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Tour Down Under: O Domínio dos Australianos

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Cabec¦ºalho ciclismo

Está de volta a época desportiva no mundo do ciclismo e estão de volta os artigos sobre tal! Algumas equipas ainda estão em estágio de preparação para o começo de época, outras já estão a estagiar perto de algum local onde irão fazer uma prova brevemente, enquanto outras já se encontram mesmo em competição e prontas para terem um ano melhor ou tão bom quanto o que foi o ano passado. É o caso das equipas que estão na Austrália e que competiram no Tour Down Under, uma das primeiras provas do ano no calendário internacional e que costuma apresentar já um bom elenco de ciclistas. Em relação à prova, há que destacar, antes de mais, que a classificação geral e todas as etapas foram ganhas por um ciclista australiano; incrível o domínio “aussie” nesta prova!

A primeira etapa costuma ser “dedicada” aos sprinters e esta vez não foi exceção. Vários nomes eram apontados como possíveis candidatos a vencerem e a serem os primeiros a ficar com a camisola relativa ao líder da classificação geral. Entre esses nomes, estava o “menino-prodígio” Caleb Ewan (com apenas 21 anos). Já tinha sido referido por mim num dos meus primeiros textos para o Bola na Redever aqui – , onde dizia que “referente a jovens sensações do momento, há que ter em atenção, tal como já tenho dito a várias pessoas há uns tempos atrás, o crescimento de Caleb Ewan”.

Felizmente, até agora, estas “previsões” têm sido bem no alvo e é de se esperar que este jovem australiano, uma das maiores promessas do ciclismo mundial, continue a sua evolução como ciclista e acredito que no futuro suba mais patamares, com vitórias, por exemplo, em Grand Tours. Nesta primeira etapa, fez um grande sprint e não deu hipótese a homens como Mark Renshaw (quase 12 anos mais velho do que ele), Wouter Wippert, Giacomo Nizzolo ou Ben Swift.

O “menino-prodígio” Caleb Ewan venceu mais 2 etapas num início de ano que está a ser extraordinário para o jovem australiano  FONTE: cyclingtips.com
O “menino-prodígio” Caleb Ewan venceu mais duas etapas num início de ano que está a ser extraordinário para o jovem australiano
Fonte: cyclingtips.com

Na segunda etapa, já quase no final, houve uma queda que deixou alguns favoritos a vencer de fora da discussão desse mesmo dia e  que acabou por beneficiar um outro jovem (de 23 anos), de seu nome Jay McCarthy. Este australiano, ciclista da Tinkoff, foi um dos corredores mais surpreendentes da prova e mereceu realmente ter levado “para casa” uma vitória. Frente a nomes mais conhecidos como Diego Ulissi ou Rohan Dennis (último vencedor desta prova), não se intimidou e teve aqui a sua primeira vitória em 2016. A terceira e quarta etapas tiveram o mesmo “destino”: vitória ao sprint por parte de Simon Gerrans, que acabou mesmo por vencer este TDU 2016!

A quinta etapa poder-se-á designar como a “rainha” da prova e o verdadeiro teste às capacidades de quem estava na Austrália para vencer a classificação geral. Richie Porte, na primeira prova como corredor da BMC, conseguiu igualmente a primeira vitória pela sua nova equipa, depois de ter saído da Sky, deixando toda a concorrência para trás na última subida do dia. Uma vitória que mostrou realmente a qualidade do também australiano para terrenos mais inclinados e uma pequena demonstração do que poderá fazer no Tour, provavelmente. O colombiano Henao, da Sky, ficou em segundo lugar na etapa e o trepador da Cannondale Michael Woods ainda conseguiu o último lugar do pódio nesse dia. É de destacar que quase todos os grandes candidatos a vencer esta prova apareceram bem neste dia, ficando o top’10 da etapa com oito ciclistas que terminaram no top’10 da classificação geral final da prova.

O último dia da prova, como de costume, estava novamente reservado para os ciclistas mais rápidos, os denominados “sprinters”. Mais uma vez, demonstração de qualidade por parte do jovem Caleb Ewan (no futuro, poderemos vir a ter enormes duelos entre o australiano e o também jovem Fernando Gaviria, colombiano de 21 anos, igualmente com grande potencial e que venceu uma etapa, nesta semana, no Tour de San Luís – prova que Dayer Quintana, de 23 anos, venceu… à frente do seu irmão, que ficou em terceiro lugar, Nairo Quintana!). O experiente Renshaw, tal como no primeiro dia, voltou a não conseguir superar o bem mais novo Caleb Ewan. Brilhante início de temporada por parte do jovem australiano, que antes desta prova vinha com seis vitórias em sete dias de corrida: brilhante, sem dúvida!

Richie Porte começa bem o ano com a sua nova equipa com uma vitória em etapa neste Tour Down Under  FONTE: cyclingnews
Richie Porte começa bem o ano com a sua nova equipa com uma vitória em etapa neste Tour Down Under
Fonte: cyclingnews

Simon Gerrans (da equipa igualmente australiana Orica GreenEdge) conquistou assim a sua quarta vitória no Tour Down Under, numa prova realmente dominada pelos australianos, onde Richie Porte ficou com o segundo lugar na classificação geral final (nove segundos de diferença para o vencedor) e o colombiano Sérgio Henao não permitiu o “triplete” para os australianos, visto que conseguiu terminar nove segundos à frente do australiano Jay McCarthy. Michael Woods fecha o top’5 desta prova. De destacar neste top’10 a presença de outros dois jovens com bom potencial (ambos com 24 anos), Rúben Fernandez, da Movistar, e Patrick Bevin, da Cannondale (equipa que venceu a classificação geral por equipas).

Queria, por fim, deixar uma breve nota de rápida recuperação aos homens da Giant Alpecin, que tiveram um grave acidente devido a um carro que estava a circular na via contrária. Alguns ciclistas apenas sofreram feridas ligeiras, mas outros estão num estado pior, como, por exemplo, os bem conhecidos John Degenkolb e Warren Barguil. Isto serve de alerta também para o facto de terem de ser implementadas mais e melhores campanhas de sensibilização/educação para os condutores em relação aos ciclistas (e, nalguns casos, também de ciclistas para com os condutores). Desde já, espero que recuperem todos da melhor forma.

Foto de capa: Cyclingnews

MEO e NOS: A luta continua!

futebol nacional cabeçalho

O mercado das telecomunicações em Portugal é praticamente liderado por parte de dois players: a MEO e a NOS. É certo que podem ser identificados outros concorrentes, mas estes dois acabam por ter a maior importância em termos de quotas de mercado.

Trata-se portanto de um mercado com uma estrutura oligopolista (“duopólio” se quisermos ser mais ainda rigorosos), caracterizado pela existência de um pequeno número de vendedores, um grande número compradores e uma certa homogeneidade no produto ou serviço transacionado. Na verdade, não existem grandes diferenças entre os serviços fornecidos por parte de cada um destes dois operadores, sendo que o preço acaba por ser igualmente muito próximo para serviços similares (ou igual na maior parte dos casos).

Deste modo, a conquista de quota de mercado por parte da MEO ou da NOS revela-se uma missão cada vez mais difícil, na medida em que ambas as empresas apresentam as mesmas inovações em momentos muito próximos e praticam igualmente preços similares. Isto é ainda mais notório se tivermos em conta a existência de contratos de fidelidade por parte de cada uma delas (na maior parte dos casos por períodos de dois anos), os quais acabam por impedir que os consumidores mudem constantemente de operadora em busca da solução mais vantajosa para si em cada momento.

Esta luta constante pela liderança de mercado requer a adopção de um conjunto de outras estratégias menos convencionais para captar cada vez mais clientes. É neste contexto que podem ser enquadrados os mais recentes negócios entre cada uma destas duas operadoras e vários clubes de futebol em relação aos respectivos direitos televisivos. Note-se que até então estes direitos televisivos eram negociados directamente entre os clubes e a Publicidade de Portugal e Televisão, S.A. (empresa de Joaquim Oliveira – presidente do Conselho de Admnistração da Sport TV Portugal, S.A.).

Desta feita, a NOS foi pioneira ao formalizar no passado dia 2 de Dezembro um contrato no valor de 400 milhões de euros com a Benfica SAD. Este contrato pressupõe que a NOS tenha, a partir da época 2016/2017, os direitos de transmissão televisiva dos jogos em casa da equipa A de futebol sénior do SL Benfica e os direitos de transmissão e distribuição da “Benfica TV”. Este contrato terá início na época 2016/2017 durante três épocas, podendo ser renovado até um total de dez épocas.

A MEO rapidamente quis entrar nesta luta, tendo estabelecido no dia 27 de Dezembro do último ano um contrato no valor de 457,5 milhões de euros com a SAD do Futebol Clube do Porto. De acordo com as condições do contrato, a MEO passará a ter os direitos de transmissão televisiva dos jogos da equipa principal de futebol (visitas) na primeira liga, os direitos de exploração dos espaços publicitários no estádio do Dragão a partir da época 2018/2019 durante pelo menos dez épocas, os direitos de transmissão do “Porto Canal a partir do início deste ano durante dez épocas e o estatuto de principal patrocinador do Futebol Clube do Porto a partir do início deste ano durante sete épocas e meia.

O acordo entre Sporting e NOS Fonte: Sporting
O acordo entre Sporting e NOS
Fonte: Sporting CP

A NOS voltou a contra-atacar e celebrou com a SAD do Sporting CP um contrato no valor de 515 milhões de euros no passado dia 29 de Dezembro. Este contrato prevê o direito de transmissão televisiva e multimédia dos jogos em casa da equipa A de futebol sénior, o direito de exploração dos espaços publicitários no estádio José Alvalade, o direito de transmissão e distribuição da “Sporting TV” a partir da época 2017/2018 durante doze épocas e o direito a ser o principal patrocinador a partir do início deste ano durante doze épocas e meia.

Para além destes contratos milionários com os “três grandes”, a NOS comunicou ainda no dia 30 de Dezembro do último ano ter estabelecido contratos em relação aos direitos televisivos dos jogos em casa de mais oito clubes da Liga Principal, nomeadamente da Académica de Coimbra, do CF “Os Belenenses”, do CD Nacional da Madeira, do CS Marítimo, do FC Arouca, do FC Paços de Ferreira, do SC Braga e do Vitória FC.

No mesmo sentido, a MEO já anunciou igualmente ter acordado os direitos televisivos dos clubes da Segunda Liga, os quais passarão a receber 500 mil euros por época durante as próximas três épocas.

Todos estes contratos são diferentes entre si, dificultando qualquer espécie de comparação entre eles e qualquer avaliação de qual foi o melhor contrato e quem fez o melhor negócio. Ainda assim, vale a pena relevar quatro comentários:

Primeiro. Estes contratos favorecem os clubes de futebol, no sentido me que estes ganham uma nova forma de financiamento que de outra forma não teriam (ou teriam mas em menores montantes).

Segundo. Estes contratos favorecem a MEO e a NOS, as quais passam a ter direitos de jogos que os podem vender entre si (ou a outros concorrentes) e/ou que podem usar como uma forma de captarem mais clientes se optarem por disponibilizar os jogos apenas nas suas plataformas.

Terceiro. Estes contratos acentuam as desigualdades entre clubes. Na verdade, os “três grandes” conseguiram vender os seus direitos por valores astronómicos, o que lhes conferirá obter receitas astronómicas em comparação com os clubes de menor dimensão ou com menor expressividade em termos de adeptos.

A NOS passou a estar representada nos equipamentos do Sporting CP Fonte: Sporting CP
A NOS passou a estar representada nos equipamentos do Sporting CP
Fonte: Sporting CP

Quarto. Estes contratos prejudicam os consumidores, os quais poderão ter que passar a pagar um valor superior na factura mensal para poderem ter acesso aos diferentes jogos da Liga Principal, sobretudo a partir de 2018. Hoje, esse valor ronda os 37 euros (26,79 euros pela “Sport TV” e 9,99 euros pela “Benfica TV”). Sabe-se que até 2018, os jogos do Sporting e do Porto continuarão a ser transmitidos na “Sport TV” (empresa que detém os direitos televisivos até essa data) e tudo aponta que os jogos do Benfica deixarão de ser transmitidos na “Benfica TV” para passarem a ser igualmente transmitidos na “Sport TV” (a NOS é accionista da “Sport TV”).

A materializar-se, a “Benfica TV” poderá deixar de ser um canal codificado, mas em contrapartida a “Sport TV” poderá anunciar um aumento do respectivo valor. Na verdade, a “Sport TV” já procedeu a um aumento de 10 euros para todos os proprietários de cafés e de restaurantes no início deste ano, desconhecendo-se ainda o valor do aumento para os clientes residenciais (que poderá não existir). A partir de 2018, não se sabe ainda como serão transmitidos os diferentes jogos, podendo especular-se que a MEO lance um novo canal para agrupar todos os jogos dos clubes com quem já negociou os direitos televisivos, encarecendo os custos para os consumidores.

Como em qualquer luta, os mais desfavorecidos são sempre os mais prejudicados. Nesta luta de grandes operadoras e de grandes clubes, os mais prejudicados acabam por ser os consumidores e os clubes de menor expressividade.

Foto de Capa: Sport Lisboa e Benfica

Artigo com a opinião de Ricardo Barradas

FC Porto 1-0 CS Marítimo: Safam-se os três pontos

fc porto cabeçalho

Foi com grande expetativa que um Dragão bastante “esburacado” recebeu José Peseiro no primeiro jogo oficial do português como treinador do FC Porto. Uma expetativa por saber até que ponto é que o famoso treinador do “quase” iria começar o seu trajeto azul-e-branco. Com uma vitória, foi a resposta do novo comandante que não reservou surpresas no onze inicial que fez alinhar frente ao Marítimo. Casillas manteve-se na baliza, o eixo da defesa também se manteve e o ferrari continuou na garagem em detrimento de Herrera e André André. Mas até que ponto é que as ideias que marcaram o futebol da era Lopetegui iriam influenciar a equipa neste encontro?

Aos dois minutos, um corte deficiente de Layún deixou a bola à vontade de Marega mas o avançado maliano atirou torto para a bancada. Não demorou muito até que o FC Porto de Peseiro se apresentasse aos adeptos azuis-e-brancos. Layún ávido pelo corredor central, muita mobilidade posicional de Brahimi e Corona e privilégio pela circulação de bola e pelo desequilíbrio pelo corredor central. Contudo, a relutância em esquecer as ideias antigas era notória e o FC Porto continuava a cometer vários erros desnecessários.

Aos vinte e dois minutos, Salin carregou o FC Porto às costas. Depois de encostar o Marítimo às cordas, os azuis-e-brancos chegaram ao golo após uma jogada de insistência. Salin ainda aliviou o primeiro cruzamento mas a bola sobrou para Layún, que se encontrava à entrada da área maritimista e ultrapassou um primeiro adversário antes de assistir André André. O internacional português rematou de primeira, pleno de intenção, atirou à barra e viu a bola bater, caprichosamente, nas costas de Salin antes de entrar na baliza.

A resposta do Marítimo não se fez esperar e, no minuto seguinte, muita sorte para o FC Porto, que quando via a bola aproximar-se da área de Casillas via Peseiro a gritar “Ai meu Deus…”. Aos vinte e cinco minutos, uma desatenção imperdoável da defensiva portista permitiu que Marega surgisse solto na área mas o maliano acabou por cabecear ao poste.

André André foi titular na equipa de José Peseiro Fonte: FC Porto
André André foi titular na equipa de José Peseiro
Fonte: FC Porto

A falta de inspiração das duas equipas era notória e acabou por culminar num vazio de ideias até ao intervalo. Tal como a falta de qualidade do árbitro da partida, que já tinha penalizado o FC Porto ao não assinalar grande penalidade sobre Maxi e ao conseguir ver foras-de-jogo inexistentes. Referência também para o facto de no golo do FC Porto a bola ir ao braço de Aboubakar, podendo-se aceitar reclamações pela passividade do senhor do apito também neste caso.

A dificuldade em chegar ao último terço era notória no futebol praticado pelos dragões, fruto da enorme incapacidade em criar no último terço. Contudo, quando o FC Porto conseguia finalmente alguma inspiração coletiva, o árbitro da partida tratava de voltar a negar a possibilidade de golo. Sim, fala-se de mais uma grande penalidade não assinalada sobre Maxi e de mais um fora-de-jogo mal tirado a Corona quando este surgia isolado frente a Salin.

Depois da estreia de Suk no estádio do Dragão, houve uma enorme possibilidade para o FC Porto de aumentar a vantagem. Grande passe de Danilo para as costas da defensiva, onde acabou por surgir Corona com a bola controlada. Pressionado, o mexicano só tinha de passar para o lado onde aparecia Suk completamente sozinho. Preferiu rematar, em arco e cheio de intenção. A defesa de Salin é bastante boa mas pedia-se mais ao Tecatito.

A baliza do Marítimo foi ameaçada apenas por uma vez na segunda parte, o que acaba por refletir a avidez e a exigência dos adeptos portistas de que a equipa produza algo mais. Sabia-se que seria complicado ver algum trabalho de José Peseiro nesta partida e que o mais importante era a aquisição dos três pontos para não perder a corrida para o título. Eles acabaram por ficar no Dragão e por premiar a equipa que mais fez por vencer a partida. A continuar assim, o Marítimo de Nelo Vingada irá passar por muitos apertos…

A Figura:

95% dos adeptos portistas – sofreram mas viram o FC Porto vencer. Quando as coisas corriam mal, aos primeiros assobios dos 5% de adeptos pipoqueiros, os 95% dos adeptos portistas batiam palmas. Foram estes que carregaram a equipa às costas.

O Fora-de-Jogo:

João Ferreira – não costumo criticar arbitragens porque não gosto de que sejam desculpa para a inoperância da equipa. Neste jogo, porém, o FC Porto não jogou bem e o árbitro João Ferreira ainda procurou (deliberadamente ou não) limitar o jogo dos portistas.

Foto de Capa: FC Porto

CF ‘Os Belenenses’ 3-3 Vitória SC: Uma tarde de futebol espetáculo

futebol nacional cabeçalhoTarde de domingo a convidar para o futebol e os adeptos a comparecerem em bom número, tanto do Vitória como do Belenenses. Um jogo entre duas equipas em crescimento e a procurar na segunda volta lutar por um possível lugar europeu.

Não podia pedir melhor inicio o Belenenses, ao marcar aos 8 minutos por Miguel Rosa. Abalados por este início, os homens de Sérgio Conceição procuraram a área do Belenenses mas quem marcou voltaram a ser os homens do Restelo. Bakic, reforço de inverno, estreou-se a marcar com a camisola da Cruz de Cristo.

Esperava-se uma reação vitoriana, mas o Belenenses não parecia estar preparado. Num jogo nem sempre bem jogado mas que valia pela vontade de ambas as equipas, o Vitória não baixou os braços e chegou ao empate. Bouba, de cabeça, deu o mote e, aos 42 minutos, a defesa do Belenenses fica a dormir, apenas Filipe Ferreira acompanha Ricardo Valente mas teve o azar de empurrar a bola para dentro da baliza em vez de a cortar. Um empate que premiava a vontade do Vitória, que procurou muito mais vezes o golo do que o Belenenses, que ficou demasiado tranquilo depois do segundo golo.

Os adeptos do Vitória SC não pararam de apoiar a equipa vimaranense
Os adeptos do Vitória SC não pararam de apoiar a equipa vimaranense

De destacar, ao intervalo, o facto de as escolas do Belenenses terem dado uma volta ao estádio para se mostrarem aos associados e quando passaram pela bancada dos adeptos do Vitória terem sido aplaudidos pelas claques. Um bonito gesto, que só fica bem no nosso futebol.

A segunda parte começou bem, o Vitória entrou mais forte e teve o primeiro lance de perigo; os jogadores do Belenenses não quiseram ficar atrás e logo na jogada seguinte ameaçaram a baliza de Miguel Silva.

Depois de um período de maior acalmia, Juanto voltou a adiantar o Belenenses no marcador, após uma recarga a um remate de Miguel Rosa, na qual o jovem guarda redes do Vitória podia ter feito melhor.

O próximo lance de perigo volta a ser para a formação do Belenenses, com Juanto novamente a meter a bola na baliza mas em posição irregular. No lance seguinte Henrique Dourado volta a empatar o jogo com um grande golo à entrada da área.

Até ao final do jogo as duas equipas tiveram oportunidades para marcar, num final frenético. O derradeiro lance de perigo e, ao mesmo tempo, o mais perigoso, foi de Henrique Dourado, que, depois de uma excelente desmarcação, remata ao lado, ficando no entanto a ideia de que o brasileiro estava adiantado.

A Figura:

Miguel Rosa – O jogador formado no Benfica marcou o primeiro golo do jogo e fez o mesmo ser muito mexido. O médio continua a ser dos melhores do Belenenses.

O Fora-de-Jogo:

Defesa d’Os Belenenses – O setor mais recuado dos azuis continua a ser o pior deste novo Belenenses; dez golos sofridos nos últimos cinco jogos da liga. Julio Velasquez tem ainda que trabalhar este sector.

Perguntas BnR:

A sua equipa por duas vezes esteve a perder e por duas vezes deu a volta ao resultado. Acha que o plantel é cada vez mais um plantel à imagem do que era o Sérgio Conceição enquanto jogador?

Sérgio Conceição: Acho engraçada essa pergunta. Se isso significa meter a equipa a jogar a um nível acima do que já estava, então sim. Sei que agora parecia o Jorge Jesus, nada contra ele porque somos grandes amigos.

Se o Belenenses ganhasse ficaria praticamente atrás do Vitória. Perderam dois pontos na luta pela Europa?

Julio Velazquez: Não, ganhámos um ponto na luta pela manutenção. O nosso objectivo é jogo a jogo conquistar pontos para a manutenção, é esse o objectivo a que nos propomos. Existem equipas que têm outros argumentos para lutarem pela Europa.

Reportagem de André Conde e Rodrigo Fernandes

Arsenal FC 0-1 Chelsea FC: Blues voltam a atrasar os Gunners

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cab premier league liga inglesa

Dérbi londrino à 23.ª jornada da Barclays Premier League, com Arsenal FC e Chelsea FC a defrontarem-se pela segunda vez na época para o campeonato. Em Stamford Bridge, o conjunto da casa levou a melhor e bateu os visitantes por 2-0. Agora, no Emirates Stadium, Arsène Wenger procurava recuperar a liderança e acabar com o péssimo registo frente aos rivais (o Arsenal não marcava ao Chelsea, para o campeonato, há cinco jogos e não vencia em casa desde 2010). No entanto, foi Guus Hiddink quem levou a melhor, alargando para seis o número de jogos dos blues sem sofrer golos frente ao conjunto de Wenger.

Eram quatro da tarde em ponto quando começou a partida em Londres. A equipa da casa entrou muito amorfa e o Chelsea aproveitou. Aos 18 minutos, Willian desmarcou Diego Costa, que partiu em direção à baliza até ser travado por Per Mertesacker. Não havia ninguém entre o hispano-brasileiro e a baliza e, por isso, Mark Clattenburg não teve outra hipótese senão expulsar o alemão. Para refazer o quarteto defensivo, Wenger decidiu lançar Gabriel Paulista e para isso abdicou de… Olivier Giroud. Ou seja, decidiu perder a referência ofensiva em vez de retirar um dos extremos – Walcott ou Campbell.

A expulsão do central alemão condicionou os Gunners durante o resto da partida Fonte: Premier League
A expulsão do central alemão condicionou os Gunners durante o resto da partida
Fonte: Premier League

Um minuto depois da entrada do central, Branislav Ivanovic assistiu Diego Costa para o primeiro e único golo da partida. O ponta de lança antecipou-se a Gabriel e bateu Petr Cech.

O resto da primeira parte deixou muito a desejar. O Arsenal, agora com menos uma unidade, não conseguia acelerar e o Chelsea aproveitava para controlar o jogo durante grande parte do primeiro tempo. A única verdadeira oportunidade dos gunners surgiu de um lance genial de Mesut Özil, que colocou a bola na perfeição para Flamini, mas este, na cara de Courtois, não conseguiu faturar.

Após o intervalo, a história não mudou muito. O futebol praticado continuava muito lento, chato, com os visitantes a acomodarem-se na vantagem e a darem a iniciativa à equipa adversária. Por seu lado, a turma de Wenger não imprimia velocidade, carecia da tal referência no ataque e, por muito que Özil tentasse, não havia ninguém que acompanhasse o esforço do alemão.

A oportunidade ao minuto 63 provou bem aquilo que vinha a ser a exibição do Arsenal. Depois de um cruzamento para a grande área dos blues, Courtois sai em falso, a bola ressalta nas costas de Azpilicueta, fica perdida dentro da área e, depois de uma enorme confusão, ninguém consegue visar a baliza do belga. O treinador francês ainda tentou acrescentar dinâmica com as entradas de Alex Oxlade-Chamberlain e de Alexis Sanchez mas o Chelsea mostrou a solidez defensiva que lhes valeu o campeonato no ano passado e não concedeu grandes oportunidades. Courtois teve uma noite relativamente tranquila. Perto do final, o Arsenal lá acelerou um pouco o seu jogo mas sem grandes resultados, uma vez que o quarteto defensivo dos blues se mostrava intransponível.

Assim, os gunners voltam a perder a liderança, sendo relegados para o segundo lugar em igualdade pontual com o Manchester City. Guus Hiddink deu uma autêntica lição tática ao treinador francês, cuja equipa nunca demonstrou capacidade para vencer o jogo. Apesar de a expulsão do central alemão ter condicionado o jogo da equipa caseira, eram obrigados a muito mais. Este ano aparenta ser a melhor oportunidade para Wenger conquistar o título que foge desde 2004, mas o Arsenal continua a escorregar em momentos críticos. Se em maio o francês não acabar com este jejum, quem sabe se continuará no comando da equipa?

De resto, destaco, mais uma vez, a excelente arbitragem da equipa liderada por Mark Clattenburg e a qualidade das arbitragens inglesas. Que bem fariam aos portugueses umas lições destes Senhores árbitros.

A Figura:

Cesc Fàbregas – O médio internacional espanhol reapareceu cheio de confiança. Fez uma partida fantástica, não falhou passes, desequilibrou e ajudou a defender. Foi a imagem da equipa do Chelsea, mostrando muito rigor tático e disciplina. Foi o melhor jogo de Fàbregas esta época.

O Fora-de-Jogo

Arsène Wenger – Seis pontos perdidos para os rivais, que estão no pior momento dos últimos anos. Wenger continua a somar maus resultados num jogo com grande valor emocional para os adeptos e já lá vão seis jogos sem marcar aos blues. É nestes momentos que se vêem os verdadeiros campeões e o francês voltou a fraquejar.

Foto de Capa: Premier League

Cada um joga com as armas que tem

sporting cp cabeçalho 2

Ontem foi dia de jogos de Sporting e Benfica na Primeira Liga. Ambos venceram por 3-1, ainda que com nuances diferentes dentro das partidas. Enquanto os “encarnados” derrotaram o Arouca em casa, os “leões” foram vencer a Paços de Ferreira pelo mesmo resultado, num jogo onde voltaram a sobressair as quatro principais armas do “mister” Jorge Jesus.

Começando pelo mais importante: o jogo de Paços. A equipa “verde e branca” venceu de forma justa, num jogo sem casos e em que a superioridade leonina foi bem evidente. João Mário e Slimani estiveram imparáveis, com grandes combinações que resultaram em dois golos do argelino e só não resultaram também num do médio português porque a trave da baliza de Marafona não deixou. J. Mário e Slimani têm estado a um nível altíssimo ao longo de toda a época, mas não podemos esquecer os outros dois ases de trunfo do treinador: Adrien e Bryan Ruiz.

O capitão leonino foi mais uma vez decisivo pela forma como se entregou à difícil missão de “carregador de pianos”, tendo levado a equipa sempre para a frente, quer através da recuperação de bolas, quer pela construção de jogo ofensivo. Ainda esteve perto do golo, com dois remates de meia distância, mas Marafona opôs-se sempre com eficácia. Já Bryan Ruiz é aquele jogador que parece nunca jogar mal: tem classe, muita capacidade técnica e sabe ler o jogo como poucos, entendendo-se cada vez melhor com os seus colegas da frente. É um elemento importantíssimo para JJ, por isso tem jogado quase sempre os 90 minutos, depois de uma fase de menor fulgor físico na primeira parte da temporada.

Para o próximo jogo da Liga, a receção à Académica, não vai haver Paulo Oliveira, que viu ontem o quinto amarelo. É bom que Ewerton comece a mostrar serviço, pois, caso contrário, poderá perder irremediavelmente o comboio da titularidade para Naldo, que se apresenta cada vez mais sólido jogo após jogo.

Os dois maiores obreiros da vitória em Paços. Que temporada fantástica têm feito! Fonte: Sporting CP
Os dois maiores obreiros da vitória em Paços. Que temporada fantástica têm feito!
Fonte: Sporting CP

Na Luz, o Benfica derrotou o Arouca, num jogo que confirmou algumas realidades que têm saltado à frente dos nossos olhos nos últimos tempos: em primeiro lugar, Pizzi está a jogar cada vez melhor, fazendo por merecer um olhar bem atento de Fernando Santos às suas exibições. É justo reconhecer que o transmontano está a ter uma enorme preponderância no esquema de Rui Vitória, tendo tirado o lugar a Gonçalo Guedes. Que farão agora os olheiros do Manchester United, do Barcelona e do Liverpool, dado que têm a sua grande pérola no banco? Deixo um conselho: dediquem-se a observar Renato Sanches, Nélson Semedo, Paulo Oliveira, João Mário, Rafa Silva ou Gelson Martins, esses, sim, jogadores jovens com um potencial enorme.

Nas bancadas, os elementos dos No Name Boys decidiram andar à pancada entre eles, estragando o jogo a algumas famílias que viam o jogo na bancada onde se deram os confrontos. Bem pelo contrário, há que enaltecer os adeptos do Sporting. O ambiente em Alvalade é sempre épico (ainda mais agora com a música que passa na entrada das equipas em campo), e ontem à noite as claques leoninas deram outro recital na Mata Real. Tem sido simplesmente fantástico o comportamento das claques leoninas nesta temporada, formando uma Onda Verde muito difícil de travar.

Outra coisa que se repetiu ontem na Luz foi um penálti cometido na área do Benfica, mas que não foi assinalado. Lisandro López jogou com a mão dentro da área, mas Manuel Mota (um nome bem conhecido) fez vista grossa. Este ponto serve de ligação para a última temática deste texto: as declarações de Vítor Pereira, presidente do Conselho de Arbitragem, que fizeram manchete ontem no jornal “Record”. Numa entrevista que teve direito a fundo vermelho na primeira página (talvez tenha sido uma simples amabilidade do jornal, para V. Pereira não estranhar o ambiente), o presidente do CA da FPF teve a lata de vir mentir para praça pública.

Além de dizer que o Conselho de Arbitragem (do qual faz parte também o “insuspeito” Lucílio Baptista) não tem acesso às notas dos árbitros, quando isso está regulamentado, veio dizer que a denúncia dos “vouchers” é uma “estratégia para tentar ganhar o campeonato” e que essas ofertas nunca foram reportadas. Ora, segundo um comunicado anterior da Federação, os árbitros apenas podem receber recordações sem valor comercial, que apenas devem ser entregues no final dos jogos e que têm de ser sempre reportadas. Se V. Pereira diz que estas ofertas nunca são reportadas, ou ele ou a FPF estão a mentir. Contudo, na minha opinião, a parte mais importante desta entrevista está na seguinte questão: “Escusam de contestar as nomeações pois não vão desviá-lo dos seus princípios, é isso?”, a que V. Pereira responde: “Não pode desviar-me”.

Aqui está o ponto fulcral. Vítor Pereira tem, infelizmente, o poder de nomear quem quer para apitar as partidas, segundo os seus duvidosos “princípios”, e tem ao seu dispor um leque de árbitros que envergonha quem gosta realmente de futebol. Desde puros incompetentes, como Luís Ferreira, Cosme Machado ou Bruno Paixão, até aos árbitros que apitam conforme lhes convém, como Carlos Xistra, Jorge Ferreira, João Capela ou Duarte Gomes (que alívio, o seu abandono!), não existe um leque de árbitros que seja capaz de transmitir confiança. Daí a necessidade cada vez mais premente da introdução das novas tecnologias no futebol, para retirar o máximo poder possível aos árbitros.

Já agora, para quem quiser perceber melhor a importância e a justificação para algumas das nomeações que temos visto esta época, deixo dois conselhos: em primeiro lugar, vá recordar as notícias do verão e veja quais os clubes que, no início da época, foram a favor deste “esquema das nomeações”; em segundo lugar, veja quem é que em Portugal apoiou de forma veemente a entrada das novas tecnologias no futebol. É elucidativo sobre o jogo de interesses que continua a minar o futebol português.

Foto de capa: Sporting CP

Neville e Lim perdidos por terras espanholas

cab la liga espanha

O Valencia C.F. está em crise. São já nove os jogos consecutivos que o clube leva sem conseguir vencer no campeonato, em que ocupa a 11.ª posição. Na Europa, as coisas não estão melhores, dado que o clube “che” ficou em último lugar de um grupo que até parecia acessível, com Zenit, Gent e Lyon.

Depois de tornarem o “Nuno vete ya!” no cântico mais ouvido no Mestalla, os adeptos viram a sua vontade satisfeita pela direção e o treinador português foi despedido no final de novembro. Sabendo que cada vez mais adeptos vinham contestando o poder de Jorge Mendes dentro do clube, Chan Lay Hoon, a Presidente, anunciou logo que o novo técnico não seria indicado pelo empresário português. Dito e feito. O nome do treinador escolhido foi surpreendente: Gary Neville.

Desconfio de que Peter Lim está tão dependente de Jorge Mendes que, sem a sua ajuda, teve de se restringir à sua própria lista de contactos, e, por isso, escolheu um dos poucos treinadores que conhecia pessoalmente. Gary Neville é proprietário de um clube que atua nos escalões secundários de Inglaterra, o Salford City, juntamente com Peter Lim e alguns ex-jogadores do Manchester United (entre os quais Phil Neville, treinador adjunto de Gary). Essa parece-me ser a única razão para a aposta no antigo lateral direito do United. É que, de resto, a escolha não faz sentido nenhum.

Gary Neville apresentado por Chan Lay Hoon, Presidente do Valência
Gary Neville apresentado por Chan Lay Hoon, Presidente do Valencia CF
Fonte: Valencia CF

Neville não tem qualquer experiência como treinador principal, só como elemento da equipa técnica da seleção inglesa e como comentador televisivo. Além disso, nunca passou pelo futebol espanhol, tendo feito toda a carreira de jogador em Inglaterra, por onde continuou após pendurar as botas. E, se isto já seria uma dificuldade para qualquer treinador, para alguém que entra a meio da época ainda pior se torna. A cereja no topo do bolo é o facto de o clube ser dirigido por pessoas que também não são propriamente grandes conhecedoras do país onde estão.

Assim, não admira que Gary Neville esteja a ter dificuldades. Tem experimentado coisas diferentes, mas nada parece resultar, desde a experiência de jogar com três centrais até à última decisão, que foi… Mudar de capitão: Parejo passou a braçadeira a Paco Alcácer. Isso não resultou, claro, e o Valência empatou ontem, em casa, frente ao Las Palmas.

Ao contrário do que fizeram com Nuno, os adeptos ainda não começaram a dirigir os seus cânticos ao treinador, tendo preferido dirigir-se aos jogadores: “esta camiseta no la merecéis”, ouviu-se no Mestalla. Eu tenho dúvidas de que os jogadores sejam os principais culpados. O que sei, tal como os adeptos “che” também sabem, é que não adianta dirigir cânticos ao proprietário, Peter Lim, à Presidente, Chan Lay Hoon, ou ao treinador, Gary Neville. Afinal de contas, nenhum deles sabe falar espanhol sequer…

Foto de Capa: Valencia CF

CS Marítimo: mister novo, vida nova

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Cumpriram-se, no passado dia 13, três anos desde a última vez que um jogo do nosso campeonato colocou frente a frente dois treinadores que se estreavam no comando das respectivas equipas. Na altura, um Olhanense em 8º lugar e um Sporting num incrível 12º defrontaram-se no Algarve, contando os da casa com Manuel Cajuda pela primeira vez no banco, substituindo Sérgio Conceição, e os leões apresentando Jesualdo Ferreira, que tomara o lugar do fugaz Franky Vercauteren.

Neste fim-de-semana, Porto e Marítimo defrontam-se e estão nessa mesma situação: tanto José Peseiro como Nelo Vingada irão orientar pela primeira vez os dragões e os leões da Madeira, respectivamente. Numa altura em que as atenções se centram nos azuis-e-brancos, falamos aqui da tarefa que Vingada terá de enfrentar nesta sua segunda passagem pelo Marítimo. Num exercício meramente opinativo, apresentam-se algumas realidades que o novo treinador insular deverá ter em conta para recuperar uma equipa em sub-produção, em particular já no difícil jogo com os dragões.

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Nelo Vingada tem em mãos uma tarefa desafiante
Fonte: CS Marítimo

DEFESA

Reside aqui a principal falha da equipa maritimista. De facto, não é por acaso que o emblema até aqui comandado por Ivo Vieira é a segunda defesa mais batida do campeonato, com 36 golos sofridos em 18 jornadas (média de 2 por jogo; no ano passado, em 34 jogos sofreu apenas mais 9). O Marítimo evidencia não só alguns problemas na organização defensiva como também no controlo da profundidade, expondo-se por vezes a investidas que podiam ser evitadas com uma melhor definição de processos. O facto de o emblema verde-rubro ser o que mais cartões amarelos (67) e vermelhos (6) tem na liga não é, aliás, alheio a essa inoperância.

A qualidade individual dos centrais também deixa um pouco a desejar, à semelhança do que já acontecia noutras épocas. Para complicar ainda mais, as ausências sobretudo de Dirceu, mas também de Raul Silva (ambos expulsos na derrota contra o União), serão sentidas. Face às escassas opções, Deyvison, que se tem assumido cada vez mais como indiscutível no eixo, deverá ter a companhia de Romário Leiria ou, em alternativa, do recém-contratado Damien Plessis, médio defensivo que chegou a jogar pelo Liverpool e que também pode alinhar a central. Neste aspecto não haverá muito mais volta a dar.

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José Sá tem aproveitado a lesão de Salin para se afirmar e pode até estar de saída
Fonte: Facebook de José Sá

Nas laterais, certa é a ausência de Rúben Ferreira, também suspenso, pelo que João Diogo se deverá manter à direita e Patrick Vieira irá provavelmente assumir à esquerda. A equipa perde, desta forma, uma boa arma nas bolas paradas e nos remates de longe (Rúben Ferreira fez um grande golo frente ao Moreirense). De qualquer modo, Patrick tem estado em bom plano e dá muitas mais garantias do que Briguel, que alinhou de início frente ao Benfica mas que parece já não ter “pedalada” para estas andanças.

Na baliza, face à lesão de Salin, será José Sá a assumir a posição, com o reforço Haghighi (titular no Mundial de 2014 pelo Irão) no banco. Sá tem alternado excelentes intervenções com lances um pouco extemporâneos (veja-se o golo do União, numa bola que, valha a verdade, também não vinha fácil), próprios de quem está a crescer e precisa de errar. Como veremos, o guardião é, aliás, um dos únicos dois jogadores do plantel com saldo positivo de vitórias nos jogos que disputou (56%), apenas atrás de Alex Soares.

quadro golos sofridos

MEIO-CAMPO

A eventual escolha, por parte de Nelo Vingada, da utilização de dois médios mais recuados perceber-se-á na medida em que o Marítimo sofre muitos golos – é a segunda defesa mais batida no campeonato, apesar de estar no 10º lugar. Contudo, por outro lado, a equipa talvez ganhasse com a utilização de um único pivot defensivo declarado, a fazer exclusivamente o chamado “trabalho sujo”, libertando um dos médios de algumas tarefas defensivas e projectando-o mais para a construção. A este nível, aliás, a equipa ainda parece ressentir-se da saída de Danilo.

Não se sabe ainda se Plessis foi contratado para o eixo da defesa ou para o meio-campo, mas a sua utilização à frente dos centrais, tendo como tarefa apenas “arrumar a casa”, poderia significar uma melhor protecção da retaguarda maritimista, uma vez que, desse modo, a cobertura dada ao eixo defensivo seria possivelmente mais efectiva. Seja como for, tudo o que aqui se faz não é mais do que um exercício opinativo acerca de qual a melhor forma de o Marítimo encontrar estabilidade. É certo que, mais do que a teoria ou o desenho do esquema táctico no papel, são as dinâmicas incutidas pelo treinador que realmente interessam. Porém, a escolha dos melhores intérpretes coloca uma equipa um pouco mais perto do sucesso e, nesse sentido, há uma mudança que nos parece benéfica: a titularidade de Alex Soares no meio-campo verde-rubro.

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Alex Soares poderá ter um papel importante na manobra do Marítimo
Fonte: Facebook de Alex Soares

Falta alguma consistência a esse sector do Marítimo, e o referido atleta parece-me ser quem melhor faz a ligação entre o meio-campo e o ataque, compensando também na manobra defensiva. O português é um jogador técnica e tacticamente esclarecido, forte na leitura do jogo e de processos simples, munindo dessa forma o seu meio-campo com uma fluidez de jogo de que o futebol português por vezes carece. Torna-se, portanto, importante ter um jogador que saiba receber a bola, olhar à sua volta e entregá-la rapidamente com qualidade e critério, e Alex Soares parece-me ser o médio mais capaz de o fazer. Vários dados estatísticos jogam, aliás, a favor de Alex: é o jogador do Marítimo com maior percentagem de triunfos nos jogos que disputa (67%) e, sempre que não jogou, o clube nunca ganhou (6 derrotas, incluindo uma com o Amarante para a Taça, e 2 empates). A somar a tudo isso, a sua melhor fase individual em termos de golos marcados (2 nos últimos 4 jogos, um deles ao Porto) também deverá pesar.

Uma vez que Fransérgio tem estado, até agora, de pedra e cal no onze, caberá ao treinador decidir futuramente entre Tiago Rodrigues e Éber Bessa, sendo que o português tem na meia distância uma das suas principais armas e o brasileiro parece oferecer à equipa um maior dinamismo e esclarecimento com bola. Contudo, uma vez que Tiago Rodrigues está emprestado pelo Porto e, como tal, indisponível para o próximo jogo, este problema só se irá colocar mais tarde. Seja como for, independentemente de quem forem os escolhidos, o Marítimo necessita de um maior nível de concretização por parte dos seus médios, uma vez que estes, somados, têm apenas 4 golos no campeonato (2 de Fransérgio, um de Alex Soares e outro de Tiago Rodrigues). A equipa está, neste aspecto, demasiado dependente da inspiração dos três homens mais adiantados.

quadro percentagens 2

ATAQUE

É este o sector cujos integrantes mais se têm destacado, mesmo tendo em conta que os adeptos dão mais atenção aos golos marcados do que a um trabalho defensivo ou a meio-campo que muitas vezes não é visível. Seja como for, Dyego Souza, Edgar Costa e Moussa Marega têm estado a bom nível, somando, nesta altura, 14 dos 26 golos da equipa no campeonato (7, 2 e 5, respectivamente). A qualidade técnica e bom envolvimento dos dois primeiros – Souza é a referência, embora seja bastante móvel – somados à potência física e ao sentido de oportunidade de um Marega que actua descaído para a direita, a explorar os contra-ataques, fazem com que as escolhas do até agora treinador Ivo Vieira tenham sido bastante pacíficas no que toca a este sector. Como tal, aqui há pouco a dizer, até porque a produtividade atacante, ao contrário da defensiva, coaduna-se com a classificação da equipa (o Marítimo está em 10º e é o 7º melhor ataque). Baba Diawara, que já brilhou no clube e regressou esta época é um avançado oportuno e, arrisco dizer, um dos suplentes com mais qualidade que existem na nossa liga, se excluirmos os três grandes. Face à lesão de Ghazaryan, é Xavier quem costuma agitar o jogo vindo do banco, sobretudo partindo da ala esquerda.

Época 2015/2016 Plantel do Marítimo-revista-individuais
Dyego Souza é o melhor marcador do Marítimo, com 7 golos
Fonte: CS Marítimo

CONCLUSÃO

A equipa tem qualidade, mas que terá de estabilizar em termos defensivos. Esse ponto fraco faz com que o Marítimo tenha, como vimos, um péssimo registo de golos sofridos (só em duas jornadas a equipa manteve as suas redes intactas, e já encaixou 3 ou mais golos por cinco vezes) e some já 9 derrotas – pior só os três últimos classificados. Porém, é justamente para resolver os problemas colectivos – e, consequentemente, minimizar insuficiências individuais – que o treinador existe, e Nelo Vingada tem a experiência necessária para identificar falhas e tentar revertê-las. A inteligência de Alex Soares tanto nas precauções defensivas como na consolidação do meio-campo e ligação com o ataque parecem-me poder fazer dele uma peça mais importante do que aquilo que tem sido até aqui, numa equipa com pouca qualidade individual no eixo defensivo e em que os três da frente – Costa, Souza e Marega – são os mais indiscutíveis. Este último e o guarda-redes Sá poderão estar de saída, pelo que haverá a hipótese de o treinador vir a ganhar dores de cabeça acrescidas após o jogo com o Porto. Depois da vitória na Invicta para a Taça da Liga, uma nova surpresa no Dragão, apesar de difícil, poderia significar o ponto de viragem na temporada acidentada do Marítimo.

quadro golos marcados

Foto de capa: CS Marítimo

Australian Open 2016: 13 dos primeiros 16 cabeças-de-série nos oitavos de final

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cab ténis

A primeira semana do Open da Austrália foi marcada pela eliminação surpreendente de Rafael Nadal na primeira ronda contra Fernando Verdasco. Há 7 anos atrás, os dois Espanhóis tinham-se defrontado numa titânica meia-final – considerada por muitos como um dos melhores encontros de sempre – a 5 sets. Desta vez, a qualidade não foi, nem de perto nem de longe, tão elevada mas Verdasco conseguiu a sua ‘vingança’, enquanto que Nadal continua a sua ‘travessia no deserto’ em torneios do Grand Slam, com péssimos resultados desde que ganhou Roland Garros em 2014.

Fiel à sua fama de ser inconsistente, Verdasco perdeu o encontro seguinte em 4 sets contra Dudi Sela, que por sua vez perdeu contra Kuznetsov. É assim então o talentoso mas inconsistente e mentalmente fraco Americano que irá jogar a quarta ronda do torneio, naquele que é o melhor resultado da sua carreira até à data. Kuznetsov já havia batido Ferrer em Wimbledon 2014 e causado dificuldades a Murray no US Open do mesmo ano, pelo que é um jogador a ter em conta.

O seu adversário será o sempre espectacular francês Gael Monfils, numa secção em que o cabeça-de-série mais alto era o lesionado Kevin Anderson. Como seria de esperar Monfils esteve envolvido nas mais espectaculares jogadas do torneio até agora, especialmente no seu encontro da terceira ronda contra Robert. Mas será o Francês capaz de não só entreter o público mas fazer um grande resultado nesta segunda semana? O talento está todo lá.

O outro ‘outsider’ a atingir a quarta ronda é Bautista Agut, que após ter vencido Auckland na semana antes do Open da Austrália continuou a sua excelente forma, vencendo Klizan e Lajovic em 5 sets e depois surpreendendo o campeão do US Open 2014 Marin Cilic em 3 sets. Nos oitavos de final, espera-o Tomas Berdych, que venceu a grande esperança do ténis Australiano Nick Kyrgios naquele que foi quiçá o melhor encontro do torneio até à data e que estará à procura da sua sexta presença consecutiva nos quartos de final do Grand Slam australiano.

O carrasco de João Sousa vai defrontar agora Bernard Tomic  Fonte: Australian Open
O carrasco de João Sousa vai defrontar agora Bernard Tomic

Os restantes encontros dos oitavos de final são os esperados no início do torneio, com os mais interessantes em teoria a serem Nishikori vs Tsonga e Wawrinka vs Raonic. No primeiro, Nishikori seria teoricamente favorito mas há sérias questões acerca do seu estado físico após ter sentido dores no pulso contra Garcia-Lopez na terceira ronda, além de que Tsonga é sempre capaz de causar surpresas com o seu grande serviço e pancada de direita. No encontro entre Wawrinka e Raonic espera-se equilíbrio e tiebreaks; o Suiço lidera o mano-a-mano 4-0, tendo ganho todos os 5 tiebreaks que disputaram até à data, mas esta poderá ser uma oportunidade para Raonic finalmente conseguir uma grande vitória num torneio do Grand Slam. O Canadiano ainda não perdeu um único encontro este ano e parece estar mais confiante do que nunca.

Não se espera grande emoção ou incerteza no Federer vs Goffin, Djokovic vs Simon ou Murray vs Tomic, mas nunca se sabe, especialmente no caso de Federer devido à sua idade. O encontro que resta é um confronto de estilos entre Isner – que serviu 101 ‘aces’ até agora no torneio e não enfrentou nenhum break point – e Ferrer, que também se afigura poder ser bastante equilibrado.

O favorito ao título é claramente Djokovic, resta ver se algum dos outros 15 jogadores ainda em prova se mostrará capaz de desafiar a hegemonia actual do sérvio. A próxima semana dar-nos-á a resposta.

Imagens: Australian Open

FC Paços de Ferreira 1-3 Sporting CP: Magia de João Mário versus Golos de Slimani

sporting cabeçalho generícoApós o empate caseiro frente ao CD Tondela e à derrota para a Taça da Liga em Portimão, o Sporting apresentou-se no Estádio Capital do Móvel com o seu onze habitual; a única novidade foi a entrada de Paulo Oliveira para o centro da defesa por troca com Ewerton, muito provavelmente pelos erros defensivos apresentados no jogo da passada sexta-feira. Assim, Jorge Jesus mostrou claramente que não queria deixar a liderança da Liga Portuguesa, pressionado pela vitória do SL Benfica no jogo da tarde.

Os leões cedo se colocaram no meio campo do Paços de Ferreira, contudo, esse domínio territorial nunca passou para um controlo total da partida, permitindo à equipa visitada ter algumas jogadas de relevo e muitas faltas a seu favor. João Pereira sofreu bastante no seu corredor com as investidas de Edson Farias – um dos elementos mais em foco dos “castores” – assim como Jefferson do lado oposto com Barnes Osei.

O esquema táctico utilizado pelos pacenses demonstrava um especial cuidado com o meio campo leonino – algo já utilizado com o Tondela na jornada anterior – colocando Romeu Rocha como o principal destruidor de jogo, auxiliado por Hélder Lopes, tentando assim roubar de forma célere bolas aos leões e sair em contra-ataques rápidos.

O Sporting, no seu esquema táctico habitual, foi aumentando cada vez mais a pressão perto da área do Paços de Ferreira e começou a assustar o guardião Marafona. Bryan Ruiz e Adrien foram os primeiros a colocar em alerta o jovem português, dando um prenúncio para o golo leonino, marcado por Bruno César, sendo que grande parte do mérito foi de Slimani, aproveitando da melhor forma a distracção da defesa pacense no seguimento do lançamento de linha lateral.

No minuto seguinte, João Mário fez a barra da baliza adversária estremecer com um grande remate, numa jogada que demonstra toda a classe do internacional português. Pouco depois, Artur Soares Dias apitou para o intervalo na Mata Real, indo assim o Sporting em vantagem para o descanso.

Ao contrário dos últimos encontros, os leões chegavam ao final da primeira parte a vencer e demonstravam uma concentração muito superior à de jogos anteriores, transformando – até aquele momento – uma partida num campo sempre difícil em uma vitória merecida.

João Mário voltou a encher o campo e fez uma primeira parte acima da média Foto: Sporting CP
João Mário voltou a encher o campo e fez uma primeira parte acima da média
Foto: Sporting CP

Jorge Simão tentou mexer na equipa logo no início da segunda parte e fez entrar Christian, marcador do golo do Paços em Alvalade no jogo da Taça da Liga, mas sem sucesso. O Sporting intensificou ainda mais o domínio, não deixando os visitados criar perigo, chegando com alguma naturalidade ao 2-0, apontado pelo suspeito do costume: Islam Slimani. O ponta de lança argelino respondeu da melhor maneira a um excelente passe de João Mário, que rasgou por completo a defesa dos “castores”.

Confortável no encontro, o Sporting continuava a rondar a baliza de Marafona e ameaçava chegar ao terceiro golo ao mesmo tempo que, no banco, Jorge Jesus fazia mexidas na equipa, sendo já nos dez minutos finais que o encontro voltou a subir os níveis de interesse. Primeiro, com o golo de Bruno Moreira, num cabeceamento cheio de intenção e que colocou em alerta os jogadores leoninos. Dois minutos depois, aos 84, João Mário descobre Slimani sozinho na área e o avançado faz o que melhor sabe.

Nota também para o jogo bem conseguido de William Carvalho; o médio do Sporting tem sido uma sombra de si mesmo esta temporada, mas hoje muito do pouco jogo do Paços pela zona central foi mérito seu.

O segundo golo de Slimani veio acabar com as esperanças do Paços de Ferreira, e os minutos finais foram disputados a um ritmo lento e sem mais oportunidades de perigo. Os leões acabaram assim por vencer num terreno que já lhes trouxe muitos dissabores em épocas anteriores. Mérito para os jogadores que vieram com uma mentalidade e níveis de concentração acima dos dos encontros anteriores, transformando um jogo complicado numa vitória sem qualquer tipo de dúvidas, voltando assim a recuperar o seu primeiro lugar no campeonato.

A Figura:

Slimani – Esteve nos três golos do Sporting, assistindo Bruno César no primeiro e marcando os dois seguintes. Num jogo em que João Mário esteve num nível incrível, o argelino leva o “prémio” pelo seu contributo decisivo em termos de resultado.

O Fora-de-Jogo:

João Pereira – Uma primeira parte em que sofreu a bom sofrer com Edson Farias, acumulando faltas e onde o cartão amarelo surgiu com toda a naturalidade. O lateral direito dos leões é sem dúvida o calcanhar de Aquiles deste Sporting de Jorge Jesus.

Foto de Capa: FPF