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Equipa do Ano 2014: Ligue 1

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Com o ano de 2014 prestes a terminar, o Bola na Rede faz uma viagem pelos últimos 365 dias. Numa série de artigos, destacar-se-ão os protagonistas que marcaram um ano repleto de momentos que permancerão na memória de todos os amantes de Desporto.

GR: Salvatore Sirigu (PSG)
O guarda-redes italiano vincou a sua posição entre os melhores do mundo. A sua grande época valeu-lhe o lugar de Buffon na selecção italiana durante o Mundial. Sirigu transpira confiança e solidez – a baliza da equipa da capital gaulesa está bem entregue. 2014 foi um grande ano.

DD: François Clerc (Saint-Étienne)
Diziam que os seus anos de ouro no Lyon já iam distantes. Ora, eu vejo as coisas de outra forma: a ida de Clerc para o Saint-Étienne foi uma excelente forma de agarrar a carreira. Agarrou a posição e é a voz da experiência dentro de campo. Importante para a grande campanha do Étienne na Ligue 1 2013/2014 e para um bom início da presente temporada.

DC: Thiago Silva (PSG)
Chegou ao PSG para liderar a defesa e, juntamente com Ibrahimovic, ser a cara de um novo Paris Saint-Germain. Mais uma época e mais uma grande prestação do defesa-central brasileiro: consistente, goleador e imperador na área. Um elemento fulcral na campanha do PSG.

DC: Marko Basa (Lille)
Ao lado de dois veteranos, acho que encaixa bem um outro veterano. Basa agarrou o Lille na época transacta e tem sido um dos pilares deste grande arranque. Um grande ano para o central montenegrino, que mostra sempre a sua raça e ambição dentro de campo.

DE: Layvin Kurzawa (AS Mónaco) *
Este jovem lateral esquerdo é uma delícia. Este ano teve excelentes prestações na selecção de sub-21 e conquistou o seu espaço no Mónaco. Kurzawa ataca, defende e promete. Para mim foi a revelação numa equipa recheada de jovens talentos. Grande época de afirmação do francês, do qual só posso esperar mais e mais.

MD: Mathieu Valbuena (Marselha)
Ainda não acredito que o pequeno francês tenha saído para o Dínamo de Moscovo. Um jogador rápido, eficaz e com raça! Faz falta ao campeonato francês, e certamente a Bielsa, que contaria com mais uma opção de grande qualidade para o ataque. Um grande ano do trintão – mais uma vez provou que a qualidade não se mede em altura.

MC: Blaise Matuidi (PSG)
Todo o campeão tem de ter um segredo no meio campo. Há quem diga, inclusive, que é no meio-campo que se vencem os jogos. Melhor não se podia aplicar a outro que não Matuidi. O francês impõe-se no meio-campo pela sua qualidade de passe, corte e remate de longa distância, assim como pela sua determinação. É um dos rostos do campeão francês.

MC: Joshua Guilavogui (Saint-Étienne)
Mais um jovem talento. A época passada mostrou-se em casa, no Saint-Étienne, e esta época vai comandando o sector recuado do meio-campo do Wolfsburgo na Alemanha. Uma grande época de um jogador que promete. Mais um rosto jovem a prometer, grande visão de jogo e qualidade de passe.

ME: James Rodriguez (AS Mónaco)
Uma grande época ao serviço do Mónaco e um grande Mundial valeram-lhe uma transferência milionária para os galácticos do Real Madrid. É um dos talentos emergentes no mundo. Foi um dos motores do clube monegasco na passada temporada. É enorme e poucas palavras mais tenho para descrever o colombiano. Lugar mais do que merecido.

PL: Zlatan Ibrahimovic (PSG) **
A época passada foi o melhor marcador, e este ano já é o segundo (após um inicio atribulado devido a lesão). Sempre irreverente e fiel ao seu estilo, o sueco marca, assiste, encanta e cria polémicas. É o Ibrahimovic e este lugar na equipa do ano será sempre dele, seja em que liga for, marque quantos golos marcar. É um dos melhores avançados do mundo.

PL: André-Pierre Gignac (Marselha)
O ano passado foi o segundo melhor marcador. Este ano começou de forma louca e é o segundo melhor marcador. Quando já poucos pensavam que ele tinha mais para dar, Gignac surpreende e tem crescido este ano. 2014/2015 poderá tornar-se a sua melhor época de sempre.

Treinador: Marcelo Bielsa (Marselha)
Já tinha saudades do argentino. El Loco voltou e mesmo só tendo estado nos últimos meses de 2014 na Ligue 1 merece o lugar. Voltou com aquela energia que marcou a sua passagem pelo Atlethic Bilbao, e já levou o Marselha ao comando da Ligue 1. Com os sectores necessários reforçados, Bielsa pode tornar-se uma afronta complicada para o poderoso Paris Saint-Germain.

* Jogador revelação
** Melhor jogador

Natal: Que prendas trará?

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atodososdesportistas

Neste dia natalício, onde o futebol é trocado pelos famosos e típicos pratos de peru e bacalhau, desejo, desde já, uma quadra festiva feliz para todos os leitores do Bola na Rede.

Sem grandes novidades para o lado das hostes portistas, hoje escrevo sobre as prendinhas que gostaria de ver no sapatinho do plantel azul-e-branco. Nunca fui apologista de rupturas no mercado de inverno, a não ser que quem saia, esteja a mais, e que quem entre se revele uma verdadeira mais-valia. Logo, não desejo a integração do central senegalês Abdoulaye no plantel (nem na equipa B) e gostava de ver sair do clube o jovem central Reyes e o centrocampista Evandro – o primeiro por empréstimo para ganhar minutos; o segundo a título definitivo, caso surja uma proposta aliciante. Depois temos os casos de jogadores de enorme qualidade, mas que se encontram “tapados”, e, por isso, o empréstimo seria uma agradável solução: Tiago Rodrigues (fala-se do interesse de Nacional da Madeira); Kelvin (o jovem que deixou Jesus de joelhos, mas que nunca se impôs, sendo a “eterna promessa”); Otávio (brasileiro que tem “samba nos pés” e que, a continuar sem oportunidades na equipa principal, deve ser emprestado a um clube com um treinador que saiba trabalhar jovens, aparecendo o Vitória de Guimarães como a opção ideal). Temos ainda os casos de Ivo Rodrigues, que é claramente jogador a mais para a segunda liga portuguesa, e o excessivo número de guardiões: Helton, Fabiano, Andrés e Ricardo, sendo que a saída do espanhol parece-me a mais acertada, visto que Fabiano tem sido a primeiro escolha, Ricardo é útil na medida em que ocupa uma das vagas a preencher por jogadores portugueses na Champions e Helton ainda deverá ir a tempo de jogar a Taça da Liga e assim se despedir dos adeptos, que tanto o acarinham. Aqui, porém, tudo depende do técnico Lopetegui.

Com tanta possível saída, surge agora a questão: e entradas? Sem Brahimi durante Janeiro e talvez parte de Fevereiro e, possivelmente, sem Reyes e Evandro, quem poderá entrar e colmatar tais saídas? Mais-valias, assim o espero…

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Jackson Martínez: a sua continuidade é a mais desejadas das prendas para os portistas
Fonte: Página de Facebook do FC Porto

Parece-me imperioso um extremo que se destaque. Continuo a discordar daqueles que acham que Quaresma tem de ser titular indiscutível: o ‘ciganito’ é jogador para mexer com o jogo, entrar a 20/25 minutos do fim e assim explorar o cansaço dos adversários, à imagem do que fez nos jogos da selecção, onde Fernando Santos “encontrou” a melhor forma de aproveitar a magia de RQ7; Adrián continua a demonstrar não ser capaz de jogar em outro esquema que não o 1-4-4-2, como fazia e tão bem no Atlético. No meio campo, penso que, com a subida de rendimento de Quintero, não precisamos de jogadores que colmatem a saída do brasileiro Evandro (embora Carlos Eduardo esteja numa forma soberba em frança, à atenção de Pinto da Costa e Lopetegui). Por fim, caso Opare continue sem ser opção, um lateral que jogue nas duas faixas seria bem-vindo (sou um fã incondicional de Raphael Guerreiro). Ainda assim, a maior “prenda” que os portistas desejam é a continuidade de Jackson Martinez, um dos melhores e mais seguidos avançados da Europa. O “Cha Cha Cha” é cobiçado por meio mundo e tem Tottenham e Roma como clubes que mais o seguem, embora os valores estejam longe daquilo que o Porto pretende e que o jogador vale. Essa seria a verdadeira grande noticia para os adeptos azuis-e-brancos, e esperamos que a SAD do Futebol Clube do Porto faça o esforço necessário para manter o colombiano na frente de ataque da equipa.

Rematando – e penso que isto é um desejo geral –, gostaria de ver arbitragens menos tendenciosas para os lados da Luz. Este ano tem sido por demais evidente, e não querendo dizer que os árbitros fazem “de propósito”, a verdade é que, consequentemente, o Benfica tem sido beneficiado “em caso de dúvida” (onde dúvidas é raro haver), jogo após jogo. A única partida que me lembro do Benfica ter vencido no campeonato sem casos que objectivamente beneficiaram as águias (mesmo jogos onde golearam) foi o jogo do Dragão. Já são muitos pontos a mais, e que colocam o Benfica numa posição muito duvidosa face ao futebol praticado e aos excessivos “erros” de arbitragem. E a fraca campanha europeia veio confirmar aquilo que aqui escrevo. Mas não quero, nesta quadra natalícia, entrar por ai…

Faltam muitos jogos e quem se sagrar campeão, direi que assim o foi por mérito próprio (como sempre disse): o campeonato é uma maratona e quem joga melhor é justo vencedor.

Que todos tenham as prendas desejadas, em particular o nosso clube!

Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto

E Dickens escreveu…Um Conto do Benfica

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Longe das vaquinhas e dos jumentos, Jesus dorme, mas não em palhas deitado. Descansado e feliz, deixa-se prostrar na sua faustosa cama, vestida e revestida com lençóis de cetim grenás, a fazer lembrar a luxuriosa e apaixonante cor do clube que lhe deu um outro sono. Mais pesado, mais sonhador, mais bonito. Mais tudo. Lá fora passeia-se um recém-chegado Inverno que não dá nem para bater os dentes. Ao contrário de qualquer estória profunda e complexa, não temos sequer chuva para fustigar as janelas. Nem vento. Ironicamente, da mesma forma se vai arrastando o homem (e sua estrutura) que, descansado, ali dorme: sem grande espectáculo, sem deslumbrar e cumprindo os serviços mínimos.

Tumultuosamente e num virar de ombros, julga-se acordado. Desperto. Lúcido. Não sabe ele da missa do galo a metade. Perante si surge um translúcido Luís Filipe Vieira. Se a original versão já dá tremores, imaginem-no vestido de espectro. Enquanto acaricia o farfalhudo bigode, a fazer lembrar aqueles homens muito fortes que levantavam enormes pesos nos espectáculos circenses dos anos 70 e 80, aproveita para pigarrear e pôr ao serviço a sua voz mais grave e assustadora – a mesma com que invade todas as Assembleias Gerais do clube. Diz ele:

– Jorge! Acorda!

– Presidente? Mas o que vem a ser isto?! No Seixal permito-lhe tudo, mas vir a minha casa, a meio da noite, ainda para mais na véspera de Natal…

– Ó homem, cala-te! Tenho algo importante para te dizer e não temos muito tempo. Daqui a umas horas nasce a manhã.

– Mas o que raio o traz aqui?!

– Andaste-te a armar em bom com a lengalenga do Dumas, mas eu bem sei que o teu romancista vitoriano preferido é o Dickens.

– Epá, e então?!

– O que é que os teus filhos te ofereceram à meia-noite?

– Aquele famoso livro dele, Um Conto de Natal. Li-o num instante, antes de adormecer.

– E é exactamente por isso que aqui estou. Hoje sou o teu fantasma de serviço.

– Caraças, mas na versão do Dickens vinha primeiro a aparição do seu sócio, já morto, e depois os três fantasmas: um do passado, outro do presente e…

– Até em sonhos tens a mania que tens razão! O Presidente sou eu e eu é que decido para quantos fantasmas é que há orçamento! Agarra-te bem.

Confuso, mas esperançoso. Assim entrou Jesus na aventura. Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Confuso, mas esperançoso. Assim entrou Jesus na aventura.
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

Sem sequer ter tempo para contestar a decisão do seu superior, Jorge Jesus vê-se num estranho vácuo banhado a luzes psicadélicas e sons penetrantes, capazes de enlouquecer qualquer homem. Tonto e sem força nas pernas, deixa-se tombar sobre a humidade que ensopa a mais bonita e misteriosa relva que alguma vez teve o prazer de pisar. Abre os olhos num susto e deixa-se envolver pelo caótico ambiente de um Estádio da Luz aos apupos. À sua frente está um homem moreno, magro, de fraca figura e com os olhos mais distantes que alguma vez havia visto. “Mierda”, murmura o mesmo. Rapidamente percebe que se trata de Quique Flores.

– Lenços brancos? – pergunta Jesus.

– Sim, acabámos de perder contra a Académica, ajudámos a reforçar o segundo lugar do Sporting e estamos a oito pontos do primeiro lugar…

– Do Porto, portanto.

– Sim. Ah, e é a segunda derrota consecutiva em casa. Há menos de um mês perdemos contra o Guimarães.

– Porra, este Quique também era uma besta!

– Era? Ao contrário das épocas em que foste campeão, o tipo conseguiu chegar ao Natal sem uma única derrota e isolado no primeiro lugar. – enquanto o sósia do Estaline falava, a Luz parecia querer vir abaixo a cada passo que os cabisbaixos jogadores encarnados davam para os balneários – O problema veio depois disso. Mal voltámos de férias fomos à Trofa encaixar dois perus. O Porto passou imediatamente para a frente e já se sabia que tal plantel não estava para milagres.

– Se calhar foi cansaço…

– Qual quê! Já tínhamos sido eliminados da Taça de Portugal pelo Leixões e a Liga Europa já tinha ido à vida depois de perdermos contra Metalist, Olympiacos e Galatasaray. E termos empatado contra o Hertha já foi cá uma sorte…

Jesus mostra-se confuso. Não sabe porque está ali. O seu percurso pelo Benfica não é minimamente comparável com o do técnico espanhol. Muito menos são as suas capacidades como treinador. No entanto, incomodava-o saber que há nem seis anos atrás o “seu” clube havia conseguido desperdiçar o que poderia ter sido um campeonato fácil só havendo, para além da competição caseira, Taça da Liga para disputar – único troféu arrecadado, ainda que de vil forma perante um injustiçado Sporting. De forma arrogante e jocosa, e já sem ouvir o infindável monólogo do seu interlocutor, resolve interromper o mesmo:

– Bom, eu tenho mais anos disto do que toda a família do Quique junta. Mais importante ainda, tenho resultados dados. Provados. Mostrados. Este tipo hoje em dia está desempregado enquanto eu sou um dos treinadores mais memoráveis que o Benfica já teve!

– Ah, mas queres falar do Presente? Até dá jeito, porque é para lá que temos de ir!

O técnico voltou a sentir-se rodeado de um sem-número de histórias e memórias até que chegou aos dias de hoje. Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
O técnico voltou a sentir-se rodeado de um sem-número de histórias e memórias até que chegou aos dias de hoje.
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

Cabeleira branca para um lado e bigodaça preta para o outro, lá vão técnico e presidente pelo meio de tempestuosas partículas temporais que violentamente os agitam, quais bebés a levarem palmadas nas costas para deitarem cá para fora os resquícios do almoço. A vista turva e o ainda perturbado cérebro não lhe permitem ver para lá de um rebuliço de papéis e post-its. Há-os por todo o lado. Isso e canecas com restos ressequidos de café, caixas de pizza já vazias, latas de Red Bull encarquilhadas e atiradas para e por todo o lado, mas nunca na direcção do único caixote do lixo que ironicamente, e a contrastar com o cubículo onde se encontram, permanece vazio.

– Onde raio estamos? – Jorge Jesus pergunta.

– Bom, na verdade, estamos no mesmo sítio. Passámos foi do relvado para uma das salas de análise técnica. E estamos no Presente, claro! – respondeu de forma peculiarmente bonacheirona o senhor Presidente.

– Estamos tipo em directo?

– Se lhe quiseres chamar assim…

– Então isto existe mesmo? Está mesmo a acontecer neste preciso momento?!

Do nada, e ainda antes de Luís Filipe Vieira lhe conseguir atirar com uma resposta, entram de rompante na sala três cavalheiros já com uma certa idade, visivelmente estafados e com um ar de desânimo superior até às habituais trombas de Domingos Paciência. O mister da Amadora rapidamente os reconhece.

– Caraças! O Raúl, o Quaresma e o Pietra, pá! Eles conseguem ver-nos?

– Pensava que por esta hora já terias percebido a dinâmica da coisa…

– Pois, está bem. Mas que porra fazem eles aqui na madrugada do dia 25?!

– Ai não sabes? Quem é que, em vez de lhes desejar umas Boas Festas, os mandou olhar para todos os 14 jogos feitos até agora no Campeonato?

– Não acredito… – respondeu Jesus claramente envergonhado.

– Acredita, meu caro. Estes três bananas ainda nem a casa foram. O único bacalhau que comeram devia ser de conserva e devem-no às estúpidas invenções da Telepizza. Prendas? Provavelmente mais berros quando cá chegares no dia 26, logo pela manhãzinha.

– Mas eu…

– Mas nada! Nada justifica isto! Nada justifica que três homens com quase 65 anos cada não possam passar o Natal com as suas famílias e que aqui estejam acordados enquanto tu dormes descansado como se nada fosse!

– Presidente, eu…

– Tu? TU és uma vergonha! – irrompe Luís Filipe Vieira a urros – Estes três tipos estão aqui hoje porque TU vais conseguindo a proeza de não jogar um futebol decente quase quatro meses depois do começo do campeonato. Porque TU estás a meio de Dezembro e já conseguiste o enorme feito de sair das competições europeias e de ser eliminado da Taça de Portugal…pelo Braga…em casa! Porque TU, apesar de te ires passeando pelo primeiro lugar, conseguiste, em 14 jornadas, ser abençoado – ou não fosse o teu nome Jesus – pelos árbitros em pelo menos seis desses jogos! E quando digo abençoado quero na realidade dizer beneficiado, principalmente contra o Estoril, o Nacional e até contra a merda do Gil Vicente.

– Eu estou a dar o meu melhor…

– O teu melhor não chega!

Sem poder dizer qualquer outra palavra, Jesus é arrastado por um braço para o seu futuro. Literalmente. Raios, turbilhões cromáticos e guinchos metálicos quase que o fazem desfalecer pela terceira vez. Dá por si em lágrimas. De joelhos. Tal como da última vez, essa no Dragão. Não sabe o que fazer. Não sabe como se levantar. Não sabe sequer se se quer levantar.

E de repente, faltam-lhe as forças... Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
E de repente, faltam-lhe as forças…
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

Sem tempo ou paciência para paninhos quentes, o nosso agora-fantasmagórico Orelhas sussurra-lhe as três palavras mais mal intencionadas que já havia dito depois das habituais (e tão mentirosas) “Viva o Benfica”:

– Vê se gostas…

Desta vez, Jorge Jesus abre os olhos e está longe, bem longe, da sua amada e tranquila Luz. Perante si, só azul. E branco. Ainda zonzo consegue, contudo, distinguir o que lhe parece ser o sotaque nortenho. Faz calor e estamos em Maio, na Avenida dos Aliados. Celebra-se o campeonato do Porto e a falsa hegemonia do Benfica. Lá ao fundo distingue-se um clarão vermelho: é uma fogueira. Uma fogueira onde jaz, já quase irreconhecível, a bandeira do Sport Lisboa e Benfica. O sotaque nortenho molda-se a uma só voz e grita, convicto, ritmado, e a plenos pulmões: “E o Jesus…foi co’ caralho! E o Jesus…foi co’ caralho!”.

Luís Filipe Vieira contorna o ainda ajoelhado anti-herói e, mantendo a pose dominante, não se baixa para lhe dizer:

– Percebe o seguinte: assim como neste sonho, eu nunca serei o culpado. Mascarar-me-ei sempre do bonzinho. Do tipo que só quis o melhor para o Benfica. Tu é que levas – oh religiosa metáfora! – a cruz às costas. Eu sou o teu espectro! Neste sonho e na realidade! Tenho-te na mão! Tu és e será aquilo que eu…

Toca o telemóvel. Um despenteado e babado Jorge Jesus acorda a nadar em suor. Já é de manhã. A mesa de cabeceira estremece com a vibração do iPhone. Põe os óculos. Debruça-se sobre o ecrã. “Presidente”, lê-se entre um compassado jogo de luzes.

Jesus respira fundo e, ao olhar em frente, contempla o vazio. Lenta mas decisivamente ignora a chamada. Põe um sorriso nos lábios e, num gesto irracional e que só os homens livres se permitem ter, sussurra para si mesmo: “Feliz Natal e viva o Benfica”.

Enzo Pérez: a saída de um ídolo

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Chegamos ao final do ano e a preocupação entre os benfiquistas começa a aumentar. Até estamos na liderança do campeonato, separados do segundo lugar por seis pontos, que, embora nada garantam, são uma vantagem confortável para encarar a segunda volta. O grande problema é que, já no primeiro dia de 2015, se abre uma janela de transferências, a qual nos últimos anos tem desfalcado a equipa. É fácil recordarmo-nos das saídas de David Luiz e Matic em janeiro. Os melhores jogadores do plantel são cobiçados pelos grandes clubes europeus, e a Direção nada pode fazer quando estes batem o valor da cláusula de rescisão. É a lei do mais forte.

Mas se no longo mercado de verão existe tempo para o treinador preparar soluções (ou pelos menos era suposto que assim fosse, já que a UEFA decide, incompreensivelmente, prolongar este período de transferências até ao último dia de Agosto, quando a época já leva quase um mês), agora Jorge Jesus e a Direção do Benfica terão muitas dificuldades em trazer para Lisboa um jogador com as características de Enzo Pérez, cuja saída parece já acordada com o Valência a troco de cerca de 25 milhões de euros. Médios box-to-box, capazes de fazer a ligação entre defesa e ataque, que ajudem nas tarefas defensivas e, ao mesmo tempo, se envolvam na construção do processo ofensivo, por vezes marcando golos, são raros, ainda mais quando o jogador a substituir tem a qualidade técnica, a consciência tática e a entrega ao jogo que o argentino sempre demonstrou quando vestiu a camisola encarnada. As conversações entre Benfica e Estudiantes para a contratação de Joaquín Correa, segundo a imprensa, têm estado a correr bem. Se forem bem sucedidas, o argentino pode constituir uma opção de qualidade para Jorge Jesus, numa altura em que se mantém a incerteza em relação aos regressos de Fejsa e Rúben Amorim.

Enzo Pérez impulsionava o ataque encarnado Fonte: Facebook do Benfica
Enzo Pérez impulsionava o ataque encarnado
Fonte: Facebook do Benfica

O interesse dos espanhóis em Enzo já é antigo. Os olheiros do Valência acompanharam as prestações do médio na época passada, em que este se revelou fundamental ao ajudar o Benfica a ganhar todos os títulos em Portugal e a chegar à final da Liga Europa. A última barreira – o dinheiro – deixou de constituir um problema quando o milionário asiático Peter Lim comprou o clube, em Maio, através de um fundo de investimento. A mudança de Enzo Pérez só não se concretizou no Verão devido à falta de entendimento entre o magnata e a banca espanhola, com o objetivo de reestruturar a dívida do clube.

Contratado em Junho de 2011 aos argentinos dos Estudiantes de La Plata, Enzo não convenceu Jorge Jesus a mantê-lo no plantel, pelo que, no início de 2012, regressou ao seu país, de onde, disse publicamente, já não quer sair. Contudo, a saída de Witsel levou o treinador encarnado a fazê-lo voltar a Portugal, onde, para colmatar a ausência do belga, passou a alinhar no centro do meio-campo, em vez de jogar como extremo-direito, como era habitual. A temporada 2012/2013 foi marcada pela afirmação do argentino na Luz, onde ganhou o estatuto de titular. Tanto para ele como para o resto da equipa, esta seria uma época ingrata, uma vez que, apesar do esforço, o Benfica não conquistou nenhum troféu.

Já no último ano, em que os encarnados conquistaram quase todos os títulos possíveis (ainda hoje não conformo com a derrota em Itália na final da Liga Europa, onde fomos bastante superiores ao Sevilha), Enzo Pérez evoluiu ainda mais e tornou-se num atleta essencial no atual Benfica (foi, aliás, eleito “melhor jogador do campeonato”). Sem ele, dá a sensação de que a equipa fica mais frágil, menos ágil, mais exposta quando defende, menos agressiva quando ataca. De Enzo, de cada vez que entra em campo, podemos esperar suor, raça, ambição. Habituámo-nos a vê-lo disputar cada lance, a lutar por cada bola como se o jogo fosse acabar naquele momento, a resistir até ao limite da sua capacidade física para o sucesso da equipa, a dar indicações aos colegas quando era necessário, a entregar tudo o que tinha em nome da camisola. É por tudo isto e muito mais qualidades, que o curto espaço deste artigo não permite referir, que o argentino se tornou uma referência, o mais aplaudido pelos adeptos, o jogador que, por mais diferenças que houvesse entre os benfiquistas, estava sempre no “onze inicial”. Com o símbolo do maior clube do mundo na camisola, conquistou um campeonato nacional, uma Taça de Portugal, duas Taças da Liga e uma Supertaça. Deixará saudades à nação benfiquista, não tenho dúvidas, onde é visto como um “ídolo”. Enzo sai mas fica a certeza de que não há jogadores insubstituíveis, como o Benfica tem vindo a provar. Assim, só nos resta lamentar a perda e unir forças para que, em Maio, o Marquês se possa voltar a encher.

Estadia curta no primeiro lugar

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A poucos dias do ano novo, o Clube Futebol Benfica tinha apenas um objectivo: terminar 2014 com uma vitória e, assim, manter a liderança que havia adquirido na jornada anterior. No entanto, a sorte não sorriu à equipa lisboeta… e o Ouriense aproveitou.

Ao deslocar-se até às Caldas da Rainha, a formação de Pedro Bouças sabia que iria encontrar um adversário difícil, que procurava manter-se no topo da tabela em busca de um lugar que dê acesso à Fase Final do Campeonato Nacional.

Numa primeira parte pouco inspirada da parte do A-dos Francos, o Fofó não conseguiu aproveitar as ocasiões de que dispôs para abrir o marcador. Falta de eficácia – com alguma falta de sorte à mistura – é o adjectivo que pode definir as jogadoras da capital portuguesa nos primeiros 45 minutos.

E como quem não marca sofre, a segunda parte foi totalmente diferente, pelo menos no que diz respeito ao resultado. Mais organizada, a equipa das Caldas conseguiu finalmente incomodar as redes defendidas por Elsa Santos. No entanto, foi apenas aquando da entrada de Yara Ferreira que o jogo sofreu uma reviravolta praticamente inesperada. Bastou tocar pela primeira vez na bola para, contra a maré do jogo, colocar o A-dos-Francos em vantagem. Aproveitando a instabilidade psicológica vivida no seio do Clube Futebol Benfica, 7 minutos depois e a cerca de 20 do final do encontro, a equipa da casa voltou a marcar. Um balde de água fria para uma das principais candidatas ao título que, mesmo a jogar contra 10 nos últimos 10 minutos da partida, não conseguiu aproveitar a superioridade numérica. O jogo terminou então com uma vitória por 2-0 do A-dos-Francos, que soube travar a qualidade acima da média da equipa de Benfica.

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O olhar atento das atletas de Lisboa não chegou para impedir a eficácia do A-dos-Francos. Fonte: Facebook do Clube Futebol Benfica Feminino

Mas enquanto uns “choram” a derrota, outros aproveitam o deslize para assaltar o primeiro lugar. Em Ourém, as actuais campeãs nacionais receberam o Boavista que, para mim, tem sido a grande desilusão do campeonato, apresentando-se no penúltimo lugar da tabela. A missão do Ouriense revelava-se assim teoricamente mais fácil.

Dito e feito, a formação de Marco Ramos conseguiu vencer as axadrezadas com um resultado folgado (4-1) e voltar à posição a que se tem habituado nos últimos anos.

Ainda assim, a tarefa não se adivinha nada fácil até ao final da época: o Clube Atlético Ouriense e o Clube Futebol Benfica prometem uma disputa intensa até ao fim, sempre perseguidos pela equipa de Valadares que também garantiu mais três pontos este fim-de-semana.

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Conseguirá o Ouriense, pela terceira vez, dar uma alegria aos habitantes de Ourém?
Fonte: Facebook do Ouriense Futebol Feminino

 

Todas as fotos foram retiradas do Facebook do CF Benfica

Será o adeus de Reus?

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Um dos jogadores mais entusiasmantes da actualidade vai finalmente ter a oportunidade de actuar num dos principais campeonatos do futebol europeu. Kevin Kampl, médio esloveno com grande capacidade de desequilíbrio no último terço mas com facilidade em assumir o jogo a partir de trás, vai trocar o Red Bull Salzburgo, onde era uma das grandes figuras, pelo Borussia Dortmund, que pagou 12 milhões de euros pela sua contratação. O jogador de 24 anos vai trazer magia e imprevisibilidade ao ataque dos schwarzgelben e, pela sua técnica, velocidade e visão de jogo, tem tudo para se assumir desde já na equipa de Klopp, que tem sofrido com a falta de inspiração de Kagawa e Mkhitaryan e com os problemas físicos de Kuba e Reus. O craque alemão tem estado ausente dos relvados e, com a chegada de Kampl, que também pode actuar no corredor central ou nas alas, veremos se volta a pisar o relvado do Signal Iduna Park.

Foto de Capa: Facebook do B.Dortmund

Jogadores Que Admiro #28 – André Cruz

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Época 1999-2000. São poucas as recordações que tenho deste período. No entanto, lembro-me de que foi por esta altura que o meu interesse pelo futebol começou a crescer. Pelo futebol e pelo Sporting.

Ao ocupar o lugar de Materazzi – que estava no comando da equipa há cinco jornadas -, Augusto Inácio tornou-se o novo líder leonino, tendo o intuito de ganhar o campeonato nacional. Para cumprir o objectivo a que se propôs, o treinador português aproveitou a reabertura do mercado, em Janeiro, para contratar alguns jogadores que se revelaram essenciais até ao final da época. Entre eles, encontrava-se André Cruz.

Entrada da grande área, bola descaída para o lado direito, pouco balanço. O pé esquerdo preparado para um remate mais em jeito do que em força. Era esta a grande marca do defesa central brasileiro. Actuando ao lado de jogadores como Rui Jorge, Pedro Barbosa, Acosta, ou até o inesquecível Peter Schmeichel, distinguiu-se pelos seus livres directos, que punham em sentido qualquer guarda-redes. Na verdade, acredito que nenhum sportinguista se terá esquecido do livre apontado ao FC Porto a 18 de Março de 2000 que ajudou a equipa a subir ao 1.º lugar da tabela classificativa. A par deste momento, acredito também que nenhum adepto leonino terá deixado escapar da memória os dois golos apontados por André Cruz ao Salgueiros (0-4), na última jornada do campeonato, conduzindo o Sporting até ao título nacional.

Alguns momentos de André Cruz

É certo que este jogador não é reconhecido a nível mundial. Provavelmente, poucos serão aqueles (para além dos fiéis adeptos do Sporting) que se lembrarão da sua figura. No entanto, aos 30 anos, conseguiu ajudar um dos clubes com mais história em Portugal a alcançar um título que lhe fugia há 18 anos e tornar-se um dos melhores defesas centrais que passou pelo Sporting; não só devido aos seus livres, mas também da classe que possuía e da segurança que transmitia à equipa leonina.

André Alves da Cruz, actualmente com 46 anos, esteve no Sporting por mais uma época e meia. Conquistou dois campeonatos nacionais, uma Taça de Portugal e uma Supertaça. Ao longo da sua carreira, passou também pelos campeonatos brasileiro (Ponte Preta, Flamengo, Goiás, Internacional), belga (Standard de Liège) e italiano (Napoli, Milan), e regista 31 presenças na selecção brasileira. Este jogador tem ainda a particularidade de ter sido internacional em todos os escalões de futebol e conseguiu alcançar a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, com apenas 20 anos.

Considerado uma pedra basilar na conquista de títulos pelos leões, tenta actualmente transmitir os seus conhecimentos aos jovens jogadores brasileiros, através da sua escola de futebol em Campinas. Será que irá revelar o segredo dos livres aos seus pupilos?

Foto de capa: sporting.pt

Dores de crescimento do novo Sporting

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Durante a época de 90 habituei-me a ouvir a expressão de que o Sporting nunca chegava ao Natal. Nessa altura, por demérito próprio ou por culpa “dourada”, o clube de Alvalade chegava a esta altura arredado da luta pelo campeonato, muitas vezes eliminado da Taça e também fora da Europa.

É certo e sabido que esta época não está a correr de acordo com os objectivos predefinidos por Bruno de Carvalho e equipa técnica; a diferença para o líder do campeonato é substancial e, pior ainda, o futebol apresentando é de uma irregularidade gritante.

O jovem presidente do Sporting encontra-se talvez a viver o pior período da sua ainda curta estada à frente do seu clube do coração. No entanto, muitos destes problemas são criados fora da esfera leonina, na cabeça de alguns jornalistas e de pseudo-bloggers que se julgam o supra-sumo da sapiência.

Como disse no início deste texto, cresci numa altura de enorme jejum, de 18 anos sem qualquer título de campeão, e ainda assim todos os dias o meu amor por este clube cresceu, se tornou mais forte e diferente da maioria dos meus amigos e colegas de escola. E é este amor que me faz acreditar que esta fase são apenas “dores de crescimento”.

Sou apoiante de Marco Silva, acho que é um treinador acima da média e que o seu talento aproxima-se do topo europeu. Acima de tudo, admiro a sua convicção em jogar aberto e ao ataque, ainda que sofra dissabores criados por esta mesma filosofia. A capacidade para potenciar os talentos de Carrillo ou João Mário também deve ser aclamada, sendo que o peruano poderá render num futuro próximo muito dinheiro aos necessitados cofres do Sporting.

Carrillo tem tido a sua melhor época desde que chegou a Alvaldade em 2011. Fonte: Facebook Oficial do Sporting Clube de Portugal
Carrillo tem tido a sua melhor época desde que chegou a Alvaldade em 2011.
Fonte: Facebook Oficial do Sporting Clube de Portugal

Carrillo tem tido a sua melhor época desde que chegou a Alvaldade em 2011.
Foto: Facebook Oficial do Sporting Clube de Portugal.

No reverso da medalha existem jogadores que estão numa forma paupérrima e cujo fraco desempenho condiciona a equipa. O exemplo mais flagrante será o de William Carvalho. O jovem teve uma época de estreia a roçar a perfeição, no entanto, nesta época tem vindo a oscilar entre o bom e o péssimo. Posto isto, não se entende a parca aposta em Uri Rosell. O médio, formado no Barcelona, tem uma boa visão de jogo e qualidade de passe, devendo por isso ser aposta em jogos contra adversários mais acessíveis.

O esquema de 4-4-2, utilizado em alguns jogos, não está a ser potencializado ao máximo pelo treinador português. Creio que para usar esta táctica, Marco Silva deveria usar Rosell e João Mário, em detrimento de William e Adrien. Desta forma ganhava maior criatividade na zona central do terreno e não dependeria tanto do jogo pelas linhas e dos seus extremos.

Ainda assim, há que ressalvar o facto de que o Sporting é o único clube que ainda se encontra a disputar todas as provas dentro e fora de portas. Nem tudo o que se tem passado é mau ou merece ser criticado, e há mesmo muito a valorizar.

Quem cresceu nos anos 90 habituou-se a um Sporting com pouco rumo, sem um líder, em que o clube se parecia mais com uma empresa endividada do que aquilo que um clube de futebol deveria ser. Perdeu-se em parte a chama, o amor e algum orgulho em ser diferente, em ser Sporting. A verdade é que esta direcção conseguiu trazer tudo isto de volta ao clube e o clube de volta aos seus adeptos. Nota-se que há esperança, que se compreende e se apoia a maioria das decisões, decisões essas que são debatidas por todos e não apenas por esfera reduzida de pseudo-Sportinguistas.

Os Sportinguistas precisam de dar valor ao que têm neste momento: um clube que ruma de novo para um ecletismo a larga escala, com projectos definidos e com bases sólidas. Não devemos ser os primeiros a criticar tudo e todos, não podemos deitar abaixo algo que apenas depende de nós, leões.

Neste momento, apenas peço a Marco Silva duas coisas: o apuramento para a Liga dos Campeões e a Taça de Portugal. Acho que são dois objectivos realistas, pelos quais temos de saber lutar.

Ah, e que o Pai Natal nos traga um relvado novo…

Foto de Capa: Facebook Oficial do Sporting Clube de Portugal

Nacional 0-1 Sporting: A raça também vale três pontos

escolhi

Viagem longa. Relvado traiçoeiro. Adversário agressivo e forte fisicamente. Estavam reunidas todas as condições para um daqueles jogos para homens de barba rija, para um daqueles onde, no final, se contam mais mazelas nos tornozelos e nas canelas do que grandes pormenores técnicos no jogo inteiro. No fim, Slimani de cabeça ligada e André Martins substituído por lesão. No fim, três pontos para o Sporting porque quis mais e lutou mais. Isto também é futebol. Também vale três pontos. Hoje mediu-se a união (que a comunicação social tem tentado testar).

Marco Silva optou por começar com André Martins em detrimento de João Mário. Não deixo de estranhar a saída do mais jovem dos médios numa altura em que William continua com dificuldades em regressar à sua habitual forma e, sobretudo isto, Adrien continua a cair de rendimento – e isso tem-se tornado cada vez mais difícil, semana após semana. Posto isto, sob o risco de parecer mais um qualquer treinador de bancada, deixo claro: acho justo o regresso de André Martins, mas seria sempre Adrien o preterido. Infelizmente para o nº8 leonino, uma lesão impediu-o de corresponder à aposta. Para a semana, perante a expulsão de Adrien e se tiver em condições físicas para tal, talvez tenha nova oportunidade. Oxalá a aproveites, André!

O jogo na primeira parte foi muito dividido. Muita luta, muita entrega. Um Slimani atípicamente muito participativo no jogo, sempre a dar uma nova linha de passe e a proporcionar dificuldades aos centrais adversários. Falhou duas ocasiões de golo mas realizou a sua melhor exibição da época! Um Adrien tipicamente pouco assertivo no passe, com pouca noção dos espaços a ocupar, do local onde arriscar (aquele pontapé de baliza…) e que, com um pouco menos de sorte, até podia ter ido para a rua mais cedo. Que se acabem com os estatutos de uma vez por todas, Marco! Ao intervalo, três oportunidades claras de golo para o Sporting (duas do ponta de lança argelino e uma de Carlos Mané) e uma do Nacional (de Rondón).

Na segunda metade, e nisto os treinadores têm quase sempre influência, a equipa de Alvalade regressou por cima. Quase sempre a ganhar as segundas bolas – Marco Silva deverá ter entendido que era este o tipo de jogo necessário -, os jogadores do Sporting empurraram o Nacional para trás e acabaram por chegar ao golo com naturalidade. Depois de uma bola parada onde Slimani vence o duelo no ar, Mané, no sítio e na hora certa, finaliza sem grandes problemas. O Nacional passou a ter de arriscar um pouco mais, o jogo poderia ter sido morto mais cedo pelo Sporting – Gottardi evitou o golo a Carrillo e Adrien – e só com a expulsão do médio internacional português é que o jogo se complicou. Ainda assim, sem contar com um lance perigoso (mas em que nem sequer houve finalização) em que Patrício sai da baliza, o guarda-redes verde e branco nunca foi incomodado.

Vitória justa, que acaba por não reduzir diferenças para os rivais porque a história do costume foi novamente repetida, mas que serve e muito bem para esclarecer a posição de Marco Silva face ao seu plantel que, hoje, deu tudo quanto tinha pelo seu treinador. A esse propósito, que cada macaco se mantenha no seu galho. Ouviu, presidente?

A Figura

Slimani e Paulo Oliveira – Era injusto deixar de mencionar um deles. Paulo Oliveira está a apresentar-se a um nível cada vez maior e tem conseguido equilibrar a falta de qualidade do parceiro que o acompanha, seja ele qual for. Slimani foi o avançado que tantas vezes se pede: mais um a jogar e não apenas mais um a finalizar.

Fora de Jogo 

Adrien – Não é de hoje que tem sido mais vezes problema do que solução, mas hoje excedeu o seu próprio registo no que toca a erros inadmissíveis: passes falhados, perdas de bola, má colocação no processo defensivo e uma expulsão que poderia ter colocado em causa o jogo dos seus colegas. Para sempre titular?

Foto de Capa: FPF

Benfica 1-0 Gil Vicente: Uma equipa de medíocres

cabeçalho benfica

Mau. Muito mau. Pouca coisa positiva pode ser retirada do jogo de hoje, que levou mais de 40 mil pessoas ao Estádio da Luz para verem o primeiro contra o último classificado. O Benfica venceu pela margem mínima, mas esteve (muito) longe de convencer. Voltou a fazer uma exibição miserável e continua a apresentar fragilidades muito pouco naturais para uma equipa que vem de uma época quase perfeita.

Sendo completamente honesto, são muito poucos os jogadores que transparecem segurança e firmeza na hora de decidir bem durante o jogo. Se excluirmos os dois avançados (Lima e Jonas), Gaitán, Maxi Pereira, que tem sido um dos melhores nesta temporada, e o guarda-redes, Júlio César, tudo o resto me deixa de pé atrás. Benito é medonho, Jardel é capaz do melhor e do pior, Samaris teima em não convencer, Ola John é provavelmente o jogador que pior decide no plantel, Talisca tem pouquíssima intensidade e Tiago nem devia estar entre estas contas, de tão fraco que é. Não incluí aqui César porque hoje registei bons apontamentos. Acho que, tal como Cristante, é um jogador de futuro e que deve ser bem preservado pelo Benfica.

Nico Gaitán apontou o único golo da partida Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Nico Gaitán apontou o único golo da partida
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

Ainda assim, e não descurando da linha de mediocridade que vive o Benfica, hoje é um dia para refletir: o Benfica ganha ao último classificado com um golo irregular. Creio que até poderia vir a ganhar, mais tarde ou mais cedo, o jogo, mas o que fica registado é isso mesmo. Ganhou com um golo que devia ter sido invalidado e fez uma exibição paupérrima. E tudo se explica de forma muito fácil: a equipa que hoje entrou em campo não tem o nível de um suposto candidato ao título. Samaris não é trinco, nunca o será e Jesus insiste em colocá-lo naquela posição. Não sei se com intenção de fazer render o dinheiro que gastou por ele, mas arrisca-se novamente a brincar com o fogo (Fejsa, volta rápido). Já Talisca não é, de todo, um jogador com as características indicadas para jogar perto do médio mais recuado da equipa. O brasileiro não tem intensidade, decide muitas vezes mal e está em clara quebra de forma. Sei bem que metade da equipa habitualmente titular está afastada, mas nada justifica que o Benfica continue a apresentar-se em campo com jogadores de fraco nível e/ou fora das posições em que se sentem mais confortáveis.

Nota ainda para a declarações, no final do jogo, de Jesus. Desajustadíssimo e novamente a arranjar um bode expiatório para o insucesso da equipa. Hoje, ter-lhe-ia ficado bem admitir que o Benfica esteve mal. Admitir que nem merecia vencer. Mas não. Jorge Jesus voltou a sacudir a água do capote e a tentar fazer crer está tudo bem. A fazer esquecer que o Benfica já não está na Taça de Portugal e nas competições europeias e que, se falhar o campeonato, faz uma temporada absolutamente ridícula. Que o treinador dos encarnados reflicta bem. Que reze para que Fejsa, Sílvio, Amorim ou Sulejmani regressem rápido. Porque a jogar assim, sem Enzo e talvez Gaitán, o Benfica vai ter uma segunda fase de campeonato muito complicada.

A Figura:
Não é difícil. No meio da banalidade, resta-me escolher os que hoje fizeram por justificar uma presença no onze. Maxi Pereira foi o mais inconformado com a má exibição encarnada. E César surpreendeu pela positiva.

O Fora-de-Jogo:
Aqui é complicado. Mas Bebé (ou Tiago, como preferirem, não é por isso que fica melhor jogador) esteve novamente desastroso. Não tem qualidade para jogar no Benfica. Mas a culpa é de quem o mete a jogar.

Foto de Capa: Facebook do Sport Lisboa e Benfica