Desengane-se quem apenas viu o resultado. O Benfica goleou e conseguiu a primeira vitória na era Rui Vitória mas ainda há tanto para fazer para meter o Benfica a jogar de acordo com a qualidade que tem no plantel.
Num Estádio da Luz com cerca de 50 mil que quiseram mostrar que estão com a equipa, o Benfica demorou a pegar no jogo. Rui Vitória tem muito ainda que trabalhar tendo em conta o que foram os primeiros 45 minutos. Os mesmos problemas da pré-época e da Supertaça voltaram a ser visíveis, o Benfica não consegue criar oportunidades de perigo e com um estilo de jogo ainda muito confuso, muita bola pelo ar e poucas ideias. Do outro lado um Estoril inteligente, a explorar o contra-ataque aproveitando as dificuldades de Nelson Semedo e Eliseu em fechar as laterais. A primeira parte resume-se a isto. O Benfica tinha bola, tinha iniciativa mas faltava sempre o toque final para concluir a jogada. Gaitán e Jonas eram os únicos que iam aparecendo para dar outra imagem ao pálido jogo benfiquista. Com o passar do tempo e tendo como mote o golo bem anulado a Mitroglou, o Benfica foi melhorando, mas ainda longe do que pode fazer. Do lado do Estoril apareceu a melhor oportunidade da primeira parte. Num lance onde Luisão não fica isento de culpas, Bonatini ficou isolado e foi Júlio César, com uma grande mancha, a impedir o pior. Um golo a terminar a primeira parte era o pior que podia acontecer a um Estádio da Luz já de si bastante impaciente com a forma de jogar do Benfica. Ola John era a imagem de um jogo sem fio. O holandês continua a ser um 0 e se não fosse Nelson Semedo a ajudá-lo no ataque pior ainda seria.
Que continues assim, miúdo! Fonte: Facebook do Benfica
Se ao intervalo, o Estoril estivesse a ganhar, não seria surpresa nenhuma. E o inicio da segunda-parte voltou a mostrar o mesmo filme da primeira até ao momento em que Rui Vitória percebeu o que tinha de mudar. Pizzi (dos piores jogos com a camisola do Benfica) e Ola John estavam a mostrar 0 e para os seus lugares entraram Talisca e Victor Andrade(prémio justo depois de boas exibições na equipa B), respectivamente. E o jogo do Benfica melhorou. O Estoril fez entrar Mattheus e Bruno César(aplaudido no regresso à Luz), mas as opções tomadas não mexeram com o jogo e apenas contribuíram para a vitória do Benfica, que começou a ser construída aos 71 minutos por Mitroglou (que venham muitos mais). Depois foi Jonas Pistolas a fazer aquilo que sabe tão bem (que saudades que eu já tinha de te ver a marcar) e o miúdo Nelson Semedo a marcar o seu primeiro, numa estreia muito positiva.
Um resultado enganador, o Estoril não merecia a goleada e ainda há muito por onde trabalhar. A falta de oportunidades de perigo e de ideia de jogo ainda é gritante. No entanto nem tudo são coisas más e há a destacar a entrada de 2 miúdos que vão dar que falar. Victor Andrade mexeu com o jogo e conta já com uma assistência e de Nelson falarei na figura do jogo. De resto, os magos Gaitán, Jonas e Júlio César continuam a mostrar aquela classe já habitual. Uma palavra para a arbitragem, que esteve mal, com 2 lances na área do Benfica que merecem discussão. Ainda só estamos na primeira jornada e já vemos vários casos. Para quando a ajuda tecnologia?
O Benfica venceu hoje porque tem melhores jogadores, mas Rui Vitória ainda tem um longo trabalho pela frente. No entanto, fica aqui o meu voto de confiança ao treinador. Hoje as suas mexidas foram determinantes para a vitória. É certo que estamos habituados a entrar fortes em casa, foram 6 anos disso, foram 6 anos de futebol espectáculo, mas os benfiquistas precisam de fazer o (não tão fácil) exercício de esquecer o que foram esses 6 anos e não pedir já o mundo a um treinador que está agora a chegar a uma nova realidade. Rui Vitória tem falhado (não é o único) mas continuo a acreditar que podemos fazer coisas boas com ele. Só precisa de não ter medo de acreditar nas suas ideias.
A Figura:
Nelson Semedo – O jovem jogador já tinha mostrado que pode agarrar o lugar e hoje voltou a confirmar isso. Muito bom a atacar, ainda precisa de melhorar a defender mas é jogador para podermos contar com ele e acredito que crescerá durante a época. Não podia pedir estreia melhor
O Fora-de-jogo:
Ola John – Quando não dá, não dá. As oportunidades que o holandês teve com Rui Vitória já foram demasiadas e até agora mostrou muito pouco. Juntando a isto os restantes anos que já tem no Benfica, Ola John não esteve só desaparecido no jogo de hoje como está desaparecido desde que chegou à Luz. Se a titularidade tem como objectivo valoriza-lo para o vender, mais só faz com que os pretendentes desistam do jogador. O seu tempo no Benfica acabou (será que alguma vez começou?) e tem de sair o mais rápido possível.
A semana da imprensa desportiva inglesa teve o Chelsea no centro das atenções. A médica do clube, Eva Carneiro, fora insultada por José Mourinho por ter entrado em campo quando Hazard estava caído, “perdendo” tempo na busca dos três pontos no encontro caseiro do campeão frente ao Swansea. Falou-se do desagrado de Abramovich pela atitude do português, do pedido desculpas público exigido pela Dra., do apoio dos médicos da Premier League à mesma, e de um pedido singular de vários adeptos do Arsenal – era em Eva Carneiro que se devia apostar para reforçar o plantel, e não em Benzema.
Viram-se, por isso, livres do peso mediático da péssima diante do Swansea, os jogadores do clube londrino, mas isso não foi suficiente para encararem o jogo com maior tranquilidade. Pelo contrário, cederam muito espaço ao Manchester City, que entrou cheio de ganas em afirmar a sua superioridade face a um rival na luta pelo título e que em meio minuto de jogo já tinha criado duas oportunidades, a primeira por Aguero, a obrigar Begovic a aplicar-se, a segunda por Navas, que rematou perto do poste esquerdo da baliza do Chelsea, na recarga.
A passividade dos blues, sobretudo no meio campo, onde Ramires esteve em destaque pela negativa, fez crescer o City e permitiu um duelo intenso entre a referência ofensiva dos citizens (Aguero) e o guarda-redes bósnio do Chelsea, que travou as primeiras duas tentativas do argentino com muito brio, sendo auxiliado pela falta de equilíbrio do rival, à terceira. À quarta, porém, não conseguiu evitar que a bola cruzasse a linha de golo. Aguero beneficiou da passividade do sector defensivo do Chelsea e, depois de combinar com Touré, fez gato-sapato dos seus adversários, dentro da grande àrea, antes de finalizar, colocadíssimo para um golo mais do que merecido.
O Etthiad engalou-se (perto de 55 mil adeptos) para receber um fantástico jogo de futebol Fonte: Facebook do Manchester City
O Chelsea não conseguia sacudir a pressão dos citizens e ia-se rendendo às evidências da supremacia táctica do seu adversário, alicerçada num posicionamento defensivo irrepreensível (Mangala vai crescendo), que dá mais segurança à equipa e lhe permite, de forma mais desinibida, praticar um futebol mais horizontal no último terço do terreno, essencialmente levado a cabo pelos alas, ainda que os desequilibradores maiores continuem a ser David Silva e Sergio Aguero.
Até final da primeira parte, o Chelsea conseguiu ganhar terreno, mas isso não se manifestou em situações de grande perigo para além de um remate de longe de Fabregas que passou perto da baliza de Joe Hart.
Para a segunda parte, o City conseguiu fechar-se de forma eficaz e o jogo, não perdendo a intensidade da primeira parte, não teve tantas oportunidades de golo, até porque quem dominava era quem estava a vencer e só saia para o ataque pela certa, mas com perigo. Aguero, novamente, rematou ao lado, servindo esta ocasião de golo para despertar um pouco o Chelsea que foi ocupando o meio-campo contrário, ainda que isso só lhe valesse uma situação de golo – Hazard, beneficiando do trabalho físico de Diego Costa dentro da àrea, tirou um adversário do caminho e obrigou Joe Hart a esforçar-se.
Mourinho via a sua equipa impotente perante tamanha organização posicional contrária e decidiu arriscar, fazendo entrar Falcao para o lugar de Willian… mas no minuto a seguir, o City amplia a vantagem, com Kompany a responder, de cabeça e da melhor maneira a um canto batido por David Silva.
Um golpe tremendo nas aspirações de um Chelsea já partido, no espírito e no campo, e que permitiu que uma saída para o ataque ficasse frustrada pela audácia de David Silva (outra vez ele), que se antecipou a Ivanovic e ofereceu a Fernandinho o golo que viria a fixar o resultado final.
Até ao último apito do àrbitro, apenas se realça um lance em que Diego Costa atira ao poste no lance de maior perigo do Chelsea.
O Chelsea voltou a desiludir e desta vez não se podem usar bodes… ou carneiros (trata-se de uma mulher, por sinal lindíssima!), vá, expiatórios que escondam uma exibição pouco imaginativa dos jogadores ou a superação estratégica do técnico adversário.
Figura do jogo:
David Silva – Que grande jogo do espanhol dos citizens. Não marcou, mas esteve em todos os lances de golo da sua equipa. No primeiro, foi ele a descobrir Aguero, que tabelou com Touré, antes de marcar. No segundo e terceiro, são passes dele que dão os golos que sentenciaram a direcção dos três pontos.
Para além disto, teve ainda papel importante a nível posicional, auxiliando Fernandinho nas subidas de Touré, e servindo quase como segundo avnaçado na hora de pressionar a construção de jogo do adversário. Como se não bastasse, aindda foi municiador de grande parte dos outros lances de perigo.
O Fora de jogo:
José Mourinho – O treinador português, pela terceira vez (uma das duas anteriores fora em Leiria) na sua carreira, entra sem vencer nas primeiras duas jornadas do respectivo campeonato.
Estudou, porventura, mal, o seu adversário, que o surpreendeu pela organização táctica e pela largura ofensiva que emprestou ao jogo. O meio-campo foi muito macio e permitiu demasiadas situações de contra-ataque para uma equipa com o estatuto do Chelsea e que teve na organização defensiva o seu ganha-pão (campeonato) no ano passado.
As antevisões a este jogo, feitas um pouco por todo o mundo (o confronto viria a ser transmitido para todos os continentes), centravam a sua atenção na proximidade (a dois títulos de distância) do “sextete”, repetindo a façanha alcançada em 2009, quando Guardiola ganhou tudo o que havia para ganhar nesse ano. Também era dado relevo ao facto de Messi poder destacar-se ainda mais como artilheiro máximo da Supertaça Espanhola (10 golos), ampliando a diferença para nomes como os de Raúl González ou Hristo Stoichkov, e ainda se falava muito da inclusão de Pedro no onze, na ausência de Neymar do jogo e… da lista de 3 finalistas candidatos a melhor jogador a actuar na europa.
No espaçozinho dedicado ao Athletic, referiam-se as muitas ausências da equipa de San Mamés – Iñaki Williams e Iker Muniain, grande desequilibradores na estratégia habitual de Ernesto Valverde à cabeça. Mas pouco ou nada mais para além disto, afinal, também se referia, o Atlethic apenas tinha vencido duas Supertaças, contra onze do Barcelona, a última das quais em 1984/1985… numa edição que nem sequer foi disputada pelo facto de Los Leones terem vencido Campeonato e Taça no ano anterior. Essa, aliás, era a última conquista do conjunto de San Mamés. 31 anos passaram, e durante este período o Barcelona vencera nada menos que 45 (!!!) títulos.
Athletic muito perto de voltar a conquistar um titulo Fonte: Facebook oficial da Liga BBVA
Vistas bem as coisas, era legítimo o foco no Barcelona, mas isso não lhe dava o direito de entrar com sobranceria no jogo, por mais desgastante que tivesse sido o embate contra o Sevilha, a meio da semana. Começando no treinador, Luís Enrique, que optou por deixar no banco nomes como Iniesta, Piqué ou Rakitic, essenciais no equilíbrio da equipa e avançou com uma dupla de centraiscom poucas rotinas (Bartra e Vermaelen) e um meio-campo com pouco poder de rasgo (Rafinha-Mascherano-Sergi Roberto). Abriu-se um fosso enorme na construção de jogo e foi com naturalidade que se viu um Barcelona pouco criativo (Messi com muita dificuldade em vir buscar jogo atrás, bem “tapado” por Balenziaga) face à enorme pressão do Bilbao. Até ao intervalo, só de bola parada o Barcelona conseguiu criar perigo, depois de um rasgo individual (só mesmo dessa forma se imaginariam desequilíbrios) de Pedro Rodríguez, ganhando uma falta, bem cobrada por Messi mas com correspondência na defesa de Iraizoz. Nesta altura, já o Barça se via a perder, graças a um golaço de San José que aproveitou um mau alívio de cabeça, de Ter Stegen, e o adiantamento do guarda-redes alemão para fazer um chapéu desde o meio-campo.
Na segunda parte, as coisas pioraram ainda mais. A equipa entrou bem, é certo – Pedro atirou à trave e Messi esteve perto do golo logo a seguir – mas Dani Alves hipotecou as hipóteses e remeteu a sua equipa para a “execução” do sonho do sextete com três erros. O primeiro logo a seguir à entrada de Iniesta, proibindo a equipa de se sentir mais cómoda com a entrada do 8 – deixou Sabin fugir para cruzar para Iraizoz assinar o 2-0. Passados 10 minutos, foi ele a assistir o goleador de San Mamés para o 3-0 e, não satisfeito, cinco minutos mais tarde, cometeu uma grande penalidade infantil ao cair sobre Etxeita, quando este não representava perigo e o lance estava quase controlado. 4-0, hat-trick de Aduriz.
O Barcelona, “condenado” à morte, não se conseguiu levantar e não criou mais perigo. A pressão exercida pelo Athletic levaram os culé ao cadafalso. Dani Alves e Aduriz, foram os carrascos.
A Figura do jogo:
Aritz Aduriz – Marcar três golos num jogo desta importância (sobretudo para o Athletic, que não vence um título há 31 anos), contra o campeão espanhol e europeu e vencedor da Copa do Rei e da Supertaça Europeia, ficará, sempre, marcado na vida de qualquer futebolista e de qualquer jogo. Fez 3 dos quatro golos da sua equipa e foi importantíssimo na primeira fase de pressão à construção do Barcelona.
O Fora-de-jogo:
Dani Alves – Exibição desastrosa do defesa-direito brasileiro. Foi ele o principal responsável pelo descalabro culé, em San Mamés, estando directamente ligado, de forma infantil, aos três golos apontados pelo Athletic na segunda parte.
Num dos campeonatos mais quentes dos últimos anos, é caso para dizer que dificilmente o FC Porto poderia ter entrado de melhor forma. Com uma exibição segura, consistente e de grande qualidade, a vitória robusta por 3-0 frente ao V. Guimarães foi curta para tanta produção ofensiva. De destacar, pois claro, a exibição enorme de Aboubakar, um avançado que na época transata andou a reboque de Jackson mas que, pelo que se viu frente aos vimaranenses, quer mostrar credenciais na nova época. Varela, Imbula, Danilo Pereira e Maxi Pereira foram outros destaques de uma primeira jornada que trouxe um FC Porto assertivo perante uma boa equipa.
Como acontece frequentemente nesta fase da época, os exageros emocionais são uma constante. Ao longo das últimas semanas, bastava entrar nas páginas oficiais do clube nas redes sociais para se perceber a enorme quantidade de treinadores de bancada que, por alturas do verão, aparecem dando palpites sobre a suposta formação do plantel. Há aqueles que acham que o plantel está completo e pronto para a maratona que se avizinha; e há os outros que nunca estão totalmente satisfeitos e que consideram que faltam sempre jogadores. Depois de uma exibição como a deste sábado, creio que o risco maior que pode acontecer ao FC Porto é ficar paralisado no mercado. Ou seja, é certo que o jogo contra o Vitória trouxe coisas muito positivas à equipa e aos adeptos, mas a realidade mostra-nos que nem sempre será assim. No final do jogo, os mais eufóricos – fossem adeptos de bancada ou jornalistas – já começavam a “esquecer” Jackson Martinez, fazendo desde já de Aboubakar a última “bolacha do pacote”. Até há bem pouco tempo, todos diziam que Lopetegui precisava de um médio criativo como de pão para a boca. Ao ver as exibições de Danilo Pereira, Imbula ou André André, esse é um capricho que parece, à luz dos mais emocionais, já não fazer sentido nas contas da direção portista.
Bom, como já deve ter percebido, esta é uma visão com a qual não estou minimamente de acordo. Tal como referi no meu artigo da última semana, creio que este plantel do FC Porto ainda tem pontas soltas que precisa de rever nas últimas duas semanas de mercado. Relativamente à composição do plantel, a meu ver a posição de médio criativo, ou médio de “último passe”, é aquela que ainda pede um novo jogador. Senão vejamos: da exibição frente ao Vitória de Guimarães, sobraram elogios para a suposta nova ideia de jogo de Julen Lopetegui. Ao ver a exibição portista na estreia do campeonato, ficou a ideia de uma equipa mais rápida, intensa e sobretudo vertical na exploração do jogo ofensivo. Para a confirmação destas premissas, em muito contribuiu a composição do meio campo portista e as caraterísticas dos seus jogadores. Olhar para Danilo Pereira, Herrera e Imbula é quase como olhar para um meio campo com rotação máxima do primeiro ao último minuto. Aliás, as semelhanças táticas destes três jogadores fazem com que o meio campo do FC Porto tenha sido mais de combate do que imaginação, resultando no primeiro capítulo da luta entre a técnica da força e a força da técnica.
Imbula é o “espelho” da agressividade tática portista Fonte: Futebol Clube do Porto
Quando comparamos este meio campo com o da época passada (Casemiro, Herrera e Oliver Torres), percebe-se claramente onde é que os defensores da nova ideia de jogo portista querem chegar. Bem vistas as coisas, por exemplo, não se pode pedir ao ex-jogador do Marítimo que tenha a mesma qualidade com bola que tinha o agora jogador do Real Madrid. Aliás, essa é talvez uma das razões para Lopetegui ter preferido Danilo Pereira a Rúben Neves, numa clara opção pela “agressividade tática” em detrimento da qualidade na primeira fase de construção. No caso de Danilo, ninguém pode esperar que o internacional português faça um passe de 50 metros como fazia Casemiro ou como faz Rúben Neves; o que podem esperar é que, na sombra da “sala de máquinas” portista, ele seja sempre o pronto-socorro nos momentos de desposicionamento defensivo. No caso de Imbula, as diferenças do internacional francês para com Oliver Torres são tão evidentes que saltam à vista de todos. Quem via em campo o atual médio do Atlético de Madrid sabia que, do seu magnífico pé direito, vinha quase sempre uma bola “com selo” de golo. Com uma inteligência posicional invulgar para alguém tão jovem, Oliver foi sempre um dos principais faróis da estratégia de Lopetegui. Nada surpreendente, tal a qualidade do médio espanhol. No caso de Giannelli Imbula, as diferenças são gritantes: o médio que proporcionou a contratação mais cara da história do futebol português é um verdadeiro “box-to-box do futebol moderno”. Com uma passada larga e uma dimensão física acima da média, Imbula dá algo pelo qual o futebol portista desesperava há anos: agressividade tática. Uma das principais lacunas apontadas ao FC Porto na última época era a de ser uma equipa demasiado “macia” em termos táticos. Para que isso tivesse sido uma realidade, em muito contribuiu a ideia imaginada por Lopetegui, que nunca pareceu ter um “Plano B” para contrapor à ideia de posse que o perseguiu durante a última época.
É nesta diferença entre a “técnica da força e a força da técnica” que reside a minha principal dúvida à partida para a nova época portista. Durante a última época, fui criticando o treinador espanhol por não raras vezes “não perceber o futebol português”, nas suas dimensões física e tática. Com um campeonato tão longo, é preciso perceber os vários momentos da competição e, para isso, é preciso ter um plantel eclético que permita à equipa poder ter várias caras durante a mesma época, sem que com isso a ideia tática mude. Ao olhar para a composição atual do meio campo portista, e tal como já referi na última semana, vejo diversos médios “iguais” em termos de caraterísticas. Apesar de cada um ter as suas especificidades, a verdade é que olhar para Danilo Pereira, Rúben Neves, Herrera, André André, Sérgio Oliveira, Imbula e Evandro é ter a perceção de estarmos perante um conjunto de médios com mais “coração do que cabeça”.
Futebolisticamente falando, creio que a grande lacuna do miolo portista é a falta de criatividade que ainda demonstra. Quando me refiro a criatividade, esta não tem que estar atrelada àquele médio ofensivo que, no século XX, pouco ou nada defendia. No futebol moderno, esse tipo de comportamento já não é permitido e tendo em conta a exigência competitiva da época portista, esse “médio de valor acrescentado” terá que ser alguém com a capacidade de juntar a capacidade criativa à de trabalho defensivo. Bem sei que, no mercado, encontrar um jogador com estas caraterísticas obrigará a um exercício financeiro que não sei até que ponto o FC Porto poderá fazer. Ainda assim, parece-me claro que, e tendo em conta aquilo que vimos na última época, é essencial para responder a tantos momentos competitivos ter um plantel suficientemente elástico .
Ao olhar para o meio campo que ajudou a derrubar o Vitória de Guimarães, a ideia que me deu é que Lopetegui não tem nem quer ter uma ideia diferente de jogo. A qualidade na posse de bola é e será sempre a sua bandeira e, talvez por isso, é que no seu discurso se percebe que ele próprio ainda espera por esse médio criativo. A meu ver, a composição do meio campo com Danilo, Herrera e Imbula é só a evidência do treinador em mostrar que os médios que tem ao seu dispor são todos “demasiados parecidos”. Como analista, creio que seria essencial aliar a esta capacidade de trabalho a imaginação que, por vezes, tanta falta faz a uma equipa. É que, bem vistas as coisas, nenhuma das fórmulas está totalmente certa e totalmente errada. O segredo é juntar as duas componentes num equilíbrio perfeito para dar resposta a tantos desafios e a tantas competições. Resumidamente, trata-se de aliar a técnica da força à força da técnica.
Belenenses e Rio Ave encontraram-se no Restelo dispostos a somarem os primeiros três pontos da temporada. E ambas as equipas fizeram por isso, em diferentes períodos da partida. A equipa da casa, disposta num 4-2-3-1 com Rúben Pinto e André Sousa nas costas do endiabrado Carlos Martins (esteve em todos os golos da sua equipa) e com Sturgeon e Dálcio a servirem Abel Camará, entrou melhor e tentou mandar na partida. Mesmo com Miguel Rosa no banco (provavelmente a ser poupado para o duelo europeu, mas quando foi lançado ajudou a virar o jogo), os azuis tentaram empurrar o Rio Ave para o seu meio-campo. Os homens de Pedro Martins, contudo, são uma equipa muito serena e bem organizada e foram, pouco a pouco, impondo o seu jogo.
Os vila-condenses, de resto, apresentaram-se num 4-4-2 já bastante trabalhado, com Wakaso e Tarantini a segurar o meio-campo e Hassan e Yazalde na frente, apoiados por Bressan na esquerda e Novais a pender um pouco mais sobre a direita. Foi precisamente Novais quem começou por dar trabalho ao guardião Ventura, que se viu obrigado a defender um remate para canto e, na sequência, tirou uma bola em cima da linha de golo. Contudo, à precipitação do Belenenses, que redundava em jogadas perdidas, respondia o Rio Ave com mais ponderação e maturidade. E Ventura, até aí com duas boas intervenções, largou uma bola fácil para a zona onde estava Bressan, que empurrou para o 0-1. Começava aqui a odisseia de golos de um jogo épico.
Se já antes do golo o Rio Ave pareceu sempre a formação mais organizada, após o 0-1 os forasteiros passaram a controlar ainda mais, perante a incapacidade azul na construção. A equipa de Sá Pinto tentava atacar mais pelo flanco direito mas, curiosamente, era quando se aventurava pelo lado contrário que criava mais perigo. É que, à direita, Dálcio teve um jogo para esquecer, ao passo que Sturgeon, no flanco canhoto, ia aparecendo a espaços. Quando já se esperava o apito para o intervalo, eis que surgiu o empate. Na sequência de uma falta duvidosa, Carlos Martins cobrou o livre da esquerda e Gonçalo Brandão, solto, marcou de cabeça. 1-1, mas o melhor estava para vir.
Esperava-se um grande jogo e foi isso mesmo que acabou por acontecer
Na segunda parte (que iria ser frenética), a toada do jogo manteve-se nos minutos iniciais. Um Rio Ave mais organizado e um Belenenses sem conseguir construir jogo. Dálcio continuava igual à primeira-parte e Sá Pinto percebeu que o jogador já não acrescentava nada de útil ao jogo. Substituiu-o por Miguel Rosa e o Belenenses mudou do dia para a noite. Aos 55 minutos, Ruben Pinto cabeceou à entrada da área, a bola não tocou em ninguém e entrou, surpreendendo Cássio. Estava feita a reviravolta e o Belenenses acordou, a construção de jogo melhorou e Miguel Rosa era o homem responsável. É graças a ele que nasce o penalty que faz o 3-1. Finta e arrancada fenomenal do jovem jogador e a jogada a terminar com Abel Camará a cair dentro da área e a ser bem marcado o penalty que deu o 3-1 para os homens de Sá Pinto.
Mas o Rio Ave não tinha baixado os braços. As alterações de Pedro Martins fizeram bem à equipa, com Ukra e Guedes a entrarem bem. Se Miguel Rosa foi o homem que mexeu com o jogo para o lado do Belenenses, do lado dos vila-condenses, Guedes (que substituiu o apagado Yazalde) teve o mesmo efeito. Aos 70 minutos, cruza e a bola bate em Gonçalo Brandão que tem a infelicidade de a desviar para dentro da baliza e aos 74 marca o golo que dá o empate merecido a uma equipa que nunca desistiu.
A partir dai o jogo voltou ao ritmo da primeira parte. Os visitantes procuravam o golo de forma organizada, os homens do Restelo tentavam mais com o coração do que com a cabeça. Ventura voltou a gelar as bancadas, falhando num lance que por sorte não deu golo. O final do jogo foi electrizante, com ambas as equipas a terem um golo anulado. 2 lances duvidosos e que parecem mal ajuizados.
No final, um electrizante empate a 3 bolas mostra bem como foi a partida. Se o Altach observou este jogo, terá visto um Belenenses ainda em fase de construção, com bastante dificuldade para criar jogadas de perigo. No entanto, os austríacos devem estar atentos a Miguel Rosa. A entrada do jogador mudou a forma de jogar do Belenenses. Foi quem levou a equipa para a frente (juntamente com Carlos Martins) e Quinta-feira tem de ser titular. Do lado do Rio Ave, Pedro Martins é um homem satisfeito com o seu grupo de trabalho e com os reforços, tal como afirmou no final. A equipa do Rio Ave mostra ser organizada, inteligente em campo e além disso já tem bastante assimiladas as ideias de Pedro Martins. Será interessante ver o que podem fazer esta temporada.
A Figura:
Miguel Rosa e Guedes – As entradas dos 2 jogadores mexeram com as respectivas equipas. Miguel Rosa mostrou porque é uma peça fundamental na equipa do Belenenses e Guedes apresentou-se como um optimo reforço. Uma menção também para Carlos Martins, que esteve em todos os golos e voltou a mostrar que em Belém pode voltar a ser feliz.
O Fora-de-Jogo:
Ventura – Até começou bem, com duas grandes defesas, mas falhou no primeiro golo e voltou a causar calafrios nas bancadas num lance fácil na segunda parte. Os adeptos do Belenenses esperam que quinta-feira o guarda-redes esteja em melhor forma.
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Without any doubt Kostas Mitroglou, nicknamed Mitrogoal or Pistolero is one of the finest greek strikers of the decade He is a prolific goalscorer with great perception and vision on the box. Thanks to his height (1.88 m) he is a good header and also a reliable finisher. Mitroglou was raised in Germany.
He first came to Greece at the age of 19 after Olympiacos trusted. He had two spells at Panionios and Atromitos before returning to greek giants. Spaniard coach Ernesto Valverde, who still is very popular to Olympiacos ranks didn’t believe at him. So, when Valverde returned to La Liga, the greek international striker was called again to Olympiacos after a productive season on loan with Atromittos (2011/2012). Mitroglou reached the peak of his career at the first half of the season (2012/13). Initially he had big competition from Algerian attacker, Rafik Djebbour.
In the beginning of that season was used as substitute by Leonardo Jardim. With Djebbour absent due to injury, Mitroglou was a starter for the second group game of the UEFA Champions League against Arsenal in the Emirates Stadium, where he scored the equalizer in an eventual 3–1 loss. He next scored a goal in a 2–0 home win against OFI Crete. He scored again in the Champions League by netting the winning goal in a 2–1 away win against Montpellier. He also added another goal against Montpellier in the return fixture on 6 November as Olympiacos claimed a 3–1 victory.
His scoring streak continued as he next scored in greek Super League consecutive goals. He scored his fourth Champions League goal at the 2–1 home win against Arsenal. He was already in the notebooks of many European clubs but he chose to stay for another season to Olympiacos. On 1 September 2013, he scored his first career hat-trick in a 5–0 away win against Levadiakos. He scored his second hat-trick on the next fixture in a 4–0 home win against Skoda Xanthi, becoming the first player in Olympiacos’ history, as well as the Greek League in general, to score two consecutive hat-tricks. He got his third hat-trick of the season on 2 October, scoring all three goals in a 3–0 away win against Anderlecht.in the Champions League group stage. His scoring streak continued, as he scored yet another hat-trick four days later, in a comfortable 6–0 home win against Veria.On October 24, he assisted Domínguez’s goal against Benfica in a 1–1 draw in the Champions League.
On 27 November, Mitroglou suffered an injury in a 2–1 away loss against PSG keeping him on the sidelines for over a month. That was the turning point in his career. On 31 January 2014, Mitroglou signed a four-and-a-half-year contract for a fee in the region of 15 million euros with Fulham It was a setback for Mitroglou besides he was the highest transfer fee in Fulham’s history. He completely failed to show his skills at Craven Cottage while was suffering from various injuries and fitness problems. Mitroglou played in only two further Premier League matches before the end of the 2013–2014 season, starting only one of these games! He was disappointed after the relegation of Fulham, and eager to revive his career.
He get back to Olympiacos on loan. He made his debut on 13 September. Three days later he scored what proved to be the game winner in a 3–2 win over Atletico Madrid in the group stages of the Champions League. He finished the last season scoring 16 goals while having 24 league appearances, but sometimes numbers don’t tell the truth. He scored some easy goals and he wasn’t so fast like before. He missed a lot chances. He lost his explosiveness. In general he wasn’t the same player despite he scored 16 goals. The fans were sceptical on him. Additionally he scores his last goal with Greek NT at 19 November 2013 against Romania. He failed to contribute to greek NT being disappointing.
For Mitroglou Benfica’s offer was the best that he could have in this period of his career. Sporting, Palermo, Besiktas were interested for him but Benfica maybe can rejuvenate his career. My opinion is that Benfica took a big risk by hiring Mitroglou. It’s difficult to replace Lima and I am not sure that he might co-operate effectively with Jonas. It’s a big question for me. To be honest I am not convinced at all about the recent shape of Mitroglou.
Actually he never get rid of his injuries. He scored last season but he didn’t perform with the same quality like he did in Champions League matches. So, there is a golden opportunity for him remaining with Benfica in the highest level of European football by justifying his reputation or reassess his scoring instinct. I am sure that Samaris will help him to adjust on his new environment and he will avoid the problems he faced while at Fulham. If he is fit he can contribute to Benfica, but I repeat his move it’s kind of puzzle…[/acc][/accordion]
Não há dúvidas de que Kostas Mitroglou, conhecido também como Mitrogoal ou Pistolero, é um dos melhores avançados da última década na Grécia. É um matador com grande inteligência e visão de jogo dentro de área. Graças à sua altura (1.88m), é dono de um bom jogo de cabeça e é um ótimo finalizador.
Mitroglou nasceu na Alemanha e chegou à Grécia aos 19 anos, depois de ter sido aposta do Olympiacos. Antes de se afirmar na equipa grega foi emprestado ao Panionios e ao Atromitos (ambos da Liga Grega). Ernesto Valverde, treinador espanhol que ainda é muito popular no Olympiacos, nunca acreditou no jogador. Só quando o técnico abandonou o clube rumo à Liga Espanhola é que o ponta-de-lança internacional grego foi chamado para o clube (depois de uma época produtiva no Atromitos em 2011/12 – 19 golos em 39 jogos).
Em 2012/13 chegou ao pico da carreira, com Leonardo Jardim no comando técnico. Mitroglou teve a competição de Rafik Djebbour e, no início da temporada, começou como suplente. No entanto, com a lesão do avançado argelino, Mitroglou foi aposta a titular no segundo jogo da fase de grupos da Liga dos Campeões frente ao Arsenal, no Emirates Stadium (marcou o golo na derrota por 3-1).
Nos jogos seguintes voltaria a marcar: mais um golo na vitória caseira (2-0) frente ao OFI Creta e outro no terceiro jogo da Champions League, frente ao Montpellier (vitória fora de portas por 2-1).
Mitroglou continua imparável e voltaria a marcaria novo golo na vitória frente ao Montpellier, no quarto jogo da Liga dos Campeões (vitória por 3-1) e frente ao Arsenal (triunfo caseiro por 2-1).
As exibições começaram a chamar a atenção de vários clubes europeus, mas Mitroglou preferiu ficar mais uma temporada no Olympiacos. No dia 1 de setembro de 2013 marcou o primeiro hat-trick da carreira na vitória fora de casa frente ao Levadiakos (5-0). No jogo seguinte, Mitroglou voltaria a encantar os adeptos com novo hat-trick na vitória caseira sobre o Skoda Xanthi (4-0). Este registo fez com que se tornasse no primeiro jogador do Olympiacos – bem como da Liga Grega – a marcar dois hat-tricks consecutivos. Pouco tempo depois, novo hat-trick, desta vez na Liga dos Campeões, frente ao Anderlecht, na vitória fora de casa por 3-0.
A série de golos não parava e Mitroglou viria a marcar novo hat-trick, apenas quatro dias depois, na vitória por 6-0 frente ao Veria. No dia 24 de outubro de 2013 assistiu Domínguez para o golo frente ao Benfica (1-1), em jogo da Liga dos Campeões.
Mitroglou foi oficializado como reforço do Benfica no dia 8 de agosto Fonte: Sport Lisboa e Benfica
No dia 27 de novembro, Mitroglou sofreu uma lesão na derrota por 2-1 frente ao PSG e ficou afastado dos relvados durante um mês. Este momento acabou por ser decisivo na reviravolta da carreira do jogador. No dia 31 de janeiro de 2014, Mitroglou assinou por 4 anos e meio com o Fulham, a troco de 15 milhões de euros.
A transferência foi a mais cara de sempre na história do clube inglês e Mitroglou iria acusar esse valor. O avançado grego não foi capaz de mostrar as suas qualidades no Craven Cottage, até porque sofreu várias lesões. Mitroglou participou em apenas 2 jogos na temporada 2013/14, sendo que apenas num encontro é que foi titular!
As coisas com Mitroglou não corriam bem e a despromoção do Fulham não ajudou na situação Decidido a relançar a carreira, o avançado voltou para o Olympiacos, desta vez a título de empréstimo. Estreou-se no dia 13 de setembro de 2014 e três dias depois marcou o golo da vitória (3-2) sobre o Atlético de Madrid, na fase de grupos da Liga dos Campeões.
Na última época marcou 16 golos em 24 jogos na Liga Grega, mas às vezes os números não contam a verdade. Mitroglou marcou golos muito fáceis (apenas de encostar) e já não estava tão rápido como antes. O avançado grego estava também mais perdulário e tinha perdido toda a capacidade de explosão dos velhos tempos. No fundo, ele já não era o mesmo, apesar dos 16 golos.
Os adeptos gregos estavam céticos em relação a Mitroglou, até porque o último golo ao serviço da seleção grega foi no dia 19 de novembro, frente à Roménia.
Para Mitroglou, esta oferta do Benfica surge na melhor altura da carreira. O Sporting, o Palermo e o Besiktas também estavam interessados, mas os encarnados podem ser a melhor opção para relançar a carreira. Continuo a achar que este negócio é de alto risco para o Benfica. Vai ser muito difícil substituir Lima e não tenho a certeza de que Mitroglou consiga fazer dupla na frente de ataque com Jonas. Esta é a grande dúvida, neste momento.
Para ser honesto, não estou convencido com a forma física de Mitroglou. Ele nunca mais se conseguiu livrar das sucessivas lesões e as exibições na última época não foram positivas. Portanto, esta é uma oportunidade de ouro para o jogador. O Benfica joga ao mais alto nível na Europa e o avançado tem a hipótese para justificar a sua reputação e reacender o instinto matador.
Tenho a certeza de que Samaris vai ajudá-lo neste novo ambiente estranho, de forma a evitar os mesmos problemas de adaptação que teve ao serviço do Fulham. Se correr bem, pode ser um bom contributo para o Benfica. Mas repito… esta transferência pode ser um autêntico quebra-cabeças para os encarnados.
O FC Porto entrou na Liga NOS com o pé direito… de Aboubakar. Como assim? Frente ao Vitória de Guimarães, o camaronês bisou e ofereceu os primeiros três pontos da nova estação futebolística aos azuis e brancos. O 3-0 é um resultado que não deixa margem para dúvidas sobre qual foi a melhor equipa em campo e permitiu aos espectadores tirar diversas ilações sobre a equipa da casa e sobre o Vitória.
Com mais de 48 mil a lotarem o Dragão, Lopetegui fez entrar o onze esperado face à lesão que apoquentou Brahimi durante toda a semana. Apesar de ter convocado o argelino, o timoneiro dos dragões preferiu não arriscar e apostou em Varela a titular (que também fez o gosto ao pé), assim como em Danilo Pereira, que, com Imbula e Herrera, completou o trio de meio campo. Por sua vez, a equipa de Armando Evangelista procurava redimir-se da humilhação europeia e entregou as despesas atacantes a Henrique Dourado, que, apoiado por Tozé (nas costas) e Tomané e Alex nas alas, pareceu sempre insuficiente para fazer tremer a defesa portista.
O FC Porto controlou desde cedo o rumo dos acontecimentos. Com trocas de bola seguras entre a defesa e o setor intermediário e face ao bloco médio-baixo que o Vitória de Guimarães dispôs, o golo surgiu logo aos oito minutos: bom entendimento entre Varela e Alex Sandro no flanco esquerdo, com o último a cruzar para Aboubakar, que rematou para o primeiro tento da partida (a bola ainda sofreu um desvio em João Afonso).
Com o passar do tempo, o reforço francês Imbula foi mostrando a sua apetência ofensiva com aproximações constantes à grande área vimaranense e apoio direto ao ponta-de-lança Aboubakar. Num resto de primeira parte tranquilo, nota negativa para Héctor Herrera, que denotou demasiada lentidão no processo ofensivo e tomada de decisões. Varela procurou sempre jogar simples e rapidamente, algo que alcançou de forma positiva, e combinou quase sempre bem com o parceiro de flanco, Alex Sandro, e os dois companheiros da frente. Danilo Pereira jogou de cabeça erguida e nunca ficou sobressaltado perante a pressão de adversários.
Do lado do Vitória, sempre muito expectante, foi Bouba Saré a evidenciar-se, já que procurou transformar o momento de recuperação do esférico no primeiro instante ofensivo da equipa. Dourado e Tozé tentaram segurar a bola, mas a ajuda dos homens das alas demorou quase sempre a chegar. Sinal menos para Luís Rocha, muito desapoiado e impotente perante as mudanças de velocidade de Cristian Tello.
No entanto, a segunda parte iniciou-se com a mudança de filosofia da equipa de Guimarães. Evangelista fez o bloco subir e a pressão resultante dessa ação começou a dar frutos. A defesa dos dragões começou a sentir-se apertada, o meio-campo não conseguiu sair a jogar e Tozé podia mesmo ter faturado, não fossem a atenção e os reflexos de Iker Casillas. Julen Lopetegui soube ler o jogo, substituindo Herrera (apagadíssimo) por André André, de modo a contrariar o ascendente vitoriano e conferir maior intensidade ao miolo.
Varela foi feliz e faturou, no regresso ao Estádio do Dragão Fonte: Página do Facebook do FC Porto
Aos 53 minutos, Tello protagonizou um falhanço escandaloso à boca da baliza de Douglas. Com o guarda-redes batido, o espanhol conseguiu não aproveitar a oportunidade clamorosa (resultante de mais um bom cruzamento de Varela) e permitiu o desvio de João Afonso em cima da linha de golo. À passagem da hora de jogo, surgiu o golo da tranquilidade, e mesmo no momento certo: Maxi Pereira, com o auxílio de André André, recuperou o esférico no meio-campo e entregou para Aboubakar, que após um sprint rematou forte e sem hipótese para o keeper dos vimaranenses. “Abombakar” estava de regresso ao Dragão, com o segundo golo da sua conta pessoal, festejado efusivamente pelos portistas.
A partir deste momento, o FC Porto limitou-se a gerir o resultado e a rotação do jogo, atacando apenas pelo seguro e evidenciando grande tranquilidade no reduto defensivo. Evandro entrou para o lugar de Imbula, que esteve mais discreto na etapa complementar, e a partir daí o Vitória não mais ameaçou a baliza de Casillas. Aos 84 minutos, Silvestre Varela fixou o resultado final, depois de combinar com Maxi e tirar Luís Rocha do caminho; num remate fulminante, o internacional português voltou a marcar no Dragão, depois de uma época “fora de casa”. O extremo luso foi bastante aplaudido quando foi substituído por Brahimi.
Apito final, e o FC Porto vitorioso a confirmar o favoritismo. Bons apontamentos dos comandados de Lopetegui, que, em termos gerais, realizaram uma exibição francamente boa e, acima de tudo, competente. Para o Vitória de Guimarães adivinham-se tempos difíceis. Em três jogos oficiais, o saldo é de três derrotas e ainda não foi desta que se viram ideias de jogo positivas do lado da turma de Armando Evangelista. No Dragão, o speaker voltou a gritar “golo” e a entoar o nome de um matador: Jackson Martí… Perdão. Vincent… Aboubakar! A máquina já parece estar oleada, e agora… venha o Marítimo no tão malfadado “Caldeirão dos Barreiros”.
A Figura
Aboubakar – Osvaldo que se cuide. O camaronês está em alta e abriu a época com dois golos, um dos quais à entrada da área, num pontapé fulminante, sem dó nem piedade. Numa altura em que a nação azul e branca (ainda) está apreensiva com a saída de Jackson Martínez, Vincent Aboubakar picou (e bem!) o ponto e deve ter garantido a titularidade, pelo menos no futuro próximo. Mas não foram só os golos: as movimentações, saídas da área e decisões foram quase sempre perfeitas e tomadas na altura certa. Saudades do ‘Cha Cha Cha’? Para já, estão esquecidas.
O Fora-de-jogo
Herrera – Sempre em ritmo lento, foi substituído pouco depois do início da segunda parte. E sem surpresa. Más decisões, passes errados e pouca desenvoltura foram as falhas do mexicano, coroadas por um falhanço imperdoável na cara de Douglas, ainda na primeira parte. O ‘Tribunal do Dragão’ não perdoou, e Herrera foi brindado com muitos assobios no primeiro jogo oficial da temporada azul e branca.
Feita a antevisão da Premier League, onde se escreveu, entre outras coisas, acerca das diversas lutas dentro do campeonato e das influências das contratações, é altura de arriscar um pouco mais e fazer algumas apostas sobre a temporada 2015/16:
Campeão: Manchester City
É sempre complicado prever o vencedor da Premier League no início de cada edição, mas nesta há dúvidas maiores relativamente aos outros anos. O Arsenal manteve a sua “espinha dorsal” e o comando técnico, tal como o campeão Chelsea, que, pelo estatuto, será sempre encarado como favorito… Já os rivais de Manchester, pelo reforço do seu plantel, também fazem crescer água na boca dos seus adeptos e deitam achas para a fogueira da corrida pela ceptro da Premier League, da qual não deve ser retirado, à partida, também, o Liverpool.
Porém, entre os cinco, acredito que o Chelsea não terá tantas facilidades quanto as que teve o ano passado e que poderá sucumbir na luta pelo título perante um rival bem apetrechado financeiramente e que se reforçou bem no defeso, sobretudo no que toca à reabilitação do seu principal jogador, um esteio da equipa que esteve na base de sucessos anteriores. Falo do Manchester City e de Yaya Touré. O costa-marfinense, aparentemente, está de volta à boa forma de sempre e acredito que pode ser a pedra basilar do regresso dos citizens aos títulos, quer libertando uma frente de ataque de luxo (Aguero, Sterling, Silva), quer integrando-se na mesma para fazer jus ao título de médio-goleador.
A renovação do contrato com Pellegrini ilustra a confiança dos responsáveis no trabalho do chileno e este tem noção de que terá de ser campeão para “não ser despedido” (palavras do próprio) – Guardiola estará à espreita.
Equipa sensação: Stoke City
O reforço do plantel veio trazer qualidade a este conjunto, nomeadamente com a chegada de Van Ginkel para o meio-acampo e Affelay e Shaqiri para as alas, que, juntamente com Krkic e/ou Arnautovic, constituirão uma base de apoio de luxo à referência ofensiva, Diouf.
Desde o ano passado, os “Potters” apenas perderam Begovic entre as peças nucleares da equipa, mas a estrutura manteve-se.
A continuidade de Mark Hughes é positiva para a estabilidade no clube, e será expectável, entre os seus jogadores, a assimilação total das ideias do galês e, por isso, a possibilidade de estas evoluírem.
Os adeptos do Stoke City poderão ter razões para festejar no final desta temporada Fonte Facebook do Stoke City
Aflitos: Bournemouth, Norwich, Sunderland e Leicester
Esta é uma categoria onde poderiam entrar muitas equipas. Apesar de haver um fosso claro para os lugares cimeiros, a competitividade da Premier League é altíssima e 13/14 das 20 equipas lutarão por uma época tranquila. Mas há umas que se encontram melhor apetrechadas do que outras para o fazer.
Bournemouth e Norwich, como equipas que acabam de subir, podem acusar a diferença de competitividade. Ambas também têm uma desvantagem competitiva relativamente grande face às outras equipas da Premier League – o reforço do plantel não foi feito com a quantidade e/ou qualidade dos adversários. Para além disto, o Bournemouth tem um conjunto de jogadores com pouca experiência no principal escalão inglês, e o Norwich uma defesa bastante permeável.
A juntar-se a esta dupla, dada a intensidade do futebol praticado na Premier League, há um lote imenso de equipas. A liderá-lo estarão Leicester e Sunderland. Os “foxes” por terem sido prejudicados pelo defeso – perderam Esteban Cambiasso, que não renovou -, e os “black cats” pela instabilidade que vem sendo marca desde há alguns anos a esta parte, apesar da boa gestão praticada pelo seu CEO.
Jogador do Ano: Eden Hazard
A nata do futebol mundial está na Premier League. Muitos arriscam um lugar de destaque, e todos eles são candidatos sérios a este título, mas o belga destaca-se dos restantes pela fantasia que dá a um futebol normalmente musculado e pelas estonteantes arrancadas que proporcionam vertigens aos adeptos (os do seu e de outros clubes). Para além disso, a capacidade de finalização do belga também deverá ter um papel crucial no seu Chelsea.
Eden Hazard poderá renovar o título de melhor jogador do ano, na Premier League Fonte Faceboook do Chelsea
Jovem do ano: Memphis Depay
Sterling poderá brilhar no City, chegando ao nível que muitos esperam que atinja, mas Depay tem-se revelado um jogador muito acima da média e bastante refrescante para a realidade da Premier League. O holandês tem demonstrado um entendimento notável com Wayne Rooney que poderá valer muitos pontos ao United e a si, na luta por um lugar no panorama do futebol mundial.
Para além disso, parece ser uma espécie de “protegido” de Van Gaal, que tem o dom de fazer brilhar os seus “meninos” (recorde-se o então jovem Muller no Bayern), pelo que acredito que isso possa ter influência no desempenho de Depay e, por isso, na atribuição deste prémio.
Melhor marcador: Chris Benteke
Há muitos jogadores que se perfilam como sérios candidatos à “bota de ouro” da Premier League, começando pelo anterior vencedor – Sergio Aguero. O argentino tem à sua volta uma equipa bastante ofensiva e oportunidades para visar as redes contrárias não faltarão. Terá a concorrência de jogadores como Diego Costa ou Falcao, do Chelsea, mas os blues não praticam um futebol propriamente ofensivo e contam muito com os rasgos e o poder de finalização dos extremos para resolver os encontros (Hazard será, também por isso, sério candidato ao título). No Arsenal, pratica-se um futebol com muita vertigem mas, apesar de acreditar na eficácia do poderio ofensivo dos gunners durante a época, também creio que o número de golos será distribuído pela frente de ataque (Alexis, Walcott e/ou Giroud somarão mais de uma dezena de golos, mas não creio que cheguem a um número maior que Aguero).
Sobram jogadores de qualidade, como Harry Kane ou Chis Benteke. Sobre o primeiro, há dúvidas em relação ao andamento que a equipa poderá ter de forma a ajudá-lo a consagrar-se rei dos artilheiros; já relativamente ao segundo, apesar de haver algumas dúvidas quanto à forma como se integrará no seu conjunto, acredito que o futebol dos orientados por Brendan Rodgers tenha no belga a principal referência ofensiva e que jogadores como Coutinho ou Firmino o possam ajudar a tornar-se o bota de ouro 2015/2016. Um jogador com a disponibilidade física e a espontaneidade de Benteke é uma peça que encaixa perfeitamente no puzzle deste Liverpool.
Sexta-feira de 14 Agosto, 20h30; o fim do dia de praia para muitos, o início do campeonato para aqueles que só têm dois períodos durante o ano: período de campeonato e período de espera pelo campeonato. Sporting-Tondela de entusiasmo para os verdes-e-brancos mas de igual clima de alegria para os recém-promovidos, ou não se tratasse do primeiro jogo na Primeira Liga do conjunto de Tondela.
Jorge Jesus optou por repetir o onze que venceu a Supertaça diante do Benfica mas o adversário não se amedrontou: pressão em todo o campo e tentativa de dividir o jogo que oxalá se mantenha ao longo da época, para bem do futebol português. Os primeiros 7/8′ foram muito complicados para ambas as equipas, que procuraram ganhar terreno ao adversário, mas a partir daí o Sporting tornou-se dono e senhor do jogo. Primeiro, Slimani com um remate perto da pequena área que obrigou Matt Jones a defesa apertada, depois Carrillo a chegar atrasado a um cruzamento de Jefferson. Cheirava a golo, tal era o perigo criado pela equipa leonina. A busca pela profundidade, a aproveitar a defesa alta do Tondela e a contrastar com momentos de toque mais curto, acabou por dar resultado. Bola de Carrillo em Bryan Ruiz, cruzamento já dentro da área, com João Mário a ganhar a segunda bola e a fazer o golo por volta dos 15′.
Os minutos seguintes não iriam apresentar novidade nenhuma para quem ia observando o rumo do encontro. O Sporting não abrandou até perto dos 30′, e até lá poderia ter aumentado a vantagem, ou não fosse Carrillo rematar ao lado por muito, muito pouco. O ritmo acabou por diminuir, ou não estivéssemos ainda na primeira jornada e, ao fim ao cabo, ainda no fim do nosso… ”período de espera pelo campeonato”.
João Mário assinou o primeiro golo da Liga Portugesa 2015/16 Fonte: Ivan Del Val/Global Imagens
A segunda parte recomeçou como havia terminado a primeira; controlo do Sporting, ainda que sem domínio absoluto. Slimani desperdiçou uma excelente jogada pelo flanco esquerdo e, como se diz na gíria, quem não marca sofre. Naldo acaba por ver marcada a si uma falta que até parece ser ele a sofrer (embora o central tenha sido muito lento na resolução do lance), Tinoco bate muito bem um livre lateral e, perante a hesitação de Patrício, o Tondela acaba por fazer o empate… com recurso à mão de Luís Alberto e à sua posição irregular. Ainda assim, mérito para a equipa estreante na Primeira Liga, que juntou à ineficácia leonina uma dose de astúcia e de oportunismo ao aproveitar as bolas paradas em seu favor.
A meia-hora do fim e com o marcador a indicar a igualdade, Jesus optou por colocar poucos minutos depois Mané e Montero por Ruiz e Téo mas mexeu pouco no jogo. Jefferson ia desperdiçando lance atrás de lance com cruzamentos inofensivos, Slimani dava pouco ao encontro pelas dificuldades técnicas que se agravavam pelo menor espaço de execução e Carrillo ia perdendo fulgor. Colectivamente, a equipa deixou a ansiedade tomar conta de si e o modelo ofensivo ia desaparecendo a pouco e pouco, e com isso também a clarividência na hora de definir os lances. Ainda assim, e já com Gelson Martins, que entrou muito bem, a equipa leonina prosseguiu na busca pelo golo e acabou por ver a vontade reconhecida. Lançamento longo de João Pereira, segunda bola para o jovem extremo lançado por Jesus que sofre penalty claro mesmo em cima do último minuto do desconto. Na cobrança, Adrien a salvar uma exibição individual pouco conseguida e colectiva que, sem deslumbrar, fez por merecer os três pontos.
Segue-se o CSKA, que hoje bateu o Spartak… fora de casa. Um teste sério ao leão!
A Figura
João Mário – Faz o primeiro golo e faz com que praticamente todo o jogo ofensivo da equipa passe pelos seus pés. De cabeça em cima, clarividente a decidir e até na progressão com bola – aí, já se vê o dedo de Jesus. Aquilani vai ter vida difícil para entrar na equipa.
O Fora-de-Jogo
Jefferson – Inúmeros lances perdidos na busca pelo cruzamento que lhe costuma sair bem mas hoje raramente passou o primeiro homem da área do Tondela. Nas bolas paradas também esteve muito mal, sobretudo nos cantos batidos no lado esquerdo.
Além dos três grandes e dos clubes que tradicionalmente lutam pela Europa, existem obviamente aqueles que batalham ano após ano pela manutenção de forma aguerrida e até aos últimos segundos da competição. É deles que vou falar neste texto.
Começo no Minho, com o Moreirense. Miguel Leal perdeu grande parte do “11 tipo” da época passada. Marafona, Paulinho, Filipe Melo, André Simões, Arsénio e João Pedro rumaram a outras paragens, ficando os centrais Marcelo Oliveira e Danielson como figuras de ligação entre as duas épocas. Como reforços, existem algumas caras bem conhecidas da nossa Liga. O guarda redes Nilson, uma das grandes figuras do Vitória de Guimarães na última década, André Micael, Filipe Gonçalves (ex-Estoril), André Fontes e Rafa Sousa (ambos ex-Penafiel) ou Vítor Gomes, que regressa ao clube depois de seis meses na Turquia. Penso que merecem ainda destaque Sagna e João Vieira, dois elementos que fizeram uma boa época em Chaves e viram essas boas prestações reconhecidas por Miguel Leal.
O Estoril, uma das grandes deceções da temporada passada, está em contrarrelógio para apetrechar o plantel às ordens de Fabiano Soares. O impasse na venda da SAD retirou muito tempo na construção do plantel, desfalcado pelas saídas de referências como Vagner, Ruben Fernandes, Tozé, Kuca, Filipe Gonçalves, Kléber ou Balboa. Para fazer face a este amontoado de saídas, ainda não são conhecidos grandes reforços. A exceção será mesmo Bruno César, que passou pelo Benfica. O brasileiro poderá ser mesmo um dos pilares da equipa, caso esteja na melhor condição física, o que não parece ser o caso, pelo menos neste momento.
No Bessa, apesar da troca de relvado, penso que vai morar uma equipa tranquila e que poderá bater o pé a clubes mais cotados. O Boavista foi uma das equipas que mais me agradou ver na época passada e, felizmente, manteve essa base. Atletas como Mika, Beckeles, Afonso Figueiredo, Idris, Gabriel, Zé Manuel e Uchebo poderão manter a preponderância na manobra da equipa, reforçada com alguns nomes interessantes, dos quais relevo três: Paulo Vinícius, que deverá ser o patrão da defesa depois de já o ter sido em Braga há uns anos atrás, Samuel Inkoom, jogador ganês de grande intensidade que se deu a conhecer ao mundo no Mundial 2010 e Luisinho, extremo que alinhou em quase todos os jogos na época passada pelo Académico de Viseu, marcando uma dezena de golos. Três jogadores mesmo à imagem do treinador Petit, que foi outra das boas notícias da Liga 2014/15.
Em Setúbal, o plantel sofreu uma grande razia com a chegada do novo treinador Quim Machado, mantendo apenas alguns jogadores interessantes como Lukas Raeder, Venâncio, Zequinha ou Suk, além do capitão Paulo Tavares. De entre as caras novas, olho com agrado para o regressado guarda-redes Diego ou para André Claro, avançado de qualidade que veio do Arouca. Uli Dávila, médio ofensivo emprestado pelo Chelsea, pode ser uma das principais figuras da equipa, caso esteja em boas condições físicas e se empenhe a sério nesta decisiva etapa da sua carreira.
Em Coimbra, mora uma equipa histórica e um dos treinadores mais acarinhados na época passada, José Viterbo. O “homem da terra” salvou a equipa do naufrágio causado por Paulo Sérgio e teve este ano a oportunidade de fazer um plantel à sua medida. Emídio Rafael, Rabiola e o guarda-redes Pedro Trigueira são alguns reforços que encaixam na imagem de jogo do clube. Contudo, o cabeça de cartaz entre os novos jogadores é, sem dúvida, Gonçalo Paciência. O jovem ponta de lança emprestado pelo FC Porto vai tentar afirmar-se em Coimbra e não será de espantar que no final da época vá ao Euro 2016 pela Seleção Nacional.
O Arouca foi outra equipa protagonista de uma grande transformação. Trocou de treinador (saiu Pedro Emanuel para entrar Lito Vidigal), mas a construção do plantel, até ao momento, não augura um futuro muito risonho. A chegada de Bracali, que vem substituir Goicoechea, um dos melhores guardiões da última Liga, é a grande notícia até agora. O problema está nas saídas. Iuri Medeiros, Diego Galo, Ivan Balliu, Kayembe ou André Claro eram elementos importantes e as suas ausências não parecem ter sido totalmente colmatadas. Não é de estranhar que venham mais reforços até ao final de agosto.
Gonçalo Paciência jogará em Coimbra para tentar terminar a época em França Fonte: Associação Académica de Coimbra
Entre os dois primodivisionários, destaque inicial para o Tondela. A equipa de Vítor Paneira, que vai receber o Sporting na primeira jornada, contratou alguns elementos com bastante experiência no nosso campeonato como Matt Jones, os centrais Markus Berger e Kaká, Luís Alberto, médio que se notabilizou no Nacional e em Braga, ou Lucas Souza, que deixou boas indicações nas passagens por Olhão e Moreira de Cónegos. Realce ainda para a armada emprestada pelo Benfica: Romário Baldé, Raphael Guzzo e Jhon Murillo, extremo venezuelano que teve grande destaque quando foi contratado pelas “águias”, mas que nem chegou a vestir a camisola encarnada nos jogos amigáveis. Entre as saídas, é de lamentar a de Tozé Marreco, segundo melhor marcador da Segunda Liga no ano passado.
Por fim, o União da Madeira. Luís Norton de Matos foi chamado para o lugar de Vítor Oliveira e já tem alguns nomes interessantes para fazer frente à nova época. O jovem guardião André Moreira, que se mostrou no Mundial sub 20, Diego Galo (ex-Arouca), Paulinho (ex-Moreirense) e o jovem Tiago Ferreira, formado no FC Porto, são bons valores para ajudar os madeirenses na luta pelos seus objetivos. O sportinguista Filipe Chaby ainda é muito falado para um regresso aos ilhéus e seria, quanto a mim, um ótimo valor acrescentado para a turma de Norton de Matos.