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O Clássico e a Posse de Bola

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serefalaraporto

Muito se tem discutido sobre o clássico da semana passada, sendo que na maioria das vezes a discussão gira em torno da seguinte frase: “o Porto jogou muito melhor do que o Benfica e perdeu injustamente”. Contudo, é nosso dever interrogarmo-nos sobre se terá sido mesmo assim! De facto, estatisticamente o Porto foi claramente melhor do que o adversário. Teve mais posse de bola, mais remates, mais bolas nos ferros, menos faltas, menos foras-de-jogo… Mas perdeu. Perdeu e perdeu bem. Este artigo procura abordar uma temática que está muito presente no FC Porto – a posse de bola.

Muitas vezes, o futebol é mal trabalhado. Ou melhor, é mal interpretado e, nesse seguimento, mal trabalhado. Ser treinador de futebol não é simplesmente dizer “vamos fazer isto e aquilo”, mas antes pôr a equipa a treinar e a correr! Tudo o que se pensa tem de ter uma lógica e um seguimento contínuo e coerente, para que os processos possam ser assimilados pelos atletas ao longo dos treinos e dos jogos. Essa parte do treino, aquela em que o pensamento é transmitido aos jogadores, muitas vezes não é bem conseguida. Inclusive, por vezes, leva os adeptos e os próprios jogadores a terem uma ideia errada do que realmente se pretende. Um exemplo claro é a posse de bola.

A posse de bola pode ser vista de várias maneiras e existem diferentes modos de a praticar. Haverá algum treinador que diga “eu não quero que a minha equipa tenha bola”? Certamente que se os houver serão muito poucos. Assim, apesar de os treinadores procurarem, dentro das dinâmicas que tentam incutir nos seus jogadores, que exista posse de bola (no processo de organização/transição ofensiva), este conceito não é visto da mesma forma por cada um deles.

Brahimi e Oliver - dois jogadores fundamentais na posse de bola dos dragões  Fonte: Facebook oficial do FC Porto
Brahimi e Oliver – dois jogadores fundamentais na posse de bola dos dragões
Fonte: Facebook oficial do FC Porto

Jogar em posse de bola não significa chegar ao fim do jogo com 75% de posse de bola! Note-se que ter quase sempre a bola não é condição necessária para chegar ao fim do jogo e vencer. Se durante um jogo de 90 minutos tivermos a bola em 70 minutos do jogo, criando duas situações de golo e o nosso adversário só tiver a bola durante 20 minutos e criar cinco situações de golo, poderemos dizer que dominámos o jogo? Obviamente, não faz qualquer sentido. O domínio do jogo não pode ser medido pelo número de vezes que uma equipa toca na bola, mas sim medido pela forma como a equipa opera nos diferentes momentos do jogo (organização ofensiva, transição ofensiva, organização defensiva e transição defensiva). Usando um exemplo muito claro, nas meias-finais da Liga dos Campeões da última temporada, o Bayern teve muito mais posse de bola (cerca de 70%), fez muitos mais remates, teve muitos mais cantos do que o adversário (Real Madrid) e o resultado foi 4-0 para o Real.

Há também equipas que trocam a bola durante muito tempo no seu meio-campo defensivo e que depois a pontapeiam para a frente na esperança de que os seus avançados/extremos tirem “um coelho da cartola”. Nestes casos, a percentagem de posse de bola no final do jogo até pode ser mais elevada do que a do adversário, mas toda ela consistiu em trocas de bola inofensivas.

A posse de bola só faz sentido quando é uma posse com objectividade. A melhor posse de bola de sempre foi feita pelo Barcelona de Guardiola. Essa posse, posta em prática por alguns dos melhores executantes do planeta, era a melhor do mundo porque toda ela estava inserida nas dinâmicas e nos diferentes momentos de jogo da equipa. Além disso, tinha objetivos claros: criar roturas na defesa adversária, pensando que a bola chega primeiro do que qualquer jogador ao sítio que pretendemos e partindo da premissa que com bola é impossível sofrer um golo – mais fácil do que isto é impossível. O Barcelona procurava ter a bola sempre com 2/3 linhas de passe para facilitar todo o processo de transição, circulava sempre a bola com rapidez e dinamismo, de forma a baralhar os adversários, dando sempre largura ao campo (percorrendo a bola por todo o campo). Dessa forma, procuravam explorar os espaços que se iam formando na organização dos adversários, nunca esquecendo outra premissa importante: o jogo tem 90 minutos e, por isso, há muito tempo para chegar à baliza adversária (ou seja, todos os processos são feitos com calma e segurança para nunca se perder a bola ou para ser mais fácil recuperá-la no caso de se a perder).

Praticar a posse de bola com objectividade é mentalizar os jogadores de que no jogo só há uma bola e se a temos nunca podemos sofrer golos! Se percorremos o campo com ela, chegaremos mais devagar à baliza do adversário, mas o esforço que despendemos durante esse percurso é muito menor comparativamente ao esforço que o adversário fará a “correr atrás da bola”. Tudo isso tem como objetivo final criar roturas no oponente para chegar ao golo.

É evidente que Lopetegui privilegia a posse de bola... mas será esta eficaz?  Fonte: Facebook oficial do FC Porto
É evidente que Lopetegui privilegia a posse de bola… mas será esta eficaz?
Fonte: Facebook oficial do FC Porto

Além disso, a equipa tem de saber lidar com a pressão vinda de fora – expressões como “nunca chutam à baliza!”, “rápido!”, “corre!” são muito frequentes. Porém, o mais importante de tudo será a equipa ser solidária e unida para que em todos os momentos do jogo os jogadores se apoiem, tanto com movimentações para dar linhas de passe, como para rapidamente recuperarem a bola quando esta não está em sua posse. A posse de bola pressupõe entreajuda constante. A título de exemplo, se temos um jogador tecnicamente evoluído que procura criar desequilíbrios através da sua qualidade individual e a nossa equipa sabe-se movimentar com bola e abrir espaços para ele, a probabilidade de sucesso será muito maior do que tendo ele de enfrentar sozinho o adversário.

Desde o tempo de Villas-Boas, em que o Porto era apelidado de “novo Barcelona”, o Porto veio anualmente apostando em diferentes posses de bola, tanto com Vitor Pereira, como com Paulo Fonseca/Luis Castro e mais recentemente Lopetegui. Todos eles têm uma visão diferente da posse de bola; todavia têm algo em comum: a dificuldade em criar espaços para finalizar. Deste modo, estamos perante uma posse estatística e não objectiva.

O Porto não dominou o Benfica. O Porto esteve melhor em alguns momentos do jogo, fez mais passes, mas não foi eficaz e quem não marca arrisca-se a sofrer. O Benfica deu largura e profundidade ao jogo, defendeu como um bloco, foi uma equipa experiente, madura e unida e venceu. A estatística não é o filme de um jogo.

Foto de capa: Facebook oficial do FC Porto

Manifesto pela titularidade do Mustang

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a minha eternidade

Ricardo Quaresma deve ser titular no Futebol Clube do Porto. Este jogador deve alinhar de início na maior parte dos jogos. O meu manifesto não está directamente relacionado com a ida de Yacine Brahimi para a Taça das Nações Africanas. Mesmo com a disponibilidade total do astro argelino, julgo que o “Harry Potter” azul e branco é a melhor solução para actuar como extremo no 4-3-3 de Julen Lopetegui.

Faço esta afirmação peremptória porque considero Quaresma o melhor extremo portista. Fazendo uma análise cuidada à dinâmica individual e movimentações dos outros avançados, vejo este artista português como o único com real capacidade para jogar bem aberto, calcando a linha de fundo, traçando cruzamentos de régua e esquadro para a finalização no interior da área. É um solista na arte da faixa, local onde explana todo o seu génio.

Dissecando agora os seus concorrentes, de elevadíssimo nível, por sinal, considero que nenhum “vive apaziguado” junto à linha lateral. O fantasista argelino Brahimi tem estado exímio na grande maioria dos jogos, mas necessita impreterivelmente de pisar zonas interiores para desequilibrar. A sua enclausura na faixa descaracteriza-o, tornando-o um jogador menos perigoso. Embora não perdendo a capacidade de recepção e drible, não está vocacionado para cruzamentos; recebendo aberto, fica muito longe da baliza, onde é necessário estar para explanar a sua enorme qualidade. Este craque já percebeu que para ser uma referência mundial tem de marcar bastantes golos – não pode facturar apenas de vez em quando, tem de ser regular na finalização.

Brahimi não é um puro jogador de faixa  Fonte: Facebook oficial do FC Porto
Brahimi não é um puro jogador de faixa
Fonte: Facebook oficial do FC Porto

Tello até tem aparecido um pouco melhor do que o argelino quando joga encostado à linha lateral. Tem sido o maior assistente da equipa e devo referir isso. Julgo, porém, que o extremo se tem refugiado na linha menos por vocação e mais por desconfiança. Quando o espanhol tenta invadir zonas interiores, as coisas não lhe têm saído bem. Por diversas vezes, quando deve fintar, passa; quando teria de assistir, remata; quando era imperativo rematar à baliza, trava e joga em apoios. Não tem decidido bem na maior parte dos lances. Apesar das assistências, tem de ganhar confiança para se articular melhor com os médios e com Jackson, aparecendo mais vezes no centro do terreno, como fazia no Barça (desmarcações interiores constantes).

Ádrian López não é um concorrente credível. Já anteriormente escrevi que o espanhol é um bom segundo avançado e que como extremo não é muito perigoso. O elevado preço que custou e a incapacidade de implantação de um sistema de 4-4-2 serão as principais razões para vermos este jogador na linha e não, infelizmente, por possuir as aptidões indicadas.

O jovem extremo Ricardo é muito bom jogador, parecendo ter boas características para jogar aberto também. Mesmo não sendo o típico jogador de faixa, como é Quaresma, sente-se bem nesses terrenos, embora apareça bem por dentro para visar as redes adversárias. A grande concorrência do plantel este ano impede-o de ter uma participação mais regular na equipa.

Por último, temos Kelvin, para mim um jogador monumental, em nada inferior (pelo menos do ponto de vista técnico) ao trio mais destacado (Quaresma, Tello e Brahimi). Não sei as razões para quase nunca jogar. Se a explicação for ao nível da qualidade, não compreendo nem aceito. Se tiver que ver com algum aspecto motivacional ou comportamental, talvez se justifique a ausência. O que é facto é que não tem jogado e não me parece que se vá tornar um jogador relevante na equipa neste contexto.

Quaresma dá ao Porto nuances tácticas imprescindíveis para um modelo de jogo com mais soluções  Fonte: Facebook oficial do FC Porto
Quaresma dá ao Porto nuances tácticas imprescindíveis para um modelo de jogo com mais soluções
Fonte: Facebook oficial do FC Porto

Importa fazer também uma análise mais conjuntural, que explique esta razia de extremos abertos, sendo Quaresma um exemplar em vias de extinção. Nestes últimos anos, treinadores e jogadores têm como referência o modelo do Barça de Guardiola, que criou a escola do falso 9, com dois extremos a jogar por dentro. Como bitola mais individual, o jogador a imitar é Cristiano Ronaldo, uma “máquina temível” que se movimenta a toda a largura do campo, finalizando de qualquer zona. Isto explica, em parte, a não réplica de comportamentos típicos de faixa, como se vislumbrava, há uns anos atrás, no jogo de Figo ou Sérgio Conceição, entre outros.

Numa análise sistémica aos princípios do Porto actual, a aposta em Quaresma faz todo o sentido. Mesmo para aqueles (tolhidos) que não lhe reconhecem grande qualidade, perceberão, talvez, a sua raridade. Quaresma é o único jogador que permite nuances tácticas cruciais e as articulações complementares necessárias. Apenas com a sua inclusão, o Porto pode jogar com um extremo interior e um extremo aberto com qualidade de jogo inatacável. Com este jogador o Porto fica mais completo em termos tácticos, com mais soluções, mais criativo e imprevisível. Esta minha opinião nem se prende meramente com as aptidões técnicas individuais, visto que o Porto tem avançados exímios. Quaresma faz inegável sentido para um modelo de jogo com soluções múltiplas. Só ele as pode dar.

Este jogador é primordial nesta época para o Porto. Lopetegui, depois de perder o clássico contra o eterno rival Benfica, deveria concluir isto.

Foto de Capa: Facebook oficial do FC Porto

A tempestade depois da bonança

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coraçãoencarnado

Bem-vindos a mais um “Coração Encarnado”. Nem sei do que vos fale hoje. Vitória no Dragão ou o desastre na Luz. A verdade é que ainda sonho com aqueles dois golos do Lima: foi mágico! Era tudo o que eu queria naquele Domingo, última semana de exames. Tive a motivação necessária para dar tudo, apenas estragada com a exibição da passada quinta-feira. Em relação ao Dragão não há muito a dizer: fabuloso, lindo, do outro mundo… Foi uma exibição segura e madura, como há muito não via este Benfica fazer. Justíssimos vencedores, Lima, Lima, Lima! 

Ainda não me mentalizei que estamos fora da Taça. Como? Não se percebe. O Benfica entrou forte no jogo, com uma boa primeira-parte. Quanto à equipa escolhida por Jorge Jesus, tenho ouvido muita coisa por aí. No entanto, eis o que acho: concordo com a entrada de Cristante no onze inicial, o miúdo precisa de minutos e apesar de perceber que o rigor táctico e a própria segurança defensiva é menor com o italiano, parece-me que este era o jogo certo para apostar nele; a entrada de César no onze é também ela totalmente compreensível, apesar de eu preferir o Lisandro, Jesus tem apostado no brasileiro sempre que necessário, daí que se perceba a sua decisão. Resumindo, não aponto o dedo ao treinador benfiquista pela equipa escolhida – mas calma, nem tudo correu bem. Como disse anteriormente, o Benfica faz uma óptima primeira-parte, mas isso chega para ganhar? Óbvio que não, e a prova disso foi mesmo o último jogo. Enzo saiu ao intervalo, sem nenhuma justificação aparente (problemas musculares?!) e deu lugar à entrada de Pizzi. Esta alteração foi, na minha opinião, a chave da derrota do Benfica. A verdade é que o meio-campo foi totalmente oferecido à equipa bracarense, acabando por empatar o jogo numa falha de André Almeida. Depois disso já vocês sabem a história de cor e salteado. Parece-me importante realçar que apesar de o Ola John ter feito um bom jogo, existe uma diferença demasiado grande na intensidade defensiva do holandês quando comparado com Salvio. Apesar da irregularidade do argentino, continuo a considerar que oferece muito melhores soluções do que este Ola John (que ainda tem de trabalhar muito, muito mesmo…). Já se foi a Taça, agora é que não há mesmo desculpa, rapazes…

Onze inicial benfiquista da passada quinta-feira Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Onze inicial benfiquista da passada quinta-feira
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

Amanhã joga-se com o Gil Vicente em casa, não aceito nada que seja diferente dos três pontos. Enzo não pode jogar, gostava de ver um meio-campo com Samaris e Cristante (assumindo que o grego recupera). Luisão, André Almeida e Eliseu também não podem subir ao relvado da Catedral Benfiquista amanhã – será um jogo complicado, principalmente pela falta de rotinas que a equipa vai apresentar (Jesus, aperta-me com aquela defesa!).

Bem, a verdade é que não há muito que possamos fazer. Estamos fora da Europa, e já se foi menos uma competição nacional…se isto servir para o bi-campeonato fico satisfeito. Mas já não há volta a dar…ou vai ou racha. Continuo a acreditar nesta equipa com a mesma força que acreditava depois do jogo do Dragão. Só perdi algumas partes do meu corpo entretanto. Só isso. Tudo vale a pena quando a alma é benfiquista, não é o que se diz por aí?! Pois que seja. Então e qual é a lição que se aprendeu na semana que passou, perguntam vocês. Simples, que muitas vezes depois a Língua Portuguesa nos prega partidas e que a tempestade vem depois da bonança…

Um abraço a todos os Corações Encarnados, até para a semana!

Rio Ave e Estoril: Campanhas que não envergonham ninguém

futebol nacional cabeçalho

Terminaram as prestações europeias de Rio Ave e Estoril na época 2014/15. As duas equipas foram eliminadas nos respetivos grupos da Liga Europa e passam a dedicar-se em exclusivo às competições internas: Rio Ave na Liga e nas duas Taças, Estoril no campeonato e na Taça da Liga, visto já ter sido eliminado da Taça de Portugal na Póvoa de Varzim.

Contudo, as prestações dos dois clubes portugueses foram bastante razoáveis, com boas exibições a serem prejudicadas, acima de tudo, pela falta de experiência nestas andanças e por alguma falta de sorte.

Começo por falar do Rio Ave, que teve de ultrapassar duas pré-eliminatórias antes de entrar na fase de grupos. Nestes confrontos prévios, a equipa portuguesa teve pela frente duas equipas suecas: o IFK Gotemburgo e o Elfsborg. Depois de afastar o IFK com uma vitória por 1-0 fora de casa e um nulo em solo português, os vilacondenses deixaram pelo caminho o Elfsborg numa eliminatória com um final épico. Um golo do central Marcelo permitiu minimizar os estragos da derrota na Suécia na primeira mão (1-2), e os portugueses tinham todas as condições para virar o resultado na segunda mão. Contudo, a bola teimou em não entrar ao longo de todo o jogo, até que Esmael Gonçalves, já nos descontos, rematou sem acertar bem na bola mas conseguindo o objetivo de bater o guardião dos suecos e qualificar o Rio Ave pela primeira vez para a fase de grupos da Liga Europa.

Neste ponto da competição, o Rio Ave teve pela frente o Dínamo Kiev, o Steaua Bucareste e o Aalborg. Um grupo difícil, que tinha reservadas três viagens longas, entre Escandinávia e Leste europeu. O Rio Ave perdeu os primeiros três jogos: 3-0 em casa frente aos ucranianos, 1-0 no terreno do Aalborg e 2-1 na Roménia. Um início complicado, mas em que a equipa apenas jogou mal frente ao Dínamo. Nas duas derrotas seguintes, os rioavistas tiveram boas exibições, mas falhas na finalização e erros de arbitragem na Dinamarca, a juntar a uma grande exibição de Rusescu pelo Steaua na terceira jornada, fizeram com que a equipa portuguesa chegasse ao fim da primeira volta com zero pontos e apenas um golo marcado. Havia que tentar chegar pelo menos a uma vitória, dado que a qualificação era uma meta praticamente inalcançável. Esse triunfo esteve perto de chegar na quarta jornada, em casa frente ao Steaua. Os portugueses estiveram a ganhar até à última jogada do encontro, quando sofreram o empate a duas bolas. Mais uma boa exibição que apenas não redundou em vitória por detalhes. Nos últimos dois jogos, o técnico geriu os minutos de utilização dos seus atletas e, depois de mais uma derrota na Ucrânia, chegou à única vitória nesta fase de grupos, aquando da receção aos dinamarqueses. Um triunfo claro, por duas bolas a zero, frente ao Aalborg, selado com dois golos de Del Valle, que já tinha marcado na derrota na Roménia. Diego Lopes, que bisou na receção ao Steaua, ou o guarda redes Ederson, que fez mais de uma dezena de defesas na Ucrânia, foram outros jogadores que se destacaram nestas partidas europeias do Rio Ave.

Del Valle, com três golos, foi o melhor marcador do Rio Ave na Liga Europa Fonte: Facebook do Rio Ave Futebol Clube
Del Valle, com três golos, foi o melhor marcador do Rio Ave na Liga Europa
Fonte: Facebook do Rio Ave Futebol Clube

O Estoril não era novato na fase de grupos, depois do desempenho na temporada passada. O sorteio não foi amigo da equipa de José Couceiro, já que colocou pela frente o histórico PSV Eindhoven, os russos do Dínamo Moscovo, uma equipa recheada de bons valores, mercê do seu poderio financeiro, e os gregos do Panathinaikos, que, apesar de passarem por dificuldades, são sempre uma equipa aguerrida e difícil de bater no seu reduto.

Os portugueses abriram a campanha com uma derrota pela margem mínima na Holanda (0-1), com Luuk de Jong a apontar o golo através da marcação de uma grande penalidade, após uma exibição onde os estorilistas deram mostras de que iriam lutar pela qualificação para a fase a eliminar da prova. Essa intenção foi comprovada na jornada seguinte, com uma vitória em casa (2-0) frente ao Panathinaikos, com golos de Kléber e Diogo Amado. A seguir, vieram duas derrotas que, a meu ver, foram injustas mas decisivas para o Estoril não ter conseguido a qualificação, frente à equipa russa. Na receção ao Dínamo, os “canarinhos” viram-se a perder com um golo fortuito de Kokorin e falharam uma grande penalidade por Kléber. Pouco depois disso, quando o brasileiro estava a ser assistido fora das quatro linhas, os russos fizeram o 2-0, e Yohan Tavares apenas conseguiu reduzir nos descontos. Uma derrota tremendamente infeliz para os portugueses. Na visita à Rússia, mais um jogo de onde o Estoril poderia ter trazido pontos, mas em que acabou por perder mais uma vez por 1-0, golo de Kurányi já no último quarto de hora da partida.

A equipa de Couceiro ainda acalentava esperanças de apuramento quando recebeu o PSV na quinta jornada. Numa primeira parte louca, os estorilistas chegaram ao intervalo a vencer por 3-2, com um dos golos holandeses a ser apontado em posição irregular. A partida foi suspensa ao intervalo, por falta de condições do relvado do António Coimbra da Mota, devido ao dilúvio que se abateu naquela noite no Estoril. No retomar da partida, os holandeses chegaram ao empate já perto do final, através de um golo de Wijnaldum. A equipa portuguesa saiu destes três jogos com apenas um ponto quando fez exibições que poderiam ter permitido sair desses encontros com, pelo menos, cinco pontos. Na última jornada, apenas para cumprir calendário, a turma de Couceiro empatou a uma bola na Grécia.

Os dois jogos do Rio Ave com o Steaua  e a visita à Dinamarca e os jogos do Estoril em casa frente ao Dínamo Moscovo e ao PSV mereciam resultados diferentes, e é aí que podem estar algumas das razões que levaram ao afastamento das equipas portuguesas da Liga Europa. A falta de sorte e alguma injustiça nos resultados, tendo em conta as exibições praticadas, foram determinantes para que o Sporting, vindo da Liga dos Campeões, seja a única equipa lusa nos 16 avos de final da Liga Europa. Curiosamente, o Sporting também não merecia o desfecho que teve na sua fase de grupos europeia, mas devido a motivos bem diferentes dos que levaram às eliminações de Estoril e Rio Ave.

 Foto de capa: Facebook do Estoril Praia – Futebol SAD

FC Porto 4-0 Vitória de Setúbal: A prenda possível

tinta azul em fundo brando pedro nuno silva

Numa noite fria de sexta-feira, no final de uma semana dificil para os portistas, F.C. Porto e Vitória de Setúbal encontraram-se para disputar o jogo referente à 14ª jornada da Liga portuguesa. Se os portistas pudessem pedir uma prenda no sapatinho, certamente não era esta a vitória que estaria nas nossas intenções, mas no Natal nem sempre temos o que queremos e esta semana foi o exemplo disso mesmo.

Num jogo que prometia facilidades e que acabou por as confirmar, Lopetegui retirou Marcano, Casemiro (castigado) e Brahimi e lançou de início Maicon, Campaña e Quaresma, não tendo alterado a essência da equipa.

O Porto começou com bastante posse de bola, a circular o seu jogo pelo meio-campo sempre de forma segura mas sem arriscar muito, esperando pelo momento certo para chegar mais à frente. Surgido no onze inicial, Campaña fez uma boa partida e foi dando rotação ao meio-campo, oferecendo linhas de passe aos colegas. No entanto, a equipa do Porto nunca jogou muito subida (chegou a jogar mais adiantada diante do Benfica) e, portanto, nunca houve a sensação de sufocar o Setúbal, apesar de apenas os dragões terem a bola.

No meio-campo volto a destacar a inconstância de Herrera – garanto que não é perseguição; simplesmente, mais uma vez pareceu um jogador com pouca capacidade de transporte de bola e que, quando encontra adversários com maior capacidade física, acumula erros (claro que num ou noutro momento vai calando muita gente com bons pormenores e um passe ou outro a rasgar a defesa adversária). Com classe e enchendo o olho, esteve Óliver Torres: foi o motor da equipa, jogou e fez jogar. Caso o espanhol não estivesse em campo, a bola circularia sem toque artístico, em míseras rectas e semi-rectas enfadonhas; é um craque e é pena que o passe não pertença ao FC Porto. A protagonizar uma exibição de nível oposto esteve Tello: com a confiança em baixo, teve duas perdidas que não são dignas de um culé. Já mostrou que tem qualidades (principalmente a velocidade) mas decide mal no instante decisivo.

O golo chegou ao minuto 20, através de grande penalidade, convertida por Quaresma. No estádio deu a ideia de que Danilo (que fez mais um bom jogo!) foi puxado mas após rever o lance no ecrã parece um pouco forçado. Aos 25’, Jackson marcou com naturalidade o segundo golo e descansou (ainda mais!) os portistas que se limitaram a gerir o jogo e a falhar mais alguns lances claros de perigo.

A segunda parte foi diferente – o Vitória subiu no terreno e o Porto baixou de produção. De notar dois aspectos no jogo portista: o primeiro dos quais tem a ver com a dificuldade que temos de circular a bola a nível do meio-campo quando sofremos pressão alta na primeira fase de construção, passando muito tempo a circular entre defesas, laterais e guarda-redes; o segundo aspecto é uma consequência do primeiro, e prende-se com o facto de, quando a bola chega ao meio-campo, recorrermos ao passe atrasado muito frequentemente. Percebe-se que a equipa queira manter a bola mas não a consegue preservar no ataque sem o constante e irritante passe para a defesa, que nunca joga muito subida (e Lopetegui tem as suas razões que me parecem plausíveis, ficando este tema para outra ocasião) – algo que não está bem e que é preciso rever.

Voltando ao jogo jogado, aos 61’ saiu Tello e entrou Evandro, que veio dar mais consistência ao meio-campo, e aos 73’ Quintero substituiu Campaña – não houve grandes alterações estruturais e o jogo foi decorrendo com relativa normalidade com um Setúbal a tentar fazer alguma coisa mas sempre sem capacidade.

Já perto do fim, e quando os adeptos aguardavam o apito final, Brahimi, acabado de entrar, marcou o terceiro golo, e, de grande penalidade, Danilo assinou o quarto. Resultado exagerado para o que o Porto fez, especialmente na segunda parte. Não passamos o Natal muito descansados mas ainda assim mantemos a perseguição ao primeiro classificado.

 

A Figura

Óliver – É um craque: bons passes, bons pormenores, bons dribles. Foi ele que fez o Porto jogar.

O Fora-de-jogo

Tello – Demonstra uma enorme falta de confiança, evidenciada não só nas más decisões perto da baliza adversária, como até em passes curtos que um jogador da sua qualidade não deve falhar.

Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto

Equipa B: entre as promessas eleitorais e a intenção de extinguir, o que mudou?

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a norte de alvalade

Não sei o crédito que merecem as notícias que anunciam a intenção da administração do clube em extinguir a equipa B, se não se derem cumprimento a algumas alterações que aquela, alegadamente, pretende introduzir nos regulamentos. Mas a noticia é tudo menos uma surpresa, porque não aparece do nada.

Nada acontece por acaso e havia já alguns indícios de que algo poderá estar para mudar. O mais forte de todos, que pode ter passado despercebido, foi o artigo do ex-PMAG Eduardo Barroso na sua crónica de “A Bola”, onde advogava que as equipas B, nos actuais moldes, eram mais uma fonte de problemas do que soluções. Sabendo da sua proximidade com a actual administração não podia deixar de lhe dar relevo. É por isso que a notícia não é assim tão estranha como poderia parecer à primeira.

Ora antes de ir ao que o Sporting alegadamente pretende – acabar com a equipa B se não lhe forem concedidas as alterações pretendidas – é interessante recuar ao que foi prometido aos Sportinguistas em tempo de candidatura, aquando das últimas eleições. Recordo como nota importante que ao tempo vigoravam já os actuais regulamentos.

(Um parêntesis para uma pequena ressalva: no programa de candidatura de Bruno de Carvalho há uma distinção entre o conceito de “Formação” e “Equipa B” que, na minha óptica, está errada. Vejo a “Equipa B” como a última etapa da formação de jovens jogadores e creio que essa diferença de percepção é capaz de ser uma das razões que poderá estar a arrastar o Sporting para uma tomada de decisão como a anunciada. )

Na introdução ao programa de candidatura pode-se ler (as que me parecem mais importantes):

A Formação e a Equipa B manter-se-ão como apostas fundamentais para o nosso presente e futuro.

17. A equipa B é uma aposta para manter. (página 19)

E quais são agora as pretensões do Sporting? Segundo as notícias de hoje o Sporting pretende:

– Reduzir o âmbito da idade sobre a qual assentam a formação dos planteis de sub-23 para sub-21, podendo inscrever até cinco elementos de idade superior.

– Que se mantenham as actuais condições das Academias para sede dos jogos das equipas B.

– A possibilidade de acordos com clubes satélites desde que não inscritos na mesma associação.

As minhas questões, partindo do principio que a noticia do Record, que diz ter tido acesso a uma carta enviada pelo Sporting à FPF, são verdadeiras:

– O Sporting insiste num modelo de relações externas assente na confrontação, prescindindo do valor da negociação. Já não é apenas uma questão de estilo, é estratégia. Os resultados obtidos terão que ser, no momento oportuno, devidamente contabilizados. Isso é o que realmente deve contar, sendo pouco importante a adesão ou a rejeição desta metodologia. Eu não gosto e duvido que se alcancem resultados práticos.

– A imposição de cláusulas de forma unilateral como condição sine qua non para participação nos campeonatos vai ser alargada a outros escalões e modalidades e levada até às últimas consequências?

– Qual é a importância real das cláusulas em causa, ao ponto da actual administração por em causa compromissos assumidos com os Sportinguistas, que estão na sua base programática e que levaram à sua eleição?

– Qual é a importância real das cláusulas em causa para prescindir da importância estratégica que uma equipa B tem e que a actual administração reconheceu aquando da elaboração do documento ao afirmar no supra-referido documento:

(…) Ao contrário do que tem sido prática recente, o recurso a jovens criados na formação do Sporting deverá ser uma realidade, à semelhança daquilo que sempre foi tradicional no clube. É incompreensível que um Clube que possui uma das melhores escolas de futebol do Mundo, não aproveite convenientemente em termos desportivos, e por consequência no aspecto financeiro, o enorme investimento anualmente realizado na sua Academia. É bom ter em conta que a FIFA e a UEFA vão a breve prazo alterar as regras do jogo, no que à gestão económica e financeira dos clubes diz respeito, e quem estiver mais bem preparado e já levar uma prática de rigor e de respeito pelos orçamentos, estará em vantagem

A existência de uma equipa B é de enorme importância para o desenvolvimento sustentado e servirá de ponte entre o futebol júnior e o futebol sénior. Deverá ser absolutamente proibido aumentar o passivo da SAD por via da compra de passes de jogadores, investindo recursos que não estejam disponíveis.

– Levando a efeito a extinção da equipa B, que alternativa tem o Sporting para fazer crescer de forma sustentada os jogadores que terminarão o período formativo –que não a sua formação – com dezanove anos, conhecendo-se, como se conhecem, as dificuldades actuais de colocação de jogadores emprestados, onde até o SCBraga nos consegue suplantar no número de jogadores naquelas condições a jogar na I Liga?

– Não é apenas a actuação, ou alegadas intenções, da administração que me deixam perplexidade. Logo, em Vizela, o Sporting disputará uma eliminatória da Taça de Portugal e no lote de convocados não aparece nenhum jogador do actual plantel da equipa B. Marco Silva ao invés de premiar os jogadores que aí têm actuado, mesmo com o pouco brilho que se vem constatando, prefere dar primazia a jogadores que, cada vez que foram chamados, nunca o justificaram. Jogadores como Rabia, Sarr, Héldon, Slavchev quando, por exemplo, os centrais actuais da equipa, Wallyson, Gauld, Iuri, estiveram, no último jogo, num plano mais próximo do que pode ser tido como o seu valor.

Que mensagem se transmite aos jogadores da equipa B?

Onde fica o mérito como critério na hora escolher?

Falar em jogadores como Rabia, Sarr, Héldon e Slavchev quando, ao ler-se documento de candidatura da actual administração, se encontram enunciados como os que deixo abaixo, é caso para perguntar se os seus autores são os mesmos ou que é que os fez mudar tão radicalmente de princípios num tão curto espaço de tempo:

(…) Quanto menor for o número de jogadores a entrar de novo no plantel, maior será a facilidade de manter rotinas e entendimentos, que consumiram tempo e esforço a conseguir e que são verdadeiramente importantes numa equipa.

(…) Com a reativação da equipa B, o plantel deverá ser menos numeroso – 20 jogadores.

Cinco ou seis jogadores, numa escolha cirúrgica, experientes (ter em atenção que no futebol a experiência não está diretamente relacionada com a idade) e capazes de acrescentar valor ao plantel existente, serão suficientes para a construção de uma equipa que possa lutar pelos objetivos de curto, médio e longo prazo do Clube.

Jogadores estrangeiros não adaptados ao futebol português apenas se forem mais-valias claras. As contratações de jogadores estrangeiros, não adaptados ao futebol português, estará sempre dependente de serem considerados, pelo treinador principal e pela equipa Diretiva, como uma real valia para o reforço da equipa, apoiados em base nos relatórios emitidos pelos departamentos de Scouting e Sociológico. 

Foto de capa: Facebook oficial do Sporting

Benfica 1-2 Sp. Braga: Eficácia para o bem e para o mal

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A chave do sucesso que levou à vitória de domingo no Dragão esteve hoje do lado adversário: o Braga mostrou eficácia (marcou dois golos em três remates à baliza) e abriu as portas dos quartos-de-final da Taça de Portugal. A entrada desconcentrada do Benfica na segunda parte acabou por ditar o desfecho da partida, que terminou com um resultado injusto.

Confirmada a indisponibilidade de Luisão, cuja ausência se viria a notar, avançou, sem surpresa, César para o lado de Jardel. A ausência de Samaris, substituído por Cristante no onze, teve igualmente peso na manobra da equipa: o jogador grego tem vindo a ganhar a consciência tática que Jorge Jesus tanto pede e o seu rendimento tem vindo a subir; é também criticável a noção de evolução que o nosso treinador tem para Cristante, já que não é primeira vez que este jogador é lançado num jogo de grau de dificuldade mais elevado (já tinha acontecido em Leverkusen), quando nem sequer alinha contra equipas da segunda metade do nosso campeonato.

Cristante foi uma das novidades no onze de Jesus  Fonte: Facebook oficial do Benfica
Cristante foi uma das novidades no onze de Jesus
Fonte: Facebook oficial do Benfica

O Benfica entrou com velocidade, a trocar a bola com rapidez no meio-campo e dar profundidade ao jogo através das alas. Artur Soares Dias conseguiu depois cometer dois graves erros num minuto: primeiro, não marcou penálti a favor do Braga por mão de Jardel e, depois, resolveu não expulsar Pardo, quando este derrubou Jonas, que ia isolado para a baliza. Os encarnados atacavam com o bloco muito subido, o que permitia aos bracarenses, no momento da perda de bola, lançarem contra-ataques comandados por Rafa ou Pardo, que iam levando perigo à baliza de Júlio César.

O instinto goleador de Jonas em jogos da Taça (levava já 5 remates certeiros antes de entrar em campo) confirmou-se perto da meia hora. Até ao final da primeira parte assistiu-se a um domínio total do Benfica mas o grande caudal ofensivo não se traduziu em claras oportunidades de golo (exceção para o desperdício, nada habitual, de Jonas no coração da área).

Jonas voltou a marcar na Taça, mas depois desperdiçou várias oportunidades  Facebook oficial do Benfica
Jonas voltou a marcar na Taça, mas depois desperdiçou várias oportunidades
Facebook oficial do Benfica

O Braga voltou dos balneários à procura do empate, que acabou por ser oferecido por André Almeida. Não fosse a falha no corte, que Aderlan Santos agradeceu, e o lateral esquerdo até podia ser “a figura” do jogo (nunca comprometeu a defender e mostrou-se mais disponível do que o habitual para atacar). A reação dos encarnados veio logo depois do golo sofrido. Jonas começaria um duelo com Kritciuk, que se prolongou por toda a segunda parte e que acabaria por ser ganho pelo guarda-redes do Braga, apesar das muitas tentativas do brasileiro.

Os bracarenses deram a volta ao marcador com um golo de Pardo aos 57 minutos. Ola John perdeu a bola e ninguém pressionou o jogador do Braga, que avançou até perto da área e bateu Júlio César. Repetia-se a história do jogo do campeonato, onde o Benfica também tinha começado em vantagem mas acabou derrotado.

Pizzi entrou para o lugar de Enzo ao intervalo e a equipa ressentiu-se  Fonte:  Facebook oficial do Benfica
Pizzi entrou para o lugar de Enzo ao intervalo e a equipa ressentiu-se
Fonte: Facebook oficial do Benfica

Na última meia hora o Benfica subiu o ritmo da partida e esteve perto do golo por diversas vezes. As entradas de Derley mas, sobretudo, de Talisca, lançados demasiado tarde, quando a equipa tentava evitar a eliminação já de uma forma desorganizada, acrescentaram pouco ao ataque. O Braga agarrou-se à vantagem e conseguiu sair de Lisboa com um apuramento histórico, uma vez que nunca tinha vencido na Luz em duelos a contar para esta competição.

A supremacia na estatística final não evitou a derrota porque há sempre que contar com a tal “eficácia”. O regresso ao Jamor fica assim adiado para 2016.

A Figura

Ola John – Fez um excelente jogo e Jesus deve ter-se recordado das razões que a levaram a contratar o holandês ao Twente: elevada qualidade técnica, dribles rápidos e eficazes e cruzamentos sempre bem medidos.

O Fora-de-Jogo

Pizzi – Entrou ao intervalo para o lugar de Enzo Pérez mas foi evidente que está ainda a quilómetros de ser uma opção válida quando o argentino sair. Perdeu bastantes vezes a bola em zona proibida e falhou alguns passes.

 

Foto de capa: Facebook oficial do Sporting Clube de Braga

Futebol Clube do Porto: um Borussia, mas “melhor”?

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atodososdesportistas

Após a injusta derrota contra o Benfica para o campeonato (e desde já aproveito para, mais uma vez, dar os parabéns a Jorge Jesus, que com “peaners” conseguiu ser dominado e ganhar no Dragão, fazendo golo em duas das três vezes que foi à baliza do desinspirado Fabiano), muito se tem falado da “fraca” época que o Porto de Lopetegui tem feito. Discordo. Até ao momento, o único fracasso da equipa do técnico espanhol foi a derrota, sem espinhas, para a Taça, com o Sporting. De resto, estar a 6 pontos do líder Benfica, quando ainda faltam 21 jornadas e um total de 63 pontos por disputar, ainda não me preocupa minimamente.

Preocupa-me, isso sim, que os rivais da Luz não estejam na Europa e, por isso, estejam 100% concentrados no campeonato, o que é uma forte vantagem para a equipa encarnada. Mas, por outro lado, uma boa campanha europeia pode galvanizar os jogadores, assim como uma humilhante eliminação na prova milionária pode deixar mazelas em jogos futuros, quando os jogadores ouvirem o hino da Champions pela televisão e sentirem que não foram competentes para lá estar (veja-se, por exemplo, o que aconteceu com o Zenit – o clube saiu da Europa e veio a público que Hulk, Garay, Javi e Witsel, jogadores preponderantes da equipa de Villas-Boas, pretendem abandonar o barco).

Não querendo “desgastar” mais o leitor com o grande clássico do futebol português (sobre o qual já tudo foi dito e escrito), vou ao assunto deste texto: teremos um Porto estilo Borussia de Dortmund, mas melhor? Melhor porque os pupilos de Jürgen Klopp ocupam um fatídico antepenúltimo lugar do campeonato germânico, mas na prova rainha do futebol foram, a par de FC Porto e Real Madrid, uma das primeiras equipas a conseguir o apuramento “sem espinhas” para a fase seguinte – ficaram em primeiro lugar num grupo onde figuravam clubes como Arsenal e um sempre “chato” Galatasaray (que, de resto, foi, quanto a mim, a maior desilusão da prova, com apenas um ponto conquistado em 6 jogos).

Poderia até comparar os Dragões ao Real Madrid, pois o Porto está mais próximo do primeiro lugar da Liga Portuguesa que do último, mas não tenho coragem de o fazer. O Real de Ancelotti é, na minha perspectiva, a melhor equipa do mundo a jogar futebol no presente momento da época. Pego, então, nas minhas anteriores palavras e comparo os azuis de Lopetegui com os amarelos de Klopp: dois planteis que figuram, sem dúvida, entre os dois melhores do seu país (Porto e Benfica; Bayern e Dortmund), mas que têm tido um campeonato aquém daquilo que os adeptos poderiam crer, mesmo sendo casos totalmente diferentes.

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Basileia, emblema suiço, foi o adversário que calhou em sorte ao FC Porto na Champions
Fonte: Página de Facebook do FC Porto

Como fervoroso adepto que sou do desporto-rei, e particularmente do clube da Invicta, estou, não 100%, mas 75% (devido ao explicado anteriormente), convicto de que os dragões irão voltar ter o ceptro de campeão nacional, que tão bem e justamente lhe tem ficado na larga maioria nos últimos anos do futebol nacional. A jogar como jogámos contra o Benfica, com maior sorte e acerto na finalização e sem falhas como as de Danilo ou Fabiano, duvido de que percamos mais algum jogo para o campeonato. Estou com o meu treinador: o jogo com o Benfica não foi uma vitória moral, pois isso não existe, mas foi um “upgrade” exibicional brutal, em comparação com o início da época, o que só me pode deixar confiante para a disputa dos 63 (!) pontos que restam. Demos, finalmente, em Portugal, uma pequena amostra daquilo que temos feito na Europa, e, se tivéssemos jogado assim na Taça com o Sporting (se…), certamente ainda estávamos em pé nessa competição.

Nunca fui uma pessoa de superstições e nunca tive a mania dos números para fazer futurologia recorrendo a estatísticas. Acredito num FC Porto forte e também num Benfica que irá escorregar quando menos se esperar.

Mudando de competição, desengane-se quem pensa que saiu a sorte grande aos azuis-e-brancos por ter apanhado o Basileia na Champions. Se é verdade que, das equipas que poderiam sair aos Dragões, Juventus, City, PSG e Arsenal eram aquelas a “evitar”, também é preciso dizer que Leverkusen ou Schalke (pese a tal estatística que a mim nada de diz sobre confrontos portugueses e alemães) seriam adversários que provavelmente até seriam mais acessíveis, pois são equipas que gostam de assumir o jogo, e essas equipas abrem mais espaços, o que favorece os rápidos extremos portistas. Já o Basileia, do pouco que vi, à demonstrou ser uma equipa à imagem do seu técnico, Paulo Sousa: muito disciplinada tacticamente e com uma zona defensiva difícil de ser penetrada. Mas, admito, fiquei “contente” com o sorteio, embora qualquer equipa nesta fase seja difícil e quem queira ganhar tenha de ser capaz de ganhar a qualquer uma. Estou entusiasmado com este Porto europeu (mas consciente das dificuldades que há pela frente)! O tempo e o trabalho ditarão o futuro do nosso Futebol Clube do Porto!

Aproveito para desejar a todos os portugueses (e em particular aos benfiquistas – retribuo o gesto) um bom Natal e umas felizes entradas no ano de 2015, com esperanças de que, a nível clubístico, esse 2015 corra melhor aos dragões do que aos adversários!

Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto

Vizela 2-3 Sporting: Ganhou-se um jogo e zero jogadores

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Costuma dizer-se que quando se enfrenta uma equipa de nível muito inferior há tudo a perder e nada a ganhar: quando se ganha, cumpre-se uma obrigação; quando se perde, perde-se o jogo. Não é que discorde do anteriormente enunciado, mas acho que este tipo de jogos, nomeadamente para competições secundárias, são óptimas para se ganhar um conjunto de jogadores que, até então, tenham sido utilizados menos vezes. Num actual contexto, em que o Sporting não passa o melhor momento e existem jogadores titulares a render menos do que o esperado, este cenário ganha especial atenção.

Hoje, em Moreira de Cónegos, o Sporting acabou por vencer o Vizela mas os jogadores menos utilizados que foram brindados com esta oportunidade não corresponderam. Marcelo Boeck, tão acarinhado pelos adeptos sportinguistas, tem claras responsabilidades no primeiro golo; Sarr, sem fazer um jogo terrível, não fica bem na fotografia do segundo golo sofrido e continua a mostrar as claras lacunas a nível técnico; Oriol Rosell, que tão boa imagem tinha deixado na pré-época, entrou nervoso com um erro e respectivo amarelo no primeiro minuto e nunca se conseguiu impor a grande nível; apenas André Martins teve nota positiva na noite de hoje e se mostrou capaz de ser chamado quando e se necessário.

É óbvio que não é fácil quando se altera meia equipa e não é esta a situação ideal para cada um deles mostrar a sua capacidade. Nem tão pouco será de ignorar o facto de os jogadores em questão não terem o ritmo competitivo ideal e, por isso, ser difícil apresentar o nível demonstrado pelos titulares. Mas, quando faltam as pernas, os jogadores menos utilizados têm de ir buscar forças a um outro sítio qualquer: está em jogo a sua condição actual no plantel e as oportunidades podem não se repetir tão cedo. Posto isto, noite negativa para Marco Silva, que não ganha nenhuma nova opção para os jogos mais “a sério”.

No que ao futebol diz respeito, nota positivíssima para o Vizela. Mentalidade positiva, agressividade na pressão ao portador da bola, boa ocupação dos espaços e qualidade individual dos elementos da frente – muito irreverentes e confiantes – e excelente capacidade nas bolas paradas ofensivas. O Sporting entrou, como às vezes é muito difícil de contrariar, com uma atitude complacente. E se em relação aos titulares esse cenário, embora não seja aceitável, pode até compreender-se… os suplentes tinham de mostrar outra garra. A qualidade individual é superior e os objectivos assim o obrigavam.

A Figura

Bolas paradas ofensivas – Limitando-me à figura do conjunto leonino – porque a do jogo é, inquestionavelmente, o Vizela -, há a sublinhar o aproveitamento das bolas paradas ofensivas. Três golos derivados de bolas paradas: um penalty, um canto e um livre indirecto. Aqui há a realçar o mérito de André Martins, que mais do que o penalty, bateu o canto e o livre que dão em golo.

O Fora de Jogo

Atitude leonina – Principalmente na primeira parte, o Sporting mostrou-se amorfo, sem intensidade e pareceu esquecer-se que, com os dez pontos de atraso no campeonato, a Taça de Portugal ganha especial importância na época leonina.

Bronca na Liga – e agora?

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Se o leitor olhar para o lado direito do site vê que quem está nos dois últimos lugares, ou seja, em posição de descida, são Arouca e Gil Vicente (17.º e 18.º). E se eu lhe disser que segundo os regulamentos da Liga quem desce são Penafiel e Académica, 15.º e 16.º, respectivamente?

Sim, como se pode ver na página 51 do regulamento disponível no site da Liga, o primeiro da lista de regulamentos da Liga, o número 2 do artigo 96.º, referente a “Subidas e Descidas”, tem disposto o seguinte: “Descem à II Liga na época desportiva seguinte os clubes classificados em 15.º e 16.º lugares da tabela classificativa da I Liga”.

 Print screen do Regulamento no dia 16 de Dezembro de 2014
Print screen do Regulamento no dia 16 de Dezembro de 2014

Encontrando-se a temporada quase a meio, como se resolve um erro tão grave como este? É que se é verdade que não se devem mudar os regulamentos a meio de uma prova, não é menos verdade que este regulamento vai contra a lógica desportiva das competições por jornadas. Mas esta não é a única questão que tem de ser colocada. Como é possível que ninguém na Liga tenha reparado neste erro de regulamentação? Fica no ar a ideia de que o regulamento foi apenas copiado do da temporada passada, ignorando o acréscimo de duas equipas (que está paradoxalmente registado no regulamento).

Este é apenas mais um erro grave que demonstra o total desnorte que se tem vivido na Liga, agora presidida por Luís Duque, mas que na altura do lançamento do regulamento ainda tinha como presidente Mário Figueiredo. Se na Liga ninguém reparou no erro, será que aconteceu o mesmo com os clubes? Ou estes, já salvaguardando possíveis insucessos desportivos, preferiram guardar este trunfo na manga para apresentar a quem de direito no final da época?

A verdade é que as subidas e descidas pela secretaria são algo comum na história recente dos campeonatos profissionais portugueses e, graças a este lapso, pode estar a caminho mais um “verão quente”. Apresentar em tribunal um regulamento de uma competição que dará razão aos 17.º e 18.º classificados garantirá muitos problemas à organização e obrigará 15.º e 16.º classificados a descer por ser isso que está no regulamento – um atentado à verdade desportiva.

Como se resolve um problema destes? Teremos um campeonato com 20 equipas – as 18 deste ano mais as 2 que conquistarem a subida na II Liga – em 2015/16, para compensar este erro? São muitas as perguntas que ficam no ar. Como serão respondidas? Com sorte, muito brevemente saberemos.

Este artigo foi escrito apenas com os dados disponíveis no site da Liga (LPFP). Tentei contactar a Liga, mas não obtive resposta. É importante referir que não existe nenhuma correção ao regulamento no site do organismo até à presente data. Convém ainda destacar que não foi possível ter nenhuma versão em papel do documento, apenas a versão online disponível neste texto.

Foto de capa: Página da FPF