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O Clássico de Alfred Hitchcock

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Há uns anos, numa noite como outra qualquer, decidi rever um filme de Alfred Hitchcock. Por motivos que desconheço – provavelmente algo do foro psicológico – viciei-me totalmente, o que me levou a consumir avidamente e em tempo recorde a esmagadora maioria da sua (longa) obra. À distância, vejo nesse período um acto voluntário de masoquismo: qualquer filme de Hitchcock é excepcional e superior; no entanto, de natureza maligna – um veículo de sensações desagradáveis, de tensão e angústia. Durante duas horas, seguimos o herói – perdido num contexto que lhe é estranho e inquietante – e sofremos, invariavelmente, das suas dúvidas e temores. Hitchcock serviu-se da ficção para expiar problemas reais: fobias de infância e adolescência, causadas pela severidade do pai e do colégio. Esses traumas deram origem à sua linguagem cinematográfica, porém, jamais o permitiram (ou à sua consciência) ir para além do pontual humor negro – não foi, em todo o caso, o pior exemplo do uso dado a um conjunto de frustrações e complexos.

A visita ao Estádio do Dragão é um filme deste género (e esta deve ser a comparação benfiquista mais simpática alguma vez feita). Hitchcock reclamava não se importar com o assunto dos seus filmes, nem com a moral ou a mensagem. Simplificando, apenas lhe interessava incomodar o espectador. Como tal, é necessariamente assim – sem tirar, nem pôr –, que qualquer benfiquista (ou qualquer bom adepto do próprio jogo) visiona esta película. Desde o genérico de abertura (que o realizador sempre utiliza), o ambiente é carregado a preto e branco: uma hostilidade primária e autóctone, feita por sombras e sons (embora piores que os de Bernard Herrmann), acossando o nosso herói e quem o apoia.

Na Luz, os filmes são sempre a cores vivas e alegres Fonte: Sport Lisboa e Benfica
Na Luz, os filmes são sempre a cores vivas e alegres
Fonte: Sport Lisboa e Benfica

O universo de Hitchcock é imprevisível e quando lá mergulhamos sabemos de antemão que, por vezes, não basta ser-se jovem e bonito; que nem sempre o bem vence o mal. Na sessão de domingo, o protagonista passou duas horas confinado às quatro linhas, dando o seu melhor, dividindo o controlo e justificando a repartição dos louros. No entanto, o cinéfilo é experimentado e realista: sabe que quem manda nesta produção é o Mestre do Suspense – com total controlo do argumento –, dirigindo os noventa minutos ao jeito que lhe convém. Se lhe apetecer, a acção decorre com factos improváveis: se não há corvos e gaivotas, arrancam-se uns olhos com bolas de golfe; na ausência de Anthony Perkins, arranja-se um Maicon de pitões em punho no papel de Norman Bates – tudo em prol do sucesso do thriller psicológico.

Desconheço as frustrações que originaram esta linguagem artística mas, como apaixonado por cinema e futebol, devo admitir: se é para causar repulsa, funciona muito bem, com a vantagem de não perder o efeito de ano para ano. Alfred Hitchcock não faria melhor.

P.S.: Não gosto de perder, obviamente; muito menos de ver o Benfica a quatro pontos do primeiro lugar. No entanto, esta semana deixo para outros as análises técnicas e tácticas e dou-me por satisfeito, apenas, por termos já cumprido a etapa anterior. No sábado, a sessão é já noutro palco – por vezes, a qualidade dos técnicos e actores pode, eventualmente, provar-se inferior; e o vilão, no final, até pode mesmo vencer. No entanto, as matinés na Luz são para a toda a família: é futebol. E quando o golo é nosso, as crianças apanha-bolas gritam o seu amor pelo Benfica, nunca o ódio pelo adversário.

Futsal: São 5 contra 5 e no fim ganha o Brasil

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cab futsal

Na madrugada de terça para quarta-feira passadas pudemos assistir a um verdadeiro encontro de estrelas na Arena Castelão, em Fortaleza, curiosamente um dos palcos do Mundial 2014 em futebol de 11. Não, não é um equívoco da minha parte; foi mesmo colocado um recinto de Futsal no relvado, isto com o intuito de bater o recorde de espetadores numa partida de futsal, fixado em Setembro de 2014, num sempre escaldante Brasil x Argentina (56483). Este objetivo não foi alcançado, por larga margem, uma vez que apenas 11444 assistiram ao jogo no estádio.

Outro dos grandes pontos de interesse no jogo era o encontro entre duas lendas-vivas da modalidade, Ricardinho e Falcão. Se é praticamente unânime admitir que o atual melhor do mundo é o nosso Ricardinho, Falcão é uma estrela do futsal mundial, o melhor da história, já em fim de carreira e regressado após longa paragem por lesão. Vou agora fazer um resumo do jogo, que viu a seleção portuguesa entrar algo apática e pouco ativa na partida, remetendo-se à sua área defensiva e pouco mais. Aproveitou o Brasil para se adiantar no marcador aos cinco minutos de jogo, por intermédio de Xuxa, que disferiu um disparo para o fundo das redes lusitanas após um canto na direita. Portugal não se conseguia recompor e o Brasil, pouco depois, ampliou, através de um remate de meia distância do guarda-redes Tiago, numa jogada em que os jogadores portugueses não acompanharam devidamente o guardião canarinho, que aproveitou de forma exímia a oportunidade. Apesar de o resultado ao intervalo não ser nada favorável, podia ainda ter sido mais pesado, não fosse uma grande defesa de Bebé, após um forte remate de Falcão. O intervalo trouxe um Portugal renovado, que tentou a todo o custo contrariar o favoritismo brasileiro.

Jorge Braz alterou o guarda-redes, entrando Vítor Hugo, e o certo é que ele entrou muito bem na partida, fazendo uma série de boas intervenções, evitando assim um terceiro golo, que sentenciaria em definitivo o encontro. E mesmo em termos ofensivos a equipa portuguesa melhorou muito, tornando-se mais perigosa no ataque e aproveitando para encostar o Brasil “às cordas”, graças ao golo de Fernando Cardinal a cerca de 7 minutos do fim, colocando a diferença mínima no marcador. A partir daí, e até ao apito final, criámos um punhado de boas ocasiões para igualar o marcador mas infelizmente não foi possível alcançar o empate. Deixo uma palavra para o selecionador português, que na minha opinião deveria ter apostado mais cedo no 5×4, pois só no último minuto o fez.

Continua assim a “maldição” portuguesa contra o Brasil, que em 20 anteriores encontros o melhor que fez foi empatar em quatro ocasiões. Mas pelo que deu para ver, pelos últimos minutos do encontro, Portugal teve momentos muito bons e isso permite-me acalentar esperanças para os próximos desafios, de que jogando olhos nos olhos podemos bater qualquer seleção do mundo.

Foto de Capa: Facebook ‘Seleções de Portugal’

Son Heung-Min: De deixar os olhos em bico!

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cab premier league liga inglesa

O futebol asiático tem vivido um crescendo incrível nos últimos tempos. Os países orientais têm investido no futebol com largos milhões, mas não só em comprar estrelas reformadas. Os países asiáticos têm investido na formação e na abertura ao resto do mundo, e as mais recentes estrelas, como Son Heung-Min ou Kagawa, têm comprovado isso.

É um mercado para o qual se deve olhar mais e com infinitas oportunidades, numa altura em que o mercado sul-americano começa a ficar saturado. No Oriente podemos encontrar outro tipo de jogadores, com características diferentes e que podem levar a uma grande melhoria no futebol europeu. Son é o mais recente, e sonante, exemplo. O jovem sul coreano já nos tinha deixado de água na boca ao serviço do Leverkusen, onde jogava na zona central do último terço, umas vezes como médio ofensivo, outras como avançado. Nos Spurs tem-nos deliciado com uma jogabilidade que ocupa toda a frente de ataque. Tem jogado na ala direita, lugar preferencial para receber a bola com o requinte de Eriksen e de a entregar com toda a precisão coreana a Kane. A verdade é que Son não se limita à ala direita, entrando várias vezes para o corredor central, uma das principais razões que explicam as últimas excelentes exibições que culminaram com 3 golos em 3 jogos.

Son tem tudo o que um outro qualquer bom médio ofensivo europeu ou sul-americano poderia ter: qualidade de passe, velocidade e um excelente remate à distância. O que o diferencia? O rigor, a cultura táctica que tão bem caracteriza os orientais, tanto no desporto como em tantas outras coisas da vida. Son tem uma excelente cultura táctica, sabe ler o jogo e não faz um acto sem um propósito. Com isto podia-se pôr de parte a criatividade, uma vez que esta é uma qualidade que tantas vezes se opõe ao rigor e precisão, mas não. Son consegue alienar a criatividade, consegue romper e desmarcar companheiros de equipa, marcar e dar a marcar. É isto que faz dele uma das maiores promessas do mundo, são estas as características que, na Coreia, lhe valeram o apelido de ‘Sonaldo’.

Legenda: O sul coreano é a mais recente estrela a actuar em White Hart Lane Fonte: Facebook Oficial do Tottenham
Legenda: O sul coreano é a mais recente estrela a actuar em White Hart Lane
Fonte: Facebook Oficial do Tottenham

O futebol asiático já teve um representante de peso na Premier Legue, de seu nome Kagawa. Infelizmente não deu certo, a meu ver pelo facto de tanto Ferguson como Moyes insistirem de forma abusiva em colocá-lo na lateral esquerda quando o japonês é um nítido 10, de alma entregue ao jogo para percorrer todo o campo, dar e receber e, de vez em vez, desencantar um belo golo. Agora é a vez de Son; os primeiros tempos prometem e o facto de jogar na lateral direita e não como segundo avançado fazem esquecer o que poderiam ser as suas maiores debilidades na liga inglesa: o jogo aéreo e o seu físico. O facto de jogar onde joga dá-lhe liberdade para romper e maior competência para cruzar do que para cabecear. Em poucas palavras: tem tudo para dar certo!

Esperemos que este homem deixe a Europa de olhos em bico, que dê alento a esta equipa londrina, que tanto precisa. Acima de tudo, que seja um “embicar” de olhos para todos os olheiros começarem a olhar mais para o Oriente como uma janela de oportunidades, como um mercado emergente onde se podem inventar bons negócios e onde se podem achar grandes pérolas com características muito enriquecedoras, sobretudo para equipas que apostem no rigor táctico.

Foto de Capa: Facebook Oficial do Tottenham

Futsal: Campeão sorri após dura batalha no Fundão

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cab futsal

Primeiro vou falar sobre um assunto já habitual nas minhas colunas semanais, isto é, o resumo da jornada da Liga Sport Zone de futsal, o principal escalão do nosso país. Atendendo ao que se tinha visto há menos de um mês, na Supertaça, as expectativas no que concerne ao jogo entre o SL Benfica e a AD Fundão estavam bastante elevadas. E, para não variar, a partida que decorreu no passado fim-de-semana no Pavilhão Municipal do Fundão não as defraudou em nada. Foi um duelo emocionante, com bons golos, muita emoção e alguma polémica à mistura, que começou com o Benfica a dominar as operações e a criar algumas situações de perigo, embora desta feita o Fundão se mostrasse bem mais atrevido do que na Supertaça, repartindo as ocasiões de perigo com os encarnados.

Até que, aos cinco minutos, e após uma bela jogada coletiva das “águias “, Ré aparece solto à entrada da área, conseguindo desfeitear Iogo Barro e inaugurar assim o marcador. Depois vem a fase turbulenta do jogo, com dois lances polémicos na área do Benfica; primeiro, com cerca de 10 minutos no encontro, Alessandro Patias toca com a mão na bola e o árbitro não tem dúvidas em apontar para a marca de grande penalidade, mas pouco depois voltou atrás na decisão. Não deu para perceber o que o árbitro assinalou, por isso não me vou alongar mais; e, pouco depois, o guarda-redes Juanjo toca com as mãos na bola no limite da área e recebe cartão amarelo. Ora, vendo a repetição várias vezes, dá a sensação de que o GR benfiquista está no limite da área, logo dentro. A polémica está na cor do cartão a mostrar a Juanjo, que caso o juiz da partida entenda que o guardião espanhol comete infracção, é automaticamente vermelho. Voltando ao encontro, eis que aos 13 minutos Tiago Soares empata, num contra-ataque rápido, em que a bola embateu no guarda-redes encarnado e entrou lentamente na baliza do Benfica. Perto do intervalo, o golo de Fernando Wilhelm, que desempatou o jogo a favor das “águias”. O jogo manteve este resultado até quase ao fim, altura em que Alessandro Patias aproveita o 5×4 da turma beirã para marcar o golo que resolve o jogo e fixa o resultado final, 1-3 a favor do Sport Lisboa e Benfica.

O Sporting entrou a perder mas conseguiu dar a volta Fonte: Facebook Futsal Sporting
O Sporting entrou a perder mas conseguiu dar a volta
Fonte: Facebook Futsal Sporting

De resto, destaque para a vitória natural do Sporting Clube de Portugal frente ao Modicus por 7-1, apesar de ter começado a perder, com um golo de Gabriel. Mas, a partir daí, notou-se bem a diferença de andamento entre as duas formações e o avolumar do resultado registou-se de forma natural. O Sporting Clube de Braga venceu a Quinta dos Lombos por 4-0, com um triunfo construído por inteiro na segunda metade; entre os 22 e os 27 minutos surgiram todos os 4 golos bracarenses.

Os Leões de Porto Salvo foram surpreendidos em casa pela Burinhosa, equipa do distrito de Leiria, que foi até aos arredores de Lisboa vencer por 1-3. Destaque também para a campanha 100% vitoriosa do SL Olivais, que partilha a liderança com o SL Benfica, e que nesta jornada foi vencer a Coimbra, no reduto do CS São João (4-7). O Belenenses logrou vencer no terreno do Gualtar, por 3-5. A equipa do distrito de Braga partilha a lanterna vermelha com o CS São João, com três derrotas em outros tantos jogos, e, embora ainda haja bastante tempo para recuperar, não é claramente uma posição cómoda para se estar. Finalmente, empate entre Rio Ave e Boavista, com a turma de Vila do Conde a somar o seu primeiro ponto nesta edição do campeonato.

Foto de capa: Facebook do Benfica

Ogier campeão; Fontes ainda espera

cab desportos motorizados

Há coisas que já se sabe desde o início, e que Ogier ia ser o campeão do mundo de ralis de 2015 é uma delas. Foi preciso esperar até ao fim de semana passado para o título ser confirmado, mas já há muito que se sabia que mais cedo ou mais tarde Sébastien Ogier iria chegar ao seu terceiro título consecutivo, quando ainda faltam três provas para o fim do WRC.

O homem da Volkswagem venceu a sua sétima prova deste ano e mostrou, mais uma vez, que é o homem a bater. A marca alemã também tem o carro a bater, já que os três primeiros lugares do Mundial são ocupados pelos três pilotos da VW.

A prova do título foi na Austrália, e a VW quase conseguia o pódio completo, mas uma penalização de 10s a Mikkelsen a duas especiais do fim atirou o finlandês para o quarto posto. O pódio ficou assim com Ogier, Latvala e Meeke, que conseguiu assim meter o seu DS3 WRC entre os Polo WRC. O britânico ainda chegou a liderar a prova, mas o último dia não lhe permitiu chegar à vitória.

Em Portugal, a uma prova do fim, ainda não temos campeão, depois de um Rali de Mortágua onde Fontes começou por dominar mas dois azares o afastaram da vitória e depois levaram mesmo à desistência.

Um destes homens será o campeão nacional de 2015 Fonte: www.sportmotores.com
Um destes homens será o campeão nacional de 2015
Fonte: www.sportmotores.com

Mas Ricardo Moura não conseguiu aproveitar da melhor maneira esta desistência e ficou em terceiro lugar, a apenas meio segundo de Carlos Martins, que conseguiu o seu segundo pódio do ano e igualou o seu melhor resultado no Nacional de Ralis. A vitória foi para o campeão nacional Pedro Meireles, que assim se estreou a ganhar com o Fabia R5.

O meio segundo que separou Moura do segundo lugar e os consequentes menos três pontos na classificação podem ser decisivos numa luta pelo título, que se espera até à última no Rali do Algarve, que se disputa em novembro. O açoriano queixou-se do tempo que perdeu na quarta especial, pois ficou a apanhar o pó levantado pelo carro de Fontes, que tinha parado para trocar um pneu, mas de nada serviu esta queixa.

Para o Algarve as contas são as seguintes: Fontes vai em primeiro com 145,5 pontos enquanto Moura vai com 136, no entanto, as piores pontuações de cada um são descontadas e, neste caso, Fontes perde 1,5 pontos e Moura apenas 0,5, ou seja, a diferença pontual à partida é de 8,5 pontos.

Para Moura ser campeão as vitórias em especiais serão fundamentais, já que sem estes 0,5 pontos/especial apenas a vitória de Moura e o quarto lugar de Fontes dariam o título ao piloto açoriano.

Foto de capa: Sébastien Ogier

Riyad Mahrez: magia no estado mais puro

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cab premier league liga inglesa

O dinheiro não pode comprar tudo. É insignificante (ou devia ser), mesmo quando os sonhos nos hipnotizam e nos deixamos levar para uma realidade onde queremos ficar. Não há dinheiro que pague a imaginação e a magia que vem atrás dela.

Ou vice-versa. Riyad Mahrez tem-nos exemplificado isso mesmo desde o começo da Premier League, quando parte das alas para o meio, conduzindo a bola numa progressão que deixa um rasto de fantasia e que nos leva, numa viagem alucinante, para um futebol utópico, em que o talento e o trabalho de um jogador é tudo o que importa no desporto, uma realidade na qual vencem os bons da fita, os ilusionistas da bola, os “entertainers”, ladrões de espectáculo, razões da atenção e do preço do bilhete. Atracções principais que nos remetem para tempos que a indústria e o dinheiro tentam destruir, mas cuja memória jamais será apagada. São tempos idos, em que a comissão de um empresário não tinha influência na transferência de um jogador, em que o amor à camisola significava alguma coisa e em que os contratos eram cumpridos.

Tempos ingénuos, talvez, mas livres da malvadez que a ganância arrasta e em que uma das coisas que compensava o sacrifício de uma semana “encharcada” de trabalho eram os raios de sol emanados pelo espectáculo, a magia de um qualquer talento que enchesse as tardes dos fins-de-semana.

Mahrez não faz valer o fim-de-semana para o comum adepto de futebol, mas consegue remeter-nos, em fracções de segundo, com uma simulação, um drible ou um passe magistral, para os tempos mais puros da bola.

No último fim-de-semana, voltou a brilhar. A sua equipa estava em dificuldades e conseguiu inverter o rumo dos acontecimentos. De penalty reduziu uma desvantagem de dois golos e, cerca de 15 minutos mais tarde, serviu Vardy para a igualdade. Assim terminou o encontro, 2-2 e mais um ponto somado para o Leicester num terreno sempre complicado como o Stoke-on-Trent, frente a jogadores como Shaqiri, Odemwingie, Bojan ou Peter Crouch.

Quando a bola chega aos pés de Mahrez, o futebol é outro. Fonte: Facebook do Leicester
Quando a bola chega aos pés de Mahrez, o futebol é outro.
Fonte: Facebook do Leicester

Essa foi a última. A primeira aconteceu em casa, frente ao Sunderland, a quem apontou dois golos, atirou uma bola ao poste e serviu de responsável para uma exibição fantástica da sua equipa (jogador da jornada, para o Bola na Rede – http://www.bolanarede.pt/internacional/ligainglesa/liga-inglesa-uma-primeira-jornada-refrescante/). Seguiu-se o West Ham, e o argelino voltou a não desiludir. Mais um golo e contribuição decisiva para a vitória sobre uma equipa que havia vencido o Arsenal no Emirates, na jornada passada. O Tottenham foi o adversário que se sucedeu e voltou a ser a fiugra do jogo, com um golo (numa resposta imediata ao tento adversário), uma bola ao poste e muito futebol, que ajudou a sua equipa rumo a um ponto precioso frente a um adversário com mais responsabilidades. Esteve um bocado apagado frente ao Bournemouth, mas “voltou” ante o Aston Villa – a perder por 2-0, o Leicester, impulsionado pela crença e a magia de Mahrez, deu a volta ao marcador, com o argelino a contribuir com duas assistências.

Uma regularidade destas não se compra. São momentos mágicos que alegram as vidas dos adeptos dos foxes e de muitos adeptos de futebol, que já despertam a curiosidade dos tubarões europeus e que, ao mesmo tempo, os envergonham pelo custo que Mahrez teve e tem para o Leicester – recebe meio milhão de libras ao ano, o valor pago, por exemplo, pelo Liverpool a um jogador como Roberto Firmino (com rendimento desportivo incomparável, de tão baixo, ao de Mahrez esta temporada) ao fim de 1 mês de trabalho e o preço pago pela sua transferência foi de 750 mil euros… cerca de 39 vezes menos que o dispendido pelo brasileiro!

A magia de Mahrez ilustra que o dinheiro não compra tudo e que, com um bom departamento de scouting e bons potenciadores de talento, embora não se podendo voltar atrás, pode dar-se o passo em frente que o desporto (e não a indústria) mais bonito do mundo ficou de dar por imposições… empresariais.

Obrigado, Riyad!

Foto de Capa: Facebook de Mahrez

Quem é que é o sucessor de Carrillo?

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sporting cabeçalho generíco

Não se fala de outra coisa no mundo do futebol em Portugal nos últimos dias e as capas dos principais jornais desportivos fazem referência a este assunto diariamente. O extremo peruano ainda não mostrou interesse em renovar o seu vínculo contratual com os leões, e os dirigentes leoninos já o afastaram da equipa principal, o que levou a que, no encontro frente ao LokomotivCarrillo não tenha sequer sido convocado, contribuindo para o aumento da polémica em torno deste tema.

A novela ‘renovação de Carrillo’ já se vem estendendo há alguns meses, mas agora o assunto intensificou-se, ainda para mais com o interesse de Benfica e FC Porto em adquirirem o atleta já no mercado de transferências de Janeiro. Os dirigentes leoninos colocaram mão no assunto, deixaram o jogador de fora do jogo da Liga Europa, e enquanto não renovar contrato não joga mais com a camisola verde e branca.

A ausência do extremo peruano é uma dor de cabeça para JJ
Fonte: Facebook Oficial do Sporting Clube de Portugal

Mas agora, não é disso que estamos aqui a tratar. Afinal, quem é que JJ tem para suceder ao extremo internacional peruano?!

As alternativas são escassas; três, para ser mais específico: Carlos Mané, Gelson Martins e Bryan Ruiz são as cartas que o técnico tem à sua disposição.

Comecemos por Mané. É um jovem já com provas dadas na equipa principal dos leões e tem tudo para se tornar num grande jogador. Com a provável saída de Carrillo, o extremo português tem o seu lugar no onze de JJ ainda mais vincado.

Na sua terceira época no plantel principal, Mané será a aposta mais natural
Fonte: Facebook Oficial do Sporting Clube de Portugal

Bryan Ruiz também é hipótese para substituir o peruano, no entanto, a posição natural do costa riquenho é a posição ‘10’. Jorge Jesus pode colocá-lo a jogar numa das extremas (se bem que a sua preferencial seja a esquerda). Poderia ter sido uma boa alternativa no jogo frente ao Lokomotiv; colocar Carlos Mané na direita, e Bryan Ruiz na esquerda.

Ruiz tem sido opção regular, mas continua sem convencer
Fonte: Facebook Oficial do Sporting Clube de Portugal

Gelson Martins tem muito potencial, não digo que não, mas ainda tem de crescer muito como jogador. Ainda é muito ‘virgem’, precisa de minutos e, acima de tudo, experiência neste tipo de competições de grande nível. Foi um erro ter colocado um jovem que ainda nem meia dúzia de jogos fez pela equipa principal a jogar de início, com toda a pressão que envolve um jogo da Liga Europa.

A nova pérola leonina tem-se afirmado na equipa principal
Fonte: Facebook Oficial do Sporting Clube de Portugal

Em suma, na minha opinião a melhor alternativa a Carrillo, no caso de este se ir embora, passará por colocar Ruiz a jogar na posição de extremo, pelo menos até abrir o mercado de Inverno. E, depois, ir ao mercado reforçar-se com um extremo que tenha provas dadas, para lutar logo pelo seu lugar no onze de Jorge Jesus.

Mas uma coisa é certa: se Carrillo não quer renovar, que não jogue mais com o leão ao peito!

Fonte da foto de capa: Fonte: Facebook Oficial do Sporting Clube de Portugal

Pau Gasol, O Rei da NBA

cab eurobasket

Cada dinastia tem, em média, direito a dois ou três reis – só em Espanha, existem tronos e reis para todos os gostos. No pavilhão, rodeado por torreões com cestos, governa Pau Gasol, um catalão que necessita, apenas, de uma bola laranja para derrubar Impérios inteiros. Durante todo o último mês, este gigante carregou sobre a Europa do basquetebol – num campeonato disputado em quatro países (Letónia, Croácia, Alemanha e França), devido à instabilidade na Ucrânia. A “fúria” derrubou turcos, germânicos, tomou a Bastilha e, vencidas as grandes batalhas, recuperou o “seu” trono, numa final de consagração, perante uma esforçada Lituânia.

Foi o terceiro título europeu da Espanha (2009, 2011 e 2015), talvez o mais difícil – e que, a certa altura, chegou mesmo a parecer improvável. O exército “rojo” apresentou-se privado de jogadores como os “norte-americanos” Marc Gasol, Ricky Rubio e José Calderón e Juan Carlos Navarro, do Barcelona; na fase de grupos, somou duas derrotas (com a Sérvia e a Itália) e chegou com (muitas) dificuldades aos oitavos-de-final, após uma apertada vitória (por 77-76) sobre a Alemanha.

Pau Gasol liderou a “fúria” espanhola
Pau Gasol liderou a “fúria” espanhola

No entanto, nunca um jogador terá sido tão decisivo como Pau Gasol, o destruidor de sonhos: como o da França, campeã em título, a quem marcou 40 (!) pontos, na meia-final da prova, cruelmente disputada em território gaulês – a certeza de o basquetebol ser um jogo colectivo saiu, dessa vez, algo combalida. No final, o balanço é esclarecedor: Gasol fixou médias de 25,6 pontos, 8,4 ressaltos e 2,3 desarmes de lançamento; a eleição de melhor jogador do campeonato foi unânime. O poste dos Chicago Bulls – e que bem lhe fica aquele encarnado – atinge, aos 35 anos, a sua plenitude enquanto atleta e basquetebolista.

Terminada a final de Lille, com o placard a marcar 80-63 para a Espanha, Sua Majestade levantou os braços para o público e, ao som dos (muitos) assobios franceses, festejou o regresso ao trono do basquetebol europeu – curiosamente, ao mesmo tempo, o seu súbdito Filipe II aplaudia nas bancadas.

Fotos: Facebook Oficial de Pau Gasol

Sporting 1-0 Nacional: Com Slimani, quem precisa do veneno da cobra?

porta

Na ressaca de uma derrota caseira pouco expectável frente ao Lokomotiv, o Sporting apresentou-se em Alvalade para o jogo frente ao Nacional da Madeira disposto a continuar na liderança da Liga NOS. De novo sem o André Carrillo nos convocados, Jesus voltou a apostar em Gelson Martins no onze titular; Slimani também voltou ao onze, assim como Naldo, num sinal claro de que este jogo era de vital importância para Jorge Jesus e seus discípulos.

O início da partida trouxe Slimani a tentar agitar as águas de forma célere, mas com o passar dos primeiros quinze minutos o jogo acabou por entrar num registo mais morno. Gelson conseguiu aqui e ali chamar a atenção do público presente, público esse que tanto anseia por ver na jovem pérola leonina o substituto natural do extremo peruano. Do lado oposto, Ruiz parecia ser a peça menos em foco dos leões, com algumas decisões lentas e faltas de entendimento com a linha avançada.

À passagem da meia hora de jogo, Nuno Sequeira foi expulso por acumulação de amarelos, após falta sobre Islam Slimani, ficando algumas dúvidas sobre a severidade com que o árbitro Fábio Veríssimo puniu o defesa do Nacional da Madeira. Apesar de ter aumentado o perigo perto da baliza dos madeirenses, os leões voltaram a ter dificuldades num capítulo essencial do jogo, a finalização, sendo assim natural o nulo com que se chegou ao intervalo, mas não sem antes de Slimani ter visto a cartolina amarela, após protestos.

Slimani e Teo foram de novo aposta na frente de ataque
Fonte: Facebook do Sporting Clube de Portugal

Uma primeira parte que veio, um pouco contra as primeiras impressões da partida, mostrar as fragilidades que o Sporting tem no que toca a criar situações claras de golo. Muita posse, algum caudal ofensivo de relevo, mas poucas oportunidades para fazer golo.

Foi sobre este mesmo registo que se iniciou o segundo tempo. Slimani, sempre ele, chegou a ter por duas vezes a hipótese de alvejar a baliza do Nacional, mas em ambas as situações a concretização não foi a ideal. A primeira mexida de Jorge Jesus, com a entrada de Montero para a saída do compatriota Gutiérrez , fez mexer o jogo leonino, conseguindo “el avioncito” entender-se de forma mais concisa com Slimani; mas o Sporting começava a dar sinais de intranquilidade, contra um Nacional reduzido a dez elementos e cada vez mais preocupado em defender o resultado que lhe garantia um ponto, começando a jogar com o relógio e com o nervosismo leonino.

O jogo foi se desenrolando até aos derradeiros minutos, com um Sporting instalado no meio campo contrário, com muita posse de bola mas raramente incomodando Rui Silva, que continuava a perder muito tempo nas reposições de bola. O golo leonino acabou por surgir numa jogada de entendimento entre dois jogadores lançados por Jorge Jesus na segunda parte; Mané assiste Fredy Montero com um pormenor digno de relevo e o avançado “cafetero” atira para o solitário tento da partida.

Esta foi a primeira vitória do Sporting de JJ sem golos sofridos para o campeonato, um registo que já não acontecia desde a conquista da Supertaça de Portugal frente ao rival Benfica. O Sporting continua a ser uma equipa em construção e em crescimento, mas com um claro défice na concretização. Este jogo demonstrou também a importância que Super Sli tem na equipa verde e branca. O argelino é a principal referência no ataque, servindo também de um apoio para tabelas para os seus colegas.

A Figura:

Curva Sul – Na primeira noite de Outono, que trouxe consigo o frio, os adeptos leoninos demonstraram a lealdade habitual, com a presença de trinta mil pessoas nas bancadas. Bastante bom para um jogo realizado às 21 horas de uma segunda feira.

O Fora de jogo:

Bryan Ruiz – O costa-riquenho continua sem deslumbrar em Alvalade. Um jogo a passada lenta, com demora nos processos e repetidas faltas de comunicação. A precisar de descanso após dois anos com poucas férias.

Belenenses 2–0 Moreirense: marcar cedo para depois gerir

futebol nacional cabeçalho

Calor abrasador no Restelo para receber duas equipas que ainda procuravam a primeira vitória na presente edição do campeonato. Ao trazer um motivador empate da Polónia na estreia na fase de grupos da Liga Europa, o Belenenses podia, pois, encarar o encontro de hoje com optimismo. Procurando um golo cedo para desatar o jogo, foi o Belenenses que partiu para cima do Moreirense logo nos primeiros minutos. Mesmo com a equipa de Miguel Leal a apresentar bons argumentos ofensivos – a ausência de Rafael Martins é uma grande baixa neste Moreirense – para contrariar o teórico favoritismo da equipa do Restelo, foi a equipa de Sá Pinto a inaugurar o marcador. Nem dez minutos se tinham passado quando um bom cruzamento rente à relva de Carlos Martins encontrou Luís Leal solto na área, que não teve dificuldades em encostar para as redes de Stefanovic.

O golo do cabo-verdiano mexeu com o Moreirense e a equipa visitante tomou as rédeas do jogo até ao intervalo. Ora por Iuri Medeiros – o extremo emprestado pelo Sporting oferece boa mobilidade ao ataque -, ora por Ramón Cardozo, o conjunto de Miguel Leal assustou Ventura por diversas vezes. Ainda assim, era o Moreirense a jogar e o Belenenses a marcar: a meio da primeira parte, um excelente envolvimento ofensivo dos azuis do Restelo culminou no segundo golo, apontado por Miguel Rosa. Mais uma assistência para Carlos Martins e o Belenenses colocava-se confortável no jogo. O resultado ao intervalo poderia ter sido ainda mais pesado para a equipa de Moreira de Cónegos, pois o penálti falhado por Carlos Martins (falta de Danielson sobre Luís Leal) praticamente sentenciaria de imediato a partida. Ao intervalo era mais feliz a equipa mais eficaz e não aquela que explanava o melhor futebol no relvado do Restelo.

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Pouca gente no Restelo para assistir à primeira vitória do Belenenses no campeonato

Com uma confortável almofada no marcador, ao Belenenses apenas cabia gerir a vantagem alcançada nos primeiros 45 minutos. Soube fazê-lo de forma tranquila, já que o Moreirense não foi capaz de manter a toada ofensiva que demonstrara na primeira parte e várias vezes se deixou cair na armadilha do fora-de-jogo. Ventura foi quase um mero espectador durante toda a recta final do encontro. A quebra da energia eléctrica, que interrompeu o encontro durante cerca de 20 minutos, fez esmorecer ainda mais a pouca dinâmica que ambas as equipas trouxeram dos balneários. Vitória justa do Belenenses, que deu uma resposta positiva à goleada sofrida na última jornada no Estádio da Luz, já depois do bom resultado europeu na Polónia. Ainda assim, melhor o resultado propriamente dito do que a exibição, visto que a madrugadora vantagem permitiu à equipa da casa instalar-se a seu bel prazer no encontro. Os reforços Luís Leal e Kuca dão bastante mobilidade e criatividade no sector ofensivo do conjunto de Sá Pinto e fazem deste Belenenses um candidato aos lugares europeus nesta época.

A Figura:

Carlos Martins – Apesar de ter saído aos 60 minutos, dando lugar a Sturgeon, o médio português fez as duas assistências para os golos da vitória. Mesmo om o desperdício um castigo máximo, a dinâmica ofensiva que imprimiu resultou em várias boas combinações com o trio da frente: Kuca, Miguel Rosa e Luís Leal.

O Fora de jogo:

Moreirense – Apesar da boa imagem deixada na primeira parte, a classificação nao mente: 0 vitórias em 5 jornadas são o espelho de uma equipa que ainda se está a encontrar e se viu hoje privada daquele que é o seu melhor jogador: Rafael Martins. Ao Bola na Rede, Miguel Leal disse que a equipa está algo intranquila por jogar bem mas não obter bons resultados, mas refere que a falta de conhecimento entre os jogadores é um dos motivos para a ausência de triunfos. Ainda assim, o técnico deixou uma mensagem de confiança, afirmando que, assim que estiver mais entrosada, esta equipa conseguirá aliar as boas exibições aos bons resultados.

Artigo de André Conde e Francisco Vaz de Miranda