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A Guerra do Trono

cab futebol feminino

Senhoras e senhores, agarrem nas pipocas, façam as vossas apostas e, acima de tudo, preparem-se: a fase de apuramento do campeão nacional de futebol feminino está prestes a começar! Findada a fase regular da competição, já são conhecidas as quatro equipas que vão debater-se entre si pelo título de campeão nacional. A luta adivinha-se intensa e aguerrida, mas, no fim, só uma equipa poderá erguer o mais cobiçado troféu do futebol feminino português. Neste texto, faço uma breve antevisão dessa disputa, na qual avalio as hipóteses que as quatro equipas têm de chegar ao título.

 “ Os quatro finalistas do campeonato nacional de futebol feminino: A-dos-Francos, Clube Futebol Benfica, Atlético Ouriense e Clube Albergaria “

“ Os quatro finalistas do campeonato nacional de futebol feminino: A-dos-Francos, Clube Futebol Benfica, Atlético Ouriense e Clube Albergaria “

A-dos-Francos

“Líder-Sensação quer ser Campeão”

Independentemente da forma como acabe esta fase de apuramento de campeão, a equipa do A-dos-Francos está de parabéns pelo campeonato que realizou até aqui. Se, na época passada, já tinha dado provas de ter asas para voos maiores, a equipa da Caldas da Rainha soube reforçar-se muito bem e apresentou uma consistência de resultados fenomenal na primeira fase do campeonato – em 18 jogos contou com 16 vitórias e apenas duas derrotas. Melhor era difícil para uma equipa recém-promovida num campeonato que está cada vez mais competitivo.

A questão de fundo é esta: terá o A-dos-Francos folgo para se manter no topo da tabela e terminar em beleza uma época verdadeiramente de sonho? É possível, até provável, mas certamente não será fácil. As estreantes no primeiro escalão do futebol feminino têm pela frente três equipas que são verdadeiros ossos duros de roer. E, se é verdade que foram donas e senhoras da primeira parte do campeonato nacional, há que relembrar que os pontos são divididos pela metade na entrada desta nova fase. Assim, A-dos-Francos parte com 24 pontos, Clube Futebol Benfica com 22, Atlético Ouriense com 20 e Clube de Albergaria com 19. Isto significa que, matematicamente, qualquer uma das quatro equipas apenas depende de si própria para ser campeã. Com apenas três deslizes na época inteira (contra Albergaria e Clube Futebol Benfica, para o campeonato, e Viseu 2001, para a taça), cabe agora ao A-dos-Francos provar que tem mesmo o que é preciso para ser campeão.

“Equipa recém-promovida do A-dos-Francos termina fase regular no topo da tabela classificativa. Ser campeã é o próximo objectivo” Fonte: Futebolfemininoportugal.com
“Equipa recém-promovida do A-dos-Francos termina fase regular no topo da tabela classificativa. Ser campeã é o próximo objectivo”
Fonte: Futebolfemininoportugal.com

Prós: Partem em vantagem; colectivo entrosado e consistente; jogadoras chave que podem fazer a diferença.

Contra: Podem acusar a pressão de serem a equipa a abater; o final do campeonato contou com duas derrotas desmoralizadoras.

Veredicto final: O sonho do título tem de falar mais alto do que a pressão de entrar na fase final como equipa a abater. Para isso, as atletas das Caldas têm de se apresentar ao seu melhor nível, com os seus elementos chave – a avançada Catarina Sousa ou a guarda-redes Patrícia Morais – a garantirem pontos. Se isso acontecer, vai ser difícil a liderança sair das Caldas da Rainha.

 

Clube Futebol Benfica
“Papoilas esmagadoras”

Desde que perdeu por 2 a 0 contra o Valadares Gaia, a 15 de Dezembro do ano passado, o Clube Futebol Benfica disputou mais seis jogos para o campeonato. Em todos eles, venceu por uma margem nunca inferior a quatro golos, incluindo uns expressivos 4 a 0, frente ao A-dos-Francos, e 5 a 0, frente ao Atlético Ouriense. Não há outra forma de o dizer, em Benfica anda a jogar-se muito. Lideradas pela melhor marcadora nacional, Mafalda Marujo, que já conta com 29 golos na competição, a equipa do “Fofó” entra a todo o gás na fase final do campeonato, e é o principal adversário do A-dos-Francos na luta pelo título. E pensar que, na época passada, ficaram apenas um ponto acima da linha de água, na fase de manutenção. Este ano, o Clube Futebol Benfica construiu uma excelente equipa e depressa mostrou ter argumentos para disputar o título taco-a-taco com os grandes. Partindo apenas a dois pontos do líder, e ainda que esteja tudo em aberto, o “Fofó” é, na minha opinião, a equipa que reúne maior favoritismo a sagrar-se campeã no final da temporada.

 

“O Clube Futebol Benfica – Fofó – tem praticado um futebol de excelente qualidade e assume-se como sério candidato ao título” Fonte: Aminhabola.blogspot.pt
“O Clube Futebol Benfica – Fofó – tem praticado um futebol de excelente qualidade e assume-se como sério candidato ao título”
Fonte: Aminhabola.blogspot.pt

Prós: Excelente momento de forma; resultados expressivos (nomeadamente contra adversários directos) motivam a equipa; colectivo fortíssimo e extremamente eficiente – quer a atacar, quer a defender.

Contras: Clube pode ser penalizado em três pontos em virtude de uma alegada utilização irregular da atleta Filipa Patão (jogadora foi suspensa enquanto treinadora de uma equipa de futebol 7 de escalões jovens). O caso ainda está em averiguações, mas um eventual desfecho desfavorável poderá ter um impacto negativo na prestação da equipa.

Veredicto final: A equipa que quiser ser campeã terá obrigatoriamente de passar pelo Clube Futebol Benfica. Se Mafalda Marujo e companhia continuarem em modo de “papoilas esmagadoras”, não haverá quem as agarre. Se não forem campeãs, ficarão certamente muito perto disso mesmo.

 

Atlético Ouriense
“O campeão em título ainda tem uma palavra a dizer”

Um pouco em marcha inversa ao que o Clube Futebol Benfica fez, a equipa do Atlético Ouriense teve um início de campeonato pujante, mas o rendimento foi caindo à medida que o campeonato avançava. As jogadoras de Ourém entram nesta fase final a quatro pontos do líder e com um novo treinador – Mauro Moderno saiu do comando técnico da equipa após uma pesada derrota contra o “Fofó”, por 5 a 0, e deu lugar a Marco Ramos, que orientava os juvenis do clube. Surpreendentemente, a equipa parece ter ganhado um novo ânimo, e soma vitórias desde a troca de treinador – três jogos, 11 golos marcados, nenhum sofrido. A questão aqui é só uma: será este novo fôlego suficiente para surpreender na fase final e revalidar o título de campeão?

 “Com um novo treinador ao leme da equipa, o actual campeão nacional Atlético Ouriense ainda tem uma palavra a dizer na luta pelo título” Fonte: odesportonoalentejo.blogspot.com

“Com um novo treinador ao leme da equipa, o actual campeão nacional Atlético Ouriense ainda tem uma palavra a dizer na luta pelo título”
Fonte: odesportonoalentejo.blogspot.com

Prós: Plantel recheado de qualidade e com muitas soluções, em particular no ataque; novo técnico parece ter desencadeado um efeito  motivador na equipa.

Contras: Quatro pontos podem fazer a diferença na luta pelo título; troca de treinador e certa responsabilidade de defender o título são possíveis factores de pressão.

Veredicto final: O Atlético Ouriense tem pela frente um jogo de “ses”, nesta fase final do campeonato, uma espécie de “ou vai ou racha”. Se Marco Ramos continuar a sair-se bem no comando da equipa e as jogadoras aproveitarem o impulso para voltarem à forma em que estavam no início da época (ou da temporada passada, para esse efeito), ainda têm uma hipótese de renovar o título e atingir o bicampeonato. Caso contrário, o feito adivinha-se algo complicado.

 

Clube Albergaria
“Limpar em casa, ir discutir fora”

Dizer que o Clube Albergaria é a equipa com menos hipóteses de se sagrar campeã parece, de alguma forma, injusto, a julgar pela boa campanha que fizeram esta temporada. Com um plantel com poucas alterações daquele que há um ano lhe valeu o segundo lugar, o Albergaria parte com cinco pontos de desvantagem num minicampeonato de 18 pontos possíveis. Para sonhar com o título, terão de fazer uso-fruto do seu melhor trunfo – o factor casa. Ir jogar a Albergaria é algo que faz tremer qualquer equipa do campeonato nacional. Mesmo que não consiga disputar o título de campeão, o Clube Albergaria tem potencial para baralhar as contas a todos os outros candidatos.

“Clube Albergaria parte da última posição da fase de apuramento de campeão, mas tem potencial para vir a surpreender” Fonte: Diarioaveiro.pt
“Clube Albergaria parte da última posição da fase de apuramento de campeão, mas tem potencial para vir a surpreender”
Fonte: Diarioaveiro.pt

Prós: estrutura da equipa mantêm-se praticamente inalterada; factor casa é crucial; boas prestações contra adversários directos.

Contras: parte da maior desvantagem pontual (19 pontos) e jogos fora vão ser muito difíceis.

Veredicto final: tal como o Ouriense, o Albergaria tem de puxar dos galões para discutir o título de campeão nacional. A ordem será mesmo limpar em casa e disputar pontos fora. Com estas duas premissas a confirmarem-se, quem sabe se não há mesmo uma surpresa e o “caneco” não fica em Albergaria?

 

A guerra pelo trono mais cobiçado do futebol feminino português está lançada. E, este ano, o espectáculo promete. Das quatro equipas que vão a jogo, todas apresentaram argumentos para lutar pelo título e vão agora tirar as teimas sobre quem é, de facto, a melhor. Atribuir qualquer tipo de favoritismos é sempre algo ingrato, em particular numa fase final que se adivinha extremamente renhida. No entanto, se há algo que este redactor adora no desporto – e em particular no futebol – é o facto de ele estar muito, muito longe de ser matemático. Ainda que atribua algum favoritismo ao Clube Futebol Benfica e, possivelmente, ao A-dos-Francos, tudo está verdadeiramente em aberto. Assim, como não tenho bolas de cristal nem dotes cartomantes, prefiro, em jeito de nota final, dar uma de professor Chibanga: A-dos-Francos, Clube Futebol Benfica, Atlético Ouriense e Clube Albergaria. Uma destas equipas será a próxima grande vencedora do campeonato português de futebol feminino.

Let the games begin.

Benfica 1-0 V. Guimarães: O Harry Potter de Leste voltou a fazer das suas

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camisolasberrantes

Portugal parou, com o coração nas mãos, para ver o que é que o Benfica fazia. O princípio do 33º campeonato começava – ou não – a desenhar-se aqui. Nesta noite. Neste jogo. Com um Sporting em começo de quebra e um Porto a rebentar pelas costuras. O futuro a quem pertence. A quem o reclama. E este tem de ser nosso. Benfica à Benfica precisa-se.

Não foi o que se viu. Um amor tímido, aquele que a equipa partilhou com os adeptos. Havia medo de perder. De não ser correspondido. De agarrar com unhas e dentes aquilo que é nosso por direito. Porquê? Somos melhores. Ninguém chega para nós. Mas há que mostrá-lo em campo. Olho por olho, dente por dente – como cantava Zeca Afonso. Com o onze do costume salpicado por algumas alterações e ausências, Jesus levava a jogo um Sílvio à direita, um Jardel ao centro e um Sulejmani à esquerda. E, surpresa das surpresas, tudo isso falhou. Mas há mais.

Num jogo em que o Benfica entrou a alto ritmo, com uma oportunidade claríssima de golo para Rodrigo logo aos dois minutos, nada fazia prever que a equipa da casa precisasse de magia para sobreviver. Uma cabeçada entre Pérez e Jardel aos cinco minutos veio matar o ímpeto encarnado e, a partir daí, foi o jogo possível. O central brasileiro não é propriamente acarinhado pela boa sorte, mas hoje tudo lhe aconteceu. Abriu a cabeça, as ligaduras não ficavam no lugar, foi obrigado a jogar com uma touca, meteu o avançado do Guimarães por duas vezes em jogo, protegeu bolas que não saíram e ainda resolveu fintar em zona proibida. Tanto quis mostrar serviço que acabou a servir…de passador.

D. Afonso Henriques...? Fonte: Facebook do SL Benfica
D. Afonso Henriques…?
Fonte: Facebook do SL Benfica

Passo a passo – literalmente (!) – o Benfica lá ia tentando furar por aquela que foi a melhor defesa a jogar na Luz este ano. Rui Vitória não se fez de rogado e só não levou um ponto para casa porque o Benfica tem de ser campeão. E o que tem de ser tem muita força. Ainda assim, o Guimarães deixou em campo blood, sweat and tears e teve em dois elementos os engenheiros que, tijolo por tijolo, construíram a barreira táctica que havia de desesperar mundos e fundos nas bancadas e em casa: Crivellaro é rei do meio-campo vimaranese e um guerreiro à moda antiga. O centro do campo foi dele e até Enzo e Fejsa precisaram de uma ajudinha extra – serventia de Rodrigo ou Lima; à esquerda um conhecido Leonel Olímpio que ia galgando por ali fora até despejar bola em Maazou, o pivô que também merece destaque pelo trabalho que deu à defensiva da casa. Com estas e outras diabruras o Guimarães lá se foi aguentando, sempre com dois homens junto ao detentor da bola, alas fechadas e um centro de campo de meter medo. Jogo de vai ou racha, portanto.

E o Benfica, pela varinha encantada de Markovic, lá foi e rachou. Depois de alguns sustos junto à (bem protegida) baliza de Douglas, o sérvio lá conseguiu – à terceira fantástica tentativa – tirar um coelho do chapéu…com um chapéu ao guarda-redes do Guimarães. Golo da noite, da jornada, da época e da vida do sérvio, se não contarmos com a maldade perpetrada no Estádio José Alvalade. Rodrigo, num dos poucos lances em que esteve bem, recebe a bola, roda sobre si próprio e com pózinhos de perlimpimpim faz a assistência que, a cinco minutos do intervalo, complicava as contas a Rui Vitória. Valha-nos o feiticeiro.

A partir daí veio mais do mesmo. Um Benfica desligado, podre, nauseabundo e que não mostrava amor à camisola. Do banco avistavam-se soluções, mas o mister é Jorge Jesus e não eu. Não me entendam mal: ele é que manda, sim, mas eu é que percebo do assunto. E passei o jogo inteiro a dizer que o Enzo estava em “dia não” e que o Fejsa, assim, não dava nem para a elementar distribuição de cacetada. Rúben Amorim, senhores. O jogo clamava pelo português, raios! Não houve meio até à entrada do homem. Até aos 84 minutos! E não há milagres, Jesus. Só magia. E foi a magia vinda do Leste que te safou.

O capitão juntou as tropas na tentativa de encaminhar o Benfica para o sucesso. Foi complicado. Fonte: Facebook do SL Benfica
Após o primeiro golo, o capitão juntou as tropas e exigiu mais
Fonte: Facebook do SL Benfica

A Figura
Markovic – Palavras para quê? Nasceu ensinado e saiu de lá de dentro a dar toques. É estonteante. Dá até vontade de o vender por mais de 25 milhões, só para variar um bocado.

O Fora-de-Jogo
Público da Luz – Não tivessem os bilhetes sido oferecidos e estava a noite estragada. Onde anda o Benfiquismo desta gente? Fica a nota: a energia gasta no maldizer também serve para as palmas e para os cânticos. Esta equipa, independentemente do que deixa ou não em campo, merece melhores adeptos.

P.S. – Parabéns a Luisão pelo 400º. Já não se vêem destas coisas no futebol. E muita força ao nosso Mário “Capitão” Coluna. Estamos a torcer por melhores notícias.

Borussia Dortmund: Uma época lesionada

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Depois do bicampeonato e da derrota na final da Champions League 2012/2013, o Borussia Dortmund parece uma equipa diferente. Desequilíbrio e inconstância são as melhores palavras para descrever esta época.

Todos imaginávamos que, com Guardiola, o Bayern München não daria hipótese nenhuma à concorrência, sobretudo ao Borussia Dortmund, mas ninguém previa, com certeza, uma diferença pontual tão grande.

A verdade é que as duas equipas parecem ser a antítese uma da outra: de um lado temos um Bayern equilibradíssimo, quase perfeito, e do outro é-nos apresentado um Borussia Dortmund que parece ter perdido o fulgor dos anos anteriores.

Podemos dizer que a turma de Klöpp tem sido fustigada por lesões e ainda perdeu um jogador, vendido ao Bayern München, o que tem dificultado, e de que maneira, a vida do excêntrico técnico alemão.

Lewandowski será orientado por Guardiola, já a partir da próxima época / Fonte: http://i.huffpost.com
Lewandowski será orientado por Guardiola, já a partir da próxima época
Fonte: i.huffpost.com

As lesões têm assolado o plantel de Westfalen. Jurgen Klöpp já se viu privado do seu quarteto defensivo preferido (Piszczek, Subotic, Hummels e Schmelzer), tendo mesmo ido contratar Friedrich, que já tinha colocado um ponto final na carreira. Apesar de os seus laterais já terem voltado, a verdade é que Hummels parece ressentir-se da lesão contraída nos ligamentos, em Novembro, cada vez que participa num jogo. Já o seu companheiro no eixo da defesa, Subotic, tem regresso marcado apenas para meados de Maio; o sérvio sofreu também uma lesão nos ligamentos do joelho esquerdo.

Subotic lesionou-se durante o jogo contra o Wolfsburg, em Novembro de 2013, e só volta em Maio de 2014 / Fonte: Daily Mail
Subotic lesionou-se durante o jogo contra o Wolfsburg, em Novembro de 2013, e só volta em Maio de 2014
Fonte: Daily Mail

Mas os problemas não são só na defesa. O meio-campo também tem sofrido com isso, e o caso mais grave é mesmo o de Gundögan, peça fundamental no sistema de Klöpp, que se encontra afastado dos relvados desde Agosto, devido a problemas lombares. Mais recentemente, foi a vez de Sven Bender ser assolado por uma lesão que também o afastará da competição até Maio, perdendo algumas hipóteses de ser seleccionado por Joachim Löw para o Mundial 2014, a disputar no Brasil.

Outra dor de cabeça para os responsáveis do Dortmund é Jakub Blaszczykowski. O polaco foi mais um a contrair uma lesão nos ligamentos, e tem regresso previsto para Julho, falhando assim o resto da temporada.

Com todos estes jogadores lesionados e com os suplentes a, obviamente, não apresentarem a mesma qualidade, a equipa ressentiu-se e está neste momento no 3º lugar, a um ponto do Bayer Leverkusen, e com um ponto de vantagem sobre os eternos rivais, o Schalke 04. O título é apenas uma miragem, e só com um milagre é que lá chegarão, enquanto que a Liga dos Campeões, com todas estas baixas, parece ser um sonho igualmente impossível.

Os (excelentes) adeptos do Borussia bem podem sonhar, mas será quase impossível ser campeão contra o Bayern de Guardiola / Fonte: sambafoot.com
Os (excelentes) adeptos do Borussia bem podem sonhar, mas será quase impossível ser campeão contra o Bayern de Guardiola
Fonte: sambafoot.com

Será então altura para Klöpp começar a preparar a época 2014/2015. Apesar de o Bayern München ser claramente a melhor equipa do mundo, o Borussia, com um bom substituto de Lewandowski e um plantel mais equilibrado em todos os sectores e bem preparado fisicamente, poderá ter uma palavra a dizer, tanto na discussão do título como na Liga dos Campeões.

Paulo Fonseca: fim de ciclo

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portosentido

É o fim de percurso de Paulo Fonseca. O treinador do Porto já não tem como continuar no comando técnico do Porto. O jogo de ontem com o Estoril demonstra bem a incapacidade de Paulo Fonseca para manter a cabeça à tona da água.

A notícia de que o lugar de treinador do Porto está à disposição é a sentença já há muito prevista. Nos últimos tempos via-se perfeitamente que não havia espaço de manobra. Seja pelos resultados, que não eram favoráveis, seja pela forma da equipa, que deixa muito a desejar. Podia até ser pelas acções de Paulo Fonseca e pela forma como se comporta dentro e fora das quatro linhas. Independentemente da razão, está na hora de ceder o lugar e fazer controlo de danos.

Desde o início da sua campanha no Porto que Paulo Fonseca não conseguiu reunir consenso. As decisões de, à partida, alterar o esquema táctico para introduzir dois pivôs no “reino” de Fernando e a gestão de jogadores como Quintero não caíram bem no universo azul e branco. Porém, a supertaça Cândido de Oliveira, conquistada ao Vitória de Guimarães, acalmou as hostes e deu algum espaço de manobra ao treinador.

O Porto nunca se sentiu verdadeiramente à vontade com o novo esquema. Na maioria dos jogos sofria para marcar e as vitórias chegavam com demasiado esforço e trabalho. O momento de forma e o jogo não eram os melhores. Na Champions League, não conseguiu passar da fase de grupos. Com apenas uma vitória perante o Áustria de Viena e duas derrotas em casa com Atlético de Madrid e Zenit, a aventura milionária rapidamente chegou ao fim. O Porto saía da Liga dos Campeões, fazendo má figura, rumo à Liga Europa.

 

Paulo Fonseca aparenta não ter mais espaço de manobra no Porto  Fonte: Record
Paulo Fonseca aparenta não ter mais espaço de manobra no Porto
Fonte: Record

Paulo Fonseca dirigiu então o foco para a Taça de Portugal e para o campeonato. Em confronto directo com o Benfica no topo da Liga, estava bem encaminhado o percurso no campeonato. Seguiu-se a Taça de Portugal e novas dificuldades. Dificuldades no jogo com o Trofense (vitória pela margem mínima), Vitória de Guimarães (2-0) e, ironicamente, Estoril-Praia (2-1). O próximo adversário é o Benfica, que, neste momento, está num melhor momento de forma do que o Porto.

Com a Taça da Liga veio a novela dos cerca de três minutos de atraso. Na “secretaria”, após a decisão da Federação Portuguesa de Futebol, ficou estabelecido que o Porto passaria às meias-finais da competição (embora ainda esteja para ser conhecida a decisão do recurso apresentado pelo Sporting). Paulo Fonseca levou o Porto à passagem. No entanto, não foi uma viagem tranquila, foi repleta de dificuldades e sem mostrar a qualidade do Porto. Segue-se o Benfica, embora ainda falte para o embate…

O cerco à volta de Paulo Fonseca ficou cada vez mais estreito. A Liga Europa surge quando o Porto já se encontra atrás do Benfica. Novo desaire, desta vez com os alemães do Eintracht Frankfurt. Nova exibição fraquinha, com demasiadas lacunas ofensivas, mas sobretudo defensivas. Falta a segunda mão, na Alemanha, país onde o Porto apresenta sempre dificuldades. Perante um adversário que está a ter uma época terrível, o Porto não foi capaz de se impor, num confronto europeu em que a experiência do Porto é bastante superior.

A conferência de imprensa após o jogo de ontem foi atendida por um Paulo Fonseca cuja cara não mente. Embora ele tenha dito, nas poucas palavras que proferiu, que deseja continuar a comandar o Porto, não está em condições de o fazer. Tendo em conta a conquista da Supertaça, a qualificação para as “meias” da Taça de Portugal e Taça da Liga, esta não aparenta ser uma época terrível, como foi a época 2012-2013 do Sporting. No entanto, é manifestamente pouco para um clube do calibre do Porto. O Porto joga mal, não inspira confiança e afasta os seus adeptos com pobres espectáculos. O jogo de ontem, assim como os lenços brancos, mostram isso mesmo.

Análise da primeira metade da época

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cab nba

A primeira metade da época já está concluída. Os All-Stars simbolizam esse marco e é agora que são feitas todas as decisões importantes. A grande corrida aos playoffs começou agora mesmo.

Posto isto, decidi aproveitar este momento para destacar as melhores e piores equipas, surpresas e jogadores até ao momento.

Charlotte Bobcats – A equipa, outrora formação com pior registo da liga, tem apresentado um basquetebol agradável em comparação com outros anos. Está em 8ª posição na conferência Este e pode ir aos playoffs. A adição de Al Jefferson foi muito boa para o grupo. Tem sido um dos melhores postes da liga, estatisticamente falando, e tem ajudado bastante a equipa. A equipa de Charlotte tem sido, sem dúvida alguma, a maior surpresa deste ano. E se forem aos playoffs, serão uma história de evolução tremenda no espaço de dois anos.

Estes jogadores estão prestes a entrar na história dos Bobcats. Se forem aos playoffs, vão passar da equipa com pior registo da liga aos playoffs no espaço de dois anos. Fonte: Bigstory.ap.org
Estes jogadores estão prestes a entrar na história dos Bobcats. Se forem aos playoffs, vão passar da equipa com pior registo da liga aos playoffs no espaço de dois anos.
Fonte: Bigstory.ap.org

Lance Stephenson – Pessoalmente, é o jogador que mais me tem surpreendido. Lidera a liga em triplos-duplos. A nível de assistências, é o que tem mais na equipa, e é o segundo jogador com mais pontos e ressaltos dos Pacers.

Cleveland Cavaliers – No início do ano, esta formação era apontada aos playoffs, no entanto, têm tido imensos problemas. Luol Deng foi trocado e pouco tempo depois da sua chegada, afirmou que não iria querer ficar na equipa do estado de Ohio. Anthony Bennett está a ser uma grande desilusão e de acordo com as necessidades do plantel, até Alex Len, posteriormente seleccionado pelos Phoenix Suns, teria sido uma escolha melhor.

Boston Celtics – Um grupo com a história dos Celtics não pode jogar para “tentar” ir aos playoffs. As trocas que têm realizado são todas para preparar a equipa para o futuro. Nesse sentido estão a ter uma gestão interessante, mas não deixa de ser decepcionante o estado da equipa.

Chicago Bulls – Não acredito que não haja ninguém que não aplauda o esforço dos Bulls este ano. De um plantel feito à volta de Derrick Rose, a uma grande falta de qualidade ofensiva. Os Bulls estão saudáveis e, certamente que já garantiram um lugar nos playoffs. Noah tem sido o jogador mais influente da equipa cedida em Illinois.

Goran Dragić tem ajudado os Suns a garantir vitórias, quase que suficientes, para irem aos playoffs. Esse destino não está muito longe. Fonte: Zanda.com
Goran Dragić tem ajudado os Suns a garantir vitórias, quase que suficientes, para irem aos playoffs. Esse destino não está muito longe.
Fonte: Zanda.com

Phoenix Suns – Apesar de terem um bom grupo, ninguém esperava que o grupo de Phoenix estivesse tão bem posicionado na corrida aos playoffs. A equipa sensação deste ano tem também um dos jogadores que mais evoluiu. Goran Dragić tem sido impressionante e tem carregado a formação às costas. Estamos perante um jogador que não só joga, como faz jogar muitíssimo bem todos à sua volta.

Sacramento Kings – Na mesma divisão que a equipa anterior, os Kings estão numa posição completamente oposta. Muito longe de sequer sonharem com os playoffs, os Kings têm-me sido uma grande desilusão. Com um dos postes mais irreverentes da liga, DeMarcus Cousins, com Rudy Gay, outrora considerado uma estrela em Memphis, mas que apresenta graves problemas de consistência, e um base que certamente merece um melhor plantel do que aquele em que está em Isaiah Thomas, os Kings têm o dever de estar melhor colocados.

Los Angeles Lakers – Da equipa com mais aparições nas finais da NBA, só se espera que estejam sempre a tentar ir lá mais uma vez. No entanto, estão empatados com os Kings no último lugar da conferencia Oeste, a grande desilusão desta época.

Fernando Cardinal: a máquina de fazer golos

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cab futsal

Neste fim-de-semana o Campeonato Nacional de futsal está parado. A jornada 20 será disputada nos próximos dias 1 e 2 de Março, com jogos extremamente interessantes em perspetiva, como é são os casos do Boavista-Fundão, do Braga-Sporting, do Rio Ave-Módicus ou do Vila Verde-Benfica, que irão decerto torná-la muito competitiva. O Braga-Sporting é, sem dúvida alguma, o jogo da jornada, podendo haver modificações na frente do Campeonato.

Devido a esta paragem, hoje vou falar sobre um jogador que admiro e que acho excecional: Fernando Cardinal.

A minha admiração por este jogador nasceu quando ele era jogador do Sporting Clube de Portugal. Sempre que assistia a um jogo de futsal da equipa leonina e o via jogar ficava deslumbrado com toda a sua qualidade técnica, mas principalmente com o seu poder de finalização. Fantástico!

Foi o melhor marcador da Liga ao serviço do Sporting e posteriormente ao serviço do Rio Ave, demonstrando bem a sua veia goleadora. Tive muita pena que só tenha representado o meu clube de 2009 a 2011. Apesar do processo de que foi alvo, penso que todo o profissionalismo demonstrado até então, bem como a importância que tinha para a equipa, deviam ter pesado mais. Deveria ter sido punido com uma multa ou um castigo mas nunca com uma rescisão do seu contrato.

Cardinal quando vestia as cores do Sporting  Fonte: sportingnamente.blogspot.com
Cardinal quando vestia as cores do Sporting
Fonte: sportingnamente.blogspot.com

Cardinal poderia ter procedido de outra forma, todavia considero que faltar a um treino não é assim tão grave. O jogador nunca escondeu ser do Futebol Clube do Porto, sempre demonstrando um enorme respeito pelo clube: não só pelos adeptos, como também pela direção do Sporting. Prova disso são os cânticos que as claques leoninas entoavam para Cardinal, demonstrando todo o carinho que sentiam pelo pivot, bem como o respeito que tinham por ele, devido à forma como honrava e representava a camisola do Sporting.

É um jogador com características únicas: tem um bom remate com ambos os pés, trabalha muito bem de costas para a baliza, é exímio a finalizar, revela boa qualidade de passe, ajuda defensivamente e demonstra bons níveis de resistência e velocidade.

Ao serviço da Seleção Nacional apresenta-se, indubitavelmente, como uma mais-valia, tendo apontado 50 golos em 75 jogos.

Esteve em dúvida para o UEFA Futsal Euro 2014, mas o selecionador Jorge Braz ajudou-o muito e confiou bastante nele. Tenho a certeza de que não se arrependeu, uma vez que Cardinal realizou boas exibições. Estou convicto de que calou todas as bocas que o criticaram.

Depois da boa prestação no Europeu, e estando Cardinal sem clube, era espectável que assinasse por algum clube. O jogador transferiu-se para o Inter Movistar, equipa que ocupa o 1º lugar da classificação do campeonato espanhol e onde joga o compatriota Ricardinho.

Cardinal e Ricardinho vão jogar juntos no Inter Movistar. Esperam-se muitos golos e muita magia.  Fonte: www.aifsfutsal.com.br
Cardinal e Ricardinho vão jogar juntos no Inter Movistar. Esperam-se muitos golos e muita magia 
Fonte: www.aifsfutsal.com.br

Em entrevista ao site do clube espanhol, Cardinal afirmou: «Foram tempos muito difíceis. Estou muito feliz por voltar a jogar futsal e jogar no Inter Movistar era um sonho que tinha desde criança. Chego com vontade de ajudar a equipa a ganhar títulos»

Em relação ao facto de jogar com Ricardinho, Cardinal disse: «É uma motivação muito grande, porque, para mim, o Ricardinho é o melhor jogador do mundo. Estou muito contente por continuar a jogar com ele, mas também com o resto dos companheiros».

São jogadores como Cardinal que fazem adeptos como eu admirar cada vez mais esta modalidade e segui-la de dia para dia. Obrigado, Fernando Cardinal, tanto pelo respeito que demonstraste com as cores do Sporting, como por tudo o que fizeste e fazes para que o futsal evolua e se torne uma modalidade cada vez mais conhecida e apreciada!

FC Porto 0-1 Estoril: Adeus, até um dia

eternamocidade

11 de Maio de 2013: Liedson passa a bola a Kelvin, que, aos 92 minutos, faz mexer as redes de Artur Moraes, colocando o FC Porto na liderança do campeonato a pouco mais de 90 minutos do seu final. Caro leitor, espero que me permita esta pequeno retrocesso no pensamento, porque desde que cheguei há pouco mais de uma hora do Dragão, ainda estou a tentar perceber o que é que mudou em tão pouco tempo. Uma hora depois, sentado em frente ao computador e à espera de imaginação para lhe escrever este texto, confesso que ainda não tenho explicação. Aos 94 minutos desta noite de 23 de fevereiro de 2014, ouvia o apito de Vasco Santos para o final da partida e não contive o olhar para as bancadas do Dragão. Sim, o estádio onde naquela noite de Maio tudo se transformou numa eclosão de emoções estava agora repleto de lenços brancos, num adeus cada vez mais provável.

Um mar de assobios assolou mais uma vez o Dragão, palco de uma derrota para o campeonato, o que já não acontecia há mais de 5 anos. Naquela altura, o Leixões de José Mota e o bis de Braga conquistavam o Dragão. Hoje, foi o penalty de Evandro e a inteligência táctica de Marco Silva a dar mais um argumento para o fim anunciado. Antes de mais explicações sobre aquilo que é actualmente a realidade portista, permita-me que, em poucos parágrafos, faça um resumo daquilo que se passou hoje no Dragão.

Este pode ter sido o último jogo de Paulo Fonseca como treinador do FC Porto  Fonte: Zero Zero
Este pode ter sido o último jogo de Paulo Fonseca como treinador do FC Porto
Fonte: Zero Zero

Depois do inacreditável empate em casa frente ao Frankfurt para a Liga Europa, o FC Porto entrava em campo para defrontar a revelação da prova, Estoril-Praia. Paulo Fonseca operou uma alteração em relação ao onze que havia defrontado os alemães na última partida, com a entrada de Abdoulaye para o lugar de Maicon. No Estoril, Gonçalo Santos juntou-se a Sebá nos ausentes, com Marco Silva a lançar Filipe Gonçalves e Tiago Gomes como titulares, fazendo Babanco avançar no terreno.

Os dragões até entraram bem na partida, com o desejo de querer fazer rápido e bem, mas como tem sido hábito ao longo da época, não fizeram nem uma coisa nem outra. Passes errados atrás de passes errados, numa primeira parte onde apenas Varela fez perigar a baliza de Vagner. O jogo decorria lentamente, como o Estoril queria, numa toada que o FC Porto nada fazia para contrariar. 45 minutos foram passados assim e, à saída para os balneários, o primeiro coro de assobios dos 25.000 do Dragão fez-se ouvir.

Na segunda parte, o FC Porto entrou com outra dinâmica e, durante 15 minutos, fez o Estoril recuar as linhas, pressionando alto e criando finalmente perigo junto à baliza canarinha. Aos 53 minutos, Quaresma ziguezagueou pela área, mas viu Vagner fechar novamente as redes do Estoril. A equipa visitante ia segurando o resultado como podia, resguardando-se bem na defesa, e procurando aproveitar uma oportunidade que parecia vir a acontecer, mais tarde ou mais cedo. Depois das entradas de Carlos Eduardo e Ghilas, Fonseca procurava dar mais presença na área e acutilância ofensiva à equipa, mas a falta de eficácia no último terço do terreno fazia com que, a cada minuto que passasse, o assobio retomasse o seu lugar no Dragão e o lenço branco já pairasse entre as cadeiras do anfiteatro portista. A equipa parecia querer mudar as coisas, mas, apesar das pernas quererem, a cabeça parecia não permitir.

Aos 78 minutos, a oportunidade do Estoril surgiu. Mangala derrubou Evandro dentro da grande área e foi expulso. O mesmo Evandro, dos 11 metros, não desperdiçou a oportunidade e, sem que tivesse feito muito por isso, o Estoril, que já não tinha treinador no banco devido à expulsão de Marco Silva por protestos, apanhava-se a ganhar no Dragão, que, impávido e sereno, via o FC Porto cair mais uma vez.

Evandro, de penalty, fez o único golo da partida  Fonte: Zero Zero
Evandro, de penalty, fez o único golo da partida
Fonte: Zero Zero

Até ao fim do jogo, pouco ou nada mudou. A equipa pressionou, quis o empate, mas não conseguiu. Mais uma vez, não conseguiu. Mais de cinco anos depois, uma derrota em casa para o campeonato nacional. Entre tudo o que vi e ouvi esta noite no Dragão, isso parece-me o facto menos importante. Confesso-lhe que em tantos anos enquanto associado portista nunca vi tantos lenços brancos no Dragão como nesta noite. Em tantos anos de conquistas e vitórias, nunca tinha visto tanta polícia a proteger um banco de suplentes ameaçado pela fúria dos adeptos.

Dizia André Villas-Boas na gala dos Dragões de Ouro que o portista sente, vive e exige, e por isso ganha mais vezes. Ao olhar para tantos meses e tantos erros esta temporada, permita-me que diga que nem a exigência vale a este FC Porto. O assobio e o lenço branco são apenas gestos para simbolizar aquilo por que hoje vive o clube. E, sim, é exactamente o mesmo clube que naquela noite de 11 de maio de 2013 conquistava uma das maiores vitórias da sua história. Só mudaram os protagonistas porque o clube é o mesmo. E cá para nós, que ninguém nos ouve, sempre me contaram que o clube é maior do que qualquer um que por ele passe. Também por isso, e ao ouvir as notícias desta noite, só me resta dizer: já chega, basta um adeus. Até um dia.

Figura: Evandro
Mostrou no Dragão o porquê de ser um dos jogadores mais cobiçados na Amoreira. Revela uma capacidade tática impressionante e mais uma vez foi decisivo na vitória dos canarinhos no Dragão.

Fora-de-Jogo: Jackson Martínez
O “Sr. 40 milhões” esteve mais uma vez arredado dos golos. O avançado colombiano parece um jogador sem alma nesta altura da temporada e, numa fase em que a equipa precisa tanto dos seus golos, a sua desinspiração é apenas mais um exemplo do desnorte portista.

A favor de Carrillo não há argumentos, há factos

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Escolhi díficil. O fácil é de todos

Vou dedicar, pela segunda vez, o meu espaço semanal a um dos jogadores que considero mais passíveis de discussão: André Carrillo. Tantos são os que não o suportam como serão os que o consideram um talento com potencial infindável, mas quantos terão noção exacta da influência que o peruano tem nesta equipa do Sporting? Para apresentar a minha opinião recorrerei a factos. Números, portanto.

Carrillo foi titular em 14 das 25 partidas do Sporting desta época. Desses 14 jogos – em que se incluem a recepção ao Benfica e a ida ao Dragão – o Sporting só não ganhou por 4. Para ter uma ideia consistente do que estes números significam, nada melhor do que verificar os números do mesmo clube sem o extremo de início: nos 11 jogos em que Carrillo não foi titular, o Sporting deixou fugir a vitória em 5 ocasiões. Em quase 50% (!!) das vezes em que o nº 18 do Sporting não foi titular, a equipa não ganhou.

Estes números deveriam ser elucidativos e esclarecedores quanto à importância que André Carrillo tem no actual Sporting. Olhando para os últimos campeões do nosso campeonato, é fácil constactar que há sempre um desequilibrador nato em destaque: James Rodriguez, no Porto do ano passado; Hulk, nos dois anos anteriores; Di Maria, no último Benfica vitorioso; Quaresma se formos a olhar para mais longe, etc. Neste Sporting, quem tem esse papel? Wilson Eduardo é o extremo que mais vezes foi titular esta época, tendo tal estatuto por 15 vezes.

Fonte: sportingfans.pt
Fonte: sportingfans.pt

Estes são os dados objectivos sobre o que tem sido a vida dos extremos em Alvalade. Não quero com esta demonstração dizer que André Carrillo tem, actualmente, a capacidade que Hulk, Di Maria ou Quaresma tinham nos anos em que levaram as suas equipas ao título. Mas acredito piamente que é possível vir a fazer dele um extremo de qualidade semelhante. Ou não tem o peruano qualidade técnica, velocidade, criatividade, poder de aceleração e de remate para ombrear com esses grandes nomes da nossa liga?

O que lhe falta é a regularidade que lhe permita exibir em 80% das vezes em que joga (ninguém o consegue em 100% – Ronaldo e Messi não entram para estas contas) o que mostra em 30% ou 40%. Por outras palavras, falta ao Carrillo ser o Carrillo mais vezes. E não um Zé Manel que tantas vezes vai ao estádio por ele.

Mas como tornar possível essa evolução? Com 22 anos, Carrillo tem ainda tempo de sobra para ser cada vez mais focado e menos susceptível a subidas e descidas de rendimento. Quem com ele trabalha durante a semana saberá melhor responder a esta questão, mas o certo é que Carrillo tem muito mais qualidade do que qualquer outro dos extremos Sportinguistas e, tendo em conta a desinspiração dos seus colegas de posição (Mané é a excepção) e o rendimento que o peruano apresentou nos últimos dois jogos em que entrou, estará para breve o regresso do 18 às escolhas iniciais. Depois, veremos como variam as percentagens que exibi no início do artigo. Deixo o meu palpite: com Carrillo a titular, o Sporting está sempre muito mais perto de ganhar do que sem ele.

Sonhem, mas cepticamente

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Quando, no final da temporada passada, apenas sobraram críticas depois de meses num pedestal a fazer sonhar os benfiquistas, Jorge Jesus parecia ter perdido todo o crédito. Aí, apenas os pobres de espírito se vangloriavam de ter estado nas decisões. Como se isso enchesse museus do clube e a alma do adepto. Renovado que foi o seu contrato, não seria difícil de adivinhar o que o futuro iria trazer à equipa: início de época desastroso; Jorge Jesus com o seu lugar salvo no limite em alguns jogos; apatia generalizada nos jogadores, que se arrastavam no relvado enquanto tentavam superar o trauma de Maio. Depois da contestação e da ira de que foi alvo no início da época, Jesus e os jogadores ganharam novamente a confiança dos benfiquistas. Dos sonhadores, que acham que 2013/14 será o reverso de 2012/13. Dos mais cépticos, que segredam ao colega de bancada a sua confiança, mas dizem que ainda é cedo. Dos pragmáticos, que apenas vêem Maio de 2013 repetir-se em Maio de 2014. Mas depois de Maio de 2013, como não os perceber? Verdadeira montanha-russa de ambições e desejos, que Jesus e os jogadores terão de colocar em títulos.

Elogiar quando é de se elogiar, criticar quando é de se criticar. Enorme chavão, sim, mas que se aplica perfeitamente à avaliação que deve ser feita acerca do trabalho de um treinador. E está na altura de voltar a elogiar Jorge Jesus, sempre com a perfeita noção de como isso poderá ser perigoso e fatal nas nossas ambições. É difícil sonhar com o Luisão a levantar troféus enquanto o Enzo dança com o Gaitán e, ao mesmo tempo, manter os pés no chão. Mas é o que deve (e tem de!) ser feito. E para que isto aconteça têm de ser dirigentes, jogadores e treinador a dar o mote. Não repetindo a palhaçada que aconteceu depois do jogo nos Barreiros em Abril último, consequência da pouca cultura de vitória que temos em nosso redor. Essa avaliação de Jorge Jesus é, por esta altura, positiva. Se há mérito que lhe reconheço acima de muitos outros, é o de recuperar a equipa quando tudo parece ir contra si. E fê-lo mais uma vez nesta temporada. Depois de cinco pontos de desvantagem para o Porto, tem neste momento quatro à maior. Demérito do clube do norte? Sim, obviamente. Mas muito mais mérito de Jesus, que conseguiu recuperar a dinâmica ofensiva que caracteriza a equipa, juntando-lhe ainda uma enorme solidez defensiva: um golo sofrido nos últimos 12 jogos. Pelo discurso e pelo onze apresentado na Grécia, a Liga Europa não será mais do que um bónus e não uma prioridade. O que interessa fundamentalmente é o campeonato, sim. Mas com um plantel tão rico em qualidade e quantidade, se calhar não é necessária uma gestão tão radical.

Jesus e os jogadores têm os pés no chão neste momento? Sim. Mas a comunicação social vai-lhes massajando o ego e recordo que temos apenas quatro pontos de vantagem sobre o Porto. Sim, o Porto está péssimo e com um fio de jogo a roçar o deprimente, mas todos sabemos que esse fantasma só está enterrado quando matematicamente morto. Como os dois últimos anos comprovaram. Quero acreditar que a passada temporada serviu para aprendermos com os erros. O possível ganhar do Benfica estará na forma como perdeu e como se levantou disso. Nem sonhador, nem céptico. Talvez no meio.

Uma luta desigual

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ligue 1

A primeira e única vez que um clube francês ganhou a Liga dos Campeões foi em 1993. Estou a referir-me ao Marselha de Barthez, Desailly, Deschamps e Rudi Voller, vencendo na final o super Milan treinado por Fabio Capello, recheado de estrelas como Maldini, Baresi, Rijkaard ou Van Basten. Sendo esta a única vitória de um clube francês na competição máxima de clubes do futebol europeu, a última vez que um clube da Ligue 1 chegou à final foi em 2004, quando o Monaco, orientado por Deschamps, acabou goleado por três bolas a zero contra o imponente Porto de Mourinho.

Estamos, agora, perante uma espécie de ressurgimento do campeonato francês, muito por causa da compra do PSG pela Qatar Investment Authority e do Monaco pelo bilionário russo Dmitry Rybolovlev. Este campeonato está finalmente a atrair jogadores de calibre mundial, como Ibrahimovic, Cavani ou Falcao, muito por causa dos salários elevadíssimos que estes dois clubes se propõem a pagar, atraindo assim grandes estrelas para um campeonato considerado  menor, em relação às quatro grandes ligas europeias. Apesar de atrair grandes jogadores, aumentando assim o estatuto da liga e a competitividade destes clubes franceses na Europa, isto vem criar uma possível hegemonia do PSG e Monaco na Ligue 1, acabando assim um pouco com a competitividade da mesma. Enquanto o PSG e o Monaco possuem os meios necessários para aliciarem qualquer jogador de qualquer clube do mundo, o resto dos clubes da liga continuará, muito provavelmente, a perder os seus grandes jogadores, continuando a ser clubes de transição para um verdadeiro grande europeu. Temos como maior exemplo disto o grande Lyon, que dominou a liga francesa durante sete anos e não conseguiu manter as suas grandes estrelas, que procuravam  sempre clubes maiores e, claro, mais dinheiro, algo que o PSG e o Monaco são agora perfeitamente capazes de oferecer, dentro da Ligue 1.

PSG e Monaco dominam a Ligue 1 Fonte: boursier.com
PSG e Monaco dominam a Ligue 1 actualmente
Fonte: boursier.com

O que claramente se retira é que a Ligue 1 só tem a ganhar com isto a nível europeu, podendo até coroar, num futuro próximo, um campeão europeu vindo daqui. Desta forma, seria possível atrair jogadores de maior calibre para este campeonato e despertar o interesse de vários adeptos estrangeiros. Esta liga, até há poucos anos, e sem querer ferir nenhuma susceptibilidade, pouco interessava a quem vivia fora de França, tendo como consequência interna o fim da competitividade. Aqui, a luta torna-se-á desigual, a dois, deixando clubes como o Marselha, Bordéus, Lyon ou o Lille a chupar no dedo, não podendo e principalmente não tendo os recursos necessários para competir com dois possíveis futuros gigantes do futebol europeu.

Isto é o futebol dos dias actuais. Parece que tudo aquilo de que um clube precisa para se tornar um grande e aumentar exponencialmente a sua competitividade é de um bilionário com um cheque em branco. É certo que isto pode vir a aumentar a competitividade de um campeonato, criando novos candidatos, como aconteceu com o Chelsea e o Manchester City, em Inglaterra, ou com o Anji, na Rússia. Contudo, neste caso concreto, criar-se-ia um monopólio do PSG e do Monaco. Serão estes clubes os últimos, ou esta “revolução” está apenas a começar? Mais importante que isso: será a liga portuguesa a próxima?