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GP de Itália: Passeio de Hamilton… tirado a ferros

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cab desportos motorizadosO circuito italiano de Monza já nos habituou às velocidades estonteantes que por ali se conseguem, e a edição de 2015 não foi excepção. Lewis Hamilton partia, mais uma vez, da pole-position, e uma eventual vitória colocava-o em excelente posição para a conquista do tricampeonato. A corrida foi um passeio, mas os imprevistos tornaram este GP invulgarmente difícil para a Mercedes. Já lá vamos.

A qualificação do GP de Monza ficou marcada pelas inúmeras penalizações, que em muito alteraram o grid final. Daniel Ricciardo e Daniil Kvyat, os pilotos da Red Bull, perderam lugares por utilizarem o sexto motor e o quinto turbo; a McLaren volta a ser penalizada pelas trocas de motor; Carlos Sainz perdeu dez lugares por usar o quinto motor no seu Toro Rosso. Já Lewis Hamilton foi o piloto mais rápido nas três voltas de qualificação, e acabou por garantir a 11.ª pole da temporada. A Ferrari esteve sempre por perto: Kimi Raikkonen saiu da segunda posição e Vettel da terceira, sendo Rosberg a principal desilusão. O alemão não conseguiu acompanhar o ritmo do colega de equipa e saiu atrás, inclusive, dos dois Ferrari.

E se já nos vamos habituando aos maus arranques dos Mercedes, em Monza foi a Ferrari que deixou muito a desejar na partida. Kimi Raikkonen ficou pregado ao asfalto e perdeu de imediato a posição privilegiada que tinha; caiu para último e fez toda a corrida de trás para a frente. Hamilton conseguiu um bom arranque e colocou-se de imediato na liderança da corrida, seguido por Vettel. Nico Rosberg acabou por ser prejudicado pelo erro de Raikkonen, já que teve de utilizar a berma forçadamente, perdendo muita da velocidade que imprimiu no Mercedes. Foi quase instantaneamente ultrapassado pelos dois Williams.

E pior do que Raikkonen só os dois Lotus. A equipa teve um início desastroso, com os dois pilotos a abandonarem o GP ainda na primeira volta, devido a problemas técnicos. Depois do motivador pódio de Grosjean, em Spa-Francorchamps, a Lotus sofre aqui um violento revés.

Com um início de prova emocionante, o Grande Prémio de Itália entrou depois num período de letargia e quase aborrecimento. Raikkonen ia continuando a sua escalada vertiginosa pela classificação (o finlandês chegou a quarto, mas desceu a nono depois de uma tardia paragem nas boxes), Hamilton controlava a liderança, Vettel seguia-o de longe, e Rosberg já havia conseguido ultrapassar os dois Williams e estava agora na última posição do pódio.

E, quando o alemão da Mercedes começa a pressionar o alemão da Ferrari, o impensável acontece: o motor de combustão de Rosberg parte e este é obrigado a abandonar. Por esta altura, o Mercedes estava já a 2,5s do Ferrari…

O publico esteve em peso Fonte: Facebook da Williams F1 Team
O publico esteve em peso
Fonte: Facebook da Williams F1 Team

Concomitantemente, a Mercedes pede a Lewis Hamilton que aumente a diferença que tem para Vettel. Quando o inglês pede explicações, o engenheiro apenas responde: “precisamos de aumentar a diferença. Não faça perguntas, apenas execute. Explicamos mais tarde”. Era óbvio que algo se passava, e essa incógnita só foi respondida no final do GP. O pneu esquerdo traseiro estava abaixo da pressão aconselhada pela Pirelli; o mesmo se passava com o veículo de Nico Rosberg. A ideia da Mercedes, ao pedir aquele sprint final, era exactamente criar uma margem de erro em caso de penalização. Mas não foi necessário. Três horas depois da bandeira axadrezada em Monza, os comissários decidiram manter a vitória do piloto inglês.

Hamilton acabou por terminar a corrida com 25s de vantagem sobre Sebastian Vettel, e Felipe Massa encerrou o pódio, beneficiando do abandono de Rosberg, O brasileiro da Williams teve de defender o terceiro lugar do colega de equipa, Valtteri Bottas, mas a experiência e os anos de F1 levaram a melhor. A Williams já criticou a decisão de dar a vitória a Hamilton: em caso de desclassificação, a equipa conseguiria um duplo pódio.

Monza encerrou, como já vem sendo costume, a fase europeia do Mundial de F1. O espectáculo que os apoiantes da Ferrari proporcionaram, com a tradicional gigantesca bandeira da scuderia italiana, talvez tenha conseguido convencer Bernie Ecclestone a manter o Grande Prémio de Itália: o patrão da F1 ameaçou, no início do fim-de-semana, que a edição de 2015 podia ser a última. Esperemos que tal não aconteça. Lewis Hamilton já cavou uma distância de 53 pontos sobre Rosberg, e o tricampeonato está praticamente garantido. Segue-se o GP de Singapura, no fim-de-semana de 19 e 20 de Setembro.

Foto de capa : Facebook Mercedes AMG Petronas

Santa Clara 0-1 Académico Viseu: Final triste para jogo alegre

futebol nacional cabeçalhoUm jogo de futebol tem 90 minutos mas, como todos sabemos, por vezes é depois destes 90 que tudo se resolve. Mas já lá vamos.

Hoje, no estádio de São Miguel, até bem composto para o habitual, provavelmente devido à possibilidade da chegada ao primeiro lugar, o Santa Clara entrou melhor no jogo e a pressionar a equipa do Académico de Viseu no campo todo. Aos 15 minutos surgiu o primeiro lance de perigo, e para os açorianos. Clemente roubou a bola no meio campo a Mathaus e avançou para a grande área mas, já dentro desta, deixou-se antecipar por Bura e apenas ganhou um canto. Clemente teve novamente uma boa oportunidade 10 minutos depois, desta vez dentro da área mas contra os dois centrais do Viseu, tendo ganhado novo canto, que Tiago Ronaldo rematou por cima.

Depois deste lance, a equipa de Viseu equilibrou o jogo, conseguindo três boas oportunidades, duas por Carlos Eduardo e a última já quase no intervalo por Tomé, com um remate forte de fora da área que causou dificuldades a Pedro Freitas.

Bura remata para o golo
Bura remata para o golo

A segunda parte começou com boas oportunidades dos dois lados. O Viseu podia ter aberto o marcador logo aos 49 minutos por Carlos Eduardo, com o Santa Clara a responder dois minutos depois através de Hugo Santos, num livre. Aos 54 minutos, Capela fez um chapéu a Pedro Freitas, mas a bola bateu na trave; na recarga, Fonseca, isolado dentro da grande área, rematou por cima.

Aos 56 minutos surgiu o primeiro lance polémico do jogo. O árbitro João Matos considerou que João Dias atrasou a bola a Pedro Freitas e assinalou livre indireto para o Académico, mas com a bola quase na linha de fundo. Do livre resultou um remate sem perigo.

Foi preciso esperar até aos 71 minutos para voltar a ver um lance de perigo, com Tiago Ronaldo quase a marcar, mas Janota, guarda redes do Viseu, a conseguir uma boa defesa.

Aos 80 foi a vez de o Viseu voltar a criar perigo. Bruno Carvalho rematou à entrada da área e a bola bateu em Accioly, quase traindo o guarda redes açoriano. Até ao final do jogo, o Santa Clara esteve por cima, mas Clemente e Jimmy não conseguiram marcar aos 86 e 89 minutos.

Mas, voltando ao primeiro parágrafo, quando toda a gente já apontava para o empate, o árbitro João Matos, aos 93 minutos, descobre uma falta de João Dias sobre Fábio Martins, jogador que tinha entrado aos 88 minutos, apontando para a marca de grande penalidade. Esta é uma daquelas faltas que só existem em Portugal, isto se se puder chamar falta ao que aconteceu. Foi a impressão com que fiquei no estádio e que foi confirmada pelas imagens televisivas. Bura converteu esta grande penalidade, que deu a vitória à equipa continental.

Rui Melo juntou-se ao treinador Filipe Gouveia na Conferência de Imprensa
Rui Melo juntou-se ao treinador Filipe Gouveia na Conferência de Imprensa

Este golo levou ao descontrolo de alguns adeptos da equipa da casa, havendo três invasões de campo, uma delas quase resultando em agressão ao árbitro. No final do jogo, também houve muita confusão entre jogadores e dirigentes de ambas as partes, como já puderam ver no facebook do Bola na Rede.

Depois do jogo, o presidente do Santa Clara anunciou que vai avançar com uma Exposição ao Concelho de Arbitragem da Liga e pedir uma reunião com o Presidente da Liga. Rui Cordeiro quer saber porque é que para os jogos em casa vêm sempre árbitros sem experiência de futebol profissional e exige que “deixem de brincar com o Santa Clara”.

A Figura:

Santa Clara e Académico de Viseu – As duas equipas lutaram pela vitória e proporcionaram um jogo entretido, principalmente na segunda parte. Um empate com golos era o resultado mais justo para este jogo.

O Fora de jogo:

João Matos – Aos 25 minutos anotei que o árbitro demorava muito tempo a tomar qualquer decisão, mas o pior ficou mesmo para os 93 minutos. O árbitro, de 31 anos, que veio de Viana de Castelo, fez apenas o seu terceiro jogo profissional. O comportamento dos adeptos após a grande penalidade e dos jogadores após o final do jogo também tem de estar aqui.

Memórias dos 60 anos da Liga dos Campeões

internacional cabeçalho

“Outside the family life, there is nothing better than winning the European Cups.”Brian Clough (vencedor de duas Taças dos Clubes Campeões Europeus ao serviço do Nottingham Forest)

As quatro grandes penalidades consecutivas defendidas pelo gigante romeno Helmuth Duckadam; uma equipa albanesa que, de forma a equilibrar uma eliminatória com o poderoso Ajax, faz com seja proibida a entrada no seu país de jogadores com cabelo comprido; um Peter Shilton que, descontente com o estado dos relvados dos campos de treino em Madrid, decide ir treinar para uma conhecida rotunda da cidade; uma nuvem de fumo que força à repetição integral de um jogo em Belgrado e salva o AC Milan de uma derrota certa; e uma grande penalidade falhada por John Terry que dá a vitória aos seus rivais do Manchester United no imponente Estádio Luzhniki, em Moscovo, são alguns dos muitos episódios que marcam a história dos 60 anos da mais importante competição de clubes a nível europeu, a UEFA Champions League.

As primeiras imagens que me vêm à memória são as da final de 1986-87, quando o FC Porto de Artur Jorge mediu forças com a super máquina alemã do Bayern Munique. Aos 6 anos de idade, não tinha obviamente a sensibilidade necessária para entender a essência do futebol e muito menos para perceber o que estava em causa naquele jogo disputado no mítico Prater de Viena. Para mim, aquilo que tornou aquele dia especial foi talvez o facto de jantar na sala de estar, onde estava a televisão, algo muito pouco habitual na casa dos meus pais, e o facto de o meu tio, confesso adepto do SL Benfica, ter corrido para minha casa munido de uma garrafa de champanhe pouco tempo depois de o pequeno Juary ter dado o golpe final no poderoso Panzer germânico. Os dias que se seguiram ao jogo serviram para a rapaziada com quem jogava à bola nas traseiras do meu prédio tentar imitar, alguns com bastante sucesso (eu não incluído), o majestoso golo de calcanhar apontado pelo diamante argelino do FC Porto, o grande Rabah Madjer. Para mim, aquela final serviu essencialmente para despertar a curiosidade de conhecer melhor os jogadores, saber o seu nome, a posição em que jogavam e por onde já tinham passado. Nomes como os de Lothar Matthäus, Dieter Hoeness ou Helmut Winklhofer constituíam uma barreira linguística quase intransponível para alguém que na altura tinha apenas 6 anos de idade, mas o facto de os repetir a todos, vezes sem conta, como se de uma rotina diária se tratasse, sempre que o meu pai me ligava do emprego, ajudou-me a ultrapassar a falta de destreza linguística inicial.

João Pinto e Lothar Matthäus antes do apito inicial da final de Viena Fonte: ESPN
João Pinto e Lothar Matthäus antes do apito inicial da final de Viena
Fonte: ESPN

Os anos foram passando, e a minha curiosidade pelo futebol e pela Liga dos Campeões (Taça dos Clubes Campeões Europeus) foi-se adensando, de tal forma que, naquela altura, tudo o que me permitisse saber mais sobre uma e outra coisa foi-se tornando os meus companheiros de brincadeira. Livros, revistas, cromos, o Domingo Desportivo da RTP1 e cassetes VHS, tudo servia para saber um pouco mais sobre o desporto rei. Lembro-me com alguma nitidez da final de 1989 entre o Steaua de Bucareste de Gica Hagi e o AC Milan de Marco Van Basten, que tinha entrado para a minha selecção de personas non gratas após ter marcado aquele golo memorável na final do Euro 88 a Rinat Dasaev, o meu ídolo de infância. O AC Milan, que não era considerado por muitos, jornalistas italianos incluídos, como favorito para final disputada em Camp Nou, venceu o jogo por uns contundentes 4-0 e inscreveu, pela segunda vez, o seu nome na lista de vencedores do tão ambicionado troféu após um longo jejum de 20 anos. À frente da esquadra rossoneri estava Arrigo Sacchi, o mestre do 4-4-2 à italiana, o líder de uma equipa que baseava grande parte do seu jogo em poderosos movimentos de contra-ataque que eram geralmente fatais para as formações adversárias.

Marco Van Basten cabeceia nas alturas perante o olhar incredulo de Dan Petrescu Fonte: Soccer Nostalgia
Marco Van Basten cabeceia nas alturas perante o olhar incredulo de Dan Petrescu
Fonte: Soccer Nostalgia

Antes do jogo, os jornais italianos esperavam um AC Milan a jogar à espera do erro do adversário, de forma a tentar surpreender uma equipa romena que confiava o seu jogo a movimentos de ataque organizado conduzidos pelo “Maradona dos Cárpatos”, Gica Hagi, e finalizados pelo lendários goleadores Marius Lacatus e Victor Piturca. Os jogadores do AC Milan, cientes dos riscos que corriam, adoptaram uma estratégia diferente e, no balneário, antes do apito inicial, Ruud Gullit deu o mote, dizendo aos seus colegas de equipa que era necessário atacar desde o primeiro minuto e não deixar o emblema romeno respirar nem por um segundo. Assim foi e, pela primeira vez, a diferença de golos numa final foi de quatro, algo que só o mesmo AC Milan viria a repetir alguns anos mais tarde, em Atenas, perante o poderoso Barcelona.

Este troféu, que agora comemora 60 anos de existência, acompanhou as mudanças políticas na Europa e não deixa de ser interessante o facto de 1991, ano em que o surpreendente FK Crvena Zvezda (Estrela Vermelha de Belgrado) se sagrou campeão europeu, ter sido também o ano em que a Jugoslávia foi desmantelada e em que se disse o último adeus à Taça dos Clubes Campeões, rebaptizada então como Liga dos Campeões. Essa marcante final de Bari entre o FK Crvena Zvezda e o Olympique Marseille foi apenas resolvida na marcação das grandes penalidades. O lendário lateral francês Manuel Amoros não esteve à altura das responsabilidades e permitiu à fantástica armada jugoslava, da qual faziam parte Prosinecki, Pancev, Savicevic, Jugovic e Mihajlovic, levantar o troféu, dando ao seu país uma última e gloriosa vitória antes do seu desaparecimento. O jogo em si ficou marcado por outro episódio curioso, protagonizado pelo maestro Dragan Stojkovic, que se havia mudado da equipa de Belgrado para o emblema francês um ano antes e que pediu ao seu treinador (Raymond Goethals) para não bater uma grande penalidade, já que não tinha coragem para tal.

A poderosa armada do FK Crvena zvezda que venceu o torneio em 1991 Fonte: historiadelfutbolenimagenes
A poderosa armada do FK Crvena zvezda que venceu o torneio em 1991
Fonte: historiadelfutbolenimagenes

Os 60 anos da Champions League são isto: história, emoção, surpresa, magia, momentos mais ou menos felizes, golos de levantar estádios e outros de fazer corar os melhores do mundo. A essência do desporto rei está a perder-se à medida em que mergulhamos, cada vez mais profundamente, numa era em que o poderio financeiro vence, ou sai quase sempre vencedor, desvirtuando o verdadeiro âmago do futebol e deixando que, da Liga dos Campeões, façam parte não só os verdadeiros campeões, mas também aqueles que, à conta de malabarismos financeiros, conseguem sempre ou quase sempre um lugar de destaque nos seus próprios campeonatos nacionais.

Foto de Capa: El Confidencial

Diferentes, mas todos iguais

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cabeçalho fc porto

Nos últimos dias, a esfera mediática mundial tem sido dominada por aquele que já é conhecido como o “naufrágio da humanidade”. A fotografia do corpo de uma criança de 3 anos, caída na praia, já sem vida, teve lugar (discutivelmente ou não) em praticamente todos os meios de comunicação, portugueses incluídos.

O que tem o futebol a ver com isto? Pouco ou nada, dirão muitos. Muito, digo eu. É nestes momentos que se põem de parte as diferenças. O futebol também nos tenta incutir isto, sem descurar a expressão das rivalidades que se situe dentro dos limites do bom senso. Adeptos deste clube ou daquele que se juntam em torno de uma causa, que, neste caso específico, assume contextos preocupantes no que é relativo à humanidade em si e à humanidade dentro de cada um.

O FC Porto assumiu a iniciativa. Através de uma carta endereçada a Michel Platini, presidente da UEFA, os azuis e brancos apelam à solidariedade dos restantes 31 clubes que figuram na fase de grupos da Liga dos Campeões. A ideia consiste em pedir um donativo de um euro por cada bilhete vendido para o jogo que cada equipa realizar em casa, nas duas primeiras jornadas; no caso do FC Porto, tudo será posto em prática antes do jogo frente ao Chelsea, no dia 29 de setembro. O somatório de todos os donativos servirá para ajudar os migrantes.

Aqui fica o exemplar da mensagem:

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A carta do FC Porto a apelar à solidariedade dos clubes da ‘Champions’
Fonte: fcporto.pt

As mensagens que a UEFA e a FIFA passam (sobre o fair-play e o racismo) também apelam ao bom senso de cada um e esta é uma iniciativa equiparável. Os abraços podem ser dados fora do relvado e das bancadas. Este é um abraço que milhares de pessoas podem dar a cada um dos migrantes.

Não me pretendo alongar muito mais. O brilhantismo da ideia fala por si. Falta apenas dizer que a considero louvável e que espero assistir à adesão total por parte dos visados (julgo que todos esperamos). E que, desta vez, todas as diferenças sejam deixadas de lado. Todas. Clubísticas, pessoais… Todas. No fundo, é um favor que o FC Porto e todos os outros fazem à Humanidade.

O Passado Também Chuta: Sepp Maier

o passado tambem chuta

Quando se fala do passado temos o costume de esquecer os guarda-redes. Normalmente, os mitos que perduram na memória e na boca dos adeptos são os avançados. Lembramo-nos, talvez pela explosão que representam, dos autores de certos golos; algumas vezes, recordamos algum jogador do meio-campo; no entanto, os guarda-redes são, para memória, os que, quando éramos garotos, só tinham uma oportunidade: “ir para a baliza se queriam jogar.” No entanto, sabemos que é difícil forjar uma grande equipa sem um guarda-redes extraordinário. O Benfica glorioso teve o Costa Pereira; os cinco violinos tiveram o Azevedo; o FC do Porto teve o Vítor Baía; Inglaterra teve o Banks; o Brasil teve, entre outros, o Júlio César em pleno esplendor, e a Alemanha, terra de grandes guarda-redes, teve um muito especial que derrotou a Holanda da Laranja Mecânica, chamado Sepp Maier.

Evidentemente, não estava sozinho e tinha a companhia de super-craques como Beckenbauer ou o goleador Muller, ainda que, no meio destes jogadores de uma outra dimensão, tenha conseguido ser nomeado em três épocas o melhor jogador alemão. Curiosamente, foi amigo desde a mais tenra idade de Beckenbauer e teve a sorte de viver com ele vitórias, tanto a nível de clube como de seleção, que fizeram época ou derrubaram mitos. Tem no seu baú todo o tipo de troféus, tanto nacionais como internacionais, tanto com o seu Bayern de Munique como com a seleção alemã. Pela frente encontrou a Holanda de Cruyff no Campeonato do Mundo de 1974, que, além de maravilhar, arrasava. No entanto, Sepp Maier não só defendeu o possível e o impossível como lançou uma jogada que acabaria em golo. Este jogo mostrou como era e o que era na baliza. Era alto mas não era um gigante; tinha todos os predicados de um grande guarda-redes: reflexos, colocação e domínio da sua área. Holanda atacou por terra e pelo ar mas encontrou-se sempre com um ruivo que, para além de ser magistral, era o rei da brincadeira.

Sepp Meier no grande jogo entre a Alemanha e a Holanda Fonte: DFB
Sepp Meier no grande jogo entre a Alemanha e a Holanda
Fonte: DFB

A década dos 70 ficou marcada por futebolistas fantásticos mas, entre eles, está um guarda-redes que está entre os vinte e três melhores jogadores do século XX. Não é fácil. É considerado o melhor guarda-redes alemão de sempre, e todos sabemos que a Alemanha, em todas as gerações, tem nomes que marcam época. Está entre os cinco melhores guarda-redes de sempre. Figurou em todas as cabalas e foi campeão da Europa e do Mundo, e não existe taça de grande competição que não beijasse.

Teve a sorte de pertencer a uma época na qual muitos futebolistas jogaram toda a vida no seu clube predileto. O Bayern de Munique foi a sua casa desde 1962 até 1979. Jogou desde menino até que se retirou devido a um desastre que lhe deixou marcas – acidente de viação. Era disciplinado e trabalhou a automatização dos movimentos até às proximidades da perfeição. Chamaram-lhe o ‘Gato’. Mais tarde, trabalhou como treinador de guarda-redes e, entre eles, teve um pupilo chamado Oliver Kahn. Realizando estas funções foi Campeão do Mundo, também, em 1990. Os guarda-redes desta estirpe ganham campeonatos e maravilham os adeptos do futebol.

Foto de Capa: @Fred Joch

O campeonato dos feios, porcos e maus

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a norte de alvalade

Se não viram o filme que serve de título ao post de hoje, recomendo. Realizado por Ettore Scola, cujo trabalho lhe granjeou o prémio do Festival de Cannes em 1978, o filme conta a história de uma família pobre que mora num subúrbio pobre de Roma em condições degradantes. Por via disso, o filme é um mostruário, em tom de comédia e drama, do que de pior o Homem é capaz de fazer a si mesmo e aos que vivem em seu redor.

Se não viu entretenha-se a ver um desses programas pretensamente sobre futebol que enxameiam as nossas televisões, onde agora vulgarmente conhecidos como programas de paineleiros, porque se aproxima em muitos aspectos do que de pior é retratado no filme de Scola. Sobre o pretexto de analisarem os jogos, os seus intervenientes desfiam entre si rosários de insultos, quase sempre ignorando o que devia ser o assunto central e que afinal lhes proporciona substanciais proveitos económicos: o futebol.

Estes verdadeiros atentados de lesa-futebol são a pedra filosofal das estações de televisão, especialmente de cabo. Não visando esclarecer ou exercer qualquer pedagogia, procuram a polémica em cada frase. Os seus ditos, cujos paineleiros são escolhidos a dedo, havendo até transferências entre canais, como se de artistas da bola se tratasse. É difícil para quem assiste, mesmo que inadvertidamente, não ficar à espera da reacção seguinte no habitual “tiroteio” entre as facções em confronto.

É esse excesso de controvérsia e polémica permanente que lhes proporciona a publicidade grátis, uma vez que é impossível que os adeptos que assistem fiquem indiferentes. Na era das redes sociais os comentários funcionam como focos de incêndio que se propagam como quem rega uma fogueira com gasolina.

Há muito que deixei de ver qualquer dos programas – novos ou velhos – com assiduidade. As poucas vezes que tenho caído na tentação, não fazendo zapping imediato, só têm contribuído para vincar a má impressão geral e a noção de perda do meu precioso tempo que o seu visionamento implica. Valha a verdade que o facto de normalmente o Sporting estar muito mal representado na generalidade dos programas também não ajudou muito. Do ébrio ao auto confesso praticante de ilegalidades, já tenho cromos que cheguem.

Ora, isto dito, não pude deixar de me espantar quando assisti à última intervenção de Carlos Dolbeth num programa emitido na SportingTV. Mais ainda quando ela não só recolhe aprovação como a seguir pede que se junte a um dos mais histriónicos comentadores da nossa praça, um tal Pedro Guerra. Aqui há que reconhecer o traço de ADN comum deste com o correligionário que na SIC vai destilando fel a cada sílaba.

Estes comentadores não representam o Sporting Fonte: Facebook do Sporting/César Santos
Estes comentadores não representam o Sporting
Fonte: Facebook do Sporting/César Santos

Espero que se tenha tratado de uma vez, sem exemplo. Vai muito mal a direcção de programas do canal do clube se permitir ou até instigar uma espécie de braço de ferro de taberna, ou ping pong de dislates e gritos. É a face oposta do comportamento inerte e poltrão que tantas vezes me revoltou quando o Sporting não era cabalmente defendido, mas igualmente de repudiar. Como dizia a publicidade, tem de continuar a existir uma linha que separa a miséria intelectual, boçalidade e ordinarice do nome Sporting Clube de Portugal.

Embora haja muito quem ache que o Sporting “tem um estigma por ter ligado à sua origem viscondes“, essa é a sua maior riqueza. Não a da classe social dos seus fundadores per si, da sua origem ou do seu carácter restrito e exclusivista. A ser assim o Sporting não seria hoje mais do que uma associação de jogos de bridge, canasta, ou bailes de debutantes.

O Sporting nasceu, cresceu e consolidou o seu estatuto pela qualidade excepcional dos fundadores e sucessores, ao criarem uma identidade muito própria, mas simultaneamente de grande abrangência, arrastando atrás da sua bandeira milhões e acumulando milhares de troféus em dezenas de modalidades. A tal diferença que muitos querem, para nos apoucar, confundir com elitismo bacoco e extinto. O Sporting é indiscutivelmente popular mas não precisa de ser popularucho.

Mais do que ganhar muito ou pouco, creio ser essa a identidade que nos é muito própria e cara que nos tem permitido atravessar os piores dos tempos. Se quisermos ser tão feios, tão porcos e tão maus como os piores arriscamo-nos a confundirmo-nos com eles. E, se assim for, que razões terão os vindouros para querer ser do Sporting?

Foto de capa: Facebook do Sporting

Portugal 0-1 França: Astérix e os (ainda) irredutíveis gauleses

“2 minutos de desconto? Acabe mas é com isto, senhor Danny Makkelie, que eles estão a precisar de intervalo e eu quero ir ao bar”. Era isto que eu dizia se fosse um dos espectadores que se deslocou ao Estádio de Alvalade para ver o Portugal x França.

O astérix Valbuena viria a resolver o jogo à bomba e prolongar uma maldição gaulesa sobre Portugal, num jogo onde, apesar ter o carácter particular, estávamos perante duas equipas de topo mundial, com alguns dos melhores do mundo, e por isso exigia-se uma partida de maior qualidade e emoção. Foram 45 minutos de tédio, com uma e outra equipa a fazerem posse de bola, a tentarem circular pelas linhas e através de cruzamento incomodar os guarda-redes. Na teoria este era o objetivo, mas na prática tudo correu mal às duas equipas. Quando a bola chegava aos últimos 25 metros, o passe quase sempre saía errado, o cruzamento torto ou a bola era roubada pelo adversário.

Ambas as equipas mostraram receio uma da outra e ocuparam muito bem os espaços centrais, o que levou a que na primeira parte apenas existissem dois remates à baliza: um por Matuidi aos 30’, após boa combinação com Griezmann e Sissoko, que Patrício defendeu com os pés, e outro por CR7, num livre muito longe da baliza, que Lloris sacudiu para o lado.

O momento do festejo de Valbuena, que deu a vitória à França Fonte: Facebook de Valbuena
O momento do festejo de Valbuena, que deu a vitória à França
Fonte: Facebook de Valbuena

As estratégias anularam-se uma à outra. Fernando Santos regressou ao 4-3-3, com Éder na frente e Ronaldo na esquerda (Nani estava na outra ala), mas ofensivamente a equipa não esteve bem, apesar de ter contado com um João Mário muito interventivo no miolo e a ser o principal. Para completar o triângulo do meio-campo, Fernando Santos escolheu Adrien e Danilo Pereira. Na defesa nenhuma surpresa. Patrício na baliza, Vieirinha e Eliseu nas laterais com Pepe e Carvalho a fazerem dupla.

A França, de Deschamps, apresentou-se em 4-4-2, com Lloris na baliza, Sagna e Evra nas linhas, e Koscielny e Varane foram os centrais. No meio-campo, Sissoko descaiu para a direita, Matuidi para a esquerda, e Cabaye jogou a trinco com Pogba à sua frente. No ataque, Benzema e Fékir, que relegou Griezmann para o banco, mas logo aos 13’ foi substituído pelo jogador do At. Madrid, por lesão.

Muita gente nos espaços centrais, muito pouco espaço entre linhas, impedindo rasgos e desmarcações, algo só conseguido por Matuidi, no lance já mencionado. Portugal, e como já é hábito com Fernando Santos, apresentou-se muito sólido defensivamente, mas com bastantes lacunas ofensivas, apesar da boa performance de Éder, a jogar de costas para a baliza, a segurar e tabelar com os colegas. Mas, depois, não existiu um cruzamento em condições para si, o que tornou a sua tarefa muito complicada.

Por todos estes motivos e pelo futebol lento apresentado pelas duas seleções, o empate era mais que justo e o intervalo era aquilo de que todos precisavam para descansar e voltar com outras ideias e mais vontade. Certamente Fernando Santos e Deschamps chamaram a atenção dos seus pupilos porque não deviam estar a gostar do que viam, mas o que é certo é que tudo voltou na mesma. O mesmo futebol, a mesma pasmaceira, apesar de a França ter mais posse e tentar mais do que Portugal chegar ao golo. Os contra-ataques portugueses não saíam e Lloris nem sequer precisava de suar.

Adrien esteve desinspirado no meio-campo português Fonte: Facebook Seleções de Portugal
Adrien esteve desinspirado no meio-campo português
Fonte: Facebook Selecções de Portugal

 

A dança das substituições começou com o regresso de Miguel Veloso para o lugar do desinspirado Adrien (a intensidade de André André teria sido mais útil) e o de Cédric para o posto de Vierinha aos 61’. Logo a seguir, Fernando Santos pensou no jogo da Arménia e retirou Ronaldo para colocar Quaresma, que desta vez não agitou, e mais para o fim entraram Danny por João Mário e Bernardo por Danilo Pereira. Na primeira parte, José Fonte tinha entrado para o lugar de R. Carvalho, que saiu com um corte na cara.

Várias mexidas e nenhuma delas acrescentou nada; Portugal manteve sempre o mesmo estilo, sempre a mesma ideia, e nunca mostrou grande de vontade de ganhar o jogo. Ora isto tem sido visível noutros jogos, mas o génio de Ronaldo tem disfarçado as lacunas ofensivas. Hoje, o melhor do mundo não brilhou, Portugal não marcou e a fatura pagou-se cara, bem perto do fim, com um golaço de livre de Valbuena, recém-entrado na partida.

Um castigo justo para Portugal e um golo que premiou a melhor equipa em campo, embora nos tenha presenteado com um futebol pouco espetacular e muito lento.

Até ao final, Portugal iniciou o chuveirinho mas sem resultados. Lloris continuou sem precisar de defender.

Foi a 10ª vitória consecutiva da França sobre Portugal, aumentando uma maldição que perdura desde 1975. A estrela da sorte de Fernando Santos hoje não brilhou e Portugal voltou a perder. Todos sabemos que é preferível ganhar e jogar mal do que jogar muito bem e não ganhar, mas também sabemos que uma equipa que jogue bem vai ganhar mais vezes e está mais perto de ganhar. E, convenhamos, o conjunto de Fernando Santos já andava a abusar da sorte de jogar mal e ganhar sempre!

A Figura:

Os adeptos – num jogo tão fraco tenho que elogiar os adeptos por terem apoiado as respetivas equipas do início ao fim e não terem adormecido a ver o jogo ou assobiado à sua equipa. Valeu por isso!

O Fora-de-jogo:

Nani – 90 minutos em campo e quase nem se fez notar. Que fraca exibição; mais uma. Quaresma já começa a justificar mais minutos com a camisola das Quinas porque o estatuto não pode perdurar para sempre.

Foto de capa: Facebook Selecções de Portugal

Vuelta’2015: Portugueses em grande!

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Cabec¦ºalho ciclismo

O que têm os anos de 2006 e 2015 em comum no mundo do ciclismo? Sim, está relacionado com portugueses e com a Volta à Espanha: A última vitória de um português, nesse caso, de Sérgio Paulinho, na última Grande Volta do ano, tem data em 2006. Nove anos passados e Nelson Oliveira, o especialista em contrarrelógio, mas que tem vindo a evoluir cada vez mais em outros tipos de terreno, volta a dar uma alegria aos portugueses em terras espanholas e venceu a 13.ª etapa da Vuelta’2015! Hoje é um dia para celebrar esta grande vitória do português. Por tudo o que tem feito até agora, é mais do que justo este prémio e este lugar mais alto no pódio da etapa.

Num dia que se previa que a fuga fosse ser bem-sucedida, não só pelo perfil da prova, mas também pelo facto de que iremos ter algumas etapas nesta semana muito mais duras, um grupo com mais de 20 elementos formou a vitoriosa fuga e, no meio desses ciclistas, estava o português Nelson Oliveira, que tem tentado animar esta Vuelta nalgumas etapas e já tinha tentado fazer o que fez hoje noutras etapas. Hoje, felizmente, tudo resultou da melhor forma e o português, a cerca de 30 km’s do fim, desfere um corajoso ataque e que deixa o resto dos homens em fuga um pouco surpreendidos, visto que continuaram num ritmo normal e com o pensamento de que conseguiriam apanhar esta arrojada tentativa de chegar à vitória (esta visão de jogo faz lembrar alguém…com certeza tem tido bons ensinamentos por parte do seu colega de equipa Rui Costa).

O português, após a corrida, referiu que foram os 30 km’s mais longos que já teve de percorrer e não é para menos, visto que teve de os fazer completamente sozinho e a depender das suas grandes caraterísticas de contrarrelogista. Mas, com a ambição e o querer necessários, conseguiu aguentar este esforço adicional e aproveitar da melhor forma o facto do resto dos que estavam em fuga não se estarem a organizar (destaque para Conti e Plaza, ciclistas da Lampre e respetivos colegas de equipa de Nelson, que souberam controlar alguma maior tentativa de recuperar o tempo para o português). Com 1 minuto de vantagem, o português ergue os braços, faz uma vénia e festeja merecidamente esta enorme vitória!

Antes da vitória de Nelson, foi José Gonçalves a levar para casa o prémio de mais combativo na etapa 2 da Vuelta Fonte: lavuelta.com
Antes da vitória de Nelson, foi José Gonçalves a levar para casa o prémio de mais combativo na etapa 2 da Vuelta Fonte: lavuelta.com

Tendo em conta o título, apesar da palavra vitória em etapa ser ainda apenas para o Nelson, é preciso referir os outros portugueses que estão a mostrar que Portugal continua bem servido de nomes para o ciclismo, tenham que papéis tiverem dentro das respetivas equipas. José Gonçalves é o segundo nome em maior destaque, falando de portugueses. Tem tentado, etapa após etapa, conseguir aquela elusiva vitória e dar mais uma alegria a todo o povo português. Desde sprints, finais em subida, etapas de média montanha e até uma em alta montanha, tem tudo tido o português na discussão e a mostrar-se como um grande talento. Depois de uma Volta a Portugal muito bem-sucedida, o prémio veio com esta ida à Vuelta, mas a verdade é que se esperava que isso seria o ponto mais alto do português nesta época. Engano puro…o português da espanhola Caja Rural fez jus às comparações com alguns outros ciclistas de grande renome e tem animado bem esta Vuelta, sendo que já conquistou, na 2.ª etapa, o prémio de mais combativo do dia!

Os 5 portugueses em prova encontram-se todos no top50 desta Vuelta a Espanã, o que é um muito bom feito para Portugal, esperemos que assim continue até ao fim da prova. Tiago Machado (48.º classificado) tem apoiado muito bem os seus dois líderes, Purito Rodriguez e Dani Moreno. Ricardo Vilela (43.º) ainda pouco se mostrou, mas tem sido importante para a liberdade que alguns elementos têm dentro da Caja Rural e acredito que também ele terá as suas oportunidades para aparecer em fugas. José Gonçalves (35.º) e Nelson Oliveira (32.º) já foram mencionados e André Cardoso, depois do abandono de Daniel Martin e da pouca frescura de Andrew Talansky, tornou-se no líder da Cannondale e está, neste momento, num bom e sólido 18.º lugar (à frente de nomes como Frank Schleck, Daniel Navarro ou Samuel Sanchez). Por fim, Sérgio Paulinho, o sexto e último dos ciclistas portugueses, teve, infelizmente, de abandonar a prova devido a um acidente com uma moto (algo que também, anteriormente, acabou por tirar Peter Sagan da corrida) – um problema a rever para organizações futuras de Grandes Voltas.

Por tudo isto, é de se prever que possamos continuar a ter os portugueses em grande foco nesta Vuelta a España e, quem sabe, existem boas possibilidades de que haja mais alguma vitória de um português em terras vizinhas…é esperar para ver como irá o resto desta Grande Volta decorrer e, por hoje, sem dúvida, o mais importante é mesmo “celebrar” este grande feito do Nelson Oliveira!

Foto de capa: Facebook da Vuelta

Dois jogadores, zero euros, sete golos

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Há oportunidades que, de tão boas, só surgem uma vez. Não nos podemos dar ao luxo de as perder, sucumbindo ao conformismo, que mata vivências e experiências inesquecíveis. Há que arriscar, investir em nós, ir a conferências na faculdade, viajar quando surgir o convite e ir falar com aquela miúda que se farta de olhar para nós a noite toda. Assim se ganham valências, ferramentas para o resto da vida que nos permitem vencer, estar lá em cima, com as palavras dos mais experientes da nossa área, uma vista ampla sobre o mundo e a mulher das nossas vidas.

Munidos, talvez, dessas valências, os olheiros do Swansea FC, atentos particularmente ao mercado francês, aproveitaram as oportunidades de negócio que constituíram a rescisão de contrato de Bafetimbi Gomis com o Lyon, no verão passado, e o ponta-de-lança chegou a custo zero. Um ano depois, os olheiros do Swansea, novamente atentos ao mercado francês, detectaram outra excelente oportunidade em território gaulês, após Andre Ayew se livrar do compromisso contratual que o ligava ao Marselha, e não hesitaram em avançar para o ganês.

Não houve hesitação relativamente à qualidade dos jogadores. O custo/benefício era enorme , independentemente do valor pedido pelos atletas para prémio de assinatura ou vencimento semanal. O talento estava lá, era uma questão de o extrair e de não desistir dos jogadores no caso de falharem pela primeira vez. Gary Monk é assim, um homem persistente e crente, quer nas suas capacidades, quer nas dos seus jogadores.

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Ayew chegou, viu e venceu. Quatro jogos, três golos e duas assistências para Gomis, o “partner in crime” do início do Swansea 2015/2016

Gomis não teve uma integração fácil. Na sombra de Wilfred Bony, apenas se estreou a marcar, na Premier League, pelos swans dois meses depois de ser contratado. A saída do costa-marfinense, em janeiro, foi muito lamentada pelos adeptos, que se sentiam orfãos do goleador que Gomis não conseguiu ser; porém, demonstrou outras valências que acabaram por fazer esquecer Bony no final da temporada.

Esta época, já completamente integrado e com os índices de confiança adequados, Gomis conta com 4 golos em outros tantos jogos, revelando o faro de golo que despertou a paixão dos adeptos do St. Ettiene. Em dois desses golos teve a ajuda de Andre Ayew, um jogador que chegou e encaixou que nem uma luva na extrema direita do 4x2x3x1 de Gary Monk. Aliás, o ganês também já faturou três vezes esta temporada. Juntando a estes números os de Gomis, obtemos o total dos tentos apontados pelo Swansea esta época e que ajudam a colocar os galeses na 3.ª posição (a par do Leicester) do campeonato inglês… após se terem deslocado ao terreno do campeão Chelsea e de terem recebido o Manchester United em casa.

Claro que sem a ajuda dos restantes companheiros de equipa, que lêem na perfeição a ideia de jogo de Gary Monk, isto não aconteceria. Aliás, a segurança do duplo pivô do Swansea (Shelvey e Cork estão no pico da carreira) é uma balança que equilibra o sector defensivo dos galeses e permite que se desequilibre o dos adversários, dando liberdade para que Sigurdsson, Jefferson Montero e, claro, a dupla de contratações a custo zero façam mossa por entre as defesas contrárias.

A chave do sucesso do Swansea pode estar no meio-campo, mas Gomis e Ayew não se fizeram de rogados em aproveitá-la para abrir o cofre dos golos. Agarraram a oportunidade depois de o Swansea os ter agarrado a eles.

Liga Espanhola: El Bandido rouba o protagonismo em manita merengue

Após uma primeira jornada na qual a maior nota de destaque foi o surpreendente empate do Real Madrid ante o recém-promovido Sporting Gijón, a segunda ronda da liga espanhola viu todos os três principais candidatos ao título triunfarem nos seus compromissos (Barcelona passou com magra vitória no duro teste frente ao Málaga; Real Madrid goleou o Bétis por 5-0; Atlético Madrid foi ao Sánchez Pizjuán vencer o Sevilha com três golos sem resposta). Numa jornada em que os dois maiores astros do futebol mundial, Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, ficaram em branco, algo que não sucede numa base regular, foi James Rodríguez, El Bandido, a maior figura a brilhar pelos relvados de nuestros hermanos.

O Real Madrid entrou em campo, no Santiago Bernabéu, contra o Bétis, na ressaca de um empate que surpreendeu pela negativa na primeira ronda e que levou a questionar a equipa de Rafa Benítez. Porém, que melhor forma de superar tal situação do que com uma goleada e um jogo de encher os olhos dos adeptos? Foi essa a premissa dos merengues, que impuseram um triunfo por cinco golos sem resposta ao histórico emblema sevilhano, que está de regresso ao palco principal do futebol espanhol. Os grandes obreiros desta façanha foram James Rodríguez e Gareth Bale, ambos a partilharem um bis e uma assistência para golo na partida. Ainda assim, foi El Bandido, que voltou à titularidade, quem mais deslumbrou na manita merengue, ao assinar duas obras de arte de regalar os olhos e uma exibição de encher as medidas dos adeptos. Rafa Benítez viu, ainda, Karim Benzema regressar com o instinto goleador apurado, sendo que Cristiano Ronaldo continua sem encontrar o golo nesta edição de La Liga.

O campeão em título, Barcelona, teve um teste bem mais difícil do que o seu principal rival, ao lograr uma vitória sofrida (1-0) ante um Málaga a bom nível. Mesmo com o avassalador tridente ofensivo completo (Neymar regressou à competição), os blaugrana não conseguiam encontrar o caminho das redes da baliza de Kameni, guarda-redes do Málaga, que protagonizou uma exibição de alto nível, ao negar por inúmeras vezes o golo aos adversários (Leo Messi que o diga!). Teve que ser, então, um defesa a dar a vitória ao conjunto de Luis Enrique, mais propriamente o belga Thomas Vermaelen, que após uma primeira época na Catalunha na qual as lesões falaram mais alto, pode revelar-se importante para a consistência defensiva culé. O Barcelona somou, assim, o segundo triunfo em dois jogos, ambos por 1-0, ainda sem convencer totalmente.

Por seu turno, o Atlético Madrid viajou até ao Sánchez Pizjuán vencer a equipa da casa por claros 3-0. Com um jogo combativo e disputado à mais alta intensidade, com rasgos de bom futebol, durante os 90 minutos, bem ao estilo do que os colchoneros nos têm habituado, a equipa de Diego Simeone dominou durante a primeira parte, com Antoine Griezmann e saiu para o intervalo a vencer com golo de Koke. Porém, no segundo tempo o Sevilha partiu para o ataque, com Llorente como figura maior do portento ofensivo rojiblanco, e o Atleti teve que sofrer bastante para conseguir segurar a vantagem, até que o capitão Gabi e o ex-FC Porto Jackson Martínez dilataram o resultado para o emblema da capital espanhola. O Atlético Madrid somou a segunda vitória em outros tantos jogos e para a próxima jornada espera-nos um escaldante Atleti-Barça, partida a não perder.

Merecem destaque pela positiva o Celta de Vigo e o Eibar, equipas que se encontram de momento no topo da tabela classificativa, com seis pontos, a par de Barcelona e Atlético Madrid. O Celta recebeu e venceu por 3-0 o Rayo Vallecano e a figura do jogo foi, como seria de esperar, Nolito – o extremo espanhol continua com o mesmo ímpeto da época transata, ao assinar dois golos, um deles de grande penalidade, e uma assistência. O Eibar surpreendeu o Athletic Bilbao, com um triunfo caseiro por 2-0 – golos de Saúl Berjón e Adrián González -, resultado que coloca o Eibar com duas vitórias e o Bilbao com duas derrotas após a segunda jornada de La Liga.

Nolito continua com o instinto goleador apurado nesta nova época Fonte: Facebook do Celta de Vigo
Nolito continua com o instinto goleador apurado nesta nova época
Fonte: Facebook do Celta de Vigo

A desiludir em termos internos continua o Valência de Nuno Espírito Santo que consentiu o segundo empate na liga, desta feita contra o Deportivo por 1-1. O técnico português rodou grande parte do habitual onze titular da equipa, consequência do elevado números de jogos que disputou neste início de época, e essa aposta não resultou desta vez. Os ché nunca conseguiram impor-se de forma consistente no encontro, fruto também de um Depor que se apresentou a um bom nível. Para os galegos, que contaram com Jonathan Rodríguez e Luisinho a suplentes utilizados, marcou Lucas Pérez, ao passo que para os valencianos foi Negredo a faturar.

O Villarreal, com Roberto Soldado de volta ao futebol espanhol em boa forma – autor de um dos golos desta jornada, o seu segundo até então -, recebeu e venceu o Espanhol por 3-1, com Bakambu a bisar na partida e Caicedo a fazer o golo dos forasteiros. Já o Granada foi ao terreno do Getafe alcançar um importante triunfo por 2-1, golos de El Arabi e Success, com Lafita a marcar para o conjunto da casa. Nos restantes encontros, registaram-se dois nulos: Las Palmas-Levante e Real Sociedad-Sporting Gijón terminaram ambos com empate sem golos.

Após a segunda jornada da liga espanhola, há um dado, que pode assustar, a reter: sete equipas (sim, sete!) continuam sem conseguir sentir o sabor do golo no campeonato, sinal de que os índices de finalização não vieram da pré-época na melhor forma possível. Entre estes clubes estão: Athletic Bilbao, Sevilha, Real Sociedad, Sporting Gijón, Las Palmas, Málaga e Rayo Vallecano.

Em nota final, destaque para o fecho do mercado de transferências, situação que permite verificar como irão ficar os plantéis dos clubes, pelo menos até janeiro. A situação que mais tinta fez correr foi a não concretização da transferência de David de Gea do Manchester United para o Real Madrid, negócio que envolveria a ida de Keylor Navas para o emblema inglês e que não ficou fechado devido aos papéis da transferência terem sido entregues, imagine-se, um minuto depois do encerramento da hora limite da janela de transferências de verão. Transferência que teve a confirmação oficial foi a chegada do central Abdennour ao Valência, que desembolsou cerca de 20 milhões de euros ao Mónaco para garantir os serviços do defesa tunisino.

A marcar também o fecho do mercado de transferências, a emocionante despedida do médio Raúl García do Atlético Madrid, o qual representou por oito anos. García, de ascendência basca, vai representar o Athletic Bilbao. O recém-promovido Bétis fez um esforço final no mercado para assegurar o ex-Sporting Ricky Van Wolfswinkel e para concretizar o regresso a casa de Joaquín, extremo espanhol de 34 anos que estava na Fiorentina. Outro regresso é o de Roque Santa Cruz ao Málaga, que contratou também a jovem promessa marroquina Mastour, ambos os jogadores a título de empréstimo. O Villarreal viu chegarem Bonera, proveniente do Milan, em final de contrato, e Adrián López, por empréstimo do FC Porto. Por seu turno, o Sevilha assegurou o defesa Marco Andreolli, do Inter, por empréstimo durante uma temporada. À Corunha, para atuar pelo Deportivo, chega Jonás Gutiérrez, após vencer a batalha contra o cancro e ter papel capital na permanência do Newcastle na Premier League da época transata.

Jogador da Semana: James Rodríguez (Real Madrid)

Assinou, a par de Gareth Bale, uma exibição de outro mundo na goleada imposta pelo Real Madrid ao Bétis. No entanto, El Bandido teve o papel principal nesta manita e fez levantar o estádio com golos de excelência, que lhe valeram esta distinção. Cada vez mais, o atacante colombiano se assume como a peça chave para a prática de um futebol de qualidade por parte do Real Madrid e quando não está em campo, a sua ausência é sentida dentro e fora das quatro linhas.

Treinador da Semana: José Luis Mendilibar (Eibar)

Dois jogos, duas vitórias. É este o saldo do Eibar após a segunda jornada da liga espanhola. A equipa segue no topo da tabela classificativa, com triunfos sobre o Granada e o Athletic Bilbao, partidas nas quais a equipa se conseguiu superiorizar ao adversário, obra de José Luis Mendilibar que tem conseguido montar a sua turma com a estratégia necessária para alcançar o resultado pretendido.

Foto de capa: Facebook do Real Madrid