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SC Braga 3-1 FC Porto: Até para o ano

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Vencer era a palavra de ordem na deslocação do FC Porto a Braga. Depois do triunfo do SL Benfica em Alvalade, no passado sábado, os dragões estavam obrigados a vencer para se manterem ligados à luta pelo título. Com um onze muito remodelado face à equipa que atuou frente ao Gil Vicente a meio da semana, nota, acima de tudo, para a alteração estratégica promovida por José Peseiro a nível de meio campo. A inclusão de mais um elemento nesse setor do terreno, do lado do FC Porto, e a aparição do duplo pivot Mauro-Luiz Carlos, do lado arsenalista, deixavam adivinhar um jogo maioritariamente tático e extremamente dividido no miolo.

E foi, de resto, isso que se verificou. As duas equipas entraram em campo em missão de reconhecimento e muito encaixadas taticamente. O FC Porto, teoricamente favorito, assumiu o controlo das operações – destaque para Danilo, que controlou todos os processos – e não tardou até chegar à primeira grande oportunidade de golo. Aos seis minutos de jogo, Suk desviou ao primeiro poste um cruzamento de André André e obrigou Marafona a uma excelente intervenção.

Estava lançado o primeiro aviso dos dragões, que pareciam entrar na partida com ganas de vencer. Mas foi, como se diz na gíria popular, sol de pouca dura. Até aos 24 minutos, altura em que Brahimi enviou o esférico ao poste, na sequência de um livre, o jogo caiu no desinteresse e no marasmo. Daí até ao intervalo, há a registar duas situações: uma bola ao ferro enviada por Hassan, na sequência dum chapéu a Casillas, seguida de duas recargas travadas por Maxi e Ruben Neves, e a expulsão de José Peseiro no mesmo lance. O técnico portista reclamava uma falta no início da jogada que precedeu a oportunidade de golo do Sp. Braga e acabou por receber ordem de expulsão de Carlos Xistra.

Os ânimos exaltados na zona dos bancos tiveram o seu reflexo no retângulo de jogo, visto que ambas as equipas perderam a sua capacidade organizacional e o jogo entrou numa fase de correria desenfreada. A chegada do intervalo não podia ter sido, portanto, mais pertinente. Nesta altura, o nulo justificava-se face ao que se assistiu durante a primeira parte.

Na segunda parte, o Sp. Braga surgiu diferente dos balneários. Com mais bola e uma pressão mais acutilante à saída de jogo do FC Porto, os arsenalistas encontraram a fórmula mágica para tornar o jogo desconfortável para os dragões. Prova disso é que os azuis e brancos, necessitados de ganhar, durante um largo período de tempo foram incapazes de incomodar Marafona.

Aliás, a primeira equipa a chegar ao golo foi mesmo o Sp. Braga, num lance em que Ivan Marcano não podia ter ficado pior na fotografia. O central espanhol atrapalhou-se com a bola e acabou por escancarar as portas do golo a Hassan, que na cara de Casillas não perdoou e aproveitou para inaugurar o marcador, ao minuto 71.

Rafa voltou a ser importante nos arsenalistas Fonte: SC Braga
Rafa voltou a ser importante nos arsenalistas
Fonte: SC Braga

Quando se esperava uma resposta brava do FC Porto, foi mesmo o Braga que voltou a criar perigo. Uma falha de comunicação de Bruno Martins Indi e, novamente, Marcano, isolou Rafa que, não fosse o poste, podia ter dilatado o marcador e encerrado as contas da partida.

Os dragões reagiram e chegaram ao empate, num ato de desespero. Herrera na cara de Marafona, permitiu a defesa ao guardião arsenalista, mas Maxi surgiu na recarga e empatou as contas aos 86 minutos. Previa-se um final louco de jogo, com os dragões a perseguirem a vitória tal como acontecera contra o Moreirense, mas, daí até ao fim, a história é fácil de contar. O contra-ataque do Braga revelou-se letal e, em duas ocasiões, os minhotos venceram a partida. Rafa, aos 89, fez o 2-1 num desvio ao segundo poste e Alan, aos 90+4, aproveitou uma saída inacreditável de Casillas para fazer o resultado final.

Com este resultado, as contas do título complicam-se. Ao não aproveitar o triunfo do rival Benfica em Alvalade, o FC Porto perdeu a oportunidade de encurtar a distância para o topo da classificação para três pontos e está agora a seis dos encarnados, que lideram o campeonato.

Os dragões podem mesmo ter-se despedido da conquista da liga, pela terceira época consecutiva. Mas este é um fim de época expectável, tendo em conta a má gestão e o terrível planeamento levado a cabo pela direção portista. Os desiquilíbrios do plantel, nomeadamente a falta de opções no setor defensivo, o prolongamento excessivo do dossiê Lopetegui e a contratação tardia de um novo técnico são detalhes que agora começam a fazer a diferença.

A nove jornadas do fim, o campeonato ficou reduzido a dois candidatos. Mas por tudo o que se avizinha e por tudo o que se tem visto, adivinha-se tri-campeão. Quanto ao FC Porto: para o ano há mais.

A Figura:

Paulo Fonseca – Ganhou a partida na estratégia que montou antes da partida. Soube anular o jogo do Fc Porto e mexeu com astúcia na equipa. Não serviu no comando técnico dos dragões, mas está a fazer um excelente trabalho ao leme dos arsenalistas.

O Fora de Jogo:

Carlos Xistra – Nunca, em qualquer texto anterior, fiz referência a árbitros por não querer justificar maus resultados com questões secundárias como essa. No entanto, a atuação do árbitro de Castelo Branco foi medonha e fez dele protagonista. Quem assiste aos tristes espetáculos proporcionados por Jorge Jesus e ao seu desrespeito gritante pela área técnica, não pode fazer outra coisa que não rir-se com a expulsão de José Peseiro. Isto para não falar da grande penalidade por assinalar sobre Suk e no vermelho mostrado a Bruno Martins Indi, que são duas decisões risíveis e inexplicáveis. Uma prestação assustadoramente condicionante por parte de Xistra, que volta a deixar a nu o estado da arbitragem em Portugal.

Foto de capa: SC Braga

Académica OAF 2-0 Vitória SC: Eu dou a cara

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“(…) sexta-feira não vai à escola! Eu dou a cara!”. A indignação de Glória dos Reis Bastos (conforme se identificou) foi amplamente difundida, por ser parte integrante de um vídeo que se tornou viral, intitulado de “Apanhados TVI”.

É justo lembrar esta senhora numa semana atribulada marcada, entre outras coisas (como se já não bastasse o lugar que a equipa ocupava à partida para esta jornada), por uma mensagem anónima a denunciar uma suposta situação financeira dramática da Académica e falta de união do plantel. Gouveia classificou estas atitudes como “cobardes”, e foi altura de alguém dar a cara. No caso, a Académica, com uma exibição personalizada, ilustrada no seu capitão, Marinho, autor de dois golos e de uma exibição carregada da alma e crença de que tanto parecia carecer esta equipa.

Talvez a existência de um inimigo comum tenha contribuir mais para unir o plantel e, consequentemente, criar um compromisso maior com os objectivos da equipa, traduzidos num maior esforço dos onze que entraram em campo.

Assim pareceu, ao longo de todo o jogo, com a Briosa a começar por ganhar o meio-campo, fruto do entendimento de Leandro Silva e Fernando Alexandre que raras vezes deixaram fugir Otávio (o cérebro da construção ofensiva vitoriana) em deambulações criativas ou Cafu, nos cada vez mais habituais repelões de transição. Não dava pelo meio, o Vitória tentava as alas, mas apesar de até conseguido ter criado perigo por uma vez (Dalbert cruzou ao segundo poste, onde apareceu Ricardo Valente, solto de marcação a rematar ao lado), também aí a Académica as vias estavam “entupidas”, com Nii Plange e Marinho a darem contributo importante a nível defensivo, e subindo com critério, sobretudo o burquinês, que durante toda a primeira parte fez a vida negra a Bruno Gaspar e João Afonso, lateral e central do lado direito da defesa vitoriana, com a sua velocidade, escapando-se à marcação para fazer cruzamentos venenosos, que levaram o perigo à baliza de Miguel Silva – por duas vezes faltou alguém para “encostar” a bola, noutra, foi Rui Pedro a beneficiar da iniciativa do extremo direito da Académica para levar o credo à boca dos adeptos vimaranenses com um remate a sair perto do poste direito da baliza de Miguel Silva.

A segunda parte começou atribulada para o Vitória, mantendo-se a toada de domínio dos estudantes, que logo nos primeiros minutos da etapa complementar ganharam um penalty: Nii Plange ganhou em velocidade a João Afonso e foi travado por Pedro Henrique quando se ia isolar. Expulsão do central vitoriano. Rui Pedro foi chamado à conversão, e atirou para defesa de Miguel Silva mas Marinho, na recarga, inaugurou o marcador.

Sérgio Conceição, pela demora na reacção ao penalty e à expulsão de Pedro Henrique, foi o elemento "fora-de-jogo" desta partida
Sérgio Conceição, pela demora na reacção ao penalty e à expulsão de Pedro Henrique, foi o elemento “fora-de-jogo” desta partida

Bouba Saré ocupou a posição de central, provisoriamente, mas isso deixou um buraco enorme no meio-campo, aproveitado pela Académica: Marinho, lançado pelo meio-campo da Briosa, isolou-se perante Miguel Silva, fez um chapéu, a bola embateu no poste, e na recarga atirou para o fundo das redes. Era o delírio no Cidade de Coimbra. 52 minutos e a Briosa vencia 2-0. A Mancha Negra cantava o hino nacional, em jeito de provocação, os White Angels respondiam, numa desgarrada fantástica que marcou, positivamente, o espectáculo.

Sérgio Conceição mexeu na equipa. Tirou Bouba Saré e Ricardo Valente, fazendo entrar, para os seus lugares, Francis e Moreno. Com isto, deixou o meio-campo descoberto. Otávio não conseguiu criar, e as alas não tiveram quem as assistisse. A Académica controlou o jogo e até esteve mais perto do 3-0 do que o Vitória do 2-1, com Leandro a atirar a bola ao poste e Rabiola a cabecear perto da baliza de Miguel Silva.

A Briosa sai, assim, dos lugares de despromoção, novamente, e olha para as últimas nove jornadas do campeonato com mais confiança, depois de ter vulgarizado um candidato à Europa. O Vitória não conseguiu manter a série de quase cinco meses sem perder fora de portas para a Liga e atrasou-se na luta pela Europa, ficando a quatro pontos do quinto classificado e a 2 (à condição) do sexto.

A Figura:

Marinho – Marcou os dois golos de uma vitória importantíssima na luta pela manutenção. Só por isso, merecia este galardão. Porém, Marinho foi mais que isto, com uma contribuição inexcedível, ofensiva, defensiva… e mentalmente, assentando-lhe bem o papel de capitão.

O Fora-de-Jogo:

Sérgio Conceição – Não foi feliz na leitura do pós-penalty. Para além de demorar a reparar o buraco que ficou no eixo da defesa do Vitória, quando o fez, não tomou a melhor decisão, deixando exposto o meio-campo, ao ponto de a equipa não conseguir construir, ofensivamente, sendo, ao mesmo tempo, permeável.

Sala de imprensa:

Sérgio Conceição

“Se o Minuto 49 foi  decisivo? Decisivo foi o mau jogo que fizemos. E com a expulsão ficou mais difícil. (…) houve muito duelos perdidos e fico”

“Foi um jogo menos conseguido de uma equipa que tem tido um trajecto fantástico. Há dias assim”

“A Académica ganhou com justiça e desejo que se mantenha na Primeira Divisão”.

Fernando Alexandre

“Creio que houve sempre consciência do momento. Conseguimos sempre manter o equilíbrio, de uma forma notável, perante o que se passou durante a semana, e houve uma crença no trabalho que se faz”

Gouveia

“Tivemos aquela pontinha de sorte que não tivemos noutros jogos (Marítimo, Boavista, fora). A sorte faz parte do acreditar e nós hoje acreditámos, e fomos aquele grupo fantástico de que vos tenho falado”.

Não respondeu à pergunta “Ainda tem o mesmo empresário?”.

Sobre o bis de Marinho ser uma recompensa justa para um jogador que tem sido muito fustigado por lesões “Eu também mereço porque tenho sofrido muito ]risos]. Mas fico feliz por ele, claro. Vamos continuar a luta, que isto vai ser até ao fim”

“Foi um dos melhores jogos da Académica esta época.”

A maldição que paira sobre o FC Dynamo Moscovo

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“Uma terrível maldição paira sobre este clube.” – Yury Semin (treinador do FC Dynamo Moscovo entre Novembro de 2005 e Agosto de 2006)

O FC Dynamo Moscovo é uma das equipas com maiores pergaminhos na história do futebol russo, mas os seus tempos de glória e os seus feitos a nível nacional e internacional foram há muito esquecidos pelo imaginário colectivo, que guarda pouco mais do que trémulas memórias do ano de 1976, a última vez em que o emblema moscovita se sagrou campeão nacional do seu país. Pela mão de Aleksandr Sevidov, o FC Dynamo Moscovo vencia nesse ano o seu último título de campeão da era soviética, feito que não viria a repetir até à queda da URSS e nem mesmo até aos dias de hoje, uma vez que o velho gigante moscovita nunca logrou vencer a liga russa de futebol.

A eloquência de Lev Yashin, os golos de Sergei Solovyov ou até mesmo o pulmão defensivo de Aleksandr Novikov foram substituídos ao longo das últimas décadas por negócios ruinosos, investimentos financeiros catastróficos e uma falta de rumo e ideias para o futuro verdadeiramente alarmante, algo que tem levado os adeptos do FC Dynamo a um estado de histeria colectiva sustentada por uma espécie de castigo divino a tudo aquilo que o antigo testa de ferro do NKVD (polícia política de Josef Estaline, que mais tarde daria origem ao KGB), Lavrentiy Beria, fez “pelo” clube enquanto “mecenas” do mesmo até à sua execução, em 1953. Para além de ter deixado a sua triste marca no futebol, Beria foi um sanguinário invertebrado que condenou à morte imediata largos milhares de pessoas e enviou outros tantos para uma morte anunciada nos gélidos Gulags da Sibéria.

Os adeptos do FC Dynamo que ainda acreditam que a maldição de Beria continua a impedir o clube de chegar mais longe Fonte: FC Dynamo
Os adeptos do FC Dynamo que ainda acreditam que a maldição de Beria continua a impedir o clube de chegar mais longe
Fonte: FC Dynamo

Numa conversa com o famoso jornalista britânico Marc Bennetts, que reside desde há algum tempo a esta parte em Moscovo, um adepto ferrenho do FC Dynamo, de seu nome Dmitri, não teve dúvidas em afirmar que o clube estava amaldiçoado por tudo aquilo que Lavrentiy Beria fez “pelo” clube, não esquecendo o facto de este ter enviado Nikolai Starostin, o fundador do Spartak Moscovo, para um campo de trabalhos forçados sob a acusação de este ter planeado assassinar Josef Estaline após um jogo disputado entre as duas equipas na Praça Vermelha, em Moscovo: “estamos amaldiçoados… e é tudo por culpa do Beria (…) é uma maldição, é um castigo pelos crimes cometidos no passado. Estou totalmente convencido disso.

Por muito que tudo isto pareça vindo de um velho livro poeirento e cheio de histórias que nos fazem dormir mal à noite, a verdade é que a história recente do FC Dynamo Moscovo é uma mão cheia de nada e o último título conseguido digno de registo foi uma Taça da Rússia, em 1995.

Após ter terminado no 4ºlugar da Liga Russa na temporada passada, os Musora (Polícias), comandados pelo antigo internacional russo e guarda-redes do Spartak Moscovo Stanislav Cherchesov, entravam para a nova época com algum positivismo que, no entanto, se desvaneceu rapidamente antes de a mesma começar, uma vez que Cherchesov não resistiu à tempestade interna criada pela expulsão do clube das competições da UEFA, por falta do tão aclamado Fair Play Financeiro, e abandonou o FC Dynamo a 13 de Julho de 2015. O seu sucessor, Andrey Kobelev, é um homem de consensos, alguém que conhece bem os cantos à casa e que passou grande parte da sua carreira enquanto jogador, técnico e director ligado ao histórico emblema da capital russa. A saída de Cherchesov coincidiu também com um claro desinvestimento financeiro no clube que viu o VTB Bank, a máquina de injeção de capital no clube, afastar-se, ainda que de forma algo encoberta, para que o FC Dynamo passasse novamente para a alçada da Dynamo sports society e pudesse assim corresponder às exigências impostas pelo Fair Play Financeiro. Para além de Cherchesov e do seu bigode emblemático, saíram do clube grande parte dos jogadores estrangeiros, com o talentoso médio francês Mathieu Valbuena à cabeça dessa lista.

Andrey Kobelev não tem tido vida fácil ao leme do FC Dynamo, mas é justo dizer-se que, apesar de todas as restrições às quais tem sido sujeito, tem conseguido fazer brilhar na equipa principal jovens de elevado valor, como são os casos de Roman Zobnin, Yegor Danilkin, Aleksandr Tashaev, Grigori Morozov e Anatoli Katrich. Kobelev fez crescer aos poucos uma equipa composta por jovens jogadores russos apoiados na experiência dos internacionais Igor Denisov, Aleksei Ionov, Aleksandr Kokorin, Yuri Zhirkov, Pavel Pobregnyak e Vladimir Gabulov.

Andrey Kobelev, o homem que está encarregue de retirar o FC Dynamo da escuridão em que encontra Fonte: FC Dynamo
Andrey Kobelev, o homem que está encarregue de retirar o FC Dynamo da escuridão em que encontra
Fonte: FC Dynamo

O FC Dynamo Moscovo terminou a primeira parte do campeonato no 11º lugar, com 20 pontos obtidos em 18 jogos, mas a longa paragem de inverno e o mercado de transferências de Janeiro trouxeram mais más notícias para o técnico russo de 47 anos, que viu Aleksandr Kokorin e Yuri Zhirkov mudaram-se de armas e bagagens para a cidade de Pedro “O Grande”, São Petersburgo, para o FC Zenit de André Villas-Boas.

Para fazer face a estas contrariedades, e embora desprovidos da capacidade financeira que detinham há por exemplo dez anos, o FC Dynamo conseguiu, contudo, assegurar as contratações do talentoso médio centro bielorrusso Stanislav Dragun, que representou nas duas últimas temporadas o FC Krylya Sovetov, e do internacional russo Andrey Eschenko, que chegou por empréstimo do FC Anzhi.

Kobelev tem novamente a seu cargo uma equipa que precisa de ser reconstruida e que necessita de melhorar e muito a sua capacidade ofensiva, uma vez que apenas conseguiu apontar 20 golos durante a primeira parte do campeonato. A longa paragem de inverno não fez, no entanto, bem ao FC Dynamo, que foi verdadeiramente humilhado pelo FC Amkar no Quartos de final da Taça da Rússia na passada semana. Os comandados de Kobelev perderam por 3-1 em Perm, deixando uma imagem bastante pálida e a certeza de que ainda há muito por fazer até ao final da temporada, uma vez que até a própria manutenção está ainda longe de estar totalmente assegurada.

Para uma equipa como o FC Dynamo Moscovo, a despromoção seria muito possivelmente a machadada final na história de uma formação que nunca desceu de escalão ou então a gota final da “terrível maldição” que Lavrentiy Beria lançou sobre o clube.

Foto de capa: FC Dynamo

A falência do projecto Benfica B?

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Ao olharmos à tabela classificativa da II Liga reparamos que a equipa B do Benfica continua em situação aflitiva. Jornada após jornada, esse cenário mantém-se, mostrando-se esta equipa incapaz de dar a volta o texto. E com óbvias responsabilidades para o técnico, Hélder Cristóvão. Mas não só… É curioso que outro clube que tem apostado evidentemente nos jovens também se encontra aflito, o Vitória Sport Clube. Porque será? Estarão estes factores ligados? Será dos intérpretes? Ou apenas é a falência do projecto?

Obviamente que não sou um expert no que se passa lá fora e pouco sei do que se passa no interior do Benfica, logo o que irei escrever é feito a partir da análise das impressões por mim recolhidas enquanto observador externo. Apesar disto, tenho um conceito do que deve ser uma equipa B e qual o seu lugar numa estrutura.

Não sei se o melhor ou se válido sequer, mas um conceito nevertheless. E perante isso, acredito que o projecto da equipa B do Benfica está perto de falir. E é pena. Explico: Em primeiro lugar, acho que deve haver uma enorme sintonia táctica entra as equipas A e B. Não digo um molde táctico rígido, definido em gabinetes e com os treinadores que chegam a adaptarem-se a tal, mas um desenho mais lato, que sirva aos dois plantéis. Um conceito genérico de perfil de jogador e esquemas tácticos e respectivas variantes. Isto é: não podemos adquirir laterais que são bons apenas em 3x5x2, quando nunca alinharemos nesse esquema.

Depois, os treinadores. Entre ambos tem de haver uma relação de absoluta confiança. Devem ser, na estrutura do clube, colocados a trabalhar de um modo bem próximo, para que percebam bem as respectivas ideias. Para que o treinador da B entenda do que a A pode precisar de um momento para o outro e para que o técnico principal saiba “espremer” de um modo coerente os mais jovens, sem melindrar aquele escalão.

Em terceiro, os jogadores. Atrás falei em plantéis, mas  conceito deve ser unívoco: As necessidades devem ser entendidas num todo. Claro que tem de haver alguma separação, para que, sobretudo, o treinador da B consiga ter recursos ao seu dispor para trabalhar. Mas a ligação tem de ser efectiva.

Deve existir uma perspectiva integrada entre as equipas A e B. Só assim faz sentido a existência deste escalão secundário Fonte: SL Benfica
Deve existir uma perspectiva integrada entre as equipas A e B. Só assim faz sentido a existência deste escalão secundário
Fonte: SL Benfica

Por exemplo, o 4º central do plantel principal teria de ser um titular absoluto da equipa B. O terceiro guarda-redes deve ter chances constantes na 2ª equipa. E por aí a fora. Ou seja, à luz disto, dir-se-ia que não seriam necessários 8 centrais (entre as duas equipas), mas sim 6; 7 no máximo. Os keepers, apenas 5. Ou seja, as necessidades técnicas e tácticas devem ser lidas no seu todo para compor um grupo que no máximo teria 46/47 jogadores. Olhar ao assunto como um plantel que a cada fim-de-semana tem dois jogos. E isto não pode implicar que, por exemplo, o recurso a Lindelof abane em definitivo a qualidade defensiva da equipa B.

Que a torne irremediavelmente mais fraca e sem capacidade de responder às vicissitudes da II Liga. E com o grupo mais ligado à equipa B sem as flutuações a que temos assistido. Por fim, o perfil do treinador da equipa B. Hélder Cristóvão pode ser um nome com história no Benfica, mas nada no seu currículo indica que ele é o homem certo. O mesmo se aplicava a Norton de Matos. Este treinador tem de ser um formador por excelência, tem de ter um CV amplamente ligado à formação. Hélder Cristóvão não tem sequer grande experiência como treinador principal… E a pouca que tem não abona.

Ora perante este conceito e os resultados, analiso que o projecto da B no Benfica está perto de ruir. Não há sintonia táctica entre os escalões, não me parecendo que haja essa proximidade e preocupação. Não digo que haja separação dos escalões, mas não há integração. Renato Sanches estava a brilhar, não havia mais ninguém, foi ele o escolhido. Victor Andrade e Clésio foram sendo experimentados a ver se colava… Lindelof apareceu e a defesa da B está a ruir. E Semedo teria de ganhar ritmo por ali. E não me parece, perante isto, que haja efectiva comunhão de ideias entre Vitória e Cristóvão.

Por outro lado, a indefinição em torno da aposta real de Vitória nos jovens levou a uma indefinição no plantel. Isto é, o plantel da Equipa B ia sendo depauperado à medida dos testes do ex-treinador do Vitória. E os recursos a desaparecer. Chegados a Janeiro, casa roubada, reforços à porta. E por atacado, infelizmente… Somado a isto, os empréstimos de Andrade e Teixeira. E isto indica outra coisa: jovens que aterram no Seixal, com valor, é certo, apenas servem para um forcing para evitar a despromoção. E ascensão à equipa A logo se vê se dá, pois nenhum dos jogadores adquiridos terá grandes chances de, a médio prazo, serem opção no escalão A, pela posição que ocupam. E por outro lado, onde fica, por exemplo, Rebocho. Que hipótese terá ele perante Grimaldo, que tem a mesma idade sensivelmente? E fala-se em mais um argentino… Por fim, Hélder Cristóvão. Tem de sair o quanto antes, sob pena de ser tarde, pelas razões explicitadas atrás. Sem perfil e sem a competência técnica desejável.

Ora perante este cenário, o perigo da queda ao CNS é real e as suas consequências nefastas. Em primeiro lugar, a visibilidade é menor. Em segundo lugar, e mais relevante, a motivação será bem menor! Dizer a um jovem de 19 anos que tem de jogar no CNS é devastador. Isto somado dá que possivelmente o fim do escalão está à vista… E isto acontece por uma razão que me irrita deveras no Benfica: falta de planeamento a este nível.

Ninguém, com bom senso, pode afirmar que o actual cenário é inesperado, bastando para isso olhar à manta de retalhos que é o actual plantel…  Na próxima época deseja-se um planeamento eficaz, com um grupo forte e bem definido, liderado por alguém competente e ciente da sua função: suprir a equipa A.

Foto de Capa: SL Benfica

No melhor pano cai a nódoa

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O Sporting perdeu hoje pela primeira vez em casa no campeonato. Mais uma vez, os “leões” perderam pontos frente a uma equipa bastante fechada, que teve no setor defensivo o seu grande alicerce.

Os “verde e brancos” perderam pontos sempre da mesma maneira na Liga: frente a Tondela, Boavista, Paços de Ferreira, União da Madeira, Rio Ave, Vitória de Guimarães e Benfica, o Sporting dominou a partida, teve oportunidades de golo mais que suficientes para vencer, mas não o conseguiu. Diria até que a partida com os vilacondenses terá sido a mais repartida destas todas. Frente ao Benfica, o jogo foi muito semelhante ao da Taça de Portugal: o Benfica marcou na primeira oportunidade de golo, por Mitroglou, e depois remeteu-se à defensiva, com um meio campo cerrado, com Samaris e Renato Sanches.

Sinceramente, esperava mais deste dérbi. Esperava mais de Adrien, ainda que tenha estado limitado durante toda a semana, esperava mais de Bruno César e esperava muito mais de Slimani e Bryan Ruiz. Este último tem sido o melhor jogador do campeonato mas, hoje, esteve horrível na finalização. Também há dias assim…

 O Sporting teve problemas de finalização na noite de ontem… Fonte: Sporting CP
O Sporting teve problemas de finalização na noite de ontem…
Fonte: Sporting CP

Esperava mais da equipa de arbitragem. Não teve influência direta no resultado, é bom que isto fique bem claro. Mas permitiu totalmente o antijogo do Benfica, qual equipa pequena, que trazia duas bolas para campo em cada bola parada, em que metade dos jogadores deitaram-se no chão a queixar-se da humidade (Jonas como protagonista principal). Mas como o antijogo, infelizmente, já não é novidade, penso que o único erro crasso da arbitragem foi a não amostragem do cartão vermelho a Renato Sanches. O jovem médio português fez seis ou sete flatas ao longo de toda a partida e só viu um amarelo numa falta que merecia vermelho direto. Mais uma vez repito: o árbitro não teve influência direta no resultado, o seu erro foi não ter retirado Renato Sanches do campo.

Sinceramente, não esperava mais nem do Benfica nem de Rui Vitória. Os “encarnados” continuam a jogar com dois laterais sofríveis (é medonho pensar que Eliseu tem lugar garantido no Europeu), e Rui Vitória continua sem um plano de jogo com cabeça, tronco e membros para este tipo de jogos. Desta vez safou-se porque Bryan Ruiz teve os pés virados (literalmente) para a lua e porque Jorge Jesus também falhou.

E porque é que eu acho que Jesus falhou? Pela enésima vez, escrevo que Teófilo Gutiérrez não é jogador para o Sporting, é um jogador inútil, incapaz de mexer com o jogo, de contribuir positivamente para uma equipa. Apenas desperta dois sentimentos nos adeptos leoninos: desespero e saudades de Fredy Montero. Mais uma vez, JJ apostou em Teo como primeira alternativa saída do banco e perdeu. Depois, Gelson entrou demasiado tarde, devia ter sido ele a substituir Bruno César. JJ falhou e acabou por perder contra o Benfica. Só não digo que foi o Benfica mais fraco dos dérbis jogados esta temporada, porque não vi o Benfica jogar bem em nenhum. Jonas e Gaitán estiveram nestes jogos como Hazard tem estado este ano no Chelsea (em versão Casper), Lindelof e Jardel foram os melhores encarnados esta noite.

Vai haver campeonato até ao fim, ainda que o Sporting não tenha Adrien Silva no Estoril. Às vezes não é bom dizer as verdades, que terá sido aquilo que Adrien disse a Artur Soares Dias. O leão vai mostrar o porquê de ser a raça que nunca se verga.

                Foto de Capa: Sporting CP

Sporting CP 0-1 SL Benfica: O primeiro dia do resto do campeonato

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Ao contrário daquilo que se tem registado nos últimos anos, este Derby, para além dos habituais cenários frenéticos, tinha como aditivo especial a disputa pelo primeiro lugar da tabela, num momento em que o campeonato se prepara para entrar na recta final. Com a confirmação da entrada em campo dos onzes mais prováveis perspectivou-se, também, a produtividade táctica. Analisemos, então, a postura inicial de cada equipa:

Os primeiros minutos evidenciaram a esperada tentativa de pressão em terrenos altos por parte do Benfica, fazendo subir os blocos com e sem posse, e proibindo a equipa do Sporting de sair com a bola e obrigando-a a apostar no jogo directo. Em consequência, as aproximações mais concretas à área do Benfica foram feitas através de bolas paradas ou com as tentativas de jogo directo para o aproveitamento de espaços. Neste último processo, a distância entre Eliseu e Jardel registada nos recuos e nos fechos defensivos permitiu à referência ofensiva do Sporting, Islam Slimani, aparecer com perigo na frente, recaindo, claro, com especial tendência para o lado esquerdo. Para além da acutilância da finalização, o Argelino destaca-se na capacidade de alargar o plano de construção leonino. E é por isso que, por vezes, o adepto mais distraído admira-se pelo facto de o ver em zonas pouco habituais para um ponta-de-lança.

Apesar deste esforço, o domínio nos primeiros vinte minutos foi encarnado. Eis a explicação:

O Benfica das primeiras jornadas do campeonato não é o mesmo Benfica de hoje. E esta mudança é, a meu ver, claramente provocada pelo fortalecimento dos processos desenvolvidos pelos elementos do meio-campo. Sendo certo que, para que tal aconteça, o aparecimento de um craque se revele fulcral, neste jogo houve, porém, um jogador em especial evidência. Samaris foi o pêndulo responsável pela facilidade na rotação do jogo do Benfica, que se registou até ao primeiro e único golo. Até então, o Sporting, bloqueado na construção, somente arriscava quando ganhava bolas durante este processo, aproveitando o erro do adversário, concretamente através da pressão de Bruno César e João Mário, ambos a fechar no interior. A influência de Samaris acabou por não ficar pelo controlo no centro do terreno, acabando por ser o Grego a efectuar o remate que iria, por ressalto, sobrar para o compatriota do ataque, que o finalizaria com sucesso.

Samaris foi dos melhores em campo Fonte: SL Benfica
Samaris foi dos melhores em campo
Fonte: SL Benfica

Ao mesmo tempo que o meio-campo do Benfica denotava qualidade nos primeiros vinte minutos, o meio campo do Sporting demonstrou encontrar-se nos antípodas qualitativos, havendo, como sempre, uma explicação para isso. Entrando o Sporting com uma defesa a quatro procedida pelo seu médio de contensão, sabia o Benfica que era essencial dificultar o trabalho de William Carvalho. E este, sendo um trinco de excelência, diminui na sua expressão quando se encontra sobre pressão. Mitroglou foi, tal como no lance do golo, o elemento do Benfica responsável pelo bloqueio do médio Português, implicando, lá está, a incapacidade do Sporting em aumentar a sua propensão ofensiva e o seu controlo na zona central.

Logo após o golo sofrido, a equipa leonina acordou. Aumentou a capacidade de produção, houve mais influência dos laterais na construção e maior liberdade para João Mário no processo de ruptura. Foi o aparecimento mais assíduo do Sporting no ataque, muitas vezes a acontecer pela zona central, que aumentou a agressividade dos jogadores do Benfica nessa mesma zona, eliminando penetrações na área e forçando a lateralização do jogo leonino. É de destacar a qualidade da defesa do Benfica, tantas vezes criticada, que durante a primeira parte primou pela organização e pelas acções cirúrgicas dos centrais. Por isso, só nos consecutivos pontapés de canto, nos cruzamentos ou com a meia distância, como no remate de Jefferson à barra, é que o Sporting conseguiu chegar à baliza adversária. O intervalo chegou com o Benfica a ganhar, mas com o Sporting a dominar.

O fluxo positivo da equipa de Jorge Jesus voltou a registar-se na segunda parte. Há algo que é essencial para o sufoco que o Sporting consegue impor nos jogos, originando toadas constantes em direcção à área contrária. É que, quando a segunda linha consegue subir no terreno, tendo William rápido na recuperação e na oferta de construção, Adrien assertivo na marcação e João Mário exímio no jogo interior e mais presente na assessoria aos atacantes, o Sporting torna-se no colectivo que não deixa o adversário respirar, provocando ataques atrás de ataques. Se a primeira parte tinha sido dividida ao nível da qualidade, destacando-se o Benfica até ao golo, e o Sporting do golo em diante, já a segunda parte, durante os seus primeiros trinta minutos, pertencera totalmente ao Sporting, tendo existido mérito no trabalho de Jorge Jesus, mas, diga-se, também algum demérito nos extremos do Benfica, que foram incapazes de aparecer durante a segunda metade do jogo. Ora, vivendo muito o Benfica do trabalho de Gaitán na sua destreza lateral, e estando este apagado, e sendo essencial o esforço de Renato Sanchez na expulsão em progressão, mas estando este encarregue de tarefas mais defensivas (daí a quantidade de faltas registadas), o equipa da luz perdia os argumentos ofensivos, somando ainda o desaparecimento de Jonas, que não fez um único remate à baliza de Rui Patrício durante o jogo todo.

A fase final do jogo voltou a trazer o equilíbrio entre as duas equipas. O Benfica soube ganhar aos poucos o controlo necessário para arrefecer o entusiasmo do Sporting, que só não empatou o jogo porque o jogador que costuma tornar fácil aquilo que é difícil resolveu, desta vez, tornar difícil aquilo que aparentemente é fácil. Em resumo, o jogo que não foi constante na qualidade, mas que compensou pela força da sua intensidade, acabou por sorrir ao Benfica. E em tom lacónico podemos dizer que, pondo de parte as apostas tácticas de Vitória e de Jesus, ser-se eficaz é a estratégia mais benéfica. O Sporting, que sabe jogar bem futebol, não resolve com a mesma facilidade deste Benfica. Digo “deste” porque, claramente, já existiu outro.

A Figura:

Samaris – Embora Mitroglou seja o responsável directo pela vitória, atribuo a medalha ao seu compatriota Samaris. Foi o elemento decisivo durante o momento mais forte do Benfica na primeira parte e foi, igualmente, dos jogadores mais importantes na dura fase de contensão da segunda parte. Como se não bastasse, participa no lance do golo. Grande época do Grego.

O Fora-de-Jogo:

Jonas – Embora também esteja tentado a atribuir esta medalha negativa a um jogador devido a um lance infeliz e sintomático da sua imaturidade, decido-me por entregá-la ao melhor marcador do campeonato. O Brasileiro Jonas, por coincidência ou destino, voltou a não aparecer no Derby. Não marcou, mas também não rematou à baliza. Nem uma única vez.

Sporting CP 0-1 SL Benfica: Benfica vence último round

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O jogo começou com fumo verde, grandes tarjas e gritos cronometrados. Os adeptos do Benfica começaram calados. Talvez afectos um pouco ao que todos os benfiquistas sentiam ao se perguntarem: onde está Júlio César? A pergunta não demorou muito e desvaneceu-se com o verde dos fumos das claques do Sporting. As equipas começaram com garra e vontade de mostrar que nenhuma delas ia ficar de pé atrás. O jogo estava no meio-campo com Renato Sanches, Samaris, Adrien e João Mário como protagonistas. O Benfica tentava apostar em trocas de bola à espera da desmarcação, enquanto o Sporting, com paciência, esperava para lançar a equipa em velocidade.

Tanto se ficou no ‘vai-não-vai’ que num ataque do Benfica lá saiu o golo, que naquele momento poderia ter sido para qualquer um dos lados. Depois de um remate de Samaris que ressaltou na defesa leonina, Mitroglou não se fez rogado e rematou para o fundo das redes. Sem hipótese para Rui Patrício. Aí os adeptos encarnados acordaram, mas foi sol de pouca dura. Os cânticos acabaram por ser engolidos pelos adeptos leoninos, que desde o início do jogo não se calaram.

A partir daí trocaram-se os papéis. O Benfica mais defensivo a tentar explorar o erro do Sporting, sobretudo a apostar em Mitroglou sozinho na frente, a tentar segurar a bola e a esperar que a equipa subisse, e os leões mais pressionantes, mas sem de todo conseguirem causar perigo, com muito mérito para Lidelof e Jardel, que conseguiram neutralizar Slimani. O jogo tornou-se fraco e, sobretudo, agressivo, com várias faltas para os dois lados, com Renato Sanches a ser o mais ‘mal comportado’, ainda assim sem ser admoestado.O Sporting chegou mesmo a estar mais de 30 minutos sem rematar à baliza defendida por Ederson. Quando, finalmente, conseguiu ou não teve perigo ou teve azar com a trave, tal como aconteceu com Jefferson aos 41’. Esperava-se uma primeira parte mais ‘taco a taco’, com mais ataques e oportunidades de golo.

Um único golo de Mitroglou resolveu o derby de Alvalade Fonte: #SLBenfica
Um único golo de Mitroglou resolveu o derby de Alvalade
Fonte: SLBenfica

Na segunda parte foi o Sporting quem entrou com mais vontade; o remate de Renato Sanches e Gaitán nos minutos iniciais foram sol de, muito, pouca dura. Sobretudo, o que se fazia notar era a energia, as equipas estavam rápidas e aguerridas e com o discurso do treinador na cabeça. No entanto, só as ‘pilhas’ do Sporting é que pareciam ter ‘sprint’ incluído. A dupla Lindelof e Jardel, apesar de ter estado a fazer uma exibição irrepreensível, estava mais desgastada e isso notou-se nas movimentações de Slimani: muito mais solto, muito mais perigoso! Apesar disso os desarmes de toda a defesa encarnada apareceram sempre na hora certa. O Benfica limitava-se a ser sólido no meio-campo e a tentar sair em velocidade; algo que conseguia, mas sem rematar, em grande parte das vezes.

À medida que o tempo avançou o clima adensou-se. Muitas faltas, e os jogadores no Benfica a prolongarem a sua estadia no chão depois de uma falta e na altura das substituições. Aliás, talvez tenha sido nas substituições que esteve a chave do jogo. As entradas de Raul e de Fejsa alteraram o jogo do Benfica. O mexicano, muito bem, na frente a pressionar Patrício e a defesa leonina e a abrir espaço no último terço do campo. Fejsa veio ajudar o meio-campo.

O jogo ficou nervoso e mais nervoso e Bryan Ruíz absorveu isso, e se não fosse isso não teria falhado dois golos escandalosos de baliza aberta; já sem Ederson, só a ‘via verde’. Jorge Jesus também mexeu, fez entrar Gelson, Téo e Schelotto, mas em nada deu. A bola ia até à área do Benfica, mas a finalização não estava lá. Azar dos leões, sorte dos encarnados. Sorte do Benfica também em relação a Renato Sanches, que não foi expulso depois de várias faltas ao longo do jogo, uma delas, já no fim do jogo, muito agressiva. O jovem internacional português mostrou-se em Alvalade um selvagem, tal como Rui Vitória queria, mas ia acabando ‘enjaulado’ pelo árbitro.

No final de contas foi um jogo que fez lembrar o Benfica-Porto. Os encarnados marcam e metem-se na ‘retranca’, só que desta vez a sorte sorriu-lhes e a leitura táctica do jogo foi perfeita. Foi um verdadeiro derby, dentro e fora de campo, com as duas equipas a darem um espectáculo de nervos fantástico; em termos futebolísticos os adeptos estão no direito de pedir mais. Claro que ninguém vai pedir, até porque o Benfica, que não jogou tanto ao ataque, conseguiu os 3 pontos e saltou para a frente do campeonato. A verdade é que ninguém saiu das bancadas antes de o árbitro apitar, e isso só pode significar que foi um bom jogo.

Sala de Imprensa:

Rui Vitória entra acompanhado de Rui Costa e Luis Felipe Vieira. Agradece o apoio dos adeptos, que, diz, representam uma grande quantidade de benfiquistas espalhados pelo mundo fora. Em relação à ausência de Júlio César, o treinador encarnado admite que o guardião brasileiro vai estar ausente durante algum tempo. E diz que se fazem novas oportunidades e que Ederson a mereceu. O treinador encarnado não assume também o favoritismo, dizendo que entrou em Alvalade tão favorito como sai, deixando, logo de seguida, elogios aos adeptos e à sua equipa técnica, com quem fez questão de partilhar a vitória.

Vitória fez ainda questão de realçar a boa reacção do Sporting na segunda parte; natural, diz ele, por serem uma excelente equipa – não esquecendo também a equipa de arbitragem, que mereceu elogios pela exibição de Artur Soares Dias e da sua equipa.

Em resposta a uma última pergunta, Rui Vitória rejeitou responder às críticas leoninas dos últimos tempos, dizendo que trabalha para ser melhor, para a equipa ser melhor e, no fim, o Benfica ser melhor e maior, realçando que a carreira de um treinador é feita de altos e baixos: “podemos passar dez meses de angústias para ter um ou ou dias de glória”. Realçou também o papel do presidente encarnado, Luís Felipe Vieira, na calma e estabilidade que este trouxe ao clube.

Conferência de Jesus: “Os adeptos mereciam que tivéssemos vencido hoje. Foram fantásticos antes, durante e depois do jogo”, começa Jorge Jesus. O treinador leonino diz que o Sporting foi a melhor equipa nos 95 minutos, apesar de a 1.ª parte ter sido muito disputada. Pelo contrário, Jesus diz que a segunda parte foi totalmente dominada pelo Sporting, com o Benfica a jogar como uma equipa pequena, a fazer anti jogo e a não conseguir sair em ataque. O ‘mister’ dos leões admite falta de eficácia e diz que este seria, dos quatro jogos frente ao Benfica, o mais fácil para o Sporting vencer, mas isso não aconteceu e Jesus diz que isso faz parte do futebol.

O treinador dos leões diz que tudo está em aberto e que continua a acreditar tal como no primeiro dia em que chegou a Alvalade. “O Sporting Clube de Portugal foi a melhor equipa”. Revelou-se um pouco frustrado e sempre a vincar que o Benfica jogou como equipa pequena, que não sabe como saiu daqui com três pontos e que não merecia sequer um ponto.

O técnico dos leões assumiu que irá continuar a lutar pela liderança e que era esta a pressão a que queriam estar sujeitos, porque significa que estão na luta. Em relação a Artur Soares Dias, não houve críticas. Disse que as decisões do árbitro não impediram a vitória do Sporting.

A Figura:

Rui Vitória – Soube ler bem o jogo, fez as alterações necessárias na hora certa.

O Fora-de-Jogo:

Bryan Ruiz – Falhou dois golos cantados e isso, num jogo destes, é imperdoável.

Carta aberta ao: Plantel do SL Benfica

cartaaberta

Rapazes, sábado, um valor mais alto se levanta: esse valor chama-se SL Benfica. Esta semana dei por mim a pensar no caminho que vocês vieram a traçar nesta época. Recordo-me de um início complicado; nessa altura eu via um Benfica fraco, sem ideias e que era criticado por tudo e por todos. Perdemos com o nosso arquirrival três vezes, e com o FC Porto uma vez. Mas mesmo assim nós estávamos ao vosso lado. Depois disso, vocês começaram a ganhar os jogos de forma sofrida, mas ganhavam, e a confiança foi crescendo, do vosso e também do nosso lado.

Para melhorar as coisas, apareceu um miúdo chamado Renato Sanches, que conseguiu equilibrar o nosso meio campo. Vocês foram crescendo e a vossa forma de jogar também. Passaram da equipa mais “fraca” dos três grandes para a mais concretizadora dos mesmos três. Começaram a golear e, mesmo com todas as dificuldades que foram aparecendo, vocês iam-nas ultrapassando e continuavam a cumprir, enchendo-nos o peito de confiança com os golos que marcavam em todos os jogos. Depois dessa fase, apareceu o Porto outra vez no nosso caminho e, mesmo sem merecermos, saímos derrotados.

Vocês fizeram de tudo, jogaram com vontade de vencer desde o primeiro ao último minuto, mas naquele dia as bolas teimavam em não entrar na baliza de Casillas. Nessa altura eu fiquei assustado, pensei que a vossa confiança poderia ficar ferida, que vocês perdessem aquela garra que vinham mostrando, mas vocês mostraram que não no jogo com o Zenit. Nesse momento eu percebi que vocês são um grupo forte e unido e que têm uma sede enorme de vitória.

A forma inteligente como jogaram e a paciência que tiveram durante todo o jogo é de grande equipa, que é sinónimo do nosso clube. Agora vamos defrontar de novo o Sporting CP. Sábado terão o teste mais importante da vossa época, porque, para além de se jogar para o campeonato, joga-se também pelo nosso orgulho.

Em Alvalade, vocês jogarão perante um ambiente horrível, um ambiente de pressão infernal, mas lembrem-se de que fora daquele estádio estarão milhões a torcer por vocês. Estarão milhões vibrando com cada passe e com cada finta, estarão milhões a fazer figas por vocês e, acima de tudo, estaremos todos com uma vontade imensa de poder gritar golo várias vezes.

Por isso, joguem com raça, com querer e ambição, joguem à Benfica. Façam de tudo para sairmos daquele estádio vitoriosos e líderes do campeonato. Deixem o sangue e o suor em campo, lutem por cada bola como se fosse a bola mais importante da vossa vida, mostrem a tudo e a todos o que é o Benfica e de que fibra somos feitos. Rapazes, lembrem-se de que, nesse dia, o valor mais alto que vai levantar-se dá pelo nome de Sport Lisboa e Benfica, e orgulhem-se por carregarem esse grande emblema ao peito.

Foto de Capa: SL Benfica

Top 10: Os piores momentos de Bruno de Carvalho

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[tps_title]10.º Despedimento de Marco Silva[/tps_title]

bdc
Fonte: Sporting CP

[Como é fácil de imaginar dez tópicos não chegam para resumir os casos, trapalhadas, enganos e momentos caricatos com que o Sr. Bruno de Carvalho nos vem brindando desde que chegou à presidência do Sporting, faz este mês 3 anos]

Como BdC já tinha a cabeça noutro treinador, a solução para despachar Marco Silva, que dias antes lhe tinha dado o seu primeiro troféu oficial como presidente (coisa pouca para um clube que andava há sete a ver passar Barcos), foi um despedimento “com justa causa”, da forma mais humilhante e ingrata possível. Sem indemnização, porque Bruno de Carvalho se acha acima da lei. Tudo porque Marco Silva cometera crimes gravíssimos como não usar o fato oficial num jogo ou ter feito uma opção técnica (não utilizar Rojo) numa partida de pré época. Isto é tão ridículo e grave ao mesmo tempo que até faz confusão. Depois de um mês acobardado por detrás de uma nota de culpa de 400 páginas que nada dizia, lá teve a decência de chegar a um acordo com o treinador. Sobre lealdade e respeito estamos conversados.

Taca Davis 2016: Favoritos prevalecem

cab ténis

O primeiro encontro do dia colocou frente a frente João Sousa (37º na hierarquia mundial) e Gerald Melzer (116º classificado do ranking ATP). Os jogadores nunca se tinham defrontado anteriormente.

O vimaranense, que tem por inúmeras vezes acusado o fator casa – basta olhar para as mais recentes prestações no Estoril Open -, entrou muito confiante e conseguiu o break logo no primeiro jogo de serviço do austríaco. Foi, por isso, de forma autoritária e natural que João Sousa arrecadou a primeira partida. Nota de destaque para os quatro aces e ainda para a alta percentagem de pontos ganhos com o primeiro serviço (84%).

No segunto set, como seria de esperar, Gerald Melzer reagiu e equilibrou o encontro. O austríaco, que até voltou a ser quebrado logo na primeira vez em que serviu, soube reagir, devolvendo logo de seguida o break. De resto, e num set claramente marcado pelo nervosismo de ambos os jogadores, Melzer chegou a liderar por 4-1, tendo inclusive ponto para aumentar a vantagem para 5-1. Todavia, e na capacidade de luta que já é uma característica de João Sousa, a segunda partida havia mesmo de cair para o lado do português por 7-5.

A terceira partida foi uma mera formalidade. João Sousa entrou bastante motivado pela recuperação que havia assinado no set anterior. Por sua vez, Gerald Melzer parecia não acreditar ser possível recuperar de uma desvantagem de dois sets a zero frente ao português. Desta forma, o vimaranense haveria mesmo de levar de vencida o austríaco com os parciais de 6-1, 7-5 e 6-2.