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O fracasso do mercado

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fc porto cabeçalho 2

Depois de um mês de janeiro terrível e com muitas mudanças o FC Porto definiu o plantel que vai usar para atacar as frentes que ainda estão em jogo: o Campeonato, a Taça de Portugal e a Liga Europa.

Todos os grandes mexeram nos seus planteis para corrigir algumas carências que foram sentidas dentro das quatro linhas e também para preparar a próxima época. Do lado azul e branco entraram Marega, Suk e José Sá. A pergunta que me passou pela cabeça quando o Porto oficializou estas contratações foi: “Mas o que é isto?”. Não quero desvalorizar a grande primeira volta que Suk fez no Vitória de Setúbal ou a qualidade de Marega, mas estas entradas são repetições de algumas contratações pouco bem-sucedidas que a SAD do clube nortenho fez nos últimos anos e que acabaram em empréstimos ou em fracassos, tais como os casos de Kléber, Guilas ou Licá.

Já deu para perceber que Aboubakar não é tão afinado como Jackson (maldito Guangzhou) e nem o adepto mais otimista consegue dizer que Suk ou Marega sejam apostas seguras para fazer abanar as redes adversárias. Já sobre a aposta em André Silva já deu para perceber que o jovem internacional português não vai ser alternativa no Dragão e vai continuar a desempenhar (e bem) o seu papel na grande época que o Porto B de Luís Castro está a fazer. Então com que alternativas é que José Peseiro conta contra adversários de grande nível como o Dortmund, o Benfica ou o Sporting?

O FC Porto esteve em bom plano em Barcelos Fonte: FC Porto
O FC Porto esteve em bom plano em Barcelos
Fonte: FC Porto

Mas o que mais me incomoda é a área mais recuada do terreno. Na passada quarta-feira o Gil Vicente chegou com perigo à baliza do Porto em duas ou três ocasiões. Foram ocasiões flagrantes que surgiram com descuidos defensivos e que a juntar a uma maior qualidade técnica dariam golo. Jogaram Maicon e Marcano, habituais presenças no onze titular do Dragão. Esperava-se que, com os erros sucessivos a que o exigente público do Porto tem assistido durante esta época, a SAD apostasse num nome seguro para a defesa. Falou-se de Bruno Alves e…. Pouco mais. O Porto não reforçou a zona onde tem mais problemas e decidiu contratar um guarda-redes que apesar de ter muita qualidade não vai cheirar a relva nos próximos tempos. E a pergunta que fica é: o que é isto? Não sou um hater moderno mas há já algum tempo que esta política de contratações deve ser questionada. O fracasso de Imbula foi salvo por 4 milhões e 15% de uma transferência futura, mas a falta de qualidade ainda é um problema em algumas zonas do plantel. Resta esperar que Suk e Marega se revelem grandes avançados para fazer com que Aboubakar consiga perdoar menos e que os centrais do Porto não ofereçam mais golos para além dos que já ofereceram.

Mas esta equipa de José Peseiro também tem zonas do terreno com muito talento. O meio campo do Porto conta com Danilo Pereira, Herrera, Ruben Neves, Sérgio Oliveira, Evandro e André André. Todos estes nomes têm qualidade para jogar em qualquer equipa em Portugal. E os extremos? Corona e Brahimi são mágicos e dispensam apresentações. Para além disso contam com o apoio em ambos os lados de Layun e Maxi, outros dois jogadores com enorme qualidade. Esperemos que Corona continue a marcar quando Aboubakar perdoar demasiado e que o importante trabalho defensivo de Danilo Pereira compense a falta de qualidade na zona central da defesa do Porto.

Fevereiro é um mês essencial para o clube da cidade Invicta. Será que este plantel tem o que é preciso para ganhar a um Benfica demolidor em pleno Estádio da Luz e manter acesa a luta pelo título? Será que este plantel tem qualidade contra um Dortmund rejuvenescido e que joga muito bom futebol? Para já digo que não.

Foto de Capa: FC Porto

Portugal perdulário averba derrota em Belgrado

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cab futsal

Nos primeiros 20 minutos de encontro, assistimos a uma equipa portuguesa a tentar assumir as despesas do encontro, perante uma Sérvia matreira, que se remetia ao seu espaço defensivo e que só saía para criar boas situações de contra-ataque através do seu principal desequilibrador, o número 10 Kocic, que marcou o único golo da primeira metade para a sua equipa num bom remate de meia distância, a bater um desamparado Vítor Hugo com o seu pé esquerdo.

A vantagem dos homens da casa durou desde o minuto 8 até ao minuto 15, altura em que o melhor jogador de futsal do mundo assinou uma autêntica obra de arte, um golo que não se explica por palavras. Só mesmo vendo. Este último golo colocou um pouco mais de justiça no marcador, embora ainda fosse um resultado lisonjeiro para a Sérvia, em função das situações de golo iminente criadas por ambas as formações.

Sérvia futsal
A festa dos jogadores sérvios no fim foi rija
Fonte: UEFA

Na derradeira parte do encontro, a formação dos balcãs apresentou-se um pouco mais descomplexada, à procura de selar o triunfo para garantir a liderança no grupo A e assim evitar a poderosa equipa da Espanha, que poucos instantes antes havia garantido o 1.º lugar do seu agrupamento, e acabou por colher os frutos com dois golos nos minutos finais para levar de vencida o encontro por 3-1, num encontro ingrato para os comandados de Jorge Braz, que sobretudo na primeira metade podiam ter concretizado as variadíssimas oportunidades de que dispuseram.

Com estes resultados a nossa seleção irá defrontar a congénere Espanhola, numa espécie de cimeira ibérica que irá decerto proporcionar um ótimo espetáculo, uma final antecipada entre duas das melhores equipas do Velho Continente. Portugal vai poder contar com um regressado Fernando Cardinal, suspenso nos dois encontros alusivos à fase de grupos, o que pode ser mais um tónico para motivar os jogadores lusitanos na busca de um apuramento para as meias-finais, pois se queremos ser candidatos a ganhar o Euro’2016 temos de vencer qualquer adversário que nos calhe em sorte.

Foto de Capa: UEFA

Jackson Martínez: Salário milionário na China faz esquecer fiasco no Atlético Madrid

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internacional cabeçalho

A carreira futebolística de Jackson Martínez teve uma reviravolta total em menos de um ano. O avançado colombiano, de 29 anos, assinou, no verão de 2015, pelo Atlético Madrid, numa transferência que rendeu 35 milhões de euros aos cofres do FC Porto. Chegando a Madrid com tarimba de goleador nato, fruto das épocas de alto nível e do registo de finalização que demonstrou por terras lusas, não se conseguiu adaptar à nova realidade e prova disso mesmo são os números que apresentou na primeira metade desta época.

Em 22 partidas oficiais (13 como titular) com a camisola colchonera, Jackson apenas marcou três golos e não demonstrou, assim, veia goleadora, a sua maior qualidade e mais letal arma enquanto avançado de classe mundial. Não só faltavam os golos, como também a produtividade noutros fatores fundamentais dos processos, tanto ofensivos, como defensivos da equipa. O Atlético Madrid tem um estilo de jogo muito peculiar, fundamentado primordialmente na combatividade dos seus jogadores e no foco no processo defensivo e é factual que nem todos os atletas têm capacidade para uma total adaptação ao futebol implementado por Diego Simeone no Vicente Calderón.

Num primeiro momento era percetível que o avançado colombiano não tinha as características ideais para encaixar neste sistema tático do conjunto madrileno e tal situação acabou mesmo por se verificar. Apenas seis meses após ter rumado ao Atleti, Jackson Martínez foi transferido para o Guangzhou Evergrande, penta-campeão chinês treinado por Luis Filipe Scolari, técnico brasileiro que já orientou a seleção portuguesa. Esta transferência, que foi, sem dúvida, uma das maiores surpresas do mercado, rendeu 42 milhões de euros ao clube presidido por Enrique Cerezo. A ida de Jackson para a China faz parte de um fenómeno que irá decorrer cada vez com maior frequência.

Após metade de época para esquecer, Jackson muda o rumo da sua carreira  Fonte: Guangzhou Evergrande F.C
Após metade de época para esquecer, Jackson muda o rumo da sua carreira
Fonte: Guangzhou Evergrande F.C

O futebol chinês está em plena expansão e prova disso foi o investimento monetário concretizado por várias equipas nesta janela de transferências, que levou jogadores como Guarín (para o Shanghai Shenhua por 12 milhões), Ramires (para o Jiangsu Suning por 30 milhões) ou Alex Teixeira (para o Jiangsu Suning por 50 milhões) para o futebol asiático. São vários os futebolistas de qualidade que têm chegado ao país asiático, não só oriundos do futebol americano, mas também do europeu. Visto como um país ideal para passar os últimos anos da carreira futebolística, principalmente pelas regalias financeiras, a China torna-se agora destino de jogadores ainda no auge do seu potencial e talento. Tendo em conta que o mercado neste país apenas encerra dia 26, existe alta probabilidade de jogadores de topo serem atraídos pelos elevados salários que estes emblemas estão dispostos a pagar.

Neste caso específico, é certo que Jackson estava a viver a pior fase da carreira, mas, no entanto, tinha ainda muito para dar ao futebol de topo europeu. A saída para o futebol chinês, aos 29 anos, é um passo atrás no que concerne à carreira do internacional colombiano no desporto-rei, embora seja certamente o contrário no que diz respeito à sua conta bancária, pois vai auferir um salário de 12,5 milhões de euros anuais e passa a ser um dos jogadores mais bem pagos a nível mundial.

Foto de Capa: Guangzhou Evergrande F.C

Sonho Cada Vez Mais Real

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cab premier league liga inglesa

Da luta pela manutenção a principais candidatos ao título da Barclays Premier League. Esta é a realidade do “pequeno” clube do centro de Inglaterra. Se gostam de contos de fadas este é dos meus favoritos. Claudio Ranieri vai comandando o sonho do Leicester City FC, que partirá para a 26.ª com cinco pontos de avanço sobre o segundo classificado Tottenham.

De facto, o que o treinador italiano tem feito ao serviço dos Foxes é absolutamente fantástico. Mas a verdade é que de italiana esta equipa não tem nada. Ao invés da segurança defensiva, Ranieri preferiu construir um ataque avassalador que já conta com 47 golos esta temporada – o melhor registo do campeonato, a par do Manchester City.

Comecemos pelo princípio. Termina a época 2014-2015, o Leicester de Nigel Pearson garante a manutenção depois de um final de campanha espetacular em que a equipa das “raposas” consegue sete vitórias nos últimos nove jogos. No entanto, um escândalo que envolveu o filho do treinador leva a direção do clube a terminar a ligação com o inglês.

A 13 de Julho de 2015, a direção do Leicester contrata Claudio Ranieri para a nova época. O antigo treinador do Chelsea chega a um Leicester cujos objetivos são modestos, aspirando a uma época tranquila, sem grandes sustos.

A verdade é que, a 6 de Fevereiro de 2016, a 13 jornadas do final do campeonato, a realidade é bastante diferente. Ora bem, o pequeno clube que aspirava à tranquilidade da segunda metade da tabela está a protagonizar a surpresa do século ao liderar o principal escalão do futebol inglês, com cinco pontos de vantagem.

A liderança do Leicester foi sendo menosprezada ao longo do passar das jornadas. Toda a gente acreditava que, eventualmente, a equipa sensação cairia. No entanto, as jornadas foram passando e o Leicester não vacilava, e neste momento continua com apenas duas derrotas no campeonato, frente ao Arsenal e ao Liverpool.

Hoje, finalmente, as raposas deram o seu grito de afirmação, ao derrotar, categoricamente, o Manchester City, no Etihad, por três bolas a uma.

Jamie Vardy assumiu-se como o porta-estandarte desta equipa, liderando a lista de melhores marcadores com 18 golos marcados. E quem melhor para simbolizar este clube do que o jogador que há cinco anos era um operário fabril e neste momento detém o recorde de mais jogos consecutivos a marcar?

A dupla Vardy-Mahrez tem sido a mais prolífica do campeonato e já levam 32 golos no campeonato Fonte: Leicester City FC
A dupla Vardy-Mahrez tem sido a mais prolífica do campeonato e já leva 32 golos no campeonato
Fonte: Leicester City FC

Mas Vardy não é o único que merece destaque; aliás, todos os elementos desta equipa são merecedores de todos os elogios possíveis. A força, a união, a ambição e o caráter desta equipa são tudo aquilo que pretendemos ver no futebol, tudo aquilo que dá magia ao desporto rei. Mas, como estava a dizer, existem outros dois jogadores que gostaria de destacar, Riyad Mahrez e N’Golo Kanté. O extremo argelino é incrível, dotado de uma técnica apuradíssima. É um jogador capaz de criar desequilíbrios a qualquer momento, é fortíssimo no um para um e ainda possui uma qualidade de passe e visão de jogo muito acima da média. Por seu lado, o médio francês é um poço sem fundo de energia, trabalho e dedicação. Trata-se de um box-to-box autêntico, com todas as virtudes necessárias para desempenhar a função. É rápido, tem técnica e drible, tem qualidade de passe e excelentes atributos defensivos.

A dupla Vardy-Mahrez tem sido a mais prolífica do campeonato e já leva 32 golos no campeonato. Jogam em perfeita sintonia, como se se conhecessem desde pequenos. Trata-se de uma dupla fabulosa e o maior trunfo de Ranieri neste ataque ao título da Premier League.

Claudio Ranieri decidiu implantar um 4-4-2 clássico, privilegiar o futebol ofensivo, os golos e o espetáculo, descurando um pouco o trabalho defensivo. Mas, como uma vez disse um grande imperador Romano, “a melhor defesa é o ataque”, e a verdade é que, além do melhor ataque, o Leicester detém o sexto melhor registo defensivo do campeonato, com 27 golos sofridos. Este sistema de Ranieri depende muito da capacidade dos seus jogadores de jogarem a um ritmo absolutamente fascinante e o facto de terem conseguido manter esse ritmo até ao último terço do campeonato é uma façanha deveras formidável. Afinal, estamos a falar do campeonato mais difícil do mundo e onde se exige mais, tanto a nível físico como mental, dos atletas.

Sem dúvida que futebol espetáculo e os jogos do Leicester têm sido sinónimos esta época. Esta equipa é das que mais prazer dá ver jogar. Transborda alegria, vontade e magia, coloca tudo em campo, joga sempre olhos nos olhos seja com quem for. À partida para esta jornada disse aos meus amigos que estas duas próximas jornadas eram decisivas para o desfecho da época dos Foxes. Deslocações ao Etihad e ao Emirates para defrontar City e Arsenal, respetivamente. O primeiro teste foi passado com classe e de forma assertiva, como já foi referido. Falta agora a partida em Londres. Na primeira volta, o Arsenal bateu o Leicester por 5-2, mas tratava-se de um momento bastante diferente para a turma de Wenger. Os Gunners já não vencem há quatro jogos e deram de barato a liderança atingida há seis jornadas. A pressão estará portanto toda do lado dos londrinos e sentirão certamente enormes dificuldades em bater o Leicester. Se o Leicester vencer em Londres dará um passo enorme em direção à concretização do sonho de conquistar o seu maior título da história.

Foto de capa: Leicester City

Froome na pole position para o Tour e será este o ano de Rui Costa?

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Cabec¦ºalho ciclismo

Em termos internacionais, como em todos os anos, o momento mais esperado estará em quem irá triunfar no Tour. Este ano não é exceção e realmente é esperada muita competitividade entre os melhores ciclistas e as melhores equipas (este ano temos a adição dos Jogos Olímpicos, algo que poderá servir de mudança para a preparação de certos ciclistas e provocar algumas mudanças de objetivos). Neste caso, Froome e a “sua” Sky irão enfrentar, novamente, um desafio difícil para manterem a camisola amarela que conquistaram justamente em 2015. Com a aquisição de alguns elementos, como o caso de Kwiatkowski e de Landa, esta equipa está ainda mais forte do que no ano passado, apesar de ter perdido um ciclista sempre importante como Richie Porte (que entrou da melhor forma na BMC, conseguindo um segundo lugar no Tour Down Under, tal como já foi destacado no último artigo).

O domínio das provas de uma semana e o facto de vencer pelo menos um dos Grand Tours serão os maiores objetivos da equipa britânica. A aquisição do polaco Kwiat será importante para as tais provas de uma semana e a vinda de Landa poderá ajudar Froome a voltar a vencer o Tour (sendo que o recém contratado espanhol também poderá ter a sua oportunidade de brilhar em certas provas e, provavelmente, na Vuelta – o Giro irá estar designado para ciclistas como o Henao e, talvez, o Geraint Thomas).

Equipas como a Astana, a Movistar e a Tinkoff “prometem” não facilitar a vida à Sky, principalmente nas grandes voltas. A equipa cazaque, apesar da saída de Landa, continua forte e demonstrou ser a equipa com melhores recursos, no ano passado, para os três GTs. Iremos ter um Nibali e um Aru a tentarem voltar a ganhar uma dessas provas. Veremos é se este é o ano em que Aru terá um papel essencial no Tour ou se ainda será uma prova para Nibali voltar a ser o chefe de fila (o facto de o ano passado não lhe ter corrido de feição e, também, a forma em que Aru se encontra poderão ser muito importantes para as decisões finais da equipa). Em princípio, até será o próprio Aru a tomar finalmente conta das rédeas da equipa, mas nada é completamente certo. Se realmente Aru for como líder ao Tour, poderemos ter Nibali como um dos favoritos, senão o principal favorito, a vencer o Giro deste ano.

El Pistolero, um dos melhores ciclistas deste século, irá terminar a sua carreira nesta época Fonte: Alberto Contador
El Pistolero, um dos melhores ciclistas deste século, irá terminar a sua carreira nesta época
Fonte: Alberto Contador

A Tinkoff, tendo em conta que será o último ano de Alberto Contador no ciclismo profissional, quererá tudo fazer para dar um grande último ano ao “Pistolero”. A Movistar, com a mudança de Daniel Moreno da Katusha para a equipa espanhola, terá ainda mais razões para acreditar em bons resultados ao longo de todo o ano. Com Quintana a voltar a tentar vencer o Tour e com Valverde num dos últimos anos da sua carreira, é de esperar que a equipa espanhola esteja bastante forte este ano (a adição do talentoso português Nélson Oliveira também foi importante). Ainda em relação a alguns dos espanhóis aqui mencionados, será interessante perceber se o trio Alberto Contador, Alejandro Valverde e Joaquín “Purito” Rodriguez ainda terá um 2016 em grande (como têm sido os últimos largos anos) ou se será o “fim”…

Em termos de clássicas, era esperado um grande embate entre Kristoff e Degenkolb, mas o tal acidente que a equipa da Giant sofreu irá mudar a situação e o alemão irá ficar afastado da competição durante alguns meses, para infortúnio de todos os amantes da modalidade. Será igualmente curioso verificar que Cancellara iremos ter. Todos esperam que seja o “Spartacus” do costume para o espetáculo ser ainda melhor. Na semana das Ardenas, Alejandro Valverde é considerado um dos favoritos (o espanhol que também tem um grande objetivo centrado nos Jogos Olímpicos), mas ciclistas como o já referido Kwiatkowski e uma das jovens sensações do ano passado Julian Alaphilippe poderão intrometer-se numa luta que se prevê renhida e com emoção.

Rui Costa e Nélson Oliveira mostram-se prontos para triunfar nas melhores provas internacionais Fonte: Rui Costa
Rui Costa e Nélson Oliveira mostram-se prontos para triunfar nas melhores provas internacionais
Fonte: Rui Costa

O próprio Rui Costa tem evoluído bastante bem de ano para ano nesta vertente e também poderá ser um dos nomes a considerar para os pódios destas provas (e, quem sabe, até poderá vencer uma delas; capacidade e qualidade para isso tem ele). Esteban Chaves e Tom Dumoulin também poderão ser bons nomes para esta semana, sendo que, para ambos, também reside a incerteza em relação às grandes provas e sobre se realmente manterão ou aumentarão o nível referente ao ano passado. Poderemos ter mais dois grandes nomes a lutar pelas grandes voltas, apesar de o colombiano ter certas dificuldades no contrarrelógio e o holandês ter dificuldades parecidas em montanha.

Para os sprints, nas mais variadas provas, voltaremos a ter elencos “de luxo” – é de destacar a mudança de Marcel Kittel para a Etixx, sendo que de saída dessa mesma equipa esteve Cavendish, que foi para a Dimenson Data, ex-MTN Qhubeka – e a adição de algumas jovens promessas (promessas ou mesmo já certezas…), como Caleb Ewan (não me canso de elogiar este jovem; tem sido espetacular acompanhar a sua evolução e a forma como já derrota ciclistas “consagrados”) ou Fernando Gaviria, entre outros. Não nos esqueçamos, igualmente, do que poderá fazer Peter Sagan com a camisola de campeão do mundo.

Em termos nacionais, já foi salientado o importante papel que Rui Costa poderá ter nas clássicas, mais propriamente na semana das Ardenas, sendo que também é de se prever que mantenha a grande qualidade nas provas de uma semana e que possa finalmente fazer um bom/grande resultado num Giro, Tour ou Vuelta. Provavelmente, voltará a apostar no Tour – continuo a achar que poderia tentar apostar ainda mais nas clássicas e provas de uma semana e tentar um Giro ou uma Vuelta, mas, enquanto não conseguir um bom/grande resultado no Tour, será difícil isto acontecer, em princípio.

O regresso do Sporting e Porto ao ciclismo, como Sporting CP/Tavira e W52-FC Porto-Porto Canal, são as grandes novidades nacionais Fonte: Sporting CP
O regresso do Sporting e do Porto ao ciclismo, como Sporting CP/Tavira e W52-FC Porto-Porto Canal, é a grande novidade nacional 
Fonte: Sporting CP

É expetável que ciclistas como Nélson Oliveira, Tiago Machado (que, na entrevista que fizemos ao Presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, tem a mente bem focada nos Jogos Olímpicos), André Cardoso e José Gonçalves possam aumentar o nível e continuar a “dar boas cartas” na alta-roda do ciclismo mundial. É muito importante para Portugal, principalmente em ano de Jogos Olímpicos, que todos estes ciclistas estejam em boa forma ao longo das mais variadas provas e que continuem a conseguir bons resultados para as suas equipas.

“Cá dentro”, tendo em conta os regressos de Sporting e Porto, é possível que possamos assistir a um ano em grande, com a rivalidade normal entre os dois clubes a ser o mote para as mais variadas provas onde estejam. A Volta ao Algarve, já neste mês de Fevereiro e com grandes nomes do ciclismo internacional confirmados, e a Volta a Portugal voltarão a ser os “cabeças de cartaz” do calendário nacional. Estamos na expetativa até se saber como será este primeiro ano com o regresso dos clubes ao ciclismo e se Gustavo Veloso mantém o domínio “interno”, especialmente na Volta a Portugal (perdeu o seu “gregário de luxo”, Délio Fernandez). Terá forte concorrência de outros ciclistas (veremos se Rinaldo Nocentini conseguirá ainda demonstrar as qualidades que o fizeram ter uma boa carreira internacional – na Volta a Portugal, tendo em conta a importância do contrarrelógio, será difícil para o ciclista italiano conseguir vencer a prova, mas, ainda assim, com ciclistas destes nunca se poderá descartar algo) e outras equipas que costumam preparar-se realmente bem para a “Grandíssima”. Ainda assim, o ciclista espanhol parte na “pole position” para vencer a Volta a Portugal deste ano.

Que seja um ano com imenso espetáculo, boas surpresas, grande competitividade, menos casos de doping e muitas vitórias portuguesas!

Foto de Capa: telegraph.co.uk 

Carta Aberta a: Fredy Montero

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Caro Fredy,

Estiveste dois anos e meio em Alvalade. Significa isto que foste uma das caras principais do projeto delineado por Bruno de Carvalho, desde que este foi finalmente eleito para a presidência do grande Sporting Clube de Portugal. A tua chegada foi digna do lema “Chegar, ver e vencer”. Ainda me lembro de estar a conduzir e ouvir que Montero tinha marcado o único golo de uma vitória do Sporting sobre o Nacional da Madeira num amigável. Lembro-me de sorrir e pensar que era um bom prenúncio, que se veio a confirmar mais tarde, na primeira jornada do campeonato: o Sporting recebia o Arouca, na tarde quente do dia 18 de agosto, lembro-me como se fosse hoje. Saí da água fria da praia de Peniche e fui com um grande amigo benfiquista ver o jogo num café lá da praia. Se esse fim de semana do verão já estava a ser dos mais épicos de sempre, tu ainda o tornaste mais com o “hat-trick” que apontaste frente à equipa que se estreava na Primeira Liga. O último golo, então, foi delicioso. Até o benfiquista te elogiou…

Marcaste vários golos na primeira metade desse campeonato, mas já tinhas uma sombra feroz no banco, pronta a tomar o teu lugar: Islam Slimani. Bastou estares alguns jogos sem marcar e ficares um jogo ausente, para o terrorista argelino te saquear a titularidade. Apesar de tudo, duvido seriamente que o lugar de suplente de Slimani venha a conhecer um intérprete de tanta qualidade. Apesar de alguma falta de “ganas” que denotavas em alguns jogos, especialmente quando entravas como titular, era sempre uma enorme onda de esperança que me invadia quando via que ias entrar. Onda de esperança que já foi confirmada algumas vezes esta época, como são exemplos as receções ao Nacional e à Académica. Tenho de admitir, que o teu nome é dos que dá mais gozo completar após os incentivos do João Botas nas bancadas de Alvalade.

Se Bryan Ruiz e João Mário são os nossos grandes maestros, irradiando qualidade técnica por cada metro quadrado de Alvalade, tu não ficas muito atrás. És dono de um toque de bola pouco visto em Portugal, aliado a uma leitura de jogo, facilidade e qualidade de remate que dão garantias aos teus adeptos. Seja com remates fulminantes, como fizeste frente à Fiorentina ou ao Lokomotiv de Moscovo, seja de cabeça como já conseguiste contra o Benfica ou na Pedreira de Braga, seja após receções de mestre como no jogo frente à Académica ou no já falado terceiro golo frente ao Arouca, tu és capaz de um manancial de soluções como poucos.

Contudo, falta mencionar o golo mais épico que tu marcaste. Admito, eu já tinha deixado a televisão de lado e estava a tentar, infrutiferamente, controlar as lágrimas e a raiva naquela final da Taça de Portugal a 31 de maio. Estava tão desiludido e triste que já não conseguia olhar para o antijogo do Braga e para as perdas de bola dos “leões” que estavam em campo. Ainda por cima, a pessoa que estava comigo nesse dia é alguém a quem eu não consigo esconder nada.

Por isso, ela já estava a vislumbrar as minhas lágrimas, até um pouco chocada por eu estar a chorar devido a um jogo de futebol, quando ouço gritos vindos de Alvalade (sim, eu estava a ver o jogo perto do estádio). Voltei para a televisão e era verdade, o Slimani tinha mesmo reduzido a desvantagem. Bom, assim fiquei preso à televisão para aqueles derradeiros minutos e tu lograste o impossível nos descontos. O Paulo Oliveira fez, talvez, o melhor passe longo da vida dele, o Aderlan falhou e tu marcaste um dos golos mais festejados da história do clube. Só por esse golo, já terias um lugar histórico na memória “verde e branca”, assim como tem também, imagina tu, o Rodrigo Tiuí.

Um jogador especial, com uma camisola mágica, a marcar um golo para a história. Fonte: Sporting CP
Um jogador especial, com uma camisola mágica, a marcar um golo para a história.
Fonte: Sporting CP

Tem calma! Não, nem sequer és comparável com este avançado que eu acabei de mencionar. Tens muito mais qualidade e mesmo classe, um perfume futebolístico novo e refrescante em Portugal. Além disso, aparentas ter qualidades humanas incomuns entre futebolistas. Sabes agradecer aos adeptos, sempre foste um jogador que não criou problemas internos ou de comportamento enquando estiveste em Portugal. Também por isso, tenho pena que saias tu e fique, por exemplo, o Teo Gutiérrez connosco. Além de gostar muito mais (com milhas de distância) da tua forma de jogar, não gosto de ver sair jogadores comprometidos com o clube, como tu, ou mesmo o Tanaka e o Boeck, e ver ficar jogadores que deixam muito a desejar em termos desse espírito de equipa e união.

Para um jogador especial, fica uma despedida especial. Boa sorte no Tianjin Teda e que voltes rápido para Alvalade. Tens, com certeza, as portas abertas para o já aguardado regresso. Espero que em maio venhas buscar a faixa de campeão e festejar como mais um adepto do Sporting, porque tenho a certeza que o és. Aliás, na foto do topo, só falta o cartaz “Fredy Montero quer o Sporting campeão!” Obrigado Fredy , até à próxima!

 

Da Equipa BnR – Sporting CP:

El avioncito partiu antes da hora” – José Duarte, redator do Sporting CP.

“Fredy, desculpa tratar-te pelo teu nome, mas fazemos parte da mesma família, acho que é legítimo tratar assim um ente querido. Obrigada pela dedicação e amor à camisola; obrigada por nunca desistires ou desmotivares por não jogares tanto. Obrigada por me deixares ver exibições fantásticas; obrigada por aquele golo contra o Vitória de Setúbal. Acho que não fui a única a ficar arrepiada com a magia que fizeste. Obrigada por poder assistir, ao vivo, o teu último golo, contra a Académica, que me tranquilizou.
Tal como desejaria a um amigo, quero que tenhas todo o sucesso possível. Te voy echar de menos en Sporting, Fredy Montero.” – Marta Reis, redatora do Sporting CP.

“Ao Montero só quero agradecer os golos que marcou. Os que contaram e os que foram anulados segundo critérios para desmotivar e descredibilizar um excelente avançado. Obrigado pelos golos e dedicação.” – Nuno Almeida, redator do Sporting CP.

” É só um até já, Fredy! No final da época espero que regresses para festejar um título que também será teu! Fizeste muitas vezes magia e deste-nos muitas alegrias, e por isso, Alvalade te está grato! Serás sempre bem-vindo!” – Pedro Miguel Silva, redator do Sporting CP.

“Foram dois anos e meio em que fizeste do Sporting o teu amor; foram dois anos e meio de golos e falhanços, de exibições de encher o olho e de substituições precoces… Mas sempre que vestiste o leão rampante, deste o teu melhor e quiseste sempre o melhor para o NOSSO Sporting. Obrigado pelos golos inesquecíveis, obrigado pelos golaços ao Arouca e ao Marítimo, pelo golo à Académica e, acima de todos, obrigado pelo golo aos 92′ no Jamor. Serás sempre um dos nossos, “avioncito“! – Vítor Miguel Gonçalves, editor do Sporting CP.

Foto de Capa: Sporting CP

CF “Os Belenenses” 0-5 SL Benfica: Cinco pastéis de Belém na rota do título

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O Estádio do Restelo foi palco do pontapé de saída da jornada 21 do campeonato. As roulottes cheias em torno do estádio denunciavam que esta sexta-feira era dia de jogo grande. Sem Lisandro, Rui Vitória chamou Lindelof para um jogo que poderia valer a liderança isolada aos encarnados, ainda que de forma provisória. O Belenenses procurava dar seguimento à série de bons resultados – não perde há cinco jogos – desde a chegada de Velázquez ao comando da equipa.

O Benfica entrou a todo o gás à procura da vantagem. Logo no início Pizzi ganhou espaço na esquerda e ofereceu o golo a Gaitán, que falhou o alvo quando estava em boa posição. Aproveitando o nervosismo do Belenenses, os encarnados subiram as linhas e fizeram pressão. O resultado foi uma série de passes arriscados – muitos deles atrasos para o guarda-redes Ventura -, que só por sorte não resultaram em intersecções perigosas para a baliza da casa. À medida que o jogo ia avançando foi-se tornado clara a peculiar composição da linha defensiva dos azuis, com apenas um central de raiz, Gonçalo Brandão. Talvez por não estarem habituados a este tipo de esquema defensivo, os azuis eram muitas vezes apanhados em contrapé, surpreendidos com passes longos nas costas da defesa.

A verdade é que o Benfica foi mantendo o controlo do jogo em muitos períodos da primeira parte e esteve completamente instalado no meio campo contrário a tentar encontrar espaços por onde entrar na defesa azul. O regresso de Gaitán também ajudou a dar velocidade ao golo dos encarnados. O primeiro remate do Belenenses apenas surgiu a metade da primeira parte num remate muito torto de Carlos Martins. Enquanto se foi mantendo o nulo, os homens da casa nunca arriscaram muito no ataque organizado mas também não souberam sair em contra-ataque.

Antes de Mitroglou abrir marcador, foi um português que deixou dois avisos aos azuis do Restelo, André Almeida. Pouco depois, o grego correspondeu da melhor forma a um cruzamento de Pizzi da direita, depois de uma arrancada pelo meio de Sanches, e levou o Benfica para o intervalo a vencer. Da primeira parte fica ainda uma referência para Renato Sanches, que falhou alguns passos mas compensou com vários bons lances individuais que levaram a equipa para a frente.

O Belenenses começa a segunda parte com uma alteração táctica, depois do experimentalismo da primeira parte. Ruben Pinto saiu para entrar Gonçalo Silva. A equipa de Belém entrou mais consistente e com as ideias mais bem assimiladas. Parecia uma troca de papéis, o Belenenses pressionava e o Benfica cometia erros básicos no sector mais recuado. Os papéis trocaram-se na defesa, mas não no ataque. Os encarnados foram lá à frente e marcaram numa bola bem colocada de Jonas, que continua a sua caminhada para a Bota de Ouro. O golo não deixou de ser polémico, uma vez que a equipa da Luz jogava enquanto um jogador do Belenenses estava caído no relvado. O Belenenses não se deixou ficar e continuou com a mesma atitude com que começou a segunda parte e obrigou Júlio César a duas intervenções mais apertadas. E o Benfica mais uma vez respondeu com pragmatismo. Numa saída em contra-ataque Pizzi deixa Mitroglou isolado, mesmo junto à linha de golo. O grego não perdoa e bisa no encontro. O Belenenses volta a responder da mesma forma. O irrequieto Miguel Rosa não deixa de ter a baliza como alvo e depois num livre à entrada da área um potente remate e uma recarga a que Júlio César responde de forma imperial. Os adeptos benfiquistas até uma vénia deram ao guarda-redes brasileiro.

O jogo acalmou com os 3 a 0, também a já a pensar no Dragão. Mas a passo e passo se cumpriu o velho ditado: “não há duas sem três”. Gaitán num lance de insistência acabou por oferecer a Mitroglou o seu terceiro golo. O grego não fez fiado e rematou para o fundo das redes. Hat-trick do jogador emprestado pelo Fulham.

Mitroglou continua de pé quente Fonte SL Benfica
Mitroglou continua de pé quente
Fonte SL Benfica

O Belenenses nunca mais acordou e o Benfica acabou por dominar os instantes finais do encontro movido pelos 18 anos de Renato Sanches e pela frescura de Carcela e de Talisca. A equipa da casa pareceu já ter desistido e Jonas não se fez rogado. Excelente trabalho de Carcela na ala a fazer um remate potente para defesa de Ventura… Defesa incompleta que Jonas não desperdiçou para poder bisar no encontro. Mais um do brasileiro no campeonato e mais um para a corrida ao título de melhor marcador da Europa.

No final de contas tivemos mais uma vez um Benfica a confirmar-se demolidor e um Belenenses a confirmar o porquê de ter a pior defesa do campeonato. No Restelo os encarnados passearam, apesar da primeira parte mais apática, ao som do pedido do tricampeonato de uma claque incansável, que não se calou um único minuto. O fim-de-semana vai ser passado em primeiro lugar, mesmo que seja à condição. Depois do jogo de hoje só se pode dizer que essa é a posição mais que merecida para a equipa de Rui Vitória e seus pupilos.

A Figura:

Mitroglou – Quando se marca três golos num jogo é difícil não se ser o melhor em campo.

O Fora-de-Jogo:

Julio Velazquez – Apresentou um Belenenses com muitas alterações sobretudo a nível táctico. A equipa entrou completamente desnorteada e nunca encontrou totalmente o norte.

Sala de Imprensa:

Rui Vitória falou de uma “vitória justa, categórica” e de uma “exibição muito boa”. Questionado sobre a importância desta vitória para o jogo da próxima jornada frente ao FC Porto, o treinador encarnado despachou o assunto dizendo que a equipa não jogou a pensar no jogo diante dos dragões. Vitória garantiu que o Benfica não está preocupado se joga melhor ou pior que os outros e contornou a questão sobre as declarações de Bruno de Carvalho acerca de Luisão. Sobre a evolução de Pizzi, disse que o português “tem vindo a trabalhar bem e tem tido um bom desempenho”. Há pergunta sobre a média impressionante de golos de Jonas, Rui Vitória preferiu destacar o colectivo. Em relação à mais recente lesão de Luisão, disse que a equipa espera que o brasileiro regresse o mais rápido possível e sobre Lindelof garantiu que a exibição segura do sueco não o surpreendeu.

Julio Velazquez abordou a conferência de imprensa de forma tranquila e natural. O treinador espanhol disse que procurou enfrentar o Benfica olhos nos olhos, “ se for para perder que seja com os olhos postos na baliza do adversário”. Velazquez disse que era normal o Belenenses perder contra o Benfica, que esse é o resultado natural, mas que a equipa tudo fez para tentar contrariar isso. Apesar do resultado o treinador da equipa do Restelo afirmou ser o dia em que sentiu mais orgulho dos seus jogadores pela entrega ao jogo. O treinador do Belenenses falou ainda de Aguilar como sendo uma peça fundamental para encarar o que falta da época.

Pergunta BnR: O Belenenses não perdia há 5 jogos. De que forma esta derrota pode afectar a equipa para os próximos jogos?

Julio Velazquez: Acho que isso não afecta a equipa. Nós vamos perder mais vezes, vamos ganhar, vamos empatar. São coisas normais.

Trono Europeu em disputa

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cab Rugby

Disputado desde 1883 (e reformulado em 2000), o Torneio Seis Nações é a mais antiga competição (por selecções) de rugby e uma das mais antigas competições do mundo do desporto – equivale ao Campeonato da Europa de Rugby e é disputado pelas seis melhores selecções do continente europeu.

Inglaterra, França, Irlanda, País de Gales, Escócia e Itália. Todos com uma honra a defender, após ficarem abaixo das expectativas no último Campeonato do Mundo (disputado em 2015) – uma luta que promete!

Um desastre completo. É assim que podemos caracterizar a prestação da Inglaterra no último mundial. Depois disso, os ingleses já trocaram de seleccionador (saiu Stuart Lancaster, entrou Eddie Jones) e revolucionaram as habituais convocatórias. Entraram jovens jogadores cheios de potencial – como é o caso de Maro Itoje, Josh Beaumont e Elliot Daly –, regressaram jogadores que aparentavam ter perdido o seu espaço na Selecção da Rosa – como Chris Ashton, Dylon Hartley e Henry Thomas – e saíram alguns jogadores acusados de estar no centro do péssimo Campeonato do Mundo realizado – com Tom Wood, Tom Youngs e Brad Barritt à cabeça.

Eddie Jones tem pela frente a árdua tarefa de voltar a colocar a Inglaterra no topo mundial, e, em conjunto com a equipa técnica que lidera, testar e criar uma nova identidade de jogo, por forma a aproximar-se do apresentado pelos seus principais adversários. Para já, encontra no Torneio Seis Nações o seu primeiro teste a valer.

O rugby francês vive, por estes dias, um período delicado, com repercussões ao nível da selecção gaulesa. Com uma despedida do mundial humilhante (derrota por 62-13 frente à Nova Zelândia), não tardou o afastamento do seleccionador Phillipe Saint-André e a entrada, para o seu lugar, de Guy Novés. Guy Novés, à imagem de Eddie Jones na Inglaterra, também reformulou as convocatórias, afastando jogadores como Benjamin Kayser, Rory Kockott e Mathieu Bastareaud, e dando a oportunidade a atletas como Camille Chat, Virimi Vakatawa e Jefferson Poirot. Destaque-se, também, a mudança do titular da braçadeira de capitão, que agora será envergada por Guilhem Guirado.

Guy Novés teve pouco tempo para fazer testes, preparar e ajustar a equipa, mas decerto não quererá defraudar toda a expectativa criada em torno da sua liderança. No horizonte, o fantasma que paira sobre a França – incapaz de vencer um Torneio Seis Nações desde 2000: está na hora de voltar a atacar o trono europeu.

A Escócia terminou o último Seis Nações na pior posição, mas foi a melhor selecção europeia no Mundial de 2015. Vern Cotter, o seleccionador escocês, já disse não ter ficado totalmente satisfeito com a prestação escocesa no mundial, e aponta baterias para o Torneio Seis Nações, nunca deixando cair no esquecimento que a Escócia não vence qualquer competição europeia desde 1999… E está na hora de voltar a ganhar! Os Highlanders apresentam um grupo de atletas muito equilibrado – por um lado uma mão cheia de jovens jogadores sedentos de uma oportunidade; por outro vários jogadores com credenciais firmadas no mundo do rugby – e compacto, sendo que a convocatória para o torneio é muito semelhante às escolhas que já tinham sido tomadas para o Campeonato do Mundo.

Da parte escocesa podemos esperar uma atitude aguerrida – e por vezes atrevida – apoiada numa defesa segura e no jogo à mão.

Se vencer, a Irlanda conquistará o tri-campeonato, mas antes terá de superar a ausência de Paul O'Connell Fonte: RBS 6 Nations
Se vencer, a Irlanda conquistará o tri-campeonato, mas antes terá de superar a ausência de Paul O’Connell
Fonte: RBS 6 Nations

Os bicampeões em título ainda se estão a recompor do abandono internacional do seu capitão, Paul O’Connell. Para já Rory Best irá capitanear a Irlanda no Torneio Seis Nações, mas Joe Schmidt, seleccionador irlandês, já assumiu que esta não é uma escolha definitiva. Com algumas baixas na selecção – a vaga deixada por jogadores como Iain Henderson, Mike Ross e Peter O’Mahony será difícil de colmatar – e a crescente contestação referente ao seleccionador, a Irlanda terá pela frente a dura tarefa de voltar a conquistar o torneio e poder sagrar-se tricampeã europeia… Só assim todos os fantasmas gerados em torno da participação irlandesa no torneio serão exorcizados.

A viver uma era de rugby de excelência, o País de Gales aparece determinado a voltar aos títulos. Com Warren Gatland à frente dos comandos da selecção desde 2007, e prestes a atingir a barreira dos cem jogos enquanto seleccionador galês, foram operadas algumas alterações na habitual convocatória, com destaque para a estreia absoluta de Aled Davies, o regresso de Tom Jones após cinco anos de ausência e a não-inclusão de Leigh Halfpenny, a contas com uma lesão grave.

Os galeses apresentam um rugby positivo, sempre em busca de pontos, mas claudicam na hora de sentenciar a partida, o que tem provocado alguns momentos amargos… Ultrapassada essa lacuna, o País de Gales afirma-se como um dos candidatos mais fortes a levantar o troféu.

Resta-nos a Itália, a mais jovem selecção em competição no Torneio Seis Nações, tendo-se juntado às restantes equipas a partir de 2000, precisamente quando o torneio foi ajustado e passou de cinco para seis equipas. Essa alteração e a inclusão italiana vieram trazer interesse e protagonismo ao rugby italiano, que se traduziu numa evolução sustentada. No entanto, a Itália nunca conseguiu atingir e confirmar o êxito que se perspectivou e agora Jacques Brunel, seleccionador italiano, tem nas suas mãos a oportunidade de fazer a equipa dar o salto e acumular vitórias – e atingir títulos. Na convocatória surgem dez estreantes, mas o destaque vai para o regresso de Sergio Parisse, capitão italiano.

Os italianos partem como underdogs, mas a experiência e a qualidade de Jacques Brunel promete, mais dia menos dia, trazer frutos à selecção… Quem sabe se não será já na próxima edição do Torneio Seis Nações?

 Foto de capa: RBS 6 Nations

Uma notícia de 11 milhões empatados para lançar uma reflexão

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a norte de alvalade

A notícia do jornal “O Jogo” mencionada no título do post provocou grande indignação entre os Sportinguistas. Na base dessa reacção estará o tratamento diferenciado que aquela publicação dá aos três clubes grandes, ao fazer apenas capa com os aparentes insucessos de algumas das nossas contratações, deixando de fora as do SLB e do FCP.

Compreendo o sentimento, e partilho-o, talvez não com o mesmo grau, porque a este nível já há pouco que me surpreenda. Na verdade não há nada de muito novo neste comportamento de um órgão de comunicação social relativamente ao meu clube. e no caso daquele jornal é mesmo uma imagem de marca. É sobejamente conhecida a ligação umbilical ao FCP e o seu principal accionista é também da SAD daquele clube, onde a sua participação é crucial para manter o respectivo controlo.

Na sequência da referida notícia ficou mais ou menos claro que a nossa concorrência possui listas de emprestados mais numerosas e muito mais dispendiosas do que aquelas que foram noticiadas como pretensos falhanços nossos, o que terá contribuído para aumentar a indignação geral. Porém, das listas que vi elencadas, há uma semelhança notória e uma diferença gritante.

A semelhança:

As diferenças no número de jogadores dispensados e o volume financeiro associado são as mesmas que encontramos nos orçamentos das SADs dos respectivos clubes. Grosso modo, os onze milhões em dispensados do Sporting equivalem a metade do orçamento da SAD. O mesmo se poderá dizer, respectivamente, dos mais 50 milhões em emprestados da SAD encarnada e dos mais de 60 milhões da SAD azul-e-branca.

Esse mesmo rácio pode-se verificar nos valores:

–  Custos operacionais (52,105 milhões / 106,474 milhões / 110,335 milhões)

–  Proveitos operacionais (53,382 milhões / 101,974 milhões / 93,588 milhões)

Mais-valias com transferências de jogadores (28,002 milhões / 78,825 milhões / 82,500 milhões)

Estes são números retirados dos últimos relatórios de contas comunicados pelas respectivas SADs à C.M.V.M..

A diferença:

Aparentemente (e considerando como totalmente irrecuperáveis os valores investidos na aquisição de todos os emprestados) o desperdício e o insucesso estão ligados ao limite do que nos é possível gastar, o que, no que ao grau de eficiência de gestão diz respeito, nos remete para uma equivalência entre todos. A favor da actual gestão da nossa SAD está o facto de, com muito menos dinheiro, estar a conseguir aquilo que o FCP não tem conseguido (não ganhou nada mas gasta muito mais).

Há contudo uma diferença gritante entre as listas de jogadores dos nossos rivais postas a circular e a que o jornal “O Jogo” deu ontem a conhecer: é que da nossa constam apenas jogadores adquiridos desde 2013. Nas dos nossos rivais há diversos jogadores, alguns deles de valores consideráveis a engrossar o resultado final, que foram adquiridos antes de 2013 (por exemplo, Sidnei, Ola John / Walter, Kelvin, Quiñones).

O parágrafo anterior é composto por dados factuais. Mas a análise, mesmo que subjectiva, relativamente à qualidade dos jogadores constantes nas três listas indica que:

– Dos jogadores por nós dispensados, talvez apenas Jonhatan possa vir a constar de um plantel que lute pelo título. Para os restantes, a dúvida é mesmo sobre se conseguiremos ser restituídos no que diz respeito ao valor neles investido.

– Neste âmbito seria ainda forçoso adicionar à lista de dispensados contratados em 2013 os nomes de Ryan Gauld, Sarr, Rabia e Sakho como de qualidade ou recuperação muito duvidosas.

Contratado no Verão de 2014, Ryan Gauld ainda pouco mostrou ao serviço do Sporting Fonte: Sporting CP
Contratado no Verão de 2014, Ryan Gauld ainda pouco mostrou ao serviço do Sporting
Fonte: Sporting CP

– Na lista portista jogadores como Reyes, Quintero, Adrian Lopes, Fabiano, Josué e Octávio discutiriam lugares no onze titular: uns no imediato e outros no futuro.

– Na lista de dispensados benfiquistas Rúben Amorim, Cristante, Djuricic e Ola John teriam estatuto semelhante.

Ora, para lá da indignação pela diferença de tratamento, que é natural, o que a notícia de “O Jogo” nos deveria suscitar era o despertar para uma maior atenção sobre nós mesmos, sobre o que andamos a fazer. Porque é o que fazemos – e muito menos o que os outros fazem – que dita o nosso destino.

No entanto cada vez mais a atenção geral parece estar a ser desviada para o que os nossos concorrentes fazem de errado, ignorando o valor indispensável da autocrítica no aprimoramento das competências próprias. Já não é possível anular estas decisões mas é possível ou até mesmo obrigatório fazer a pergunta:

– Se o dinheiro tivesse sido gasto de forma mais assertiva e criteriosa no ano passado não teríamos tido maior disponibilidade para dar melhores condições a Jesus para atacar o título?

– Apesar do evidente crescimento sustentado dos resultados, é este o modelo de gestão que nos foi prometido, nomeadamente no que diz respeito à formação e ao rigor na gestão?

Mesmo que de uma forma superficial, podemos alargar este raciocínio e fazer um relance sobre o que se tem passado nos escalões inferiores, habitualmente designados como “de formação”. Para tal recuei ao mesmo período, em 2013. A nossa equipa B dava os primeiros passos e, à época, disputou uma competição até à meia-final da qual alguns ainda se lembram.

Dela constavam jogadores como Esgaio, Riquicho, Tobias, Ruben Semedo, Geraldes, Domingos Duarte, Palhinha, João Mário, Mané, Iuri Medeiros, Wallyson, Farley Rosa, Ponde, Podence, Gélson Martins e Chaby. Em três anos a qualidade disponível neste escalão desceu de forma exponencial e algum do pouco talento disponível vive soterrado num modelo de jogo que não apenas o anula como impede a generalidade de evoluir. A par disso a marcar este período há uma estranha e indesejável instabilidade de entradas e saídas.

No entanto o treinador foi premiado no ano passado devido a um critério no mínimo aberrante num escalão de formação: ter ficado à frente dos rivais! Quem, do actual plantel da equipa B, poderá seguir as pisadas dos nomes que figuram no topo deste parágrafo?

Ora, se voltarmos ao motivo deste post (a famigerada lista de emprestados), o que verificamos é que dela não constam os jogadores que mais depressa poderão ascender ao plantel principal: Iuri Medeiros, Palhinha e Wallyson. Todos eles partilhando a mesma condição: serem oriundos da Academia. E, quando acabar esta geração, quem se poderá seguir?

Para muitos estas questões não farão qualquer sentido. Porém parece-me ser urgente fazê-las porque está em causa a sustentabilidade do nosso modelo e talvez mesmo uma parte muito grande da nossa identidade como clube.

É neste âmbito que posso entender uma aposta total no “título o mais depressa possível”, que parece ser o mote deste ano. Porque um clube grande alimenta-se de títulos. Mas a luta é a três e por isso, no máximo, temos 33% de hipóteses de ganhar à partida. É preciso estar preparado (preparado = equilibrado) para o caso de os outros 66% de possibilidades ocorrerem.

Foto de Capa: Sporting CP.

Camp Nou: sonho e pesadelo para Neville

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cab la liga espanha

O Camp Nou tem um sabor agridoce para Gary Neville. Ali viveu o ponto mais alto da sua longa carreira, naquela final da Liga dos Campeões, em 1999, em que o Manchester United bateu o Bayern de Munique, com dois golos marcados já depois do minuto 90. Ali viveu o ponto mais baixo da sua carreira, naquela meia-final da Taça do Rei, ontem, em que o Valencia foi cilindrado pelo Barcelona, perdendo por 7-0.

Se, naquele dia, há quase 17 anos, o Camp Nou se transformou verdadeiramente num Teatro de Sonhos, ontem a noite foi de pesadelo. Neville parecia já antecipar esse cenário, pela forma como escalou a sua equipa, colocando dois laterais em cada ala: Gayà e Siqueira na esquerda, e Barragán e Cancelo na direita. Na frente, retirou Negredo e lançou Rodrigo, esperando que a sua velocidade pudesse ser útil no contra-ataque. O Valencia entrou como equipa pequena e sem qualquer intensidade. Neville entrou a medo e o Barcelona com fome. Busquets engoliu o meio campo e a tripla Messi, Suárez, e Neymar encheu a barriga de golos e a vista dos espetadores.

Foi confrangedor ver Gary Neville de pé, na área técnica, a olhar para os seus jogadores, espelhando a impotência que a sua equipa demonstrava em campo. Talvez estivesse a repensar a sua amizade com Peter Lim, que oferecer o cargo de treinador a meio desta época não é algo que se faça a um amigo. Ou talvez estivesse a pensar quão melhor seria estar no estúdio da BBC, pausar a imagem e corrigir posicionamentos ou, simplesmente, avançar em fast forward até ao fim do jogo (saltando também a conferência de imprensa, de preferência).

Dwight Yorke, Beckham e Neville festejam no Camp Nou, em 1999 Fonte: Manchester United FC
Dwight Yorke, Beckham e Neville festejam no Camp Nou, em 1999
Fonte: Manchester United FC

Curiosamente, nos momentos históricos de 1999, Gary Neville também estava de pé, a olhar os seus colegas. É que, apesar de quase todos os jogadores, incluindo Schmeichel, estarem dentro da área à espera do cruzamento de Beckham, Neville ficou cá atrás a ver como Sheringham fazia o golo do empate. Dois minutos depois, novo canto, e Neville viu ao longe como Solskjaer fazia história e dava a Champions ao seu clube.

Assim, naqueles que foram, provavelmente, os dois momentos mais marcantes da sua carreira (pela positiva e pela negativa), Neville estava de pé, a ver, deixando o papel principal para outros. Há pessoas que não nasceram para ser protagonistas. Neville jogou toda a carreira com o n.º 2 nas costas e talvez não passe disso mesmo: um bom número 2.

Fonte: Valencia CF