Uma vitória folgada que se tornou fácil com golos nos momentos chave. O Benfica, sem fazer uma exibição de encher o olho, sai de Setúbal com os 3 pontos e o Vitória com a mala cheia.
A vitória encarnada começou-se a desenhar através do golo de Toto Salvio. Golo, não: golaço. Quando tudo dava a entender que o Benfica caminhava a passos largos para uma vitória tranquila, eis que o Vitória revela que tem uma palavra a dizer. Não se encolheu, tentou por todos os meios visar a baliza de Artur e conseguiu, até, introduzir a bola na baliza do contestado guarda-redes das águias, num lance mal ajuizado pela equipa de arbitragem. Azar dos sadinos, o jogo prosseguiu. E acabaram duplamente penalizados: com o segundo golo do Benfica, equipa contra quem estavam, de facto, a jogar, por intermédio de Talisca, homem do jogo, que fez o seu primeiro golo no jogo num lance algo fortuito. Cruzamento demasiado largo de Gaitán, mal aliviado pela defesa da equipa da casa, com a bola a sobrar para o brasileiro, que, sem cerimónias, colocou a bola rentinha ao poste.
A partir do segundo golo só deu Benfica. Podia ser mais simpático e afirmar que a posse de bola até foi repartida, que os sadinos ainda tentaram… balelas. Tentar, tentaram, mas nunca com perigo digno de registo. Antes do término da primeira parte ainda houve tempo para mais um golo de Talisca, desta vez de livre directo, num remate colocadíssimo ao lado do guarda-redes. Intervalo, palestra de JJ bem mais facilitada pela vantagem folgada, talvez um tanto ou quanto injusta para os sadinos, mas o futebol nem sempre é justo.
Talisca foi o homem do jogo com 3 golos Fonte: ZeroZero
No retomar das hostilidades a equipa da casa ainda tentou remar contra a maré mas de uma das incursões de Gaitán nasceu o quarto golo do Benfica e o terceiro de Talisca. O argentino, que come cereais com fibra de génio ao pequeno-almoço, fez uma jogada que só ele sabe fazer, ao nível de algumas do ex-colega Pablo Aimar: avançou pelo meio, tocou na esquerda e abriu as pernas para deixar passar para o colega que vinha em corrida; Salvio permitiu uma defesa incompleta ao Raeder e Talisca consumou o hat-trick. Perfeito, perfeito só se tivesse sido Talisca a finalizar de primeira a ideia genial do novo número 10 do maior clube do mundo.
Nessa altura o Setúbal já só queria que o jogo acabasse, mas Ola John ainda ia ter tempo para dizer um olá (que piada tão bem conseguida, meu Deus!) e fazer o gosto ao pé. Podia ainda ter sido marcado um pénalti a favor do Vitória, mas com o resultado em 5-0 não acredito que seja por aí que os anti-Benfica tenham razões de queixa. Uma exibição sólida de Samaris, uma exibição tremenda de Gaitán e uma exibição abismal de Talisca, que marcou os seus 1.º, 2.º e 3.º golos oficiais com a camisola encarnada. Esperemos que venham mais manitas.
A Figura:
Talisca – As razões são óbvias.
O Fora-de-Jogo:
Lukas Raeder – O guarda-redes sadino teve culpas em alguns golos, nomeadamente no 2.º e 3.º de Talisca.
De forma inesperada, a comunicação social portuguesa foi autenticamente brindada por mais uns dias de “mercado”. O período de transferências em Portugal fechou oficialmente no dia 1 de setembro. Mas a incompetência berrante por parte da direção do Benfica em contratar um avançado, durante todo o verão, vai, ao que tudo indica, obrigar os encarnados a optar por um free agent. Da lista dos jogadores livres, há um nome que salta imediatamente à vista, não só pela qualidade mas também pela necessidade (do Benfica): Jonas. Como é óbvio, a imprensa não pediu por favor e, nos dez dias que passaram desde o fecho de mercado, o avançado brasileiro foi capa nos jornais desportivos… todos os dias.
Fazem-me lembrar o filho do meu vizinho. Imagino a excitação do miúdo se, após umas semanas de férias no Algarve, vagabundeando diariamente entre AquaShow, Zoomarine, Aqualand e umas brincadeiras com os miúdos lá do Hotel, ouvisse o pai dizer: “filho, vamos voltar para o Algarve, as aulas este ano começam mais tarde”. Seria divino, aposto.
Como eu não estou aqui para criticar as linhas editoriais dos meus (possíveis) futuros empregadores – e bem sei que precisam de vender jornais – centro-me na minha opinião sobre o Jonas: já cá devia estar, ontem!
Jonas era a peça que faltava ao Benfica Fonte: imguol.com
O Lima precisa de um bom companheiro de ataque urgentemente. O Benfica precisa da mesma dose. Toda a equipa, aliás. Jonas é esse avançado: móbil, admirável tecnicamente e moderadamente forte na finalização. Os números não enganam: 51 golos e 23 assistências em 156 jogos pelo Valência. Ou seja, o internacional brasileiro marcou em 28% dos jogos. Longe de serem estatísticas estratosféricas, são percentagens benévolas para quem atua na Liga Espanhola.
Não esperem grande capacidade de explosão, ao estilo do Rodrigo. Podem esperar, sim, bastante disponibilidade no jogo entre linhas e muita criatividade. É jogador de qualidade e uma claro upgrade à equipa. Resta saber as condições financeiras (sabendo que, com 30 anos, será quase impossível haver um retorno do investimento) e, principalmente, do estado físico do atleta (que não treina em equipa há vários dias).
Mas, na verdade, Jonas é aquilo de que o Benfica precisa porque não há outra solução. Não há outra hipótese. Afinal não é só a imprensa que recebe dádivas inesperadas.
O mercado de transferências da época 2014/2015 foi um dos mais agitados de sempre no Dragão. Lopetegui foi cedo anunciado e claramente preparou muito bem a abordagem ao mercado. No final desta janela de transferências, olho para o plantel e vejo uma equipa para ser campeã, com o máximo grau de certeza que é possível ter no futebol. Contudo, nem tudo nesta abordagem é positivo.
As muitas contratações que o FC Porto fez fecharam quase por completo a ténue abertura de progressão que havia para os jovens formados no clube (excepto para Ruben Neves) e isso aconteceu justamente quando surgiu uma fornada de jogadores na academia com a qualidade que há muito tempo já não se via. A contratação de Vincent Aboubakar e a permanência de Jackson hipotecaram as possibilidades (se não dos dois, pelo menos de um) que André Silva e Gonçalo Paciência poderiam ter na equipa principal – dois excelentes avançados que podem muito bem ser o futuro da selecção na posição 9. Por outro lado, as chegadas de Opare e José Angel impediram a promoção de Victor Garcia e Rafa, dois laterais de grande potencial que poderiam ser grandes soluções para as faixas laterais e que demonstram já demasiada qualidade para a Liga Cabovisão. Por último, as contratações de Óliver, Otávio e Evandro fecharam as portas a Tozé, ele que se poderia tornar numa excelente solução para a posição 8/10 ou ainda para actuar na ala esquerda como tantas vezes e tão bem o fez na época passada na liga Cabovisão.
Rafa poderia ser uma solução interessante para a equipa principal Fonte: fcporto.pt
Este é o preço de reduzir ao máximo a incerteza de ser campeão. O desespero em voltar a conquistar o título pode significar para o FC Porto o eclipse de uma das mais promissoras e brilhantes fornadas de jogadores que a cantera azul e branca já produziu. Recorrendo ao mercado de modo a minimizar os riscos e a construir um plantel que oferecesse garantias, o FC Porto, implicitamente, ancorou Rafa, André Silva, Gonçalo Paciência e Victor Garcia à equipa B e cedeu Tozé ao Estoril. Contudo, é de ressalvar que nem todas as soluções encontradas no mercado trouxeram mais garantias, no imediato, do que aquelas que dão alguns dos jovens descartados!
Em tempos ensinaram-me que não se deve começar um discurso – neste caso um texto – a pedir desculpa. Mas tenho pedir desculpa a quem costuma acompanhar os meus textos, pois na semana passada não pude mesmo escrever.
Indo agora ao que interessa, estamos a cerca de um mês da realização das 4h do Estoril, competição a contar para o European Le Mans Series (ELMS), competição do género das provas de Le Mans e em que os vencedores terão direito a participar nesta prova mítica. Em Portugal vão estar carros e pilotos de alta categoria, entre eles Filipe Albuquerque, e a grande vantagem é que a entrada é gratuita, sendo que a visita ao paddock são 5€. Além destas vantagens no circuito ainda vai haver descontos na CP nas linhas de Sintra e Cascais (1€ ida e volta), assim como transporte destes locais para o autódromo também totalmente gratuito. Assim, não existe qualquer motivo para não assistir a esta prova.
Tenho que assumir que esta não é propriamente a modalidade que mais me agrada dentro dos desportos motorizados – como já devem ter reparado pelo que escrevo essa é, na verdade, o rali. No entanto, conto ir ao Estoril ver o que promete ser uma grande festa e aproveito para avisar já os que me são mais próximos que os vou chatear para me acompanharem. Como já devem ter reparado esta opção cai mais para os ralis e para a F1, apesar desta última estar-me a desiludir cada vez mais com estas decisões tomadas, o que acontece com muita gente.
Os ralis apareceram na minha vida ainda novo, sendo que as minhas primeiras memórias são do Sata Rallye Açores de 1998. Tinha eu quatro anos e lembro-me de estar na Tronqueira a ver passar os carros, com especial destaque os dois Renault Megane da equipa oficial portuguesa que na altura me fascinaram. Hoje em dia a paixão continua acesa, dando preferência aos ralis de terra. Um facto que comprova esta minha “maluqueira” por ralis é o de nos dois últimos anos ter-me deslocado de Lisboa para São Miguel de forma a poder ver o rali, sendo que este ano tive a oportunidade de cobrir a prova a nível oficial aqui para o site. Outro facto que reforça esta minha “maluqueira” são as mais de 120 miniaturas de carros de rali que tenho em casa.
O colombiano ficou em 3.º em dois mundiais Fonte: f1.wikia.com
A F1 também apareceu cedo na minha vida, ainda no tempo em que a RTP1 transmitia. Comecei a acompanhar a modalidade por influência do meu pai, tendo um piloto em especial marcado a minha visão da F1 – falo de Juan Pablo Montoya que correu entre 2001 e 2006 na categoria estando agora na Indy Car ou F1 americana, como eu chamava quando era mais novo. Curiosamente, o grande campeão Michael Schumacher nunca foi um piloto do qual gostasse muito, talvez por correr numa equipa vermelha.
E vocês, caros leitores, quais as vossas modalidades preferidas dentro dos desportos motorizados?
Por fim, importa destacar a fantástica imprensa portuguesa, que quando há provas de ralis mundiais ou europeias mal dão destaque, mas hoje, que infelizmente houve um acidente que provocou mortes, até diretos no local já teve. A lamentar: as mortes e esta busca por sangue por parte dos meios de comunicação social.
Numa altura em que todos os pretextos são suficientes para se falar em renovações e mudanças de jogadores, Paulo Bento entra numa fase crítica do seu trabalho enquanto selecionador nacional de Portugal. Com um leque de opções cada vez mais reduzido – umas por envelhecimento dos jogadores, outras por divergências com o treinador – são cada vez maiores as dores de cabeça do treinador para formar um 11 verdadeiramente competitivo e capaz.
De entre as mais variadas críticas às opções de Paulo Bento, aquelas que me têm parecido ter ganho maior relevância nos últimos tempos são as ausências de Adrien e Quaresma das escolhas iniciais da equipa. Estas opções são, obviamente, discutíveis, mas estão longe de serem decisivas para o sucesso/insucesso da equipa. Isto porque tanto uma como a outra posição têm opções com qualidade suficiente para existir este tipo de opções do treinador. Sem recorrer a qualquer auxílio na Internet, lembro-me, de cabeça, de nomes como André Gomes (que é o atual detentor do lugar), João Mário, Rúben Amorim (lesionado), Rafa, Raúl Meireles ou mesmo Marcos Lopes, que podem atuar no lugar do jovem jogador leonino. Pela parte de Quaresma, há, de facto, menos qualidade, mas nomes como Bruma, Vieirinha, Varela, Ricardo Horta e os titulares, Ronaldo e Nani, garantem alguma qualidade ao posto.
Claro que, pela minha parte, eu seria o primeiro a defender a inclusão destes dois jogadores nos convocados habituais de Paulo Bento. Mas o que quero com isto dizer é que estas não são as situações de maior urgência na nossa seleção. O maior problema está lá mais atrás. E se há uns tempos, até Fábio Coentrão aparecer, Portugal tinha uma lacuna no lado esquerdo, agora tem outra do lado direito. Portanto, Paulo Bento e portugueses em geral: temos um enorme problema do lado direito. Não há quem tenha qualidade suficiente para assegurar a estabilidade daquele posto de forma segura para os próximos. Duvidam? Então vamos analisar.
João Pereira é o elo mais fraco da Seleção Portuguesa Fonte: topmercato.com
O atual detentor do lugar, João Pereira, está debaixo de fogo. E com clara justificação. João Pereira tornou-se, à vista de todos, no elo mais fraco da defesa por todos os erros que tem acumulado, desde que Paulo Bento lhe deu a titularidade, no início do seu trabalho. O lateral do Valencia tem vindo a perder todas as virtudes que, em tempos, o fizeram parecer um jogador aceitável para as ambições de uma equipa como a de Portugal. No entanto, com o passar do tempo, tem regredido a olhos vistos e transformou-se num lateral inseguro, que não tem capacidade para fechar a sua zona e recuar no terreno nos tempos corretos. Para além disto, nem no capítulo ofensivo – que até seria a sua melhor qualidade – tem conseguido compensar as suas debilidades defensivas. Tornou-se um desastre cada vez maior no capítulo do passe, já que raramente consegue acertar uma tabela, e a sua taxa de cruzamento de sucesso, arrisco eu, deve ter tido uma redução de mais de 50% nos últimos tempos. João Pereira é o reflexo do desgaste desta seleção e o nome que mais próximo deve estar de perder a titularidade com Paulo Bento. O problema, no entanto, são as (quase nulas) opções que o selecionador nacional tem, nesta altura, para o seu lugar.
Olhando para os nomes que, neste momento, estão na pole position para o lugar, consigo apenas encontrar um com capacidade para se elevar ao nível dos seus parceiros na defesa, sem que se notem diferenças desmedidas ao nível da qualidade: falo de Sílvio, que, infelizmente, continua a recuperar de lesão. O lateral de 26 anos, depois de Fábio Coentrão, é o melhor lateral português e a escolha natural para o posto. Rápido, seguro a defender, com uma técnica aprimorada para um jogador que ocupe as zonas mais recuadas do terreno e capaz de gerar grandes desequilíbrios a nível ofensivo. Não tenho dúvidas de que, quando recuperar, é o natural titular do lado direito português. Mas, enquanto tal não se sucede, o problema mantém-se. Olhando para os sub-21, está Ricardo Esgaio. Uma carta fora do baralho, dado que é um jogador inferior a João Pereira, tanto a defender como a atacar. Depois, poderia haver Miguel Lopes, se não estivesse arredado dos titulares no Sporting. A meu ver, depois de Sílvio, até poderia ser a melhor escolha para o posto. É um lateral experiente, com rotinas e que consegue balancear muito bem as suas investidas ao ataque com as suas responsabilidades defensivas. Tem técnica, mas decide muito mal. E, como já referi, não joga, nem vai jogar tão cedo, logo é também carta fora do baralho.
Sílvio seria a melhor opção para o lado direito de Portugal Fonte: wikimedia.org
Sobram Cédric Soares e André Almeida. O primeiro é o titular do Sporting e o segundo é pau para toda a obra no Benfica de Jesus. Por uma lógica comum de apostar no jogador que tem disputado mais partidas, a escolha recairia sempre em Cédric. Mas, na seleção, para além dos jogos, temos de olhar para outros fatores. E a qualidade é um deles. Cédric é um jogador dotado tecnicamente, capaz de conseguir boas investidas na zona mais ofensiva do terreno, mas que revela enormes debilidades a nível defensivo. É um jogador pouco seguro das suas ações e que, por norma, concede muito espaço ao seu opositor direto para ganhar terreno na lateral. Tem poucas noções do seu espaço enquanto defesa e a admiração que tem ganho nos últimos meses é única e simplesmente fruto da sua capacidade técnica, que disfarça todas estas componentes. Um pouco à imagem de João Cancelo – de quem até nem falei aqui –, que deslumbrou os críticos no início, mas que, pouco a pouco, foi demonstrando que era mais vocacionado para atacar do que para defender.
E como, nesta altura, Portugal necessita de maior segurança defensiva para o posto, e dado que Sílvio e Miguel Lopes estão indisponíveis, sobra apenas André Almeida. Parecerá mentira, mas o facto é que, atualmente, a melhor solução para o lado direito da nossa defesa é um médio de raiz. Pessoalmente, acho André Almeida um bom trinco – veja-se o bom jogo que fez contra o Sporting, por exemplo – e um competente lateral direito. Peca por não ser o protótipo de um jogador favorito do adepto comum, com uma técnica apurada, que faça arrancadas atrás de arrancadas. André Almeida não é um jogador tecnicista, mas corresponde a tudo aquilo que um treinador pode querer: é seguro, valoriza o espírito de equipa, poucas vezes erra e/ou inventa e não descura, em momento algum, as suas funções táticas básicas em campo. Não é um “lateral” ofensivo, mas confere estabilidade à equipa. E Portugal bem precisa disso. Para Paulo Bento, André Almeida seria a melhor opção para o momento. Por questões de segurança e para garantir que não surgem mais agravantes com a titularidade de João Pereira.
Shinji Kagawa está de volta ao sítio onde foi mais feliz. Pouco utilizado em Old Trafford, o jogador de 25 anos saiu de uma maneira que nunca se vaticinaria.
Depois das fantásticas épocas de amarelo e preto, o japonês não foi capaz de dar continuidade às boas exibições que levaram o United a contratá-lo.
Em Terras de Sua Majestade nunca conseguiu mostrar os argumentos que evidenciou aquando da sua passagem pelo Dortmund e isso deve-se muito à incapacidade dos treinadores – tanto Ferguson como Moyes – de entenderem que o seu talento seria exponenciado ao máximo no meio e não nas alas. A concorrência não ajudou e jogadores como Rooney e Mata foram-no empurrando para as laterais. A entrada de Van Gaal não trouxe nada de novo a Kagawa e este acabou por dar o melhor rumo à sua carreira: Signal Iduna Park. O japonês, que tinha custado 15 milhões aos cofres do United, foi “devolvido” por 8 milhões.
Kagawa regressa ao clube onde foi mais feliz Fonte: dailyfootballnews.org
Quem rejubila com a chegada do nipónico é Jürgen Klopp, que vê o número de opções a crescer e as possibilidades de voltar a ser campeão a aumentar, mesmo tendo em conta que o Bayern continua a ser o natural favorito.
Juntar Kagawa, Reus, Hummels e Mkhitaryan é garante de espectáculo e resultados. O arménio deverá ser o “sacrificado” e passará a ter funções mais defensivas para libertar o japonês e deixá-lo soltar todo o talento que se lhe reconhece, mostrando as suas características mais fortes: visão de jogo, técnica acima da média e grande capacidade de decisão.
Os fervorosos adeptos do Dortmund já devem estar expectantes pela entrada de Kagawa no onze e, tal como eles, espero ver o nipónico a voltar ao nível que o elevou a um dos melhores jogadores da Bundesliga.
A história de Marin Čilić, tenista croata, é digna de um livro. Depois de no ano passado ter sido suspenso após controlo um anti-doping em que acusou positivo, este ano o pupilo de Goran Ivanisevic, ex-vencedor de Wimbledon, conquistou o US Open sobre Kei Nishikori. O croata venceu o japonês por triplo 6-3, conquistando assim o primeiro troféu do Grand Slam, num US Open que não contou com um dos big four (Djokovic, Federer, Nadal ou Murray) no encontro decisivo.
Marin Čilić até iniciou a partida com pontos de quebra do seu serviço, mas acabou por dar a volta “ao texto” e conseguir quebrar o tenista japonês de forma a vencer a primeira partida por 6-3, distanciando-se a partir do 3-2. Na verdade, a história dos parciais não diferem muito uns dos outros. Aliás, o resultado é a prova máxima disso: no segundo set, Čilić quebrou do serviço do japonês no terceiro jogo e a partir daí foi gerindo a vantagem de forma a conquistar mais um parcial.
Na terceira partida, aquela que viria a ser a última, o ponto de break a surgiu ao quarto jogo e foi aproveitado pelo croata, que mais uma vez foi gerindo a vantagem até conseguir conquistar o ponto decisivo que o fez deitar-se no Arthur Ashe Stadium para celebrar a conquista do seu primeiro titulo do Grand Slam.
Marin Cilic com o troféu do US Open 2014 Fonte: The Telegraph
Marin Čilić tinha atingido o topo da sua carreira no ano de 2010 quando chegou ao 9º lugar do ranking mundial do ATP e a partir daí encontrou poucas vezes o caminho do sucesso, numa história que culminaria com a suspensão por controlo anti-doping positivo, em Munique, embora tenha ainda disputado o torneio de Wimbledon.
O croata pegou noutro croata, Goran Ivanisevic – até ao momento o único tenista que após ter recebido um wild-card (convite) conseguiu conquistar um torneio do Grand Slam -, que deixou o circuito de veteranos para o acompanhar e um ano depois os resultados estão à vista, com a conquista da edição de 2014 do US Open.
Regressando ao jogo, na verdade o japonês Kei Nishikori nem sequer jogou mal. Marin Čilić é que jogou muito bem. O croata distribuiu “pancada” de fundo de corte e foi assertivo na rede, matando assim por completo quaisquer hipóteses que Nishikori fosse criando. E o japonês, que até esteve para nem disputar o torneio, pode sair bem satisfeito com o facto de ter atingido a final deste US Open.
Para já, e após este último Grand Slam da temporada, Kei Nishikori ocupa o 8º lugar do ranking mundial e Marin Čilić o 12º, subindo três e quatro lugares, respectivamente. Na corrida aos Masters de Londres, o japonês ocupa o 5º lugar e o croata o 11º.
Já mo disseram, e eu próprio já me mentalizei disso mesmo mas continuo a cair no mesmo erro. Todos os meses vejo a selecção a jogar e a sensação não é outra. Portugal joga (mal!), empata, perde. Também ganha (é raro…) e às vezes a jogar bem (ainda mais raro…).
Se fosse o meu Porto a jogar tudo seria diferente. O ritmo, o ânimo, o resultado, as reacções. Os jornais desportivos não teriam também de desperdiçar capas com prestações tão vergonhosas quanto esta. Vergonhosa, como destacam e bem. Se fosse o meu Porto a jogar assistiríamos a um espectáculo de magia, um verdadeiro show.
O problema, lá está, é este. Sempre este. Pelas ausências criadas no plantel, pela paragem no campeonato e perda de ritmo. E para quê?, começo eu a perguntar-me. Para ver uma selecção de segundo – perdão, quinto – escalão vir ao nosso país conquistar o resultado da história. Durante esses noventa minutos poderia estar a jogar o meu Porto, o nosso Porto. Poderia estar a jogar-se futebol.
E por isso preciso de ti, meu Porto. Tu não me desiludes. Preciso que voltes, bem rapidamente, e nos faças esquecer tudo isto. Vem sem medos e confiante como sempre nos habituaste. Vem para vencer, para deixar pelo caminho todos aqueles que à tua frente se atrevam a passar.
O início de temporada do F.C. Porto trouxe 5 vitórias em 5 jogos e sobretudo uma coesão defensiva como há muito tempo não se via no Dragão. Mais do que os craques que o plantel coleciona do meio campo para a frente, aquilo que tenho gostado mais nestes primeiros jogos é a consistência que o quarteto defensivo composto por Danilo, Maicon, Indi e A. Sandro já demonstram após tão pouco tempo de Lopetegui à frente dos destinos da equipa. Contra o Moreirense, a ideia de posse de bola exaustiva manteve-se, com o F.C. Porto a demonstrar muitas dificuldades no primeiro tempo para furar a muralha defensiva contrária, muito em virtude da pouca profundidade que Adrián López demonstrava. No meio campo, a coexistência de Oliver e Brahimi não parece ainda consolidada. Com tanta magia nos pés do espanhol e do argelino, faltou alguém que desse outra capacidade física e que fosse mais capaz de apoiar Casemiro na primeira fase de construção ofensiva. Por isso mesmo, parece cada vez mais óbvia a importância de Herrera e a constante utilização de Evandro nesta altura da temporada. Numa posição fulcral como a posição 8, o FC Porto precisa, com este estilo de jogo, de um jogador que mesmo tendo menos recorte técnico seja um verdadeiro box-to-box.
No ataque, continuam os problemas em criar verdadeiras situações de golo – bem sei que para ganhar até pode bastar ter apenas uma oportunidade, mas admito que já esperava um futebol mais acutilante no último terço do terreno. Mesmo com Brahimi e Oliver Torres no onze, continua a faltar presença na área, com Jackson Martinez a ser alvo único das arrancadas de Danilo e Alex Sandro. Em jogos como o do último domingo, contra equipas predominantemente defensivas, é necessária mais presença na área adversária ou então esperar que, à semelhança do que tem acontecido neste início de época, Jackson Martinez resolva. Todos sabemos da enorme qualidade do colombiano – um jogador extremamente regular e eficaz – mas numa equipa com tantos jogadores de valor superlativo (Brahimi, Herrera, Oliver, Quaresma, Tello, Adrián, Quintero, Aboubakar, etc.), é arriscado basear apenas em Jackson a exigência de colocar a bola nas redes adversárias. A ideia que fica dos cinco jogos já realizados é que este F.C. Porto precisa de um adversário de qualidade superior para realmente testar os seus limites. Ao olhar para jogadores como Casemiro, Brahimi ou Oliver Torres, admito que questiono a capacidade destes atletas em puxarem dos galões e mostrarem que também sabem vestir o fato de macaco.
Neste inicio de época, Brahimi tem estado em plano de destaque. Fonte: fcporto.pt
O mês de Setembro traz, na minha opinião, os primeiros testes a sério para o FC Porto. Obviamente que o playoff da Liga dos Campeões trouxe uma equipa complicada como a do Lille, mas creio que as próximas semanas trarão obstáculos mais perigosos aos comandados de Lopetegui. Logo no dia 14, a deslocação a Guimarães surge como um verdadeiro perigo, num jogo contra um Vitória de Guimarães que se tem destacado como uma das principais revelações do campeonato até ao momento. A chegada da Liga dos Campeões, no dia 17, em casa, frente ao BATE Borisov, leva os portistas a estarem obrigados a vencer os bielorussos para mostrar desde logo o objetivo mínimo da equipa para esta competição. No fim-de-semana seguinte, o dérbi contra o Boavista perspetiva-se como o jogo teoricamente mais acessível neste ciclo de seis jogos, onde o clássico contra o Sporting, em Alvalade, a 27 de setembro, surge para muitos como o primeiro verdadeiro teste para os portistas. A deslocação a Lviv para defrontar o Shakhtar Donetsk e a receção ao Sp. Braga no primeiro fim-de-semana de Outubro completam o ramalhete de três semanas extremamente intensas para os portistas. O início da Liga dos Campeões e o duplo confronto com Sporting e Sp. Braga revelam-se como obstáculos de fogo para a equipa portista.
A dúvida que tenho é se com jogadores tecnicamente tão evoluídos poderá sobressair uma caraterística que é essencial para ganhar este tipo de jogos – a fibra. Em Alvalade e na Ucrânia, bem como no jogo com o Braga e em Guimarães, não é preciso só a magia de Brahimi, a extraordinária capacidade técnica de Oliver ou os golos de Jackson. Para além de todos esses predicados, é preciso ser uma equipa realista, uma equipa que compreenda que há momentos em que também pode ser dominada. É que o smoking só serve para ganhar jogos. O fato de macaco serve, na maioria das vezes, para ganhar títulos.
Há temas cuja escolha é perfeitamente aleatória e que, por isso, dispensam justificações. Este, contudo, não o é. Porquê falar de centrais num determinado modelo de jogo e não falar, por exemplo, de médios centros ou extremos? Porque os centrais são, a par dos avançados, aqueles que mais frequentemente são vistos como jogadores de um momento do jogo apenas. Nada mais errado, cada vez mais. Hoje, focar-me-ei nos centrais; no meu próximo artigo serão os avançados o tema de análise.
O futebol tem evoluído ao longo dos tempos devido à quantidade de estudiosos e treinadores que o têm pensado. Um dos principais – Johan Cruyff – foi dos primeiros a aplicar alterações muito profundas naquilo que é a maneira de procurar a vitória de forma sustentada. Nunca se esqueçam disto, nenhum treinador quer mais algo do que ganhar. Nem pode querer. Não há Guardiolas nem Bielsas que prefiram jogar de forma X a ganhar. Simplesmente entendem que a forma X é a que mais vezes os leva ao sucesso regular. Cruyff, mentor do “Dream Team” do Barcelona nos anos 90, disse uma vez “In my teams, the goalie is the first attacker, and the striker the first defender”. É neste princípio básico que se sustentarão estes dois artigos.
Johan Cruyff, ao serviço do Barcelona Fonte: jotdown.es
O Objectivo
Um futebol mais fluído e apoiado é, no fundo, o objectivo da que alguns chamam a linha de pensamento Cruyffista. Para que seja possível atacar melhor, é preciso que todos sejam capazes de atacar. O mesmo raciocínio é aplicado ao processo defensivo. Se todos defenderem, a equipa terá tendência a defender melhor. Pura lógica, correcto? No futebol actual, com as equipas melhor preparadas quer física quer tacticamente, há cada vez menos espaço para conjuntos que funcionam por sectores independentes que separam as funções de ataque e defesa entre si. A Argentinado Mundial de 2014 foi um exemplo claro de uma equipa com um potencial tremendo que, embora tenha alcançado a final, deu sempre a sensação de ficar aquém do possível… devido à estratégia arcaica que o seu treinador montou, em que 6/7 jogadores eram responsáveis pelo momento defensivo e 3/4 pelo momento ofensivo.
Para que este objectivo seja exequível, é obrigatório que todos os jogadores estejam prontos para enfrentar todos os momentos do jogo. Os da organização e transição, quer ofensiva, quer defensiva. Não só é necessário que cada um daqueles que está em campo esteja habilitado a fazer o que lhe é pedido pelo seu treinador, como é altamente aconselhável que os mesmos jogadores entendam aquilo que têm de fazer. Isto é, que entendam o jogo. Se assim for, estarão sempre preparados para encarar mais situações do que aquelas que o treinador lhes conseguiu transmitir no pré-jogo. Um pouco como no provérbio “não dê o peixe, ensine a pescar”, o melhor que o treinador pode fazer não é tentar prever todas as situações do jogo – até porque seria uma tarefa impossível -, mas tentar que os seus jogadores entendam bem as suas ideias, para que saibam reagir correctamente conforme o contexto apresentado.
O que é defender?
“What is defending? In Barcelona we won the CL and 4 Ligas with Koeman and Guardiola as defenders. Now if there are two examples of players who cannot defend its those two. But they did play in the heart of defense. So what is defending? Defending is about space. If I have to defend this whole garden, I’m the worst defender. If I have to defend this small area, I’m the best. It’s all about meters. That’s all.”
Novamente recorrendo aos ensinamentos de Johan Cruyff, entendemos desde logo um princípio básico do que é o melhor defender. A zona. O espaço (veja-se quantas vezes é dito por Pep “espacio” no vídeo abaixo). E a bola, claro. A bola, como primeira referência, indica depois o espaço essencial que deve ser defendido. Se há muitos adversários longe da bola e da baliza, que sentido fará marcá-los? São inofensivos, mas é isso que manda a defesa homem vs homem e que, parecendo que não, ainda tantas equipas seguem. O Barcelona de Guardiola – indicado como referência para quase todos no momento da posse e na forma como atacava -, foi das equipas do último século que melhor defendeu no momento de organização defensiva. Desde logo porque eram poucos esses momentos, mas também porque era exímia em ocupar os espaços sem bola. Em Portugal, nada melhor do que o exemplo de Jesus. O Benfica da época passada foi de longe a equipa que melhor defendeu em Portugal nos últimos largos anos.
Individualmente é, pelas razões anteriormente demonstradas, crucial que mais do que forte, rápido ou agressivo, o defesa seja inteligente para entender quando deve subir, descer, aproximar ou dar espaço quer ao adversário, quer aos colegas. No fundo, que saiba ler o jogo. Claro que as características físicas não deixam de ser relevantes e que, caso seja possível conjugá-las com uma leitura de jogo assinalável, esse seria o cenário perfeito. Mats Hummels é, hoje, o homem que melhor consegue reunir as características que entendo serem necessários ao melhor defesa-central. É que para além do já referido, o alemão é capaz de dar à sua equipa absoluta segurança no primeiro momento de construcção. Secundário? Já não. Se a equipa que representar estiver mais tempo a atacar do que a defender, ele também ataca mais do que defende. Por estas razões é tão comum ver trincos a serem adaptados ao eixo da defesa, tal qual fez Cruyff no seu Dream Team. Javi Martinez, no Bilbao e no Bayern; Mascherano, no Barcelona; Jara, Medel e Silva, no Chile de Sampaoli são apenas alguns exemplos recentes.
Mats Hummels é, sempre de cabela levantada, uma referência para os centrais do futuro Fonte: zimbio.com
O Princípio do Homem Livre
Embora se trate de um princípio ofensivo do modelo de Guardiola, envolve, antes de quaisquer outros, os defesas. O princípio do homem livre é a forma mais fácil de iniciar (e dar continuidade, depois) à manobra ofensiva da equipa. Requer “apenas” que o portador da bola fixe um adversário, progrida com ela na sua direcção até o atrair e, assim, abra espaços que os seus colegas possam ocupar e, consequentemente, onde possam receber a bola. Ao contrário do modelo habitual, onde os defesas trocam a bola horizontalmente entre si até que o adversário abre um espaço, o princípio do homem livre dá simultaneamente uma verticalidade e uma capacidade de forçar o erro que de outra forma não existe na primeira fase de construcção. A propósito de passes verticais e horizontais, mais uma vez a opinião de Cruyff é elucidativa e interessante:
“A horizontal pass? Prohibited. In my line-up there are as many lines as possible. Because you must have the option to pass the ball forward, even if it’s a meter. Because then I can still make up for the loss of possession. After a horizontal pass this is impossible. If it goes wrong you lose two players.”
De forma prática, numa situação em que a equipa adversária joga com um avançado apenas (o mais habitual), o central que recebe a bola do guarda-redes atrai o ponta de lança e joga no outro central que, por sua vez, imita o processo até que saia um médio na contenção e, assim, a estrutura contrária se desequilibre. Se o adversário jogar com dois avançados, o trinco é o elemento que cria a superioridade e ajuda na primeira fase de construcção. Este é um princípio simples mas que nem por isso é utilizado por muitas equipas. Quantas vezes viu a sua equipa trocar bola entre centrais e laterais e laterais e centrais e centrais e centrais infinitamente até que um deles recorre ao chutão para a frente? O necessário para que o princípio do homem livre funcione é ter centrais com boa capacidade de decisão, entendimento do jogo e técnica que lhes permita receber, fixar, progredir e soltar de forma segura e laterais que subam no terreno de forma a não trazer mais adversários para dificultar esta primeira fase de construcção e consigam dar largura ao jogo para tornar o campo maior e o corredor central mais despovoado. Outro erro comum é fazer descer o trinco mesmo quando o adversário só joga com um avançado; isso irá criar inferioridade e/ou igualdade desnecessária no meio campo – sector mais importante do campo – e dificultar imenso o seu jogo a partir daí, embora facilite a saída. Se os centrais forem capazes de assegurar a primeira fase de construcção, o trinco não deve descer tanto. No fundo, quem quer atacar bem, tem de ter elementos atrás que saibam atacar bem. É tão simples quanto isto. Quem não os tem, corre sempre o risco de começar a jogada com um passe efectuado em condições adversas, chutões para a frente que tornam aleatório o rumo da jogada ou, pior, perdas de bola em zona proibida.
O princípio do homem livre ilustrado pelo Tactic Zone Fonte: tacticzone.com
Olhando para as duplas de centrais dos três grandes portugueses, com Luisão e Jardel, Maurício e Sarr, e Indi e Maicon, estarão os seus treinadores e até as suas estruturas a valorizar os centrais tanto quanto Guardiola ou Cruyff? No próximo artigo o papel dos avançados será o analisado. Até lá…
“A striker must realize he’s the first defender. The transition, on every area of the field, must happen as fast as possible. As soon as the goalie of the opponent has the ball, the striker shouldn’t walk away from him, but put pressure immediately.”