A liga alemã está de volta e o futebol espectáculo não desiludiu. O campeão voltou a atropelar o Hamburgo, o Dortmund deu provas de que a época passada foi um acidente e os recém-promovidos mostraram que não estão para brincadeiras.
Comecemos pela Baviera. O Bayern voltou igual a si mesmo: imponente, goleador e com a mesma vontade de ganhar. Arturo Vidal e Douglas Costa são duas peças novas neste tabuleiro, mas estiveram longe de mostrar nervosismo ou pouco à vontade com o estilo de jogo de Guardiola. A estrela chilena foi o jogador com o maior número de passes na partida contra o Hamburgo e revelou-se um jogador capaz de encaixar em qualquer sistema de jogo; o internacional brasileiro foi o melhor jogador em campo e trucidou a defesa adversária, sendo responsável por uma assistência fantástica com a parte exterior do pé para o golo de Thomas Müller e um golo de fora de área para mais tarde recordar. A vitória por 5-0, com golos marcados por Mehdi Benatia, Thomas Müller (2x), Robert Lewandowski e Douglas Costa, foi o começo perfeito para os pupilos de Pep.
Borussia Dortmund sem Jürgen Klopp? Ideia estranha e com capacidade para causar náuseas a muitos adeptos habituados a um futebol heavy metal que levou uma equipa a outro reconhecimento por parte de todos. O primeiro jogo demonstrou uma coisa: Thomas Tuchel é o homem certo para trazer de volta esse futebol vertiginoso e vergou o terceiro classificado da época passada com uma facilidade assustadora. A prova de força deu-se através do entrosamento quase perfeito dos jogadores da frente. Henrikh Mkhitaryan foi o homem do jogo e promete finalmente mostrar todo o seu talento. A sua inteligência posicional levou a que estivesse sempre no sítio certo à hora certa e isso materializou-se em dois golos nas contas finais. O colectivo foi importante para exponenciar a capacidade individual e isso traduziu-se em grandes exibições de Mats Hummels – irrepreensível em todos os momentos do jogo -, Julian Weigl – grande estreia da nova coqueluche dos amarelos e pretos – e Pierre-Emerick Aubameyang – a dar imenso trabalho à defesa adversária. O Gladbach tem muito que reflectir mas existe um ponto importante a retirar desta derrota por 4-0: Kruse e Kramer fazem muita falta.
Douglas Costa teve uma estreia prometedora Fonte: Facebook de Douglas Costa
Cristoph Kramer voltou a Leverkusen e iniciou o seu percurso com a nova camisola da melhor forma. O Bayer teve que suar para vencer o Hoffenheim, equipa que perdeu a sua referência Roberto Firmino, e a vitória foi conquistada a partir do banco. Zuber marcou logo aos cinco minutos pela equipa derrotada mas Kiessling e Brandt acabaram por estabelecer a reviravolta e dar os três pontos aos farmacêuticos. O Schalke, outra das equipas que aspiram pelos lugares mais cimeiros, ganhou com facilidade em casa do Werder Bremen por 0-3. Huntelaar voltou a começar o campeonato a marcar, Sané mostrou ser um talento em crescendo e a equipa assumiu uma postura que promete causar estragos ao longo do campeonato. Por fim, o Wolfsburgo, terceiro classificado da temporada transacta, foi vencer o Frankfurt por 2-1 e Bas Dost começou o campeonato com a mesma veia goleadora.
As equipas que subiram este ano à Bundesliga demonstraram na primeira jornada que não vieram para ser alvo de chacota. O Darmstadt empatou contra o Hannover e teve em destaque Marcel Heller, jogador responsável pelos dois golos da equipa da casa. O Ingolstadt foi mais longe e começou o campeonato a ganhar fora contra o Mainz por 0-1, através de um golo do interessante Lukas Hinterseer.
Nos restantes resultados, o Hertha de Berlim foi ganhar a casa do Augsburgo por 0-1 e o Colónia, que se reforçou bastante bem, venceu fora o Estugarda por 1-3. Veremos se não será mais um ano com a corda ao pescoço para o histórico emblema patrocinado pela Mercedes.
O futebol alemão demonstrou na primeira jornada os argumentos que levam a que muitos o considerem um dos melhores campeonatos do mundo: ideias de jogo ambiciosas, golos em catadupa e craques a desfilar por todos os campos.
Jogador da semana: Douglas Costa (Bayern Munique)
Quem diria que o jogador em destaque no primeiro jogo do Bayern Munique seria o internacional brasileiro? Muita velocidade, técnica muito acima da média e um golo e uma assistência para começar a sua estadia por terras alemãs da melhor maneira.
Treinador da semana: Thomas Tuchel (B.Dortmund).
O treinador alemão chegou e já criou riffs poderosos para o futebol dos amarelos e pretos. Futebol fantástico a fazer lembrar os tempos áureos de Klopp. Melhor estreia era impossível.
Por mais solene que seja a ocasião, há visitas que não desejamos ter em nossa casa. Podem ser incomodativas, levar-nos à hipocrisia de sermos simpáticos à força para, no fim, isso nem sequer nos valer nada. Nem um ponto sequer.
Que o digam Aston Villa, Crystal Palace, Southampton, Sunderland e West Ham, equipas derrotadas em jogos da segunda jornada da Premier League, no seu próprio reduto. Os dois primeiros conjuntos, porém, tiveram a atenuante de se terem batido bem frente a candidatos ao título, com os villains a obrigarem o Manchester United a sofrer para sair de lá com mais três pontos (um golo de Januzaj chegou para a vitória mas foi insuficiente para uma passagem tranquila pelo Villa Park), e os eagles, também em bom plano, forçaram o suor dos jogadores do Arsenal, que, depois de terem inaugurado o marcador num golaço de Giroud, viram Ward empatar, e foi preciso um infortúnio de um adversário (Delaney) para os gunners voltarem à liderança de um marcador que não voltaria a sofrer alterações, apesar da pressão sufocante imposta pelos homens da casa.
Os outros três emblemas não tiveram tantas desculpas: o Southampton só pôde queixar-se de si mesmo na derrota frente ao Everton (3-0), num jogo em que muito desperdiçou até ao adversário inaugurar o marcador e servir-se do contra-ataque para aplicar as estocadas finais – Lukaku bisou, Barkley marcou o outro, depois de já ter assistido o belga para um dos seus golos; o Sunderland pagou caro pelo menosprezo a um Norwich que conseguiu gerar um enorme caudal ofensivo, indo para o intervalo a vencer por 2-0, vencedo por 3-1 no final dos 90 minutos; o West Ham revelou-se demasiado permissivo, depois da excelente prestação no Emirates, e acabou por ser derrotado por um Leicester em alta, que voltou a ter em Mahrez a figura de destaque – o argelino assinou o segundo golo da sua equipa, no 2-1 que dá à equipa de Claudio Ranieri um lugar na liderança partilhada da Premier League.
Pellegrini saiu claramente vencedor no duelo de treinadores do grande jogo da jornada e merece a distinção de treinador da jornada Fonte: Facebook do Manchester City
As visitas incómodas, porém, não ficam por aqui nesta segunda ronda da Premier League, já que o West Bromwich Albion e o Stoke também foram capazes de ir “roubar” pontos a terreno alheio. Os primeiros, não brilhando, conseguiram aproveitar a falta de eficácia do Watford e saíram do Vicarage Road sem golos sofridos (0-0); os segundos demonstraram uma enorme capacidade de reacção e, depois de estarem a perder, ao intervalo, por 2-0, foram capazes de empatar o encontro, saindo de White Hart Lane com os primeiros pontos da época, graças à inspiração de Diouf e a alguma permissividade do Tottenham, outra das equipas que não conseguiram averbar os três pontos em casa…
…feito raro, nesta segunda ronda do principal campeonato inglês, mas do qual foram capazes Swansea, Liverpool e Manchester City, No País de Gales, os “swans”, depois de conseguirem ganhar um ponto na deslocação ao terreno do campeão, prolongaram o estado de graça com uma vitória por 2-0 sobre o Newcastle, onde voltaram a estar em evidência as duas figuras da primeira jornada: Bafetidis Gomis e Andre Ayew, novamente os autores dos golos dos galeses. Em Anfield Road, os reds venceram por 1-0 o Bournemouth, embora a equipa recém-promovida se possa gabar de ter feito suar os orientados por Brendan Rodgers, num encontro em que Chris Benteke se estreou a marcar pelos reds; no Etthiad, o jogo da jornada, o vice-campeão e o campeão prometiam um duelo renhido mas, ao invés, tratou-se do resultado mais desnivelado da jornada, com o City a derrotar o Chelsea por 3-0, num duelo em que ficou bem vincada a fragilidade dos campeões em título e a superioridade da estratégia implementada pelo técnico dos skyblue…
…que lideram, com uma diferença de golos de +6, a Premier League, a par de Leicester, Liverpool e Manchester United. Destaque negativo para o Chelsea, que ainda não venceu, e para o Sunderland, que alia, agora, duas derrotas consecutivas a exibições pouco convincentes.
Treinador da Semana: Manuel Pellegrini (Manchester City)
Um treinador que deixa bem patente, no campo e no resultado, a sua superioridade sobre o colega de profissão, que foi campeão na época passada, merece sempre esta distinção.
O técnico chileno já consegue passar para os seus jogadores a ideia que tem em mente para este ano e colocou a equipa a jogar um futebol mais amplo na frente de ataque e seguríssimo desde o meio-campo, que lhe valeu três pontos bastante relevantes na luta pela reconquista da Premier League.
Jogador da Semana: David Silva (Manchester City)
Dinamizou o meio-campo do City e empurrou-os rumo a uma grande exibição frente ao campeão em título. Esteve no lance dos três golos que deram a vitória aos citizens e fez sobressair toda a importância do seu papel no modelo de jogo de Pellegrini.
– Ouh, já sabes que o vencedor dos triplos no All Star da NBA de 2009 vem jogar para o Benfica?
– Poh, já não bebes é mais nada hoje que isto já te está a fazer mal.
Este diálogo não aconteceu comigo, mas pode bem ter acontecido com alguém que tenha estado num dos muitos festivais de verão que o nosso país tem por estes dias. Afinal não estamos habituados a ter jogadores deste calibre entre nós.
Mas para os mais distraídos, é verdade, o Benfica anunciou na sexta feira a entrada de Daequan Cook para o seu plantel. Trata-se de um jogador que, além de ter vencido o concurso de triplos já citado antes, conta ainda com um vice campeonato da NBA em 2011 e pode dizer que já foi colega de equipa de Wade, Durant, Rose ou Harden, por exemplo.
Apesar de nunca ter sido um jogador de topo na NBA e de não apresentar grandes números, não deixa de ser estranho ver este jogador vir parar a Portugal, mas a verdade é que cá está e pode ser o motivo para um renascimento do basquetebol masculino português, que mais morto do que atualmente só se não existisse. Isto faz com que, apesar de não ter grandes números, em Portugal terá capacidade de ser “o pai de todos”, como já li por aí.
Cook com o troféu de vencedor dos triplos em 2009 Fonte: serbenfiquista
A atenção mediática que pode vir com a chegada do jogador – assim como o regresso do Porto à Liga – é muito importante para o desenvolvimento do nosso basket, que nos últimos anos se viu ultrapassado a nível de popularidade pela grande maioria das modalidades de pavilhão.
Mas voltemos ao tema principal deste artigo, a chegada de Daequan Cook ao Benfica e ao basket português. Neste momento vai com 28 anos e vem de França, onde vem do Rouen Basket, uma das equipas mais fracas da primeira divisão francesa, mas de onde saiu como terceiro melhor marcador com uma média de 15,9 pontos/jogo. Para os menos habituados a estas andanças estes números até parecem bons e, de facto, são, mas para um jogador com este currículo e que foi escolhido em 21.º no Draf da NBA (2007) espera-se sempre mais além, que seja realmente o motor da equipa.
Cook vem com a tarefa de substituir Jobey Thomas, o anterior “pai de todos” do Benfica, e deve conseguir cumprir esta tarefa, já que qualidade não lhe falta. Mas vamos ao passado na NBA da nova estrela do campeonato português. Como já está em cima, foi escolhido no Draft de 2007 pelos Philadelphia 76ers em 21.º. Apesar disso, nunca jogou pelos 76ers e rumou aos Miami Heat, na altura uma equipa sem grande rumo na ressaca do título de 2006 e na antecâmara dos Big Three (Wade, James e Bosh) de 2010.
Na Florida, durante os três anos em que esteve – saiu precisamente quando chegaram os Big Three – participou em 179 jogos na fase regular e em sete nos Playoff em 2009, em que conseguiu 5.3 pontos/jogo. Foi em Miami que teve os seus melhores anos na competição, com destaque para o seu ano de Rookie, em que conseguiu 8.8 pontos, três ressaltos e 1.3 assistências por jogo, apesar de no seu segundo ano (08-09) ter conseguido chegar aos 9.1 pontos.
O vermelho e branco já faz parte dos equipamentos há muito Fonte: si.com
Foi também em 2009 que atingiu o seu ponto alto a nível individual, ao vencer o concurso de triplos com 19 marcados em 30. De Miami foi para Oklahoma, onde viveu os seus melhores anos a nível coletivo. Nos Thunder atingiu a final da NBA em 2012, que a sua equipa viria a perder para a sua antiga equipa.
Na temporada seguinte mudou-se para Housten mas ficou pouco tempo nos Rockets, tendo-se mudado em janeiro para os Chicago Bulls, onde terminou a época e a sua passagem pela NBA. Em 2013 mudou-se para a Europa e foi para a Ucrânia, seguindo para a Alemanha em 2014, e a temporada passada esteve então em França.
Esta temporada, que no basket ainda não começou, o Benfica parte novamente como favorito. Mas se andar a brincar como o ano passado pode ser que seja surpreendido por um Porto que também está a reforçar-se muito bem. Relembro que os dois vão participar na nova competição europeia, a FIBA Europe Cup. Esta competição quer ser a “Liga Europa” do basket, mas para os principais clubes europeus é mais vista como a terceira competição europeia.
O Sporting nunca tinha derrotado uma equipa russa nas competições europeias, mas conseguiu-o, em Alvalade, ao bater o CSKA por 2-1. O objectivo primordial – a vitória – foi alcançado, mas o golo sofrido coloca as ambições leoninas em causa. A grande exibição de Carrillo não foi suficiente para a turma verde e branca levar uma vantagem mais confortável para Moscovo, até porque do outro lado estava um adversário com qualidade e com maior ritmo competitivo, para além de uma equipa de arbitragem que, como já vem sendo frequente, não foi propriamente amiga dos pequeninos portugueses.
Com os olhos postos nos milhões e no prestígio que a Champions traz, o Sporting entrou bem e rapidamente assumiu o controlo da partida. Os leões mantiveram o 11 habitual e demonstraram uma excelente dinâmica ofensiva nos primeiros minutos, com Ruiz e Carrillo em destaque e Teo muito participativo. O primeiro golo nasce de um entendimento notável entre os três jogadores leoninos, com o peruano a isolar o costa-riquenho de forma soberba e o colombiano a finalizar de baliza aberta. A primeira explosão de alegria dos quase 42 mil espectadores que estiveram em Alvalade.
Depois de chegar ao golo, a equipa leonina baixou a agressividade e permitiu que o CSKA equilibrasse a partida. Os russos perceberam que podiam explorar as fragilidades do lado direito da defesa leonina e demonstraram muita preocupação em fazer a bola chegar a Musa após a recuperação. O nigeriano, que descaiu para uma ala para permitir a entrada no 11 do regressado Doumbia, fez o que quis de João Pereira e foi decisivo na obtenção do empate. A defesa leonina ia tendo muitas dificuldades no controlo da profundidade, sofrendo com a velocidade dos dois atacantes africanos, bem servidos por Eremenko. Patrício ainda defendeu com categoria um penalty do ex-Roma, após falta de Jefferson sobre Tosic, mas nada pôde fazer quando o costa-marfinense surgiu isolado para fazer o 1-1 pouco antes do intervalo. Foi a primeira vez que a linha defensiva de Jesus foi testada a sério nesta época.
O início da segunda parte trouxe o que se esperava após o golo do CSKA. Os russos estavam satisfeitos com o resultado e recuaram as linhas, permitindo que o Sporting assumisse de novo o controlo do jogo. Mas esta não foi, de todo, a melhor fase da equipa de Jesus. O meio campo ia tendo pouca preponderância, com João Mário bem abaixo do que tinha mostrado nos dois primeiros jogos, e Bryan Ruiz ia demonstrando alguma displicência, o que tornou o jogo leonino excessivamente dependente do que o inspirado Carrillo conseguia fazer. Como conjunto experiente que é, o CSKA revelou inteligência na gestão do resultado e ia ganhando a luta a meio campo, com Dzagoev (baixou no terreno em relação ao que é habitual na turma de Slutsky) e Wernbloom a superiorizarem-se aos médios adversários.
Slimani marcou o golo do triunfo leonino Fonte: Facebook do Sporting
As mexidas do técnico verde e branco tiveram um impacto positivo na equipa. Aquilani, que se colocou à frente da defesa, libertando Adrien, veio trazer maior critério no passe e deixou excelentes indicações na estreia de leão ao peito. Gelson, sobretudo, e Carlos Mané acrescentaram velocidade e irreverência a um ataque que ia perdendo gás. O golo da vitória acabaria por surgir de forma merecida, num lance em que Carrillo deixou mais um apontamento de génio. La Culebra assistiu Slimani de calcanhar e o argelino, que desperdiçou várias ocasiões claras durante a partida, bateu Akinfeev para o 2-1 nesta reedição da final da Taça UEFA de 2005.
O Sporting parte em vantagem (escassa, é certo) e terá certamente uma abordagem cautelosa na segunda mão, tentando retirar espaço a uma equipa fortíssima nas transições e com duas ameaças claras (especialmente Musa, nesta altura a grande figura do CSKA). Como Jesus disse na antevisão da partida e como se esperava, a eliminatória só ficará decidida em Moscovo. A vingança, por enquanto, fica-se pela metade.
A Figura:
André Carrillo – Todo o jogo do Sporting passou pelos pés do peruano, que vai mostrando neste início de época a dimensão que pode atingir com Jorge Jesus. Desequilibrou no corredor central, fez o que quis do lateral esquerdo Nababkin e, para além da assistência fantástica para o golo de Slimani, fez um passe magistral no 1-0. Se a entrada na Liga dos Campeões for o motivo que falta para Carrillo renovar pelo Sporting, ficou claro que o extremo quer continuar em Alvalade.
O fora-de-jogo:
Adrien – Exibição desastrada do português e a confirmação de que não é uma solução válida para o papel de médio mais recuado. Com a estreia positiva de Aquilani e o regresso de William Carvalho (ainda sem data prevista), terá de melhorar muito para não perder o lugar na equipa titular. Uma possível venda também não seria de descartar.
Nunca é fácil escrever um artigo ou uma rubrica sobre coisas negativas. Mas também são estas situações que fazem a história ficar mais completa. Nem sempre tudo serão boas recordações, mas as más também servem para servir de lição futura. Ainda assim, ninguém gosta de assistir a estas situações, que, infelizmente, não são poucas no que toca ao futebol português. Com base no parâmetro de ser apenas neste século XXI, juntamente com o facto de, no que diz respeito aos clubes, ter considerado apenas jogos internacionais, visto que, em termos nacionais, as desilusões são mais para quem é desse mesmo clube, apresento-vos aquelas que são para mim as 10 principais desilusões vividas no Futebol Português:
[tps_title]10.º Eliminatória da Liga dos Campeões 2008/2009 para o Sporting[/tps_title]
Fonte: photobucket.com
A presença nos oitavos de final da Liga dos Campeões por parte do Sporting era histórica. Histórica também se veio a tornar, no final, essa eliminatória. Em Alvalade, o maior desaire em casa, até então, por 0-5 e, na casa do Bayern, 7-1 foi o resultado final. O agregado das duas mãos, 12-1, era um máximo histórico verificado na Champions até àquela altura. A verdade é que a passagem frente ao Bayern já era de si muito difícil, mas o que faz este acontecimento estar nesta seleção, é mesmo o resultado em si, algo que não era, de todo, esperado, mas acabou mesmo por acontecer.
Depois da derrota por 4-0 na sexta feira passada em Bilbau, a missão do FC Barcelona era muito difícil e isso confirmou-se com o desenrolar dos minutos, esta noite, em Camp Nou.
Luis Enrique fez alinhar a equipa normal do Barça, apenas com duas exceções: Jordi Alba e Neymar, lesionados, foram substituídos no onze inicial por Mathieu e Pedro Rodríguez. Os “culés” entraram em alta rotação, tentando empurrar os bascos para dentro da sua área. Contudo, Ernesto Valverde montou uma equipa muito agressiva a meio campo, com Gurpegi, Javier Eraso e até Beñat a fecharem no meio, à frente da dupla de centrais formada por Laporte e Etxeita. Susaeta e De Marcos funcionaram na primeira parte como “segundos laterais”, ficando apenas Aduriz na frente, sempre muito combativo a segurar a bola quando esta lá chegava em boas condições.
O jogo decorreu maioritariamente no meio campo do Athletic, com o Barcelona a tentar de tudo para chegar ao golo. Vimos mudanças de flanco, incursões pelas alas, futebol apoiado à entrada da área, mas Gorka Iraizoz não teve muito trabalho na primeira parte. Após uma primeira ameaça de Piqué, com um remate ao ferro da baliza basca, o golo apenas chegou no final da primeira metade, no melhor momento do encontro. Ivan Rakitic cruzou e Suárez tem uma assistência primorosa com o peito, para Messi finalizar na cara de Iraizoz.
Piqué esteve perto de marcar no início mas foi para o banho mais cedo. Fonte: Facebook oficial da Real Federación Española de Fútbol
Esperava-se que o Barcelona viesse revitalizado para a segunda parte, mas o que se viu foi o Athletic Bilbau a chegar perto da baliza do Barcelona. A equipa de Valverde conseguiu estender-se mais em campo, com Eraso e Aduriz a darem trabalho a Claudio Bravo, que foi hoje o titular, em detrimento de Ter Stegen. Aos 56 minutos, Gerard Piqué foi expulso, aparentemente por palavras, e as derradeiras esperanças do Barcelona ficaram ainda mais esfumadas. O jogo ficou praticamente sentenciado a cerca de um quarto de hora do seu término. Aduriz ficou isolado na cara de Bravo, o guardião chileno ainda defendeu a primeira tentativa mas foi impotente para evitar o golo, o quarto do jogador nesta Supertaça Espanhola.
Até ao fim, o jogo foi um longo bocejo, com as equipas à espera do apito final do árbitro. Fazendo as contas, o Barcelona fica impossibilitado de repetir o feito alcançado na era de Pep Guardiola, onde ganhou o “Sexteto”, e a festa foi do Athletic, um clube que granjeia carinho, respeito e admiração por todo o mundo. Os “Leões de San Mamés” vergaram o Barcelona em casa e hoje seguraram bem a vantagem na Catalunha. Uma palavra final para a festa basca em Camp Nou, num clima de grande respeito dos adeptos do Barcelona. Oxalá fosse sempre assim…
A Figura :
Aritz Aduriz – O avançado basco foi o melhor jogador da Supertaça com um “hat-trick” na primeira mão e o golo que sentenciou a eliminatória nesta segunda feira. Além dos golos, Aduriz notabilizou-se pelo seu inexcedível trabalho na luta com os centrais catalães e foi o homem que decidiu a Supertaça.
O Fora de Jogo:
Gerard Piqué – O central começou bem o jogo, tendo atirado uma bola ao ferro da baliza de Iraizoz e sendo um dos elementos mais inconformados com a situação do Barcelona na eliminatória. Contudo, se a situação já estava difícil, a expulsão de Piqué deitou tudo a perder.
Foto de capa: Facebook oficial da Real Federación Española de Fútbol
Montreal acabou no domingo com a vitória de Andy Murray, mas não há tempo para descanso para os tenistas de topo do ATP com o sétimo Masters 1000 da temporada a ter lugar em Cincinnati esta semana. Este torneio servirá também como a última oportunidade para os jogadores afinarem a sua forma antes do último torneio do Grand Slam da temporada em Nova Iorque.
O favorito ao título é, como vem sendo habitual este ano, Novak Djokovic. Contudo, o jogador sérvio vem duma derrota – num encontro titânico – contra Murray na final de Montreal e Cincinnati é o único torneio Masters 1000 que nunca conquistou, tendo perdido já quatro finais: duas contra Federer (2009 e 2012) e duas contra Murray (2008 e 2011). Como se isso não bastasse, Djokovic tem um quadro bastante complicado; Muller ou Paire são adversários difíceis para uma segunda ronda e nos oitavos, Djokovic poderá ter de enfrentar Tsonga, um jogador que como se sabe pode bater qualquer um em ‘dia sim’. Nos quartos, perspectiva-se uma reedição da fatídica (para Djokovic) final de Roland Garros contra Wawrinka – se bem que o Suiço seja notoriamente inconsistente, não surpreendendo ninguém se for eliminado cedo no torneio, com Simon, Karlovic ou mesmo o vencedor do duelo de jovens promessas entre Coric e Zverev a chegar aos quartos de final.
Roger Federer costuma-se dar bem neste torneio Fonte: Facebook de Roger Federer
Nas meias finais, projectava-se inicialmente uma reedição das meias finais do US Open do ano passado, mas Nishikori desistiu do torneio citando fadiga e dores, sendo o seu lugar no quadro agora ocupado pelo talentoso ucraniano Dolgopolov. O jogador mais cotado nesta secção do quadro – e favorito a atingir as meias-finais – é agora Berdych. O checo foi surpreendido em Montreal no seu primeiro encontro contra Donald Young, pelo que o seu momento de forma não parece ser o melhor e há vários jogadores nesta secção com excelentes chances de atingir as meias finais: Isner, Monfils, Tomic, Dolgopolov… é sem dúvida a secção mais aberta do quadro à partida.
Na metade inferior do quadro, a possível fadiga parece ser o principal obstáculo no caminho de Murray para as meias finais; Dimitrov está em péssima forma, Cilic não está muito melhor e Gasquet tem estado a combater lesões desde Wimbledon. Kyrgios não estará decerto num bom estado psicológico com toda a polémica que o tem envolvido… Salvo uma grande surpresa, Murray estará nas meias finais.
Na última secção do quadro, Raonic parece ser o principal obstáculo a um clássico duelo entre Federer e Nadal nos quartos de final; se é verdade que Nadal está a ter um ano muito fraco para aquilo que nos habituou, a forma de Raonic também não é a melhor desde que foi operado ao pé em Maio. Espera-se um duelo entre Federer e Nadal e apesar do 23-10 a favor de Nadal o Suiço tem de ser considerado favorito considerando a superfície e especialmente os respectivos momentos de forma.
Previsão a partir dos quartos de final:
Djokovic 2-0 Wawrinka
Berdych 2-0 Monfils
Murray 2-1 Gasquet
Federer 2-0 Nadal
Meias finais:
Djokovic 2-0 Berdych
Federer 2-1 Murray
Final:
Federer 2-1 Djokovic
Federer venceu este torneio 6 vezes no passado, incluindo 2014; é claramente o seu Masters 1000 preferido e apesar de ter completado 34 anos recentemente é ainda bem capaz de vencer torneios importantes.
Andy Murray venceu a edição de 2015 do Masters 1000 do Canadá, disputada em Montreal. O escocês venceu Robredo, Muller, Tsonga (o campeão de 2014), Nishikori e por fim Novak Djokovic para capturar o seu quarto título da temporada (segundo Masters 1000 depois de Madrid) e 11º título Masters 1000 da sua carreira, o terceiro no Canadá após 2009 e 2010.
Murray não encontrou grande resistência até à final, com Tsonga longe do nível que exibiu o ano passado e um Nishikori sem energia após um título em Washington e uma grande primeira vitória da carreira contra Nadal. O Japonês, diga-se, desistiu do torneio de Cincinnati para recuperar para o US Open.
Andy Murray com o troféu Fonte: Facebook de Andy Murray
Na final, porém, assistiu-se a um duelo titânico entre Murray e Djokovic, que durou 3 horas. A qualidade não foi a melhor, mas a intensidade foi absolutamente brutal; o momento-chave do encontro foi o quinto jogo do terceiro set com Murray a liderar 3-1 e a servir. O jogo levou quase 30 minutos, com Djokovic a ter 6 pontos de break para restabelecer a igualdade mas Murray a salvar todos com grandes serviços. Djokovic ainda teve mais dois pontos de break no último do encontro, mas foram de novo salvos com grandes serviços de Murray.
Com esta vitória, Murray ultrapassou Federer e é agora #2 do ranking mundial. O escocês garantiu também já a participação no World Tour Finals em Novembro em Londres, sendo o segundo jogador a fazê-lo a seguir a Djokovic. Murray estará seguramente optimista quanto às suas chances no US Open após ter conquistado este título e, quiçá mais importante, ter posto fim a uma série de 8 derrotas consecutivas contra Djokovic.
Quanto a Djokovic, não se exibiu ao seu melhor esta semana e teve alguma sorte em chegar à final, com Gulbis a ter tido a vitória nas mãos no encontro dos quartos-de-final. Mas é também por isso que Djokovic é #1 do mundo, mesmo quando não está no seu melhor consegue atingir finais de grandes torneios; não há dúvida nenhuma de que o sérvio é o principal candidato ao título em Nova Iorque.
Outros destaques:
-Nishikori conseguiu a primeira vitória sobre Nadal da sua carreira, tendo agora vitórias sobre todos os jogadores de topo da sua geração (menos del Potro) no seu palmarés;
-Chardy obteve o melhor resultado da sua carreira com a sua presença nas meias-finais; salvou 7 match points contra Isner nos quartos para o fazer
-a grande história desta semana foi Nick Kyrgios, que durante o seu encontro da segunda ronda contra Wawrinka (que venceu) foi captado pelos microfones a dizer algo… controverso e foi multado pelo ATP em 10 mil euros, com a ameaça de que outras sanções podem eventualmente estar a caminho.
Resta muito pouco ou quase nada daquela equipa do CSKA Moscovo que a 18 de Maio de 2005 deixou um enorme amargo de boca às hostes sportinguistas em pleno Estádio de Alvalade, levando para a capital russa a tão ambicionada Taça UEFA. Igor Akinfeev, Sergei Ignashevich e os irmãos Berezutskiy são os últimos resistentes de uma equipa que, pela mão do carismático Valeri Gazzaev, surpreendeu meia Europa e arrebatou o primeiro troféu internacional de sempre para um emblema russo.
Na próxima terça-feira, 18 de Agosto, o emblema moscovita regressa a Lisboa para novamente enfrentar o Sporting CP, mas desta vez numa partida a contar para os playoffs de acesso à Liga dos Campeões. O CSKA Moscovo chega a esta fase da competição já com vários jogos oficiais disputados, quer na Liga Russa, quer na própria fase de acesso à Liga Milionária. Os Militares (Армейцы) estão a atravessar um bom momento nas competições internas e vêm de uma vitória altamente moralizadora na Otkrytie Arena contra os rivais Spartak Moscovo, na passada sexta-feira. Com cinco vitórias em cinco jogos e oito golos marcados contra apenas um sofrido, o CSKA Moscovo lidera, isolado, a liga do seu país, uma vez que o FC Zenit, de André Villas-Boas, deixou-se surpreender em casa pela FC Krasnodar este Sábado.
A saída do estratega Valeri Gazzaev em 2008 deixou a equipa moscovita algo à deriva, e a tentativa da direcção em entregar o comando do CSKA a um treinador estrangeiro provou ser um erro crasso. Nem Zico nem Juande Ramos foram capazes de fazer marchar as tropas na direcção certa, e foi já em desespero de causa que, em Outubro de 2009, o chairman do CSKA, Yevgeny Giner, entregou o comando da equipa a um treinador sem grande currículo na altura, de seu nome Leonid Slutsky.
Leonid Slutsky – O timoneiro do emblema moscovita Fonte: sportxl.org
O treinador, de 44 anos, natural de Volvogrado, é, desde essa altura, o homem forte do CSKA e tem como adjuntos dois nomes bem conhecidos do futebol europeu, os antigos internacionais russos Viktor Onopko e Sergei Ovchinnikov.
Leonid Slutsky, que de algumas semanas a esta parte ocupa também o cargo de seleccionador da Rússia, é aquilo a que podemos chamar um treinador conservador. As manobras da equipa do CSKA são feitas a partir de processos bastante simples, com trocas de bola rápidas e raramente feitas a partir de trás. Os Militares (Армейцы) jogam já há alguns anos num rígido 4-2-3-1, no sentido posicional, com quatro homens no quarteto defensivo, um médio defensivo e um armador de jogo mais recuado em frente da linha de defesa, três homens altamente versáteis na linha intermédia com funções mais ofensivas e um avançado móvel na frente.
Na baliza, reside um dos principais esteios da equipa – Igor Akinfeev. O experiente guarda-redes russo anda longe dos melhores momentos da sua carreira, mas aos 29 anos, e após vários rumores sobre a sua saída para algum gigante do futebol europeu, Akinfeev é, não só o capitão de equipa, mas também um elemento de elevada importância na estrutura do CSKA.
A zona central da defesa está entregue a dois homens que contam já nas pernas com muitos minutos de futebol ao mais alto nível. Sergei Ignashevich e Vasili Berezutskiy são defesas bastante experientes e são ambos vozes de comando de uma defesa que, por tendência, não sofre muitos golos (pelo menos nas competições internas), mas que por vezes é acusada de algum excesso de confiança e também de uma certa complacência na forma como aborda as partidas. O lado direito da defesa é geralmente entregue ao brasileiro Mário Fernandes, um lateral com vocação ofensiva, que não poucas vezes descura as suas tarefas defensivas. Do lado esquerdo, Slutsky tem apostado esta época em Kirill Nababkin, um antigo internacional russo de 28 anos bastante discreto mas competente, que ficou com o lugar que o talentoso lateral Georgi Shchennikov, também ele internacional pelo seu país, ocupou durante a temporada passada.
O meio-campo é, por ventura, o motor do CSKA, e é a sua inspiração ou falta dela que pauta de forma positiva ou negativa o jogo da equipa. O sueco Pontus Wernbloom é o parte pedra, o recuperador de bolas e aquele que presta auxílio aos defesas centrais para compensar as subidas dos laterais. O internacional sueco e antigo jogador do AZ Alkmaar é um elemento essencial no equilíbrio táctico da equipa. A seu lado joga o israelita Bibras Natkho, um jogador com elevada qualidade de passe e excelente visão de jogo, que marca o ritmo da equipa jogando como uma espécie de armador de jogo em zonas mais recuadas do terreno.
O onze habitual do CSKA Moscovo esta época Fonte: cskanews.com/
O restante trio que compõe o meio-campo representa uma ameaça constante a qualquer adversário. Alan Dzagoev, aquele que outrora foi visto como um dos maiores prodígios do futebol russo na última década, está a atravessar um excelente momento e ocupa geralmente a posição de extremo direito ou avançado interior, tendo também um papel de organizador de jogo do meio-campo para a frente. A seu lado joga um atleta que deve merecer a maior das atenções por parte da equipa do Sporting CP. Roman Eremenko, jogador finlandês nascido em Moscovo, é o estratega da equipa e um desequilibrador nato. Sempre de cabeça bem levantada, é por ele que passam a maioria dos rápidos movimentos ofensivos dos moscovitas e, se a isso juntarmos a extraordinária capacidade de remate que possui, Eremenko torna-se um elemento vital ao qual não pode ser dada liberdade de movimentos. Do lado esquerdo do ataque temos Zoran Tosic. O internacional sérvio, que teve em tempos uma passagem algo fugaz pelo Manchester United, encontrou no CSKA a sua segunda casa e é actualmente um dos jogadores mais importantes da equipa. Tosic é um extremo nato, com um drible e uma velocidade muito acima da média e cujo pé esquerdo constitui uma ameaça constante à defensiva adversária.
Por fim, lá na frente, temos o jovem nigeriano Ahmed Musa. Até ao regresso de Seydou Doumbia, na passada semana, Musa era o único avançado de renome do emblema moscovita, mas foi, ainda assim, dando conta do recado. O avançado nigeriano de 22 anos tem estado em grande destaque esta temporada e já apontou vários golos, quer a nível interno, quer no jogo anterior da fase de apuramento da Liga dos Campeões, marcando por duas vezes em Praga frente ao Sparta local. Contudo, a chegada de Doumbia pode fazer recuar Musa para a posição de extremo, sacrificando para isso Tosic ou até Bibras Natkho e, em simultâneo, fazendo passar Alan Dzagoev ou Roman Eremenko para uma posição interior mais recuada.
Roman Eremenko – O cérebro da equipa russa Fonte: sport-express.ru
O CSKA Moscovo, ao contrário do que fazia na era de Valeri Gazzaev, baseia muito do seu jogo em rápidos contra-ataques e procura quase sempre o erro do adversário em áreas de transição para aplicar o golpe final.
Leonid Slutsky criou uma equipa com nervos de aço (algo que contrasta com a sua muito pouco usual forma de estar no banco de suplentes), capaz de criar mossa em qualquer adversário e que tem conseguido retirar dos seus jogadores prestações por vezes notáveis em vários jogos internacionais recentemente.
Há um provérbio russo que diz: “aquele que recorda o passado perde um olho, mas aquele que o esquece perde os dois”. Jorge Jesus e o Sporting CP, que são por muitos considerados favoritos para esta eliminatória, não devem esquecer o que aconteceu em 2005 e muito menos menosprezar a actual equipa do CSKA; caso contrário, não conseguirão certamente marcar presença na fase de grupos da Liga Milionária esta época.
O candidato PSG cada vez mais primeiro e o candidato Marselha cada vez mais em crise. Um Mónaco com um grão na engrenagem e um Lyon a afinar o motor. Um jogo de loucos em Troyes numa jornada parca em golos. Eis o rescaldo da segunda jornada do Championnat.
Mónaco 0-0 Lille –Enyeama primeiro e as lesões depois a emperrarem a máquina de Jardim
Diminuído. No início da segunda parte, pelas lesões de Moutinho e Kurzawa, que irão provavelmente falhar o importante play-off de acesso à Liga dos Campeões com o Valência, o Mónaco não conseguiu dar seguimento à excelente primeira parte, em que o guarda-redes do Lille foi muro intransponível.
Já autor de uma exibição muito segura frente ao PSG na primeira jornada, apesar da derrota do LOSC, Enyeama conseguiu ser ainda melhor no estádio Louis II. Decisivo aos 12 minutos frente a Nabil Diar, o internacional nigeriano foi imperial quando, mesmo a acabar o primeiro tempo, conseguiu desviar para canto um livre de Moutinho, que se dirigia ao ângulo da baliza à sua guarda.
O Mónaco, dominador até então, e aproveitando muito bem os corredores, principalmente o esquerdo pelo omnipresente Cavaleiro, teve depois de enfrentar duas contrariedades com as lesões de Kurzawa e Moutinho no segundo tempo. O jogo dos monegascos tornou-se muito menos esclarecido, e o Lille equilibrou a contenda acabando mesmo a partida muito por cima do seu oponente.
Os homens de Leonardo Jardim não conseguiram dar seguimento às boas exibições protagonizadas frente ao Young Boys e ao Nice e perdem dois pontos, em casa, na véspera de uma importante deslocação a Valência, num encontro que poderá ser decisivo para a época dos monegascos.
Enyama em grande forma neste início de Championnat Fonte: Eurosport.com
Saint-Étienne 1 – Bordéus 1 (Hamouma 58’ ; Saivet 90’). Justiça ao cair do pano.
Face a uma das suas bestas negras na Ligue 1 (apenas 3 vitórias nos últimos 23 encontros), o Saint-Étienne teve muitas dificuldades, na primeira parte, para encontrar soluções atacantes frente a um Bordéus muito bem organizado e disciplinado. Abusando do jogo longo e lançamentos em profundidade, os Verts foram presa fácil para os homens de Willy Sagnol.
No segundo período, a fisionomia da partida alterou-se por completo. Depois de aos 53 minutos Roux ter estado muito perto de marcar um fantástico golo “à Madjer”, Hamouma abriu mesmo o marcador após uma brilhante jogada coletiva. Contudo o Bordéus reagiu rapidamente e tomou conta das operações. Diabaté acertou na barra transversal aos 62 minutos, algo que Saivet repetiria quatro minutos depois. Mas só no período de descontos é que a reação bordelesa seria compensada, com Saivet a aproveitar um buraco na barreira do Saint-Étienne e marcar o golo do empate de livre, que proporciona o primeiro ponto para ambas as equipas nesta Ligue 1.
Amgers 0-0 Nantes – Mais cartões do que lances perigosos
Um jogo nulo sem emoção, aquele que aconteceu no estádio Jean-Bouin. Mesmo se o Angers tentou fazer a diferença nos minutos finais do encontro, o resultado final ajusta-se perfeitamente àquilo que se passou em campo. Uma partida muito aguerrida e disputada em que as faltas e os cartões amarelos se multiplicaram num ritmo muito mais sustentado do que os lances de golo das equipas.
Depois de ambos os conjuntos terem vencido na primeira jornada continuam a seguir lado a lado com quatro pontos cada uma.
Caen 1-0 Toulouse (Damien da Silva 69’) – Mesmo dominado em grande parte do encontro, Caen segue no grupo dos líderes.
Depois de uma grande vitória alcançada no Vélodrome, ofuscada em grande parte pela saída de Bielsa do Marselha, Caen começa agora a atrair os olhares com um segundo sucesso consecutivo a contrastar com a aflição da época transata. E bem que pode agradecer a Damien da Silva, que correspondeu da melhor forma a um livre batido pelo seu capitão, Julien Féret, a pouco mais de 20 minutos do fim do encontro. Toulouse dominou grande parte do encontro e mesmo depois da expulsão de Spasic, aos 90 minutos, teve uma grande oportunidade para chegar ao empate quando Bem Yedder, de cabeça, acertou na barra transversal da baliza à guarda de Vercoutre.
Guingamp 0-1 Lyon ( Claudio Beauvue 79’) – Lyon a arrancar com uma jornada de atraso.
Depois da sua falsa partida, em casa, na primeira jornada (0-0 contra o Lorient), Lyon corrigiu o tiro na sua deslocação ao sempre difícil terreno do Guingamp. Mas precisou da ajuda do banco, nomeadamente de Beauvue, que defrontava a sua antiga equipa e consequentemente não festejou o golo, e do seu guardião, o português Anthony Lopes.
Lyon permanece invencível mas também órfão de ideias e com muito trabalho pela frente pois apresentou um futebol ainda mais pobre do que no jogo anterior. Mas estes três pontos poderão fazer um bem precioso aos vice-campeões franceses que muito sofreram durante a primeira meia-hora. O Guingamp, esse, conta agora com duas derrotas; bem que merecia um ponto mas nada lhe sorriu e teve de enfrentar um excelente Anthony Lopes, principalmente aos 94 minutos, quando o guardião do Lyon saiu muito bem frente a Briand para ver depois Bisevac afastar o remate de Salibur em cima da linha.
Este jogo também marcou a estreia de Valbuena pelo Lyon. O antigo jogador do Marseille foi o jogador mais perigoso dos Lioneses no seu primeiro jogo do Championnat, após passagem pela Rússia. Poderá ser um elemento fundamental para as aspirações da equipa orientada por Fournier.
Valbuena estreou-se a grande nível pelo outro Olympique Fonte: Site Oficial Olympique Lyon
Rennes 1-0 Montpellier (Grosicki 86’) – Grosicki encontra a chave de jogo fechado.
Foram duas equipas à procura dos primeiros pontos na Ligue 1 e que se anularam completamente taticamente, aquelas que se encontraram no Roazhon Park. Depois de uma primeira parte completamente fechada, e de uma segunda parte que seguiu os mesmos trâmites, ficou claro que só um lance de génio poderia desbloquear a partida. E foi o que o recém entrado Grosicki conseguiu, quando, aos 86 minutos, alojou a bola mesmo na esquina da baliza defendida por Jourdren. Um fantástico remate a dar a primeira vitória ao Rennes e a deixar o Montpellier no fundo da tabela, ainda sem pontuar.
Troyes 3-3 Nice – (Corentin Jean 3’, Fabien Camus 77’, Thiago Xavier 94’ ; Ben Arfa [pen] 6’, Plea 16’, Le Marchand 46’) –Troyes alcança empate inesperado em jogo de loucos.
Quando o árbitro apitou para o intervalo em Troyes, poucos seriam os adeptos locais que esperariam que a sua equipa alcançasse algo de positivo nessa noite. Na verdade, estando reduzidos a dez desde o minuto 32, depois da expulsão de Mavinga, e perdendo por 3-1, não era fácil acreditar noutro desfecho que não a derrota. Mas esse não era o pensamento da equipa de Jean-Marc Furlan. Depois de terem aberto o marcador, logo aos 3 minutos, tiveram de enfrentar um fantástico Plea, que está nos três golos da reviravolta do Nice e na origem da expulsão de Mavinga, mas isso não foi motivo para deitar a toalha ao chão. Após reduziram aos 77, por Camus, a equipa do Troyes chegaria mesmo, em cima da hora, ao empate milagroso por intermédio de Thiago Xavier. Nenhuma equipa ainda conseguiu vencer nesta Ligue 1, mas para o Troyes o empate terá um sabor mais agradável.
Reims 1-0 Marselha (Traoré 14’) –Marselha não se levanta e crise agudiza-se.
Ainda na ressaca da despedida de Bielsa, logo na primeira jornada, o Marselha até entrou relativamente bem no terreno do Reims. Contudo, Traoré, aos 14 minutos, beneficiou de uma falha de Batshuayi na marcação de um canto e aproveitou para inaugurar o marcador, fazendo o seu primeiro golo em campeonatos, e acordar os fantasmas do OM.
Os marselheses tentaram reagir ainda na primeira parte e foram tendo mais posse de bola mas evidenciaram muita intranquilidade nas suas ações ofensivas. Já na segunda parte, quando se esperava um Marselha mais incisivo, foi De Preville que poderia ter sentenciado a partida ao aparecer isolado na cara de Mandanda mas a permitir a defesa do guarda-redes congolês. Mas quando, aos 74 minutos, Romao foi expulso, ficou claro que o Reims iria conseguir a sua primeira vitória caseira sobre o Olympique deste 1976.
Um Marselha em crise, que precisa rapidamente de organizar uma casa que parece um baralho de cartas tombado. Urge definir uma equipa técnica para dar tranquilidade ao plantel. Para já, duas derrotas e nenhum golo marcado, contrastando com o Reims, que vai partilhando a liderança com duas vitórias.
Traoré deu a vitória e a liderança ao Reims Fonte:20minutes.fr
Lorient 1-1 Bastia (Moukandjo [pen] 91’ ; Ayite 4’) – Un forcing que só pagou a metade.
Em desvantagem desde o quarto minuto, o Lorient carregou para recuperar e evitar uma derrota caseira. Face a um corsos completamente recolhido no seu meio-campo e a tentar (sem sucesso) explorar os contra-ataques, os jogadores de Sylvain Ripoll viram os seus esforços recompensados na marcação de uma grande penalidade, já nos descontos, por intermédio de Moukandjo. As duas equipas permanecem assim invictas.
Paris Saint-Germain 2-0 Ajaccio –(Matuidi 11’, Thiago Silva 21’) –Resolver rapidamente para descansar.
O PSG, ainda sem o lesionado Ibrahimovic e o reforço Di Maria, apresentado apenas ontem na companhia dos quatro troféus conquistados este ano, mas com a jovem pérola Augustin no lugar de Pastore, rapidamente tratou de resolver a partida face a um modesto Ajaccio, que demonstrou ainda não ter a tarimba necessária para encontros desta envergadura.
Matuidi, logo aos 11 minutos, definiu o rumo da partida, com um violento remate cruzado a encontrar o fundo das redes à guarda de Maury. Aos 21 minutos, o capitão Thiago Silva sentenciou, logo ali, a partida ao corresponder da melhor forma a um canto batido por Motta (que recuperou a confiança de Blanc para a titularidade). Enfrentando um Ajaccio muito tenro e que só protagonizou tímidas iniciativas, os parisienses aproveitaram a diferença produzida na primeira parte para gerir na segunda.
Os campeões nacionais continuam na liderança e começam desde já a ganhar pontos aos seus mais diretos adversários, ameaçando tornar esta Ligue 1 num passeio.
Matuidi iniciou a vitória fácil do PSG Fonte: Site Oficial do PSG
A Figura da Jornada: Alassane Plea
Resumidamente, Plea fez tudo. O atacante de 22 anos do Nice esteve envolvido em todos os golos da sua equipa, no empate 3-3 em Troyes. Obteve primeiro o penálti que Ben Arfa viria a converter, marcou de seguida o segundo dando a vantagem ao Nice e ainda fez ainda a assistência para o terceiro marcado por Le Marchand. Como se ainda não bastasse, sacou a expulsão a Mavinga entregando de bandeja a vitória à sua equipa, algo que esta não conseguiria pois desbaratou a superioridade numérica e a vantagem no marcador. Mas isso já não foi culpa de Plea.
O Momento da Jornada:Marselha de mal a pior
Depois de uma pré-época a meio-gás e das saídas em catadupa de jogadores que foram fundamentais, na época passada, já seria de esperar que o Olympique de Marseille tivesse um início de Ligue 1 complicado. Mas nada fazia antever que, à segunda jornada, já se falasse em crise, agudizada pela saída de Bielsa logo no primeiro jogo. Os resultados, esses, só correspondem ao paupérrimo futebol apresentado em campo. Os dirigentes do Marselha têm menos de duas semanas para fazer um trabalho que demora meses a preparar: dar um equipa capaz a um treinador que ainda não contrataram.