Sabia-se de antemão, e sobretudo após a derrota do União no derby com o Nacional, que pelo menos um dos intervenientes deste encontro iria integrar a liderança, de forma isolada ou não, da tabela classificativa da Liga NOS.
Mas a imprensa só falava na possibilidade de um o conseguir. Dizia-se que o Benfica podia chegar à liderança isolada, ganhando, cedo, pontos aos rivais. Algo que até se compreende, pela história (nos últimos sete jogos entre ambas as equipas, o Benfica vencera seis e empatara um), pelo facto de os encarnados disporem de uma massa associativa maior que os arouquenses (mais de 90% das 25 mil almas presentes no Estádio Municipal de Aveiro seria benfiquista) que os fazia jogar praticamente em casa, e ainda pelo maior investimento feito na sua equipa.
Apostados em contrariar o barulho dos media e dos adeptos encarnados, os jogadores às ordens de Lito Vidigal mostraram logo que não se deviam ter esquecido deles na batalha pela liderança e aos 3 minutos adiantavam-se no marcador, por intermédio de Roberto, que aproveitou uma dessincronização da defesa encarnada (Luisão estava a colocá-lo em jogo e Nélson Semedo não o acompanhou devidamente) para ter a sua estreia a marcar na Liga.
A demonstração de força do Arouca não se ficou por aqui e aos 9 minutos Roberto esteve perto de bisar, isolado, perante Julio César, mas este evitou males maiores para as suas cores…
… que só impulsionadas por rasgos de génio de Gaitán conseguiram reagir, com o argentino a rematar, perigoso, para fora. O Arouca voltaria a criar perigo, e a desperdiçá-lo (Roberto, outra vez), mas Bracali já tinha feito questão de começar o “one man show” que garantiu três pontos e a liderança isolada para a sua equipa: depois de Jonas ver as suas intenções de golo serem negadas pelo brasileiro, foi a vez de Pizzi (duas vezes) e Mitroglou começarem a rogar pragas ao ex-FC Porto, que se opôs com brio às tentativas dos encarnados. Quando não era ele, era um jogador sobre a linha de baliza (Mitroglou cabeceou para a baliza deserta de guarda-redes, mas estava lá Jaílson a substitui-lo) ou o desacerto encarnado (Nélson Semedo, após excelente incursão na direita, rematou por cima, e Ola John, pela mesma via, rematou às malhas laterais).
Jonas foi dos que mais correu atrás de um prejuízo que Bracali carimbou Fonte: Facebook do Benfica
A equipa encarnada demonstrava intensidade e vontade de dar a volta aos acontecimentos. Ao intervalo, entrou Victor Andrade para o lugar de Ola John e o brasileiro conseguiu mexer com o jogo, contagiando os colegas com a sua irreverência, embora tardasse em fazer efeito – só à hora de jogo o Benfica voltaria a criar perigo digno de registo, por Jonas, mas a barreira não saiu da baliza do Arouca. Bracali, outra vez. O Arouca não se encolhia com o perigo e respondeu através de Nuno Valente, que obrigou Júlio César a aplicar-se.
O Benfica continuou a carregar e esteve perto de conseguir os seus intentos , mas ou Bracali se opunha ou o desacerto falava mais alto. Gaitán e Victor Andrade tentaram, mas a bola não levou a direcção da baliza, Luisão e Lisandro tiveram a mira do cabeceamento alta demais e Jonas continuou a rogar pragas a Bracali. Ele, os seus colegas… e uns quantos milhões de adeptos.
A Figura:
Bracali – O Benfica fez 29 remates, 9 deles à baliza. Não entrou nenhum. Apenas um deles não foi defendido pelo guarda-redes brasileiro que, ao longo do encontro, agarrou todas as balas a ele disparadas, dando alento a uma equipa de quem pouco se falou durante a semana, mas que agora assume a liderança isolada da liga, muito graças ao seu guarda-redes.
O Fora-de-jogo:
Nicolás Gaitán – Luisão e Lisandro López revelaram desacerto? Sim. Ola John foi lento a decidir? Também. Carcela esteve apagado? Claramente. De qualquer um deles se exige um décimo do que se exige a um jogador com o talento e a experiência de Nico Gaitán? Não! O argentino cedo revelou frustração e, inicialmente, isso revelou-se como algo positivo, mas com o passar do tempo, a paciência, como não deve acontecer, foi-se esgotando, e numa fase em que a equipa necessitava de calma como de pão para boca, barafustou com alguns dos seus colegas.
Esta atitude de “diva” talvez tenha estado na base das tentativas frustradas de resolver o encontro sozinho e nas inúmeras oportunidades de golo que não saíram dos seus pés quando muito deles se esperava. Nico não foi o jogador com pior prestação em campo, mas foi aquele que mais desiludiu.
Portugal perdeu com a República Checa por 79-55 e ficou assim em segundo lugar do Europeu. Um resultado inesperado, já que o objetivo era a manutenção, mas o factor casa foi importante para empolgar as nossas jogadoras.
Matosinhos foi palco, pelo terceiro ano seguido, de um Europeu de basquetebol. Há dois anos, Portugal perdeu a final do Europeu sub16 Divisão B, com a Sérvia. No ano passado, as sub18 ficaram em nono na Divisão A do Europeu da categoria. Este ano, as sub16 voltaram à final, desta vez da Divisão A, e voltaram a perder.
O Europeu começou com uma derrota contra a Rússia, por 14 pontos. As russas, que eram uma das equipas favoritas mas que acabaram apenas em oitavo, foram melhores e umas justas vencedoras. No segundo jogo, uma vitória clara por 20 pontos contra a Eslováquia, e no terceiro jogo mais uma vitória, desta feita contra a Croácia, por apenas um ponto num jogo muito equilibrado. Estes resultados permitiram o segundo lugar no grupo logo atrás da Rússia.
A equipa que defendeu as cores de Portugal
Na segunda fase de grupos, Portugal estreou-se com nova derrota, desta feita contra a República Checa, por 15 pontos. Um jogo muito mais equilibrado do que a final, mas o terceiro quarto foi fatal para Portugal, onde se verificou um score de 22-7. O segundo jogo deste grupo trouxe nova derrota, desta vez contra a Itália. As italianas foram mais fortes durante 30 minutos, mas nos últimos 10 Portugal reagiu, apenas conseguindo reduzir para oito. O terceiro jogo era decisivo e só uma vitória interessava para garantir a passagem aos quartos. O adversário era a Turquia, e a vitória foi por 21 pontos numa grande exibição da nossa seleção, que não deixou qualquer dúvida sobre a justiça da vitória.
Nos quartos de final, mais um teste de fogo, desta vez contra a França. No jogo, Portugal foi mais eficaz e mereceu a vitória por completo. Esta vitória, além de garantir a passagem às meias finais, ou seja o melhor lugar de sempre de uma seleção portuguesa num Europeu, garantiu ainda a presença no Mundial de sub17, que se vai realizar no próximo ano, em Espanha.
Espanha foi precisamente a adversária das meias finais e foi neste jogo que Portugal fez a sua melhor exibição na prova. Uma entrada demolidora, com vitória por 12-4 no primeiro quarto, e um segundo quarto mais equilibrado mas sempre com Portugal por cima deram uma vantagem de 15 pontos ao intervalo. O terceiro quarto foi diferente dos dois anteriores, e a Espanha reagiu bem, chegando a assustar, mas a ponta final deste quarto voltou a ter Portugal por cima e, no quarto tempo, Portugal voltou a dominar e a consolidar a vitória; o resultado final foi de 64-44. Neste jogo, os triplos e a poste Beatriz Jordão foram os fatores decisivos.
São estas as checas que se sagraram campeãs da Europa
Falei na jogadora e nos triplos porque a final foi precisamente o oposto do jogo das meias finais. Portugal entrou nervoso, com muita ineficácia nos triplos, um jogo interior ainda pior, como mostram os 20 pontos sofridos contra 4 marcados na primeira parte, e os ressaltos também não foram positivos, 26 contra 16; ao intervalo, o resultado era de 39-21. Outra semelhança com o jogo contra a Espanha é que no terceiro tempo Portugal entrou melhor e chegou a reduzir para 10 pontos, mas depois as checas voltaram a superiorizar-se e até ao final e alargaram a vantagem até aos 79-55. Um resultado pesado, mas que não se pode dizer que seja injusto.
Fora do campo, Portugal saiu claramente vencedor. Meter 4 mil pessoas a ver jogos de formação é raro em qualquer país da Europa. Pena que depois, nas várias competições que existem em Portugal durante a época, não apareça nem 1/4 destas pessoas a ver os jogos.
Gerso foi o grande protagonista da primeira vitória do Estoril no campeonato. O extremo marcou um golo e fez uma assistência no triunfo por 2-0 sobre o Moreirense, num jogo em que a equipa de Miguel Leal roçou o medíocre, fazendo apenas 2 remates à baliza (o primeiro deles aos 72 minutos). Depois de uma primeira parte sofrível, a turma de Fabiano Soares veio com outra cara para a segunda parte e resolveu o encontro com facilidade. Ninguém se lembrou de Sebá no António Coimbra da Mota.
Quando o dado mais relevante de uma primeira parte são as impressionantes 7 (!) vezes que os médicos entraram no relvado para assistir os jogadores, dá para perceber o fraco nível do encontro. Não houve inspiração de parte a parte, mas com tantas paragens seria impossível mostrar alguma qualidade. Só através das iniciativas individuais de Gerso é que o Estoril conseguiu chegar perto da área de Nilson (esse mesmo, o que esteve no Vitória de Guimarães e que agora tem 39 anos), embora sem estar verdadeiramente perto do golo. Já o Moreirense, que terminou o primeiro tempo sem rematar à baliza, foi uma nulidade no ataque. Dos primeiros 45 minutos fica um momento raro de fair-play entre as duas claques. Numa fase em que o jogo estava adormecido, os adeptos do Estoril começaram a gritar pelo Moreirense e o mesmo aconteceu do outro lado. Não é habitual no futebol português.
A segunda parte começou de maneira diferente, com o Estoril a entrar com uma atitude mais pressionante e a ficar perto do golo (cabeceamento de Diego Carlos ao poste). A equipa de Fabiano Soares assumiu o controlo do jogo, sobretudo devido às trocas de bola entre os criativos Chaparro e Bruno César, que subiu de rendimento na segunda metade, e à capacidade de desequilíbrio de Gerso. O Moreirense demonstrou muita passividade a meio campo e sofreu com a velocidade dos homens do ataque canarinho, especialmente do extremo guineense, que foi o dínamo necessário para estilhaçar a defesa contrária. Foi o responsável por marcar o primeiro golo, aproveitando uma defesa para a frente de Nilson, e assistiu Bonatini no segundo.
O Estoril conquistou os primeiros pontos no campeonato Fonte: Facebook do Moreirense
Depois de uma primeira parte bastante fraca, o Estoril mostrou a qualidade que fez tremer a Luz, apesar do resultado desnivelado, e foi um vencedor justo. A defesa praticamente não foi testada, o meio campo subiu de produção na segunda metade (Taira mostrou qualidade no passe, Babanco e Chaparro são muito interessantes tecnicamente) e no ataque, para além de Gerso, Bruno César e Bonatini também apresentaram um rendimento totalmente diferente. O “chuta-chuta”, ainda assim, está longe da melhor forma e deverá ganhar preponderância nos próximos jogos.
Pela amostra deixada no António Coimbra da Mota, o Moreirense vai ter de lutar pela manutenção na primeira liga. A equipa até esteve organizada na primeira parte, embora a manta tenha ficado curta na altura de sair para o ataque, mas na etapa complementar foi completamente dominada pelo Estoril. Os visitantes acabaram por viver de infrutíferas iniciativas individuais. Sagna foi o jogador que mais trabalho deu, tendo somado algumas incursões que meteram em sentido a defesa do Estoril, mas Miguel Leal foi obrigado a recuá-lo para lateral depois da substituição forçada de Coronas. Má sorte para o técnico do Moreirense, que também perdeu João Palhinha, provável titular, por doença. No final, o treinador justificou a derrota com a falta de recursos e deu a entender que é preciso reforçar urgentemente a equipa.
A Figura:
Gerso – Com a saída de Sebá para o Olympiacos, o extremo tem tudo para se assumir como a grande figura do ataque estorilista. Rápido e bastante dotado tecnicamente, foi o único a desequilibrar no marasmo da primeira parte e na segunda metade decidiu com um golo e uma assistência.
O Fora-de-jogo:
Nilson – De volta ao campeonato português, o guarda-redes brasileiro não fez uso da sua experiência para transmitir tranquilidade à equipa de Miguel Leal. A insegurança entre os postes foi fatal para o conjunto de Moreira de Cónegos, já que o guardião, para além de ter ficado ligado ao primeiro golo, teve uma série de abordagens infelizes, especialmente nas saídas a cruzamentos.
O alarme volta a soar no Estádio do Dragão. Depois da chegada de Maxi ter amenizado o impacto da saída de Danilo e de Aboubakar ter feito um brilharete ao nível dos que Jackson fazia, na primeira jornada na Liga, outra possibilidade (mais real do que alguns julgariam possível) “mercantil” acabou mesmo por se confirmar, ainda na semana que agora finda: Alex Sandro deixou a vaga de defesa-esquerdo do onze portista em aberto.
Não se pode ou, pelo menos, não se deverá apontar o dedo a ninguém: Alex saiu para o finalista vencido da última edição da Liga dos Campeões, a Juventus e vai receber 300 mil limpos por mês, segundo noticia o jornal O JOGO; na conta bancária do FC Porto, entram, às prestações, 26 milhões de euros, sendo que outras variáveis dependentes de objetivos desportivos não foram confirmadas ou desmentidas. Portanto, o negócio é bom. Em quatro épocas de azul e branco, o valor do brasileiro praticamente triplicou e, que se queira, quer não, este é apenas mais um fruto do modelo de negócio do FC Porto: comprar novo, “formar” o jogador e o homem, tirar dividendos e vender caro.
Mas vamos aos factos: 137 jogos e três golos em quatro temporadas, mais o primeiro jogo oficial desta estação. Seis internacionalizações pela seleção do Brasil e um rendimento notável ao serviço dos dragões. Alex Sandro é aquele lateral de propensão ofensiva (tipicamente canarinho), que não se esconde do jogo, gosta de ter a bola, fiável a defender e com excelente envolvimento na dinâmica atacante da equipa, não sendo raras as vezes em que aposta no “um para um”. Difícil arranjar igual? Neste momento, diria que será quase impossível. Mas está a lateral-esquerda do FC Porto órfã? Não creio.
Teoricamente, o clube da Invicta já estaria precavido para esta eventualidade. Não foi por acaso que Aly Cissokho chegou, já em agosto. O internacional francês já conhece os cantos à casa (cumpriu a segunda metade de 2008/09 no Dragão), conta com passagens por Lyon, Valência, Liverpool e Aston Villa (clubes de nomeada, portanto) e, se as qualidades que evidenciou na sua primeira passagem pelo Porto se mantiverem intactas, Julen Lopetegui não se pode considerar mal servido. Isto, numa primeira análise.
Cissokho voltou ao Dragão precisamente para precaver a saída de Alex Sandro Fonte: Página de Facebook do FC Porto
José Ángel, pelo contrário, não me parece uma alternativa viável. O nível que exibiu durante a pré-temporada está aquém daquele que o brasão ao peito exige, mesmo sendo visto como segunda alternativa após a saída de Alex Sandro. Demasiado “macio” a defender, não aparenta ser suficientemente resoluto a atacar e, se na época passada, quando foi chamado, não comprometeu, foi acumulando erros nos últimos jogos de preparação. Julgo que o empréstimo com opção de compra ou a saída a título definitivo seriam soluções viáveis para um lateral que classifico como banal, pelo (pouco) que mostrou.
Depois, há a hipótese mais remota: Rafa continua na equipa B dos azuis e brancos, à espera da chamada à equipa principal. Não tenho problema em categorizar o jovem lateral de “diamante em bruto” porque é isso que é. E tenho a certeza que muitos pensam de igual forma. Depois de um Mundial de Sub-20 em que se apresentou a um nível elevadíssimo, esta poderia ser a oportunidade de ouro para o luso. Trabalhar com Lopetegui só lhe faria bem, tendo em conta a experiência do basco com jovens (que não se esqueça o trabalho desenvolvido nas seleções de Espanha). Como aposta firme, a médio prazo poderia igualar o nível de Alex Sandro, ou até ultrapassá-lo. Dêem-lhe tempo e espaço para evoluir.
No balanço final, contudo, não posso deixar de revelar que, de certo modo, me sossegaria consideravelmente ver aterrar no Aeroporto Sá Carneiro um lateral-esquerdo de créditos firmados. Os rumores apontam Siqueira como a hipótese mais forte e acolheria de bom grado o brasileiro ex-Atlético de Madrid. Aos 29 anos, seria uma opção extremamente válida e para “pegar de estaca”. No Benfica deixou saudades e, assim, conhece bem as manhas do futebol português. Em segundo plano, surge Alex Grimaldo, do Barcelona B que, a meu ver, não passaria de uma incoerência: se há Rafa, porquê apostar num estrangeiro de qualidade igual ou inferior?
Alex Sandro saiu, mas haverá solução. Se não for Siqueira, Cissokho ou Ángel, outra surgirá. Os portistas já estão mais do que vacinados contra este tipo de situações. É verdade que os canhotos de excelência escasseiam, mas o trabalho de prospeção continua a ser feito e, no imediato, as respostas estão à vista. Só é preciso olhar de frente para elas.
Nem de propósito, ainda hoje ao almoço comi um “mexidão” de ovo, com salsichas e cebola. Ótimo para desenrascar. Não pensem que sou preguiçoso (só às vezes). Consigo fazer pratos bem mais elaborados. Mas as mexidas a que me refiro no título têm que ver com as chamadas chicotadas psicológicas no futebol brasileiro. Apenas seis (!) técnicos permaneceram na mesma posição desde o início do campeonato, que conta já com 19 jornadas. Portanto, exatamente metade. É um número muito grande de despedimentos, idas de um lado para o outro, enfim. Todos os condimentos para que estes ovos mexidos tenham consistência. Algo que no futebol português também não é propriamente novo, nem inverosímil.
Bom, vamos começar pelos treinadores sobreviventes. Tite, do Corinthians, que conta já com um currículo invejável e que é o técnico com mais anos seguidos de um clube no Brasileirão, atualmente. Desde 2011, Tite venceu um Brasileirão, uma Libertadores e um Mundial de Clubes. Fala-se muito dele para comandar a seleção principal do Brasil. Veremos, num futuro próximo.
Depois, vem Levir Culpi, do Atlético Mineiro. Vem fazendo um bom trabalho à frente do Galo. Esteve na liderança (no momento encontra-se na segunda posição) e tem o melhor ataque do campeonato, com 33 golos. Promete lutar pelo título. Logo a seguir, vêm Eduardo Baptista e Milton Mendes, de Sport Recife e Atlético Paranaense, respetivamente. Ambos estão a fazer um Brasileirão bastante decente, com aquilo que possuem. Depois ainda temos o caso do técnico da Chapecoense, Vinícius Eutrópio, que está a comandar a equipa do sul do país a uma prova discreta, mas eficiente. O clube encontra-se na nona posição. Na primeira metade da tabela, portanto. Por último, mas não menos importante, vem o treinador do Avaí. Este sim, caso mais singular, visto que os catarinenses – Estado de Santa Catarina – não estão a fazer uma prova tranquila: neste momento, encontram-se na décima sexta posição. A um ponto somente da linha de água. Porém, o clube confia nele e veremos se a união trará frutos no fim do Brasileirão 2015.
Os seis treinadores remanescentes (da esquerda para a direita): Levir Culpi, Tite, Eduardo Baptista, Milton Mendes, Vinicius Eutrópio e Gilson Kleina Fonte: Infoesporte
Portanto, à exceção destas equipas, todas as outras efetuaram mudanças de treinador. O Vasco da Gama e o Joinville, por exemplo, já vão no terceiro técnico. Algo que aconteceu no ano passado, por exemplo, com o Penafiel. Os dois últimos classificados da prova não conseguiram encontrar um caminho regular de êxitos e andam de mãos dadas na fuga – mais parece uma ida – à despromoção. O Flamengo, que tem feito alguns bons resultados, anunciou agora um novo técnico: o experientíssimo Osvaldo de Oliveira, que já foi campeão em clubes como Corinthians e Vasco e que teve passagens positivas por Santos, Botafogo e Palmeiras, por exemplo. O próprio bicampeão Cruzeiro também trocou o treinador mais vencedor dos últimos anos no Brasil: Marcelo de Oliveira não resistiu ao início tenebroso de campeonato da Raposa de Belo Horizonte e viu-se substituído no cargo pelo sempre polémico Vanderlei Luxemburgo. Só houve uma mexida, dentro destas, que não resultou em chicotada psicológica – foi a saída do nosso bem conhecido Argel Fucks do Figueirense diretamente para o Internacional de Porto Alegre.
Mexidas com razão, outras nem tanto, técnicos que nem chegam a fazer uma dezena de jogos. Parece mesmo de mente latina – e incluo, como sempre, não só Américas, mas também Portugal, Espanha, Itália e Grécia – a ideia dos resultados imediatos. Costuma dizer-se que quem está mal muda-se. Infelizmente é mais fácil trocar de treinador do que de cargos na direção. O que faz com que estes “mexidos” estejam muitas vezes fora do prazo de validade.
Não é novidade que um jogo de campeonato entre jogos europeus traz sempre dificuldades acrescidas, mas a recepção do Sporting ao Paços de Ferreira fez questão de o voltar a comprovar. Os leões, claramente sem os índices físicos e motivacionais da partida com o CSKA, até fizeram o suficiente para vencer (seria o melhor arranque desde 1990/91), mas o resultado final (1-1) castiga a pior exibição da temporada. Quem aproveitou foi a equipa de Jorge Simão, que, mesmo demonstrando pouca ambição, foi inteligente e soube jogar com o desacerto da turma verde e branca. Só faltam 44 pontos para a meta traçada pelo técnico pacense.
Em Alvalade, mas com os olhos postos na Rússia. Isso ficou claro desde cedo, com o Sporting a entrar de forma desconcentrada e a permitir que o Paços surpreendesse. Com pouco critério na posse de bola (Aquilani, no lugar de Adrien, foi o mais esclarecido), a equipa de Jesus foi incomodada pela velocidade dos extremos Roniel e Farias e demorou bastante tempo a entrar no encontro. A primeira parte foi muito mal jogada, com erros de parte a parte e poucos lances junto das balizas. Só se viu alguma qualidade no final do primeiro tempo, o melhor período dos leões, muito por culpa da subida de rendimento de Carrillo. O extremo, que até então tinha estado algo escondido do jogo, mostrou um pouco da magia que tinha apresentado frente ao CSKA e permitiu que o Sporting se colocasse em vantagem. O 1-0 em Alvalade resultou de uma excelente combinação na esquerda, com João Mário a descobrir Bryan Ruiz na grande área e o costa-riquenho a cruzar para o remate imparável do peruano. Cada vez mais decisivo na equipa de Jesus.
O golo do Sporting não fez o Paços desmontar a estratégia que trazia para este jogo. Apesar da desvantagem, a equipa de Jorge Simão continuou a jogar no erro do adversário, procurando transições rápidas pelos corredores laterais. Do outro lado, Jorge Jesus, insatisfeito com a prestação de Montero, lançou Gelson para o início da segunda parte e o extremo leonino voltou a deixar sinais positivos. Irrequieto e imprevisível, o jovem, que acabou a partida como lateral direito, entrou com vontade de mostrar serviço e agitou o encontro de imediato. Com a substituição, que sugere que Mané terá ficado para trás na hierarquia, pensar-se-ia que seria Bryan Ruiz a passar para o corredor central, mas foi Carrillo quem jogou no apoio directo a Slimani. Nesta fase, o Sporting parecia ter a partida controlada e dispôs de algumas ocasiões para ampliar o marcador, mas o jogo mudou de um momento para o outro. Já depois de Rui Patrício ter negado o golo a Andrézinho, que apareceu isolado, Cícero caiu na grande área e João Pereira recebeu ordem de expulsão. Pelé, um dos melhores do Paços, restabeleceu a igualdade na conversão da grande penalidade. Mesmo reduzido a 10, o Sporting carregou em busca da vitória, mas, à excepção de um remate perigoso de Gelson, não teve arte para conquistar os três pontos.
Carrillo voltou a ser o melhor dos leões Fonte: Facebook do Sporting
A equipa de Jorge Jesus não soube “mudar o chip” depois do jogo europeu e acabou por ter um resultado indesejado. Este foi um encontro em que, pela primeira vez na época, se notaram de forma evidente as limitações técnicas dos centrais. Paulo Oliveira fez um jogo para esquecer, tendo falhas de abordagem constantes e cometendo muitos erros na saída de bola. Naldo, ainda assim, esteve um pouco melhor, mas o regresso de Ewerton será sempre uma boa notícia. A pouca qualidade defensiva dos laterais é outro problema que poderá trazer dissabores. João Pereira não tem nível para ser titular (independentemente da expulsão) e a chegada de um lateral daria maior tranquilidade. Do meio campo para a frente, Carrillo voltou a ser o melhor dos leões, numa partida em que, apesar da assistência, Bryan Ruiz voltou a demonstrar excessiva lentidão de processos.
O Paços de Ferreira, apesar das habituais e desnecessárias perdas de tempo, deslocou-se a Alvalade com a lição bem estudada. A equipa de Jorge Simão, disposta em 4-2-3-1, mostrou processos simples mas que acabaram por ser eficazes. Marco Baixinho e Fábio Cardoso, dupla interessante do nosso campeonato, saem com nota positiva do duelo com Slimani. Pelé conseguiu impor-se no meio campo, recuperando inúmeras bolas e transportando os castores para o ataque, ao passo que Christian, jogador mais tecnicista dos pacenses, esteve demasiado preso a tarefas defensivas e acabou por não mostrar a sua qualidade. O ataque viveu das iniciativas de Roniel, ex-Porto B, e Farias, novidade no lugar do promissor Diogo Jota, que estava castigado.
A Figura:
Marco Baixinho – Mais uma prova de que há qualidade nos escalões inferiores. Vindo do Mafra, onde foi treinado por Jorge Simão, o central já se assumiu como o patrão da defesa do Paços e realizou uma exibição imaculada. Rápido e com uma excelente leitura de jogo, realizou vários cortes providenciais e foi um dos maiores responsáveis pelo empate conquistado pelos castores. Um jogador a seguir ao longo da época.
O fora-de-jogo:
Fredy Montero – É o fora-de-jogo porque nem entrou no jogo. O colombiano teve uma prestação muito aquém do esperado e a saída ao intervalo não surpreendeu. Não aproveitou a oportunidade dada por Jesus e é não é desta forma que vai conseguir intrometer-se entre Teo e Slimani.
O FC Porto voltou a sair da ilha da Madeira sem o sabor da vitória. O empate a uma bola frente ao Marítimo simboliza a primeira perda de pontos no campeonato para a equipa liderada por Julen Lopetegui que, com este resultado, não consegue aproveitar da melhor forma o empate do Sporting.
A conclusão que a esmagadora maioria fará depois deste resultado é a de que o FC Porto definitivamente não se dá com os ares da ilha. A meu ver, esse é o ponto que menos deve preocupar Lopetegui, os jogadores e a direção portista. Depois de um jogo como o que vimos no Estádio dos Barreiros, creio que ficou à vista de todos as limitações gritantes que o plantel portista tem. Mas vamos por partes: Marítimo e FC Porto entraram para a partida sem grandes surpresas no onze. Do lado madeirense, Ivo Vieira lançou as novidades Patrick Vieira e Raúl Silva, que substituíram os lesionados Diney e João Diogo; do lado portista, Julen Lopetegui optou por colocar Tello no banco, dando as alas ofensivas a Brahimi e Silvestre Varela.
É caso para dizer que o jogo não podia ter começado da pior forma para o FC Porto: aos 5 minutos, um cruzamento perfeito de Xavier do lado direito do ataque pôs a nu as fragilidades defensivas de Cissokho. Mal posicionado defensivamente, o lateral contratado pelo FC Porto neste marcado deixou que Edgar Costa cabeceasse de forma simples e eficaz, dando a vantagem inesperada no marcador ao Marítimo. Se o jogo já se previa complicado para os portistas, então com a desvantagem no marcador ele tornou-se ainda mais complexo. E isso aconteceu muito em virtude da passividade com que a equipa foi sempre jogando. Com um meio campo muito preso taticamente e com enormes dificuldades para romper a defensiva do Marítimo, o ritmo com que os portistas foram jogando na primeira parte foi de uma lentidão inacreditável.
Não foi por isso de estranhar que Brahimi tenha sido não raras vezes o único impulsionador do jogo ofensivo portista, fazendo dos movimentos interiores a sua principal arma para tentar mexer com a defensiva contrária. Nas alas, Cissokho andava desaparecido e Maxi Pereira apenas a espaços conseguia combinações perigosas com Varela. O golo portista aos 34 minutos acabou por ser a exceção na exibição sonolenta e passiva que o FC Porto foi tendo no primeiro tempo nos Barreiros. Nesse momento, apenas o suspeito do costume – Brahimi – foi capaz de romper em diagonal pela esquerda, metendo para Imbula que, de cabeça, deu para Herrera empatar a partida.
O Marítimo voltou a travar o FC Porto na Madeira Fonte: jornalacores.net
Ao intervalo, o empate no marcador penalizava a exibição portista e era um prémio para a eficácia ofensiva e defensiva de um Marítimo que foi jogando sempre com as armas que tinha e as limitações que possui. No regresso dos balneários, a situação portista ainda foi pior. Se na primeira parte ainda tinham existido, a espaços, alguns momentos de perigo junto da baliza de Salin, no segundo tempo isso praticamente não existiu. Herrera e Imbula continuaram a ser demasiado macios no meio campo portista, sendo que Varela e Aboubakar continuavam a passar completamente ao lado do encontro. No caso do avançado camaronês, essa foi uma evidência quase confrangedora, tendo em conta a falta de capacidade que Aboubakar demonstrou durante quase todo o encontro. No banco, Lopetegui também não deu melhores sinais à partida: ao ver o FC Porto com dificuldades enormes para construir lances de ataque, o técnico espanhol não foi capaz de arriscar nas substituições.
Colocando André André e Tello para os lugares de Herrera e Varela, Lopetegui não fez mais do que simplesmente mudar peça por peça. Por isso, não foi de estranhar que o figurino do jogo não se tenha alterado e que a exibição tenha continuidade a ser uma completa nulidade. O Marítimo, bem consolidado na sua estratégia defensiva, com um meio campo muito forte em termos de agressividade e posicionamento, nunca pareceu estar verdadeiramente em perigo com o jogo portista. Aliás, à medida que os minutos passavam, Ivo Vieira foi acreditando na possibilidade de vencer o jogo, levando a equipa a subir o bloco e a tornar-se cada vez mais perigosa. Mesmo sem ter criado grandes oportunidades de golo durante o encontro, a verdade é que a segunda feira foi correndo ao ritmo que o Marítimo queria, perante um FC Porto incapaz de criar lances de perigo e de fazer perigar verdadeiramente a baliza de Salin. Bem vistas as coisas, a segunda parte trouxe apenas duas grandes oportunidades ao FC Porto, por Aboubakar – grande defesa de Salin – e Maxi Pereira que, no último lance da partida, enviou a bola à trave da baliza do guarda redes francês. Ainda assim, e apesar dessa falta de sorte no último lance do encontro, a verdade é que, bem vistas as coisas, não se pode dizer que o FC Porto tenha merecido mais do que este empate.
À segunda jornada, a primeira perda de pontos fez denotar as limitações que o plantel portista tem em situações de dificuldade. Em termos individuais, parece claro a falta de um lateral esquerdo de qualidade firmada, tendo em conta as limitações que Cissokho demonstra. No meio campo, e tal como já disse tantas vezes, a falta de um médio criativo que dê algo mais ao jogo ofensivo portista é por demais evidente. Por tudo isso é que acredito que, mais do que um empate para os jogadores portistas refletirem, este é um resultado que deve fazer a estrutura portista pensar no que quer para esta época. A 8 dias do fecho do mercado, parece claro que faltam peças a este FC Porto. E isto sob pena de jogos como o de hoje voltarem a repetir-se. É o que acontecerá se a equipa não ganhar, até final de agosto, jogadores que façam a diferença em momentos decisivos.
Figura do Jogo: Consistência defensiva do Marítimo – Mais uma vez se provou a qualidade que existe nos Barreiros, sobretudo a nível técnico. Ivo Vieira voltou a montar muito bem a sua equipa e limitou ao máximo a ação ofensiva portista. Tal como tinha acontecido na época passada, é muito por ação do treinador que o Marítimo tira pontos ao FC Porto.
Fora de Jogo: Lentidão portista – A falta de velocidade com que os portistas fizeram o jogo frente ao Marítimo foi absolutamente confrangedora. Durante 90 minutos, uma posse de bola estéril foi a única coisa que o FC Porto conseguiu fazer. De forma previsível e passiva, a equipa na segunda parte não conseguiu criar jogo suficiente para vencer um jogo perfeitamente ao alcance.
Ao longo desta pré-temporada, o ataque do Sporting ao mercado centrou-se essencialmente em jogadores experientes e que, em teoria, poderão assumir-se imediatamente como mais-valias para o plantel verde-e-branco, sendo perfeitos exemplos as aquisições de Alberto Aquilani, Teófilo Gutiérrez, Bryan Ruiz, Naldo ou João Pereira.
Em contraponto, surgiram apenas duas aquisições, mais concretamente o guarda-redes esloveno Azbe Jug (23 anos) e o médio-defensivo brasileiro Bruno Paulista (19 anos), sendo que este último assumir-se-á mesmo como o maior investimento leonino da era Bruno de Carvalho, uma vez que implicará o pagamento ao Bahia de 3,5 milhões de euros por 80% dos direitos económicos do atleta.
Trata-se de um jovem nascido a 21 de Agosto de 1995 em Nova Odessa, Brasil, e que passou pelas camadas jovens de São Paulo, Santo André e Ypiranga, isto antes de rumar ao Bahia, clube que vinha representando até ao momento da transferência para o Sporting e para o futebol europeu.
Curioso, por outro lado, é que Bruno Paulista passou grande parte da sua formação como lateral-esquerdo, ainda que tenha sido como “seis” que Bruno Paulista se começou a destacar no futebol sénior, conseguindo chegar a Alvalade já com 34 jogos (dois golos) oficiais pelo Bahia e presença na selecção de sub-23 do Brasil, que acabou de disputar o Pan-Americano de 2015 no Canadá. E já se estreou pela equipa B do Sporting
Bruno Paulista é uma aposta de futuro de Jorge Jesus no Sporting Fonte: Facebook Oficial de Bruno Paulista
Um Matic em potência
Diz-se que Jorge Jesus ficou apaixonado pelo talento de Bruno Paulista logo na fase em que o Benfica avançou para a contratação de Anderson Talisca, outro ex-jogador do Bahia, algo que acaba por perceber-se assim que começamos a dissecar as características físicas e futebolísticas do médio-defensivo.
Afinal, Bruno Paulista lembra bastante Nemanja Matic, isto ao nível da fisionomia (1,90 metros e 81 quilos), assim como na forma como actua sobre o terreno de jogo, uma vez que alia um excelente posicionamento, capacidade de desarme e de contenção, à qualidade com que inicia o processo ofensivo, fruto de um pé esquerdo muito habilidoso e de uma visão de jogo muito acima da média.
Ainda assim, é óbvio que, quando comparamos este brasileiro com o sérvio do Chelsea, temos de traçar ainda as devidas (e largas) distâncias, uma vez que Bruno Paulista ainda tem muito que evoluir em termos de intensidade de jogo, assim como na excessiva confiança com que muitas vezes aborda os lances. Aqui, aliás, Jorge Jesus assume-se como a pessoa ideal para lapidar o jovem craque.
Certo é que, pela sua qualidade actual, Bruno Paulista já tem todas as condições para ser importante no actual plantel principal do Sporting, podendo mesmo ser uma das sombras que têm faltado a William Carvalho nas últimas duas temporadas.
Está de volta a Vuelta! Entre 22 de Agosto e 13 de Setembro, poderemos concentrar as nossas atenções para a última Grande Volta da temporada que se situa no país de “nuestros hermanos”. Nos últimos anos, tem conseguido atrair cada vez mais as atenções de todos no que toca a essas três Grandes Voltas. Antes considerada como a “menor” das 3, hoje em dia é aquela que poderá salvar uma temporada menos boa, dar mais honra e prestígio a quem falhou o objetivo maior que tinha (fosse o Giro ou o Tour) ou, por fim, culminar num feito histórico protagonizado apenas pelos melhores ciclistas – estou, obviamente, a referir-me mais às tentativas de vencer Giro-Vuelta ou Tour-Vuelta, mas não só, claro.
Esta edição promete tanto como prometia o Tour. Prevê-se que seja uma das melhores Vuelta’s dos últimos largos anos e que possa ser, deste ano, a Grande Volta que mais espetáculo irá proporcionar a todos os amantes do ciclismo (principalmente por todos os grandes ciclistas que estarão presentes para enfrentar esta prova). O percurso é algo peculiar, mas muito interessante. Não favorece os sprinters – ainda assim, terão umas 5 ou 6 oportunidades para brilhar – e o contrarrelógio aparece tarde demais para ajudar os melhores contrarrelogistas (e que se aguentam bem nas montanhas) a conseguirem algo de bom na classificação geral desta Vuelta, sendo que o júri decidiu que o CR Coletivo, na primeira etapa, iria ter os tempos neutralizados, apenas contando para a classificação por equipas, devido aos terrenos por onde irão passar (com areia, entre outras coisas). É uma Volta à Espanha mais desenhada para “punchers” (como Sagan ou Degenkolb – apesar de ambos terem um ponto de interrogação em si, visto que poderão querer apenas preparar-se melhor para os Campeonatos do Mundo que terá um percurso que favorecerá muito este tipo de ciclistas), ciclistas explosivos (principalmente na primeira semana, onde, por exemplo, “Purito” Rodriguez e Alejandro Valverde tentarão fazer a maior diferença) e, claro, não só os ciclistas mais completos, como também os puros trepadores beneficiarão deste percurso (homens como Pozzovivo, Aru ou Majka irão certamente apreciar as várias etapas de alta montanha na segunda semana de competição, não só pelas suas características, como também pelo CR na última semana que pouco os irá favorecer).
Tal como já foi dito, a primeira etapa é um (curto) contrarrelógio coletivo onde não se esperaria grandes diferenças de tempo entre os favoritos, mas, neste momento, não irão haver mesmo diferenças, devido à tal decisão de neutralizar os tempos para a classificação geral. Se pensavam que esta primeira semana iria ter uns primeiros dias mais sossegados, pois bem, não será realmente assim. A segunda etapa apresenta logo um final em subida, onde os últimos 4,7 km’s para o Alto de la Mesa terão uma percentagem média de inclinação de 6,5%. Isto fará com que os principais favoritos mostrem logo as cartas que têm na manga para conseguir levar de vencida esta Vuelta. Depois desta etapa, iremos ter 5 etapas que favorecerão os sprinters e os tais punchers. Na etapa 7 voltaremos a ter uma acesa luta entre os homens mais fortes da geral individual e onde iremos ter a primeira etapa que terminará numa categoria 1. Após mais uma etapa com dificuldades médias, voltaremos a ter uma chegada ao alto na nona etapa, sendo que a 10.ª etapa será umas das melhores oportunidades para a fuga vingar. Finalmente, depois de tudo isto, virá o primeiro dia de descanso e quão bom será para todos os ciclistas, porque o dia a seguir apresentará a etapa mais difícil de toda a Volta à Espanha! A etapa 11, em Andorra, terá “apenas” 138 km’s, mas cada quilómetro percorrido terá as suas dificuldades. Teremos 6 montanhas categorizadas (quatro categorias 1, uma categoria 2 e, também, uma categoria especial) e quase nada de quilómetros planos. A última subida do dia será também a mais inclinada: 8,7 km’s com média de 9% de inclinação! Brutal e muito duro para quem não estiver na melhor das condições. Alguns ciclistas (puros sprinters, principalmente) poderão ter dificuldades em chegar dentro do tempo limite. É daquelas etapas que não dará descanso do início ao fim e poderá ditar logo boas vantagens entre alguns dos favoritos.
O perfil da brutal etapa 11 Fonte: Velohuman.com
As etapas 12 e 13, em princípio, darão um pouco de descanso aos favoritos e poderão ser alvo de fugas com ciclistas importantes e que perderam tempo nas etapas anteriores ou, mais provável, os sprinters e aqueles ciclistas que gostam de atacar nos últimos quilómetros levarão de vencida estas duas etapas. As etapas 14, 15 e 16, situadas maioritariamente nas Astúrias, terão todas finais em alto e acredito que, ao fim destas, o top10 esteja bem encaminhado para ser o top10 final (ainda assim, o CR poderá ditar ainda algumas coisas). A seguir, mais um merecido dia de descanso, antes de enfrentarem, na 17.ª etapa, o tal contrarrelógio individual, com quase 40 km’s, e que poderá marcar algumas diferenças entre os favoritos – principalmente entre aqueles que são puros trepadores ou mais trepadores e os “all-rounders”, como Chris Froome ou Tejay Van Garderen. Esta terceira semana de prova será um pouco atípica, visto que não irá ter chegadas em alta montanha e apenas na etapa 20 teremos mais emoção entre os favoritos, com um perfil de etapa com 4 primeiras categorias, sendo que será a última etapa para se marcarem diferenças, visto que a etapa final, a 21.ª etapa, será, como normalmente, de consagração e em Madrid e estará preparada para ser um último dia de glória para os sprinters que aguentaram uma dura Volta à Espanha e conseguiram sobreviver até este dia final.
Em relação aos favoritos, tal como já enfatizei, iremos ter um grande elenco à disposição desta Vuelta. Desde logo, à cabeça, aparece o recentemente coroado vencedor do Tour de France: Chris Froome! O britânico com raízes no Quénia tinha como objetivo principal para esta época a Volta à França, mas, talvez inspirado pela ousada tentativa de Alberto Contador em vencer o Giro e o Tour, Froome optou por tentar desafiar a história e ser apenas o terceiro ciclista a conseguir a dupla Tour-Vuelta (Jacques Anquetil, em 1963, e Bernard Hinault, em 1978, foram os dois ciclistas que conseguiram esta proeza até hoje) e o primeiro a fazê-lo desde que a Vuelta foi deslocada de Abril para Setembro, em 1995. Além de ter um percurso que o poderá favorecer, também volta a ter uma excelente equipa ao seu dispor (a Sky leva com homens como Sergio Henao – possível presença no top10 final, atenção mesmo ao colombiano –, Mikel Nieve, Nicholas Roche, Geraint Thomas ou o sempre combativo e experiente Vasil Kiriyenka para ajudar Chris Froome a fazer história) Antes de continuar, é preciso salientar que a Vuelta, das 3 Grandes Voltas, costuma ser a que mais dificuldade causa em termos de prever os melhores (as recentes vitórias de Juan José Cobo e de Chris Horner provam exatamente isso). Ainda assim, existem sempre aqueles elementos que terão de ser sempre considerados favoritos, não importa qual seja a competição. É esse o caso, por exemplo, da dupla da Movistar: Nairo Quintana e Alejandro Valverde. Ambos vêm, igualmente, de uma muito boa Volta à França e ambos chegam a esta Volta à Espanha com grandes ambições. Se no Tour, Valverde apoiou Quintana, na Vuelta prevê-se que ocorra o contrário. Mas existe um fator a ter em conta, é que Quintana também se preparou durante a época para correr a Vuelta e, sendo assim, as coisas poderão acabar por voltar a ser similares ao que foram no Tour (até pelo facto de que Valverde conseguiu um dos grandes objetivos da carreira – fazer pódio no Tour – e poderá estar mais “descontraído” nesta Vuelta; ainda assim, a primeira semana favorece-o e, se individualmente, ambos têm grandes hipóteses, quanto mais como dupla e a apoiarem-se um ao outro nos mais variados momentos). De notar ainda a presença de elementos na equipa como Giovanni Visconti (vencedor da camisola da montanha no Giro) ou Andrey Amador (4.º classificado também no Giro), que poderão ser cruciais para uma Volta à Espanha vitoriosa para a equipa da Movistar.
O pódio do Tour de France irá voltar a animar uma Grande Volta este ano Fonte: Facebook Le Tour de France
Além da dupla mencionada anteriormente, existe um trio que dará imenso que falar nesta Volta: Vincenzo Nibali, Fábio Aru e Mikel Landa. Depois de um Tour que acabou por não ser o expetável para Nibali, o italiano vem a esta Volta a Espanha para procurar “salvar” a temporada. Ao seu lado terá 2 ciclistas com imenso potencial e que deram muito que falar no Giro – fizeram ambos pódio e valorizaram muito a vitória de Contador nessa prova. Dois ciclistas que iriam, provavelmente, partir com a liderança partilhada, não fosse a presença de Nibali na equipa. Sendo assim, poderemos vir a ter Landa a servir como um “joker” e mais um homem para atacar alguma etapa do que propriamente ir para a geral individual (até porque o seu contrato com a sua equipa irá terminar este ano) e Nibali e Aru a cooperarem como Quintana e Valverde certamente farão. De destacar, ainda, a excelente equipa que a Astana leva à Vuelta, que além dos 3 grandes ciclistas já citados conta ainda com ciclistas como Luís Leon Sanchez, Paolo Tiralongo, Dario Cataldo ou Diego Rosa. Outro dos favoritos para esta Vuelta será o espanhol Joaquín “Purito” Rodriguez, ciclista da Katusha (onde um dos diretores desportivos é o português José Azevedo), que foi ao Tour mas acabou por desiludir em termos de classificação geral e acabou a disputar apenas etapas (acabou por ser bem sucedido nesse aspeto, lutando também pela camisola da montanha). Esta poderá ser a “prova de fogo” para Rodriguez, visto que iremos comprovar se o espanhol poderá continuar a lutar com os grandes favoritos pelas grandes provas ou se estará a começar a descer na sua forma, tendo também em conta a idade que tem (36 anos). O que é certo é que a primeira semana é repleta de boas oportunidades para ele e a segunda semana será o teste principal para comprovar se teremos o Purito a lutar pela vitória nesta Vuelta (será bem secundado pelo também espanhol Dani Moreno, que estará pronto para voltar a tentar um top10 na Volta à Espanha). Domenico Pozzovivo será outro dos candidatos a estar muito bem na classificação geral e, se mostrar que está mesmo recuperado do acidente que teve na Volta à Itália, poderá ser mais um grande candidato à vitória – apesar do CR que irá ter na terceira semana, há que lembrar que o ciclista da AG2R já fez bons contrarrelógios (ainda assim, eram mais crono escaladas). Rafal Majka, na ausência do campeão em título desta Vuelta, Alberto Contador – por razões claras –, será o líder da Tinkoff-Saxo e será um dos muitos nomes a querer brilhar nas etapas de montanha. Um grande trepador e um ciclista que acredito que irá ser dos mais agitadores nas montanhas desta Vuelta.
Duas outras duplas que estarão em destaque são também bem conhecidas: Tejay Van Garderen/Samuel Sánchez e Andrew Talansky/Daniel Martin. A dupla da campeã do mundo de contrarrelógio, a BMC, não tem um líder mais favorito do que o outro, porque Sánchez, segundo a equipa, é o líder designado, mas Van Garderen é Van Garderen e, se estiver na melhor forma e recuperado de todos os problemas que tem vindo a ter (essa é a maior incógnita, serão precisas as primeiras etapas para se ver as indicações dadas pelo americano), será um sério candidato ao top5, principalmente pelo CR, onde costuma fazer boas diferenças para muitos dos favoritos (John Darwin Atapuma poderá ser também um elemento interessante para se acompanhar nesta Vuelta e irá dar uma boa ajuda a esta dupla da sua equipa). A decisão de ter o espanhol como líder é a mais indicada, devido a estas incógnitas do TJ, até porque Sánchez tem muito bom historial na Vuelta e foi 12.º classificado neste último Tour (de notar que é uma dupla que, em princípio, se sairá muito bem no CR na última semana). Em relação à dupla da Cannondale-Garmin, ambos partem como líderes da equipa e ambos terão muito boas oportunidades para se mostrarem nesta Volta à Espanha. Talansky quererá superar a classificação que teve no Tour nesta Vuelta e Martin quererá voltar ao melhor nível exibicional (sendo que também terão a boa ajuda de um ciclista de 24 anos que está a começar a ter melhores resultados na sua carreira – Joe Dombrowski). São dois ciclistas que gostam de atacar (sendo que Talansky poderá ser um daqueles nomes a ganhar bom tempo no CR individual), principalmente Dan Martin (terá alguns finais de etapa bem ao seu estilo). Outros favoritos para lutar pelo top10 são: Daniel Navarro (costuma mostrar-se sempre “mais vivo” durante a Vuelta), Pierre Rolland (depois do Tour que fez, prevê-se que também faça uma boa Vuelta), Jurgen Van den Broeck, Esteban Chaves, Frank Schleck, Przemyslaw Niemiec ou Fábio Duarte.
Tendo em conta as poucas oportunidades para os puros sprinters, a concorrência nesse aspeto não é das melhores, mas, mesmo assim, temos alguns ciclistas de qualidade para disputar estas etapas. Nacer Bouhanni é o nome que mais se destaca entre todos e que, certamente, será candidato a todas essas etapas, sendo que também é um ciclista que consegue subir relativamente bem para um puro sprinter. Este último fator poderá levá-lo a ter uma grande luta com Peter Sagan e John Degenkolb (outros dois nomes que irão animar os sprints desta Vuelta, mas que, provavelmente, estarão na prova para também prepararem melhor os Campeonatos do Mundo) por outro tipo de etapas e, quem sabe, pela camisola dos pontos. O jovem promessa Caleb Ewan irá fazer a sua primeira Grande Volta e estou muito expetante para ver como irá ele encarar tal desafio, mas é quase certo que será outro dos principais candidatos para as etapas ao sprint. Matteo Pelucchi, Danny Van Poppel, José Joaquín Rojas, Kris Boeckmans, Kristian Sbaragli, Tom Van Asbroeck, Maximiliano Richeze, Jempy Drucker, Kévin Réza, entre outros, também poderão estar na discussão destas etapas.
Bouhanni tentará salvar uma época pouco famosa para si mesmo Fonte: Velonews.competitor.com
No que diz respeito aos portugueses em prova, iremos ter 6 elementos: Sérgio Paulinho (Tinkoff-Saxo), já vencedor de uma etapa numa Volta à Espanha, Nélson Oliveira (Lampre-Merida), se tiver a liberdade que teve no Tour e mostrar a forma com que estava na Clasica Ciclista San Sebastian poderá ser uma das boas surpresas desta Vuelta, André Cardoso (terá a responsabilidade de ajudar na montanha os seus líderes da Cannondale-Garmin), Tiago Machado – chamado à última da hora para substituir Giampaolo Caruso na equipa da Katusha – e, por fim, a dupla da Caja-Rural e que esteve em evidência na nossa Volta a Portugal, José Gonçalves e Ricardo Vilela (acredito que poderão estar presentes nalgumas fugas).
Amanhã começa a última Grande Volta deste ano no mundo do Ciclismo. Muito expetativa para o espetáculo que irá ser proporcionado pelos mais variados elementos do pelotão internacional. Sem dúvida, temos todos os ingredientes certos para uma excelente Vuelta a España!
Por entre os muitos obstáculos que nos surgem ao caminho durante a vida, um dos que mais custa superar é o término de uma relação de amor. Passar a encarar que deixaremos de ter aquela base de suporte emocional que tantas vezes nos aconchegou em dias de tormenta (quando o trabalho/estudo não corria como queríamos, quando surgia um dilema ético ou uma discussão mais acesa com família ou amigos próximos) é desesperante, ao ponto de muita gente reconsiderar a postura que tem perante a vida.
Muitos arrependem-se de terem estado tão dependentes de uma só pessoa, e escusam-se a fazê-lo no futuro. Não se entregarão tanto, para não ficarem com cicatrizes emocionais que doem a curar e só saram com o tempo, madrasto, sempre lento a anestesiar-nos.
Podem dizer-nos que merecíamos melhor, que há uma imensidão de “peixes no oceano”, mas nada vale na altura em que vemos fugir quem nos é mais querido. Sabemos que, por mais que procuremos, não há ninguém como aquela pessoa. Única, com as virtudes que nos agarraram o coração e os defeitos que até achávamos adoráveis.
Eventualmente seguimos em frente, encontramos alguém (às vezes, nós mesmos) ou algo que nos satisfaz as necessidades emocionais, antes asseguradas por outra pessoa. E aí apercebemo-nos de que, afinal, o cemitério estava mesmo cheio de insubstituíveis e que só viria a fazer falta quem lá não esteve.
O futebol, como perfeito imitador da vida, vai-nos dando exemplos disso mesmo e ajuda-nos, ele próprio, a encarar uma situação de perda de uma namorada com a certeza de que alguém ou alguma coisa a virá substituir.
Aposta ganha de Lopetegui em Aboubakar Fonte: Facebook do FC Porto
A última perfeita ilustração disso mesmo aconteceu há dias, na zona das Antas, no Porto. Um Estádio do Dragão repleto de pessoas e expectativa aguardava ansiosamente pelo primeiro pontapé de saída da época. Mas, por entre a ansiedade e a vontade em ver a bola a rolar, era notória alguma tristeza por se ter visto partir uma figura central da equipa, alguém que julgavam insubstituível. O homem dos golos e da classe passeada em campo. Cha Cha Cha Jackson Martínez fora embora, deixando os adeptos portistas orfãos de um matador que pudessem idolatrar. É certo que já tinham passado por aquilo antes. Lisandro López saira e entrou Falcao, que fez ainda melhor, e depois entrou Jackson, que não ficou nada atrás dos feitos alcançados pelo seu compatriota. Esta linha de ouro do ataque portista, mesmo com a contratação de Pablo Osvaldo, parecia ter chegado ao fim. Não tinha chegado ninguém para além do italo-argentino (que só chegara hà pouco tempo e com a fama de indisciplinado) e a equipa teve um registo muito preocupante na pré-época, com três jogos sem marcar qualquer golo…
… mas os corações portistas logo sossegaram quando viram o primeiro golo contra o Vitória entrar, fruto da influência de Vincent Aboubakar, o novo número 9 portista, que não se amedrontou com a responsabilidade de satisfazer as exigentes necessidades emocionais (leia-se golos) de milhões de adeptos e marcou o golo inaugural logo aos seis minutos, ampliando a vantagem na segunda parte, num lance em que ficou evidenciada toda a sua capacidade física (coisa que o seu antecessor não tinha, pelo menos ao nível da do camaronês).
Depois do segundo golo, correu a abraçar Lopetegui, agradecendo-lhe a oportunidade e dando um vivo sinal de que a equipa pode estar, ao contrário do último ano, com o treinador.
Aboubakar não é Jackson… ainda, mas já aquece os corações azuis-e-brancos, que agora estão muito mais sossegados com o reencontro com o amor (alguém que possam idolatrar pelos golos que marca), seja ele fugaz ou não.