taarabt é mau profissional. Ele não esteve lesionado. Não tinha era condições físicas que lhe permitissem jogar. Até eu corro mais do que ele."; Fonte: Telegraph
Redknapp, seu treinador no QPR, também lhe lançou duras críticas: “Taarabt é mau profissional. Ele não esteve lesionado. Não tinha era condições físicas que lhe permitissem jogar. Até eu corro mais do que ele”
Fonte: Telegraph

Com Talisca a roçar o nível do “desastroso” em grande parte dos jogos, com Pizzi a surgir esta época muitos furos abaixo do que já jogou na “era Jesus”, com a lesão de Salvio, Taarabt tinha todas as condições para se afirmar em condições normais. Faltou empenho nos treinos, profissionalismo e entrega ao clube. “Não joga? Não me surpreende. O problema do Adel é sempre o mesmo. É um grandíssimo jogador, mas não é um grande profissional. Esse é o grande problema dele”, acusava o seu ex-empresário, em declarações ao site zerozero.pt. Como se isso não bastasse para o colocar fora das escolhas do treinador, ainda lhe foi instaurado um processo disciplinar. Isto porque foi visto numa discoteca na madrugada de sexta para sábado, dia que se realizava o Benfica-Paços de Ferreira, violando os regulamentos do clube. Vincenzo Morabito não ficou surpreendido: “Ele começou muito bem em Itália. Todos pensavam que o Milan tinha feito uma grande contratação. Mas depois percebemos que saía à noite até tarde, que gostava de ir a discotecas e assim não ia a lado nenhum”.

À semelhança de outros jogadores com um enorme potencial e que muitas vezes não se comportam à altura das suas capacidades e das camisolas que vestem (Balotelli, Luis Suárez, Mitrovic), Taarabt terá de fazer um esforço para perceber que o talento não chega. É preciso trabalho para entrar num onze de uma equipa como o Benfica. Este ano já não acredito que isso seja possível (até porque o jovem Gonçalo Guedes tem justificado a cada jogo a titularidade), mas já que o contrato é de cinco temporadas, e tendo em conta os 26 anos deste jogador, ainda tenho a espectativa que ele venha a ser útil ao Benfica, de modo a rentabilizar os três milhões de euros que custou a sua transferência, segundo se lê no relatório e contas da última época (cada vez mais me convenço que já não existem contratações a custo zero). Contudo, Morabito garante que ele nunca vai mudar: “Ele não o vai entender [ter de trabalhar arduamente, deitar-se cedo e não beber] nunca”.

Nem sempre se consegue ganhar bailando…

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As vitórias frente ao Tondela e nas receções ao Nacional e ao Estoril foram bastante semelhantes entre si. Todas foram sofridas, em jogos onde o Sporting não jogou particularmente bem e onde, ainda por cima, não foi eficaz.

Nesta última partida, em primeiro lugar, notou-se a ausência de Adrien Silva. O capitão leonino é um jogador muito importante na manobra da equipa, quer nas fases de pressão sobre o adversário, quer na rotação e intensidade que empresta aos movimentos ofensivos da equipa. Em sua substituição, foi João Mário que alinhou à frente de William Carvalho e o Sporting foi uma equipa menos forte a recuperar bolas, “mastigando” mais o jogo na hora de sair para o ataque. Ora, isso era o que o Estoril pretendia: ter tempo para se organizar atrás, com várias “peças” posicionadas em frente ao quarteto defensivo, dificultando a incessante procura do jogo interior por parte de Gelson Martins e Bryan Ruiz. Diego Carlos e Yohan Tavares nunca deram muito espaço a Slimani e os “leões” tiveram dificuldade para testar a atenção de Kieszek.

Tendo em conta que William Carvalho também não esteve ao seu mais alto nível, é fácil entender o porquê do Sporting ter tido dificuldades para levar de vencida os “canarinhos”. O remate de meia distância é outra das boas alternativas para estes jogos com equipas mais fechadas, mas quando o melhor rematador da equipa está no banco é difícil recorrer a esta arma. Refiro-me a Fredy Montero, o avançado colombiano que, mal encontra uma nesga de espaço, não tem medo de testar o pontapé. O Sporting devia ter mais um ou dois jogadores com esta característica em particular.

A ausência de Adrien fez-se notar no meio campo leonino. Fonte: Sporting CP
A ausência de Adrien fez-se notar no meio campo leonino.
Fonte: Sporting CP

Outra semelhança preocupante que encontro nestes três jogos é a dificuldade evidenciada por dois dos mais cotados “leões”, Bryan Ruiz e Teo Gutiérrez, para se notabilizarem e desnivelarem o jogo a favor da equipa de Jorge Jesus. Teo passa muito tempo afastado do jogo e o seu entendimento com Slimani ainda não é perfeito. O argelino ainda vem muitas vezes procurar jogo atrás, funcionando quase como o avançado mais móvel, o que não está de acordo com as suas características mais fortes. Existem momentos em que as bancadas de Alvalade suspiram pela inteligência e peloremate fácil do “Avioncito” Fredy Montero. Já no que toca a Ruiz, o costa-riquenho faz-me recordar várias vezes Pedro Barbosa: muito bom tecnicamente, espalha classe quando arranca com a bola dominada, mas depois parece muito “pachorrento” quando tem de se desmarcar ou correr atrás de um adverário. Nos jogos frente a equipas menos cotadas, estes pontos fracos de Teo e Ruiz têm-se notado bastante. Quando este aspeto for corrigido, os “verde e brancos” serão muito mais ameaçadores no plano ofensivo.

Neste jogo, valeu ao Sporting o seu porto seguro: Rui Patrício. O guarda redes foi decisivo a segurar o nulo na primeira parte, permitindo que o golo solitário de Teo na segunda parte chegasse para a equipa vencer e manter a liderança isolada da tabela classificativa. Mas é importante que os problemas abordados acima sejam resolvidos, para tentarmos ao máximo evitar surpresas em jogos como este. A próxima jornada vai ser muito importante, por vários motivos.

Em primeiro lugar, porque o jogo vai ser no difícil terreno do Arouca, que este ano fez um grande “upgrade” no banco de suplentes: Lito Vidigal é bastante organizado e um treinador que espreita sempre o ataque (veja-se a vitória em agosto frente ao Benfica, em Aveiro); em segundo lugar, será um jogo que significará muito, porque vai ser o último antes da paragem das seleções e antes do “derby” da Taça de Portugal; e, por último, porque o Sporting tem de cimentar a posição de líder isolado. Para que se volte a sentir em Alvalade o ambiente que se sentiu neste sábado, com mais de 40 mil adeptos a puxar para o mesmo lado.

Uma última palavra para o líder supremo Bruno de Carvalho. Rui Patrício, Slimani, Adrien e João Mário podem ser os ases de trunfo que estão nas mãos do mestre Jorge Jesus, mas este Sporting não seria possível sem o “joker” que é este presidente. O Sporting renascido deve-se essencialmente a ele.

Foto de Capa: Sporting Clube de Portugal

Alex Teixeira: De fantasista a goleador

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Há clubes que, por estarem em ligas mais periféricas, não têm capacidade de manter os melhores jogadores por tanto tempo quanto gostariam. O Shakhtar Donetsk, apesar de não ser propriamente um clube vendedor, teve de lidar nos últimos anos com a perda de craques como Fernandinho, Willian, Mkhitaryan, Douglas Costa ou Luiz Adriano, que atraíram o interesse dos tubarões europeus. Mas a vantagem de ter um plantel recheado de qualidade é precisamente a facilidade de substituir os jogadores que são transferidos. A saída dos dois últimos, para Bayern e Milan, não se tem feito sentir devido a um momento de forma simplesmente incrível de Alex Teixeira. O brasileiro assumiu-se como a principal figura da equipa e tem estado on fire na finalização, somando 18 golos no campeonato. Os tubarões já piscam o olho ao craque, e o Shakhtar já sabe o que o espera.

A qualidade do médio ofensivo não apareceu de repente, bem pelo contrário. As boas exibições no Mundial Sub-20 de 2009, prova em que foi um dos melhores jogadores, impressionaram os dirigentes do Shakhtar, sempre atentos aos novos talentos canarinhos. Alex Teixeira deixou o Vasco da Gama para se aventurar no futebol europeu, mas a afirmação não foi propriamente imediata. Na primeira época praticamente não foi utilizado e só na segunda temporada conseguiu ganhar espaço na equipa, ainda que com um papel secundário. O percurso do brasileiro em Donetsk tem sido marcado por altos e baixos, sobretudo devido à enorme qualidade que sempre existiu à disposição de Mircea Lucescu. A concorrência de nomes como Alan Patrick, Ilsinho, Taison, Bernard e, claro, Willian e Douglas Costa nunca permitiu que Alex Teixeira tivesse o protagonismo que desejava.

Alex Teixeira é uma das grandes figuras do FC Shakhtar Donetsk Fonte: FC Shakhtar Donetsk
Alex Teixeira é uma das grandes figuras do FC Shakhtar Donetsk
Fonte: FC Shakhtar Donetsk

O último ano, já sem Willian no plantel, marcou a explosão definitiva do craque. Não foi certamente por Alex Teixeira que o Shakhtar perdeu o título para o Dínamo de Kiev, já que o brasileiro foi o melhor jogador da equipa, com uma influência superior ao próprio Douglas Costa. Foi uma época de grande regularidade para o médio ofensivo em termos exibicionais e também na marcação de golos – foram 17, que lhe valeram o estatuto de melhor marcador do campeonato. A relação com a baliza contrária atingiu números estratosféricos nesta temporada e esse registo já foi superado. Em apenas 12 jogos, Alex Teixeira apontou, imagine-se, 18 golos, sendo que nem sequer é avançado. Desde que passou a actuar preferencialmente sobre o corredor central, ao invés de jogar descaído sobre um flanco, o jogador de 25 anos passou a ter uma dimensão superior no seu futebol e juntou à velocidade, criatividade e qualidade técnica que sempre teve uma facilidade incrível de aparecer a finalizar. As esperanças do Shakhtar de recuperar o título passam muito pela capacidade do brasileiro de manter a boa forma durante toda a temporada.

Não admira que o médio ofensivo esteja a ser cobiçado por tantos emblemas. Para além da qualidade que está a demonstrar, tem a seu favor o facto de todos os jogadores que saíram do Shakhtar estarem a brilhar noutros clubes. Fernandinho é muito importante na manobra do Man City, Willian tem sido porventura o melhor do Chelsea nesta temporada, Mkhitaryan está a ter, finalmente, o ano de explosão em Dortmund e Douglas Costa está simplesmente a ser uma das figuras da época a nível europeu. Com esta valorização dos talentos que deixam Donetsk, é garantido que Alex Teixeira será um dos elementos mais apetecíveis na próxima abertura de mercado (veremos se fica até ao final da temporada). O salto para um campeonato mais mediático deverá abrir-lhe as portas da selecção brasileira, fechadas até agora por actuar numa liga como a ucraniana. Mas Coutinho, Firmino, Willian e Óscar que se preparem, porque em breve vão ter mais um adversário na luta pela titularidade.

Foto de Capa: FC Shakhtar Donetsk

Mehdi Carcela: A magia tem um preço

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É encantador ver o rigor táctico ser invadido por laivos de futebol selvagem. Uma destrução criativa, que nos remete para tempos em que se improvisavam bolas e campos de futebol. É o futebol em estado puro, momentos de inspiração que nos remetem para a infância tal e qual as madalenas de Proust e que nos fascina como números de magia.

Cada vez mais impressionam, essas “performances”, esses momentos. Por eles mesmos, e pela galopante raridade que vão tendo no panorama futebolístico de topo. É cada vez menos frequente vermos rasgos de génio, deixando espaço para que sejam elogiadas as mentes dos treinadores, a quem é cada vez mais atribuído o mérito de cada vitória.

É pouco romântico, o futebol actual. Estrategicamente, está no auge e o espaço para jogadores apenas talentosos vai-se reduzindo. Porque um jogador com pés, mas sem cabeça, vale de muito pouco no contexto da alta competição.

Isto não significa que o futebol moderno seja enfadonho. Há lugar para o talento, desde que acompanhado com inteligência e objectividade. Rasgos de génio são bem-vindos por todos os treinadores, desde que decidam e façam a diferença na maior parte das vezes e sejam executados num contexto em que a equipa possa correr poucos riscos.

Joga-se cada vez mais pelo seguro, o que não é mau. Aposta-se muito no homem, em vez do jogador, pela previsibilidade que isso pode trazer, de forma a saber com o que se pode contar. Escolha louvável, que beneficia quem trabalha e quem pensa, mas que deixa de lado muitos jogadores talentosos e, com eles, momentos mágicos que acrescentem magia ao jogo.

Jogadores como Juan Quintero – que podia já estar num patamar competitivo acima da liga portuguesa (encontra-se cedido ao Rennes, pelo FC Porto) mas que tarda em se afirmar por não ter disciplina táctica – Zakaria Labyad -que vai sendo sucessivamente emprestado pelo Sporting CP, tardando a sua afirmação como excelente armador de jogo por lhe ser reconhecida alguma perguiça mental – ou Mehdi Carcela são exemplos perfeitos.

O do marroquinho do Benfica é o caso mais gritante por ser o mais recente. Conta já 26 anos, está num clube que precisa de um extremo com o seu talento, e a quem são reclamadas (pelo público e pela crítica) oportunidades pelos desempenhos nos últimos encontros. Condições ideias para a sua afirmação… desde que use o seu talento de forma regrada. Algo que não tem acontecido.

Carcela esteve bem frente ao Tondela... quando o jogo estava resolvido Fonte: Sport Lisboa e Benfica
Carcela esteve bem frente ao Tondela… quando o jogo estava resolvido
Fonte: Sport Lisboa e Benfica

Sim, Carcela marcou dois golos de belíssimo efeito e deixou em campo promenores deliciosos nos últimos dois encontros disputados com a camisola do Benfica. Sim, Carcela arriscou e saiu-lhe bem… nessas situações! Outras houve, frente a adversários mais exigente, em que o marroquino arriscou e perdeu a bola, e forma mais essas do que aquelas em que conseguiu driblar com sucesso. Ou seja, é um jogador ainda pouco trabalhado do ponto de vista táctico e é essa a principal causa de ainda ficar no banco, pese embora as capas de jornais que faça após vitórias do Benfica carimbadas com golos dele.

Gonçalo Guedes, para Rui Vitória, continua a ser mais fiável e, de facto, analisando o que oferece à equipa a nível defensivo e as noções dos momentos do jogo do português, sem dúvida que sai a ganhar sobre o marroquino.

O futebol deixou de ser só magia. Por isso, por agora, Carcela fica no banco.

Foto de Capa: Sport Lisboa e Benfica

O Passado Também Chuta: Sport Lisboa e Benfica

o passado tambem chuta

Se nos referimos aos inícios do Sport Lisboa e Benfica, tropeçamos com verdades e mitos, lendas próprias da germinação de um desporto importado, recente e no qual os Ingleses ditavam a lei do chuto. O curioso e fantástico desta época (fins do século XIX e princípios do século XX) são os propósitos e os comportamentos. A rivalidade era diferente do que hoje vemos, com olhos de espanto, pelos campos de futebol. Imperava a lógica curiosidade e utopia por um entretenimento novo, e a amizade entre os diferentes clubes era mais comum. Eram pioneiros e todos navegavam na mesma aventura. Eram desportivos.

As datas da fundação real dos clubes, e do Benfica também, oscilam e sofrem diferentes interpretações. No caso do Benfica inclino-me pela data da fusão entre dois clubes. Curiosamente, apesar da fama de ser o clube da arraia-miúda, o Benfica tem na sua metamorfose um nobre e um senhor nobre residente em Belém. Chamava-se Pedro Augusto Franco e era o Conde do Restelo desde o ano de 1877, no reinado de D. Luís. Era um homem abastado, executivo da Caixa Geral de Depósitos e proprietário da Farmácia Franco, onde se realizaram reuniões fundacionais, tanto do Sport Lisboa, clube do Restelo e um dos que se fundiram, como do Sport Lisboa e Benfica. Mas é neste momento que chega o curioso e a verdadeira osmose social que está na origem do Clube da Luz: entre os fundadores estão membros da Casa Pia. Na fundação do Sport Lisboa e Benfica estão presentes os nascidos em berço de ouro e os deserdados da fortuna.

No Campo de Sete Rios 1913-17
No Campo de Sete Rios 1913-17

Sobre o início existe também a dúvida sobre uma personalidade que foi, sem dúvida, importante, mas que carece de documentação fiável. Trata-se de Cosme Damião. Cosme Damião caracterizou-se como um grande impulsionador do Benfica, mas a sua participação na fundação do Sport Lisboa carece de documentação. Os documentos rezam outros nomes; falam de Manuel Goularde, José Rosa Rodriguez e Daniel Santos Brito. Em 1907, realmente, aparece Cosme Damião com grande empenho depois do rife-rafe provocado pelo facto de o Sporting roubar oito jogadores ao Sport Lisboa. O pânico entrou em cena. E é nesta altura que começam a reunir-se os membros do Sport Lisboa e o Grupo Sport e Benfica; é nesta altura que a pujança de Cosme Damião se faz notar. Foi sem dúvida um homem determinante na fusão que provocou a aparição do Sport Lisboa e Benfica em 1908.

O Benfica encrusta no seu emblema a águia. Encrusta-a como símbolo da glória e pelas metamorfoses que a águia vive até voar e ser adulta. É um crescimento de esforço e sobrevivência, mas só assim alcança a glória de percorrer os céus. O atentado a D. Carlos cometido pelo Buíça foi seu aliado à hora de conseguir uma bela sede com bilhar incluído. O Grupo Sport e Benfica apanhou a sede do escorraçado Partido Regenerador Liberal, possivelmente pelo facto de vários membros do partido serem sócios ou simpatizantes do Grupo Sport e Benfica. Ao acontecer a fusão entre o Sport Lisboa e o Sport e Benfica, o novo clube começou a desfrutar de excelentes instalações.

Mas o Benfica nasce e gera uma mística especial, que o transforma através dos tempos no clube com mais simpatizantes de Portugal. Nasce para a glória e para a mística ao ter, unicamente, jogadores portugueses. E nasce para a simpatia ao herdar do Sport e Lisboa a vitória sobre o Carcavelos em 1907. Este clube levava quase uma década sem perder e era formado só por ingleses. Já como Sport Lisboa e Benfica, a simpatia nacional cresceu pela vitória nos anos 30, nos primeiros campeonatos nacionais. O Sport e Benfica trazia consigo, também, a mística do ciclismo e esta junção de modalidades provocou o fenómeno nacional e internacional que hoje é.

O primeiro Presidente do Conselho Fiscal foi o Conde do Restelo, e o primeiro Presidente chamava-se João José Pires. Depois da metamorfose, nasceu em 1908 um mito e uma lenda que motiva, alegra e entristece muitas almas em Portugal. Além dos triunfos em Portugal ou no estrangeiro (como as duas Taças Latinas que fizeram, muito cedo, do Benfica um clube internacional) o Benfica é como um milagre de mística e determinação. Talvez seja por isso que o seu Estádio também é conhecido pelo Inferno da Luz.

SL Benfica 2-1 Galatasaray SK: Um passo gigante rumo a um objetivo milionário

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O Benfica, de Rui Vitória, está muito perto de chegar aos oitavos de final da Liga dos Campeões depois de três épocas sem conseguir alcançar o feito.

O mérito? Não, não vou comparar com o que Jesus fez de águia ao peito a nível de Champions. O mérito é de Rui Vitória tal como é de cada um dos jogadores que estiveram, hoje e nos outros jogos, em campo. Sem ser perfeito, os encarnados realizaram uma exibição consistente, organizada e sobretudo concentrada. Não houve erros infantis, não houve espaços entre linhas e os laterais comprometeram-se com a equipa, protegendo-a, ao contrário do que tem acontecido.

A vitória foi do conjunto, e o abraço dado a Júlio César, num lance perto do final, reflete a união dos jogadores e a demonstração de que estes três pontos eram de vida ou morte. Esta foi uma vitória de milhões, que dá moral, e mostra aos benfiquistas, que andam desencantados, que o plantel não é tão mau quanto o pintaram.

Primeiro golo de Jonas na Champions pelo Benfica Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Primeiro golo de Jonas na Champions pelo Benfica
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

Muito vai mal, mas também há muita coisa boa, e é nisso que o Benfica tem de se sustentar. A equipa de Rui Vitória foi a melhor durante todo o encontro, e a vantagem podia até ter sido mais dilatada, não fosse a grande exibição de Muslera e a noite pouco inspirada no capítulo da finalização de Jimenéz.

Assistimos a boas jogadas, boas triangulações, e Talisca foi o pêndulo, no meio-campo, que tem faltado ao Benfica. Organizou o jogo, fez jogar, apareceu a finalizar e no processo defensivo mostrou melhorias, sendo muito mais intenso e estando melhor posicionado. Não é o tipo de jogador indicado para aquela posição mas, dentro do que há no plantel, tem de ser tido em conta.

O Galatarasay veio para o empate e só quando se viu a perder é que atacou a baliza. Jonas abriu a contagem, num golo pleno de oportunidade, que fez justiça à sua exibição. Jonas não sabe jogar mal, lê o jogo como poucos e foi importante no tempo em que esteve em campo, mesmo que não seja muito vistoso.

Gaitán e Guedes, nos flancos, ajudaram à intensidade das águias, que ao intervalo já mereciam estar em vantagem. Ao contrário de outros jogos, o Benfica não desesperou, teve paciência e o golo surgiu. Justo e merecido!

O golo deveria ter sido sinónimo de tranquilidade, mas Podolski (que triste sina de marcar aos portugueses) empatou logo a seguir, trazendo de novo uma injustiça ao marcador. A partir dali só deu Benfica!

Grande exibição do capitão que culminou com o golo do triunfo Fonte: Facebook Sport Lisboa e Benfica
Grande exibição do capitão que culminou com o golo do triunfo
Fonte: Facebook Sport Lisboa e Benfica

O Benfica voltou a ser paciente e criou oportunidades atrás de oportunidades, e o golo ia surgir dos pés do capitão. E mais poderiam ter entrado. O Estádio da Luz ajudou, a equipa empolgou-se e só a expulsão de Gaitán fez com que os turcos saíssem do “ninho” e atacassem. Aí Jardel, Luisão e Júlio César foram determinantes, e Eliseu evitou o golo certo de Oztekin.

Não foi um grande jogo de futebol, mas é caso para dizer que existe um Benfica na Europa e um em Portugal. O “Benfica nacional” só precisa de mais tranquilidade, retirar a pressão de cima dos ombros e jogar como se os adversários fossem sempre Atléticos ou Galatarasays. É difícil?

Pena aquela expulsão do mágico Gaitán, já que o primeiro amarelo resultou de protestos, num lance em que quem deveria ter visto o vermelho era Burak Yilmaz.

Agora é vencer o Boavista e apontar baterias para o dérbi. Eu vi qualidade!

 

A Figura:

Luisão – Não está no topo da forma mas está longe de estar acabado. Marcou um golo decisivo e esteve no primeiro. É o patrão da defesa, tem muito para dar àquele setor e com Jardel fez uma dupla irrepreensível.

 

O Fora de Jogo:

Hamza Hamzaoglu – o treinador do Galatarasay sabia que uma derrota na Luz complicava e muito as contas turcas, mas mesmo assim deixou o autocarro lá atrás. A equipa teve o que merecia e, para quem disse que o grupo era fácil de passar, as noites deverão ser complicadas de passar.

 

Foto de Capa: SL Benfica

Com a faca e o queijo na mão

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Conclui-se neste final de semana que estamos de partida para a 10.ª Jornada da Liga Portuguesa (ainda nem um terço do campeonato passou) e, para já, matematicamente, apenas existem duas equipas dependentes de si mesmas com o título de campeão nacional no horizonte. O jovem FC Porto e o irreverente Sporting CP travam já uma luta, percurso a percurso, que se projeta como a real batalha deste ano desportivo.

Os dragões, que por razões externas ao desporto rei não disputaram esta última jornada, vêm com um atraso de cinco pontos em relação ao seu maior rival e continuam dependentes de si próprios para alcançarem o tão desejado título nacional, que lhes foge há dois anos, ficando assim com a possibilidade de ter (ou não), uma prenda no sapatinho para o mês de dezembro. Os leões, apesar da sua vitória polémica, ficam com uma margem maior para respirar nesta disputa, pois não estão dependentes dos jogos dos adversários, apenas se devem concentrar, como dizem as suas claques, no “batalha a batalha”.

No mundo do FC Porto pairam momentos de sensações algo ambíguas. Muitos observam que a equipa é a única em Portugal ainda sem derrotas nas competições (já que o Fafe perdeu este domingo), logo é um sinal lógico de confiança e bom trabalho, mas também corre aquele nervoso “miudinho” no sangue portista ao ver que a sua equipa está atrasada naquele que é o target principal, o campeonato.

O adepto de futebol, e no fundo o ser humano em geral, tem sempre tendência para se concentrar essencialmente no que se passa de mal à sua volta, e muitas vezes deixa de parte o que se faz de bem no seu clube. Neste caso concreto, vemos que a filosofia portista, que se concentrava em humilhar os adversários em casa, em saber sofrer quando é preciso, em viver cada segundo como se fosse o último, e em ganhar sempre, se possível com nota artística, já não é a mesma nos dias que correm. As bases e místicas não são iguais; a posse de bola é uma prioridade, a identidade em variar fluxos de circulação de bola é vital, criar oportunidades de perigo apenas em situações de área é uma essência e rotatividade é uma ideologia fundamental.

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Lopetegui continua com muito por resolver
Fonte: stuff.co.nz

Pois bem, a mudança não tem de ser essencialmente um obstáculo para o sucesso. Apesar das oportunidades exageradamente desperdiçadas, dos pontos perdidos displicentemente em empates caseiros e fora de portas e do fraco oportunismo dos erros adversários, o FC Porto tem construído uma identidade forte e bem trabalhada, apenas faltando transformá-la numa doutrina de campeão. Há que identificar os erros para se melhorar jogo a jogo, há também que transmitir confiança aos intervenientes que andam dentro de campo, porque ninguém tem dúvidas de que uma equipa que tem a experiência de Iker Casillas, o virtuosismo de Brahimi, o talento de Rúben Neves, o cérebro de André e a aptidão e competência de Aboubakar, misturando a fé e convicção do Tribunal do Dragão, só pode conseguir inúmeras vitórias e títulos.

Os azuis e brancos têm, como diz o ditado popular, a faca e o queijo na mão. Independentemente de não poderem beneficiar de grandes penalidades para vencer jogos, de demérito das equipas de arbitragens, ou até mesmo de um critério ridículo de amortização de cartões, o FC Porto apenas depende de si, já que se vencer a próxima dúzia de jogos vai chegar naturalmente à liderança ambicionada há muito.

Não esquecer que para isso é necessário deixar os últimos desleixos e desatenções de lado, principalmente no que toca aos jogos em campos adversários. À equipa nortenha apenas se exigem quatro requisitos fundamentais: a ambição de nunca desistir, o amor à camisola que vestem, o querer sempre melhorar para atingir uma mentalidade vencedora e identidade. Quando se põem estes predicados em prática, os resultados aparecem e as alegrias multiplicam-se.