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Andebol: Sporting 26-27 FC Porto: Dragões aproveitam ‘fantasmas’ leoninos

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cab andebol

Inacreditável como o Sporting não ganha este jogo! O Porto esteve sempre atrás do marcador e chegou a ter uma desvantagem de 5-0 no início da partida – diferença que, ao longo do jogo, atingiu os 7 golos. Foi apenas aos 57 minutos que os dragões voltaram a alcançar os leões, quando, pouco tempo antes, a questão parecia resolvida. Mas os fantasmas leoninos, que aparecem sempre que estes jogam com os campeões nacionais – no ano passado, em “casa”, o Sporting perdeu com o Porto no último segundo e, no terreno do adversário, os verde-e-brancos já não vencem há quase duas décadas – e, entre precipitações, falhas técnicas absurdas e uma total inoperância no ataque, o improvável tornou-se realidade. A época ainda agora começou mas, assumindo que estamos perante as duas melhores equipas portuguesas, os leões podem ter jogado aqui – e perdido – o importante factor-casa na final dos playoffs.

Durante três quartos do jogo a superioridade leonina foi evidente, com Carlos Carneiro a conferir critério e classe ao jogo atacante leonino. Frankis Carol, que actuou a lateral, realizou um primeiro tempo de alto nível fazendo uso da sua capacidade rematadora, e Pedro Portela, com a sua fiabilidade habitual, foi um esteio na ponta-direita leonina. Já o Porto, apesar de ter uma equipa com mais opções e melhor em termos físicos – e, portanto, uma defesa mais sólida – mostrava-se incapaz de contrariar a fluidez de jogo e a eficácia leoninas. Gilberto Duarte, destaque das finais do ano passado, esteve num plano discreto e foi, em parte, graças ao capitão Ricardo Moreira e à meia-distância do checo Michal Kasal que os dragões não deixaram, no primeiro tempo, o Sporting fugir em definitivo.

Com 19-14 ao intervalo, e depois de um largo período na segunda parte em que o Porto marcava mas o Sporting repunha a diferença de 5 golos (ou até mais), o jovem central portista Miguel Martins começou a aparecer e a ser um dos protagonistas da impensável reviravolta, ora orquestrando os ataques da sua equipa, ora finalizando com mestria. Contudo, o esforço de Martins e restantes companheiros seria insuficiente, não fosse a colaboração dos atletas leoninos, que pareciam achar quase “anormal” estar a vencer os campeões de forma tão clara. Nos últimos dez minutos, os vice-campeões baquearam por completo.

miguel martins - fonte site fcp
A jovem revelação Miguel Martins foi uma das figuras da impensável reviravolta
Fonte: fcporto.pt

O jogo decidiu-se no capítulo mental, onde mais uma vez o Sporting falhou. Os leões marcaram 19 golos na primeira parte e apenas 7 na segunda e, como se não bastasse, os erros defensivos começaram a aparecer com frequência. O bloqueio verde-e-branco era personificado pela clara quebra exibicional de Carneiro e Frankis na segunda parte, e também pelo facto de Fábio Magalhães, como é seu hábito, ir alternando entre momentos de classe e situações de clara precipitação.

Enquanto estavam na frente, os leões insistiam em ataques rápidos – uma das imagens de marca da equipa – em vez de prolongarem os ataques, e talvez também esteja aqui uma parte da justificação. A equipa tem de ser mais pragmática, até porque, ao contrário do Porto, tem poucos jogadores para rodar e refrescar. A estampa física de andebolistas como Daymaro Salina, Cuni Morales ou Gustavo Rodrigues (discreto em toda a partida mas muito importante nos minutos finais, com um golo fulcral e de difícil execução) acabou por ser determinante no momento defensivo portista e por fazer a diferença no ataque. Do lado leonino apenas o guarda-redes Aljosa Cudic subiu de produção na etapa complementar, mas não chegou para emendar os erros grosseiros dos seus colegas. Na baliza contrária, Alfredo Quintana começou a um nível discreto mas terminou em grande evidência, bem ao seu nível.

No final, o resultado de 26-27, apesar de impensável poucos minutos antes, acabou por ser justo como forma de castigo a um Sporting amador na gestão das emoções, e de prémio a um Porto que não desistiu nem mesmo quando mais ninguém no pavilhão acreditava na reviravolta. Primeira derrota no campeonato para os leões, os dragões continuam apenas com triunfos, tal como o Benfica.

 

Foto de capa: site oficial do FC Porto

Keylor Navas: Chapada de luva blanca

cab la liga espanha

O início da época 2015/16 para o Real Madrid teve como principal marco a saída do guarda-redes Iker Casillas, por muitos adeptos idolatrado e por outros contestado, que havia defendido a baliza merengue nos últimos 16 anos. Com a sua transferência, tudo apontava para a aquisição do espanhol David de Gea ao Manchester United, porém um atraso de última hora impossibilitou tal situação. A baliza blanca aparentava assim estar sem dono… contudo a solução estava já no plantel, o costa-riquenho Keylor Navas.

Navas esteve para sair do clube rumo a Inglaterra, para fazer a vez de De Gea em Manchester, no entanto, com a falha na transferência, acabou por ficar e certo é que o técnico Rafa Benítez não ficou, de todo, mal servido. Chamado à titularidade desde o início da temporada e com seis jornadas disputadas na Liga Espanhola até ao momento, o guardião de 28 anos tem realizado excelentes exibições e defesas, que têm certamente valido pontos ao conjunto blanco. Tal tem sido a preponderância de Keylor Navas para o êxito merengue que apenas consentiu um golo nas seis partidas disputadas para o campeonato, o que faz do Real Madrid a defesa menos batida. Além disso, conseguiu ainda manter a baliza intacta nos dois compromissos referentes à Liga dos Campeões (ante o Malmo e o Shakhtar Donetsk).

Apenas um golo consentido em seis jogos… é este o excelente registo de Navas na liga Fonte: Facebook de Keylor Navas
Apenas um golo consentido em seis jogos… é este o excelente registo de Navas na liga
Fonte: Facebook de Keylor Navas

De facto, o costa-riquenho ficou a apenas quatro minutos de bater o recorde do espanhol Miguel Ángel, que na época 1975/76 de La Liga, enquanto defendia as cores do Real Madrid, ficou 431 minutos sem sofrer qualquer golo a contar para o campeonato, meta que Navas não conseguiu superar, por um escasso período de minutos, graças ao golo sofrido diante do Athletic Bilbao na última jornada.

Internacional por 63 vezes pela Costa Rica, Navas chegou ao Real Madrid a troco de 10 milhões de euros pagos ao Levante, após assinar uma excelente campanha no Mundial 2014, no qual chegou com a sua seleção aos quartos-de-final e foi considerado o melhor guarda-redes da prova. A primeira época não lhe correu de feição, pois viveu-a na sombra de Casillas e apenas realizou 11 jogos, quase tantos como os que já leva até então em 2015/16.

Tem sido bem visível que com Rafa Benítez ao leme, o Real Madrid é, nos dias que correm, uma equipa com melhores índices defensivos do que no transato, demonstrando uma evidente consistência no que concerne ao processo de defender. Ainda assim, o perigo também tem rondado a baliza blanca durante os vários jogos, com Keylor Navas a ser o principal destaque da equipa neste capítulo, com defesas capazes de levantar os adeptos nas bancadas e exibições de primordial importância para as aspirações da turma da capital espanhola.

Muitos eram os aficionados do desporto-rei que acreditavam que Keylor Navas não tinha o perfil que era necessário para ser o guarda-redes titular de um dos maiores colossos do mundo de futebol, mas este tem provado que aqueles que pretendiam a sua saída do Real Madrid estavam completamente equivocados. O guardião costa-riquenho é agora figura de proa indiscutível nas escolhas de Rafa Benítez e tem vindo a confirmar estar à altura do desafio que é substituir uma lenda viva do Real Madrid como Casillas, na baliza merengue. Com a temporada ainda em fase inicial, as exibições de Navas têm sido como uma autêntica “chapada de luva blanca” para os que duvidavam da sua qualidade.

Foto de capa: Facebook de Keylor Navas

Académica 1-0 Marítimo: Excesso de Paixão, mas vitória merecida

futebol nacional cabeçalho

Os sorrisos deixaram de ser de cortesia, as felicitações deixaram de ser para o adversário e o orgulho voltou a instalar-se, confortavelmente, em Coimbra. Como um clique, a chicotada psicológica funcionou em pleno e, cinco meses depois, a Académica voltou a vencer um jogo para o campeonato nacional, batendo o Marítimo por 1-0. Voltou o orgulho e a “paixão”, conforme disse Ivo Vieira em conferência de imprensa.

A Briosa dispôs de superioridade numérica numa fase precoce do encontro (18 minutos), é certo, mas seria injusto falar apenas na expulsão de Dirceu (dois amarelos em sete minutos) como factor de decisão no resultado final, pois a Académica teve bons momentos no encontro e justificou a vitória, praticando um futebol organizado (sublinhou Filipe Gouveia, em conferência de imprensa) e assente na confiança das próprias capacidades, que desde o início da época têm sido apregoadas mas que nunca passaram das páginas dos jornais ou das vozes de técnicos, jogadores e crítica para o campo.

A equipa soube estender-se no campo, invadindo o terreno contrário de forma consistente, sobretudo na fase posterior à expulsão dos insulares. Fernando Alexandre e Obiora afinaram a cumplicidade e deixaram bem quentes as costas do 3×1 ocupado por Ivanildo, Rui Pedro e Nii Plange e Rabiola. Um quarteto que não esteve sempre em sintonia mas que foi suficiente para abrir espaços na defesa maritimista e deixar os adeptos com esperanças num desfecho diferente daquele que vinham a ter desde há quase meio ano a esta parte.

Ao segundo jogo Filipe Gouveia conseguiu a primeira vitória da Briosa
Filipe Gouveia conseguiu a primeira vitória da Briosa logo ao segundo jogo

Para o segundo tempo, Filipe Gouveia fez entrar Gonçalo Paciência para o lugar de Rabiola; pouco depois Ivanildo lesionou-se e cedeu o lugar a Hugo Seco. A partir daqui, a equipa revelou maior acerto na hora de atacar. O Marítimo não tinha outra opção senão recuar linhas e diminuir o espaço entre elas, e foi conseguindo, assim, atenuar o crescimento da Académica. Este, porém, parecia uma inevitabilidade e começou a cheirar a golo depois de um livre bem batido por Emídio Rafael, defendido por Salin, de forma incompleta, o que deu azo a mais duas recargas, às quais o guardião francês soube dar corpo.

Uma ameaça, que se viria a concretizar, mais tarde, via grande penalidade. Depois de Nii Plange ganhar espaço no flanco esquerdo do ataque dos estudantes e cruzar para a área, onde o braço de Rúben Ferreira interceptou a bola, dando origem a uma explosão de alegria nas bancadas e que se prolongou pelo resto do encontro.

Até ao final, a Briosa ainda sofreu (Marega e Dyego Souza assustaram, Trigueira respondeu à altura). Era-lhe estranha a vitória (há muito tempo desaparecida do Cidade de Coimbra) e a “esmola” que o jogo tinha dado a uma equipa pobre em vitórias era demasiado grande para não se desconfiar… mas o apito final (dado com um minuto e dez de antecedência dos cinco supostamente dados por Bruno Paixão) acabou com as dúvidas.

Depois de ter interrompido uma série de quase um ano sem vencer no Cidade de Coimbra com a vitória sobre o Nacional, volta a ser uma equipa madeirense o “bombo” da festa dos estudantes, que não venciam em casa há 8 jogos seguidos e que não deixavam a baliza inviolada desde há 5 meses a esta parte (questionado pelo Bola na Rede sobre a influência da alteração da dupla de centrais neste feito, Gouveia sublinhou que a equipa soube manter-se organizada e relativizou a importância das mudanças no eixo dizendo que só lhe importava aquilo que se passara desde o jogo com o Rio Ave).

Igor Vieira afirmou que existiu Paixão a mais em campo
Ivo Vieira afirmou que existiu Paixão a mais em campo

Voltaram os sorrisos genuínos, os gritos de apoio são cada vez mais sentidos e o ar é, agora, mais respirável em Coimbra.

Figura do jogo:

Nii Plange (Académica de Coimbra) – Quando a equipa parecia duvidar de si, eis que surgia o internacional pelo Burkina Faso a insistir para que isso não acontecesse. Foi através de uma iniciativa sua que surgiu o penalti que deu o golo da vitória e, por vezes, pareceu ter mais do que dois pulmões, tal a forma como disputou os lances, sem acusar o desgaste do tempo.

Fora-de-jogo:

Bruno Paixão – Foi demasiado benevolente quando devia ser rígido, e vice-versa. Tomou atitudes pedagógicas quando se pedia que o jogo corresse mais depressa e ainda pareceu deixar sem esclarecimento dúvidas legítimas de jogadores sobre lances em que estiveram envolvidos. A isto, soma um erro enorme de ter terminado o jogo com 1 minuto e 50 segundos de antecedência e uma expulsão extremamente duvidosa de Dirceu, que condicionou o resto do encontro.

Basquetebol: Os campeões continuaram a vencer

cab basquetebol nacional

Quando era novo, o dia 5 de outubro era o dia das mais variadas Supertaças nas várias modalidades, mas desde que tiraram este feriado a Supertaça mudou para o fim de semana anterior, e hoje foi o dia das provas referentes ao basquetebol.

Benfica e União Sportiva, os campeões masculinos e femininos, respetivamente, venceram o Barcelos e o CAB Madeira e conquistaram assim o troféu, que para ambos os clubes já é o segundo da temporada.

Comecemos pelo Benfica. Os encarnados foram uns vencedores justos e esperados do jogo de hoje, frente a um Basquete de Barcelos que nunca pôs em causa a vitória das águias. O primeiro quarto do jogo mostrou logo ao que vínhamos, ao ficar 30-7, e terminou com um 79-42 no marcador. O jogo permitiu a Carlos Lisboa rodar toda a equipa e não abusar de alguns dos seus melhores jogadores, sendo que o jogador que esteve mais tempo em campo foi Carlos Andrade, com 28 minutos.

Os jogos até agora feitos pelo Benfica mostram que é mais uma vez o grande candidato ao título nacional e arrisco-me a dizer que este ano vai ser dada uma certa prioridade à Europa e continuar, assim, a evolução da equipa no panorama das competições europeias.

As açorianas venceram os três últimos troféus em disputa Foto: Facebook União Sportiva
As açorianas venceram os três últimos troféus em disputa
Foto: Facebook União Sportiva

Nos femininos, o jogo era uma pequena incógnita, visto o CAB Madeira ainda não ter jogado este ano. Por ser disputado na Madeira e pelo facto de as madeirenses terem sido a grande equipa da temporada passada, esperava-se um jogo muito mais equilibrado do que o masculino.

Apesar disso, a equipa açoriana esteve sempre à frente do marcador, ganhando ao intervalo por 41-28 e com o resultado final de 76-57. Foi um jogo bem conseguido por parte dos CUS, que mereceram por inteiro a vitória. Ashley Bruner, que trocou este verão as madeirenses pelas açorianas, foi a melhor jogadora em campo.

Com os jogos já disputados pelas equipas femininas fica a ideia de que as principais candidatas são novamente o União Sportiva, o CAB e o Quinta dos Lombos, sendo que nesta altura as açorianas talvez sejam a maior candidata ao título, mas não se pode já dizer com tanta certeza que uma equipa vai ser campeã como se pode dizer para o campeonato masculino.

Foto de capa: Facebook da FPB

Cartas com destino mas sem remetente

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eternamocidade

Um dos conceitos mais abordados na análise de um jogo de futebol tem que ver com a justiça do resultado. Quer o nosso clube ganhe, empate ou perca, há sempre a tendência para, no meio das linhas do nosso texto, darmos sempre a nossa consideração sobre a justiça do resultado. Ainda assim, creio que futebol e justiça são dois conceitos que se ligam para além do mero resultado de cada jogo. Em muitos casos, ligam-se quando se referem a jogadores.

São dois os casos que trago a este artigo e que vão ao encontro desse ideal de justiça. De seus nomes Herrera e Silvestre Varela. Dois jogadores cuja passagem pelo FC Porto é tudo menos um passeio no parque. Dois jogadores tão diferentes mas que se cruzam, por estes dias, por serem aparentemente os excluídos mais mediáticos do plantel de Julen Lopetegui.

Herrera e Varela cruzaram-se logo na temporada 2013/2014, aquela em que Paulo Fonseca foi considerado o culpado de quase todos os males da equipa. Nessa altura, já andavam eles, mexicano e português, como figuras de proa de uma equipa que andava sem rumo e que desiludia semana após semana. É injusto, claro, dizer que, já naquela época, Herrera e Varela eram culpados pelo que o FC Porto não fazia dentro de campo.

O médio fez no total 31 jogos na temporada, enquanto o extremo chegou mesmo aos 48. Até pela escassez de opções na altura, os dois eram quase presença assegurada semana após semana no onze. Varela já estava no clube há quatro temporadas, enquanto Herrera era estreante no clube. Por isso, o nível de exigência era diferente em cada um dos casos. No caso de Varela, pedir mais a um jogador cujos recursos são limitados é difícil. Em relação a Herrera, o rótulo de “novo João Moutinho” foi sempre um fardo demasiado pesado para ele.

Então, o que mudou, num espaço de duas épocas? Bom, tendo em conta aquilo que são as opções atuais de Lopetegui, é caso para dizer que pouco ou nada mudou. No caso de Silvestre Varela, não deixa de ser curioso este vaivém que o extremo tem vivido. Depois de na época passada alegadamente não ter querido manter-se no plantel, Varela decidiu regressar, renovar com o clube e dar a si próprio uma segunda oportunidade num clube onde tinha sido feliz. No caso de Herrera, é impossível não disfarçar o mal estar inerente à sua irregularidade.

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Varela deixou de ser opção
Fonte: sporttuga.com

Aliás, para mim, o mexicano é um verdadeiro case study no futebol moderno. Dono de um pulmão inesgotável, continuo sem compreender o porquê de Herrera ainda não ter conseguido firmar-se no FC Porto. É certo que, durante as últimas duas épocas, Herrera foi mostrando, de quando em vez, as credenciais que trazia do México. O mais preocupante é que, para o comum dos adeptos portistas, ainda não tenha sido possível ver, em Portugal, o Herrera que todos vimos no Mundial 2014 no Brasil. Nessa competição, arrisco-me a dizer que Herrera esteve entre os 10 melhores médios da prova. Depois de um Campeonato do Mundo de mão cheia, a ideia que vinha à mente de todos os portistas era a de que ele seria um dos próximos a rumar a outras paragens e a deixar mais uns milhões nos cofres do Dragão.

A verdade é que as semanas passam, os jogos passam e esse Herrera continua sem aparecer. No meio de tantos adversários, mais ou menos exigentes, o mexicano continua sem fazer dois jogos seguidos de qualidade. A irregularidade que apresenta é quase confrangedora, e a incapacidade em ser fiável é algo incompreensível para um jogador da sua qualidade. Também por isso é que, à terceira época, já são poucos os que no Dragão têm paciência para as dezenas de passes errados que faz durante o jogo. Instabilidade vivida nas bancadas e que passa invariavelmente para os ouvidos de Lopetegui. Coincidência ou não, a verdade é que Herrera já foi substituído várias vezes durante este início de época. Da saída da equipa até à saída total das convocatórias foi apenas um passo, e parece que Herrera  agora já nem sequer conta.

Varela é outro dos casos paradigmáticos do plantel portista. E digo isto sobretudo pelo facto de nunca ter sido um bem amado nas hostes azuis e brancas. Não me recordo, aliás, de, com Varela com a camisola azul e branca, ter visto o português ser aplaudido de forma efusiva mais do que uma dúzia de vezes no Dragão. A verdade é que, com o regresso do extremo esta época ao FC Porto, esperar-se-ia que o rumo de Varela fosse outro. Bem sei que, com Corona, Brahimi e Tello metidos ao barulho, Varela nunca teria vida facilitada para ter lugar no onze. Ainda assim, e tendo em conta aquilo que outros jogadores na sua posição têm feito, não me parece justo e sequer honesto aquilo que Lopetegui está a fazer com o extremo português.

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Herrera continua a ser mal amado no FC Porto
Fonte: desporto.sapo.pt

Esta “injustiça” pode ser aliás estendida a Herrera. Não sou e nunca fui defensor das célebres “queimadelas” de treinadores a jogadores durante uma época. Infelizmente, durante o reinado de Lopetegui no FC Porto, isso tem sido frequente. O ano passado com Quaresma e Fabiano à cabeça como protagonistas maiores destes casos internos no plantel. No caso de Quaresma, o caso teve mais que ver com incompatibilidade entre os dois protagonistas da história. No caso do guarda redes, teve que ver com a goleada de Munique, que, segundo o espanhol, teve em Fabiano Freitas praticamente o único responsável.

Época passada e parece, tal como escrevi a semana passada, que pouco mudou no FC Porto. O caminho mais fácil seria, depois da vitória e da exibição na última terça feira frente ao Chelsea, para a Liga dos Campeões, vir para estas linhas no Bola na Rede dar graças por ter no plantel portista jogadores como Rúben Neves ou André André. Como sei que esse é o caminho mais fácil, opto por, entre a euforia generalizada, apontar o dedo a algo que não considero ser correto no reino do Dragão. Falo, pois claro, dos afastamentos de Herrera e Varela, que, de um momento para outro, passaram de protagonistas a atores secundários desta história.

É certo e indesmentível que nem mexicano nem português estariam a fazer os melhores jogos da sua carreira. Mas também é certo e indesmentível que não é com atitudes ou comportamentos destes que se ganham jogadores ou que se agarram balneários. É verdade que, no âmbito das suas funções como treinador, Lopetegui tem todo o crédito para fazer as escolhas que quiser, tendo em conta as ideias que defende. Aquilo com o qual não concordo é que Lopetegui continue a mudar de jogadores como quem muda de camisa e, sobretudo, que continue a apontar o dedo a jogadores, fazendo-os desaparecer do mapa sem razão aparente.

Com uma época tão longa, é imprescindível que o treinador entenda os jogadores e perceba que não é por uma má fase que se tem de perder um atleta. No caso de Herrera e Varela, isso é ainda mais claro. Com todos os defeitos que quer um quer outro têm, é indiscutível, pelo menos para mim, que são dois jogadores que fazem falta ao FC Porto, pela experiência e qualidade que têm. É que, no meio das funções de um treinador, este não pode simplesmente endereçar a poucos aquilo que é culpa de todos. É a velha história da justiça e do futebol. E não, neste caso, isso não tem mesmo nada a ver com os resultados que uma equipa tem no final de uma temporada.

Diamante em bruto… Quase polido

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cabeçalho fc porto

O ciclo infernal terminou. O FC Porto passou, embora sem distinção de maior, no exame conjunto que os desafios com Dínamo de Kiev, Benfica, Moreirense e Chelsea representaram, sobrevivendo a uma fase que será, por certo, uma das mais (se não vier a ser mesmo a mais) difíceis de toda a temporada. Os únicos “senãos” que coloco aqui prendem-se com os empates registados na capital ucraniana e em Moreira de Cónegos. Se, num dos lados, o resultado não se pode catalogar como mau (em Kiev), não deixou de ficar um amargo na boca pela forma como o segundo golo do Dínamo aconteceu. Em Moreira de Cónegos, a mesma coisa, com a agravante de se tratar de um adversário de muito menor potencial e menor valia e pela diminuição da vantagem sobre os concorrentes diretos na Liga (valeu o empate do Sporting no Bessa).

No entanto, a principal ilação a retirar deste ciclo já passado é, para mim, a afirmação é o amadurecimento definitivos do grande jogador que (já) é Rúben Neves. Confesso que começou por me maravilhar desde a pré-temporada 2014/15, mas algumas atuações menos seguras – não más, porque Rúben é daqueles que não sabem jogar mal -, principalmente em jogos de grau de dificuldade elevado, levaram-me a crer que mais tempo era necessário. Continua a ser, que não haja dúvidas. Por muito bom que um jogador seja, aos 18 anos precisa de muita mais rodagem, mas não engana.

Rúben Neves já é um dos patrões do meio-campo portista Fonte: Facebook Rúben Neves
Rúben Neves já é um dos patrões do meio-campo portista
Fonte: Facebook Rúben Neves

Desta feita, o médio foi lançado às feras e conseguiu dominá-las, ora a golpe de chicote (com exibições mais personalizadas e assentes na raça), ora com voz mansa, quase numa melodiosa canção, como é o futebol que lhe sai dos pés. Rúben Neves dá acutilância ao jogo portista. Clarividência e intensidade, coisa que terá aprendido recentemente, dado que esse era o tal ponto fraco da época transata. Pode jogar a trinco, ou mais adiantado. Diferenças? Quase nulas. Joga tão bem num lado como no outro. Um patrão. Vergou os poderosos médios do Chelsea. Fez encolher a equipa milionária de Mourinho e Abramovich, porque encheu o campo com o seu futebol. Não esteve sozinho, pois claro, mas, por vezes, deu a ideia de que poderia estar, que daria conta do recado. Acima de tudo, é um orgulho ver um diamante em bruto precoce das escolas portistas impor-se com a naturalidade com que Rúben Neves o faz. Os gigantes já andam ao seu encalço. Normalíssimo. Mas mais dois aninhos na incubadora do Dragão serão o ideal. Aí será, não um senhor jogador, mas um mestre de miolos. Já não há dúvidas. É uma pedra preciosa em bruto, pela idade, mas claramente lapidada. Veja-se lá: até os sub-21 já parecem pouco para ele…

Sporting tem o cérebro, mas ainda falta o tronco e os membros

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a norte de alvalade

No final do último jogo do campeonato, no Bessa, Jorge Jesus apontou a falta de criatividade como uma das causas para o insucesso no resultado. Quem viu o jogo só pode ser levado a concordar com ele. Se é verdade que a equipa se empenhou em ganhar o jogo até ao apito final do árbitro, não o é menos reconhecer que faltaram as melhores ideias para contrariar o autocarro boavisteiro.

A admissão de Jorge Jesus parece-me encerrar um excelente motivo de reflexão. Reconhecendo-lhe razão, como foi feito no parágrafo precedente, vale a pena tentar descodificar o que ela encerra.

A conclusão óbvia

Muitos perceberam na afirmação uma referência subliminar (ou nem por isso), à ausência de Carrillo. Não o posso afirmar, porque não estou na cabeça de Jesus, mas a conclusão é quase obrigatória. Percebeu-se, desde o inicio de época, quer nas palavras quer no papel que lhe foi atribuído, que Carrillo era um elemento preponderante na estratégia do treinador, pelo que a sua ausência teria que ter consequências na estratégia do treinador e na resposta da equipa.

Conclusão geral retirada de um momento em particular

Para lá de tudo o que se possa dizer – e muito tem sido dito – sobre problema que opõe o clube ao seu empregado, do ponto de vista estritamente futebolístico Carrillo faria sempre falta. Não sendo uma comparação de valor entre os jogadores, a sua ausência está para o Sporting como estaria a de Gaitan para o SLB ou de Brahimi para o FCP. Os poucos jogos até agora efectuados sobre o comando de Jesus mostravam um jogador cada vez mais solto e confiante, desempenhando com acerto funções mais alargadas do que as que lhe haviam sido confiadas nos dois anos anteriores. O problema torna-se mais agudo porque não há no plantel quem o possa substituir no papel que Jesus lhe havia talhado.

Só por doses maciças de muito boa vontade, que até pode reverter em desfavor do jogador, se pode considerar que Gélson faz o lugar. O que os jogos mais recentes têm feito é desmentir esses assomos de voluntarismo de opinião. Isto não é negar o talento do miúdo, é considerar apenas que o jogador tem ainda muito que crescer, desde a compreensão do jogo até a atributos físicos “treináveis” como os diferentes tipos de força, a agilidade, a velocidade, etc. Isto não esquecendo que as características dos jogadores diferem entre si e que a idade ainda mais acentua. No fim de contas é o mesmo que considerar que Gélson irá agora começar a trilhar o mesmo caminho que fez Carrillo quando, com dezoito anos, chegou do Peru.

Para o lugar até agora desempenhado por Carrillo talvez João Mário ou Mané possam ter características mais indicadas para  função. Mas é preciso não esquecer que não estamos a falar de uma mera substituição de peças numa linha de montagem. É preciso refazer algumas das dinâmicas colectivas entretanto treinadas, sendo igualmente necessário dar tempo a que os jogadores absorvam os novos conceitos que as funções a desempenhar obrigam.

 

João Mário poderá ter novas funções com a ausência de Carrillo Fonte: Facebook Oficial do Sporting
João Mário poderá ter novas funções com a ausência de Carrillo
Fonte: Facebook Oficial do Sporting

Uma conclusão preocupante I

O que é possível concluir desde já é que os problemas que a ausência de Carrillo tem colocado não estavam previstos e que estes se vêm juntar a outros que já pareciam existir. Isto é, se a ausência do peruano agrava os problemas relacionados com a criatividade e imprevisibilidade na criação do nosso jogo ofensivo, estes vêm-se juntar a outro que aos poucos se ia destapando a cada jogo efectuado: o da eficácia na hora de concretizar.

Os últimos dois jogos talvez tenham servido como dolorosa ilustração da afirmação efectuada no parágrafo anterior. Mas, olhando para generalidade dos jogos até agora realizados, o que se verifica são precisamente resultados tangenciais, entrecortados por dois empates. A excepção foi o jogo em Coimbra e a posição da Académica na tabela diz muito o quão relativa deva ser a consideração a ter em conta. O nosso jogo ofensivo e sobretudo a capacidade concretizadora está a representar um sério problema para a nossas ambições.

Uma conclusão preocupante II

A frase de Jesus soa a confissão de impotência em alterar o rumo dos acontecimentos no Bessa. Tive a oportunidade de ver Jesus de perto, em zonas habitualmente vedadas ao grande público, e os danos provocados pelas incidências da partida eram bem visíveis no semblante carregado do treinador e na forma “caída” como abandonou a conferência de imprensa a caminho dos balneários.

 

Não duvido da qualidade profissional de Jesus. Não gosto de falar de forma absoluta, mas dizer que é o melhor treinador a treinar em Portugal, podendo até mesmo ser o melhor de todos, não é propriamente escandaloso. Tem quanto a mim, entres os candidatos ao título, o modelo melhor preparado para lá chegar e seria muito mais fácil para ele, com o plantel do FCP ou SLB, sê-lo. Muito mais difícil será sê-lo no Sporting.

 

Foi também muito por essa excelência que o Sporting contratou Jesus, julgo. Falta saber se ela é suficiente para desfazer a diferença de recursos. Acredito nessa possibilidade, mas não deixo de considerar que esperava algumas diferenças na sua actuação. Especialmente nas escolhas individuais e de posicionamento. Logo no inicio de época pareceu-me precipitadas as dispensas de Walyson e Iuri. Hoje, olhando para a produção real, (não do potencial obviamente) de Aquilani, a dúvida acentua-se.

Iuri Medeiros seria mais uma opção credível para as alas leoninas Fonte: Facebook Oficial do Sporting
Iuri Medeiros seria mais uma opção credível para as alas leoninas
Fonte: Facebook Oficial do Sporting

 

Para não especular com os que já cá não moram diria ainda que o treinador não pode estar à espera de uma solução individual nascida de inspiração momentânea, ignorando a importância do colectivo. E aí, com os jogadores que tem à disposição parece-me que as soluções ainda não estão esgotadas. Por exemplo, não me querendo substituir ao treinador, não deixo de pensar que, no que Jorge Jesus treina e põe a jogar, Montero ofereceria outra continuidade ao jogo que Slimani não pode.

 

No entanto, nenhum dos três-pontas-de-lança oferece a Jesus o melhor que Vitória e Lopetegui possuem. Muito do nosso crescimento como candidatos terá que passar inevitavelmente pela construção de maior número de oportunidades que se adequem aos nossos números de eficácia. Se as ideias do “cérebro” são boas, há que convir que o corpo e os membros necessitam ainda de muito crescimento.

Uma pequena nota adicional: a importância do hábito

Discordo em absoluto das análises que concluem pela falta de empenho e garra da equipa para explicar os resultados. Isto é negar a natureza mais comum dos jogadores que é gostar e ganhar até a feijões e é negação que resulta dos próprios factos. Uma equipa sem garra não teria chegado a alguns resultados obtidos quase no final dos jogos. A garra e o querer são condições básicas, sem as quais não vale a pena sequer calçar as botas. Mas já incluiria nas causas do falhanço do ataque à liderança no Bessa o hábito de estar neste momentos a importância da preparação psicológica para estes momentos. Isso também se treina mas apenas em ambiente real e, como sabemos, grande parte dos nossos jogadores não têm sido testados ao nível a que estão a jogar agora.

 Foto de Capa: Facebook Oficial do Sporting

Kalinic verga Inter e pinta de Viola a Serie A

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cab serie a liga italiana

Os Viola fizeram da jornada 6 uma jornada de mudança de líder, roubando o trono ao Rei Inter, no seu castelo. O golpe deu-se no passado domingo, com o batalhão da Fiorentina, liderado por Paulo Sousa, a entrar a matar no Giuseppe Meazza e em meia hora a resolver a guerra. Kalinic, com dois golos, e Ilicic, de penálti, bateram Handanovic, que teve uma noite desinspirada.

Um início de sonho para a Fiore e um pesadelo para os comandados de Mancini, que quando acordaram já pouco havia a fazer, sobretudo porque iriam perder um guerreiro nesta batalha. Miranda travou Ilicic, quando este estava isolado e prestes a entrar na área para bater mais uma vez Handanovic, e foi expulso.

Ora, faltavam dois terços do jogo para enfrentar e os nerazurri já estavam condenados ao fracasso, por muito que respondessem da melhor forma aos golos sofridos. Quem estava a acompanhar o jogo sabia que uma reviravolta era quase impensável, devido à forte organização defensiva dos Viola e aos seus índices de confiança e motivação, que tinham atingido o auge. Para além disso, o Inter mostrava receio em sair goleado de casa e o nervosismo não permitia que a equipa crescesse. O contra golpe da Fiorentina ameaçava o avolumar do resultado, algo que viria a acontecer na segunda parte.

Ilicic está em grande forma e ajudou à goleada Fonte: Facebook da Fiorentina
Ilicic está em grande forma e ajudou na goleada
Fonte: Facebook da Fiorentina

Os homens de Paulo Sousa foram controlando o ritmo de jogo e todos os seus momentos, surpreendendo o Inter, que estava invicto e cem por cento vitorioso. Icardi ainda reduziu para os milaneses, mas a partida era de Kalinic, que iria completar o hat-trick e uma noite de sonho.

Passo a passo, a Fiorentina vai acreditando que está pronta para voos maiores e o Scudetto pode ser um objetivo já para esta época, sobretudo se analisarmos as performances e os resultados dos principais candidatos ao título em Itália. Teremos surpresa em Maio? Vamos esperar para ver se os Viola e Paulo Sousa mantêm o bom futebol e, principalmente, a liderança.

E com a Juventus, adivinham o que aconteceu? Perdeu outra vez!

A Vecchia Signora continua em maré de azar, voltando a desiludir e a perder um jogo da Serie A. Desta vez, a derrota aconteceu no San Paolo, perante o Nápoles, com golos das duas estrelas da companhia. Higuaín e Insigne foram os protagonistas do brilharete napolitano, que mantém a Juventus a 10 pontos da liderança (partilhada por Fiorentina e Inter com 15 pontos) e no 15º lugar da competição. Já o Nápoles alcançou a segunda vitória e tem 9 pontos, subindo à 10ª posição.

Quem voltou a desiludir foi o AC Milan, que perdeu em Génova por 1-0, e está no 11º lugar, com os mesmos 9 pontos do Nápoles. Dzemailli foi o autor do golo, ao minuto 10, que derrotou os rossoneri. É impressionante a regularidade com que as equipas de topo em Itália perdem pontos e fazem com que o campeonato esteja empolgante e incerto, quanto ao grupo de líderes. AC Milan e Juventus não aproveitaram para reduzir a diferença para o Inter, mas os principais conjuntos romanos não se fizeram rogados.

A Roma venceu e goleou o lanterna vermelha Carpi por 5-1, com golos de Manolas, Pjanic, Gervinho, Salah e Digne, e a Lazio bateu, fora de portas, o Hellas Verona por 2-1. Parolo e Lucas Biglia foram os autores dos tentos que provocaram a reviravolta no jogo, depois de Helander ter inaugurado o marcador. Nesta partida, o brasileiro Maurício foi expulso por acumulação de amarelos.

Pjanic marcou na goleada e relançou a Roma na perseguição aos líderes Fonte: Facebook A. S. Roma
Pjanic marcou na goleada e relançou a Roma na perseguição aos líderes
Fonte: Facebook A. S. Roma

Assim sendo, as águias de Roma estão no 5º lugar, com 12 pontos, a 3 dos líderes, e os seus maiores rivais, capitaneados por Francesco Totti, estão logo a seguir com 11 pontos, no 7º posto.

No meio das equipas da capital está o Chievo, que foi a casa de outra surpresa da Serie A, o Sassuolo, roubar 2 pontos. Um empate a uma bola que deixa o Sassuolo a três pontos dos primeiros (4º lugar). Nota de destaque é o facto de a equipa comandada por Eusebio Di Francesco ser a única invicta na prova, depois de a invencibilidade nerazurri ter sido quebrada.

Por falar em sensações, falta falar da equipa que fecha o pódio: o Torino. A equipa de Turim, a única na prova que venceu a Fiorentina, ultrapassou o Palermo por 2-1 e alcançou os 13 pontos, num jogo que terminou reduzida a 9 elementos, por expulsão de Molinaro e Joel Obi. Até quando o Torino vai continuar no topo? Provavelmente, com o passar das jornadas, irá perder alguns pontos, mas fica o registo de uma equipa com um futebol agradável, agressivo e objetivo, e longe do chato e sonolento calcio italiano. Se puderem, vejam, porque vale a pena ver um jogo do Torino. Se o fizerem observem o potencial de um jogador: Daniele Baselli!

No outro extremo da tabela, destaco a primeira vitória do Frosinone, embalado pelo empate, na jornada anterior, na casa da Juventus. O conjunto, que subiu esta temporada, recebeu e venceu o Empoli, de Mário Rui, por 2-0, e saiu da linha de água, chegando ao 16º lugar.

Resta apenas falar de duas partidas, que tiveram o mesmo resultado, 2-1. A Udinese foi a casa do Bolonha vencer com golos de Emmanuel Badu e Dúvan Zapata e a Atalanta recebeu e superou a Sampdoria, que assim perdeu a oportunidade de chegar ao 3º lugar.

A Serie A continua ao rubro e, devido à crise exibicional e de resultados da tetracampeã Juventus, nenhum jogo tem resultado previsível. Este será, certamente, o campeonato italiano mais equilibrado dos últimos anos e a Juventus precisará de muito esforço e muitas melhorias para chegar ao penta. Fiorentina e Inter surgem como os candidatos mais fortes, mas a Roma continua a crescer e a aproximar-se. Não há seca e sonolência nos relvados italianos: uma Serie A assim vale a pena!

O JOGADOR DA SEMANA:

Nicola Kalinic: Um hat-trick no mítico Giuseppe Meazza não é para todos e logo perante um Inter em grande forma, invicto, e com apenas um golo sofrido no campeonato. Uma noite de sonho individual que permitiu ao seu coletivo chegar à liderança!

O TREINADOR DA SEMANA:

Paulo Sousa: A sua Fiorentina é a equipa mais completa e com melhores desempenhos coletivos até ao momento e está, justamente, na liderança. Mérito, muito mérito, para o treinador português, que, após uma contestação inicial dos adeptos por causa do seu passado, começa a ganhar reconhecimento. Parabéns, Paulo!

Foto de Capa: Facebook do Nápoles

A Revolução de Outubro Verde

cabeçalho benfica

Escrevo há um mês no Bola na Rede, abordando semanalmente questões que considero importante destacar ou corrigir na actualidade do Benfica. Neste período, temos assistido ao regresso lento e silencioso daquilo que denominamos tranquilidade – e que anseio designar em definitivo por normalidade –, na sequência de visíveis melhoramentos que nem a derrota no Dragão pode revogar. Por outro lado, parece-me agora óbvio que o anúncio antecipado da invencibilidade dos nossos adversários – perante nós e os outros – brotou algo precipitado. Os defeitos são antigos e estão identificados, porém, permanece adiada sine die uma solução real: seria como evitar o naufrágio num barco (azul) sem capitão; ou ver navegar um capitão sem barco (verde).

Resolvido a confiar no progresso – do treinador e da equipa –, perdi, nos dias que antecedem este texto, algumas das comichões mais incomodativas: os golos de Jonas, as exibições de Gaitán e Gonçalo Guedes e, naturalmente, a recuperação pontual para a liderança são bálsamos que aumentam a confiança; sobra-me a crença de que o futuro confirme a evolução. Enquanto aguardo, opto, desta vez, por dedicar este espaço ao momento semanal onde mais se se debruçou sobre a realidade do universo benfiquista, nas suas diversas dimensões: refiro-me, obviamente, ao discurso de Bruno de Carvalho, presidente do Sporting, proferido na última Assembleia-Geral do seu clube.

A estratégia de Bruno de Carvalho tem prazo de validade expirado: encontra-se nos livros de História (dos que tratam regimes e lideres), em capítulos eternamente sublinhados como maus exemplos de política e humanismo. O presidente do Sporting – instituição que me merece todo o respeito – investiu-se como Génio da Revolução adoptando a postura dos que combatem incessantes vagas de inimigos imaginários – no interior e no exterior. O objectivo (já batido) escapa apenas aos ingénuos e radicalizados: a sua ascensão e consolidação como líder; mais o benefício que essa posição lhe confere e que, segundo consta, se prepara para aumentar significativamente (por razões onde até cabem as próprias filhas).

Na verdade, pouco me importam as purgas levadas a cabo contra ex-dirigentes; ou a campanha de descrédito contra a oposição; ou as ameaças dirigidas a deputados, em Portugal e na Europa, intrigados com a origem do dinheiro; ou a retórica apocalíptica que inspira a dúvida e o medo – são questões para os sportinguistas resolverem, mais cedo ou mais tarde. O que me importa (e incomoda) realmente é o facto de Bruno de Carvalho, em discurso na Assembleia-Geral do seu clube, ter emitido a palavra “Benfica” e feito referências directas ao meu clube cerca de duas dezenas de vezes.

O discurso de Bruno de Carvalho amolece o corpo e a mente Fonte: Sporting Clube de Portugal
O discurso de Bruno de Carvalho amolece o corpo e a mente
Fonte: Sporting Clube de Portugal

O Benfica é o inimigo externo por excelência. A simples referência ao Glorioso provoca nos sportinguistas reacções químicas automáticas e involuntárias que, de uma assentada, permitem atenuar a vergonha pela derrota (dentro e fora do campo) e reforçar o orgulho, muito menos por amor a si, mas apenas por ódio ao rival. Bruno de Carvalho apropria-se desse sentimento (próprio do futebol) e utiliza-o estrategicamente. No fundo, trata-se de propagar um conjunto insistente de mentiras e ameaças, conduzindo o estado de espírito do ouvinte para aquilo que se pretende. Resumindo: é o efeito do populismo – camuflado em defesa do Sporting e ataque ao Benfica – que amolece as consciências e sempre causa danos.

Jamais apoiaria textos tão mal escritos ou a resposta aos mesmos alguém com responsabilidades no Benfica – porém, sou apenas um adepto; permito-me, por isso, perder algum do meu tempo para refutar algo daquilo que Bruno de Carvalho referiu, sobre o meu clube, no seu discurso:

1. O Benfica não fica em Carnide. Conhecesse as origens deste clube e Bruno de Carvalho saberia que o Benfica já teve várias moradas; este clube é do povo e, como tal, dos quatro cantos do mundo.

2. O Benfica contratou o Franco Cervi; o presidente do Rosário Central já esclareceu a nega dada ao Sporting, na sequência das negociações com “um grupo de investidores de um país a que não estamos habituados”. Bruno de Carvalho esqueceu-se de esclarecer (tal como se esqueceram de lhe perguntar) a que país se referia o dirigente argentino – mais valem 4,8 limpos do que seis sujos; Mitroglou não veio porque o Sporting não o quis e preferiu o Teo; vê-se logo que aquele draft, colocado ontem em circulação pública, foi feito por um miúdo qualquer. Para já, Adrien lidera a lista com dois golos de penálti.

3. O Sporting tem muitos adeptos. O Benfica também. A dúvida é saber se 4,5 milhões cabem nas ruas deste mundo – em Portugal, Paris, Genebra, Luxemburgo, Newark, Luanda, Praia, Bissau, Maputo, S. Tomé, Dili e muitas outras (com maior ou menor dimensão) –, que se enchem por completo sempre que o Benfica se sagra campeão; a contabilidade é difícil de se fazer: uns preferem ficar em casa e outros vivem na Namíbia. No caso do Sporting, não tem havido muitas ruas para contar – mas aposto que, quando chegar a altura, será fácil confirmar os 3,5 milhões: do Marquês de Pombal à Baixa de Malabo.

Foto de Capa: Sporting Clube de Portugal

Como deve ser especial ser do Futebol Clube do Porto

hic sunt dracones

Depois de ter feito a visita ao Museu do Futebol Clube do Porto no ano passado e de ter ficado completamente estarrecido com tudo o que vi, esta semana consegui roubar algum tempo ao tempo para fazer a visita ao Estádio do Dragão. E que visita.

Às vezes torna-se complicado encontrar a razão em algo tão emocional. Como aquilo que sinto pelo Futebol Clube do Porto. Mas devo confessar que fascínio talvez seja a palavra certa para descrever a experiência dos últimos dias. Depois de ter visto, ao vivo, uma grande vitória por 2×1 frente ao Chelsea, foi-me dada a possibilidade de conhecer a arena onde os valorosos dragões, ano após ano, vão lutando por vitórias.

Relvado de muitas conquistas Fonte: FEUP
Relvado de muitas conquistas
Fonte: FEUP

E hoje quero falar-vos de uma simples vivência. O momento em que desci ao nível do relvado. Não se pode calcar o relvado, como já devem saber. Mas entrar ali, naquele espaço; olhar à minha volta… Os adeptos estão bem mais próximos do jogo do que aquilo que eu imaginava. Um jogador pode olhar para a bancada e reconhecer, perfeitamente, quem grita por ele jogo após jogo.

Não consigo imaginar maior motivação do que esta. Olhar à volta. Ver aqueles que jogo após jogo estão ali. Para o melhor mas também para o pior. A gritar, a apoiar. Ver os cânticos de júbilo, os festejos, os gritos de vitória. Mas também as faces de tristeza, de desilusão, de quem quer saltar para dentro do campo para tentar mudar o rumo dos acontecimentos…

Há pessoas que conseguem viver sonhos. E o sonho de ser jogador de futebol é comum a muitos mas concretizado por poucos. Estar ali dentro, pisar aquele relvado, ouvir o dragão a rugir por nós, ser a razão do seu grito audaz… Hoje, consigo finalmente perceber porque se pede que os jogadores “morram” em campo, que “suem sangue”.

A alegria de quem sente o clube Fonte: FC Porto
A alegria de quem sente o clube
Fonte: FC Porto

E percebi porque é que é tão especial fazer parte do Futebol Clube do Porto. E descobri que a cadeira 22 também pode ser uma cadeira de sonho.