📲 Segue o Bola na Rede nos canais oficiais:
Início Site Página 9918

Liga Brasileira: Meta à vista

0

brasileirao

Quando se começa a ver a luz ao fundo do túnel, depois de uma aventura longa, parece que as coisas ainda se complicam mais. O corpo enfraquece e a mente desaba. As pernas ficam moles e os braços não conseguem suportar o peso do que vem aí. É isso que diferencia os campões dos que não o são. Claro que há grandes equipas não campeãs, que mereciam, igualmente, obter esse título. Mas no final de uma jornada prolongada exigem-se forças redobradas e provisões, de modo a ajudar a enfrentar o final. Sim, o final. Tudo chega ao fim. E os campeonatos também. Faltam apenas 15 pontos para o Corinthians se sagrar hexacampeão do Brasil. Veremos se o alvinegro terá força suficiente para manter a vantagem de (agora) sete pontos para o Atlético Mineiro; clube que vem logo atrás na classificação.

O Gavião ficou à mercê do título neste fim-de-semana, quando venceu o Figueirense por 3-1 e depois soube da escorregadela do Galo com o – imagine-se – lanterna vermelha Joinville. Mas a demanda pela Taça ainda tem de esperar. Faltam 10 partidas e muita coisa pode acontecer. Uma delas é precisamente um Atlético-Corinthians. Claro que um e outro ainda vão perder pontos. Ninguém vence 10 jogos seguidos: muito menos no Brasileirão. Ora, posto isto, há duas teorias: a de que em campeonatos menos competitivos, isto é, onde os campeões são quase sempre os mesmos, uma vantagem de sete pontos a esta altura garante praticamente o título; mas também existe outra face da moeda – a de que por ser um Campeonato competitivo (quatro campeões diferentes nos últimos seis anos, na Série A) – também é igualmente crucial. Sim, os paulistas vão perder pontos. Mas o problema é que os mineiros também os vão perder. O jogo que certamente decidirá o título (ou não, depende dos acontecimentos até lá) é o tal Atlético MG vs Corinthians, em Belo Horizonte. Neste momento, jogou-se a 28ª jornada. Esse jogo será na 33ª. Precisamente a seis rodadas do término. Agora vai ser hora de decisões. E nervos de Aço.

Elias (de costas) está em grande forma no Timão. Fonte: sportv.globo.com
Elias (de costas) está em grande forma no Timão. Fonte: sportv.globo.com

P.S. – Ronaldinho Gaúcho anunciou o abandono do Fluminense. Depois de ter assinado em Julho, chegou ao fim o vínculo com o tricolor carioca. Menos de 80 dias ligaram o astro ao clube das Laranjeiras. Não era assim que, certamente, Gaúcho tencionava terminar os seus dias como futebolista. Mas, lá está, tudo tem um fim. É um fim. Não interessa se bom ou mau. Desinspirado, torcida sem paciência. Falou-se em muito café e cigarros… Assis, irmão e empresário do (ainda) jogador, tentou convencê-lo a ficar mais uns dias. Se o ex-Sporting e Estrela da Amadora não o tivesse feito, o seu irmão e cliente até poderia ter saído antes. É com pena que vejo isto acontecer. Mas, lá está, a vida não tem só coisas boas.

Mundiais de Ciclismo’15: O triunfo do falso “eterno segundo”

0

Cabec¦ºalho ciclismo

Terminou ontem a competição que faz com que ciclistas que lutaram contra si nas mais variadas provas ao longo de todo o ano lutem por um objetivo em comum: fazer da sua nação a campeã! São momentos onde, por exemplo, ciclistas como Valverde e Rodriguez, estando todo o ano a disputar um contra o outro as mais variadas provas, unem forças pelo seu país e por todo um povo. É o tempo dos ciclistas deixarem de parte motivos financeiros e terem como motivação o facto de serem o orgulho do país e a esperança de toda uma nação.

Nestes Mundiais, destaque claro para os Estados Unidos da América, que conseguiram ter o dobro das medalhas comparado com o ano passado (de 4 medalhas para 8 medalhas) e voltar à liderança do “medalheiro” num Mundial de Ciclismo. Alemanha (tal como o ano passado), França e Holanda também merecem o devido destaque, visto que conseguiram 5 e 4 medalhas, respetivamente. Nota para o facto de 6 das 8 medalhas norte-americanas terem sido nas provas direcionadas para os Juniores, o que mostra bem a aposta deste país na modalidade e a cada vez maior importância dada a um desporto como este por parte de uma das maiores potências mundiais em termos globais. Sendo que é claro que o facto de terem o Mundial “em casa” (Richmond, Virginia) foi um dos outros fatores decisivos para tal acontecimento.

Nos Juniores Femininos, as duas provas (este escalão não tem contrarrelógio por equipas) foram dominadas por duas ciclistas norte-americanas: Chloe Dygert – campeã mundial nas duas provas, um grande feito para esta muito promissora ciclista – e Emma White (não fosse a sua companheira estar um patamar acima de todas – Chloe Dygert conseguiu ter uma vantagem de mais de 1 minuto em ambas as provas –, esta ciclista poderia ter sido ainda mais feliz, ainda assim, também a “jogar” em casa, conseguiu ser vice-campeã mundial em ambas as provas). Nos Juniores Masculinos, o contrarrelógio individual foi ganho pelo alemão Leo Appelt, relegando para os restantes lugares do pódio mais 2 norte-americanos. Na prova de estrada, foi o austríaco Felix Gall a bater ao sprint o francês Clément Bétouigt-Suire. Na prova de Sub-23 Masculinos, a França já foi mais feliz na prova de estrada, tendo Kévin Ledanois batido ao sprint o italiano Simone Consonni. O contrarrelógio individual foi ganho pelo dinamarquês Mads Wurtz Schmidt à frente de dois alemães.

LEGENDA: A bela Anna van der Breggen conseguiu conquistar medalhas nas 3 provas em que participou, um enorme feito para a ciclista holandesa Fonte: Cycling News
A bela Anna van der Breggen conseguiu conquistar medalhas nas 3 provas em que participou
Fonte: Cycling News

Finalmente, as provas destinadas a todos/as os/as Seniores. Em termos Femininos, no contrarrelógio por equipas, a alemã Velocio-SRAM conseguiu a medalha de ouro, relegando duas equipas holandesas para os restantes lugares do pódio. A Holanda, que esteve muito bem nestas provas femininas, que acabou por não conseguir nenhuma vitória. Anna van der Breggen bem tentou, mas teve algum azar em ambas as provas, apesar das duas medalhas de prata que leva para casa – a juntar à de bronze no CRE. No contrarrelógio individual, a neozelandesa Linda Villumsen surpreendeu as favoritas Anna e Lisa Brennauer e, com apenas uma vantagem de quase 3 segundos, conseguiu levar de vencida esta prova e protagonizar uma das surpresas deste Mundial. Na prova de estrada, a britânica Lizzie Armitstead (que já tinha sido segunda classificada com a sua equipa no CRE) venceu ao sprint uma prova bem disputada e animada, que deixou boas perspetivas para o futuro do ciclismo feminino e onde deu para comprovar realmente a evolução que a vertente feminina tem tido neste desporto (e como é bom ver-se o ciclismo mais embelezado por estas raparigas…acredito que muitas pessoas – principalmente, os homens – concordem com isto, correto?!). A americana Megan Guarnier conseguiu dar a única medalha (bronze) sénior feminina ao seu país, enquanto que Anna van der Breggen voltou a conquistar a medalha de prata.

Nos Masculinos, o contrarrelógio por equipas foi, novamente, ganho pela norte americana BMC, que voltou a não dar hipótese às equipas presentes na prova. A belga Etixx-Quick Stepp e a espanhola Movistar ficaram com os seguintes respetivos lugares do pódio. O contrarrelógio individual tinha como principais candidatos ciclistas como Tony Martin (a fazer uma prova muito abaixo das expetativas, mesmo tendo em conta que ficou no 7.º lugar), Tom Dumoulin (como se previa, o desgaste da Vuelta foi decisivo, ainda assim, conseguiu um bom 5.º lugar) ou Rohan Dennis (teve alguns problemas durante o CR, um azar que o impediu de fazer melhor do que um 6.º lugar). Mas foi o bielorrusso Vasil Kiryienka a surpreender, de certa forma, a concorrência e a conseguir uma medalha de ouro que pode ser considerada justa tendo em conta toda a carreira deste ciclista, dos ciclistas mais preocupados em ajudar os companheiros de equipa, mas quando tem estas oportunidades de brilhar dificilmente as desperdiça.

Nos restantes lugares do pódio ficaram o italiano Adriano Malori e o francês Jérôme Coppel (talvez a maior surpresa deste pódio – tendo em conta o percurso, Kiryienka tinha boas hipóteses de fazer um grande resultado, tal como Malori, mas não se previa que ambos fossem primeiro e segundo, ao contrário de Coppel, apontado a um possível top’10, talvez até um pouco mais, mas que dificilmente conseguiria chegar às medalhas, algo que acabou por contrariar e de forma justa).

LEGENDA: O pódio da última prova destes Mundiais de Ciclismo que levou Peter Sagan a “dono” da tão ambicionada camisola de campeão do mundo Fonte: Sky Sports
O pódio da última prova destes Mundiais de Ciclismo que levou Peter Sagan a “dono” da tão ambicionada camisola de campeão do mundo
Fonte: Sky Sports

Por fim, na última prova destes Mundiais, a prova de estrada, tendo em conta o tipo de percurso, era expetável que fosse terminar num sprint com um pelotão reduzido e com ciclistas que sabem passar bem algumas subidas e que sejam rápidos no final. Daí os 4 primeiros classificados terem todas estas caraterísticas. Peter Sagan, o homem dos segundos lugares, o “eterno segundo”, voltou a mostrar que esse “rótulo” é injusto, principalmente neste ano, tendo em conta algumas vitórias que já teve. O ciclista eslovaco “fugiu” no final e na melhor altura possível, conseguindo 3 segundos de avanço para os seguintes 24 ciclistas.

O australiano Michael Matthews, outro dos favoritos, e o lituano Ramunas Navardauskas (a maior surpresa neste pódio, visto que, apesar de ter mesmo aquelas tais caraterísticas, conseguir sprintar mais rápido que um homem como Alexander Kristoff, algo de nota, principalmente pelo ano que o norueguês tem tido) completam o lote de medalhados desta prova. Rui Costa, num percurso que não o favorecia, fez um muito bom 9.º lugar e Nelson Oliveira, ciclista que aos 14 km’s até esteve na frente da corrida, conseguiu um honroso 16.º lugar. José Gonçalves não terminou a prova devido a uma queda, quando até estava a ser dos ciclistas mais agitadores da corrida, naquele momento. Ainda assim, não foi um mau dia para os portugueses, principalmente tendo em conta que Portugal só pôde levar 3 ciclistas.

Foto de Capa: The Guardian

Paulo Sousa, o Control-Freak

0

cab serie a liga italiana

A expressão “control freak” (alguém determinado em fazer as coisas acontecer de forma exactamente igual àquela por ele pretendida e que tenta manipular os outros a fazer coisas da forma que lhe convém – tradução livre do Cambridge Advanced Learner’s Dictionary) é usada, sobretudo nos países de língua inglesa, para depreciar pessoas teimosas, infléxiveis. “É assim porque tem de ser assim, e vai ser assim”, queixa-se quem tenta atingir um ego ainda mais insuflado com tão frustrada “investida”. É um desabafo de quem tentou sugerir que se desviasse do plano inicialmente traçado por essa pessoa, mas que, por teimosia, não aconteceu. Porque um “control freak” tem sempre razão, e as coisas só correm bem porque ele as delineou assim.

Esse tipo de personalidade está associada, em casos mais graves, a pessoas com transtornos obsessivos compulsivos (TOC), que se caracteriza pela micro-gestão de todos os aspectos da vida, tudo tem de estar sob controlo, e tem de ser verificado repetidamente. Desde o degradé da cor das meias, dispostas numa segunda gaveta de uma cómoda específica à maneira como lava às mãos até ao processo de trabalho que usam (seja a servir cafés ou a gerir pessoas).

Qualquer perturbação nesta “ordem” pode causar uma sensação de pânico, de caos. Por não se saber lidar com a mudança, pela falta de adaptação a um mundo onde o que existe fora do controlo, constitui uma ameaça à sua sobrevivência.

Às vezes identificamo-nos com este tipo de pessoas por sermos mais teimosos que os nossos amigos ou porque simplesmente amamos futebol e há, me muitos treinadores, a obsessão pelo controlo e pela teimosia. Irrita, mesmo que corra bem, a escolha de um esquema táctico ou do tempo de espera que demora a aposta naquela jovem revelação que tanto queremos ver em acção. Mas os treinadores não orientam os gostos do público, orientam a sua equipa rumo à concretização de objectivos, que não serão atingidos senão houver, em cada encontro, o controlo do jogo.

Há mestres desta disciplina espalhados pelo mundo fora, mas poucos singram. Felizmente, para o futebol português, Paulo Sousa é um deles. A forma como a sua Fiorentina neutralizou o Inter, no último domingo, é disso exemplo, impondo a primeira derrota da época a uma equipa motivadíssima (tinha 5 vitórias em 5 jogos, até ontem), no seu próprio reduto… e logo por expressivos 4-1.

Jogadores viola festejam um dos quatro golos com que golearam o Inter Fonte: Facebook da Liga Europa
Jogadores viola festejam um dos quatro golos com que golearam o Inter
Fonte: Facebook da Liga Europa

É certo que o início do jogo foi bastante feliz – três golos e uma expulsão contrária aos 30 minutos, mas o que fica do jogo é muito mais que um resultado feliz, é um domínio absoluto da Fiorentina sobre a equipa com maior ímpeto  na Serie A, completamente amarrada na teia táctica que Sousa lhe impôs, com um Badelj omnipresente a auxiliar na pressão de Ilicic e Blaszczykowski à saída do meio campo do Inter e Vecino, ainda que com menos intensidade e preponderância, no lado contrário a fazer o mesmo, mas contando com um ala-esquerdo que vai se vai revelando como um dos mais completos do futebol actual (Alonso) que não largava o “osso” (bola)  quando ele lhe passava pelo “nariz” (as suas zonas do terreno), nunca comprometendo o seu posicionamento, avançando sempre que possível, contando com a protecção de centrais eficazes (Roncaglia, Rodríguez e Astori) a resolver os poucos problemas que lhes chegavam.

Sim, porque a pressão viola, inviabilizando linhas de passe ao seu adversário, garantia muita posse  (65/35 para os viola, num jogo em que se esperava que houvesse mais do lado de quem procurava inverter o rumo dos acontecimentos desde o minuto três) e permitiu o domínio territorial que se verificou ao longo do encontro. O ataque, esse não era descurado, e explorava-se as saídas rápidas dos explosivos Borja Valero, Ilicic e Kalinic (homem-golo, fez um hat-trick no Giuseppe Meazza) que quase sempre criavam mossa à defensiva nerazurra. Assim montou Paulo Sousa a sua Fiorentina, em Milão depois de já ter “secado” o Milan, em Firenze,  e ter vencido 3 dos outros 4 jogos da Serie A.

Não acredito que o antigo jogador da selecção nacional tenha as meias por degradé de cores ou que lave as mãos durante exactamente um minuto, mas, certamente, não abriu mão de usar e abusar do treino posicional e de se certificar de que dentro da cabeça de cada jogador de campo estão as noções de compensação posicional e ocupação do espaço… quando em posse e sem ela.

O Inter, que ia reinando o início de época na Serie A, já está destronado, e é a Fiorentina a nova rainha do Calcio, ocupando o trono para o qual se caminhou através de um mapa táctico, cujos caminhos todos os jogadores viola já sabem de cor. O seu líder, qual “control freak”, fez questão disso.

Foto de capa: ViolaChannel.tv

V. Guimarães 0-1 Sp. Braga: Conceição trouxe qualidade, Fonseca ficou com os pontos

futebol nacional cabeçalho

Sérgio Conceição estreou-se ao leme de uma equipa relativamente à qual não poupou nas críticas e nas provocações durante a época passada enquanto treinador do Sporting de Braga. Precisamente por essa razão, as hostes vimaranenses não foram unânimes na hora de acolher o novo técnico, apenas resignadas com a possibilidade de tal escolha – do mal, o menos – poder representar uma melhoria face à pálida imagem demonstrada pela equipa com Armando Evangelista no comando.

Quis o destino que a estreia de Conceição ocorresse contra a sua ex-equipa, cuja saída se revestiu de contornos pouco pacíficos. E, pelo futebol jogado, será justo afirmar que lhe faltou sorte na estreia. Lançado Dalbert na esquerda da defesa (terceira opção no sector, depois das utilizações de Luís Rocha e de Breno) e recuperando a dupla Cafu – Bouba Saré, a formação local abordou o jogo com uma tranquilidade que parecia arredada dos ares do D. Afonso Henriques desde os tempos de Rui Vitória.

O Vitória SC entrou com uma notória intenção de marcar cedo e logrou obter um ligeiro ascendente territorial na primeira fase no encontro, embora a primeira ocasião de golo iminente tenha ocorrido junto da baliza de Douglas; apenas uma defesa com a face evitou que os visitantes se adiantassem no marcador a remate de Alan. Pouco tempo depois, na outra baliza, foi Kritciuk quem negou um golo quase certo a Montoya. As lesões de André Pinto e de Baiano (a condicionar desde logo as mexidas de Paulo Fonseca) e as interrupções pelo comportamento dos adeptos de ambos os lados acabaram por prejudicar o normal desenrolar do encontro, transportando-se para a segunda metade um empate justificado.

O reatamento trouxe um Vitória em crescendo, mais confiante e convicto de que poderia arrecadar mais do que um ponto. Sempre com Dalbert e Gaspar muito activos na envolvência ofensiva, com Montoya a exibir os pergaminhos que o trouxeram ao futebol português e com Tomané incansável a toda a largura do ataque, as oportunidades foram-se sucedendo a bom ritmo na baliza do guardião russo. Aos 57’, apenas o poste impediu a festa de Montoya e, escassos minutos depois, foi a vez de Ricardo Valente se mostrar perdulário à entrada da pequena área.

Sérgio Conceição estreou-se ao serviço do V. Guimarães Fonte: Vitória Sport Clube
Sérgio Conceição estreou-se ao serviço do V. Guimarães
Fonte: Vitória Sport Clube

Sussurava-se nas bancadas que “a bola não queria entrar”. No entanto, o golo haveria mesmo de surgir… Na outra baliza! Algo contra a corrente de jogo, Rafa, um dos mais inconformados da formação bracarense, aproveitaria brilhantemente a melhor oportunidade de que a sua equipa dispôs para, isolado na cara de Douglas, atirar calmamente para o único golo do encontro. O Sp. Braga soube tirar o máximo partido da vantagem então averbada, ao pass0 que o V. Guimarães perdeu o sentido de baliza e até a concentração. As entradas de Licá, Dourado e Ricardo Gomes, já nos últimos minutos, não surtiram qualquer efeito prático.

Conseguindo manter o rigor defensivo apesar das alterações forçadas no seu sector recuado e ferindo de morte o seu adversário numa das poucas oportunidade de que dispôs, o Braga foi à casa do arqui-rival arrancar três importantes pontos na colagem ao pelotão da frente. O Vitória provavelmente não merecia ter saído derrotado daquele que foi, no plano exibicional e por larga margem, o seu melhor jogo da época, escorregando para o último terço da tabela.

A Figura:

Rafa – Num jogo pouco deslumbrante da equipa do Braga, soube ter a eficácia necessária para desequilibrar a contenda. Parece estar a regressar à sua melhor forma. Dalbert, promovido por Sérgio Conceição à equipa principal e à titularidade, mostrou uma segurança e um atrevimento ofensivo próprios de um jogador com mais rodagem nestas andanças. A observar.

O Fora-de-Jogo:

As lesões de Baiano e de André Pinto, que não só obrigaram Paulo Fonseca a mexer por duas vezes na primeira parte, como entorpeceram o encontro.

Fonte: Sporting Clube de Braga

UFC Fight Night Japan: Barnett vs Nelson – O Regresso do “Warmaster”

0

cabeçalho ufc

Foram precisos 21 meses para voltar a ver Josh Barnett entre as “paredes” do octógono, para o ver fazer aquilo que faz melhor: lutar. Fê-lo este fim-de-semana, e foi muito, muito, bom. Um regresso à UFC e ao Japão, onde passou a maior parte da carreira, para não esquecer.

O combate contra Roy Nelson (um autêntico gatekeeper da divisão) não foi dos mais bonitos, isso é certo. No entanto, as estratégias e alguns pormenores de ambos os veteranos, o desenrolar da luta e o ambiente criado pelo público japonês (que continua a ser o melhor e mais conhecedor de todos) tornaram esta luta de ritmo baixo num espetáculo bastante interessante. A vitória daquele que era anteriormente conhecido como o “The Babyfaced Assassin” concluiu a noite da melhor forma.

“Big Country” começou melhor o combate, mostrando-se bastante confortável na área do grappling. Derrubou Barnett por duas vezes na primeira ronda, algo que é impressionante tendo em conta o historial do seu adversário: Barnett é uma referência do Catch Wrestling e actual campeão na Metamoris, uma organização de combates de Jiu-Jitsu. Apesar de ter sido derrubado, o antigo campeão de Peso Pesado da UFC conseguiu sempre recuperar a postura, dominando Nelson no clinch e demonstrando bom striking a partir desta posição. Foi aqui que, a meu ver, Barnett destruiu Nelson.

Nelson não é conhecido pela sua condição física, e Barnett soube explorar bem essa lacuna com um conjunto de joelhadas e pontapés à zona abdominal do seu adversário que acabaram por lhe retirar a energia. No final da terceira ronda, Nelson já se agarrava aos joelhos e se arrastava pelo octógono. A sua incrível capacidade de deixar os seus adversários inconscientes com apenas um soco torna-o num perigo perpétuo para qualquer adversário, e Barnett não se deixou levar pela fadiga que Nelson demonstrava. Talvez tenha sido por isso que optou sempre pelo combate junto à rede, no clinch. Aí anulava o perigo de KO e aumentava a fadiga de Nelson.

O combate acabou por ir para decisão muito por culpa do derrotado: Nelson mostrou mais uma vez ter um queixo esculpido de ferro ao absorver todos os golpes que Barnett desferia através do clinch. O “Warmaster” venceu por decisão e voltou a fazer história na UFC, ao quebrar dois recordes neste combate: os 146 golpes significativos num combate (ou seja, que realmente fazem dano) são um novo recorde da divisão e os 95 golpes significativos no clinch num combate são um novo recorde da UFC.

As intenções de Barnett na UFC não são claras. O americano não parece estar interessado em competir pelo título, mas também não expressou o desejo de participar apenas em “super-lutas”. Quem sabe se veio só “picar o ponto”, para agora se ausentar novamente?

Barnett (à dir.) foi superior a Roy Nelson (à esq.) em todas as rondas do combate Fonte: Ufc.com
Barnett (à dir.) foi superior a Roy Nelson (à esq.) em todas as rondas do combate
Fonte: UFC

No combate que antecedeu o evento principal tivemos um dos candidatos a reviravolta do ano. Uriah Hall venceu Gegard Mousasi, número seis do ranking e antigo campeão de Peso Médio da Strikeforce. E de que forma o fez!

Hall, antigo finalista do TUF 17 e responsável por um dos KOs mais brutais da história do MMA, nem era suposto ter participado neste combate – substituiu Roan Carneiro, que se lesionou – mas acabou por deixar uma grande marca e mostrar que o melhor de si é do melhor que há.

Uriah Hall tem vivido uma carreira de altos e baixos. Depois do tal KO no TUF ficou a impressão de que o jamaicano se continha nos combates, tinha medo de magoar o adversário e, por isso, nunca dava tudo de si. Muitos acusaram-no de simplesmente não ter estofo, incluindo o próprio Dana White. As vitórias que teve nunca foram convincentes e as derrotas foram sempre desapontantes.

No entanto, parece que o tempo curou as feridas. Gegard Mousasi parecia ser demasiado para Uriah, e estava a ser: a primeira ronda foi uma exposição de grappling por parte do Holandês, derrubando Hall cedo e nunca mais concedendo qualquer tipo de espaço. Mousasi tentou por várias vezes fechar um Mata-leão, mas Hall conseguiu defender-se até ao final da ronda.

Foi quando começou a segunda ronda que aconteceu o tal momento especial. Hall avaliou o timing de Mousasi e, no primeiro golpe da ronda, soltou um rotativo de calcanhar que abalou o antigo campeão. Perseguiu o seu adversário, que cambaleava para trás, e desferiu um joelho à cabeça, que sentenciou o combate. Mousasi tentou, com a consciência que lhe restava, defender-se da torrente de socos que Hall desferiu enquanto o árbitro não terminava o combate, mas acabou por ser em vão.

Eis o pontapé que quebrou Mousasi (à dir.) e deu a vitória a Uriah Hall (à esq.) Fonte: Ufc.com
Eis o pontapé que quebrou Mousasi (à dir.) e deu a vitória a Uriah Hall (à esq.)
Fonte: UFC

Hall volta assim às bocas do mundo. Será que é desta que confirma todo o seu talento, que finalmente corresponde às expectativas que tantos depositaram nele? É difícil de dizer. Acredito que em pé e no seu melhor dia Hall pode até rivalizar com Chris Weidman. O problema é a sua consistência. Se o combate contra Mousasi o volta a colocar no mapa, será precisa mais uma mão cheia deles para o deixar lá. A sua carreira tem sido de momentos, não pode continuar a viver apenas disso. Com esta vitória Hall tem tudo para continuar determinado. Os fãs de MMA agradecem que o faça.

Nos restantes combates do evento, Kyoji Horiguchi venceu Chico Camus através de decisão unânime, respondendo assim da melhor forma à derrota contra Demetrious Johnson; Takeya Mizugaki venceu George Roop também via decisão unânime; Diego Brandão finalizou Katsunori Kikuno via KO nos primeiros 30 segundos da primeira ronda; Mizuto Hirota e Teruto Ishihara, os finalistas do “Road to UFC: Japan” empataram via decisão do júri, ganhando ambos a competição e um contrato com a UFC.

Foto de capa: UFC

GP do Japão: All Back to Normal

0

cab desportos motorizados

Depois do percalço que foi Singapura, a Mercedes, em conjunto com a Fórmula 1, voltou à normalidade. A equipa das “flechas de prata” voltou às dobradinhas no Japão, tanto na qualificação como na corrida: Nico Rosberg garantiu a pole, Lewis Hamilton não deixou escapar a vitória. Numa qualificação que teve de ficar incompleta, devido a um aparatoso acidente de Daniil Kvyat (Red Bull), Valtteri Bottas conseguiu colocar o seu Williams à frente do Ferrari de Vettel, tal como fez o colega de equipa Felipe Massa, que garantiu a quinta posição na grelha, batendo Kimi Raikkonen.

Em Suzuka, nada foi surpreendente. A corrida ficou decidida no arranque: Lewis Hamilton levou a melhor sobre o colega de equipa e colocou-se na liderança para de lá nunca mais sair. Já Nico Rosberg fracassou no ataque ao inglês e acabou por cair para quarto, atrás de Vettel e Bottas. O alemão da Ferrari alcançou um excelente arranque, tendo chegado rapidamente à segunda posição.

Logo na primeira volta, Sergio Perez saiu de pista e Ricciardo e Massa foram os protagonistas de um toque violento, que causou o rebentamento de pneus dos dois veículos; a corrida estava arruinada para os dois pilotos. Já na oitava volta, o engenheiro da Mercedes confirmou que os monoveículos de Rosberg e Hamilton já conheceram melhores dias: ao ver o esforço do alemão para chegar a Bottas, pede-lhe que não ataque nas próximas cinco voltas, para evitar o sobreaquecimento do motor. A Mercedes a indicar moderação na velocidade aos seus pilotos. Nem tudo está bem na casa real.

Mas, depois da primeira paragem, Nico Rosberg tirou uma brilhante manobra da cartola e ultrapassou o finlandês da Williams, subindo a terceiro. O alemão da Mercedes demonstrou a destreza, rebeldia e audácia que o tornam um dos melhores pilotos da actualidade. E, aqui, começava uma autêntica batalha de compatriotas: Rosberg, alemão, pressionava Vettel, também alemão, na luta pelo segundo lugar; já Raikkonen, finlandês, colava-se ao também finlandês Valtteri Bottas, na tentativa de alcançar a quarta posição.

E este fim-de-semana, no Japão, prosseguiu a difícil saga da McLaren, de Jenson Button, e, principalmente, de Fernando Alonso. O espanhol continua a sentir-se frustrado com a sua actual situação, e demonstrou o seu desagrado, em voz alta, aquando da ultrapassagem de Max Verstappen ao seu próprio veículo: enquanto era ultrapassado, Alonso gritou para o rádio “motor de GP2, motor de GP2!”. O antigo campeão de F1 continua a lamentar a sua sorte e, apesar de acreditar no projecto da McLaren, já afirmou que existem outras modalidades em que pode ser campeão. Também Jenson Button já pôs em cima da mesa a hipótese de sair da F1, mas, desta feita, para a reforma. Será que o ambicioso mas extremamente embrionário projecto da McLaren fica pelo caminho já no fim desta época?

Hamilton bateu um recorde Fonte: Facebook Mercedes AMG Petronas
Hamilton bateu um recorde
Fonte: Facebook Mercedes AMG Petronas

Sebastian Vettel perdeu a segunda posição para Rosberg depois de uma paragem nas boxes, já na volta 40. Uma desilusão para a Ferrari, que vinha motivada para Suzuka depois da apoteótica vitória em Singapura. Kimi Raikkonen ainda passou Valtteri Bottas, confirmando o quarto lugar. A partir daqui, puro aborrecimento: Lewis Hamilton tinha a corrida controlada, Vettel ia tentando aproximações mas Rosberg não abria espaço. Ainda assim, lá atrás, as lutas esporádicas iam aparecendo; os dois Manor envolveram-se numa disputa apertada que terminou com um pião de Will Stevens.

Nota muito positiva para Nico Hulkenberg. O alemão da Force India foi o obreiro da recuperação da corrida, tendo começado em 13º e ascendido à sexta posição. Digno de nota é, também, o facto de esta ter sido uma corrida atípica no que toca às restantes deste Mundial: apenas um piloto, Felipe Nasr (Sauber), abandonou o GP.

Foi uma corrida história para Lewis Hamilton, que igualou o número de vitórias do ídolo Ayrton Senna e deu um importante passo na conquista do título, a apenas 5 provas do seu término. A Mercedes regressa às dobradinhas com a certeza, porém, de que a pressão da Ferrari será mais cerrada até ao final do Mundial. A F1 está de volta no fim-de-semana de 9 a 11 de Outubro, com o Grande Prémio da Rússia.

Foto de capa: Facebook Mercedes AMG Petronas

Hóquei em Patins: O regresso do leão aos troféus nacionais

cab hoquei

O Sporting iniciou a temporada a vencer ao bater o Benfica por 4-2 na Supertaça António Livramento que se jogou em Aljustrel. Este título fugia ao clube do leão desde a sua primeira edição em 1983.

Uma primeira parte equilibrada que chegou ao intervalo com uma vantagem do Benfica ao estar a vencer por 2-1. Foram 25 minutos equilibrados, apesar de com alguma superioridade encarnada. O jogo viveu o seu momento mais intenso entre os 18 e 20 minutos quando aconteceram os três golos da primeira parte.

João Rodrigues foi o primeiro a marcar num grande gesto técnico do nº9 benfiquista. No minuto seguinte João Rafael aumenta para 2-0. Não foi preciso esperar muito para ver a primeira reação leonina, André Centeno num contra ataque reduziu. Um resultado que se pode considerar justo ao intervalo.

O Sporting entrou melhor na segunda parte e virou o marcador de 2-1 para 3-2 logo ao seis minutos com ambos os golos a serem marcados por João ‘Mustang’ Pinto. O segundo golo do angolano merece ser visto e revisto pela jogada em si e não tanto pelo golo.

A 10min35 do fim surge a 1ª falta do Sporting e na sequência do livre direto Girão leva cartão azul ao alegadamente ter saído da baliza primeiro do que o remate de Nicolia. Na segunda tentativa o argentino voltou a não conseguir bater o guarda redes do Sporting, neste caso, Zé Diogo.

hoquei sporting
O plantel leonino para esta temporada
Fonte: Facebook Sporting

O jovem redes do Sporting esteve muito bem em campo com algumas defesas determinantes nos dois minutos que esteve em campo. A seis minutos do fim o árbitro marca grande penalidade, mas Nicolia não conseguiu converter o castigo máximo. No minutos seguinte é Luis Viana a falhar um Livre direto para o Sporting.

Aos 47 o árbitro marca um livre direto muito duvidoso a favor do Benfica, mas Nicolia mais uma vez a não conseguir converter e mais uma vez no minuto seguinte é o Sporting a beneficiar de um livre direto e Trabal viu cartão azul, na conversão Luis ‘Zorro’ Viana fez o 4-2. 

Até ao final do jogo o Benfica abdicou do uso do guarda redes mas não conseguiu reduzir a vantagem dos leões.

Venceu a melhor equipa em campo, mesmo que me pareça que o Benfica tem melhores valores individuais. O campeonato começa já na próxima semana e promete ser muito animado.

Duas notas finais. A primeira vai para A Bola TV; sou um defensor do canal por proporcionar uma maior diversidade de modalidades em direto do que o que tínhamos antes, por exemplo hoje transmitiram Voleibol, esta final do Hóquei e Basquetebol. Mas seria sempre bom que melhorassem o seu serviço e o seu modo de transmissão, foram vários os momentos em que a imagem parou ou ficou desfocada.

A segunda nota vai para a Seleção Nacional de Sub20 que ontem se sagrou Campeã do Mundo ao vencer a Espanha em Espanha. É o segundo título seguido dos ursos nesta competição. Que comecem a aparecer os títulos também nos Séniores.

Imagem de capa: Facebook Benfica modalidades

Estoril 2–1 União da Madeira: Bonatini ordenou o fim da monotonia

futebol nacional cabeçalho
Nunca a expressão “pontapé na monotonia” caíra tão bem como na primeira parte deste jogo. Num dos dois (sim, dois!) remates à baliza que Estoril e União da Madeira conseguiram fazer em 45 minutos, Léo Bonatini deu alguma vida ao perfeito bocejo que foi a partida até ao intervalo. Até aí, poderia resumir-se o jogo como um autêntico deserto de ideias de parte a parte. A cinco minutos do descanso, o avançado brasileiro apontou o quarto golo no campeonato e o terceiro consecutivo (deu as vitórias frente a Sporting de Braga e Tondela), num excelente remate de fora da área. Já na recepção ao Sporting de Braga, Bonatini tinha encontrado a mesmíssima fórmula para descobrir o caminho do golo. Vai deixando excelentes apontamentos o antigo avançado do Cruzeiro, que já apontou em 6 jornadas tantos golos como em toda a época transacta.

Vendo-se a perder, Luís Norton de Matos arriscou e apostou em Miguel Fidalgo para o lugar de Rúben Andrade e desfez, assim, o trio do meio-campo. O avançado juntou-se a Edder Farias na frente de ataque, já que na primeira parte raras foram as bolas que chegaram em condições ao venezuelano da equipa madeirense. A alteração acabou por surtir efeito, já que o União passou a ser capaz de chegar mais e melhor ao redor da baliza de Kieszek, apesar de nem sempre com a qualidade desejada no último passe. Em vantagem no marcador, o Estoril recuou ligeiramente no relvado e apostava no contra-ataque para voltar a incomodar André Moreira. As dificuldades que a equipa da casa demonstra em assumir as despesas ofensivas são claras e não deixam dúvidas: a equipa de Fabiano Soares parece sentir-se muito melhor quando actua no contra-golpe e exemplo disso foram as indicações muito positivas que o conjunto deixou no Estádio da Luz e no Dragão.

A festa do golo de Bruno César
A festa do golo de Bruno César

Pese embora a franca melhoria na dinâmica ofensiva da equipa madeirense, a verdade é que foi o Estoril a aumentar a vantagem para o conjunto da casa. Bruno César aproveitou um mau alívio da defesa visitante e encheu o pé para um remate que, após chocar com o poste, bateu nas pernas do guarda-redes André Moreira para ultrapassar a linha de golo. O 2-0 aos 74 minutos parecia dar o jogo quase como resolvido mas o União ainda teve uma palavra a dizer. Poucos minutos depois, Edder Farias aproveitou a desatenção da defesa do Estoril para, após cruzamento de Bueno, cabecear para o fundo da baliza do desamparado Kieszek. A equipa da ilha voltou, pois, a acreditar que era possível levar pelo menos um ponto para casa. Num livre directo exemplarmente cobrado em arco, Breitner levou a bola a embater na baliza estorilista e trouxe de volta as incertezas do resultado na Amoreira mas o pressing madeirense acabou por não ser traduzido no golo do empate.

Acabou por não ser suficiente a boa réplica que a equipa de Norton de Matos deu na segunda parte, já que, numa perspectiva geral do encontro, a vitória assenta bem ao Estoril. A equipa da Linha pode agradecer a Léo Bonatini as três vitórias consecutivas no campeonato, que lançam o Estoril num excelente início de época para a terceira posição a dois meros pontos dos líderes Porto e Sporting.

A Figura:
Léo Bonatini –  Muito bom arranque de época para o ponta-de-lança brasileiro, que muito tem contribuído para o improvável terceiro lugar do Estoril no campeonato. Para além dos golos, faz bom uso do porte físico para permitir a subida  da equipa para o ataque.

O Fora de Jogo:
Primeira parte – Não fosse o bonito tento de Bonatini, os primeiros 45 minutos teriam provocado apenas e só sono nas 1500 pessoas presentes no António Coimbra da Mota. Felizmente que a segunda parte tomou outro caminho e o nível de jogo e a dinâmica atacante das duas equipas foram muito superiores.

Até quando dura este Carnaval?

0

eternamocidade

Referiu Julen Lopetegui, na conferência de imprensa de antevisão ao jogo com o Moreirense, que o FC Porto é “uma equipa muito previsível”. Isto porque o técnico espanhol acredita que, jogando em casa ou fora, os portistas têm sempre uma atitude ativa no jogo, em procura da vitória. Esta foi uma ideia trazida devido à questão de um jornalista relativamente à hipótese de o FC Porto ser uma equipa bipolar, tendo em conta as dificuldades para jogar fora de casa. Não posso deixar de afirmar, caro leitor, que a ideia de previsibilidade associada ao FC Porto é algo com a qual concordo. Ainda assim, e ao contrário do que pensa Lopetegui, nem sempre essa caraterística traz aspetos positivos para a equipa. No ano passado, não raras vezes fui criticando o espanhol por ter demorado tanto tempo a encontrar uma equipa base. Contas feitas, foi precisa a eliminação na Taça de Portugal, perante o Sporting, para Lopetegui finalmente perceber em que clube estava .

No final da temporada, sem qualquer título ganho, Lopetegui viu fugirem-lhe nada mais nada menos que seis titulares da época passada (excluo aqui Ricardo Quaresma). De uma vez, o treinador portista teve que mudar tudo, sem que isso descaraterizasse a ideia de jogo portista. A verdade é que, depois do jogo com o V. Guimarães, a ideia que ficou é a de que, por essa altura, as coisas já estavam num patamar acima daquilo que seria expectável. A equipa jogava bem, com intensidade e pressão sobre o adversário e até as ausências de jogadores como Danilo, Oliver ou Jackson Martinez já pareciam esquecidas. Tal como previa na altura, essa era apenas uma imagem provisória do que seria este FC Porto. Infelizmente, esse jogo foi apenas uma gota num oceano que agora se repete no Dragão. Inexplicavelmente, e após uma época onde por culpa própria o título fugiu, tudo parece na mesma. Mesmo dando de barato que é necessário construir uma equipa nova, a verdade é que as mudanças de Lopetegui são algo que a mim ainda me custa a engolir.

E digo isto agora, tal como dizia por esta altura na época passada. Quando somos deparados com uma realidade nova, no futebol como na vida, aquilo que devemos procurar é estabilidade. Nos processos e nas rotinas de jogo, uma equipa será tão mais forte quanto mais depressa encontrar o onze base para atacar a época. A verdade é que, em sete jogos oficiais, Lopetegui ainda não conseguiu repetir sequer uma equipa de um jogo para o outro. Se no quarteto defensivo, até pela falta de opções suplentes relevantes, as coisas estão mais ou menos definidas, a verdade é que é no meio campo que ainda continuam as muitas dúvidas do treinador espanhol. Danilo Pereira, Rúben Neves, Imbula, Herrera e André André são cinco opções para três lugares, tendo em conta que Evandro e Sérgio Oliveira parecem não contar. Aqui a questão principal é que, de jogo para jogo, Lopetegui ainda não percebeu que é pelo meio campo que a equipa tem de crescer. A agressividade tática e a forma como se pode ou não dominar o adversário passa sempre pela batalha do meio campo. Ao longo dos últimos anos, foi sempre por aí que o FC Porto foi melhor . Este ano, e tal como acontecera durante os primeiros meses da época, isso ainda não aconteceu.

lopetegui_vs_rio-ave_301214_n
Lopetegui continua a cometer erros primários
Fonte: fcporto.pt

Depois do jogo com o Benfica, dei por mim a pensar que o tridente Rúben Neves, Imbula e André André seria o escolhido daqui em diante. A verdade é que Lopetegui desmentiu-me apenas cinco dias depois, no jogo com o Moreirense. Sem que nada o justificasse, o treinador espanhol mudou duas das três peças do puzzle e com isso descaraterizou a equipa. Podem-me dizer que não fossem os inúmeros golos falhados e o FC Porto teria ganho facilmente. Isso até pode ser verdade, mas a realidade é que, por esta altura, as incertezas são mais que muitas. E, tal como defendia a época passada, creio que isso acontece mais por culpa do treinador do que propriamente pelas exigências dos adversários. Se Lopetegui o fez apenas para gerir o plantel para o jogo com o Chelsea, então mais uma vez ficou provado que um dos principais pecados do espanhol permanece: o de não perceber o futebol português. Num jogo como o de ontem – e em jogos como o de ontem na Liga Portuguesa – deve-se primeiro “fazer o resultado” e só depois “gerir a equipa”.

A verdade é que, tal como acontecera nos Barreiros, o FC Porto voltou a deitar dois pontos fora de forma inacreditável. Na época passada, os empates com Boavista, V. Guimarães e Estoril no primeiro terço de campeonato provocaram um pequeno atraso que os portistas nunca mais foram capazes de recuperar. Por isso é que, ao ver este início de temporada, fico com a sensação de que já vi este filme e que, de uma vez por todas, o FC Porto tem deixar de entrar neste “baile de máscaras” contínuo, onde nunca se sabe o que podemos esperar. Por fim, outro dos aspetos preocupantes na equipa tem que ver com a sua incapacidade em segurar um resultado. Em Moreira de Cónegos, e tal como  em Kiev, o FC Porto não foi capaz de segurar a vitória . A meu ver, a instabilidade que a equipa sente tem de estar ligada com isto. A equipa não me parece segura e a soma das individualidades parece ser bem maior do que a capacidade coletiva.

É certo que ainda estamos em setembro e o caminho ainda é muito longo, com Campeonato e Liga dos Campeões à cabeça. O problema é que, mesmo faltando ainda muitas voltas nesta maratona, a imagem que fica é de que, passado um ano, nada mudou. Nada mudou no clube, na equipa e, sobretudo, no treinador. Enquanto analista, é isso que verdadeiramente me preocupa. Os erros servem para que quem os comete, possa aprender com eles. Infelizmente, ao olhar para Julen Lopetegui, fico com a sensação de que ele ainda não aprendeu nada.

O West Ham United ao som de Slaven Bilic

0

cab premier league liga inglesa

“Sei que não posso salvar o Mundo sozinho, mas sempre que exista uma luta contra a injustiça, prefiro estar sempre na linha da frente e essa é a minha atitude para com a vida.” – Slaven Bilic, 2013

No seu livro Behind the Curtain, de 2006, o escritor inglês Jonathan Wilson descreve Slaven Bilic como uma pessoa aprazível, com a qual é fácil criar empatia, e faz questão de mencionar que o antigo internacional croata foi o único futebolista, de todos aqueles com quem já privou, que fez questão de pagar o café quando ambos se encontraram numa fria mas soalheira manhã em Split.

Slaven Bilic nasceu a 11 de Setembro de 1968 em Split, na ex-Jugoslávia, e foi no clube local, o HNK Hajduk Split, que o actual técnico do West Ham se fez jogador. Ao serviço do histórico emblema do leste da Europa, Bilic venceu a última edição da taça da Jugoslávia em 1991 e venceu o primeiro campeonato de futebol realizado na Croácia independente em 1992, após a sangrenta guerra dos Balcãs, que retalhou a antiga Jugoslávia do Marechal Tito.

As boas exibições com o HNK Hajduk Split valeram a Slaven Bilic um contrato com o Karlsruher SC, outrora um dos gigantes alemães, ao serviço do qual disputou umas meias-finais da extinta Taça UEFA na temporada 1993-94. Em 1996, Bilic mudou-se de armas e bagagens para Londres, dando assim início à sua primeira aventura no futebol inglês. O talentoso defesa croata chegava ao West Ham United por £1.3 milhões e tornava-se na altura no jogador mais caro de sempre a ser contratado pelos Hammers. Apesar de apenas ter estado em Upton Park pouco mais de um ano, Bilic transformou-se de imediato num verdadeiro ícone entre os fervorosos adeptos do emblema londrino, após ter recusado transferir-se para o Everton, alegando ter uma dívida de lealdade para com o West Ham e querer permanecer na equipa até ao final da época, de forma a ajudá-los na sua luta contra a despromoção. No fim das contas, o West Ham evitou a descida de divisão, ficando no 14.º lugar, e Slaven Bilic teve um papel de elevado relevo nessa dura campanha.

Slaven Bilic aquando da sua passagem pelo West Ham em 1996 Fonte: blog.betway.com
Slaven Bilic aquando da sua passagem pelo West Ham em 1996
Fonte: blog.betway.com

Nesse Verão, o defesa croata mudou-se, então, para Goodison Park, por uma quantia bem superior àquela que os Hammers tinham pagado por ele um ano antes, mas a sua vida em Merseyside não foi fácil, uma vez que apenas disputou cerca de três dezenas de partidas nos três anos em que esteve ao serviço do Everton, algo que os devotos fãs dos Toffees não esquecem e provavelmente nunca lhe perdoarão. Na verdade, Bilic não desaprendeu a jogar futebol após a sua mudança para Goodison Park, mas uma fractura de esforço na anca, contraída no Euro 96 ao serviço da selecção croata, minou definitivamente o resto da sua carreira futebolística, que terminaria poucos anos mais tarde, em 2000, ao serviço do clube que o viu nascer para o mundo do futebol, o HNK Hajduk Split.

Após pendurar as botas, Slaven Bilic mudou-se para o outro lado da barricada e começou a sua aventura como técnico principal no seu clube do coração, o HNK Hajduk Split, ainda que de uma forma transitória, enquanto a equipa croata não escolhia um novo treinador. A sua primeira experiência ao mais alto nível aconteceu na selecção croata de Sub-21, quando ao lado de outra antiga estrela do futebol dos Balcãs, Aljosa Asanovic, liderou a jovem equipa na fase de apuramento para o Campeonato Europeu da categoria em 2006.

A 25 de Julho desse mesmo ano, Slaven Bilic, o letrado advogado que nutre um especial gosto por hard rock e heavy metal, chegou de forma talvez inesperada ao comando da selecção principal do seu país, dando início a uma mudança de paradigma no futebol croata, ao mesmo tempo que começava a destacar-se como treinador. Bilic rodeou-se de antigos internacionais croatas e alguns amigos de longa data (como Robert Prosinecki) para conduzir a Croácia a uma prestação fantástica nos jogos de apuramento para o UEFA Euro 2008 e, mais tarde, no torneio propriamente dito, no qual a sua selecção atingiu os Quartos-de-final, caindo às mãos da Turquia após a marcação de grandes penalidades.

Bilic - O advogado que mistura heavy metal com futebol Fonte: DailyStar
Bilic – O advogado que mistura heavy metal com futebol
Fonte: DailyStar

Seis anos após ter tomado as rédeas da selecção croata, Bilic deixa o comando da equipa pela porta grande e vê ainda hoje o seu trabalho ser reconhecido, não só pelos adeptos, mas também pelos media.

Depois de passagens pelo Lokomotiv Moscovo e pelo Besiktas JK, onde, apesar de não ter ganhado quaisquer títulos, deixou a sua marca e contribuiu, pelo menos com o emblema moscovita, para o aparecimento de jogadores como Aleksei Miranchuk, Slaven Bilic regressou a Upton Park no Verão passado para iniciar uma nova aventura com o West Ham, desta vez de fato e gravata e a partir do banco de suplentes, mas nem por isso com uma atitude menos intensa.

Bilic, que aquando da sua passagem pelo Besiktas JK disse que gostaria de que o futebol da sua equipa fosse tão excitante como os Iron Maiden, chegava assim a Londres numa altura em que o estilo de jogo dos Hammers era mais melancólico e enfadonho que o Greatest Hits do Michael Bolton mas, e em pouco mais de três meses de trabalho, o antigo internacional croata transformou o West Ham numa equipa que reúne elogios um pouco por toda a Inglaterra.

O início desta nova aventura com os Hammers não foi, contudo, fácil, e a eliminação prematura da Liga Europa às expensas do FC Astra Giurgiu da Roménia não deixava antever um futuro muito brilhante para Slaven Bilic neste seu regresso a terras de Sua Majestade.

Apesar de tudo, conforme descreveu Winston Reid (o defesa neo-zelandês do West Ham) numa entrevista à Sky Sports há uns dias, Slaven Bilic reuniu a equipa após a eliminação da Liga Europa e juntos cerraram fileiras, apontando as suas baterias à English Premier League, onde pretendem conseguir um bom resultado.

Slaven Bilic com Dimitry Payet e restantes tropas no jogo contra o Bournemouth em Agosto Fonte: DailyMirror
Slaven Bilic com Dimitry Payet e restantes tropas no jogo contra o Bournemouth em Agosto
Fonte: DailyMirror

Ao fim de sete jogos, o novo West Ham de Slaven Bilic é terceiro, atrás dos gigantes de Manchester na English Premier League, e Winston Reid acredita que isso se deve em grande parte ao trabalho do treinador croata. O defesa dos Hammers fez questão de realçar nessa mesma entrevista que Bilic é um comunicador excepcional, uma pessoa extremamente calma e bastante próximo dos seus jogadores, com ideias inovadoras que cativam e motivam o grupo de trabalho, que, de uma forma geral, gosta de trabalhar com ele.

Numa análise mais aprofundada a este novo West Ham, é fácil apercebermo-nos de que determinados jogadores, como por exemplo Mauro Zaráte e Cheikhou Kouyate, parecem ter-se reinventado, e outros, como Victor Moses e Manuel Lanzini, parecem ter redescoberto o gosto por jogar futebol. É contudo uma das caras novas, Dimitry Payet, quem está a reinventar a forma como a equipa ataca. O médio ofensivo francês de 28 anos tem sido um jogador em destaque na liga inglesa até ao momento e é já considerado por muitos um dos jogadores estrangeiros mais talentosos a actuar no país.

Slaven Bilic é uma lufada de ar fresco no futebol inglês e também quiçá no futebol do velho continente. O seu sotaque inglês, uma mistura do londrino com o de Liverpool, já conquistou os adeptos exigentes do país de Sua Majestade e nem a derrota contra o Leicester City na Capital One Cup e o empate caseiro a dois golos com o Norwich City FC no passado Sábado fazem desarmar o entusiasmo que existe actualmente em seu redor e em redor do seu novo West Ham United FC.

Foto de Capa: ESPN