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No meio está a dúvida

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A12

A vitória em Vila do Conde deixou dois leões de baixa para o jogo com o Sporting de Braga: Adrien e Montero viram o quinto cartão amarelo e não poderão, assim, defrontar a equipa minhota em Alvalade, no próximo sábado.

Para o lugar do habitual titular Montero, a escolha parece ser óbvia. Slimani posiciona-se como o substituto natural do goleador adormecido e prepara-se para reclamar a sua segunda titularidade no campeonato português. O argelino será o homem mais avançado do tridente ofensivo leonino, e é nele que estão depositadas as maiores esperanças dos adeptos sportinguistas de fazer abanar as redes dos bracarenses (pelo lado de dentro, por favor).

Já o lugar deixado em aberto no meio campo do Sporting com a ausência de Adrien – esse que me faz chorar de cada vez que olho para a convocatória da Selecção Nacional – levanta dúvidas acerca de quem o irá ocupar. Adrien é, até hoje, o único jogador do Sporting titular em todas as partidas desta época; sábado deixará de o ser. O seu substituto não é, assim, previsível.

As opções são várias, e as consequências na forma de jogar e na estratégia utilizada pela equipa do Sporting também. Vítor ou Gerson Magrão seriam os substitutos mais naturais do luso-francês; Carlos Mané ou Wilson Eduardo os que criariam mais alterações na forma de jogar da equipa. Qualquer um dos dois últimos obrigaria André Martins a recuar no terreno e a ocupar uma posição e desempenhar um papel que não são os mais apropriados para as suas características e para o futebol que tem apresentado ao longo da época.

 Vítor e Wilson são duas das opções para o meio campo leonino Fonte: Mais Futebo
Vítor e Wilson são duas das opções para o meio campo leonino
Fonte: Mais Futebol

Mané ou Wilson jogariam, provavelmente, como elemento mais ofensivo do meio campo, desempenhando um papel de segundo avançado, servindo como apoio constante a Slimani. A opção não seria má, caso o meio campo fosse constituído por William, Adrien e Mané/Wilson. O Sporting perderá certamente, neste jogo, muito do futebol apoiado que tem realizado ao longo da época, já que Slimani não é um jogador de “bola no pé” como Montero. O argelino pede cruzamentos e um futebol mais directo; Mané ou Wilson poderiam aparecer mais perto do ponta de lança, criando maior número na área, captando bolas que Slimani não conseguisse apanhar (Mané marcou em Vila do Conde, depois de um cruzamento que tinha como destinatário original Slimani) e ganhando segundas bolas mais facilmente. No entanto, esta opção não me parece viável num jogo sem Adrien, já que André Martins não é jogador para a posição “8” e, assim, este lugar continuaria por preencher (bem).

A aposta em Vítor ou Gerson Magrão parece-me, assim, a mais acertada para o encontro de sábado. A forma de jogar da equipa seria menos afectada e o meio campo leonino (sector da equipa onde as diferenças entre a má época passada e a boa época actual mais se fazem sentir) sofreria menos alterações. De entre estes dois jogadores, a minha aposta recairia em Vítor. O ex-Paços de Ferreira tem sido última opção no meio campo leonino, sendo, na minha opinião, inexplicavelmente pouco utilizado por Leonardo Jardim. Numa altura em que André Martins se encontra em claro decréscimo de forma, seria de esperar que Vítor tivesse mais oportunidades e minutos de jogo; no entanto, tal não acontece. Vítor pouco joga, sendo relegado para terceiro plano por um Gerson Magrão que pouco ou nada mostrou quando esteve em campo. Este afastamento de Vítor do relvado de Alvalade leva a crer que não será opção inicial para o jogo de sábado, devendo Leonardo Jardim apostar em Magrão para entrar no onze titular contra o Sporting de Braga.

 Magrão pouco mostrou em Alvalade Fonte: Zerozero.pt
Magrão pouco mostrou em Alvalade
Fonte: ZeroZero

As dúvidas são muitas, mas uma certeza se impõe: independentemente da decisão de Leonardo Jardim, o escolhido terá de deixar a pele em campo, porque o jogo de sábado é para ganhar.

Eintracht Frankfurt 3-3 FC Porto: uma questão de sobrevivência

dosaliadosaodragao

Na segunda mão dos dezasseis-avos da Liga Europa, depois do empate a dois no Dragão, o FC Porto deslocou-se à Alemanha, a Frankfurt, com o objectivo de inverter o ciclo negativo de resultados e dar a volta à eliminatória. Para tal, Paulo Fonseca apresentou apenas duas novidades no onze inicial: Maicon tomou o lugar de Abdoulaye (impedido de jogar na competição) e Carlos Eduardo voltou à titularidade substituindo Josué.

O jogo começou intenso, com o FC Porto mais proactivo e com Quaresma a aparecer a jogar em toda a largura da frente atacante. A equipa azul e branca procurava pressionar mais à frente, ainda que nem sempre de forma constante e organizada, e acabava por roubar com alguma facilidade a bola à equipa alemã, tentando sair a jogar rápido fruto de boas viragens do centro de jogo. Neste período evidenciou-se Jackson Martinez pela negativa: o colombiano dispôs de duas chances de ficar cara-a-cara com o keeper alemão mas duas recepções de bola deficientes após passes de Danilo impediram-no de ficar em posição de finalizar, tendo ainda definido mal um contra-ataque de três para três.

À passagem do meio da primeira parte, o jogo animou: primeiro Mangala, fruto de um livre cobrado por Quaresma, a cabecear ao lado (25’); depois, na resposta do Frankfurt, Johannes Flum a falhar (26’); e, finalmente, Herrera a aparecer junto à pequena área e a cabecear de forma muito defeituosa (28’). A partir desse momento, a equipa alemã mostrou-se mais afoita e chegou mesmo ao golo por intermédio de Aigner, perante um comportamento incompreensível da equipa portista em termos defensivos (37’). Até ao intervalo apenas nota para uma incursão de Danilo, concluída com um remate perigoso (42’) – perante o péssimo jogo de Jackson, sobrava a confirmação de que era necessária mais presença de elementos portistas junto à área alemã.

Terminados os primeiros quarenta e cinco minutos no Commerzbank Arena, tendo em conta o resultado da primeira mão, esperava-se um FC Porto mais impositivo e ‘mandão’. Ao invés, o jogo do Dragão apresentou-se pastoso, sem imaginação, sem criatividade, sem rasgo, sem verticalidade, em suma, sem Porto! Os três elementos do meio-campo nunca conseguiram dominar as operações ou impor-se e os passes errados e as falhas defensivas, próprias de uma equipa que está com os níveis de confiança nas lonas, acumularam-se.

Carlos Eduardo foi apenas um dos elementos do meio-campo que raramente agarrou o jogo  Fonte: Mais Futebol
Carlos Eduardo foi apenas um dos elementos do meio-campo que raramente agarrou o jogo
Fonte: Mais Futebol

Perante uma primeira parte intensa mas longe de ter sido jogada de forma esclarecida, não era adivinhável o que estava para chegar… Joselu deu o mote com um grande remate (46’), Jackson respondeu (mal) de imediato (47’ e 48’) e Quaresma tentou também a sua sorte de meia distância – o FC Porto procurava e corria atrás do prejuízo mas sempre sem a convicção desejada. Aos 52’, na sequência de um livre do lado esquerdo do ataque alemão, com os onze elementos do Dragão a defender dentro da sua grande área (uma situação que se repete a cada jogo e que se revela, para mim, incompreensível), Meier fez o 2-0. O FC Porto parecia definitivamente eliminado mas Paulo Fonseca fez por ser feliz e foi mais célere a reagir do que em outros momentos: de imediato lançou Ghilas, retirando Herrera.

A partir daqui, o jogo ficou partido e tornou-se de loucos! O FC Porto dispôs-se numa espécie de 4-4-2 que, não raras vezes, redundava num 4-2-4, com Fernando e Carlos Eduardo no meio e quatro homens só a olhar para a frente: Varela, Quaresma, Jackson e o recém-entrado argelino. Longe de jogar bem, com um futebol incaracterístico e pouco organizado, o FC Porto acabou por se tornar mais ameaçador, fruto de mais presença na área. Ainda assim, foi necessário os centrais mostrarem como se faz: na sequência de um canto cobrado por Quaresma, Mangala impôs-se e reduziu para 2-1 (58’); a seguir foi Maicon, do meio da rua, num pontapé cheio de intenção a quase fazer o 2-2 (62’); e, finalmente, de novo o internacional francês, a cruzamento de Fernando, a empatar o jogo e a eliminatória (71’).

Com o 2-2 no placard, um outro FC Porto saberia congelar o jogo e ir à procura, com discernimento e cautelas q.b., do golo que lhe desse o passaporte para a eliminatória seguinte. Paulo Fonseca não o percebeu, nem percebeu que a equipa estava partida e sem capacidade para segurar bola e controlar a partida (Carlos Eduardo, neste capitulo, esteve realmente mal). Resultado? O 3-2 para o Frankfurt em mais um cruzamento, agora desde a esquerda, com Meier, completamente sozinho, a empurrar para a baliza de Helton, apenas cinco minutos após o Dragão ter conseguido o que tanto almejava: voltar ao jogo e ganhar alguma vida.

Nabil Ghilas - o argelino foi o herói da noite  Fonte: Mais Futebol
Nabil Ghilas – o argelino foi o herói da noite
Fonte: Mais Futebol

O momento era delicado mas a equipa não desistiu: quiçá olhando para o símbolo que traz junto ao peito e sentindo a responsabilidade, sem razão mas com todo o coração, o Dragão reagiu. Fonseca trocou Varela por Licá (79’) e o ex-Estoril acabou por se revelar decisivo, já depois de outro ex-canarinho – Carlos Eduardo – ter falhado clamorosamente à boca da baliza, num cabeceamento defeituoso (84’). Sem futebol mas com crença, em mais uma bola lançada para a frente, Licá surgiu isolado e rematou para defesa de Trapp. Ghilas, encarnando Costinha, numa recarga semelhante à do ‘Ministro’ em Old Trafford vai para dez anos, empatou o jogo (3-3 aos 86’) e colocou o FC Porto a um passo dos oitavos-de-final da Liga Europa, passo esse confirmado já depois da entrada de Diego Reyes e de muito sofrimento à mistura.

Numa noite europeia que acaba por entrar para a galeria das vitórias épicas pela forma como foi obtida, a verdade é que este FC Porto voltou a estar muito longe do exigível. Perante um Frankfurt que é claramente limitado em termos técnicos e que tem evidentes lacunas no processo de transição defensiva (ainda que no Dragão tal facto tenha sido ainda mais notório), só um FC Porto verdadeiramente sofrível e sem qualidade no seu futebol, receoso e temeroso em cada acção, com uma falta de confiança assombrosa e com elementos claramente fora do jogo, é que sofreria tanto para eliminar este conjunto alemão. Desta noite, sobram, no entanto, duas boas evidências: a primeira relaciona-se com a imperiosa necessidade de dar mais minutos a Ghilas, ainda mais notório quando Jackson está no pior momento desde que chegou ao Dragão; a segunda prende-se com o facto de a equipa, honrando os milhares de adeptos que a acompanharam, mesmo com todas as suas incapacidades, nunca ter desistido – e isso também é ser Porto.

A figura: Eliaquim Mangala

A primeira preocupação de um defesa central será sempre defender bem. Neste capítulo, o francês voltou a cometer vários erros, desde passes disparatados até diversas más abordagens a lances. Porém, foi também ele que, com toda a sua fibra, soube aparecer à frente e mostrar como se faz: com dois golos, devolveu o FC Porto ao jogo e à eliminatória.

Fora-de-jogo: Jackson Martinez

O actual esquema de jogo da equipa não o favorece, joga longe dos companheiros, está quase sempre isolado e é mal servido – tudo isso é verdade. Mas, hoje, o colombiano foi mais um central do Frankfurt. Desde péssimas recepções de bola a passes falhados, de más definições de lances aparentemente fáceis até faltas escusadas, Jackson Martinez foi uma sombra de si próprio. A equipa precisava da sua veia goleadora mas Jackson, talvez confuso pelo discurso do seu treinador, não esteve em Frankfurt.

Jesé Rodriguez: o prodígio madrileno

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Desde que o Barcelona conseguiu transformar a sua formação numa máquina incrível de vencer títulos – e de praticar bom futebol – que toda a imprensa espanhola tem apontado o dedo ao Real Madrid por descurar os maiores talentos criados na famosa cantera madridista.

Na verdade, o último grande produto da cantera a singrar no plantel principal do Real Madrid foi o guarda-redes Iker Casillas – que, curiosamente, tem sido afastado da equipa, primeiro por Mourinho e, agora, por Ancelotti –, já lá vão mais de 15 anos.

Desde aí, muitos foram os jogadores saídos das escolas do Real Madrid que alcançaram um enorme sucesso em outros clubes. Juan Manuel Mata, Roberto Soldado, Álvaro Negredo e Javi García são apenas alguns dos nomes mais sonantes do lote de jogadores que o Real Madrid deixou, literalmente, fugir.

Como é de conhecimento geral, a política do Real Madrid presidido por Florentino Pérez nunca foi ao encontro das ambições dos miúdos da cantera. Pelo contrário, a contratação de jogadores de enorme renome e com um potencial de marketing sobrevalorizado sempre foi a ideologia marcante do presidente deste colossal clube (ou colossal empresa, conforme a perspetiva). Porém, conhecendo o nacionalismo distinto dos espanhóis, os adeptos merengues preferem uma aposta na prata da casa. E, no fundo, qual de nós não tem um gostinho especial pelos miúdos que são capazes de sentir o símbolo e o peso da camisola do nosso clube?

É neste contexto que entra a mais recente estrela da cantera: Jesé Rodriguez.

Jesé já foi comparado a Cristiano Ronaldo Fonte: Ronaldo7.net
Jesé já foi comparado a Cristiano Ronaldo
Fonte: Ronaldo7.net

Nascido em Las Palmas, na ilha da Gran Canária, Jesé tem 21 anos e está vinculado ao Real Madrid desde 2007. Após três épocas nos escalões de formação, Jesé integrou o Real Madrid B, na temporada de 2010/2011, e nunca mais parou de surpreender. Como prova disso estão os 22 golos marcados pelo canterano na época de 2012/2013, que lhe valeram o recorde de golos marcados numa temporada da equipa B do Real Madrid, pertencente a Emilio Butragueño de 1983/1984 até então.

O perfil técnico e tático de Jesé Rodriguez distingue-se pela polivalência: é um extremo que pode jogar em qualquer ala e também como avançado. O elevado rendimento em qualquer uma das posições já lhe valeu várias comparações com Cristiano Ronaldo. De facto, a nível técnico, o espanhol tem várias semelhanças com o atual melhor jogador do mundo – até na aptidão pelo golo. Jesé é muito rápido, é extremamente forte no um para um e tem uma capacidade de remate bem acima da média. Como se não bastasse, o espanhol lê o jogo com uma distinção e rapidez notável para a idade. A qualidade de passe e a facilidade com que toma as melhores decisões dentro do campo (principalmente no último terço do terreno) levam todos a crer que a diferença de Jesé para Di Maria, Bale ou Isco é apenas uma questão de estatuto, estatuto esse que o jogador tem feito por aumentar a olhos vistos.

Jesé tem usufruído de vários minutos em todas as competições. Contudo, é na Liga espanhola que o internacional sub-21 espanhol tem feito as delícias da imprensa. Com cinco golos em 12 jogos, o avançado/extremo é já o quinto melhor marcador do Real Madrid, e precisa apenas de 113 minutos para marcar.

Todo este alarido em torno do jogador – com muito mérito próprio, é necessário referir – fez com que a cotação de Jesé Rodriguez disparasse para os 15 milhões de euros (valor atribuído pelo prestigiado site “transfermarket”). A Marca, o jornal mais vendido de Espanha, publicou recentemente uma capa com o jogador, onde saltava à vista o título “abram alas para Jesé”. Ora, eu não poderia ter escolhido melhor descrição. Este veio para ficar.

O Passado Também Chuta: Mário Esteves Coluna

o passado tambem chuta

Os cinco violinos puseram de moda o avançado-centro com chuto aterrador. O Sporting começou uma grande procura para encontrar outro Peyroteo. Encontrou um novo pé de canhão chamado: Mokuna, natural do Congo, no entanto, não tinha a arte de unir potencia e direção. O Benfica também entrou nessa corrida e encontrou um avançado-centro moçambicano chamado Mário Esteves Coluna que tinha um míssil nos seus pés. O Benfica prometia o fim do mundo com esta nova joia moçambicana. Veio e foi experimentado, no entanto, as bolas saídas dos seus pés faziam os chamados balões; Coluna não seria um novo Peyroteo, no entanto, a sua qualidade e a sua capacidade física situaram-no no meio-campo. Coluna viera para ser ele próprio; para ser Coluna.

O Benfica Bicampeão de Europa  Fonte: Fórum PesClassicStats
O Benfica Bicampeão de Europa
Fonte: Fórum PesClassicStats

1955 bateu à porta. O Benfica começou a transformar-se numa máquina de euforias. Coluna foi apoderando-se do meio-campo. José Águas consolidava-se como um avançado-centro fino, resolutivo e decisivo nos grandes momentos; Ângelo marcava os flancos defensivos com saber e pé hábil em todas as variantes; Costa Pereira começou a destapar a sua caixa mágica. O Benfica crescia como jamais voltou a crescer. Coluna, no meio desta estrutura, começou a agigantar-se de tal forma que na final de Berna, no ano 60, contra um Barcelona recheado de estrelas, marcou um golo que hoje teria dado a volta ao mundo tantas vezes como deu o golo marcado por Zidane na final da Taça da Europa que ganhou com o Real Madrid. A bola foi parar ao Coluna que estava situado na zona da grande área direita; perto do ângulo; a bola procurou-o voando; começou a descer; Mário Esteves Coluna levantou a perna; antes de a bola cair; acomodou o corpo e impactou com violência na bola. O esférico saiu como uma bomba em direção à baliza defendida por Ramalhets e entrou sem consentimento. Golo. Golo magistral do Coluna; golo magistral numa final da Taça da Europa. Golo histórico pela execução técnica e pela importância.

Mário Coluna é um dos jogadores do Benfica que ganhou as duas Taças da Europa e esteve presente em todas as finais dos anos 60 que o Benfica disputou. Ganhou uma dezena de campeonatos e taças várias. Mas, assumiu outras responsabilidades: substituiu na capitania da equipa o homem que levantou as duas Taças de Europa: José Águas. Recebeu e acomodou, por encargo familiar, o grande Eusébio. Coluna representava para a massa associativa do Benfica o jogador com juízo. Era o grande capitão. Foi, também, no Mundial de Inglaterra o Capitão e o peso pesado que dava consistência ao meio-campo da seleção.

Mário Coluna: o Capitão  Fonte: BBC
Mário Coluna: o Capitão
Fonte: BBC

Os anos 60 avançaram e estalara a guerra colonial. Coluna era alvo de rumores e algum azar posterior, mas, a massa associativa jamais o apontou negativamente. Era; foi um jogador respeitado e posteriormente foi um homem do futebol ligado ao seu País, mas, as portas do Benfica sempre estiveram abertas de par em par. No mundo do futebol não conheço um caso de respeito e consideração semelhante. Eusébio; Simões ou o José Augusto foram idolatrados; mas, não eram esperados com o silêncio da consideração como era esperado Mário Esteves Coluna. A casualidade levou que partisse do mundo dos vivos pouco depois da partida do seu protegido Eusébio. Certamente, a esta hora, nesse além do imaginário coletivo onde permanecerão Coluna, Eusébio, José Águas, Costa Pereira e Germano, já está construído um Estádio da Luz, realizado em sonhos, para fazer deleitar todos os espíritos.

O regresso do clube da Cruz de Cristo

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futebol nacional cabeçalho

O ano 2013 vai ficar na memória de todos os adeptos do Belenenses. O histórico clube voltou ao seu lugar. O quarto grande voltou aos grandes palcos. Depois de uma grande época na Segunda Liga, onde se destacou do resto da concorrência ao conquistar 96 pontos e subir sem dificuldades, o Belenenses procura estabilidade neste regresso à Primeira Liga. O líder desta equipa foi Van der Gaag, o treinador holandês mais português que existe.

Não tem sido uma época fácil para o Belenenses. Os azuis do Restelo estão no antepenúltimo lugar da tabela com 16 pontos, os mesmos do penúltimo classificado, o Olhanense, e procuram desesperadamente ficar na Primeira Liga. Só com três vitórias até ao momento, esta será uma dura batalha. E para complicar ainda mais a situação, o Belenenses viveu um caso no banco que em nada o beneficiou: na primeira volta, frente ao Marítimo, Van der Gaag sentiu-se mal durante o jogo, por causa de um problema no coração. Por causa deste incidente, o treinador deixou de comandar a equipa, tarefa dada a Marco Paulo, treinador das camadas jovens dos azuis. Uma mudança forçada para o plantel, que teve de viver com a instabilidade de Van der Gaag ser presença nos treinos, mas ser Marco Paulo a comandar a equipa no banco em dia de jogo. O holandês chegou a apresentar a demissão, pois o seu estado de saúde ainda não era o melhor para estar no banco, mas a direcção recusou esse pedido, afirmando que quando acabar o período de repouso,o técnico terá uma função importante no clube.

Van der Gaag trouxe o Belenenses de volta à Primeira. Fonte: Agentedesportivo.com
Van der Gaag trouxe o Belenenses de volta à Primeira Liga
Fonte: Agentedesportivo.com

Quanto ao plantel, o Belenenses combina juventude com experiências. Nomes com bastante futuro com outros já com experiência. Jogadores como Helgi Daníelsson e Eggert Jónsson oferecem outra maturidade ao clube. Os dois islandeses, nacionalidade muito rara no futebol português, já passaram pelo campeonato inglês e podem ser uma mais-valia para o plantel. A juntar a estes dois, outro jogador já bastante experiente e muito conhecido dos adeptos portugueses. Falo de Roland Linz. Quem não se lembra deste ponta de lança nos tempos em que jogava no Boavista e no Sporting de Braga? Confesso que fui sempre admirador deste jogador e que me questionei sempre sobre o porquê de nunca ter tido uma oportunidade em palcos maiores. O regresso do austríaco ao futebol português não está a ser ao nível de outros tempos, tendo realizado só dois jogos para o campeonato. A juntar à experiência temos jovens de grande valor. Na frente de ataque, Rudy e Rambé são as armas. Rudy fez-se jogador no Cercle Brugge e regressa a Portugal motivado para continuar o que de bom mostrou na Bélgica. Rambé é um jovem cabo-verdiano que foi emprestado ao Farense. Os seus dez golos pelo clube de Faro foram suficientes para ser chamado de volta ao Belenenses. Tem grande potencial e, bem acompanhado, pode ser uma grande mais-valia para o clube do Restelo.

Miguel Rosa, a estrela do Belenenses. Fonte: Cronicasazuis.blogspot.com
Miguel Rosa, a estrela do Belenenses
Fonte: Cronicasazuis.blogspot.com

Mas a grande estrela da equipa é Miguel Rosa. Um miúdo de uma enorme qualidade, que ainda hoje pergunto porque não foi aproveitado no Benfica. Mais um grande valor desperdiçado. Quem aproveita é o Belenenses. O jovem jogador já tinha sido emprestado duas vezes e ganhou um carinho especial pelo clube, daí tê-lo escolhido depois de sair do Benfica. Miguel Rosa é o comandante dentro do campo e a diferença é clara quando ele não joga.
O plantel do Belenenses tem um valor que não corresponde ao seu lugar na tabela. Há ali qualidade, há ali bastantes jovens que vão mostrar o seu grande valor. Que esta seja uma época para ganhar experiência na Primeira Liga e que nos anos que se seguem o clube da Cruz de Cristo consiga ficar nos lugares de onde nunca devia ter saído.

World Tour a quatro dias do começo

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cab Surf

Está a chegar a primeira prova do World Tour 2014. A Austrália, mais precisamente a Gold Coast, volta a acolher a primeira etapa do circuito, etapa esta que para muitos é a mais desejada, mais até que Pipeline, por terem passado já dois meses desde a última prova. Conhecidas pela perfeição e consistência, as ondas da Gold Coast atingem as condições perfeitas quando o o seu tamanho ronda entre o metro e meio e os dois metros.

Muitos são os favoritos. Por um lado temos o atual campeão mundial, Mick Fanning, que vai competir no “seu jardim”, uma vez que surfa todos os dias naquela onda. Joel Parkinson, campeão mundial de 2012, é também favorito, por ser australiano e por ter já duas vitórias na Gold Coast, a primeira em 2002 e a segunda em 2009. Kelly “King” Slater não fica para trás: o surfista norte-americano que é dono do título da Gold Coast do ano passado conta já com onze títulos mundiais e apesar de já ser quarentão continua a impressionar com as suas manobras imprevisíveis. Kelly já ganhou na Austrália quatro vezes. Tal como estes três grandes, temos também a nova geração: Gabriel Medina, Miguel Pupo, Owen Wright e Julian Wilson são os miúdos que surfam como homens grandes. Os seus aéreos e tubos são qualquer coisa e dificilmente não chegarão longe na competição.

Dane Reynolds é outro. Apesar de o surfista já não fazer parte do World Tour por opção própria, o surfista natural da Califórnia entra em prova com wild card, uma vez que a marca que o patrocina patrocina também a prova.

Kelly Slater, Joel Parkinson e Mick Fanning. Os campeões de 2011, 2012 e 2013 respectivamente.Fonte: Meltyxtrem.fr
Kelly Slater, Joel Parkinson e Mick Fanning. Os campeões de 2011, 2012 e 2013 respectivamente
Fonte: Meltyxtrem.fr

Não podia também deixar de falar do grande “portuguese tiger”. Depois de vários meses parado devido a uma lesão no joelho esquerdo, Tiago “Saca” Pires, conhecido como “tiger” no WCT pelo seu surf agressivo, não pôde competir na maioria das provas do circuito de 2013, o que o impossibilitou de ganhar quaisquer pontos para se qualificar para o World Tour de 2014. Mas felizmente e com uma ajudinha do Pai Natal, em dezembro de 2013 o melhor surfista português de todos os tempos recebeu a notícia de que iria voltar ao WCT, sendo “injury wildcards”; isto é, devido à gravidade da lesão, ao ranking em que se encontrava quando se lesionou e às provas a que faltou, a ASP decidiu que “Saca” voltaria a competir este ano. Tal como o surfista da Ericeira, também Owen Wright é “injury wildcards”. Sendo assim, Glenn Hall e Dusty Payne  ficam de fora do circuito

Tiago "Saca" Pires está de volta. Fonte: Aspworldtour.com
Tiago “Saca” Pires está de volta.
Fonte: Aspworldtour.com

Dia 1 de Março começa o período de espera; estender-se-á até dia 12 de Março. Dentro destes 12 dias, muita ação acontecerá e, no fim, o vencedor da etapa ficará um passo mais perto de se tornar no novo campeão mundial. Aqui fica um vídeo dos melhores momentos das meias-finais e final do ano passado:

Tudo a saltar, tudo a saltar…mas com calma

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lanternavermelha

O Benfica está bem, os jogadores estão bem, os adeptos estão bem e até o senhor Jorge está bem. Parece fantástico.

Há jogadores que se destacam mais do que outros? Sim, há. Mas a loucura leva a que se atribua mérito a um ou outro jogador, o que para mim é errado. Muitos falam agora de Markovic. É fácil. Markovic é provavelmente a maior promessa do Benfica, é um jogador dotado de uma técnica tremenda, capaz de momentos únicos como o que vimos na última partida, dotado de uma velocidade estonteante e com um poder de decisão muito bom tendo em conta a sua idade. É verdade. Faz qualquer adepto vibrar. Quem gosta de futebol gosta de magia, quem gosta de magia…tem de gostar de Markovic. Mas se gostam tanto do menino, não lhe coloquem toda essa pressão. Primeiro porque é mau para o jogador, em segundo lugar porque é injusto para a equipa. Muito injusto.

O Benfica actualmente vive, felizmente, pelo todo. E isso é o que merece destaque. Temos um guarda-redes seguríssimo, uma dupla de centrais de nível europeu – sim, de nível europeu – alas fantásticos e um avançado que no futebol nacional não tem par. Temos suplentes de grande nível e uma aposta que parece começar a surgir na formação. Isto agrada-me muito, deixa-me francamente feliz e neste momento não há equipa com o plantel do nível do nosso em Portugal. Neste momento não há nenhuma equipa nacional que esteja em quatro frentes a praticar um futebol convincente. Neste momento não há nenhuma equipa a praticar o nosso futebol.

Toda a conjuntura actual faz-me acreditar neste Benfica, faz-me viver este momento com alegria, mas faz-me também respirar fundo. É que eu já vi este filme. Eu já vi uma equipa com um plantel fantástico fazer uma época fantástica, ser de longe a melhor equipa no futebol nacional e no final…nada. Nem uma conquista só para ‘inglês ver’. Zero.

Se acho que nós, encarnados, estamos bem encaminhados para vencer títulos esta temporada? Sim, acho. É impossível dizer que não se pensa em conquistas, quanto mais não seja pela sede que temos de vencer, pela espera, pela ânsia de glória novamente. Portanto, sim, penso nisso; sim, quero isso, nós queremos isso. Mas calma. Não vale a pena entrar em euforias antecipadas, não faz sentido e não é, de todo, justificável. Tudo a seu tempo.

É tempo de apoiar a equipa como um todo, apoiar o treinador – quer se goste ou não dele -, tempo de marcar presença nos estádios, de acompanhar a equipa, de acompanhar o clube como um todo. É tempo de ter calma.

Acima de tudo, é tempo de ter tudo a saltar, tudo a saltar, festejar cada vitória, sentir alegria e orgulho pela presente época… mas manter a calma.

P.S. – Senhor Coluna, Rei Eusébio, quando for – porque há-de ser, mais tarde ou mais cedo – será por vocês. Obrigado por toda a história que deram ao meu clube.

Real massacra na Alemanha e Chelsea leva vantagem para Stamford Bridge

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Está concluída a primeira mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Nos últimos dois encontros, o Real fez história na Alemanha (vitória por 6-1 é apenas o segundo triunfo em 25 jogos em solo germânico), enquanto o Chelsea e o Galatasaray empataram em Istambul (1-1), o que dá à equipa de José Mourinho uma curta vantagem para o duelo em Stamford Bridge.

Em Gelsenkirchen, assistiu-se seguramente a uma das melhores exibições colectivas da temporada. O Real Madrid humilhou o Schalke 04 com uma vitória por 6-1 e está, obviamente, apurado para os quartos-de-final. O resultado até foi “simpático” para os alemães, tendo em conta o número de oportunidades desperdiçadas pelos merengues. Foi um autêntico vendaval ofensivo por parte da equipa de Carlo Ancelotti e os golos foram surgindo com naturalidade. O 1-0, da autoria de Benzema a passe de calcanhar de Ronaldo, resultou de uma jogada fantástica iniciada por Bale. Pouco depois seria o galês a marcar, em mais um lance individual só ao alcance de um predestinado. Pelo meio, Casillas evitou o golo da equipa da casa com uma defesa monumental. Até ao intervalo, Ronaldo ainda desperdiçou várias ocasiões claras para regressar aos golos, algo que apenas aconteceria na segunda parte. O português, após ultrapassar um adversário, fuzilou Fährmann para o 3-0. Com a eliminatória resolvida, esperava-se que o Real abrandasse o ritmo, já a pensar no encontro com o Atlético para a liga espanhola. No entanto, os espanhóis estão numa fase em que respiram confiança e partiram para a goleada. O trio da frente bisou: Bale fez o 4-0, Benzema aumentou para 5-0, após mais uma assistência incrível de Ronaldo, e o português também voltou a marcar. Huntelaar, com um tiro de fora da área, assinou o golo de honra do Schalke.

Germany Soccer Champions League
Ronaldo, Bale e Benzema foram os marcadores do encontro
Fonte: A Bola

A nível individual, o principal destaque vai para Di María. É impressionante a forma como o ex-Benfica se está adaptar ao papel de médio interior, juntando à qualidade ofensiva uma maior responsabilidade a nível defensivo. O meio campo do Real, com Xabi a equilibrar, Modric – que realizou mais uma exibição ao seu nível –, e o argentino entendeu-se às mil maravilhas. Ronaldo, que regressou em grande estilo com dois golos e duas assistências, Bale, que mostrou a sua técnica fenomenal, e Benzema desequilibraram por completo a frágil defensiva do Schalke, que teve em Felipe Santana (central banal) o elo mais fraco. Do meio campo para a frente, Draxler acabou por desiludir, ao contrário de Farfán, que merece nota positiva.

Chejdou marcou para o Galatasaray Fonte; Uefa.com
Chejdou marcou para o Galatasaray
Fonte; UEFA.com

No outro jogo do dia, o Chelsea alcançou um empate (1-1) no sempre difícil terreno do Galatasaray, deixando tudo em aberto para a segunda mão. Os blues marcaram cedo por intermédio de Fernando Torres, que encostou para a baliza deserta a passe de Azpilicueta. Em vantagem, a equipa de José Mourinho estava confortável no encontro e ia dominando um conjunto turco que dava demasiado espaço para as transições rápidas dos londrinos. Na segunda parte, a turma orientada por Roberto Mancini reagiu e acabou por chegar ao empate – Chedjou, na sequência de um canto – de forma justa. Na recta final da partida, Mourinho optou por gerir o resultado em vez de ir à procura de um golo que desse outra tranquilidade para a segunda mão. Ainda assim, o Chelsea tem tudo para seguir em frente.

Carta Aberta a: Pinto da Costa

cartaaberta

Olá Jorge,

Não sei se sabes quem sou. Talvez já tenhas ouvido o meu nome, mas provavelmente nunca pensaste que chegaria o dia em que me conhecerias. Pois bem, eu estou a chegar, e espero sinceramente que estejas em boa saúde para me receber.

Quero estar contigo neste teu fim de ciclo. Mais uma vez, acredito que pensaste que nunca chegaria tal altura. Planeaste um fim que seria apenas o princípio de outro alguém como tu, que faria as mesmas artimanhas, que contaria as mesmas mentiras, que ganharia e enriqueceria de forma tão indigna como tu fizeste na tua vida. Mas, Jorge… estiveste enganado.

O teu fim de ciclo torna-se cada vez mais óbvio. Afinal, estás a acabar como todos os mafiosos acabam: louco com a perda de poder. Se calhar nunca tinhas pensado nisto, mas a vida e o que nela fazemos não é algo que possamos, simplesmente, passar para as mãos de outrem. Há coisas que temos de ser nós mesmos a fazer. E hoje, antes de conseguires passá-lo para alguém da tua confiança, sentes o poder a escapar-te por entre os dedos, restando-te o que resta a todos os que acabam como tu: a ameaça, a injúria e a coação.

Ó Jorge, de tantas vezes que ameaçaste os outros, esqueceste-te de que tens de o fazer pela calada? Bem sei que já empurraste muitos jornalistas na tua vida, mas a velhice fez-te perder a noção de que não o podias fazer em frente às câmaras, em direto para a televisão. Passaste por muito, Jorge. Foram 30 anos de cansativos e planeados esquemas que te levaram à glória. E podias ser eternamente glorificado, Jorge, até podias. O Grande Presidente… era bonito! Mas o poder tem também um lado muito negro: quando muitos o querem, todos o estragam.

Jorge, espero que percebas que serás cada vez mais o Jorge e cada vez menos o Sr. Presidente. O medo que criaste através do teu poder acabou. As pessoas vão deixar de te recear, Jorge, e vão começar a falar. Alguns ratos já começaram a fugir-te. Vão contar toda a verdade que escondeste durante a tua vida. Rapidamente as tuas conquistas passarão a mentiras, a tua sala de troféus de ouro será apenas pó e toda a tua glória será uma ilusão. É isso que eu te vou fazer, Jorge.

Felizmente, nem tudo o que fizeste foi mau. No teu caminho de falsas conquistas, criaste um clube feito de adeptos de vitórias. Eles não te amam, Jorge, nunca te amaram. Nem a ti, nem ao símbolo que ostentas, nem à história da instituição que defendeste. E quando o teu poder morrer, os adeptos do teu clube, essencialmente regionais (um erro que não foste a tempo de emendar), morrerão com ele. Alguns, poucos, terão vergonha daquilo que apoiaram. Outros ignorarão algum dia ter-te apoiado. Presidente, nunca mais. Serás apenas o Jorge.

Mas ainda me terás a mim, Jorge, e eu já não demoro. Até já,

Karma

Jogadores que Admiro #14 – Giorgos Karagounis

jogadoresqueadmiro

Bem sei que o grego não se pode equiparar à grande maioria de jogadores já referidos nesta rubrica do Bola na Rede. Não foi um fora de série, nem tão pouco um jogador de excelência, ao nível dos melhores de sempre. Karagounis, no entanto, exemplifica tudo aquilo que um adepto apaixonado pelo futebol aprecia: garra, determinação e uma vontade imensa de querer ganhar todos os jogos em que participa.

Depois de uma entrevista ao nosso programa, Fernando Santos, treinador do grego na seleção, confidenciava-me que, apesar dos seus 36 anos, o polivalente médio grego continua a ser uma peça fundamental no seu conjunto: «é um jogador que quer sempre jogar e nunca quer estar no banco. Ele esquece-se é que tem 36 anos». E é esta característica, quase insana de Karagounis, de nunca virar a cara à luta, mesmo quando o corpo não consegue corresponder da mesma forma do que as ordens do coração, que o faz ser tão querido por todos os adeptos do clube que representa. É um guerreiro. Se, em certo jogo, apresenta alguma irregularidade exibicional, tal nunca se deverá à falta de querer ou ambição. Sobre isso, nunca nenhum adepto pôde ter razões de queixa. Seja no primeiro minuto de jogo ou nos descontos da segunda parte, Karagounis nunca muda de atitude: a entrega ao jogo é sempre total.

Karagounis é provavelmente o melhor jogador grego de sempre Fonte: news.com.au
Karagounis é o símbolo do futebol grego
Fonte: news.com.au

Protege a bola como se não houvesse amanhã e faz dela a sua melhor amiga. Trata-a com delicadeza e coloca-a onde quer. Nunca se contenta em estar à margem de um encontro e procura ser sempre ele a conduzir a sua equipa para o ataque. No seu estilo algo desengonçado, mas quase sempre eficiente, Karagounis é também dono de uma grande capacidade de remate, que é quase sempre tão eficaz quanto os seus minuciosos passes de média e longa distância.

Ter o grego no plantel é equivalente à garantia de ter um segundo treinador em campo. Alguém que saiba coordenar todas as movimentações defensivas e ofensivas da equipa, fruto do seu tremendo sentido tático e posicional. Karagounis é um capitão na verdadeira ascensão da palavra. É leal com a equipa, nunca baixa os braços e deixa sempre a pele em campo para defender os seus.

Foi um dos obreiros da conquista do Campeonato da Europa de 2004, de má memória para Portugal. É a maior referência do futebol grego e o mais internacional de sempre pelo seu país (131 jogos). Já jogou pelo Panathinaikos, Inter de Milão e Benfica. E deixou saudades aos adeptos encarnados. Quem não se lembra do losango composto pelo grego, Petit, Simão e o seu compatriota, Katsouranis?

Hoje, joga ao mais alto nível na Premier League inglesa, ao serviço do Fulham. E é a prova viva de que o coração, por vezes, é mais forte do que a razão. Se acham que está velho, o grego está pronto para discordar. As pernas aguentam e a cabeça está sã. Karagounis vive o futebol como um jovem de 20 anos. E tem ainda à sua espera uma seleção com o Mundial aí à porta para capitanear.