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Legionário

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brasileirao

Na Civilização Romana – talvez o Império com maior impacto de que há memória – havia uma estrutura. Políticos. Cidadãos. Escravos, também (infelizmente). Por falar em escravo, “12 Anos Escravo” é maravilhoso. E tudo o que o filme nos quer dizer vai para lá das palavras. Obrigatório. Continuando. Havia os legisladores: os homens das leis. E havia o exército: o grande pilar de sustentação dos tentáculos de Roma. Como uma principesca. Poderosa. Majestosa. Inexorável. Ninguém lhe escapava. A cruz indicava o final severo de uma vida interrompida contra vontade. E só no outro mundo se escapava da capital latina.

Legionários. Carne para canhão. Carne na mesa só em dia de festa. Patuscadas eram poucas. Somente nas orgias e nos massacres das guerras. De espada embainhada, escudo, uniforme e dispostos em quadrado (ou tartaruga, ou quincôncio, etc), lá partiam eles, para mais uma investida de extravasamento do Império. Conhecer mundos e dar universos. Iluminar os ensombrados.

Futebol? Alguns anos mais tarde. Isto a propósito de um “Estudo Demográfico”, documento elaborado anualmente pelo “Observatório do Futebol” (CIES Football Observatory). Na nossa Primeira Liga, dos 399 jogadores que iniciaram a época nas 16 formações presentes, 208 são estrangeiros. Realmente um campeonato com tamanho número de estrangeiros até pode confundir os olhos mais desatentos. Isto é, com tantos metecos , até parece outro país. Qual a nação mais representada? É o país da coluna semanal sobre a qual tenho jurisdição. Como um Romano. Obviamente que as contas têm de ser equilibradas. Não estou a defender um mercantilismo futebolístico desenfreado. Porém, simples regras. Como a utilização máxima de três ou quatro estrangeiros por onze inicial; quotas de forasteiros nas equipes. Entre outros. Mas quem sou eu para dar palpites? Diversidade também é boa. E falando o Brasil português, falamos todos a mesma língua. Pelo menos isso.

Já outros campeonatos não podem dizer o mesmo. É que os brasileiros são os estrangeiros em maior número, não só aqui, no “país mais bonito do norte de África”, como disse Chuck Berry (um dos percursores do rock) quando veio dar um concerto a este retângulo plantado à beira do Atlântico. Os irmãos de Vera Cruz são a maior Legião Estrangeira na Europa. Uma prova de que o futebol com samba tem mais encanto. Ou não. Mas eu prefiro dizer que sim. Os movimentos de ida agora já não são mais feitos só para cá. Mas também para lá. À medida que o tempo avança, o Brasil vai se afigurando como um gigante económico. E já consegue reter os seus maiores valores. Veja-se o caso de Neymar.

Batalhando em relvados alheios; uns melhor, outros… nem tanto, os habitantes da terra do pau cor de brasa impõem uma civilização. Exportam, de uma maneira ou de outra, uma fração de cultura do país. Se não é pela língua, pela escultura, ou pelo direito, pelo menos é por um público satisfeito e um estádio a aplaudir de pé. Depois é descansar, porque a vida espartana requer pouco lazer e muito sofrimento. Na semana seguinte toca a reunir tropas, pois vem aí outra guerra.

Rondo

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cab nba

Rondo. Um nome que, certamente, irá entrar na história da liga. Um base com um talento inegável.

Depois de quase um ano lesionado, o número 9 dos Boston Celtics regressou ao seu – mais que merecido – lugar. Estamos perante um atleta fenomenal que tem um impacto incalculável em todos jogos.

É um jogador que preenche as folhas de estatísticas, sendo capaz de ter “triplos-duplos” regularmente. Rouba a bola, marca pontos, agarra ressaltos, e é o comandante de toda a armada ofensiva da equipa lendária da cidade de Boston.

Depois do regresso tão aguardado desta estrela, Rondo parece estar de saída do plantel. Contudo, os adeptos aplaudiram imenso o seu retorno.

Ainda Rondo estava lesionado e a sua saída já era badalada pelos sites de rumores desportivos. No entanto, as equipas que, até agora, se mostraram mais interessadas e que mostraram os melhores argumentos para deterem os direitos de Rajon Rondo foram os Sacramento Kings e os Houston Rockets.

Analisemos a influência que este atleta iria ter em cada uma destas equipas acima referidas. Os Kings dariam, teoricamente, os bases Isaiah Thomas e Bem McLemore, Marcus Thornton, Jason Thompson e duas escolhas da primeira ronda no draft por Rajon Rondo. Se assim fosse, os Celtics teriam garantido dois bases para o futuro, e, juntando as trocas do início do ano com os Boston Celtics, um ataque aos draft do ano que se avizinha. Do lado dos Kings, teriam um cinco inicial formado por três estrelas: Rondo, naturalmente, Rudy Gay e DeMarcus Cousins.

Em princípio, e de acordo com as estratégias que ambas as equipas têm mostrado ter para o ano que vem, dum lado temos os Celtics em reconstrução e do outro os Kings, que se querem mostrar como uma equipa que possa fazer frente a uma conferência cheia de talento e a uma divisão que tem equipas como Lakers, Clippers e Golden State Warriors. Neste caso, ambas as equipas ficariam a ganhar.

Rajon Rondo é um das melhores bases da liga, da história dos Celtics, e discutivelmente, de sempre. É Completíssimo, um grande atleta e um dos melhores comandantes ofensivos. http://www.celticslife.com
Rajon Rondo é um das melhores bases da liga, da história dos Celtics, e discutivelmente, de sempre. É Completíssimo, um grande atleta e um dos melhores comandantes ofensivos.
Fonte: celticslife.com

Por sua vez, os Rockets ofereciam Jeremy Lin, Omer Asik e uma escolha na primeira da ronda do draft de 2014. Do lado dos Rockets, libertavam dois jogadores que aparentemente não fazem parte das contas: Lin, com um salário enormíssimo, e que ficaria tapado por Rondo, e Asik, jogador que tem vindo a ser relegado para um papel de reserva muito pouco utilizado. O plantel dos Rockets, com a chegada de Rajon Rondo, ficaria muito assustador, com Rondo, James Harden, o subvalorizado Chandler Parson, o jogador em ascensão Terrence Jones e o melhor poste da liga a nível ofensivo, e por três vezes considerado o melhor jogador defensivo, Dwight Howard.

Do lado dos Boston, as trocas seriam igualmente boas. No entanto, ao contrário do que receberiam na troca com Kings, garantiriam um base com provas dadas.

De qualquer forma, a presença de Rajon Rondo seria muito importante em qualquer plantel da liga, e, como tal, Danny Ainge, o director desportivo dos Celtics, tem muito em que pensar.

Este atleta não garante jogos com dúzias de pontos; é um jogador extremamente consistente, que defensivamente é único. Rouba bolas, garante blocos e é capaz de defender inúmeras posições e jogadores, graças à sua capacidade atlética.

Rondo já foi campeão por uma vez, All-Star por quatro, líder em assistências por duas e foi o jogador com mais roubos num ano. Todas estas estatísticas são extremamente redutoras, visto que ele é muito melhor jogador do que aquele que é apresentado através de uns meros números, por muito bons que sejam.

A sua presença numa arena pode fazer os fãs delirarem de alegria ou tremerem de medo. Quando em campo, a sua equipa parece que joga melhor. Visto isto, podemos ter a certeza de que, qualquer que seja a equipa que o garanta este ano e para os que sucedem, terá um dos plantéis mais assustadores da liga.

 

Desilusão e mais do mesmo

cab desportos motorizadosNo sábado, acabaram duas das mais míticas provas de desportos motorizados. Ambas marcadas por condições muito difíceis, apesar de os motivos serem diferentes: se, no Dakar, as temperaturas eram altíssimas, no Monte Carlo, a neve e gelo complicaram a vida a muitos pilotos.

Mas vamos começar pelo Dakar. Grandes expetativas ao ínicio e desilusão no final, parece a sina dos portugueses. A prova até começou bem, com Carlos Sousa a vencer a primeira etapa nos carros, mas, no dia seguinte, a viatura chinesa teve problemas e o piloto foi desqualificado por não ter cumprido a etapa toda. No mesmo dia, outro português foi também desqualificado. Francisco Pita tinha parado para ajudar Sousa e acabou por sair prejudicado também. Para terminar nos carros, Paulo Fiuza levou Orlando Terranova ao 5º lugar, e Filipe Palmeiro levou Martin Kaczmarski à 9ª posição.

Nas motos, onde havia mais hipóteses para os portugueses, as coisas não correram bem, apesar do 5º lugar final de Hélder Rodrigues. Na terceira etapa, Ruben Faria foi forçado a desistir devido a uma queda; duas etapas depois, foi Paulo Gonçalves que foi obrigado a abandonar, depois de a sua mota se ter incendiado. Ainda falando em abandonos, Victor Oliveira também saiu na 12ª etapa, quando seguia no 66º posto. Além da 5ª posição de Hélder, tivemos ainda mais três portugueses a terminar a prova nas motos. Pedro Oliveira foi o segundo entre os tugas, ficando no 24º posto. Bianchi Prata foi 29º e Mário Patrão foi 30º; foram boas prestações destes motards.

Nos camiões, os dois portugueses também terminaram. Velosa foi 45º, enquanto Martins se ficou pelo 48º lugar. Quanto aos vencedores, o Dakar premiou Marc Coma, Ignacio Casale, Nani Roma e  Andrey Karginov, em motos, quads, carros e camiões, respetivamente.

Ogier a lutar na neve. http://www.supermotores.net
Ogier a lutar na neve
Fonte: supermotores.net

No WRC, Ogier venceu o seu segundo Monte Carlo. A prova começou com Kubica na frente, mas, na terceira especial, Bouffier assumiu o comando. Ambos os pilotos pilotaram a máquina da M-Sport – Fiesta WRC – e conseguiram ser mais eficazes do que os pilotos da equipa oficial. Na nona PEC, Ogier assumiu o comando e não mais o largou, confirmando que vai ser o piloto a bater nesta temporada. Bouffier terminou a prova na segunda posição e Kris Meeke em terceiro. Tivemos, assim, um pódio com três marcas diferentes.

A Hyundai não teve a estreia que esperava, pois Neuville desistiu por acidente logo na primeira especial, e Sordo foi forçado a desistir na quinta por problemas na bateria do seu i20 WRC. Não posso terminar este artigo sem falar do novo Sébastien. Chardonnet é, cada vez mais, um valor já seguro. Ao volante de um DS3 R3T, terminou em 11º à frente de carros muito mais potentes e mostra valor mais do que suficiente para ser campeão do mundo no futuro.

Hic Svnt Leones

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Núcleo Semanal

De cerveja na mão, com um amigo que fiz através do grupo, dava mais uma volta pela sala. Senti que era a centésima, mas havia sempre tanto para ver. Vasculhava as paredes de alto a baixo, sem conseguir vislumbrar um único ponto de tinta branca, tantos eram os cachecóis, camisolas e fotografias penduradas. “Filipe, o que quer isto dizer?”

Parei à frente de uma que me chamou particularmente a atenção. Já tinha visto aquela frase tanta vez sem nunca saber o seu significado. Agora, deparava-me com ela na fotografia de uma tarja da Torcida Verde, na «casinha».

Não foi o Filipe que me respondeu. Prontamente se virou para trás o chefe da claque, que falava com outro membro. “«Hic Svnt Leones»? Significa «Aqui há Leões». E esta aqui – apontou um pano gigante de um leão, exatamente por baixo da tarja na fotografia – é uma bandeira que oferecemos a uma claque com quem temos amizade. Não cabia no nosso setor, então oferecemos-lhes”.

claques
Foi o primeiro minuto de conhecimento de uma hora que se encheu de histórias ultras: a dos italianos, fãs de basquetebol, que como claque trabalharam para reerguer um clube falido e com jogadores amadores o devolveram aos escalões profissionais; a das inúmeras amizades leoninas com outras claques como a da Fiorentina, Hammarby e Rapid Viena; a que pairava por detrás do pó de cada foto, umas em Celtic Park com os Leões de Portugal, outras em Dortmund com os fanáticos adeptos do Borussia. Naquelas paredes estão penduradas décadas de história para contar e os que perdem uns minutos a descrevê-la deixam transparecer nos olhos o brilho de um grande amor.

Na semana anterior tinha ali levado o meu pai, como já antes levei o meu irmão, namorada e amigos, tanto àquela «casinha» como a outras de Alvalade. Quando saí, disse-lhe “são pessoas normais, vês?”. Respondeu-me com um “oh, claro!”, como se fosse a verdade mais absoluta deste Mundo. Infelizmente, não é. Dói-me ver a facilidade com que a ignorância leva as pessoas a atacar as claques. Eu, por estar de pé na bancada a gritar pelo clube que amo, sou apelidado de delinquente, criminoso e de pessoa que incita à violência quando, na verdade, os únicos desaguisados que tive na vida foram com o meu irmão, em miúdo, por termos mau perder no PES.

Não me venham dizer que eu sou uma exceção. Não! Eu sou a regra! Os delinquentes sim, são as exceções que nos confirmam como regra. Não nego que haja pessoas com objetivos condenatórios no seio das claques. Mas há nas claques como há em todos os grupos – seja nas associações de estudantes ou em simples conjuntos de amigos. Desde os meus 15 anos que vejo os jogos do Sporting no seio dos grupos organizados, tanto em casa como fora, e posso dizer que hoje, com 21 anos, vi mais pancadaria nos jogos do Atlético da Malveira que no meio da Juventude Leonina. E não, não foram encapuzados com tochas na mão, mas «senhores» de camisa, sapatos de vela e chaves de um Mercedes no bolso.

Como diz a maior e mais antiga, “isso que diz toda a gente, que somos violentos e somos delinquentes, não lhes faço caso, vou a todo o lado”. Porquê? Porque todos queremos ter aquele brilho nos olhos, daqui a uns anos, quando tivermos centenas de histórias para contar. Porque desejamos trocar de cachecol com um adepto do Celtic em plena Escócia. Porque aqui há leões. Hic Svnt Leones. Sempre.

Há jornadas assim

cab hoquei

Há dias menos bons para o hóquei português, e o passado fim-de-semana foi um desses dias. Em fim-de-semana de provas europeias, os resultados não foram os melhores para alguns, dois clubes foram mesmo eliminados, mas nada ainda está perdido.

Costuma dizer-se que à terceira é de vez. Mas, desta vez, foi à quarta. Depois de três derrotas frente ao Benfica, o Vendrell derrotou o Benfica à quarta tentativa. No Pavilhão da Luz, o Benfica até entrou melhor, com um golo de Diogo Rafael, aos 17 minutos, mas um guarda-redes do clube espanhol bastante inspirado impediu o Benfica de aumentar a vantagem. Como um azar nunca vem só, num minuto o Benfica deixou de estar a ganhar para estar a perder por 2-1. O Benfica fez tudo para empatar, chegou a atirar uma bola ao poste, mas quem foi feliz foi o Vendrell, que, nos minutos finais, marcou o terceiro. Foi um jogo infeliz para o Benfica, que não teve a sorte do seu lado. Com este resultado, os campeões europeus dividem a liderança com os espanhóis, mas a hipótese de acabar em 1º lugar ainda não está perdida.

Quem também não foi feliz foi a AD Valongo. Num jogo com alguma polémica, os líderes do campeonato perderam, na Corunha, frente ao Liceo. Miguel Viterbo ainda colocou a formação portuguesa em vantagem, mas não impediu a derrota por 8-3, que deixa o Valongo em 2º lugar. Foi a primeira derrota da temporada, logo frente a um dos favoritos na prova. E não será esta derrota a manchar a boa imagem causada pelo surpreendente Valongo na Liga Europeia e a pôr em perigo o apuramento para a próxima ronda. Nada está perdido se o Valongo continuar a jogar como tem jogado. Este jogo também teve incidentes que em nada contribuem para o espectáculo que é o hóquei. Telmo Pinto sofreu um traumatismo craniano durante o jogo, um acto propositado, infeliz e sem razão, por parte dos jogadores do Liceo. Mas o Valongo respondeu na mesma letra, ao lesionar um jogador espanhol. Uma acção não justifica a outra e, onde o Valongo podia ter-se mostrado superior, desceu ao mesmo nível do Liceo.

Mas também houve bons resultados para os clubes portugueses na Liga Europeia. Porto e Oliveirense ganharam os seus jogos, que eram importantes para o futuro das equipas na prova. Os campeões nacionais garantiram o apuramento ao ganharem por 6-2 no terreno do SHG Herrigen. Ao contrário do que o resultado possa mostrar, foi um jogo complicado, principalmente na primeira parte, onde os alemães bateram o pé ao Porto, com os azuis e brancos a estarem a ganhar só por 3-2. Na segunda parte, o poderio dos comandos de Tó Neves veio ao de cima e o Porto venceu com naturalidade.

A Oliveirense também venceu o seu jogo. Era decisivo para as contas do apuramento e só a vitória interessava. Na recepção aos alemães do Iserlohn, os homens de Nuno Resende golearam por 8-1 e voltam a estar na luta pelo apuramento. A três pontos do líder, Valdagno, e empatado na segunda posição com o Reus, pede-se uma Oliveirense ao seu mais alto nível para conseguir o apuramento.

Na Taça CERS, só o Turquel é que sorriu. O Braga não conseguiu anular a derrota que sofreu, em Espanha, frente ao Noia, por 4-3, e voltou a perder em casa por 1-0. O mesmo aconteceu com o Óquei de Barcelos. Depois da derrota em casa por 5-3, frente ao Hockey Breganze, os barcelenses tinham a muito complicada missão de, em Itália, dar a volta ao resultado. Mas com outra derrota, por 6-4, despediram-se da Taça CERS. O único representante português em prova é o Turquel. Depois da vitória fora por 4-5 frente aos italianos do Follonica Hockey, em casa, conseguiram outra vitória, desta vez por 1-0, que bastou para se apurarem para os quartos de final. A esperança portuguesa na Taça CERS reside, portanto, no Turquel.

Turquel
Turquel, o unico clube português na Taça CERS
Fonte: http://www.hct.pt

Terminada a jornada europeia, é tempo de voltar as atenções para o campeonato. O Benfica venceu o Candelária por 5-2 e reduziu a distância para Porto e Oliveirense, com 30 pontos, e Valongo, com 33. O Benfica vs Porto está ai.

FC Porto: o que mudou em meia época?

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dragaoaopeito

A 18 de Agosto de 2013 jogava-se o Setúbal-Porto no Bonfim. Quinze jogos depois jogou-se o Porto-Setúbal no Dragão, com a equipa azul e branca a manter-se no 3ºlugar (a 3 pontos de Benfica e a 1 do Sporting) através de uma exibição bastante melhor do que aquela efectuada na 1ª jogada do campeonato.

Fazendo um paralelismo, em ambos os jogos são evidentes as diferenças encontradas na equipa de Paulo Fonseca:

Onze do Porto na 1ª jornada: Helton; Danilo, Otamendi, Mangala e Alex Sandro; Fernando, Defour e Lucho; Licá, Josué e Jackson Martinez.
Onze do Porto na 16ª jornada: Helton; Danilo, Maicon, Mangala e Alex Sandro; Fernando, Lucho e Carlos Eduardo; Varela, Ricardo Quaresma e Jackson Martinez.

Parecidos? Não. Não é que tudo tenha mudado, mas a verdade é que as dinâmicas da equipa alteraram-se por completo. Na defesa a única mexida foi a troca de Otamendi por Maicon. A explicação, já referida em outros artigos meus, é a sucessão de erros cometidos pelo central argentino em inúmeros jogos para o campeonato, Taça de Portugal e Liga dos Campeões, levando a que Maicon fosse aos poucos marcando pontos na competição por um lugar na equipa. O problema é que o novo titular da defesa do Porto também comete bastantes erros (no jogo contra o Setúbal obrigou a uma saída de Helton que teve como consequência um cartão amarelo para o guarda-redes brasileiro) e parece-me que até ao fim da época continuará a haver muita competição pelo lugar.

No meio-campo, além da provável inversão de triângulo, Defour foi saindo da equipa, cedendo o seu lugar a Herrera e, nos últimos tempos, a Carlos Eduardo. O centro-campista belga, sedento de estar no Mundial, não só está descontente no Porto como teceu algumas críticas ao campeonato português, sendo a sua saída do clube uma mera questão de tempo (possivelmente só em Junho, já que não há interesse por parte do seu empresário em emprestar o jogador).

Carlos Eduardo, que começou na B sem grande alarido (sempre se criticou o facto de Kelvin, Herrera e Reyes estarem no Porto B mas pouco se falou do médio brasileiro), aproveitou da melhor forma as oportunidades que lhe foram sido dadas por Paulo Fonseca, levando inclusive a que o treinador do Porto descesse Lucho e atribuísse a posição de (falso) 10 ao número 20 do Porto. Ainda que em jogos de maior dificuldade, nomeadamente contra Benfica e Sporting, tenha estado algo apagado, o brasileiro fez por merecer um lugar cativo no relvado no Dragão.

parabens lucho
El Comandante divide opiniões mas nunca corações
Fonte: FCPorto

Ainda no meio-campo do Porto, a prestação que Fernando Reges teve nas últimas 16 jornadas grita por uma renovação que tarda em chegar. Como já defendi noutras semanas, a prioridade desta renovação deveria anteceder qualquer outra e todos os portistas, jogo após jogo, pedem ao Presidente que algo seja feito. Quanto a Lucho Gonzalez, ultimo elemento cativo neste meio-campo e que completou 33 anos no passado Domingo, assumo existir um “conflito” entre Razão e a Emoção no que toca às suas prestações. Parece-me evidente que o seu nível exibicional baixou consideravelmente nas últimas jornadas; contudo, Lucho é sempre Lucho, e a sua saída no onze não me parece provável nas mãos de um treinador que teme efectuar qualquer decisão. Dada a escassez de soluções, acredito apenas que Josué, Herrera e Defour alternarão a titularidade em jogos das Taças, em que o argentino se sentará no banco para “descansar”.

No trio ofensivo, à excepção do intocável Jackson Martinez, que, ainda que tenha 20 jogos sem marcar vai manter a sua titularidade absoluta no plantel (mesmo existindo o argelino Ghilas, que nem nas Taças joga), as restantes posições alteraram-se por completo em comparação com a 1ª jornada do campeonato, com as saídas de Josué e Licá (é incompreensível que estes tenham sido os extremos do Porto) para as entradas de Varela e Quaresma.
Josué jogava fora da sua posição. O seu talento era claramente desaproveitado a falso-extremo e as suas exibições no meio-campo têm provado isso mesmo. Quanto a Licá, o esforçado ala português passou do “titular de Paulo Fonseca” a não convocado alguns meses depois, provavelmente as decisões mais estranha e mais correcta do treinador português.

Quaresma, o mal-amado de todos os que não gostam de futebol mas que apenas vêm as suas cores clubísticas, aquele a que todos apontam o dedo por tudo e por nada e cuja carreira reduzem a um ano no Dubai, chegou ao Porto há 15 dias e já agarrou o lugar, assumindo a responsabilidade e a iniciativa de várias jogadas individuais e colectivas nos últimos 2 jogos. Claramente ainda lhe falta maior entrosamento e melhor condição física, mas com o tempo tudo vai melhorar e, além da equipa e do próprio jogador, também Paulo Bento fica a ganhar (não neste momento, por enquanto) com mais uma opção para a selecção.

Lucho e Quaresma; Jackson e Carlos Eduardo: duas gerações portistas
Lucho e Quaresma; Jackson e Carlos Eduardo: duas gerações portistas
Fonte: FC Porto

Quanto ao “Drogba da Caparica”, Varela, parece-me poder fazer uma época ao nível da da conquista da Liga Europa. Passando a ter menor responsabilidade (Ricardo Quaresma passa a ser a “estrela” da equipa, aquele que tem mais “obrigação” desequilibrar), tem mais espaço e menos pressão para desenvolver as suas jogadas, podendo assim melhorar o seu nível exibicional ao longo da época e garantir o visto para o Brasil.

Por fim, importa ainda salientar o facto de em Agosto Kelvin andar pela B e Quintero se apresentar como a nova arma secreta do Porto e agora, em Janeiro, ser o brasileiro do minuto 92 que tem direito à titularidade em jogos da Taça e a 30 minutos no campeonato. O colombiano foi remetido pela equipa técnica para um estatuto de jogador quase dispensável, sendo que nem na Taça joga e apenas entra em jogo para figurar nas estatísticas da partida, estando numa situação completamente incompreensível.

Após mais de 150 dias do primeiro jogo contra o Setúbal, o Porto mudou, tendo aparentemente sido encontrado o melhor onze da equipa azul-e-branca à 16ª jornada. Contra uma apática equipa a jogar de “pantufas” (palavras do sábio Luís Freitas Lobo), o Porto apresentou um domínio absoluto. Importa agora saber não só como estará contra equipas de maior valor, como a regularidade que apresentará nos próximos meses.

Até onde pode chegar o Wolfsburg?

Juntar-se ao Borussia Dortmund e ao Bayer Leverkusen na perseguição ao Bayern München parece ser o objectivo.

Com os 40 milhões de Euros gastos em Kevin de Bruyne e em Luiz Gustavo (25M€ e 15M€, respectivamente), o Wolfsburg torna claro que ambiciona algo mais do que o meio da tabela.
Depois de se ter sagrado campeão alemão, na época de 2008/09, a equipa, que tinha em Grafite a sua principal referência, desceu de rendimento, tendo ficado apenas dois pontos acima da linha de água, em 2010/11. O Wolfsburg é conhecido por ter sempre grandes avançados, nos últimos anos, como é o caso de Grafite, Dzeko, Dejagah, Obafemi Martins, Mandzukic e, agora, Olic.

Dzeko e Grafite formaram uma dupla demolidora
Dzeko e Grafite formaram uma dupla demolidora / Fonte: futebolalemao.ig.com.br

Dieter Hecking é o actual comandante de uma equipa com velhos conhecidos dos portugueses, como é o caso do guarda-redes e capitão Diego Benaglio. A restante defesa é um misto de juventude (Knoche e Ricardo Rodríguez) e experiência (Naldo e Ochs). A defesa é claramente um dos pontos fracos desta equipa, que sofreu 19 golos em 20 jogos realizados esta época.

O meio campo é fenomenal! Medojevic, Luiz Gustavo e ainda Polak garantem segurança, quer a defender, quer a distribuir, na primeira fase de construção de jogo. Têm à sua frente mais um velho conhecido dos relvados portugueses, Diego, o brasileiro que leva já seis golos em 15 jogos, sem contar com as suas assistências e fintas habituais. Má sorte teve o português Vieirinha, que rasgou o ligamento cruzado do joelho esquerdo e ainda não é conhecida a data de regresso à competição, mas os alemães não deixam de contar com grandes peças para os flancos. Ivan Perisic, de 24 anos, junta no seu currículo passagens pelo Borussia Dortmund e Club Brugges, clubes que são conhecidos pela sua fantástica escola de talentos. Maximilian Arnold, uma das maiores promessas alemãs, tem apenas 19 anos mas já leva quatro golos em apenas 11 jogos; é um jogador a ter em conta para os próximos anos. Mas, apesar de ainda não ter realizado qualquer minuto como jogador do Wolfsburg, a cereja em cima do bolo será a inclusão do belga Kevin de Bruyne. O jogador tem tudo para triunfar nos Wölfes, e bem terá de justificar o investimento!

Diego e Olic entendem-se às mil maravilhas no ataque / Fonte: vfl-wolfsburg.de
Diego e Olic entendem-se às mil maravilhas no ataque / Fonte: vfl-wolfsburg.de

Olic é o nome do goleador desta equipa. Apesar dos seus 34 anos, o experiente croata parece manter a eficácia, demonstrada anteriormente na Bundesliga ao serviço do Hamburgo e do Bayer München.
Alcançar o 3º lugar seria um resultado excelente, e já só estão a três pontos da posição que é actualmente ocupada pelo Borussia Monchengladbach, que joga contra o Bayern, de Guardiola, na próxima jornada. Mas, para lá chegar, têm de ultrapassar também o Borussia Dortmund, que está a apenas dois pontos. Pode facilmente dizer-se que o Wolfsburg atravessa o seu melhor momento: estão invictos há 10 jornadas e, na próxima, recebem o Hannover 96.
Com a chegada de Kevin de Bruyne e de, provavelmente, mais um avançado de qualidade e um defesa, é provável que continuem o bom campeonato que têm feito, o que lhes permitá alcançar o tão desejado lugar que dá acesso à UEFA Champions League.

Feita esta análise, deixo a pergunta: até onde pode ir o Wolfsburg?

Urge reflectir acerca do Futebol de Formação

futebol de formação cabeçalho

“Temos de encontrar uma solução, seja onde for. Com o valor do Matic não é fácil. É o melhor médio defensivo do Mundo. Soluções para o Matic na formação? Tinham de nascer 10 vezes”. Foi este o comentário irónico que Jorge Jesus teceu após ter sido questionado acerca da possibilidade de se encontrar na formação do clube um substituto para Matic no meio-campo do Benfica.

A verdade é que formar um jogador com a mesma qualidade de Matic, um dos melhores médios do mundo, recente candidato ao prémio de melhor golo na cerimónia da FIFA, leva tempo. Certamente Matic, tal como Messi, ou Zlatan, ou Ribéry ou até mesmo Cristiano Ronaldo, sofreu um processo de evolução, processo esse que se desenrolou na formação. Matic terá nascido também 10 vezes até chegar onde chegou? Neste momento, Jorge Jesus vê numa miragem um possível “substituto” para Matic, mas não será um erro o técnico do Benfica pensar nesta perspectiva? Na altura em que Eusébio e Pelé estavam na berra, talvez os seus treinadores tenham tido o mesmo sentimento de frustração, mas esse pico de qualidade nessa geração não impediu as gerações seguintes, incluindo a actual, de terem uma montra de ouro para exibir mundo fora.

A ironia utilizada por Jorge Jesus acaba por ser, ela própria, irónica. Principalmente quando, bem pouco tempo antes desta declaração, Luís Filipe Vieira tinha salientado a importância das equipas da formação no clube, falando até de um “Benfica made in Benfica”. Dia 17, Jorge Jesus afirmou estar em consonância com Luís Filipe Vieira na crença de que em 2020, 60 ou 70 por cento do plantel será da formação… Acreditam? Hoje, o Benfica joga contra o Marítimo e no 11 inicial estão exactamente, e se as minhas contas não falham, zero portugueses. Assim sendo, para este objectivo de 2020 do Benfica se concretizar, só vejo duas hipóteses: ou o Benfica já está a tratar da contratação de miúdos argentinos e sérvios para os seus escalões de formação actuais ou daqui a seis anos o treinador já não é o mesmo.

Jorge Jesus podia estar frustrado com a “venda” mal concretizada de Matic (valor da cláusula de rescisão: 50 milhões, valor executado: 25 milhões), mas isso não é desculpa para o técnico não pensar antes de falar. Se a perda de Matic lhe ia causar tanto transtorno, devia ter pensado nisso quando o Benfica não passou aos oitavos-de-final da Champions, passagem que iria garantir muito dinheiro que, certamente, iria preencher a lacuna financeira e evitar a necessidade de vender de imediato o talento sérvio.

Será que o treinador do Benfica, antes de ser o que é actualmente, nunca foi um jovem com sonhos e ambições? Será que nunca frequentou um curso de treinadores, onde realçam a importância que um treinador tem no percurso dos atletas? O seu comentário, da forma como foi dito e construído, independentemente da mensagem subjacente que queria supostamente transmitir, foi desagradável. Conseguiu, em poucas frases, descredibilizar o trabalho de jovens futebolistas e de técnicos da formação. Mas igualmente desagradável foi a forma como a imprensa usou as reacções de dois jogadores da formação do Benfica. Os jornais tinham duas hipóteses: criar polémica (como fizeram) ou fazer uma notícia que espelhasse a garra destes jovens dispostos a lutar para responder ao “desafio” hercúleo de Jorge Jesus. Tanto Filipe Nascimento como Bernardo Silva tiveram reacções legítimas, dignas do orgulho benfiquista, com potencial de informação bastante positiva para uma abordagem séria sobre a problemática do futebol formação. São benfiquistas de gema, jogam há já muitas épocas de águia ao peito e representam o resultado real do investimento na formação. A águia é o emblema que melhor conhecem, daí ser natural ambicionarem um lugar na equipa principal do seu clube. A imprensa não deveria ter optado por mostrar que a falta de incentivo de Jorge Jesus não derrota “a raça, o crer e a ambição” dos atletas da formação que todos os dias estão dispostos a abdicar de regalias normais de jovens das suas idades e a “morrer nove vezes” para atingirem o “sonho de uma vida”?

Surpresa na Taça

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cab futsal

Eis os resultados da Quarta Eliminatória da Taça de Portugal:

18/1/2014

AM Portela 6-4 Vila Verde
AMSAC 6-2 Lameirinhas
GD Fabril 9-10 Dramático Cascais (após penalties)
Rio Ave 2-5 Sp. Braga
Quiaios 3-4 ACR Vale de Cambra (após prolongamento)
Vinhais 5-8 Leões de Porto Salvo (após prolongamento)
Igreja Velha 4-2 SL Olivais
Burinhosa 5-3 Póvoa Futsal
GS Loures 2-3 SL Benfica

19/1/2014
Gualtar 4-0 Fonsecas Calçada
Sporting CP 5-7 Fundão (após penalties)
Arsenal Parada 5-4 AJAB Tabuaço
Unidos Pinheirense 6-2 Académica
Unidos Leceia 4-5 Feirense
Modicus 1-0 Boavista
Montes Alvorense 1-5 Belenenses

Uma coisa é certa, após se disputarem os 16 jogos referentes à quarta eliminatória da Taça de Portugal em Futsal: vamos ter um vencedor diferente daquele verificado na época passada. Isto porque o campeão em título, Sporting CP, caiu aos pés do Fundão. Mesmo jogando em casa, a equipa de Nuno Dias não conseguiu levar a melhor sobre um Fundão em claro crescimento, comparando com a fase inicial da época. Após os 40 minutos regulamentares, verificava-se um 3-3, sendo que o último golo foi marcado a 30 segundos do fim do tempo regulamentar, por intermédio de Noé Pardo (Fundão). No prolongamento, cada equipa marcou um golo, levando a decisão para a lotaria das grandes penalidades. Aí, a equipa forasteira sorriu e chocou o Pavilhão Paz e Amizade, cuja moldura humana não esperava este desfecho.

Joel Rocha, treinador do Fundão / Fonte: ZeroZero
Joel Rocha, treinador do Fundão / Fonte: ZeroZero

Longe do brilhantismo esteve também o Benfica. Passou, é certo, mas sofreu bastante na visita a Loures, para jogar com o clube local, oriundo do segundo escalão. Um parcial final de 3-2 catapultou a equipa encarnada para os oitavos-de-final, num jogo onde o Benfica jogou “q.b.” para assegurar o apuramento, deixando a nota artística para outra ocasião. Fica também a referência para um Loures extremamente combativo, que esteve a vencer 1-0 e 2-1, tendo o jogo chegado ao intervalo empatado a uma bola.

Em grande plano continua o Braga. Dos três primeiros classificados na tabela, era aquele que aparentava ter a tarefa mais complicada, a par do Sporting, com a agravante de ter de ir jogar fora, no complicado pavilhão de Vila do Conde, para jogar com o Rio Ave. No entanto, um parcial claro de 5-2 serviu para manter o clube minhoto na luta pela conquista do troféu. O principal favorito (Sporting) já não pode reconquistar a taça, e cada vez mais o Braga se perfila como um forte candidato à conquista da Taça de Portugal, estando na “pole position”, a par do Benfica, LPS e, eventualmente, o Fundão.

Do principal escalão, sinal verde para mais quatro equipas: o Leões de Porto Salvo, como é seu apanágio, viveu mais um jogo onde não faltaram golos. Precisou do prolongamento, mas venceu na deslocação a Trás-os-Montes, onde derrotou o Vinhais por 8-5; o Modicus Sandim, que apenas precisou de um golo sem resposta para eliminar o também primodivisionário Boavista; o Belenenses/El Pozo, que venceu tranquilamente em Alvor, no Algarve, por 5-1; e, finalmente, o Dramático de Cascais, que, na deslocação ao Barreiro, eliminou o Fabril por 10-9, após penalties.

Para concluir a análise da participação das equipas da Liga Sport Zone, destaque pela negativa para as quatro formações eliminadas por equipas de escalões inferiores. Em primeiro lugar, a eliminação do SL Olivais, perante uma equipa do escalão distrital da AF Leiria, a Igreja Velha. Um parcial de 4-2 ditou o afastamento da equipa Lisboeta da prova. Depois, a Académica, que foi implacavelmente derrotada no campo do Unidos Pinheirense, por 6-2. A equipa de Coimbra está a passar por uma fase extremamente complicada, com a saída do treinador Tó Coelho e respetivo adjunto, e pela rescisão em massa de jogadores do plantel principal, de onde se destacam Jander e Eskerda, ambos contratados pelo Rio Ave. O “lanterna-vermelha” da competição, Vila Verde, também perdeu na deslocação a Loures, para jogar com a AM Portela (6-4). Por último, o Póvoa Futsal, que perdeu 5-3 no campo da Burinhosa, em Alcobaça.

Devolvam o futebol ao povo!

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O Sexto Violino

Desde os seus primórdios, em meados do séc. XIX, o futebol tem sido uma actividade de lazer e entretenimento que une gerações e quebra barreiras sociais. Ainda que nunca tenha sido exclusivo dos mais desfavorecidos, nos bairros pobres este desporto constituía muitas vezes o único foco de alegria de quem, depois de uma semana de trabalho árduo nas fábricas ou nas oficinas, podia finalmente descomprimir a jogar ou a assistir a um jogo.

De então para cá, a enorme popularidade do futebol levou ao surgimento de uma indústria gigantesca: hoje em dia as bolas e as botas já não são de camurça, mas sim de materiais sintéticos e aerodinâmicos; os clubes foram sendo transformados em empresas e tratam os adeptos como clientes; comercializa-se um sem-número de artigos desportivos, confeccionados por marcas que se tornaram gigantes multinacionais; os jogadores já não jogam por amor à camisola, e são agora profissionais em busca de contratos milionários. A este respeito, Manuel Sérgio, filósofo e ex-professor de José Mourinho, escreveu recentemente que “o espectáculo desportivo pouco mais é do que uma empresa capitalista, onde a mercantilização do desporto se processa em vários níveis: (…) até os campeões, os heróis de que o sistema capitalista diz orgulhar-se, são mercadoria que se compra e se vende”. Esta mercantilização, ou seja, esta forma de olhar para tudo o que envolve o futebol sob a perspectiva do lucro, também afecta, como não podia deixar de ser, aqueles sem os quais não havia nem futebol nem a tal indústria adjacente: os adeptos. Estes, seja através dos preços dos bilhetes seja através da transmissão dos campeonatos em sinal fechado, vêem-se hoje muitas vezes privados da possibilidade de ver jogos de futebol – algo a que sempre tiveram direito desde que este desporto existe.

É normal que os pequenos clubes aproveitem as oportunidades que têm para fazer um pouco mais de dinheiro do que o normal, mas não podem ser os adeptos a pagar essa factura. Quem vai ao futebol são os mesmos que estão actualmente a sofrer sérios cortes nos seus vencimentos, que vêem os seus impostos aumentar, que têm empréstimos para pagar e todos os meses deitam contas à vida. Como se justifica, por exemplo, que um bilhete para o Estoril-Sporting ou para o Arouca-Sporting custe 25€? Chegámos ao ridículo de, na 15ª jornada, ter havido ingressos para o Benfica-Porto mais baratos do que para o jogo da Amoreira. Não podem ser os adeptos a financiar a ambição dos clubes mais pequenos, ou a pagar as dívidas que estes contraíram.

Falo dos clubes pequenos devido ao aproveitamento que eles fazem do bom momento das equipas grandes (e cujos prejudicados são os adeptos), mas podia também falar do Sporting. Aqui não há clubismos, há sim uma realidade que tem de mudar quanto antes. Que sentido faz haver jogos a mais de 30€ num campeonato como o nosso, como acontece semanalmente em Alvalade? Será que devia ser permitido os preços poderem atingir os 75€, como acontecerá no Benfica-Sporting do próximo mês? E se uma pessoa não quiser ou não puder fazer-se sócia? Vão privá-la de ver um jogo de futebol?

Enquanto não se procede a uma mudança mais global que acabe com os valores astronómicos do futebol, podem ir-se alterando pequenas coisas que fazem a diferença. No campeonato espanhol, por exemplo, os clubes mais modestos mantêm um braço-de-ferro com Real Madrid e Barcelona relativamente aos direitos televisivos. Os dois colossos recebem 120 milhões/época cada um, enquanto que qualquer uma das outras equipas recebe menos de metade disso. Em 2011/2012, o Granada, 17º classificado, recebeu 12M. Isto levou a que Francisco Roca, responsável da La Liga, tenha feito um comentário curioso em Abril de 2013: “somos a única Liga europeia, juntamente com a portuguesa, que ainda vende os direitos televisivos de forma individual (…). Há duas grandes equipas que obtêm mais de 50% das receitas e temos de combater isso”. Espanha poderá adoptar o modelo inglês, país onde o City, campeão em 2012, recebeu 60,6M e o último classificado Wolverhampton arrecadou 39,1M. Era bom que o futebol português optasse pelo mesmo caminho, no sentido de reduzir o fosso entre os clubes. Esta seria apenas uma de muitas possíveis medidas, que não me cabe a mim enunciar. O que não pode continuar a acontecer é os clubes alhearem-se da realidade que os rodeia e cobrarem preços altíssimos, como hoje acontece em Portugal. Os adeptos representam mais do que à primeira vista possa parecer. Sem eles, a médio prazo não haverá futebol. A curto prazo até pode haver, mas os estádios terão sempre o aspecto desolador de um Arouca-Rio Ave.