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Quando o amor bate à porta

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eternamocidade

No rescaldo de mais uma importante vitória na Liga dos Campeões, dedico este texto a um dos jogadores que mais me tem surpreendido. Tendo em conta aquilo que se tem visto deste FC Porto, acredito que já saiba quem é o protagonista desta história. Falo, pois claro, de André Filipe Brás André, mais conhecido no mundo do futebol por André André.

Filho do antigo médio do FC Porto António André, chegou no verão de 2015 ao clube azul e branco, onde já tinha estado em 2007 na equipa de juniores. Depois, veio o Varzim, Deportivo B e V. Guimarães, onde se notabilizou. Nas mãos do agora rival Rui Vitória, André foi um dos principais destaques do campeonato português da época passada. Depois da cidade-berço, veio a invicta. Ao olhar para a composição dos médios à disposição de Lopetegui, era pouco provável acreditar que André pudesse ser titular. Herrera mantinha-se no Dragão e a chegada de Imbula, tendo em conta o valor da transferência, adivinhava vida difícil para o médio português.

A verdade é que, em treze jogos oficiais até ao momento, André André esteve sempre presente. A deslocação a Arouca foi o primeiro jogo a titular. Desde esse momento, André apenas não começou de início na Taça de Portugal com o Varzim. Aquilo que se estranhava rapidamente se estranhou. Lopetegui percebeu isso e hoje em dia, o FC Porto já é André André e mais dez. Para mal dos pecados de Herrera e até Imbula, André é quase um eucalipto que tem secado tudo à sua volta. Quem olha para as exibições portistas sabe que, à partida, tem algo garantido: André André vai ser sempre uma das principais figuras. Jogue melhor ou pior, a verdade é que ele nunca se esconde e procura sempre pegar na equipa, nos bons e maus momentos.

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André André tem sido figura de destaque
Fonte: fcporto.pt

Tal como escrevi no último artigo, o FC Porto 2015/2016 ainda me intriga. A irregularidade exibicional – basta ver a diferença entre o jogo com o Sp. Braga e o Maccabi – continua a ser tão constante que até já parece natural. Ainda assim, no meio das crónicas de cada jogo, há sempre alguém que supera toda e qualquer irregularidade que apareça: chama-se André André. Por isso é que, por consequência, até Fernando Santos já lhe reserva um lugar na seleção nacional rumo ao Euro 2016. Passo a passo, sendo sempre dono do seu destino, é já indesmentível considerar André como um dos melhores médios portugueses na atualidade. Algo que, até há bem pouco tempo, poucos ou nenhuns acreditavam. A exceção talvez fosse o próprio André que, por aquilo que demonstra no relvado, é um jogador do tamanho dos seus sonhos.

Com uma época tão desgastante pela frente, tenho a certeza que, nas próximas semanas, verei, porque o futebol é mesmo isso, muitas críticas ao treinador e a muitos jogadores. Mas, numa ingénua crença, quase que aposto que muito dificilmente verei críticas a André André. E isto porque, por muito mal que possa jogar, será sempre um jogador com a mística FC Porto. E isso, dentro de campo, por vezes é mais importante do que fazer uma assistência ou um golo.

Jorge Jesus – Entre a Cal e o Pó de Arroz

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Este mês, a GQ Portugal dá protagonismo a Jorge Jesus. Mas enganem-se os menos observadores: não é o Jorge Jesus, treinador do Sporting Clube de Portugal; é, na verdade, Jorge Jesus- o Man of the Year na área do desporto, prémio dado na Gala GQ Man of The Year Awards 2015.

Eis que, numa espécie de Ringo Starr português (como a minha mãe lhe chamou quando viu a capa), o treinador dos leões é apresentado como um símbolo de sucesso, mostrando que um treinador não é só futebol, mas que também consegue fazer editoriais de moda.

Com isto, eu pergunto: há necessidade de fazer isto com Jorge Jesus? Não lhe tirando o mérito, creio que um pouco mais de respeito cai bem a todos. Sendo uma entrevista ao Homem do Ano na área do desporto, deveriam então pegar por esse prisma e não – a meu ver – ridicularizar a imagem de quem trabalha todos os dias com meios nacionais e internacionais. Tentarem fazer deste um James Bond nacional, com direito a novo penteado, creio que só serve para criarem um burburinho negativo à volta da imagem deste treinador.

O homem retratado na revista GQ pouco ou nada tem que ver com Jesus treinador de futebol Fonte: Sporting CP
O homem retratado na revista GQ pouco ou nada tem que ver com Jesus enquanto treinador de futebol
Fonte: Sporting CP

No entanto, nem tudo é mau nesta entrevista: Jesus tem considerações interessantes sobre a sua carreira, como quando refere “ o mais difícil não foi o que conquistei, o mais difícil é continuar a conquistar, não só êxitos, mas também títulos”, ou quando comenta que não foi um erro aceitar a proposta o AC Milan e que não se arrepende de ter recusado. Também me surpreendeu quando afirma que sofreu mais com a derrota com o Sevilha do que com o Chelsea, nas duas finais da Liga Europa que disputou.

Em relação à sua vida pessoal, da qual acaba por falar pouco, nota-se verdadeiramente o carinho que tem pelo seu pai, pelo presidente do Amora, Mário Rui (que o ajudou a ser o treinador que é) e pela sua mulher e filha.

É assim então um retrato fiel a Jorge Jesus que, apesar de não mostrar como o treinador leonino é realmente no dia-a-dia, demonstra a personalidade vincada que este possui, de um caso de sucesso reconhecido para lá das fronteiras portuguesas.

No entanto, este é um caso demonstrativo que, por vezes, moda e futebol não se devem misturar, foi uma tentativa falhada de reavivarem a imagem de Jorge Jesus, deixando-o fora da sua zona de conforto: que mostrem também nas fotos o porquê de o premiarem com a distinção de Man of the Year, que revivam os momentos gloriosos deste, quer de passados longínquos ou mais recentes; não que o utilizem para pintar um boneco que não é.

Por isso, desta vez sou eu a fazer um pedido à GQ Portugal: por favor, Don’t f*ck with Jesus!

Foto de capa: GQ Portugal

Hábitos e vitórias

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Está quase, quase lá. O FC Porto saiu de Haifa, Israel, com mais uma vitória europeia e está a um ponto de garantir a qualificação para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Como já antes aqui tinha escrito, o Maccabi Telavive era uma equipa com demasiadas fragilidades para suportar/aguentar o poderio europeu (sim, europeu, internamente é outra história, como sabemos) deste FC Porto de Lopetegui versão 2.0.

Mais uma exibição personalizada dos jogadores portistas num palco europeu, a demonstrar estofo e ‘ganas’ renovadas para voltar a atingir o patamar da temporada passada. Maxi e Layún, novos comboios das laterais azuis e brancas, a darem provas de toda a sua real valia. O uruguaio deixa-me já não me engana: provou-me errado, como suspeitava, e ainda bem que o fez. Já o mexicano comprova: é mesmo para comprar e é reforço sério. Um pequeno handicap – o pé esquerdo não é tão eficaz com o pé direito, mas é esse um problema para quem faz tão bem a mudança rápida de direção e tão bem se integra ofensivamente?

O meio-campo de quatro médios é já assegurada mais-valia e fonte de segurança. Dá consistência ao miolo e liberta André, que fica com licença para criar (e que bem o tem feito), desempenhando funções mais ofensivas do que aquelas a que nos habituou nas últimas épocas, ao serviço do Vitória de Guimarães. Nota para Danilo Pereira, cada vez mais um portento na zona de destruição do jogo adversário; um tampão à frente da defesa e, não sendo um prodígio de técnica, vai melhorando. Não me vou alongar sobre Rúben Neves. Já escrevi largas linhas sobre ele e não é necessário adjetivar ainda mais a maturidade evidenciada.

Mais um golo de André André que, frente ao Maccabi, desempenhou papel mais ofensivo Fonte: FC Porto
Mais um golo de André André que, frente ao Maccabi, desempenhou papel mais ofensivo
Fonte: FC Porto

(Parêntesis para Evandro: tantas vezes esquecido, mostrou, mais uma vez, o quão útil pode ser. Dá fluidez, inteligência e segurança ao jogo da equipa. Um elemento cuja importância deve ser revista).

Mais à frente, na falta de Brahimi, renasce Tello. Velocidade, repentismo e golo. O que se esperava e o que se pede ao jogador emprestado pelo Barcelona. A dar seguimento à exibição de Haifa, adivinham-se dificuldades para Corona. Aboubakar, dor de cabeça constante para a defensiva adversária e cada vez mais evoluído a nível de perceção de jogo e noção tática e funções a desempenhar; e o instinto: o falhanço em Israel não belisca em nada o que tem vindo a fazer.

No somatório, está a ser criado algo importante: o hábito de vencer na Europa. Na Europa dos grandes, dos gigantes. Honra o clube e a sua tradição nos palcos milionários. Confesso que já tinha saudades deste Porto de Liga dos Campeões. E a prova de que o ano passado não foi um mero fogacho.

Segue-se o Vitória de Setúbal. Uma das boas surpresas deste campeonato, diga-se. Futebol positivo e ofensivo, bons jogadores e uma mescla interessante de juventude e experiência. Depois há seleções, por isso, não há motivo para tirar o pé do acelerador. Ainda para mais, com um jogo em atraso, é necessária almofada psicológica para não ver o Sporting demasiado distante…

Foto de Capa: FC Porto

O Futebol é como a picanha

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O dinheiro mudou muito o futebol. A inflação galopante a que temos assistido neste últimos anos alterou completamente a forma de como se vive o futebol, de como se vê o futebol e de como se faz futebol. Os presidentes e treinadores foram ultrapassados por ‘super-agentes’ e por fundos de investimento. Clubes ressuscitaram e ligas perdidas pelo mapa começaram a gerar milhões e a contar como fundos de reforma. Isto tudo culmina na Rússia, uma liga interessante que se elevou mais com os investimentos de magnatas nos últimos anos. Melhorou, é verdade, mas continua a ser um palco de talentos desperdiçados.

São os casos de Alex Teixeira, Bernard ou Witsel. Foram os casos de Willian ou de Douglas Costa. Jogadores que podiam dar tanto ao futebol; jogar nos grandes palcos e lutar por títulos europeus. O dinheiro mudou a Rússia, mas agora o governo russo mudou de posição. Ascenderam e agora querem valorizar o que é deles e instauraram um mínimo de estrangeiros no plantel: 6. A decisão se calhar não foi a melhor, mas talvez permita que grandes craques sigam o caminho que sempre deviam ter seguido: ir para os melhores relvados do mundo. Este artigo é sobre Hulk, provavelmente a maior pérola que anda perdida neste campeonato russo.

Tem 29 anos mas não lhe perdeu o jeito. Nas últimas 4 épocas participou em 130 jogos, marcou 66 golos e participou em mais 32 (assistências). Bons números para qualquer extremo. Esta época começou mal e vai continuando mal e Hulk tem sido dos poucos que ainda consegue levar a equipa do Zenit até à tona do tanque. Está longe de estar velho e mexe no jogo como ninguém. Aquele pontapé canhão continua lá e as arrancadas fulminantes estão cada vez mais apuradas. É o pesadelo de laterais e guarda-redes. A sua vontade, as suas movimentações para o centro do terreno e o seu pé esquerdo impressionam. Como é que este jogador anda perdido na Rússia há 4 épocas?

Com toda a certeza que me dirão que Hulk é um investimento caro. Muito provavelmente será. Mas não teria sido melhor investimento do que Jesús Navas, para o Mancester City? Não teria sido uma excelente aquisição para o Liverpool que continua a esbanjar dinheiro em jogadores que não valem metade daquilo que dão por eles? Eu consigo imaginar Hulk na liga inglesa. O seu poderio físico permitir-lhe-ia batalhar com os médios e defesas mais duros, o seu pontapé canhão iria resolver aqueles jogos taco a taco. Como não se vê isto? Como não se vê o talento ali desperdiçado?

Hulk tem sido fundamental no ataque do FC Zenit Fonte: FC Zenit
Hulk tem sido fundamental no ataque do FC Zenit
Fonte: FC Zenit

A selecção do Brasil é outro palco para contrariar quem diz que ele só se evidencia porque sempre jogou em palcos menores (Portugal e Rússia). Mas tal falácia não escapará. É dos poucos que enverga a camisola canarinha com a classe que outrora, nomes como Roberto Carlos ou Ronaldo, lhe deram. É dos poucos que justifica a frágil afirmação de que no Brasil ainda saem dos melhores jogadores do mundo. Mas nem tinha de saltar para outro continente para poder fala assim de Hulk. Basta assistir a um jogo europeu. A qualidade sobressai, é claramente a estrela da equipa. Gostava imenso de o voltar a ver jogar com Falcão (talvez ajudasse a ressuscitar o colombiano).

Para mim, Hulk, vale mais. Muito mais. Merece uma Premier League ou uma Liga BBVA. Aliás, quem saber se não encaixaria na perfeição numa modelo de jogo italiano? No contra-ataque e nas transições de bola o brasileiro é fortíssimo. O AC Milan e o Internazionale enfrentam processos de reestruturação.Querem voltar a ser grandes, a impressionar a Europa; será que nenhum deles olhou para Hulk? Apenas lhe peço que saia dali, que se valorize mais e se exiba num palco maior. Esse sempre foi o seu caminho, mas agora, mais do que nunca, está na altura de dar o salto. Na altura de ambicionar algo mais. O seu fundo de reforma já deve estar mais que recheado. Por favor, Hulk sai daí e vem saborear o bom futebol.

Faz usufruto do teu apurado paladar brasileiro. Tu sabes, a picanha no Brasil é muito diferente da picanha na Europa. Assim é o futebol: também se joga noutros países, mas não é a mesma coisa em todo o lado. Salta daí e vem comer a melhor picanha que um palco europeu te pode dar: bom futebol, daquele em que os cânticos dos adeptos ecoam no peito e que a pressão do jogo faz suar mais que a corrida.

Foto de Capa: FC Zenit

Olheiro BnR – Renato Sanches

olheiro bnr

Apenas se estreou recentemente pela equipa principal do Benfica, na goleada ao Tondela (4-0), mas quem conhece Renato Sanches sabe que estamos perante o mais promissor elemento da cantera encarnada no que à posição “oito” diz respeito, sendo certo que o jovem internacional sub-19 português necessitará somente da aposta continuada de Rui Vitória para começar a encantar nos relvados da Primeira Liga.

Trata-se de um futebolista nascido a 18 de Agosto de 1997 em Lisboa (contando portanto com apenas 18 anos de idade), tendo iniciado a sua carreira no Águias da Musgueira, ainda que cedo tenha se transferido para o Benfica, mais concretamente na temporada 2007/08.

No Seixal, rapidamente os diversos técnicos do Benfica foram percebendo que estavam perante um verdadeiro diamante por lapidar, sendo que Renato Sanches foi jogando muitas vezes acima do seu escalão, surpreendendo muito pouco que o médio-centro se tenha estreado no futebol profissional com apenas 17 anos, num empate do Benfica B, diante do Farense, em jogo da 10.ª jornada da edição 2014/15 da Segunda Liga.

Renato Sanches é uma das maiores promessas do SL Benfica Fonte: Sport Lisboa e Benfica
Renato Sanches é uma das maiores promessas do SL Benfica
Fonte: Sport Lisboa e Benfica

Mais de 30 jogos no escalão secundário

Apesar da tenra idade com que se estreou no segundo escalão mais importante do futebol português, a verdade é que rapidamente o internacional sub-19 português foi conseguindo algum espaço nas escolhas de Hélder Cristóvão, tendo somado 24 jogos (11 como titular) em 2014/15 e mais nove partidas na actual campanha.

Em 2015/16, aliás, o jovem craque fez todas essas partidas como titular, tendo somado inclusivamente três golos e conseguindo convencer Rui Vitória a dar-lhe finalmente uma oportunidade na equipa principal do Benfica, isto no recente triunfo das águias em Tondela (4-0) e onde Renato Sanches actuou nos últimos 17 minutos.

Agora, obviamente, espera-se que o futebolista que deixou muitos gigantes europeus de apetite aguçado pelas suas brilhantes exibições na UEFA Youth League continue esta ascensão meteórica no Benfica, sendo que os problemas que as águias têm apresentado no meio-campo até lhe poderão facilitar de sobremaneira a tarefa.

Brilha verdadeiramente como box-to-box

Há que sublinhar que Renato Sanches pode actuar em qualquer posição do meio-campo central, seja a “dez”, “oito” ou “seis”, ainda que seja inegável que é na função de box-to-box que o jovem de 18 anos melhor consegue explanar as suas qualidades inatas.

Esses talentos, aliás, são bastante extensos, sendo que o internacional sub-19 português apresenta boa capacidade física, isto tanto ao nível do pulmão como do choque, assim como uma grande inteligência táctica, algo que lhe permite uma fantástica ocupação de espaços no miolo e potenciar a recuperação de bolas.

Muito efectivo nas transições, Renato Sanches brilha igualmente na condução com bola, uma vez que tem uma boa visão de jogo, sabe driblar e ainda é muito forte no capítulo do passe, algo que o torna especialmente perigoso quando se aventura no ataque.

Obviamente que, aos 18 anos, ainda existem arestas por limar, nomeadamente no aumento da sua intensidade de jogo, na forma mais expedita como deve por vezes libertar-se da bola ou na compreensão de que por vezes também é necessário abdicar dos adornos excessivos. Certo, de qualquer maneira, é que se tudo correr de forma natural estaremos certamente perante um jogador que terá uma carreira de qualidade no espectro mais cintilante do futebol luso.

Foto de Capa: Sport Lisboa e Benfica

Leão que rouba ladrão… Tem cem anos de perdão?

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Devo desde já dizer que este texto vai servir para fazer um pedido expresso ao Exmo. Senhor Presidente do Sporting Clube de Portugal, Bruno de Carvalho, mas antes gostaria de fazer umas considerações prévias.

Como todos já terão percebido, vivemos num país em que os corruptos são mais ou menos tratados como as crianças mal comportadas, sobre as quais se diz que a culpa não é delas mas sim de quem as educou. Ou seja, os corruptos também não têm culpa, a justiça e sociedade em geral é que os deixam passar incólumes. E se assim é, porque não gozar dessa “liberdade”?

Senão vejamos. Foi cá que, pelo menos, dois presidentes de câmara foram a julgamento por terem enchido os seus “sacos azuis”, e puderam depois candidatar-se às respectivas câmaras, tendo até ganho as eleições, certo? E as pessoas que os elegeram, ao serem questionadas sobre as razões que os levaram a votar novamente naqueles políticos, respondiam que o que lhes interessava era a obra que eles tinham a apresentar, não queriam saber como o tinham conseguido.

Pinto da Costa e Valentim Loureiro foram dois dos arguidos no processo Apito Dourado Fonte: public.vivacidade.org
Pinto da Costa e Valentim Loureiro foram dois dos arguidos no processo Apito Dourado
Fonte: public.vivacidade.org

Podemos encontrar alguns paralelos no mundo do desporto português e do futebol em particular.

Nos tempos áureos de dois clubes que clamam pela honra de terem o maior número de troféus conquistados em Portugal, foi-se sabendo de episódios que se iam passando e que teriam facilitado, em alguns momentos, a conquista de alguns desses títulos. Sabemos nós e todos os adeptos desses clubes, uma vez que alguns casos até se provaram terem existido, mas nunca acompanhados com as devidas penas. (E não vou aqui particularizar nenhuma situação, ou teria que escrever um livro.)

Mas sabemos que os títulos ganhos, mesmo com o ónus de corrupção associados, no fim também contam para o total, e os adeptos desses clubes não vão deixar de se vangloriar com esses mesmos títulos. Podem até dizer que não estão de acordo, e que são todos uns corruptos e uns criminosos, mas quando estiverem a falar de quem tem mais campeonatos, certamente não se lembrarão desses “pormenores”.

Assim sendo, venho pedir ao presidente do meu clube, e porque já se pode defender com jurisprudência dos factos acima descritos, que escolha árbitros, ofereça prendas, fruta, jantares, relógios, pague a quem for preciso, coloque quem quiser nos lugares de decisão e de manipulação de opinião pública, que seja ladrão ou bafeje até umas “ganzas” se for preciso, mas faça o que for preciso para dar ainda mais títulos ao Sporting Clube de Portugal.

Porque no fim, o que conta é quem ganha e não como ganha…

Fonte da foto de capa: noticiasaominuto.com

Não me interpretem mal

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O Clésio também é moçambicano, intervalei, em conversa com um amigo nascido na Beira e impedido de ver o jogo com o Tondela. Quem é o Clésio?, peguntou-me. Exactamente!, respondi-lhe.

Este breve diálogo, entre dois benfiquistas mestres de nada – mas com certa técnica –, aconteceu, de verdade, e regressou aos meus pensamentos, periodicamente e com força crescente, nestes últimos dias. Com todo o respeito que me merece Clésio Baúque (o jogador que é e que espero possa vir a ser), o que se passou em Aveiro, naquele lado direito da defesa, não foi um queimar de etapas, mas um incêndio etário de proporções bíblicas – ainda hoje, quando fecho os olhos e inspiro, sinto um ligeiro cheiro a queimado. Não me interpretem mal: a questão não é, obviamente, pessoal; trata-se, essencialmente, de uma assumida e profunda discordância com uma estratégia desportiva em clara ruptura com o nosso passado recente – que, se a memória não me atraiçoa, nos valeu dez títulos e duas finais europeias.

Clésio Baúque tem 21 anos, é extremo de raiz e opção intermitente na nossa equipa B. A sua titularidade não respeitou critérios técnicos ou tácticos (e isto deverá ser algo inédito), mas apenas um preceito ideológico, nascido no topo e respeitado por Rui Vitória, que garante, na hora das escolhas, prioridade aqueles criados no Seixal. Não me interpretem mal: gosto (muito) de ver futebolistas promissores, portugueses ou não, educados no berço futebolístico de águia ao peito, germinando na equipa principal na sequência do trabalho e do mérito. Porém, defendo uma integração progressiva destes elementos e insisto numa ideia deixada em textos anteriores: a (notória) ânsia por atalhos no processo de crescimento dos nossos jovens jogadores pode, eventualmente, ser contraproducente no presente e, em último caso, inviabilizar o futuro.

Clésio é um jovem promissor que deve ter espaço e tempo para crescer Fonte: SL Benfica
Clésio é um jovem promissor que deve ter espaço e tempo para crescer
Fonte: SL Benfica

Gosto de ver o Benfica ganhar e nunca me canso de o fazer – haverá, certamente, piores defeitos. As vitórias com Tondela e Galatasaray não disfarçam, porém, as fragilidades desta equipa. Não me interpretem mal: o grupo tem qualidade (pelo menos, mais do que dizem), revela coragem, mas também, e isso parece-me óbvio, sérias limitações em parte dos seus sectores. Analisando friamente, essas lacunas sobrevêm de uma nova estratégia desportiva, mais mansa no mercado, assente na formação para ocupar os espaços em branco; a excepção tornou-se a regra, corrompendo a concepção de mais-valias. Para já, a coisa está negra: não se conquistam tricampeonatos com três derrotas em oito jornadas e, infelizmente, Janeiro ainda vem longe.

Rui Vitória faz o que pode, com o que lhe deram. Por isso, compreendo mal as críticas que lhe são imputadas – perdida a timidez do discurso (que era, na minha opinião, o seu maior defeito), merece-me total confiança e apoio. O treinador nem sempre é assertivo? É verdade; mas já não o era nos últimos seis anos e isso, tirando um ou outro caso, nunca foi problema. No tal passado recente, havia sempre soluções – dentro do relvado – capazes de minimizar certos erros de apreciação. Não me interpretem mal: mas os golos que dão títulos são marcados pelos capitães.

P.S.: Luisão é um símbolo eterno. Para o ser – após 12 anos de Benfica (caso raríssimo no futebol moderno) – nunca precisou de abdicar daquilo a que, julgando justo, considerou ser seu por direito. Falo, essencialmente, das renovações de contrato, que discutiu com quem de direito, frente a frente, sem meias palavras ou falsas verdades; pese as normais dificuldades de uma negociação entre (bons) profissionais. Como um homem que é e que nunca será esquecido. O capitão Luisão marca, nos tempos que correm, a diferença entre um homem inteligente e sério e um cão a derreter – comida a sobremesa, só restará um pau. E isto, já podem interpretar como entenderem.

Foto de Capa: Sport Lisboa e Benfica

Futsal: Águias implacáveis fazem mais uma vítima

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Desde a última vez que aqui escrevi, há um jogo que claramente se destaca dos demais, que diz respeito ao duelo que pôs frente-a-frente o Sporting CP e o SC Braga AAUM, na quarta-feira passada. E foi (mais) um hino ao futsal, onde a incerteza pairou até ao final da partida. Quem aproveitou o resultado deste jogo (terminou empatado 2-2) para se isolar ainda mais na liderança foi o SL Benfica, que capitalizou mais uma vitória no fim-de-semana ante o Belenenses (5-1) para assim manter o pleno de triunfos, quando já estão disputadas nove jornadas, com o Benfica ainda a ter um jogo em atraso com a Burinhosa.

Mas durante o passado fim-de-semana houve mais uma jornada, neste caso a nona, que não registou surpresas de maior, com a lógica a predominar em praticamente todos os jogos. No dérbi lisboeta entre SL Benfica e Belenenses/Express Glass, os encarnados impuseram-se com um triunfo por cinco bolas a uma, num jogo onde as águias foram dominantes e materializaram o seu domínio numa vitória gorda no seu reduto, perante um adversário que batalhou bastante com as suas armas para inverter o rumo dos acontecimentos, mas que no fim sucumbiu e viu o rival aumentar naturalmente o marcador. O Sporting conseguiu redimir-se do empate caseiro a meio da semana com uma vitória expressiva (2-6) alcançada no Porto, perante o Boavista. Um triunfo inequívoco da turma de Nuno Dias, que, tal como o Benfica, dominou a seu bel-prazer o rumo dos acontecimentos e foi assinando uma exibição segura, vendo o resultado avolumar-se com tranquilidade, apesar de o Boavista ter aberto o marcador.

Vitória em homenagem a Ricardo Lobão
Vitória em homenagem a Ricardo Lobão

O Sporting de Braga também regressou às vitórias, com um triunfo em Vila do Conde, na casa do Rio Ave, por 1-5. Este resultado não espelha as enormes dificuldades sentidas pelos bracarenses, que foram para o intervalo a perder por 1-0; no entanto, uma etapa complementar bem conseguida dos guerreiros do Minho valeu uma vitória folgada e o consolidar da terceira posição na tabela classificativa, agora com três pontos de vantagem sobre o SL Olivais, que empatou 2-2 no Fundão e confirma assim o bom arranque no campeonato, quando já nos aproximamos rapidamente do término da primeira metade da fase regular. Apesar de eu considerar que um empate no Fundão não é um mau resultado, o certo é que o quinto, Burinhosa, se aproxima do quarto posto, com uma vitória sofrida em casa perante a Quinta dos Lombos, por 2-1. Já só está a um ponto do SL Olivais e, em caso de vitória no jogo em atraso, pode trocar de posições e saltar para o quarto lugar.

Logo a seguir, em sexto, está o Modicus, que derrotou o CS São João por 4-2 e consolidou a sua posição no “top 8” da tabela, ao passo que a formação derrotada se afunda cada vez mais na classificação, estando já a quatro pontos de sair do último lugar. Isto porque a formação dos Leões de Porto Salvo, na estreia do técnico Rodrigo Pais de Almeida, derrotou copiosamente o Gualtar por 5-1, numa exibição de “raiva” dos Leões, que no fim dedicaram a vitória ao treinador que na semana que passou se demitiu, Ricardo Lobão. Vamos ver se é desta que a equipa de Porto Salvo arrepia caminho e volta aos lugares que, por mérito próprio, tem alcançado ao longo destes últimos anos.

Imagens retiradas do futsalglobal.com

CF ‘Os Belenenses’ 0-2 FC Basileia: Vingança suíça no Restelo

Depois de fazer história em Basileia, o Belenenses procurava a segunda vitória no Grupo I da Liga Europa. Contudo, os “azuis” ficaram-se pelas intenções e foram derrotados em casa por duas bolas a zero.

Com frio e tempo nublado no Restelo, a primeira parte também não aqueceu as bancadas. O Basileia teve sempre mais iniciativa de jogo e posse de bola, mas não assustou realmente Hugo Ventura. Uma bola ao poste logo no início da partida foi o lance mais perigoso dos suíços, que trouxeram uma ruidosa claque que esteve animada durante todo o encontro. O Belenenses esteve sempre na expetativa e a tentar sair em contra-ataques rápidos, mas por poucas vezes conseguiu chegar à área do Basileia. A primeira parte foi assim fria e com pouca animação, que chegou já no final. Num lance em que a defesa do Belenenses podia ter resolvido de uma maneira mais adequada, o árbitro húngaro Tamás Bognar considerou que Filipe Ferreira derrubou Breel Embolo já dentro da área. Na conversão da grande penalidade, Marc Janko, ex-jogador do FC Porto, inaugurou o marcador, quando já estávamos à beira do intervalo. A vantagem do Basileia assentava bem se analisássemos apenas o controlo e a iniciativa de jogo, apesar de os suíços também não terem criado muito perigo.

Na segunda parte, esperava-se que os azuis do Restelo viessem mais agressivos e a tentar jogar numa toada mais ofensiva, mas não foi isso que aconteceu. Após Janko ter ameaçado o bis, num lance em que Ventura se opôs com qualidade, os suíços chegaram mesmo ao 2-0. Embolo apareceu isolado, contornou o guarda redes e atirou para o golo, de nada valendo o esforço de Tonel, que tinha entrado na primeira parte para o lugar do lesionado Gonçalo Brandão.

O momento em que Embolo confirma o segundo golo no Restelo. Fonte: FC Basel 1893
O momento em que Embolo confirma o segundo golo no Restelo.
Fonte: FC Basel 1893

A partir do segundo golo, os suíços resguardaram-se mais no seu meio campo, gerindo a vantagem e ficando à espreita de mais um eventual erro do Belenenses para alargar a vantagem. O Belenenses começou a ter mais bola, mas nem Kuca, nem Luís Leal (que, segundo Sá Pinto, jogou condicionado fisicamente durante grande parte do encontro) conseguiram criar desequilíbrios, permitindo que o guardião contrário, Vaclik, tivesse uma noite descansada em Lisboa.

No final da partida, Ricardo Sá Pinto disse ao Bola na Rede que o jogo se decidiu nos detalhes e considerou que a grande penalidade que resultou no primeiro golo do Basileia não existiu, aproveitando para reforçar a ideia de que o Belenenses tem tido alguma falta de sorte esta época e que a equipa continua a sonhar com o apuramento, mesmo não sendo a Liga Europa uma prioridade. Já Urs Fischer, técnico dos suíços, em resposta ao Bola na Rede, ficou muito agradado com a organização e a exibição dos seus atletas, mas ainda não dá como consumada a qualificação para a próxima fase.

Depois deste resultado e da vitória da Fiorentina na Polónia frente ao Lech Poznan, os azuis estão agora no último lugar do Grupo I, com os mesmos pontos do Lech Poznan e a dois dos italianos orientados pelo português Paulo Sousa. Na próxima jornada, os comandados de Ricardo Sá Pinto voltam a jogar em casa, recebendo desta vez a equipa polaca.

A Figura:

Embolo – Esteve no lance do penalty e fez o segundo golo. Com apenas 18, o jovem suíço mostrou-se a um bom nível sendo sempre dos mais activos dos helvéticos.

O Fora-de-Jogo:

Fraca capacidade ofensiva do Belenenses – Num jogo onde ganhar, ou pelo menos pontuar, era importante, os homens do Restelo pouco mostraram no ataque. Kuka continua inconstante. Luís Leal jogou em dificuldades e Tiago Caeiro não convenceu.

Foto de capa: Os Belenenses

Artigo de André Conde e Diogo Janeiro Oliveira

KF Skenderbeu 3-0 Sporting CP: O escândalo que deu a poupança

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É preciso apelar ao auto-controlo para não deixar que o azedume contamine a análise do jogo que o Sporting foi realizar à Albânia com o desconhecido Skenderbeu. Entrada desconcentrada e sobranceira, acumulando erros sobre erros, valeu dois golos ainda antes de completados os primeiros vinte minutos de jogo.

A passividade com que se assistiu ao tiro ao boneco no lance do primeiro golo e a displicência com que Patrício abordou o lance que provocou a grande penalidade e a sua própria expulsão praticamente deixaram aí feita a escritura do resultado final. É que se a tarefa de recuperar um resultado adverso a 2-0 com onze unidades completamente desligadas já seria difícil, com menos um era apenas uma longínqua miragem. Ora, Marcelo Boeck, entrado para o seu lugar, resolve não destoar deste pobre guião albanês e, numa reposição de bola, decide oferecer mais um golo à equipa da casa. Poderiam os anfitriões desejar melhor visitante?

Como foi possível chegar a um resultado destes? Além da atitude geral já acima aludida fica o registo de uma linha média em que Paulista e Adrien não conseguiram fazer o mínimo de oposição nas tarefas defensivas, sendo aí acompanhados em igual baixo nível por Jonathan, para quem o já mais de um ano passado no continente europeu não foi suficiente para eliminar as insuficiências e falta de entendimento relativamente ao que lhe é pedido em primeiro lugar: saber defender.

O KF Skenderbeu surpreendeu e fez a festa frente ao Sporting CP Fonte: K.F Skenderbeu
O KF Skenderbeu surpreendeu e fez a festa frente ao Sporting CP
Fonte: K.F Skenderbeu

Certamente que grande parte das reflexões à volta deste jogo tenebroso se centrarão na poupança feita por Jorge Jesus nas competições europeias. Provavelmente os mesmos que exultaram com a goleada anterior aos mesmos albaneses em casa serão os primeiros a verberar as opções do treinador, que redundaram no embaraço que o jogo de hoje deixou.

Pegue-se como se queira nas opções de Jorge Jesus, parece-me que elas são insuficientes para justificar o descalabro que se registou. Mas a reflexão é inevitável, atendendo ao autêntico atentado acabado de registar ao bom nome do Sporting. Atendendo ao facto de grande parte da equipa ser constituída por jovens jogadores que ambicionam a titularidade na equipa principal, este é jogo que devem guardar para rever sempre que quiserem lembrar-se, ao longo da carreira, do que não devem fazer.

A Figura:

Lilaj – São da responsabilidade dele os golos que em menos de vinte minutos do jogo tornaram quase inútil e desnecessária a viagem à Albânia.

O Fora-de-Jogo:

Toda a equipa do Sporting CP – É caso para perguntar se alguma vez chegaram a aterrar na Albânia.

Foto de Capa: Sporting Clube de Portugal