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O Passado Também Chuta: Mané Garrincha

o passado tambem chuta

O poeta brasileiro Drummond de Andrade situava a Mané Garrincha como um enviado divino que aliviava as tristezas que abraçavam o Brasil. Garrincha era de fato a brincadeira; a alegria de jogar, brincar com uma bola e brincava guiado pelo instinto e não pela tática. Num preliminar de um jogo da canarinha contra a União Soviética, o selecionador Vicente Feola dava indicações como jogar. Mandava tocar no meio campo e posteriormente indicava lançamento para as costas do lateral que tapava o Garrincha. Dizia, cheio de sabedoria divinatória, que o Garrincha facilmente o passaria e rapidamente encararia a área rival. Garrincha escutava até que perguntou: “e o mister já combinou tudo isso com os russos?”. Era um homem sem programas. A finta e o voltar a fintar o mesmo defesa e os restantes defesas que se aproximavam não obedecia a táticas ou estratégias; obedecia exclusivamente ao instinto e capricho de um crack que entendeu que o jogo era uma brincadeira maravilhosa.

Estou aqui… Fonte: allejo.com.br
Estou aqui…
Fonte: allejo.com.br

Viu pela primeira vez o mundo em Pau Grande – Rio de Janeiro. Nasceu numa família mais que numerosa e ele continuou a tradição familiar; teve doze ou treze filhos. Quase todas mulheres; teve três filhos homens; dois faleceram e o terceiro foi fruto de uma relação com uma sueca durante uma digressão pela Europa com a sua equipa Botafogo. Amou brincar com a bola e brincou como ninguém. Eusébio considerou-o o melhor jogador de todos os tempos. E foi. Os campeonatos do Mundo ganhos pelo Brasil nos anos 58 e 62 levam o seu nome apesar da irrupção de Pelé ou da presença de Didi. Vê-lo, durante os intervalos dos filmes, nos cinemas Condes, Odéon ou Politeama com a bola parada a ir-se embora da bola e o defesa hipnotizado a segui-lo, não sabendo onde ficara a bola, era melhor que o melhor filme; salvava a tarde. Desde a plateia ao galinheiro, sentia-se um alvoroço tremendo. Saíamos do cinema e a estrela da fita chamava-se Garrincha e não John Wayne.

Pernas tortas. Magia de finta. Improvisação e cachaça. Viveu com a vertigem dos grandes carregado de lendas. Era também a inocência ou talvez fosse simplesmente a bonomia dos génios. Paro-me a pensar e vou vendo os que de alguma maneira se lhe pareceram pela sua grandeza de improvisação e aparecem Maradonas, Ronaldinhos Gaúchos, Bests, o bem português António Simões, Messi, e todos me parecem anãos quando visiono as suas jogadas e as de Mané Garrincha. Não é descritível. Escrever sobre o Deus dos deuses encolhe os dedos; inibe a imaginação; comprime as emoções; aperta o estômago.

A bandeira da lenda Fonte: Wikipédia
A bandeira da lenda
Fonte: Wikipédia

Batia o dia 20 de Janeiro do ano 83 do século XX e uma maldita cirrose hepática acabou com o Alegria do Povo. Tinha apenas quarenta e nove anos. A cachaça corroera o seu organismo. O Brasil estremeceu. O Mundo reconheceu-o, mas os ramos de louros caíram no quintal do Pelé. Pelé foi o primeiro jogador- marketing e Garrincha foi simplesmente um deus de deuses. O seu epitáfio diz: “ Aqui jaz em paz aquele que foi a Alegria do Povo – Mané Garrincha.” Assim seja.

Milan: O Inferno continua

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A temporada 2013/2014 pode marcar uma das épocas mais negras da história do futebol da Associazione Calcio Milan. Os péssimos resultados, aliados às fracas exibições, já levaram à substituição de treinador, à entrada de Barbara Berlusconi para directora geral do clube e a uma enorme insatisfação por parte dos tiffosi, impacientes por uma reviravolta no rumo que a época leva.
A trinta pontos da líder Juventus, no campeonato, o Milan afundou-se também na Taça de Itália. Com o título a ser uma miragem, a taça nacional era a grande aposta de formação orientada por Clarence Seedorf, mas uma derrota por 1-2, frente à Udinese, ditou a saída de cena dos rossoneri nesta competição.
Pode dizer-se que o Milan durou apenas singelos 15 minutos nessa partida frente à equipa de Udine. Foi nesse quarto de hora inicial que chegou ao golo através de Balotelli, mas, a partir daí, todos os problemas da época voltaram a emergir. Mostrando enorme fragilidade, mesmo jogando em casa, o Milan deixou a formação forasteira tomar conta do jogo e foi com naturalidade que a Udinese chegou à vitória. Emanuelson somou o enésimo erro na temporada ao fazer falta dentro da sua grande área, o que permitiu a Muriel empatar o encontro ainda na primeira parte. O tento de Nico Lopez selou a qualificação da Udinese para as meias finais da Taça e gelou um San Siro já de si escuro e frio.

O colombiano Muriel festeja o golo marcado em San Siro  Fonte: Corrieredellosport.it/
O colombiano Muriel festeja o golo marcado em San Siro / Fonte: Corrieredellosport.it/

Se pensarmos que o Milan está longe dos lugares europeus e conquistar a Liga dos Campeões parece ser uma tarefa impossível, a Taça constituía a grande chance de qualificação para as competições europeias. Um Milan fora da Europa é um cenário que se começa a desenhar cada vez com maior nitidez. Aquele que é o segundo clube com mais Champions conquistadas, com um total de sete, corre o sério risco de ficar confinado ao território italiano em 2014/2015.
Seedorf, que chegou há duas semanas e é o menos culpado de toda esta situação, já veio dizer que não faz milagres e que os assobios dos tiffosi são normais, mas que está preparado para a luta. O técnico holandês pede tempo para executar as suas ideias e transmitir a força mental necessária aos jogadores, os quais estão completamente intranquilos, segundo salienta Seedorf. Com rasgados elogios para Balotelli e Kakà, o treinador milanês pretende transferir a confiança do italiano e do brasileiro ao resto da equipa por forma a que o grupo consiga tornar-se mais forte e potencialmente vencedor.

Seedorf não tem motivos para sorrir Fonte: http://static.goal.com/
Seedorf não tem motivos para sorrir / Fonte: http://static.goal.com/

O próximo embate do Milan é na Sardenha, este Domingo, no sempre difícil reduto do Cagliari, o que certamente faz temer os tiffosi do Milan, que só viram a sua equipa ganhar um dos dez jogos já disputados fora de portas na Serie A esta temporada.

Até sempre, Miki!

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farmaciafranco

Não conseguia acompanhar pela televisão, estava a ouvir o relato do jogo pelo rádio. Na altura, com metade da idade que tenho hoje, ansiava por um Benfica campeão que nunca me tinha enchido os olhos. Vitórias do Benfica só as tinha visto no antigo estádio, naquele enorme palco do futebol que foi em tempos o maior da Europa – havia agora um novo, pronto para receber o Euro 2004. O cachecol, esse, era pequeno, decerto feito à minha medida, mas bordado com o vermelho vivo do Benfica, do meu Benfica. Gostava do plantel, gostava de Camacho, gostava de Miklós Fehér. Um benfiquismo que aos poucos se ia instalando cada vez com maior peso mostrou-me o que depois não quis deixar de ver; o que prendeu tantos portugueses à televisão; o que fez com que Tiago, Fernando Aguiar, Miguel e tantos outros levassem as mãos à cabeça, desesperados; aquilo que foi uma morte em directo.

A história é hoje sabida de todos. O dia 25 de Janeiro de 2004, que viria a ser fatídico para o clube da Luz e seus associados, foi o dia mais curto do ano porque morreu cedo demais. Em Guimarães, num jogo mal disputado, sob condições que arrancavam a custo cada corrida, cada respiração, o 29 tombou. Mas o que hoje fica de Fehér não é apenas o derradeiro cartão amarelo, não é apenas o sorriso que pré-anunciou a sua queda última, não são apenas as lágrimas de colegas de equipa, adversários, equipa técnica, dirigentes e adeptos do Benfica e do futebol. Num Janeiro que, 10 anos depois, foi novamente de pesar para a família benfiquista, o que fica de Fehér para quem continua a encher o Estádio da Luz é o que o imortaliza na história mas também no futuro da instituição que representou. Foi ter vestido o manto sagrado, a camisola berrante; foi ter carregado ao peito o emblema do Sport Lisboa e Benfica, que fez do jovem e promissor húngaro um eterno 29. Porque acima do Benfica não está ninguém, mas ao seu lado, ao meu lado, está; a morte de Fehér é a morte de quem no relvado cumpria com o que nós da bancada não podíamos alcançar, é a morte de quem nos dava alegrias, de quem arrancava em uníssono um golo sempre festejado, um golo sempre nosso, com a águia junto ao peito. Um peito que pela águia acabou por ceder e por isso deve sempre ser respeitado.

Fehér, para sempre recordado Fonte: mikiforever.com.sapo.pt
Fehér, para sempre recordado
Fonte: mikiforever.com.sapo.pt

O que fica de Fehér permite também entender os nossos dias. Em 10 anos, ataques fulminantes em corpos que mais não conseguem lutar pelo esférico continuam a deixar mais pobre o mundo do futebol, a fazer cair atletas cuja paixão vive nos pés e na bola, a roubar aos relvados aqueles que nos fazem vibrar. O futebol é um mundo de estrelas que chegam e partem depressa demais, muitas vezes sem terem dado tudo o que tinham para oferecer. E assim partiu o Miki.

Hoje são 10 os anos que nos separam da partida de Fehér. Hoje, o estádio, que nasceu por essa altura, é mais pequeno e o cachecol que carrego é maior. Do plantel de 2003/2004, apenas Luisão continua a calçar as chuteiras para jogar pelos encarnados. Hoje Eusébio faria 72 anos e hoje joga o Benfica. Continue quem envergue a camisola do glorioso a honrar a história do clube como o fez quem hoje nasceu e hoje partiu, e teremos sempre Cosme Damião ao nosso lado no Estádio da Luz.

Rugby no Feminino – Entrevista a Marta Carvalho

entrevistas bola na rede

Marta Carvalho é atleta do GDS Cascais e já treinou com a Selecção Feminina de Rugby. Começou a jogar aos 13 anos e encontrou nesta modalidade muito mais do que um simples desporto. A atleta falou com o Bola na Rede e contou-nos o seu percurso, aproveitando para analisar o que tem de ser melhorado para que a modalidade continue a evoluir.

1 – Como tem sido o teu percurso nesta modalidade?

O meu percurso desportivo tem sido contínuo e evolutivo. Comecei a jogar aos 13 anos no GDSCascais e formámos uma equipa federada passado um ano. Jogo ainda com algumas amigas que começaram a equipa feminina comigo.

2 – Quando tinhas 13 anos, o Rugby ainda estava muito pouco divulgado a nível feminino. O que te levou a optar por esta modalidade?

Comecei a jogar por incentivo do meu pai que é amigo do director do rugby no GDSC. Esse mesmo amigo do meu pai informou-o que estavam a existir treinos de rugby feminino, e disse ao meu pai para me levar lá. Fui a um treino e adorei, a partir daí, nunca mais saí.

Fotografia de Miguel Carmo
Fotografia de Miguel Carmo

3 – Tens alguma referência no mundo do Rugby que tentes seguir na tua carreira?

Não tenho nenhum jogador preferido no mundo do Rugby. Acho apenas que a dedicação e empenho da equipa sénior portuguesa é um exemplo de que o esforço é sempre recompensado e penso que este deveria ser um modelo a seguir para todos os jogadores de rugby portugueses.

4 – Qual foi o momento mais marcante no teu percurso desportivo?

Fui eleita por outras jogadoras de outras equipas a melhor jogadora em campo num torneio em que participei e fui chamada a alguns treinos da selecção. Foram momentos que me deixaram orgulhosa e que provam que uma pessoa consegue sempre superar as suas expectativas e objectivos.

Fotografia de António Simões dos Santos
Fotografia de António Simões dos Santos

5 – Que mensagem gostarias de transmitir aos outros jovens que estão a começar nesta modalidade?

Acho que esta modalidade é de uma grande camaradagem e devem apostar nela se querem fazer grandes amizades. O rugby é também um desporto que tem lugar para todos os tipos de pessoas – altos, magros, baixos – o rugby tem uma grande diversidade de posições no qual todos os tipos de corpos se adequam, e onde ninguém é excluído. Fiz grandes amigas na minha equipa que sei que vão continuar na minha vida, jogando rugby ou não.

6- E no futuro? Gostavas de apostar no Rugby a nível profissional?

O Rugby neste momento é o meu desporto, o meu “hobby”. A minha prioridade é acabar o meu mestrado e o rugby é algo que me ajuda a descontrair. O rugby profissional a nível feminino ainda é muito prematuro, por isso não tenciono fazer do rugby a minha profissão.

7- Qual a tua opinião sobre o Rugby Feminino em Portugal?

O rugby feminino evoluiu imenso desde que entrei no rugby. Quando comecei a jogar, as equipas existentes eram muito poucas. Agora são para mais de 20. A divulgação tem sido enorme e depois de se passar o preconceito de que só os homens podem jogar este jogo, o rugby feminino ganha outra forma e outra importância. Ainda não está repleto de apoio nem pouco mais ou menos, mas tenho esperança que venha a evoluir cada vez mais.

8- Achas que o Rugby Feminino tem o apoio merecido por parte da Federação e de patrocinadores?

Penso que tem tido cada vez mais apoio, no entanto não o suficiente. Muitas marcas não se querem associar a umas miúdas a jogar rugby, por preconceito. Quanto à Federação, penso que têm feito o seu melhor. No entanto, há ainda muitas coisas a melhorar, tais como garantir a presença de árbitros oficiais em todos os jogos de rugby femininos.

Voleibol e o físico

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cab Volei

Para aqueles que pensam que voleibol é só passar a bola para o outro lado da rede: não é bem assim. Como é óbvio, penso que os leitores dos meus artigos sobre a modalidade terão uma ideia mais concisa do que é o voleibol – mesmo sem grandes conhecimentos técnicos.

Ao longo dos últimos anos, a formação que obtive como treinador e mesmo como atleta tem vindo a dar-me conhecimento de um patamar de preparação que muita gente desconhece que é necessário para se ser bom jogador. Além de ser essencial para ter as aptidões suficientes para se ser eficaz em campo, a preparação física de um jogador de voleibol é um ponto a favor na saúde de cada um e em questões como a postura ou o ganho de massa muscular.

Core. De que se trata esta palavra, afinal? Core, ou mais precisamente a preparação física do core ou treino de core, é o fortalecimento do tronco no geral e a capacidade que os nossos membros inferiores têm de nos suportar (tendo o exemplo da posição-base na receção em campo).

Um jogador de voleibol tem uma preparação física muito exigente e o tronco em geral tem de estar fortalecido para movimentos de cariz muito exigente a nível físico. No movimento de ataque os ombros fazem uma rotação no ar que capacita os jogadores a colocar a bola na zona do campo desejada, por exemplo.

A situação de bloco também é essencial, no aspeto de o corpo estar suficientemente rígido de forma a blocar bolas que atingem velocidades surpreendentes em situações de ataque e nomeadamente nas divisões profissionais.

Um jogador de voleibol não faz propriamente ‘maratonas’, como talvez um jogador de futsal, para quem será necessária essa preparação física dos membros inferiores. Ao contrário daquilo que se pensa, é importante também alguma preparação nesse âmbito – afinal são as pernas que suportam o tronco/core em geral, que é constantemente fortalecido treino a treino. Mas será que é sempre assim? Será que os que estão ligados ao voleibol em geral no país e não têm só esta noção optam por esta preparação?

Procuro sempre dispor deste treino mais físico desde os escalões mais baixos na formação (iniciados, por exemplo) com o nível certo, adaptado às idades e capacidades.

O voleibol revitaliza a mente – aqueles que o praticam e entendem os constantes arrepios que um bom remate-ponto dá, ou o bloco que fechou um set, entendem. O corpo também recebe muitos pontos a favor. Um jogador de voleibol, se receber esta preparação do core correta, terá melhorias na sua postura e terá, com certeza, níveis de saúde desejados. Nos últimos anos há uma série de exemplos de treinos específicos e mesmo material  de apoio criado para o efeito – especificamente na preparação dos jogadores de voleibol.

Euro 2014: momento de grandes decisões

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cab andebol

O Europeu de Andebol de 2014, que está a decorrer na Dinamarca, entra agora no momento decisivo. Portugal ficou mais uma vez de fora (não se apura desde 2006) e as grandes ausentes desta edição são a Eslovénia e a Alemanha. Ao longo da última semana grandes equipas foram caindo – caso da Islândia, da Suécia, da Hungria, da Polónia ou mesmo da Sérvia, finalista vencida em 2012. Restam agora as quatro melhores. As meias-finais jogam-se hoje, e irão oferecer-nos um Dinamarca-Croácia e um França-Espanha. Olhemos um pouco para cada uma das selecções resistentes:

 

Dinamarca:

São os campeões europeus em título e ficaram em 2º lugar nos dois últimos Mundiais. Querem por certo fazer valer o factor casa para revalidar a conquista de há dois anos. Equipa muito bem organizada e bem orientada por Ulrik Wilbek, tem confirmado aquilo que se espera dela: uma grande força colectiva aprimorada pela presença de Mikkel Hansen, (melhor jogador do mundo em 2011), um lateral-esquerdo com remate fácil e uma visão de jogo notável, que marcou 9 golos à Áustria, 6 à Espanha e já fez 36 assistências. Para além de um ponta direita temível (Hans Lindberg, que marcou 6 golos à R. Checa), a Dinamarca tem ainda no elástico guarda-redes Niklas Landin (39% de eficácia) outra das suas principais figuras. Os jovens Mads Larsen e Casper Mortensen asseguram à equipa um futuro radioso, tendo este último aproveitado a lesão de Anders Eggert para se assumir como uma estrela em ascensão na ponta esquerda – apesar de agora lhe ceder o lugar de forma natural. Nota ainda para o pivot Rene Toft Hansen e para o central Bo Spellerberg, que este ano já defrontaram o Porto para a Liga dos Campeões (o primeiro pelo gigante Kiel, o segundo pelo Kolding, num jogo que resultou numa vitória histórica para os dragões). A Dinamarca é a única equipa só com vitórias.

 

Croácia:

Os homens de Slavko Goluža têm encarado a era pós-Ivano Balić (melhor jogador do mundo em 2003 e 2006) com seriedade suficiente para não saírem da ribalta europeia, mas é claro que a grande qualidade da equipa também ajuda. O extremo-direito da equipa polaca do Kielce, Ivan Čupić (6 golos à Bielorrússia e a Montenegro), é uma das figura de proa desta selecção, que tem no robusto pivot do PSG Igor Vori outro dos rostos mais emblemáticos – ainda que este apenas contra a Rússia se tenha exibido ao seu nível. O central Domagoj Duvnjak, campeão europeu de clubes pelo Hamburgo no ano passado (6 golos à Suécia e à Polónia, 27 assistências), e o lateral e ponta direitos Marko Kopljar (7 golos à França) e Zlatko Horvat (6 golos à Bielorrússia e à Polónia e 7 à Rússia) conferem bom poder de fogo a uma equipa que perdeu por apenas 2 golos (27-25) com a França. Para além de Čupić há uma série de outros atletas do Kielce, clube que também já defrontou o Porto este ano. A Croácia apresenta um andebol de transições rápidas e preserva toda a escola jugoslava, sendo a maior representante desse ex-país balcânico. Apesar de, neste momento, não ficar a dever nada a outras grandes selecções, a sua única conquista internacional foi o Mundial de 2003, disputado em Portugal.

 

Dinamarca, Croácia, França ou Espanha: qual destas selecções irá alcançar a glória / Fonte: Eurohandball.com
Dinamarca, Croácia, França ou Espanha: qual destas selecções irá alcançar a glória? / Fonte: Eurohandball.com

 

França:

Os franceses já não têm Dinart nem os irmãos Gille, mas continuam a ser dos mais fortes candidatos à vitória. O currículo recente dos bleus é impressionante: venceram os Europeus de 2006 e 2010, os Mundiais de 2009 e 2011 e ainda os Jogos Olímpicos de 2008 e 2012. Quererão decerto corrigir a eliminação nos quartos-de-final do Mundial do ano passado, e têm armas para o fazer: para se ter uma noção do poderio francês, esta selecção conta nas suas fileiras com 3 jogadores que já foram eleitos os melhores do mundo – Nikola Karabatić, Thierry Omeyer e Daniel Narcisse, respectivamente em 2007, 2008 e 2012. O percurso da França até agora teria sido imaculado, não fosse a derrota contra a Suécia (28-30, num jogo em que, por já estar apurado, Claude Onesta rodou a equipa). Agora, o histórico guardião Omeyer (48% de eficácia frente à Croácia), o lateral e ponta esquerdos William Accambray e Michaël Guigou (os três jogam no colosso Montpellier, que irá defrontar o Sporting em Fevereiro para a Taça EHF), o fantástico extremo-direito Luc Abalo, o experiente central Daniel Narcisse (ambos do PSG) e o pivot Cédric Sorhaindo terão de mostrar o que valem para voltarem a alcançar a glória. A cereja em cima do bolo é o central do Barcelona Nikola Karabatić (8 golos à Polónia, 7 à Croácia, 28 assistências na prova), talvez o melhor andebolista da actualidade. Destaque ainda para a exibição de Guillaume Joli frente à Sérvia, (10 golos e uns incríveis 100% de eficácia na vitória (28-31) da sua equipa).

 

Espanha:

A extinção do At. Madrid e do San Antonio no último ano fez com que jogadores como Hombrados, Aguinagalde e Cañellas se vissem obrigados a mudar de clube. Mas se, actualmente, a Liga ASOBAL é um passeio do Barcelona, esses problemas de sustentabilidade e de competitividade não se estendem à selecção. Os comandados de Manolo Cardenas são os campeões mundiais em título e querem rectificar o 4º lugar do último europeu. A Espanha continua com um núcleo duro de jogadores muito fortes, e para já está no bom caminho. O central Joan Cañellas (agora no Hamburgo) e o extremo-direito do Barcelona Victor Tomas estão em grande forma e são, respectivamente, o 4º e o 5º melhores marcadores do Europeu, com 32 e 29 golos (42% e 40% de eficácia). O guarda-redes José M. Sierra conta com 37% de eficácia (50% contra a Noruega e 41% com a Macedónia), numa equipa onde Jorge Maqueda, lateral-direito de grande futuro, tem mostrado a sua valia defensiva. Ainda assim, a derrota (31-28) com a Dinamarca deixa talvez antever uma ligeira vantagem para o lado da equipa anfitriã caso estas duas selecções se voltem a encontrar. Isto apesar da final do Mundial do ano passado ter terminado com uma vitória folgada da Espanha (35-19).

 

Se tivesse de fazer um prognóstico para apontar o novo campeão europeu, ou escolheria a Dinamarca (pelo factor casa e pela forma de Hansen) ou a França (pela enorme qualidade da equipa). No entanto, o melhor é mesmo esperar pelos jogos de hoje e de dia 26 para ver quem merece mais ser coroado como novo campeão do andebol europeu. Qualquer das quatro equipas tem uma palavra a dizer.

Acabou a primeira volta da LPB

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cab basquetebol nacional

Depois de algum tempo de ausência volto à escrita e desta vez dedico-me à análise da Liga Portuguesa de Basquetebol. Numa modalidade mergulhada na incerteza, devido às condições financeiras e materiais que se estão a deteriorar de ano para ano, a principal competição do basket português têm-se ressentido da falta de competitividade dos clubes.

Com a realização da 10ª jornada, a LPB chegou a metade da fase regular. Na atual tabela classificativa encontramos normalidades, surpresas, renascimentos e uma dura realidade. As grandes surpresas (e pela negativa) foram a desistência da Académica e o penúltimo lugar ocupado pela histórica Ovarense. Uma prova onde o Benfica é o líder natural com 9V e 1D, tendo sido derrotado apenas na deslocação ao reduto do Vitória de Guimarães. A luta pela conquista do campeonato parece estar confinada a Benfica e Guimarães. Nem tudo é mau neste caos que o basket nacional está mergulhado, os poucos meios financeiros fazem com que as equipas apostem em jovens da formação que ganham assim desde tenra idade, a experiência competitiva que muitos noutros tempos não tiveram a oportunidade.

Supertaça 2013: Benfica vs Guimarães @FPB
Supertaça 2013: Benfica vs Guimarães
Fonte: @FPB

No final da primeira volta foram 3 os jogadores portugueses que se destacaram entre os melhores, são eles: o veterano Nuno Marçal (Maia Basket) que em 9 jogos disputados alcançou 7 duplos-duplos, o base Miguel Minhava do Galitos Barreiro e o conceituado e irreverente extremo do Benfica João “Betinho” Gomes. Ao nível dos americanos têm-se destacado os postes Aaron Fuller da Oliveirense (MVP da última jornada com 24 pontos, 18 ressaltos (9 ofensivos), 3 roubos de bola e 1 assistência) e Alan Anderson do CAB Madeira, e o base do Sampaense, James Smith.

A surpreender pela positiva tem estado o Algés, tenho curiosidade para ver o que esta equipa recheada de bons talentos nacionais pode alcançar este ano, estão neste momento na luta por um lugar nos playoffs, André Martins orienta uma equipa onde está bem patente mistura entre jogadores veteranos e com muitos jogos da LPB e Internacionais como João Santos e Francisco Jordão e Rui Quintino, com a juventude de jogadores como os bases Francisco Amiel e Henrique Piedade (17 anos) e Diogo Correia (23 anos) que já conquistou vários títulos tanto ao nível da formação pelo Queluz e Benfica como mais recentemente sagrou-se campeão nacional pelo Porto.

A luta pelos playoffs está ao rubro e promete ser disputadíssimo até à última jornada, e prometemos que iremos acompanhar essa disputa todas as semanas aqui no Bola na Rede.

DesfaSADa do tempo

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dosaliadosaodragao

Habituámo-nos a olhar para o FC Porto e a vislumbrar como a base de todo o imenso sucesso das últimas décadas (sobretudo) uma organização directiva plenamente definida, estruturada e assente na figura maior do seu Presidente, Jorge Nuno Pinto da Costa. Não sou eu que o digo, aliás; todo o profissional que envergou a camisola dos Dragões tece, a cada entrevista, rasgados elogios àquilo que mais comummente se qualifica de “Estrutura” do actual tri-campeão nacional.

Todavia, nem este mar é todo azul nem o universo FC Porto é todo cor-de-rosa. Se inquestionável continua a ser a liderança de Pinto da Costa – por mais que os rivais falem em ditadura, plesbicito ou democracia especial, sempre desprezando que é, precisamente, Pinto da Costa a maior das suas dores de cabeça (basta atentar na necessidade aguda que o Presidente do Sporting demonstra em comentar entrevistas e declarações do líder dos Dragões) e o construtor de um império de vitórias –, a verdade é que, do meu ponto de vista, a Estrutura tem falhado (ou, pelo menos, tem estado mais exposta a riscos) do que em momentos anteriores.

Qualquer análise requer factos e, deste modo, vários são os exemplos que podem ser apontados de uma gestão menos consentânea com aquilo a que o FC Porto, ao nível da sua organização e planeamento, nos foi acostumando. À cabeça, o ‘caso Marat Izmailov’. O russo está verdadeiramente desaparecido em combate: não é visto a treinar no Olival há uma data de meses e, por entre a versão oficial de que continua a “tratar de assuntos pessoais”, muito se tem especulado e muitas versões e teorias têm vindo público. A verdade é que a situação se arrasta sem um fim à vista, com todo o prejuízo para uma equipa e um plantel que se viram privados, desde cedo, de um elemento que se adivinharia útil para atacar esta temporada. Mais do que isso, nunca ninguém ligado à cúpula portista veio a terreno esclarecer (no mínimo, os sócios e adeptos mereciam mais do que o risível e repetido boletim oficial diário) o que, de facto, se passa com o internacional russo e o porquê da sua (eterna?) ausência. Algo nunca visto em momentos anteriores.

Marat Izmailov. A última aparição data de 22 de Setembro de 2013.  Fonte: Reflexão Portista
Marat Izmailov. A última aparição data de 22 de Setembro de 2013.
Fonte: Reflexão Portista

Por outro lado – e voltando a um ponto que já cheguei a tocar neste mesmo espaço –, o plantel desta época parece ter sido construído de forma primária, acabando por ser desequilibrado. Desde logo dois factos: para além de metade da época ter sido jogada apenas com um verdadeiro extremo (Varela), as laterais (com Danilo e Alex Sandro) tiveram e têm um défice de alternativas. Aqui importa relembrar Fucile – a SAD portista não soube gerir este dossier; o uruguaio foi afastado por Vitor Pereira, regressou com Paulo Fonseca mas está de novo fora das contas. Mais do que ter sido um jogador problemático e com pouco rendimento desportivo nas últimas épocas, é hoje um atleta em final de contrato e acabará por sair sem qualquer retorno ao nível financeiro. E tão diferente que poderia ter sido se lembrarmos que Fucile tinha a cotação em alta logo após o Mundial de 2010. Semelhante raciocínio vale, aliás, para a situação de Rolando, outrora patrão da defesa do FC Porto. Ou ‘Cebola’ Rodriguez. Três jogadores que, em determinado momento, aliaram a um rendimento desportivo bastante interessante a possibilidade de uma mais-valia financeira e que acabaram ou acabarão por sair – advinha-se – s€m honra n€m glória.

Retomando o fio da actualidade e o problema dos corredores do FC Porto ao nível ofensivo, não deixa de ser impressivo que a SAD (e, aqui, talvez também Paulo Fonseca) tenha desprezado um prodígio argentino – ainda que com muito por onde crescer – que em Itália dá provas do seu potencial e desperta a cobiça de alguns emblemas importantes ao mesmo tempo que resgata um trintão com muita magia mas sem ritmo de jogo. Em suma, Iturbe por Quaresma – não que o ‘Harry Potter’ não esteja a ser uma verdadeira lufada de ar fresco (e a surpreender-me) no jogo sem soluções do actual Dragão; a verdade é que a solução encontrada se não apresentava risco de uma perspectiva financeira, em termos desportivos foi (e é) uma cartada perigosa: esperar e desejar que Quaresma venha dar a magia, acutilância e capacidade no 1×1 de que o FC Porto necessita após a gorada contratação de Bernard. Numa palavra, a SAD falhou Bernard, ignorou Iturbe, delineou um plantel coxo e num acto mais de fé do que de racionalidade fez regressar Quaresma.

Juan Iturbe. Ainda irá o argentino a tempo de brilhar no Dragão?  Fonte: minutouno.com
Juan Iturbe. Ainda irá o argentino a tempo de brilhar no Dragão?
Fonte: minutouno.com

Neste contexto, podemos ainda falar da contratação de Diego Reyes. O central mexicano tem um futuro brilhante à sua frente, não tenho dúvidas; mas não teria sido mais prudente, num plantel com, na altura, Maicon, Otamendi, Mangala e Abdoulaye, canalizar o montante despendido (num total de 9M€) no reforço de outras posições (já anteriormente enunciadas) mais carecidas? Como não seria possível e aconselhável capitalizar o excelente rendimento de Walter no Goiás através de uma transferência, já que o brasileiro dificilmente voltará a ter oportunidade no FC Porto? E a solução para Kléber – outrora um ponta-de-lança muito promissor e apreciado em diversos pontos mas hoje encostado na equipa B – não poderá passar por algo diferente do que a desvalorização total do atleta tão previsível perante o actual cenário? Noutro tempo talvez as respostas, para o adepto portista, fossem mais óbvias…

É certo que os Tomás Costas e os Predigers desta vida continuarão a existir; é impraticável que um clube tenha uma taxa de sucesso incontestável no que diz respeito a contratações e decisões a nível de mercado. Mesmo perante estas premissas, a percentagem de acerto do FC Porto é, ainda, bastante respeitável – há poucas equipas a vender pelos números dos Dragões (Moutinho, Hulk, Falcão e James são os exemplos mais recentes). Agora, e não obstante este facto, muito discutíveis têm sido as opções tomadas por quem dirige o Dragão desde o topo nos últimos anos. Ou melhor, mais discutíveis do que anteriormente. Cingindo-me apenas às quatro linhas, Sapunaru, Belluschi, Janko, Miguel Lopes, Liedson ou Atsu – para além dos anteriormente citados – são tudo exemplos de recursos humanos que, contratados, vendidos, trocados ou dispensados, foram consequência de um pensamento que invadiu os escritórios do Dragão: o de que, hoje, o mínimo indispensável para ganhar chega. Talvez seja momento de a Estrutura recuperar aquele pressuposto a partir do qual construiu um FC Porto vencedor: aqui só podem mesmo estar os melhores. Em qualquer que seja a área ou departamento.

Depois da tempestade, vem a ____ (preenche, Jorge)

benficaabenfica

Depois do humilhante final da temporada passada, todo o mundo benfiquista parecia desmoronar-se aos nossos olhos. Se o Ke… Kelv… Kelvin e o Ivanovic aceitámos como azar, o Jamor foi a estocada final nas piores duas semanas de benfiquismo de que tenho memória (provavelmente, em 2040 irei repetir estas palavras). Tínhamos batido no fundo, da forma mais sádica possível. Se as duas primeiras perdoei a Jorge Jesus – o azar faz parte –, a terceira nem pensar. Parecia de propósito. Jorge Jesus tinha de ter saído no próprio dia dessa mesma final, tal foi o insulto aos valores do clube.

Veio o verão e, com ele, a marginalização de Cardozo e mais uma renovação milionária para Jorge. Chegaram reforços de inegável qualidade e nenhum jogador foi vendido, porque esticar o buraco financeiro até ao máximo é o caminho a seguir pela dupla de derrotados Vieira-Jorge. Depois de uma pré-época aos trambolhões e a dar sinais evidentes do distanciamento entre o plantel e o treinador, a época começou de uma forma catastrófica. Perdi a conta às vezes em que Jorge foi salvo no limite. Ah, no meio disto tudo, o Cardozo foi reintegrado, para bem do Benfica. Ironia do destino, quantos golos de Cardozo nesta temporada foram fundamentais para Jorge ainda cá estar hoje? É um dos méritos que consigo dar a este treinador: a bem ou a mal, jogando melhor ou pior, com ou sem nota artística, consegue superar as fases menos boas e disfarçar aquilo que está à vista de todos. Mas o sonho demagogo de chegar à final da Liga dos Campeões na Luz trocou-lhe as voltas. A ele e a Vieira, que teve de despachar Matic a preço de saldo. Já não bastava termos ficado atrás dos poderosos Lyon e Celtic, juntou-se o Olympiacos à lista. Tentemos esquecer mais esta mancha no nome do Benfica, acompanhada de discursos – que já abordei anteriormente – dignos de um clube sem ambição e cultura de vitória.

Cardozo acredita...e os restantes? Fonte: gianlucadimarzio.com
Cardozo acredita…e os restantes?
Fonte: gianlucadimarzio.com

Esquecendo a triste prestação europeia, a verdade é que, a nível interno, estamos muito bem. Aproveitando um Porto completamente apático (à sexta jornada, tinha cinco pontos de avanço!), ninguém ousava sonhar estar em primeiro lugar no final da primeira volta. A triste partida de Eusébio uniu-nos em redor de uma vitória que pode ter sido fundamental para o virar de página definitivo e afastar os traumas que 2012/13 nos deixaram. O jogo que se aproxima frente ao Sporting poderá ajudar a definir os contornos que esta época terá e a perceber como se adapta a equipa à ausência de Matic. Peço a Jorge que se deixe de goleadas loucas e de nota artística. Só queremos ganhar, pouco importa como. Bem sei que este “só” é muito grande, por aquilo que tem mostrado ao longo destes quase cinco anos. Gostava de acreditar que, depois da tempestade, virá a merecida bonança. Mas também dizem que não há duas sem três. Ou que à terceira é de vez…

Pressão Colchonera

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cab la liga espanha

No início do ano, falei, neste mesmo espaço, sobre aquilo que poderá ser a segunda fase do campeonato espanhol.

Nesse texto, um dos protagonistas foi o Atlético Madrid, cuja prestação tem encantado tudo e todos. Sucintamente, referi que os colchoneros, apesar do bom futebol, do excelente treinador e da mentalidade positiva, dificilmente seriam campeões. A razão? Estofo. Ou, neste caso, falta dele.

Neste momento, o campeonato espanhol encontra-se na 20ª jornada, estando o Barcelona e o Atlético Madrid colados (como estiveram, praticamente, até ao presente) na frente da tabela, com 51 pontos. Durante estes 20 jogos, o Atlético Madrid teve três oportunidades para descolar dos rivais e isolar-se no primeiro lugar. Em nenhuma das três tentativas, os homens de Diego Simeone mostraram estofo e capacidade para assumir a imensa pressão de liderar uma liga tão forte como a espanhola.

Ao analisarmos os três jogos de que falei, é fácil perceber que o Atlético Madrid sentiu (e muito) essa pressão extra. Ora, vejamos:

A primeira oportunidade surgiu à 9ª jornada, no dia 19 de Outubro de 2013. À entrada para esta ronda, o Barcelona e o Atlético Madrid estavam no topo da classificação, com 24 pontos e oito vitórias em oito jogos. Surpreendentemente, o Barcelona acabaria por ceder um empate na deslocação ao Osasuna, e o Atlético Madrid entrava no jogo frente ao Espanyol com a possibilidade de ganhar dois pontos de vantagem ao rival. O cenário positivo não se confirmou, e o Atlético Madrid abandonaria o Cornellà-El Prat com a primeira derrota da temporada (1-0). No final dessa partida, Diego Simeone, visivelmente frustrado, diria, na flash-interview, a polémica frase que ocupou parte das capas dos jornais desportivos no dia seguinte: “a Liga espanhola é aborrecida”. Ainda que o estado emocional possa ter tido muita influência nas declarações do treinador argentino, eu sou obrigado a discordar, uma vez que, este ano, a Liga BVVA tem sido tudo menos aborrecida. A verdade é que, por muito que doa a Simeone, o Atlético Madrid não mereceu ganhar a partida frente ao Espanyol. Foi uma equipa nervosa e sem ideias de jogo suficientemente fortes para bater uma das melhores defesas do campeonato. O empate talvez tivesse sido justo, é verdade, mas a derrota foi o espelho e a consequência da inquietação dos colchoneros.

Para ter uma nova oportunidade de se isolar no primeiro lugar, o Atlético Madrid teria de esperar até Janeiro deste ano; foi no passado dia 10 que Atlético Madrid e Barcelona protagonizaram um dos clássicos mais esperados dos últimos anos. Com 49 pontos somados por ambas as equipas, o Atlético tinha, à 19ª jornada, a oportunidade de deixar o Barcelona a três pontos de distância. Mais uma vez, não conseguiram. Simeone até arriscou bastante ao colocar Diego Costa e David Villa na frente de ataque, mas a mensagem de confiança por parte do treinador não surtiu efeito nos jogadores, que falharam várias ocasiões de golo. De facto, o Atlético foi melhor em quase todos os setores e momentos do jogo, mas, face a um Barcelona que respeitou demasiado o rival, pecaram na eficácia.

 

O clássico foi muito disputado Fonte: Lancenet
O clássico foi muito disputado
Fonte: Lancenet

 

Se, na primeira vez, o Atlético teve de aguardar quase três meses por uma nova oportunidade para ultrapassar o Barcelona, desta feita, os colchoneros foram presenteados com uma nova chance logo na jornada seguinte. Depois do clássico, o Barcelona deslocou-se ao terreno do Levante e, já com Messi recuperado da lesão que o afastou da equipa por vários jogos, o melhor que os catalães conseguiram foi um empate. Por incrível que pareça, o Atlético Madrid voltou a entrar em campo com o conhecimento de que uma vitória significaria o primeiro lugar isolado. A jogar no Vicente Calderón, perante o seu público, o Atlético Madrid sucumbiu novamente à pressão e cedeu novo empate (1-1), frente ao Sevilla. É realmente incompreensível a forma como o Atlético não ganha um jogo que até começou da melhor forma possível, uma vez que, aos 18 minutos do primeiro tempo, os colchoneros já venciam, com um golo de David Villa. Porém, o resto da partida ficou marcada pelo desperdício (mais uma vez) dos jogadores da casa, que viram, aos 73 minutos, através de uma grande penalidade, Ivan Rakitic fazer o empate para o Sevilha. Se, até ao momento do empate, a clarividência não era uma mais valia no jogo do Atlético, a partir daqui, a equipa comandada por Diego Simeone revelou todo o nervosismo e cedeu à pressão.

Para quem quer ser campeão, o Atlético Madrid não pode ceder nestas situações. Aliás, quem joga no mesmo campeonato do Barcelona tem de aproveitar toda e qualquer situação de vantagem – que o diga o Real Madrid.

As grandes equipas revelam-se nos grandes momentos. É uma frase que, na minha opinião, sempre fez sentido. É nos momentos de pressão – leia-se decisivos – que os melhores jogadores e as melhores equipas provam a capacidade de se sobreporem a outras cuja habilidade é inferior.

Estará este Atlético Madrid a esconder na beleza e garra do seu futebol a insegurança de se assumirem como líderes e, porventura, como candidato em pé de igualdade aos dois gigantes espanhóis? Se realmente quer ser campeão, o Atlético Madrid tem de assumir para si mesmo, para os jogadores, equipa técnica e adeptos, que é nos momentos decisivos que se fazem os vencedores.